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1) ORGANIZAÇÃO MÉDICO-LEGAL
- 27 Gabinetes médico-legais
Atribuições: qualquer entidade pública ou privada pode pedir exames ao Instituto, depois
trata-se de saber se tem ou não legitimidade (por exemplo, o individuo em causa tem de dar
consentimento).
Órgãos:
1. Conselho Directivo
2. Conselho Médico-Legal
3. Fiscal Único
4. Comissão de Ética
Conselho Médico-Legal: é o órgão máximo do ponto de vista pericial da ML, que resolve os
casos mais complexos e que suscitem mais dúvidas. Pode chamar um perito de determinada
área.
• Composição:
o Presidente, Vice-Presidente e vogais
o Representante de cada um dos conselhos regionais da Ordem dos
Médicos
o Dois docentes de cirurgia cirúrgica, médica, obstetrícia e direito
o Um docente de anatomia patológica, direito médico, ortopedia,
neurologia /psiquiatria
• Funções:
o Exercer funções de consultadoria técnico-científicas
o Emitir pareceres sobre questões técnico-científicas
Os magistrados não podem pedir pareceres directamente, mas quando tal sucede não se
rejeita (principalmente em casos de negligência médica, 95% dos casos). O parecer é
insusceptível de revisão.
DELEGAÇÕES:
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Principais áreas:
1. Patologia forense
2. Clínica forense
3. Toxicologia forense
4. Genética e biologia forense
Serviços técnicos:
Patologia: funciona não apenas nas delegações, mas também nos gabinetes médico-legais.
Clínica forense: faz exames nos vivos, também se realizam nos gabinetes. Ex.: exames sexuais,
psiquiatria forense (diploma). Em Coimbra só há um psiquiatra, permite-se a distribuição dos
exames a instituições esporádicas.
Não se pode concluir um relatório sem ter todas as informações clínicas, a lei exige que sejam
enviados no prazo de 30 dias, mas não há qualquer sanção. A única hipótese é o Instituto
recorrer ao Tribunal para que este aplique uma multa à instituição que devia ter as
informações clínicas atempadamente.
O INML dispõe ainda de Gabinetes Médico-Legais, dependentes dele. Não fazem exames
toxicológicos.
Competências:
Requisição de perícias: Por vezes, as perícias são pedidas ao INML e não a médicos
individualmente. O INML é que pode ter a iniciativa de contratar terceiros ou estabelecer
protocolos com outras entidades. As perícias ML são realizadas no INML; excepcionalmente,
podem ser realizadas por entidades terceiras.
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Sempre que há a requisição de perícias, é obrigatório ver o máximo de informação clínica
possível. Antes entendia-se que o perito devia ter o menos possível para ser imparcial; agora
entende-se que deva ter toda a informação e confrontar resultados.
O perito só pode confirmar no seu relatório aquilo que objectivamente conseguir comprovar.
Atenção que o facto de não estar confirmado não significa que não tinha acontecido (pode
acontecer nos casos de abusos sexuais).
Denúncias de crimes: contactar logo o MP permite que a pessoa não tenha de se dirigir a dois
locais, vindo logo ao INML. Mas mesmo sem queixa o INML pode fazer, por exemplo, colheita
de vestígios.
Responsabilidades pelas perícias: cada perito tem autonomia, sendo responsável pelas suas
perícias e relatórios. Ninguém pode mandar alterar as conclusões do relatório. Pode haver dois
peritos com opiniões divergentes (ex.: avaliação do dano corporal no estabelecimento do grau
da incapacidade, caso em que um estabelece 5% e o outro 30%, isto já não se compreende).
Mas cada um é obrigado a observar determinadas regras, por exemplo, a autópsia tem de
estar completa → ou seja, gozam de autonomia técnico-científica, com obrigatoriedade de
seguir regras e formulários do INML.
Antes, o magistrado era obrigado a assistir aos exames; mas raramente tal era cumprido. Hoje,
apenas pode assistir, se assim o entender necessário.
Custos dos exames e perícias: Na última revisão legislativa, acrescentou-se que, no caso de
arquivamento do processo, as despesas com exames têm de ser pagas na mesma (dinheiro do
Estado).
As amostras ficam no INML por dois anos, depois o INML pode destruí-los. Antes, a lei dizia
que tinham de ficar até os magistrados ordenarem a destruição. Se o magistrado achar que
deve ficar por mais tempo para dado processo, tem de o comunicar.
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2) AUTÓPSIAS MÉDICO-LEGAIS
O que se espera do perito é que este faça ver a realidade tal como ela é, sendo estes os óculos
do juiz, para que este tome a melhor decisão possível, porque está melhor fundada.
• ANÁTOMO-CLÍNICAS:
Faz-se em ambiente hospitalar quando um doente morre, para que o médico perceba o
porquê de tal ter acontecido, podendo no futuro agir de forma diferente.
Objectivos:
a) Causa de morte
b) Estudo da causa, natureza e desenvolvimento da doença
c) Avaliação da eficácia do tratamento
d) Controlo de qualidade das entidades médicas
e) Informação à família, sociedade e médicos
f) Educação e formação médicas
• MÉDICO-LEGAIS OU FORENSES:
Ocorre em casos com interesse judicial, para esclarecimento das circunstâncias que
envolveram a morte e da causa da morte. Eventual apuramento da intervenção de terceiros. O
cadáver deve ser levado para o laboratório para exame pericial no mesmo estado em que é
encontrado.
Objectivos:
a) Causa de morte
b) Ajudar na interpretação e correlação dos factos que envolveram a morte
c) Identificação dos cadáveres
d) Estimativa do tempo de morte (cronotanatognose)
e) Colheita e preservação de evidências
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2) Tempo de sobrevida após a produção das lesões
3) Cronologia faz lesões
4) Ferimentos vitais e post-mortem
5) Influência de álcool ou de substâncias psicotrópicas
6) Distância de disparo
7) Etc.
Fases da autópsia médico-legal: cada uma terá uma importância diferença tendo em conta do
caso
1) Exame do local
2) Exame da documentação/autopsia psicológica (para ajudar no perfil da pessoa)
3) Exame de vestuário (
Deve-se fazer sempre um exame completo de todo
4) Exame externo do cadáver
o corpo, não parando se se encontrar uma lesão
5) Exame interno do cadáver
num dado órgão
6) Exames complementares
- N.3.º: pode ser dispensada em casos de risco (exemplo, doença das vacas loucas).
- N.5.º: pode ser realizada após a constatação de sinais de certeza de morte. Antes, só podiam
ser realizadas 24h após a morte.
Art. 19.º: é realizado por um médico perito, salvo se houver suspeita de crime doloso → aí, é
realizada por dois médicos peritos.
-morte natural/violenta
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Causa ocasional: per si só não é responsável pela morte, mas circunstancialmente
externos fazem com que produza a morte daquele concreto indivíduo.
Autópsia
-diagnóstico diferencial
-outros diagnósticos
Art.16.º da Lei 45/2004 – casos de morte violenta ou de causa ignorada, com óbito fora de
instituições de saúde. Alínea c): providenciar comparência de perito médico – há nos gabinetes
e delegações, em serviço 24h/dia todos os dias.
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✓ Isolamento da área: não é necessariamente só à volta do cadáver, pode ser até uma
distância mais abrangente.
✓ Não deixar vestígios
✓ Não introduzir dados que já tenham sido alterados: se a polícia retirar de ao pé do
corpo uma arma, não a devemos colocar só para tirar uma fotografia – isto não cria a
situação inicial, pelo que não tem qualquer valor.
Exame do corpo:
Identificação do cadáver:
Se não for possível a identificação visual, não vamos logo para os exames de perfil genético,
que são caros e necessitam do ADN de alguém com o qual comparar. Daí ser importante
recolher o máximo de informação que auxilie na identificação.
Se não existir uma ficha dentária para comparação, fazer o registo total da dentição não é
muito útil, a não ser que se trate de características muito visíveis e particulares.
Se a cadeia de custódias não for preservada, toda a investigação pode ser prejudicada: se um
vestígio for recolhido, tem de se saber quem é que o recolheu, quem é que o enviou para
análise, etc. → evitar adulterações.
a) Suicídio
b) Homicídio
c) Acidente →o diagnóstico de acidente, normalmente, é por exclusão.
Enforcamento: não se deve retirar o meio de suspensão, ou pelo menos, deve ser enviado
sempre para análise. A suspensão incompleta é a mais comum.
Toxicodependência: a agulha não serve para nada e é um risco para se transportar; já a seringa
pode ser muito importante. Pode dar informações sobre substâncias que estivessem
misturadas na droga, podendo indicar qual o país ou o traficante através do qual a droga
chegou ao indivíduo.
Varizes esofágicas: causadas pelo abuso de álcool, fazem com que o sangue seja expelido pela
boca.
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Carboxihemaglobina: para saber se houve morte por inalação de monóxido de carbono; não
faz parte das análises normais e só é pedido se existir informações sobre as circunstâncias da
morte que indiciem a sua relevância.
A lei diz que, quando a autópsia é ordenada, deve ser enviada toda a informação relevante
juntamente com o ofício que a ordena.
A verificação e certificação do óbito só podem ser feitas por um médico inscrito na Ordem.
Mas quando é que alguém está morto (point of no return)?
Conceito biológico: processo que leva a unidade biológica a deixar de funcionar. É contínuo, os
órgãos e tecidos não se tornam inviáveis todos ao mesmo tempo (daí que na colheita de
órgãos haja uma ordem a seguir).
Durante muito tempo era pela falta de bater do coração que se aferia a morte; depois
passamos para outras artérias – o artigo 2.º da Lei 141/99 refere-se à morte cerebral.
VERIFICAÇÃO DO ÓBITO
Lei 141/99 – no artigo 2.º, já fala de morte cerebral. Não sendo uma situação da Lei 25/2009,
devia ser o delegado de saúde a fazer a verificação (problema de quando a pessoa é
encontrada morta).
✓ Hipotermia
✓ Intoxicação por fármacos ou qualquer outro tóxico que diminua o SNC
✓ Alterações endócrinas ou metabólicas.
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✓ Ausência de movimentos
✓ Ausência de reflexos
✓ EEG isoeléctrico
-Artigo 3.º e 4.º: quem verifica a morte é o médico; ou aquele a quem estiver cometido a
responsabilidade do doente; ou o que chegar em 1.º lugar
→ se o indivíduo não estava morto e foi accionado o INEM – médicos das emergências
- O óbito deve ser verificado com base em critérios médicos → estes critérios não existem
(apenas para a morte cerebral), logo é de acordo com as práticas médicas
Morte cerebral: conceito que já tem umas décadas, tendo surgido pela evolução das
tecnologias que permitem manter um individuo ventilado (meios de suporte artificial de
sustentação). Também o transporte dos doentes era muito mais difícil e as ambulâncias não
tinham material; hoje, o transporte é mais rápido e temos equipamento de manutenção da
pessoa.
É uma situação de coma profundo devido a uma lesão irreparável, sem função do SNC. É
necessário a sua demonstração.
A verificação da morte cerebral ocorre em ambiente hospitalar, pois implica que o indivíduo
esteja “ligado às máquinas”.
Registo Nacional de Não Dadores: temos um sistema de opting-out, somos todos dadores até
expressarmos declaração em contrário.
CERTIFICAÇÃO DO ÓBITO
O certificado é assinado pelo médico e deve ser inteiramente preenchido por ele (é comum o
médico colocar só o seu nome e rúbrica e o restante ser preenchido pelo agente funerário).
Vincula profissional e legalmente o médico.
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Causa da morte: (deve ser expressamente referida) – OMS recomenda distinção
Data e hora do óbito: deveria ser a data e hora da verificação do óbito (e não do óbito), pois
assim seria mais correcto – na data do óbito haverá falta de rigor, com possíveis implicações a
nível sucessório.
- A morte ocorre no domicílio, com assistência médica, e é possível estabelecer com segurança
a causa. Exame hábito externo sempre obrigatório, e em caso de dúvidas, autópsia médico-
legal.
O certificado de óbito deve ser emitido após a realização da autópsia ML (ou da decisão da sua
dispensa).
Dispensando-se a autópsia, a causa da morte deve ser indicada como desconhecida, o que
pode levantar problemas a nível de seguros.
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Há conservatórias que, já tendo um certificado antes da autópsia, querem que lhes passem
outro no fim – isto não é permitido, não se passam segundos certificados.
Dividem-se em:
a) Imediatos
b) Tardios
A) Imediatos:
- Arrefecimento
- Desidratação
- Rigidez
- Livores
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✓ Tacto e termómetro: nomograma de Henssge: permite fazer uma estimativa do
intervalo post-mortem através da temperatura ambiente e do peso do cadáver. Há
factores de correcção consoante o indivíduo está vestido ou não.
✓ Há factores que vão influenciar o arrefecimento do cadáver: causa da morte; factores
individuais; ambientais.
2. Rigidez: A evolução é
O calor leva a que a putrefacção se inicie mais rapidamente, pelo que, embora acelere a
rigidez, também faz com que ela passe mais depressa.
Evolução:
✓ 2-4h: início
✓ 6-12h: completa
✓ 13-24h: intensidade máxima
✓ 36h: desaparece
- Espasmo cadavérico: formação da rigidez sem haver passagem pelo fenómeno de flacidez
primária (ex: disparo por arma de fogo). Pode ser localizado ou generalizado (raríssimo).
✓ Perda de peso: não significativa num indivíduo adulto, mas num recém-nascido ou
criança de pouca idade é um fenómeno apreciável.
✓ Apergaminhamento cutâneo: áreas escoriadas, de pele fina. Não tem nada a ver com
lesões traumáticas, mas estas podem ficar mais visíveis.
✓ Desidratação das mucosas: sobretudo nos lábios do recém-nascidos e na vulva de
crianças de pouca idade.
✓ Fenómenos a nível ocular:
o Opacificação da córnea: pode até dificultar a determinação da cor;
o Mancha esclerótica de Sommer-Lancher: começam a ver-se as camadas mais
profundas, geralmente quando o indivíduo morre com os olhos abertos;
o Afundamento do globo ocular, devido à diminuição da tensão ocular.
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4.Livores (matéria de exame): Quando um indivíduo morre, o sangue não é bombeado e vai
depositar-se nas zonas de declive, em que vão aparecer manchas com tonalidades variadas. O
seu aspecto e a sua intensidade estão condicionadas pela causa da morte e pela posição:
✓ Cor: dá pistas sobre o que pode estar na origem da morte (exemplo: intoxicação por
monóxido de carbono → vermelho forte)
✓ Intensidade
✓ Localização
✓ Formam-se nas zonas de declive, mas que não estejam sujeitas a pressão
✓ Evolução: começam a formar-se entre 15 a 30 min depois da morte.
o Nas primeiras horas temos os livores móveis (sangue ainda muda de sítio). Até
6h. Ponto o dedo, deixa marca branca.
o Livores semi-móveis.
o Livores fixos: até 12h. Significa que já passou tempo suficiente para a sua
fixação. Pode dar pistas quanto à etiologia daquela morte e indica eventual
mudança de posição no cadáver.
✓ Nem sempre podem ser fáceis de ver. Ex.: cor da pele (raça negra); indivíduo
queimado; com grande perda de sangue; afogado numa zona de grande turbulência (o
sangue está sempre a movimentar-se, não se depositando na zona de declive).
Hemorragia interna/externa → sangue não está nos vasos.
Livores paradoxais: não concordantes com a posição de cadáver, mas não devidas à acção de
terceiro. Ex.: morte súbita e asfixias.
Púrpura hipostática: frequentes nos enforcados que ficam muito tempo dependurados, em
que o sangue nas extremidades leva ao rebentamento dos vasos devido à pressão (fica com
pintinhas na pele).
B)Tardios
o Destrutivos:
o Autólise
o Putrefacção
o Conservadores:
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o Mumificação
o Saponificação Não são os únicos, temos também a congelação, por exemplo
FENÓMENOS DESTRUTIVOS:
Autólise: Aquando da morte, vai haver uma série de fenómenos de fermentação no interior
das células e que vão levar à sua destruição. Verifica-se em todas as células do organismo, mas
não evolui à mesma velocidade em todas elas.
✓ Sangue
✓ Bílis
✓ Pâncreas (tem muitas enzimas, entrando em autólise rapidamente)
✓ Esófago
✓ Estômago
✓ Encéfalo
✓ Há a libertação de substâncias
o Gases
o Ácidos
o Sais de amónio
o Ácidos aminados
o Corpos cromáticos sem nitrogénio
o Ptomaínas: pode dar resultados cruzados com a determinação da taxa de
alcoolémia
✓ Evolução normal:
o Período colorativo ou cromático (horas) Estes tempos não são
o Período enfisematoso (dias) taxativos, depende
o Período coliquativo ou de liquefacção (meses) das condições da
o Período esquelético (anos) morte.
1) Período cromático: mais ou menos 24h depois da morte (se não for posto a refrigerar).
Aparece uma mancha verde:
a. Pode não ser verde
b. Começa a formar-se na zona da apendicite, zona abdominal muito rica em
bactérias → fossa ilíaca direita
c. Começa a espalhar-se até o corpo ficar com uma tonalidade toda alterada
d. Variações topográficas e cronológicas
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2) Período enfisematoso: causado por gases que vão invadir os tecidos e vão da
profundidade para a superfície.
a. Incha a cabeça
b. Exoftalmia
c. Projecção exterior da língua
d. Distensão do tórax e abdómen
e. Distensão dos genitais masculinos
f. Prolapso rectal e vaginal, expulsão do feto em grávida.
3) Período coliquativo: pode durar vários meses, geralmente 8 a 10.
a. Epiderme separa-se da derme
b. Unhas saltam e cabelos soltam-se
c. Formam-se umas bolhas no corpo, com líquido escuro
d. Começam a escorrer líquidos do corpo
e. Gases vão começar a sair e corpo começa a perder volume
4) Período esquelético:
a. As partes moles do corpo vão, progressivamente, desaparecendo
b. Conjunto de órgãos e vísceras vai-se destruindo ao mesmo tempo, mas com
variações em função da resistência que a sua estrutura lhes confere
i. Elementos mais resistentes: tecido fibroso, ligamentos e cartilagens (o
esqueleto pode permanecer unido); nos órgãos: coração, traqueia e
brônquios; aparelho digestivo, próstata e útero.
Antes de se pedir a exumação do corpo, deve-se ver se o corpo foi autopsiado, pois aquando
da autópsia guardam-se manchas de sangue (amostras em arquivo).
Evolução da putrefacção:
a) Influências individuais:
a. Constitucionais (constituição física, idade)
b. Patológicas (causa da morte, processos patológicos)
b) Influências ambientais: humidade, frio, calor, arejamento e fauna.
a. Ao ar livre, a putrefacção evolui muito rapidamente.
b. Em iguais condições de tempo, uma semana de putrefacção ao ar livre
equivale a duas semanas na água e oito semanas em terra.
c. Secura → mumificação
Arejamento abundante → mumificação Corpo desidrata
Humidade considerável → saponificação rapidamente
d. O calor leva à aceleração da putrefacção
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A possibilidade de reconhecer lesões traumáticas pode ser dificultado devido à putrefacção:
✓ Alteração da coloração
✓ Torna difícil identificar as equimoses
✓ Pode haver lesões post-mortem, causados por animais – dificuldade em
perceber se são ante-mortem ou post-mortem
FENÓMENOS CONSERVADORES:
Naturais:
Artificiais:
✓ Embalsamento
✓ Refrigeração
✓ Congelação
Agentes externos: é toda a fonte de energia física ou química externo capaz de produzir no
corpo humano lesões anatómicas e/ou funcionais – lesões traumáticas. A morte violenta
resulta de um agente externo.
Podem ser:
Agentes mecânicas:
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❖ Acção de natureza contundente: contacto de um objecto duro, de superfície plana ou
romba, que vai atingir determinada superfície corporal e vai provocar determinado
dano com força e extensão variáveis.
Exemplo: pedras, martelos, tijolos, partes do corpo humano (cabeça, mãos, unhas, pés
e dentes), superfícies de embate (solo, paredes, embate na superfície aquática,
automóveis, árvores).
Exemplo: instrumentos que tem um ou mais grumes (lâminas, facas, arestas de vidro
ou cerâmica), etc.
Instrumentos corto-perfurantes
Instrumentos corto-contundentes
Instrumentos perfuro-contundentes
Externas:
(1) Contusão superficial: resulta quando há uma acção de natureza contundente exercida
sobre a superfície corporal, mas não há alteração do nível de pele, não há nenhuma
solução de continuidade a nível da epiderme. Nestas lesões temos rotura de vasos
com extravasamento de sangue que infiltra os tecidos (equimose); ou ainda colecção
de sangue em cavidade neoformada (hematoma).
Exemplo: murro (corpo humano a actuar como instrumento contundente). Não é
necessária a intervenção de terceiro, como no choque de automóvel em que os órgãos
chocam nos ossos. Pode estar associado a escoriações (ex.: murro com anel).
(perante uma contusão, temos de fazer alguns diagnósticos diferenciais, nomeadamente com
equimoses resultantes de processos patológicos e com livores).
A coloração das equimoses vai variando (não visíveis → vermelho violáceo → azulada →
esverdeada → amarelada → desaparece), mas a evolução da coloração depende de vários
factores, como a quantidade de sangue que saiu ou o local da equimose. Não é possível o
médico-legista datar a equimose, mas o facto de encontrar equimoses com várias colorações
pode ser importante, nomeadamente em casos de maus-tratos (permite afirmar que as lesões
se deram em vários dias). Outro exemplo: equimoses em caso de homicídio podem revelar
necessidade de imobilização da vítima – logo, estava consciente.
Pode não ser equimose, mas sim infiltração sanguínea → o sangue vai-se infiltrando nos
tecidos, e vai descendo por força da gravidade para zonas que não são das lesões.
(2) Abrasão: a acção é exercida de forma oblíqua. Aqui já há alguma coisa que se vê na
pele, já há uma solução de continuidade (ferida).
a. Escoriação (resulta muitas vezes de deslizamento sobre o solo – exemplo,
acidente de mota) ou lesões de arrastamento.
b. Esfoliação: é só na pele, não há sangue.
(3) Ferida contusa: produção de lesões em todas as camadas da pele (às vezes o agente
actua de dentro para fora, como o caso de fractura que fura a pele).
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✓ Estigmas ungueais: resultam da acção das unhas na pele (podem ser lesões auto-
infligidas).
✓ Mordeduras: podem deixar marcas na pele de equimoses ou escoriações. Ex.: casos de
agressões sexuais para apanhar matéria genético.
Internas:
(6) Fracturas ósseas: lesões contusas que provocam uma solução de continuidade do
osso.
Uma agressão com arma cortante é uma agressão dinâmica, pois a pessoa vai-se tentar
defender, logo as feridas são irregulares. Às vezes é possível tirar algumas informações dos
ferimentos.
Importância da capacidade elástica da pele (se o instrumento for suficientemente grosso para
ultrapassar a capacidade elástica, torna-se um orifício com orla de contusão em forma de casa
de botão):
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Problemas Médico-Legais:
3) Identificação da arma:
✓ Determinar a natureza do instrumento: em regra, apenas se pode determinar
a natureza
✓ Havendo um instrumento suspeito, o perito pode pronunciar-se sobre se ele
pode ou não ter produzido as lesões
✓ Só num número restrito de caos é que é possível determinar um instrumento
específico → caso das lesões modeladas.
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o Etiologia médico-legal suicida: podem ser contundentes (exemplo, queda de local
elevado); corto-perfurantes ou cortante (degolação); ou perfuro-contundente (arma
de fogo).
o Etiologia médico-legal homicida: contundente (objectos actuando sobre a cabeça);
cortante ou corto-perfurante (facas/punhais actuando sobre o pescoço ou tórax);
perfuro-contundente (armas de fogo).
- Cortes superficiais
7) ASFIXIAS MECÂNICAS/QUEIMADURAS
Asfixias Mecânicas
Conceito: “falta de ar”; “falta de oxigénio”. Etimologicamente: falta de pulso. Houve uma fase
em que se considerava que, perante um quadro de sinais gerais, havia sempre um caso de
asfixia.
Sinais gerais:
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Chama-se a este conjunto “obsolete quintet” porque, se antes se achava que perante este
quadro teríamos sempre um caso de asfixia, hoje sabe-se que não são específicos desta causa
de morte.
Classificação:
o Enforcamento:
✓ Típico (nó do enforcado em execução) ou atípico (mais frequente, o nó encontra-
se à frente ou de lado)
✓ Estando de pé, os livores vão-se depositar nas zonas de declive (membros
Hábito Externo
✓ Hábito externo:
- Sulco horizontal
✓ Hábito externo:
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-Escoriações
o Sufocação:
✓ Oclusão (extrínseca) – exemplo: plástico, fita adesiva
✓ Obstrução (intrínseca) – exemplo: bolo alimentar, objectos vários
✓ Compressão – hábito externo + exuberante (petéquios abundantes; máscara
equimótica; hemorragia nos ouvidos e nariz)
✓ Confinamento – espaço reduzido, com quantidade de oxigénio limitada.
A morte por afogamento é um diagnóstico de exclusão – água e fogo são muitas vezes são
usados para esconder outras situações.
Queimaduras
✓ 1.º grau: formação de bolhas, por líquido que entra no espaço entre a epiderme e
derme e que a destaca (raros)
Diferente: no 3.º grau o vivo já não sente
✓ 2.º grau
✓ 3.º grau: pode chegar à hipoderme dor pela afectação das terminações
✓ 4.º grau: para os cadáveres nervosas
Grau:
- 1.º Grau:
- 2.º Grau:
- 3.º Grau
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-4.º Grau:
➔ Agentes biológicos
➔ Agentes químicos: são corrosivos, produzindo a destruição das células. Os ácidos
levam à corrosão das proteínas, mas a estrutura mantém-se; as bases alteram a
estrutura celular.
➔ Agentes físicos:
o Gases: ao absorvê-los, faz com que o contacto com a pele seja maior
o O frio leva à constrição dos vasos e morte dos tecidos.
o Electricidade: ponto de entrada seco e amarelado
o Radiações ultravioleta
Muitas vezes é preferível uma queimadura de 2.º grau pouco extensa, do que uma de 1.º grau
muito extensa – pode causar alterações na pele a nível das defesas. As proteínas começam a
esvaziar-se, impedindo que o plasma passe para fora das células – pessoas inchadas, maior
risco de infecção.
Identificação do cadáver:
Para o diagnóstico diferencial, pode ser importante fazer antes da autópsia uma radiografia
completa. O halo inflamatório pode indicar um espaço temporal de vida em contacto com o
fogo.
Posição de pugilista: contracção dos músculos dos membros superiores. Pensava-se indicar
uma posição de defesa, mas na verdade é resultante desta contracção das fibras musculares.
Definição: todo o instrumento lesivo possuidor de uma ou mais lâminas. O artigo 2.º da Lei
5/2006 dá uma definição jurídica. Também o Acórdão da Relação Porto 13/12/2006. Existe
uma grande panóplia de armas brancas.
Tipos de instrumentos/ferimentos:
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Linhas de Langer: se o corte for no mesmo sentido, a ferida será menor. Se for em
sentido oposto, transversal ou longitudinal, a ferida abrirá mais.
4. Corto-contundentes: implicam uma dimensão de peso (guilhotina).
A arma em contacto com o osso pode, por vezes, partir-se, sendo importante fazer uma
radiografia. A toxicologia forense também é relevante para saber se há determinadas
substâncias no organismo que podem ter sido por força das feridas.
Etiologia médico-legal:
✓ Homicídio
✓ Suicídio
✓ Acidente
Lesões de defesa: implicam que a vítima esteja inconsciente e não imobilizada. Instintivamente
tendemos a defender-nos de modo a deixar livre a mão com a qual conseguimos fazer outra
coisa (daí a maioria das lesões seja no braço esquerdo).
Lesões auto-infligidas:
Tecnologicamente criados a partir de uma pedra, tem-se tornado cada vez mais pequenas,
resistentes e velozes.
1. Tipo de cano
a. Cano curto
i. Revólveres
ii. Pistolas
b. Cano longo
2. Tipo de carga
a. Projécteis únicos
b. Projécteis múltiplos
3. Constituição
a. Típicas: produzidas por fábricas
b. Atípicas: improvisadas
4. Mecanismo de disparo
a. Disparo único
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b. Semi-automática: parte da energia impulsiona a munição e outra parte
recarrega; depois é necessário pressionar o gatilho novamente
c. Automática
Trata-se aqui de energia cinética; o dano é criado pela transferência dessa energia para o
corpo atingido, havendo tanto mais energia quanto mais pólvora e velocidade.
✓ Pólvora
✓ Bucha (pode provocar queimaduras)
✓ Projéctil:
o Único (bola)
o Múltiplos (grãos de chumbo)
✓ Gases explosivos
✓ Chama
✓ Grãos de pólvora (podem funcionar como um projéctil)
✓ Negro de fumo
Qual a distância do disparo? Dependerá do tipo de arma, pelo que é necessário exames de
balística.
➔ Contacto: com o contacto com o corpo, tudo o que sai do disparo vai para a derme do
corpo. O orifício de entrada no abdómen, sem osso, será diferente de um disparo no
crânio, onde se forma um padrão estrelado.
o Firme
o Sem pressão
➔ Curta distância: vemos pólvora à volta da entrada.
➔ Média distância: há negro de fumo, mas apenas até 30cm.
➔ Longa distância: morfologicamente, há apenas um orifício e uma orla de contusão.
Mas é possível um disparo a média distância aparentar ser feito a longa distância –
embatendo na roupa, o negro de fumo fica aqui, devendo o vestuário ser analisado
(sem ele, haverá dúvida)
26
Orifício
Tatuagem:
O que distingue o orifício de entrada do de saída? Haverá orla de contusão no de entrada; mas
nem todos os de saída têm tal orla, o que causa dificuldades interpretativas ao médico-legista.
A longa distância, as feridas são maiores – o orifício de entrada está em proporção com a
distância.
9) ANTROPOLOGIA FORENSE
Quando o cadáver não está fresco, saltamos para a parte da antropologia forense, que resolve
os problemas de identificação quando a identificação visual não é possível.
Podemos ter casos em que os cadáveres não estão em decomposição, mas estão de tal forma
deformados que é impossível identificar. Também se estiverem carbonizados (posição de
pugilista).
✓ Identidade do sujeito
27
✓ Circunstâncias de morte
✓ Factos ocorridos antes e depois da morte
Metodologia:
28
A estatura é também uma manifestação de dimorfismo sexual → deve ser calculada depois da
determinação do sexo.
4) Determinação da Idade: até aos 20-25 anos, é fácil a determinação da idade porque as
alterações ósseas seguem uma cronologia óssea e diferenciada. A partir daí é
complicado, temos apenas os indicadores de degeneração óssea e dentária (dão
intervalos alargados). Em crianças e adolescentes recorre-se a:
a. Desenvolvimento dentário
b. Ossificação do crânio → desuso
c. Comprimento das diáfises e união das epífises às diáfises
✓ Traumatismos
✓ Patologias
✓ Lado dominante
✓ Sinais particulares
✓ Comparação fotográfica/radiográfica
✓ Reconstrução facial
✓ Marcadores genéticos
29
Apresentam padrões diferentes, concordantes com o instrumento respectivo. No
entanto, “diferentes causas podem produzir as mesmas lesões, e diferentes lesões
podem ser produzidas pela mesma arma e/ou mecanismo”.
Métodos:
✓ Morfológico
✓ Biológicos (entomologia forense)
✓ Físicos e químicos
A entomologia forense é o modo mais científico de fixar a datação. É a biologia que se dedica a
estudar insectos; há um tropismo das moscas para a matéria em decomposição, deixando nos
corpos larvas – havendo um círculo de metamorfose que nos pode indicar o intervalo pós-
morte. Tem de estar morto há x tempo, mas pode ter morrido há mais.
1) Nuclear: está no centro das células, cada um com metade da informação do pai e
outra metade da mãe → é frágil, sendo difícil de extrair
2) Mitocondrial: está nas mitocôndrias que estão no citoplasma das células, herdando-se
da mãe – o citoplasma do óvulo não é interferido com informação genética de
espermatozóide →isto faz com que haja muitos poucos tipos deste ADN.
Com ADN temos de fazer estudos indirectos, na maior parte dos casos. É excelente para
diagnósticos de exclusão.
A genética forense foi a área que mais evoluiu nos últimos anos. É a única das ciências forenses
que consegue quantificar a força dos seus resultados. Nunca é possível chegar aos 100%, tal
implicaria estudar toda a população mundial. Na criminologia forense, temos a ideia “in dúbio
30
pro reu” – na falta de 100%, não se pode condenar ninguém. Porém, aqui 99,99% de certeza já
é muito mais fiável que 10 testemunhas. É muito importante quantificar, mas tal pode suscitar
duplas interpretações.
Quanto mais raro for o perfil encontrado na amostra, mais provável é que ele pertença a dada
pessoa.
✓ Investigações de parentesco
✓ Criminalística biológica
✓ Identificação genética individual
Bases citogénicas:
Célula
Num cabelo, contudo, as células não têm núcleo, temos apenas ADN mitocondrial
Características dos marcadores genéticos: vamos procurar os marcadores que tenham alelos
mais distintos.
➔ Único “locus”: ao estudar uma característica, ela está em um único local dos nossos
cromossomas, sabendo previamente onde está a informação que queremos.
➔ Independentemente das condições ambientais
➔ Antes do nascimento: através da colheita do líquido amniótico, é possível fazer teste
de paternidade antes do nascimento.
➔ Polimorfismo
➔ Invariáveis durante toda a vida: pode não ser verdade em células genorais (?)
Antes da genética já havia testes de paternidade, através de outros marcadores (enzimas, etc).
1985: 1.ª vez que a genética foi usada com fins forenses, substituindo os marcadores clássicos.
A genética tem mais vantagens.
Perfil genético: provém da união de duas metades de 1 célula (23 pares cromossómicos
emparelhados). Só no par XY é que sabemos qual veio do pai e qual veio da mãe; nos
restantes, só depois de comparar é que sabemos.
Marcador genético: é um conjunto de bases, sendo que é a ordem em que se agregam que
nos torna diferentes (polimorfismo – de comprimento ou sequência). Está no mesmo locus, no
laboratório vamos estudar zonas específicas (todos temos a mesma localização de informação,
o seu conteúdo é que é diferente.
31
Locus: é a porção básica que um gene ocupa num cromossoma.
Alelo: é cada uma das formas alternativas com que o locus se expressa.
O alelo define-se pelo número de unidades repetitivas que tem; as amostras são separadas
pelo peso dos alelos, pois os maiores, com mais unidades, serão mais pesados. A corrente
eléctrica faz com que aí alelos se separem no gelo (electroforese).
Dentro do ADN não codificante, estudamos o ADN repetitivo em tandem, regiões do genoma
que têm áreas em que a base se repete e podemos distinguir pessoas pelo número de
repetições que há. Temos:
✓ Microssatélites: unidades repetitivas de 1-4 pares de bases 2-7 (devem ter 3-4)
✓ Minissatélites: unidades repetitivas de mais pares de bases 10-15 (foram
abandonados)
Exclusões:
a) De 1.ª ordem: ocorre quando há um alelo novo no filho que não existe na mãe nem no
pretenso pai
Filho: A+B
b) De 2.ª ordem: ocorre quando um pai não transmite um alelo que deveria
obrigatoriamente transmitir.
Mãe:2+2
Filho: 2+2
➔ Não é o pai
➔ Ocorre a transmissão de um alelo silencioso: quando o ADN está muito degradado e
não conseguimos encontra-las (alelos silenciosos são alelos que não são amplificados
na reacção de PCR). Quanto maior o marcador, maior probabilidade há-de ser
afectado pela degradação (os mais pequenos conseguem manter-se).
33
Equação de Essen Moller: a probabilidade de paternidade pode ser expressa em termos de
x/x+y ou como índice de paternidade x/y e será sempre acompanhada pela respectiva
tradução verbal de Hummel.
P= X/X+Y
Quanto mais raro for o alelo transmitido pelo pai na população, ou seja, quanto mais baixo for
o denominador, mais alto será a probabilidade de ser pai. Porém deve-se usar sempre mais do
que um marcador: Probabilidade acumulada = X1+X2+….+Xi/ X1+X2+….+Y1+Y2
Criminalística Biológica
(1) Evitar a degradação do ADN: o ADN degrada-se se existirem bactérias, que destroem
as cadeias. Assim, devemos evitar a proliferação de bactérias evitando condições de
calor e humidade.
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Exemplo: mancha líquida de sangue → secá-la com secador de ar frio ou à
temperatura ambiente;
Se não enviarmos logo para o laboratório, colocar no frigorífico ou, em mais de 40h,
congelar. (a humidade e calor promovem a proliferação bacteriana)
Evitar a humidade colocando a amostra dentro de saco de papel e não de plástico!
(nunca de plástico)
(2) Evitar a contaminação do ADN: se houver mistura com outros ADN’s, isto vai alterar o
resultado. Fontes de contaminação:
a. ADN do próprio que faz a colheita → que deve evitar falar, tossir, colocar as
mãos em cima de amostra de ADN fresca, diminuindo a degradação. Ainda
usar máscaras, toucas e luvas.
b. ADN de outras amostras → usar diferentes instrumentos de colheita, mudar
luvas e colocar as amostras em recipientes separados.
(3) Manter a cadeia de custódia: é preciso garantir que, entre a colheita da amostra e o
resultado final do laboratório, a amostra não foi trocada pelo caminho, ou seja,
garantir que a amostra colhida corresponderá ao perfil genético do resultado final.
Esta é uma condição de admissibilidade da amostra como meio de prova, sendo que
basta uma possibilidade que a amostra tenha sido trocada para a invalidar. Assim:
a. Guardando a amostra, o frigorífico tem de ficar trancado ou com vigilância
b. O ideal é entregar no dia e em mão, não podem chegar por correio → o
Instituto indica no relatório o modo como a amostra foi recebida.
c. Há envelopes com uma fita que mostram se foram abertos
d. Para entrar no laboratório tem de se usar um cartão que regista as horas de
entrada e saída.
À partida, qualquer vestígio biológico pode servir para identificar uma pessoa, desde que
tenha ADN nuclear. Tipos de vestígios mais frequentes:
✓ Manchas de sangue
✓ Manchas de esperma
✓ Pêlos
✓ Saliva
✓ Dentes
Em relação às roupas:
✓ Inspeccionar
✓ Fotografar
✓ Proteger as áreas manchadas
✓ Secar as manchas (secador de ar frio ou à temperatura ambiente)
✓ Iluminar com luz ultravioleta ou laser → às vezes, há manchas que não se vêem à luz
natural (ex: mancha de sémen na pele de uma pessoa), muito importante em abusos
sexuais de criança, em que normalmente não à cópula. Isto tem um contra – essa luz
degrada o ADN
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✓ Retirar as peças ou recortar
✓ Separar as peças
✓ Usar invólucros de papel
Colheitas no cadáver:
Colheita de manchas:
(Sangue:
Colheita nos genitais femininos: geralmente feita por médicos; é importante o local de colheita
do sémen, pois o crime sexual pode ser de natureza diferente
Nota: no caso das crianças, é muito importante o exame de toda a superfície corporal, pois
geralmente nos abusos a menores, o sémen é encontrado na pele.
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Nas agressões sexuais, há muitos erros das vítimas. Estas destroem muitos vestígios que
podiam ajudar a encontrar o agressor:
➔ Exclusão: imaginamos que temos um indivíduo 7-8 e uma mancha de sangue 7-9; não
podem corresponder, temos a certeza que a mancha não pertence aquela pessoa. O
material que sai do indivíduo tem de ter coincidência nos dois alelos.
➔ Coincidência: se houver coincidência (indivíduo 7-9 e mancha 7-9), não temos a
certeza que a mancha seja daquela pessoa; quanto mais raro for aquele perfil na
população, mais provável é que tenha sido aquele indivíduo a deixar a mancha.
o Quanto mais marcadores se usar, mais segura é a conclusão; em regra utilizam-
se 15-20 marcadores (só se não houver ADN suficiente)
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LR= probabilidade do resultado se a mancha for do suspeito / probabilidade do resultado se a
mancha for de outro homem
Escala de Evett: escala da LR qualitativa. Não tem muito interesse, interessa mais o resultado
quantitativo.
Tipos de ADN:
(3) ADN mitocondrial: está presente nas mitocôndrias das células, resistindo muito à
degradação – em ossadas normalmente só se encontra este ADN. Este ADN é
transmitido pela mãe, as mitocôndrias estão no ortoplasma do óvulo e o
espermatozóide só atinge o núcleo. Sequência comparada vs. Sequência de Anderson
→ identificação pelas mutações.
Tem a mesma limitação que o cromossoma Y, desta vez com a linhagem feminina.
Tem como vantagem o facto de ter pequenas dimensões, é muito resistente à
degradação → importante quando o material está muito degradado. O estudo é feito
por sequenciação, logo é muito moroso. Nos cabelos é difícil estudar microssatélites, a
não ser que tenham raiz, logo tem de ser estudadas com sequenciação do DNA
mitocondrial.
Alelo 9,3 → significa que tem 9 unidades repetitivas completas mais uma incompleta
só com 3 pares de bases.
✓ Critérios de inclusão/exclusão
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o Voluntários: consentimento livre informado escrito/ilimitado (se não revogar o
consentimento)
o Amostras-problemas para identificação civil: magistrado/ilimitado (até à
identificação)
o Amostras-referência para identificação civil:
▪ Vestígios-referência: magistrado/ilimitado (até à identificação)
▪ Amostras em pessoas (parentes desaparecidos): consentimento livre
informado escrito/até à identificação, se não revogar consentimento
o Amostras- problema para investigação criminal: magistrado/termo do
processo-crime, quando identificada com o arguido; no prazo máximo de xxx do
procedimento criminal; ou 20 anos após a recolha.
o Condenados: crime doloso com pena concreta de prisão igual ou superior a 3
anos (juiz de julgamento)/cancelamento definitivo do registo criminal
o Profissionais: consentimento livre informado escrito/20 anos após cessação
das funções.
Acidentes de viação: É importante sobre quem ia a conduzir, sendo que para tal se pode fazer
análise ao air-bag → quando este explode, pode ficar com vestígios do condutor.
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Se os corpos estiverem em bom estado e for possível fazer a análise das impressões digitais
(dactiloscopia), este é um óptimo método de identificação.
A pressão é um inimigo das perícias, não se devem alterar as rotinas e regras laboratoriais,
cedendo à pressão. Deve evitar-se também a pressão para entrega imediata dos corpos – há
quem diga que o expectável será até 3 meses.
O tamanho mínimo dos fragmentos é importante decidir – variará entre 1 a 10 cm; há também
o critério do tamanho de um dedo polegar.
Tipos de comparação:
Há alturas em que a genética deixa de ser útil na identificação do cadáver, e terá de entrar a
antropologia.
40
a. Investigação de filiação
b. Estimativa da idade: pode ser pedida pelos serviços estrangeiros e fronteiras
por motivos de expatriação, sendo relevante saber se a pessoa é menor, normalmente através
dos dentes e ossos.
Para efectivamente o identificar temos de recorrer a um método comparativo, com auxílio das
características ante-mortem e post-mortem. Só com estes factores individualizadores é que
passamos de um mero perfil para a identificação. Permite a identificação positiva, ou seja, dar
um nome, passar a ser uma pessoa. Pergunta de exame!
41
Pode o indivíduo estar totalmente caracterizado morfológica ou geneticamente e ainda assim
não ser identificado por falta de dados ante-mortem. Na base de dados não estão todos os
indivíduos.
Vertente genética: é mais complicado para uma identificação, identificar famílias mas não
indivíduos. Neste âmbito há comparações indirectas com estudos familiares, através de um
suposto familiar. Serve para excluir.
Cadáveres recentes:
Exame buco-dentário: abrange toda a boca. Os dentes são estruturas anatómicas com
características particulares, como a forte resistência a agentes externos, inclusive a
temperaturas superiores a 600ºC. Também interessa a variabilidade de dentição – a fórmula
dentária é diferente para todos, mas há grande variação em número, forma, posição, etc.
42
b. Patologia óssea (osteoporose, neoplasia)
c. Corpos estranhos (projecteis de armas de fogo, fragmentos metálicos, etc.)
d. Seios frontais (morfologia variada)
AFIS: sistemas ligados à Interpol, mas não há um registo de população geral, apenas dos
cidadãos que tiveram contacto com eles. Actualmente é usado não apenas para fins forenses
(Ex: controlo de emigração nos aeroportos).
Não faz sentido fazer exames de ADM se for um desaparecido, pois não se tem termos de
comparação. Só quando houver uma potencial identificação.
Necroidentificação – Esquema:
1) Vertente morfológica: mais fácil e acessível, tem a ver com a descrição do indivíduo →
identificação positiva (dar um nome)
2) Vertente genética: mais difícil, permite mais facilmente a exclusão (comparando com
familiares)
A toxicologia é a ciência que estuda as substâncias tóxicas e as alterações que estas produzem
no organismo, com o fim de prevenir, diagnosticar e tratar os seus efeitos nocivos. Mas os 50%
do trabalho nesta área é em vivos. Nota: os exames de toxicologia são pedidos, na maior parte
dos casos para exclusão da possibilidade de presença de substâncias.
As drogas de abuso (excepto as sintéticas) tiveram o seu início nas plantas; por exemplo, a
heroína já foi usada em medicamentos para a tosse→ a evolução nefasta é o homem deixar de
usar como medicamento para passar a usar como droga de consumo ilícito. Note-se, porém,
que esta utilização recreativa das substâncias sempre existiu.
43
Tóxico veneno:
➔ Tóxico é todo o agente (Químico ou físico) susceptível de gerar efeitos nocivos sobre
os seres vivos.
➔ Veneno é aquela substância tóxica empregue de um modo intencional → aqui são
consideradas as intoxicações homicidas ou suicidas, mas nunca as acidentais.
Para se poder dizer que houve um envenenamento é preciso dizer-se se a morte foi ou não
causado por uma intencional inferência de tóxico – toxicologia analítica, criminalística e depois
a parte jurídica.
O toxicologista faz o que lhe mandam, mas se se aperceber de algo, comunica ao médico no
sentido de poder haver outros exames importantes. Para passar à quantificação de tóxicos
temos de recorrer a padrões. Só identificamos o tóxico qualitativamente – por exemplo,
heroína – e não o tipo específico.
Assim, as perícias toxicológicas apenas são realizadas no âmbito dos serviços e nunca nos
gabinetes médico-legais → estes apenas realizam perícias no âmbito da patologia e clínica
forense, para evitar a deslocação dos cadáveres e pessoas às delegações. Ou seja, da autópsia
mandam-se as amostras para as delegações da circunscrição respectiva.
Paraceleus (autor italiano): não há substâncias atóxicas; todas as substâncias são tóxicas,
apenas a dose permite distinguir um tóxico de um medicamento. Há uma classificação dos
agentes tóxicos segundo o grau de toxicidade, há concentrações taboladas, porém são só xxxx
44
As substâncias + procuradas são:
✓ Álcool
✓ Drogas
✓ Medicamentos
Investigação toxicológica
✓ Cadáver
✓ Indivíduo vivo → as análises hospitalares são prioritárias
✓ Actividade laboral
✓ Meio ambiente
Tipos de amostras:
✓ Sangue (periférico, colhido nas extremidades) porque é mais útil para identificação de
exames e especialmente para quantificar (confirmar/quantificar). No caso de
envenenamento por tóxico, pode analisar-se o sangue cardíaco e o estômago
(conteúdo gástrico), mas para quantificar/confirmar usa-se o sangue periférico.
✓ Bílis: importante quando não há urina
✓ Pulmão: suspeita de tóxico volátil
✓ Rins: intoxicações crónicas por metais
✓ Fígado: importante quando não existe sangue; biotransformação da maioria dos
tóxicos
✓ Cérebro: mortes por inalação de solventes
✓ Cabelo: informação toxicológica muito anterior à morte
✓ Humor vítreo: útil para análise de álcool etílico, resistente à contaminação bacteriana
✓ Amostras não biológicas: ajuda no esclarecimento dos acontecimentos.
o Amostras
o Procedimento laboratorial
45
Nota: o exame do corpo na autópsia (patologia forense) não permite ao perito tirar conclusões
distintivos sobre as substâncias responsáveis pela morte.
Cadeia de custódia em toxicologia forense: o princípio básico é assegurar que tudo o que
fazemos é fiável, credível e não pode ser posto em causa. Em cada ramos os cuidados são
diferentes – por exemplo, em genética há maior risco de contaminação; em toxicologia, é
muito importante rotular e etiquetar.
Passos:
o Abertura do processo;
o Selecção e divisão das vísceras de acordo com os exames a realizar;
o Extracção das substâncias a analisar
o Detecção, identificação, confirmação e quantificação por técnicas analíticas e
específicas.
Desde que se faz a recolha da amostra até ao seu processamento, temos de respeitar uma
série de passos que nos dão garantias de que não houve violação:
1) Colheita das amostras para análise: temos de saber que amostras é que se colhem, o
seu tipo e quantidade
2) Acondicionamento das amostras: hoje temos uma uniformização dos meios de
acondicionamento
3) Transporte das amostras.
Depois de tudo isto, a amostra entra no serviço e temos de verificar se as amostras estão
frescas, para depois registar. A primeira coisa a fazer no serviço de toxicologia é avaliar se a
cadeia foi cumprida.
Conclusão: a cadeia de custódia pretende que se tenha um controlo de tudo o que se fez e que
todo o resultado é obtido com confiança e certeza. É necessário:
Medicamentos
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Um medicamento é toda a preparação farmacêutica contendo um ou mais princípios activos,
destinada ao diagnóstico, prevenção ou tratamento de doenças ou seus sintomas, ou à
correcção de funções orgânicas.
Pode haver uma utilização suicida ou homicida. Pode estar associada a uma tentativa de
diminuição da resistência da vítima para a execução de delitos → importante não só quando
não há lesões aparentes.
✓ Psicotrópicos
o Antipsicóticos (ex: halopenidol)
o Ansiolíticos (ex: benzodiazepinas) → tem um efeito semelhante ao álcool,
depressor do SNC → o seu consumo não faz variar a taxa de álcool no sangue,
apenas potencia os seus efeitos nefastos
o Hipnóticos não barbitúricos
o Antidepressivos
✓ Antipiréticos e analgésicos
Quando é pedido para pesquisar um medicamento, investiga-se quer o seu princípio activo,
quer os metabólicos.
Drogas de abuso
1) Depressores do SNC
a. Ópio
b. Morfina
c. Heroína
2) Estimulantes do SNC
a. Anfetaminas
b. Cocaína
3) Drogas alucinogénias
a. Carobinóide (?)
b. LSD
Nota: tem várias vias de administração, mas não é isto que nos interessa, mas sim o tipo de
substância em causa.
✓ Dependência física
✓ Dependência psíquica Triangulo que existe quer nas drogas, quer no álcool
✓ Tolerância
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Dentro das drogas de abuso encontramos um grupo chamado “depressores” que tem
opiáceos por trás. A pior droga é a heroína, um produto derivado da morfina – a heroína entra
mais facilmente no cérebro mas actua como morfina. (a morfina pode existir isoladamente ou
como um produto de organismo)
Também podemos ter uma morte por falência multiorgânica motivada por um consumo
continuado ao longo dos anos.
Note-se que é necessário verificar se o indivíduo foi medicado, por ex., com morfina ou ???. A
??? transforma-se muito rapidamente em morfina, assim, como a heroína – é necessário saber
a origem e a (i)licitude da morfina. Se se encontrar heroína, então o consumo foi muito
recente. É ainda muito importante o exame do local, examinando a colher e a seringa. Se
houver suspeita de intoxicação por heroína: local de morte + tudo o que estiver perto do
cadáver + características/antecedentes do indivíduo + autópsia + análise toxicológico.
Hábito interno:
Cocaína: o crack trouxe um aumento do consumo da cocaína, que tem várias vias de consumo
✓ Injectável
✓ Pulmonar
✓ Oral
✓ Inalatória
48
✓ Midríase: dilatação da pupila
✓ Lesões traumáticas provocadas pelas convulsões
✓ Sinais de punções venosas recentes
✓ queratite
✓ Erosões do esmalte
✓ Calo na última falange do polegar
✓ Queimaduras superficiais
✓ Potência
✓ Via de administração
✓ Técnica de fumar
✓ Dose
✓ Experiência do consumidor
Álcool
Sempre que um indivíduo morre na estrada tem de se colher sangue para avaliação da
alcoolemia.
49
o Teste de ar expirado
o 1.º teste qualitativo → indica a presença
o 2.º teste quantitativo → quantifica a TAS
o Teste da saliva
o É só triagem; não basta para sanção.
Tem de haver um exame de confirmação ao sangue, que só a ML pode fazer. No caso das
drogas, há obrigatoriedade de confirmação. Apenas o INML pode fazer análises toxicológicas
para determinação do álcool.
Alcoolémia cadavérica
Co = Ct+Bt
B: coeficiente de etiloxidação
Esta fórmula pode ser usada de um ponto de vista técnico, em que o patologista queira ter
mais ideia sobre o caso. O ideal é quando a pessoa está na fase de eliminação.
Esta fórmula deve ser rejeitada para efeitos de limites legais em acidentes de trabalho ou de
aviação. É uma fórmula principalmente teórica, na prática legal e forense não deve ser usada.
(cálculo exponencial leva a erros inadmissíveis)
Local da colheita e amostra de sangue: temos diferentes tipos de sangue, as amostras não são
iguais consoante o local da colheita. Nota: no cadáver deve-se tirar sempre mais do que 1
amostra
o Sangue arterial
o Sangue venoso
o Central
o Periférico → é o que deve ser usado, a concentração é a mais representativa
de concentração existente no momento da morte
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Existem 3 factores que influenciam a concentração:
Se não for possível obter sangue venoso periférico, podemos recorrer a sangue central, mas só
se se verificarem determinados pressupostos:
>pode ser:
o No cadáver → microorganismos
51
o Na amostra → substratos
Há sempre uma repetição do exame: no mesmo dia ou 1/2 dias depois. A sintetização do
álcool para num certo nível pois as bactérias esgotam os substratos que estão na amostra.
Basta o início da putrefacção para a patologista negar o exame de alcoolemia. Se fizer e der
negativo, pode seguir; se der positivo, o patologista tem de indicar que não deve ser indicada
para limites legais.
✓ História do caso
✓ Estado de conservação da amostra
✓ Microorganismos presentes
✓ Dest. atípica do etanol
✓ Presença do etanol numa só amostra
✓ Presença de outros compostos voláteis
✓ Concentração
✓ Colheita
o Amostras obtidas antes do início da colheita dos órgãos
o Laqueação do caso sanguíneo previamente
o Seringas esterilizadas de utilização única
o Colheita por punção directa
✓ Acondicionamento
o Frascos estéreis de tamanho apropriado e fechado hermeticamente
o Não deixar ar residual entre tampa e amostra
o Adicionar preservante
o Conservar a temperatura <4.C e enviar com maior brevidade ao laboratório
o Selar o frasco
o Etiquetagem perfeita
o Juntar protocolo.
✓ Incolor
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✓ Inodoro
✓ Insépido
✓ Elevada difusibilidade
A sua fonte de produção é natural (fogos, mas sobretudo lareiras, braseiras e esquentadores);
ou industrial.
O monóxido de carbono apresenta uma grande afinidade com a hemoglobina, 200 a 300 vezes
maior que a afinidade com o oxigénio → logo, vai ligar-se à hemoglobina, diminuindo a
capacidade de transporte de oxigénio→ causa hipoxia celular (falta de oxigénio nas células).
✓ Concentração de CO
✓ Duração da exposição
✓ Suicídio
✓ Homicídio
✓ Acidente –> é o mais frequente
Autópsia:
o Exame do local
o Exame do hábito externo
o Externamente, a hipoxia manifesta-se por uma coloração rosada→ livores
carminados (mas também pode ter a ver com a posição)
o Nalguns casos, temos vesículas nas zonas de pressão (não muito frequente)
o Exame do hábito interno
o Coloração rosada dos tecidos, sangue e músculos (coloração rosada na
refrigeração hipotermia)
53
Toxicologia → sangue periférico preferencialmente → senão, sangue cardíaco de outros
tecidos (ex.: medula) → em corpos putrefactos, exames histológicos.
Cianeto:
Propriedades físico-químicas:
A morte é mais rápida numa intoxicação por inalação do que por ingestão.
Mecanismo de acção: o cianeto também se liga à hemoglobina; porém, não impede a ligação
com o oxigénio ao contrário do monóxido de carbono → mas vai é impedir que as células
utilizem o oxigénio, bloqueando a respiração celular → hipoxia.
✓ Urina
✓ Sangue
✓ Órgãos
✓ Utensilio
✓ Cabelo
(1) Urina
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➔ Avaliação tempo decorrido entre consumo e colheita da amostra ou a morte
➔ Presença de metabolitos
➔ Degrada-se mais lentamente que sangue
➔ Maior parte dos estupefacientes podem ser detectadas passados 48-72h
(2) Sangue: periférico, cardíaco pode ser contaminado pelos órgãos adjacentes ao
estômago
(3) Órgãos
(4) Cabelo
55
DL 24/98
Analisador qualitativo
<0,5g/L
Analisador
Negativo Positivo
quantitativo
>0,5 g/L
aceita Requer
sanções contraprova
legais
Análise de
sangue
Impossibilidade
- +
de colheita
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GNR e PSP:
➔ Teste do ar expirado
o 1.º teste qualitativo
o 2.º teste quantitativo
➔ Teste da saliva (apenas para triagem)
INML:
✓ Penal
✓ Civil
✓ Trabalho
Em DP, os exames visam avaliar as consequências das ofensas corporais, sendo um auxílio para
os magistrados para a tipificação do crime.
Prova pericial: tem uma grande importância, principalmente nos crimes em que não há
testemunhas.
A prova pericial visa dar indicações ao juiz, para que este integre com atenção ou no art. 143.º
ou no art. 144.º:
- 143.º: ofensa à integridade física simples, esmagadora maioria das ofensas no dia-a-
dia → é um diagnóstico de exclusão.
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Necessidade de equilíbrio entre vários conceitos:
✓ Saúde
✓ Doença (ex.: uma nódoa negra não vai ter efeitos no trabalho, mas mesmo assim ainda
é uma doença)
✓ Lesão: tradução da ofensa na pessoa
✓ Ofensa: é uma actuação ilícita, caracterizada por lesão + doença. É necessário avaliar a
intensidade ou gravidade da ofensa.
Morte
O tempo de doença é o período de tempo que decorre desde a produção de lesões até à cura
consolidação. A cura e consolidação são conceitos diferentes:
Artigo 144.º/a CP: privação de importante órgão ou membro.. (total ou parcial; temporária ou
definitiva)
Artigo 144.º/b CP: tirar ou afectar, de maneira grave a sua capacidade de trabalho…
58
➔ Pode ser um dano temporário (deve-se indicar o número de dias para
cura/consolidação) ou definitivo, desde que grave (tirar-lhe – carácter definitivo;
afectar-lhe – dano temporário).
➔ O emprego é o que tinha no momento da agressão, mesmo que agora tenha outra
➔ O trabalho profissional e geral (ex.: de actividade não profissional)
… capacidades intelectuais…
➔ Alteração da inteligência e vontade
➔ Deve recorrer-se a exames complementares no âmbito da psicologia e psiquiatria: a
avaliação das “anomalias psíquicas” justifica sempre uma avaliação psiquiátrica,
desejavelmente por um especialista com formação na área forense.
Dados a fornecer ao juiz: locais atingidos, quantas lesões tinha e se o objecto era adequado a
produzir aquele tipo de lesões (características das lesões e violência que denotam); a natureza
do instrumento.
A referência à intenção de matar não compete ao perito médico. Sendo confrontado com um
quesito sobre este problema, deve responder não ser da sua competência. Apenas fornece à
justiça os elementos objectivos colhidos na perícia e que possam ser relevantes para o juiz.
59
Cabe a este a responsabilidade de decisão nesta matéria. Elementos relevantes: qual a região
atingida; adequação entre o instrumento utilizado e a região atingida; sinais de violência (não
é tipo de lesões). No caso de ferimentos por armas de fogo, se existem sinais de disparo a
curta distância.
O perito tem de dizer ao juiz se as lesões apresentadas podem ter sido consequência da
agressão.
Tipos de exames:
✓ Presencial
✓ Documental (depois de ter visto a pessoa)
Tipos de relatórios:
Relatório pericial: identificação completa da pessoa, entidade que requereu o exame e que o
fez. Quatro capítulos:
(1) Informação:
a. História do evento: não é vinculativa, a pessoa pode mentir
b. Dados documentais: exemplo, a que hospital foi
c. Antecedentes
(3) Discussão:
a. Nexo de causalidade: dizer se aquilo que nos é relatado e aquilo que a pessoa
está a contar é compatível ou não
b. Nem sempre se faz no âmbito do direito penal (no direito civil, no qual é
obrigatório)
i. No DP deverá haver uma fundamentação dos danos sempre que uma
eventual complexidade dos mesmos o justifique, nomeadamente
quando estiverem em causa.
(4) Conclusões:
a. Natureza do traumatismo: lesões referidas e observadas. Se não for
compatível paramos por aqui.
b. Consequências temporárias
c. Consequências permanentes (não enquadradas no artigo 144.º)
d. Medidas psico-sociais (ex.: caso de abusos sexuais ou violência doméstica)
➔ Data de cura/consolidação
➔ Tipo de doença e instrumento
➔ Tempo de doença e consequências temporárias (dias)
➔ consequências permanentes
➔ Perigo para a vida
➔ Adopção de medidas processuais
É necessário haver uma posição crítica em relação a algumas lesões, dando as várias hipóteses
de compatibilidade.
61
Conceito de acidente de trabalho: Acidente que se verifica no local e tempo de trabalho e
produza directa ou indirectamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que
decorra a morte ou a redução de capacidade de trabalho/ganho da vítima (art. 9.º Lei
98/2009). Para além disto, há que considerar também os seguintes lugares:
Abrange ainda (artigo 9.º): exercício de direito de reunião; actividade de procura de emprego;
curso de formação profissional; execução de serviços.
62
Descaracterização dos acidentes (Artigo 14.º da Lei 98/2009):
Avaliação do dano corporal: cooperação entre a medicina legal e a justiça. Nos acidentes de
trabalho, o objectivo desta avaliação é indemnizar a incapacidade de ganho (no direito penal, é
ver a outra pessoa condenada; no direito civil, é a reparação integral do dano).
Acidente de Cura
trabalho
Consolidação
ITA: incapacidade temporária absoluta (Ex: parte a perna, é operado e tem de fazer repouso
total), pelo menos 50% da capacidade necessária
ITP: incapacidade temporária parcial (Ex: pode ir trabalhar de moletas). Incapacidade até à
recuperação que permita trabalhar.
IPATH: incapacidade permanente absoluta para o trabalho habitual – para o trabalho que fazia
(Ex: estafeta que ficou paraplégico, mas pode atender telefonemas)
Direito ao trabalho
63
Art. 23.º, 25.º e 47º da Lei 98/2009: a reparação pode ser em dinheiro ou em espécie (ex:
hospedagem, assistência)
Participação de AT:
Art. 25.º da Lei e 46.º do Regulamento: revisões, que têm lugar quando se modifique a
capacidade de ganho. Hoje já não é no prazo de 10 anos e são a título gratuito.
Perito médico-legal: necessidade de sólida preparação médica para saber o que resultou do
acidente; domínio das condições naturais de lesões.
Relatório médico-legal:
✓ (1) Preâmbulo
✓ (2) Informação
✓ (3) Dados documentais
✓ (4) Estado actual
✓ (5) Discussão
✓ (6) Lesões
(1) Informação
o História do evento: importante como factor que influencia o estabelecimento do nexo
de causalidade. Os médicos sabem que há mecanismos específicos que provocam
lesões específicas.
o Todos os exames que foi fazendo ao longo do tempo: importante para o
estabelecimento de incapacidade, especialmente quando há relatórios contrários.
64
o Exames complementares: transcreve apenas os resultados relevantes para a avaliação
em causa.
(3) Discussão: em penal nem sempre há discussão, no civil e trabalho é essencial (mais
importante em civil que trabalho)
o Nexo de causalidade: se não for estabelecido, o relatório acaba por aí
o Data de consolidação: se ficou consolidada, o relatório fica por aí
o Incapacidade temporária
o Incapacidade permanente: estabelecidas com base na tabela nacional de
incapacidades (TNi)
A TNi ajuda a avaliar o indivíduo como um todo físico e psíquico. Instruções gerais: (têm um
valor meramente indicativo e não vinculativo:
Uma pessoa pode ficar com várias lesões e assim a incapacidade total é a soma dos
coeficientes de incapacidade.
✓ 1.ª lesão: corresponde a uma incapacidade de 10%, a sua capacidade era de 100%,
logo o coeficiente de incapacidade é 0,10.
✓ 2.ª lesão: incapacidade de 5%, mas a pessoa já tinha uma lesão, só tinha uma
capacidade restante de 90% e coeficiente 0,05 x 0,90 = 0,045.
✓ 3.ª lesão: incapacidade de 20%; capacidade restante de 85,5%; coeficiente de 0,171
65
4) A possibilidade de dar um bónus (1,5), em caso de ter 50 anos ou mais, ou se a pessoa
não for reconvertível ao posto de trabalho (não se podem acumular)/ou quando
houver alteração visível do aspecto físico.
Parâmetros de danos:
1. Danos Temporários:
a. iTPA: período durante o qual a vítima esteve totalmente impedida de realizar a
sua actividade profissional habitual → avalia-se em dias.
b. iTPP: período em que a vítima passou a ter pelo menos 50% da capacidade
necessária → avalia-se em dias e taxas
i. Dificuldade de valoração retrospectiva → pode aceitar-se períodos e
taxas atribuídas pelos médicos.
ii. Existem habitualmente vários períodos de iTPP → a 1.ª taxa deve ser
fixada no dobro do coeficiente previsível numa futura situação de
incapacidade permanente, sendo reduzida gradualmente.
66
2. Danos Permanentes:
a. Incapacidade permanente: perda de trabalho em resultado de uma ou mais
disfunções, como sequelas das lesões. Podem existir diversos níveis de
incapacidade permanente
i. iPP Determinadas tendo em conta globalidade das sequelas
ii. iPA (valoriza-se não só o dano no corpo, como a sua
iii. iPATH repercussão funcional e situacional, com preponderância
das actividades profissionais)
b. Dependências
É a área mais abrangente e complexa dentro da avaliação do dano corporal. O papel do perito
é interpretar os indícios nos vestígios para chegar a uma imagem o mais próxima da realidade
possível. Consoante o ramo no âmbito do qual se faz a avaliação, haverá abordagens parciais
distintas, daí sendo possível haver conclusões distintas.
67
Em direito civil, prevalece o princípio da reparação integral do dano (medicamente utópico): já
não em direito do trabalho, onde prevalece a capacidade de ganho. Isto desde que tenha
dignidade suficiente para merecer a tutela do direito.
Esta é uma actividade difícil, pois há uma subjectividade dupla na avaliação, tanto o doente
como o médico tiveram cada um de determinar graus de dor, que serão o máximo de que
conhecerão. Há muitas situações de dissimulação. A relação de confiança com um médico-
clínico é maior que com um médico-perito.
Uma lesão pode consolidar ainda que o sujeito permaneça com tratamentos desde que não
sirvam para promover melhorias, apenas para evitar um retrocesso.
Apontamos para uma data fixável, há um período em que se considera que as lesões já não são
susceptíveis de causar alterações.
Estabelecida a data, passamos para os parâmetros. Agora falamos antes do défice funcional
temporário, não de incapacidade temporária geral (tentativa de harmonização europeia). Fixa-
se em número de dias, não em pontos
68
Quantum doloris: é o quantum de dor sofrida, física/orgânica e psicológica. Temos:
É muito subjectiva: não só é avaliada diferentemente, como pode ser sentida de modo distinto
consoante da lesão traumática, consoante a sua extensão física e psíquica. Porém, há também
muitos parâmetros objectivos, que só um médico sabe avaliar – características dos
tratamentos, modalidades dos tratamentos, evolução das lesões. São factores objectivos:
Em casos excepcionais, pode ser valorado como dano permanente (não esteja incluído no
défice funcional ou outros parâmetros). Ex.: membro fantasma. Será muito raro.
Medição da dor: antes, usávamos uma escala de muito ligeiro a muito importante. A nível
europeu convencionou-se abandonar a escala qualitativa e substituir por uma escala
quantitativa (grau de 1 a 7).
Na maioria dos casos, o quantum da dor para lá da consolidação está contida nos parâmetros
dos danos permanentes → princípio da proibição da dupla valoração do mesmo dano.
O perito deve explicar no capítulo “discussão”, as razoes que levaram à inclusão num dado
grau.
Défice funcional permanente (antiga incapacidade permanente geral): aqui, atribuem-se taxas
de incapacidade, algo muito importante. As taxas estão muito dependentes do que é 100%
para uma pessoa e de representação sócio-cultural. Agora, falamos de “pontos” para não ser
tão taxativo como uma percentagem, há pontos de apreciação, não de medida. Vale mais uma
coração ou um fígado? A função respiratória ou circulatória? Não é possível hierarquizar.
Em relação à TNi: é obrigatória a fundamentação deste dano quer através de uma descrição
correcta e pormenorizada das queixas e sequelas, quer através da implicação deste dano na
autonomia e independência da pessoa.
Hoje defendemos que, além da taxa, o perito deve referir quais os reflexos das lesões nas
várias actividades da vida da pessoa, para melhor informar quem tem de decidir acerca das
indemnizações.
O nosso direito civil permite que o dano indemnizável seja o dano certo (aquele que já existe)
e o dano futuro. Passou a ser uma rotina acrescentar o dano futuro, como maneira de
satisfazer mais o sinistrado → agora deixa-se apenas uma nota sobre a possibilidade de dano
69
futuro ( dano potencial: não é valorado, pois não é inexorável) – se ocorrer, há reabertura do
processo.
Dano futuro → quando seja previsível, deve o perito fundamentar esta circunstância na
“discussão” e assinalá-la nas “conclusões” → dadas as dificuldades na fixação objectiva, não se
deve proceder à quantificação, apenas se assinala a verificação.
Em 2007, entre nós publicou-se duas tabelas, para direito civil e direito do trabalho. É
actualizada de 6 em 6 meses a tabela europeia, a nossa não é actualizada há 4 anos. Em 1960
tivemos a 1.ª tabela de direito de trabalho, que tinha uma série de erros, tendo durado 37
anos/ correcção. Quanto à tabela, ver “recomendação”.
Em França, a perícia tem de ser feita por um médico com especial formação; entre nós,
qualquer médico pode elaborar perícias – mas apenas quem tem competência em avaliação
do dano corporal deveria ter tal poder.
Deve dizer-se que a incapacidade é “fixável” em 20, por exemplo → para transmitir que o valor
não é absolutamente taxativo.
Dano estético: suscita muitas questões. Uma cicatriz na cara não deve ser analisada de modo
igual em duas pessoas, interessa entrar na experiência psicológica que a vítima faz dos danos.
Cada sequela deve ser valorizada apenas uma vez, com excepção do dano estético. Assim:
O dano estético tem virtualidades de dano patrimonial, quando tal tiver reflexos na actividade
profissional. Por outro lado, um dano estético temporário pode ser incluído no âmbito da
avaliação quantum doloris.
Também aqui usamos uma escala quantitativa de 1 a 7. Abandonamos a qualitativa, mais uma
vez, para não fragilizar quem ficou desfigurada.
Repercussão na vida sexual: apenas situações subjectivas de realização do acto sexual; lesões
traumáticas ou medulares cabem no 1.º parâmetro.
70
Categorias de danos: a valoração dos diversos parâmetros de dano é feita no capítulo
“Discussão” → a fundamentação é sempre obrigatória, não só na discussão, mas também
através de uma descrição pormenorizada nos respectivos capítulos.
1) Danos temporários:
a. Repercussão temporária na actividade profissional → dano patrimonial
b. Défice funcional temporário
Danos não patrimoniais
c. Quantum doloris
2) Danos permanentes
a. Repercussão permanente na actividade profissional
Danos patrimoniais
b. Dependências
c. Défice funcional permanente
d. Dano estético permanente Danos não patrimoniais
e. Repercussão na actividade sexual
f. Repercussão nas actividades desportivas e lazer
➔ Dois momentos:
o Identificação e descrição dos danos -> =independentemente do ramo
o Interpretação e valoração dos elementos observados
71
18) NEXO DE CAUSALIDADE
Pode ser:
o Certo/hipotético
o Directo/indirecto Se for certo, directo e total não temos dúvida
o Total/parcial
1. Nexo hipotético: a análise dos critérios não permite o estabelecimento com segurança
do nexo, mas o perito também não o pode afastar. Nestas situações, o perito deve
explicar ao julgador os argumentos científicos a favor e contra o nexo.
2. Nexo indirecto: ex. infecção por SIDA na sequência de uma transfusão sanguínea
necessária na sequência da lesão.
3. Nexo parcial: quando num estado patológico intervém mais do que um factor
etiológico, o nexo é parcial porque há várias causas que concorrem para o dano
Estado intercorrente: é toda a alteração de saúde, acidente ou outro, que surge durante ou
depois da acção traumática, que é uma das causas do estado actual. Ex: um acidente posterior
ao traumatismo que se está a analisar.
Não há conhecimentos científicos suficientes que nos permitam dizer que a predisposição se
iria manifestar algum dia ou não se iria manifestar → alguns autores defendem que, em caso
de dúvidas, o dano deverá ser imputado na sua totalidade ao evento.
72
Estado anterior: corresponde ao estado que se verificava imediatamente antes, ou seja, no
momento da ocorrência do factor causador da lesão. O estado anterior para influenciar ou
alterar a evolução das lesões, ou seja, abrange um conjunto de antecedentes (como lesões
pré-existentes ou predisposições) susceptíveis de intervir no processo patológico consecutivo à
acção traumática → o perito apenas deve revelar os antecedentes que constituem um estado
anterior potencialmente relacionado com a situação em análise.
Como avaliar? Quando estamos a valorar o estado anterior, no âmbito da valoração do dano
corporal, a avaliação depende do ramo em que a perícia se processa. No âmbito do direito do
trabalho, estão legalmente definidas e publicadas regras que devem ser observadas quando se
verifique a existência de estado anterior.
Lei 98/2009. O artigo 11.º estabelece a regra de que, quando uma lesão ou doença que é
consequência do evento é agravada pelo estado anterior, lesão ou doença pré-existente, então
a incapacidade avaliar-se-á como se tudo tivesse resultado do evento (Salvo se o sinistrado já
tenha sido indemnizado por essa lesão anterior)
Em direito civil, demos assumir uma metodologia autónoma, o que caracteriza a avaliação do
dano de natureza civil. Há normas que não admitem que dois peritos possam avaliar um
indivíduo de forma .
73
anterior que altera a evolução das lesões no sentido positivo (melhora) não merece
valorização médico-legal.
Que situações do estado anterior devem ser consideradas concausas atendíveis? Não
podemos considerar as vulnerabilidades anátomo-fisiológicas normais. (ex: idoso, debilitado,
em que a consolidação é mais tardia)
1) Evento traumático não agravou o estado anterior, nem este teve influência negativa
sobre as consequências daquele: deve-se apenas valorizar as lesões resultantes do
evento, desconsiderando o estado anterior. Os parâmetros de avaliação do dano em
direito civil (défice funcional temporário, permanente, quantum doloris, etc.) devem
ser valorizados atendendo apenas às lesões recorrentes do evento.
2) O estado anterior tem influência negativa sobre as consequências do evento
traumático: só não se valoriza o que for exclusivamente devido à influência do estado
anterior.
3) O evento agrava o estado anterior/exterioriza uma patologia latente. Aqui, temos
novamente 3 hipóteses:
a. O acidente anterior tinha já uma avaliação pericial de direito civil: a
indemnização é calculada com base na diferença de parâmetros
b. O acidente anterior tinha já uma avaliação pericial de direito do trabalho: não
podemos fazer aquela substração, uma vez que há tabelas diferentes. O perito
deve fazer a avaliação do estado anterior com os dados disponíveis, e depois
medir a diferença.
c. Não há qualquer avaliação pericial:
i. Se agravou o estado anterior: com os dados disponíveis, faz-se uma
avaliação do estado anterior
ii. Se exteriorizou: deve ser feita uma avaliação própria para cada situação.
Se não fosse provável que essa patologia se viesse a revelar, o evento
deverá ser totalmente responsabilizado; se existe dúvida, estes são
problemas muito complexos e devem ser discutidos caso a caso (não se
pode estabelecer regra geral).
74
✓ Racionalismo: a revolução francesa trouxe a 1.ª grande revolução da psiquiatria. Pirel
libertou os asilados de um manicómio, e introduz os conceitos de “liberdade” e
“moral”. Começou nesta altura a introduzir-se o conceito de que não há crime quando
o sujeito estivesse sob uma força mental irresistível, sendo impossibilitado de fazer
uma escolha.
75
➔ Lei da obrigatoriedade do exame médico-legal: ideia de hospital de alienados,
tratamentos
➔ DL 39/688 (1954): surge pela 1.ª vez o conceito de perigosidade; referida como
“tendência para a perpetração de actos de violência”.
DL 326/86: exige que uma perícia seja solicitada às delegações da área do tribunal, que
a distribuirá pelos diversos serviços, aos quais cabe a realização de vários exames. O professor
entende que esta lei ainda está em relação à urgência das perícias. São prioritárias as perícias
que envolvem cidadãos internados em cumprimento de medidas de segurança ou outras
medidas privativas da liberdade.
✓ Pedido ao INML
o Realização da perícia ou no instituto ou
o Distribuição pelas instituições psiquiátricas (excepcional)
Por exemplo, um dos critérios de distribuição é a proximidade da localização: todos os
psiquiatras podem ser chamados a fazer pericias ainda que não tenham competência.
O art. 159.º/7 do CPP estabelece quem pode requerer a perícia psiquiátrica – representante
legal do arguido/cônjuge (na falta deles, ascendentes, descendentes, etc.)
76
o O perito declara o sujeito inimputável → o juiz fica de “mãos atadas” para dizer o
contrário (“ditadura pericial”)
o Quando há divergência, o juiz deve fundamentá-la, podendo ser pedida uma nova
perícia
o Muitas vezes o perito tem grande dificuldade em se decidir por uma das hipóteses de
conclusão
o De qualquer forma, em última instância, não é o perito a declarar a
inimputabilidade/imputabilidade do sujeito, dado que este é um conceito jurídico → o
perito apenas deve apontar os dados médico-psiquiátricos para o juiz decidir.
Em relação à perigosidade:
Não é um diagnóstico nem tão pouco representa um prognóstico, tratando-se de uma previsão
que exige a consideração da pluralidade das diferentes causas criminogénicas:
✓ Patológicas
✓ Psicológicas
✓ Sociológicas
✓ Indícios médico-psicológicos
✓ Indícios legais (antecedentes judiciários)
✓ Indícios sociais (factores do meio)
Está previsto no art. 91.º do CP → quando é de esperar que venha a cometer outros crimes
Compete ao tribunal extrair uma conclusão sobre a perigosidade com base na:
✓ Anomalia mental
✓ Personalidade do agente
Não é o médico a avaliar
✓ Crime cometido
✓ Meio circundante
Tipos de exames:
Temos exames psiquiátricos nos vários âmbitos do Direito: penal, civil e trabalho
principalmente. O trabalho pericial deverá ser solicitado pelo juiz em situações que escapam
ao seu entendimento técnico-jurídico.
77
✓ Art. 144.º: vítima de uma agressão com consequências psíquicas (agravação da
moldura)
✓ Art. 165.º: abuso sexual de menor incapaz
O exame psiquiátrico forense distingue-se do exame clínico. Apesar de a entrevista não ser
muito diferente, o objectivo é completamente distinto – a avaliação clínico-psiquiátrica visa o
estabelecimento de um diagnóstico psiquiátrico, a criação de um plano terapêutico e o
prognóstico do doente. Tem três fases:
✓ Triagem
✓ Fase intermédia Principal objectivo: elaborar plano tratamento (base social)
✓ Plano terapêutico
Já no exame forense, o motivo tem de ser determinado pelo tribunal, a base social
desaparece. É menos abrangente e termina com um relatório, um parecer.
Já as conclusões têm de esclarecer o tribunal sobre as questões que colocou. Seria muito
extenso se contivesse todas as informações que o perito deve recolher. Deve ser
pormenorizado, mas não extenso.
No caso das perícias, o segredo médico não se aplica – os dados relevantes para o caso/crime
devem ser admitidas. A pessoa deve é ser informada que aquelas informações não são
confidenciais.
A perícia sobre a imputabilidade é a clássica no direito penal. “Imputar” significa atribuir culpa
a alguém. A anomalia psíquica é um conceito misto – psicológico e normativo; mas há outros
sistemas que funcionam de forma diferente.
A imputabilidade mantém pelo menos duas funções psíquicas intactas: juízo de realidade e
volição; inteligência e vontade. O médico tem de responder a este conceito jurídico → noção
exclusivamente jurídico; a medicina apenas oferece à justiça os meios que facilitem a decisão
do juiz.
78
A perícia não devia ser só feita na audiência de julgamento – devia ser logo na fase de
inquérito.
o N.º1: inimputabilidade
o N.º2: imputabilidade diminuída → ainda não se aplicou em Portugal
o N.º3: incapacidade para ser influenciado pelas penas → assenta aos anti-sociais e
psicopatas.
Art. 91.º CP: o n.º2 impõe uma duração mínima de internamento de 3 anos, o que não faz
sentido.
Art. 509.º CPP: é possível pedir a realização de uma segunda perícia, até porque há casos de
erros ou incongruência.
Art. 131.º CPP: capacidade para testemunhar. Há casos em que pessoas não podem prestar
declarações, por questões médicas.
Art. 104.º CP: imputáveis com anomalia psíquica. É possível declarar uma pessoa imputável,
mas ser portador de anomalia psíquica. Nesses casos, pode ser internado em vez de ir para a
prisão, se tal for perigoso para ele.
✓ Pressuposto biológico: anomalia psíquica, designação ampla que engloba toda a gama
de patologia psiquiátrica, desde que produza o efeito psicológico referido.
✓ Pressuposto psicológico ou normativo: incapacidade do agente para avaliar a ilicitude
do facto de se determinar de acordo com ela. Reporta-se apenas ao acto.
Notas: não é por o perito encontrar uma patologia (esquizofrenia) que se atribui a
inimputabilidade → não depende directamente do diagnóstico do distúrbio, mas sim da análise
cuidadosa do caso. Reporta-se à acção.
Lei da Droga (1993): determina que, logo no interrogatório, se se aperceber que alguém é
toxicodependente, pode ser submetido a uma avaliação para determinar o seu estado de
toxicodependência.
É preciso saber…
✓ Pressupostos médico-legais
✓ Conceito de psiquiatria forense
✓ Imputabilidade
✓ Lei da droga
✓ Mecânica de distribuição das perícias e como são feitas
o Tem de se pedir à Delegação, não ao médico Região Centro e Ilhas vão para
Coimbra.
79
Em direito civil, o que estão em causa são as capacidades civis do indivíduo – terá a pessoa
capacidade para dispor dos seus bens e da sua própria pessoa ?
A incapacidade pode ser declarada em menores, surtindo os seus efeitos logo na data em que
atinja a maioridade (casos de deficiência grave).
Dois conceitos:
✓ Habitualidade
✓ Actualidade
Inabilitação, art. 152.º: tem pressupostos semelhantes, cabendo aqui os casos menos graves.
São casos mais raros – ex: alcoolismo crónico (pelo art. 20.º/2 CP pode ser declarado
inimputável, tem de se demonstrar no caso um não controlo do juízo e de vontade).
Artigos CPC:
✓ No caso de atraso mental, que normalmente vem do período pré-natal, a data é a data
de nascimento
✓ Já nos casos dos doentes, determinar uma data é muito difícil.
✓ Se a anomalia psíquica provier, por exemplo, de um acidente, é fácil.
80
Capacidade de testar: a questão aqui é a de saber se estava capaz no momento da feitura do
testamento. Mesmo que haja um registo do hospital, pode não conter toda a informação
relevante → é muito difícil de averiguar. Para além do caso da incapacidade acidental, são
incapazes de testar os menores não emancipados e os interditos por anomalia psíquica (art.
2189.º CC).
Evento traumático:
✓ Stress pós-traumático
✓ Traumatismo craniano: pode levar a lesões neurológicas ou neuropsiquiátricas
(epilepsia) ou a lesões a nível psicológico.
Nexo de causalidade: na classificação americana, que nós não usamos, tem de ser o médico a
provar o nexo de causalidade, sendo que um dos critérios é a existência de uma experiência
pós-traumática. Entre nós, é a vítima que tem de demonstrar o nexo de causalidade. Esta
prova só o médico pode colocar em causa, fazendo-o com base em princípios técnicos.
✓ Transversais
o Anomalia psíquica posterior
o Interacção/inabilitação
✓ Retrospectivas
o Imputabilidade no momento da prática do facto
o Capacidade de testar
✓ Prospectivas
o Perigosidade
o Processo gracioso de liberdade condicional
Quando alguém está a ser avaliado para ver se tem uma anomalia psíquica, em virtude de um
acidente, implica determinar uma indemnização em dinheiro → leva a muitas simulações.
81
✓ Transtorno factício: motivação inconsciente + produção de sintomas consciente
✓ Simulação: motivação consciente + produção de sintomas consciente.
Stress pós-traumático: é uma das possíveis patologias decorrentes de um trauma. Pode ter
uma duração curta ou longa. 3 tipos de sintomas.
Tabela de direito do trabalho – avaliamos de 1-95%, sendo difícil para o perito usar esta escala
de valorização.
Agressores sexuais: classes sociais mais baixas → mas também pode ser uma perspectiva
errónea, na medida em que as classes mais altas tem outros meios para silenciar as situações.
Com grande preponderância a agressão ocorre em locais conhecidos da vítima.
Factores de risco:
Características
individuais
82
➔ Características submissas, de vulnerabilidade (pessoas portadoras de deficiência
mental, por exemplo) da vítima.
➔ Características dos agressores – sobretudo para as crianças, são “sedutores natos”
➔ Contexto familiar
➔ Contexto sócio-cultural
Artigo 171.º (crime de abuso sexual de crianças): aqui não há muito menos casos de
penetração, são mais carícias, manipulação genital dos órgãos sexuais, etc. → todos estes
devem ser “actos sexuais de relevo” para efeitos do artigo.
Artigo 172.º: abuso sexual de menores dependentes; artigo 173: actos sexuais com
adolescentes.
Fases da violência: quanto mais a situação de abuso se prolonga no tempo, mais lentas estas
fases se processam, demorando mais tempo até à revelação.
Urgência médico-legal:
83
Colheita de Descrição de
vestígios lesões
Perícias médico-legais urgentes (art. 13.º L45/04)
✓ Entrevista
✓ Exame clínico (Colaboração de outro médico ou profissional de enfermagem)
✓ Recolha e preservação de vestígios
✓ Exames complementares
Pode ser:
✓ A pedido da vítima
✓ Requisição da polícia
✓ Requisição judicial
Exame de vestuário:
Estado actual:
✓ Queixas
✓ Exame objectivo
o Estado geral
o Lesões e/ou sequelas relacionáveis com o evento
o Lesões e/ou sequelas sem relação com o evento
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Lesões e/ou sequelas relacionáveis com o evento:
O exame pericial médico-legal tem como finalidade recolher todos os elementos relativos à
alegada agressão sexual e proceder à sua interpretação pericial, funcionando como
coadjuvante na investigação criminal.
Exame sexual:
Tem consequências:
o Cognitivas
o Afectivas
o Comportamentos
o Psiquiátricos
85
o Cabeça pesada e musculatura do pescoço pouco desenvolvida
o Base craniana mais lisa → o cérebro desliza mais
o Encéfalo mais líquido
Atenção: o facto de não se encontrarem sinais de violência não invalida a possibilidade de esta
se ter verificado → muitas vezes não resultam vestígios/estes desaparecem rapidamente.
86
ESQUEMAS
1) AUTÓPSIA MÉDICO-LEGAL
MÉDICO-LEGAL ANÁTOMO-CLÍNICAS
✓ No INML (delegações e gabinetes); ✓ Nos serviços de anatomia patológica
dos hospitais
✓ Obrigatória em morte violenta/causa ✓ Na sequência do seu estudo clínico
ignorada
✓ Dispensa pelo MP, salvo nos casos de ✓ Necessária autorização da família
acidente trabalho/viação
✓ Brevidade após certeza de morte
✓ DL 11/98
Sempre que haja interesse clínico e médico-legal em simultâneo, deve prevalecer este último
→ realiza-se autópsia médico-legal.
87
✓ Interpretação e correlação dos factos ✓ Estudo da causa, natureza e
que envolveram a morte desenvolvimento da doença
✓ Identificação do cadáver ✓ Avaliação da eficácia de tratamento
✓ Colheita/preservação de evidências ✓ Controlo de qualidade dos cuidados
médicos
✓ Informação à família, sociedade e
médicos
✓ Educação e formação médicas
6 W’s:
✓ Who
✓ When
✓ Where
✓ Why
✓ How
✓ What
1. Exame do local
2. Exame da documentação
3. Exame do vestuário
4. Exame externo do cadáver
5. Exame interno do cadáver
6. Exames complementares
As autópsias médico-legais são realizadas por um médico perito coadjuvado por um auxiliar,
salvo se houver suspeitas de crime doloso, em que são executados por dois médicos.
Técnica de autópsia
88
5. Exame do hábito interno:
a. Abertura 3 cavidades
b. Abertura do pescoço e ráquis (coluna) e/ou membros → apenas quando há
suspeita de lesão nestas áreas
c. Dissecação dos órgãos
d. Dissecação dos órgãos (sempre depois do exame)
Exames complementares: exames que se podem pedir para complementar dados directos,
objectivos e macroscópicos recolhidos na autópsia.
✓ De anatomia patológica
São os mais pedidos
✓ Químico-toxicológicos
✓ Bioquímicos
✓ Microbiológicos
✓ De genética e biologia forenses
✓ Radiológicos
✓ Antropologia/odontologia forenses
✓ Amostra estável que não requer nenhum tipo de conservação → unhas, pêlos, cabelos
✓ Amostra estável em determinado tipo de conservação → sangue com NaCE para
dosear álcool
✓ Amostra instável que requer a sua colheita o mais rapidamente possível → sangue
para análise microbiológica.
Análises:
✓ Anatomia patológica:
89
o Escolher fragmentos de zona problema rodeado de zona normal
o Recortar fragmentos de modo a incluir aquilo que se procura
o Com cortes limpos
o Pouco espessos
o Introduzir rapidamente em formol a 10%
✓ Químico-toxicológicos:
o Suspeita de morte por intoxicação.
o Exclusão de morte por intoxicação
o Análise de rotina (morte súbita, morte violenta)
✓ Bioquímicas
o Suspeita de morte súbita de causa desconhecida
o Datação de lesões
✓ Microbiológicas
o Suspeita de morte de etiologia infecciosa
✓ Genética e biologia forense
o Identificação do cadáver
o Identificação do presumível agressor (cabelo, sangue, saliva, esperma)
o Identificação do instrumento/objecto utilizado na agressão
✓ Radiológicos
o Identificação do cadáver (idade, factores individualizantes)
o Visualização de corpos estranhos (projécteis, fragmentos mecânicos)
o Suspeita de maus tratos (calos ósseos, deformações)
O relatório pericial: Deve ser claro, conciso, sintético e com linguagem simples
1. Informação:
a. Autoridade que pede a autópsia
b. Nome das pessoas que assistem à autópsia
c. Dados circunstanciais sobre o caso
d. Origem de informação
e. Data e hora de morte/aparecimento do cadáver
f. Assistência médica
2. Identificação:
a. Confirmação dos elementos identificantes
3. Hábito externo:
a. Descrição sistematizada das lesões
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4. Hábito interno:
a. Descrição sistematizada das lesões (por regiões)
b. Resumo das lesões mais relevantes
5. Exames complementares:
a. Tipos de exames pedidos
b. Descrição das amostras
c. Resultados das análises
6. Discussão:
a. É a parte mais importante
b. Relação entre as lesões e causa (nexo de causalidade)
7. Conclusão:
a. Causa de morte
b. Mecanismo de morte
c. Resultados mais relevantes dos exames complementares
d. Outros achados necrépsicos
8. Observações
a. Condições para execução de autópsia
b. Dificuldades ou impedimentos para o desenvolvimento da investigação forense
2) FENÓMENOS CADAVÉRICOS
✓ Arrefecimento
✓ Desidratação
Imediatos ✓ Rigidez
✓ Livores
Fenómenos
Cadavéricos ✓ Autólise
Destrutivos
✓ Putrefacção
Tardios
✓ Mumificação
Conservadores
✓ Saponificação
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1. Imediatos:
1.1. Arrefecimento:
▪ Fenómeno mais útil para determinar o intervalo post-mortem nas primeiras 24h após a
morte, resultando da cessação da produção de calor. Inicia-se pela cara, mãos e pés,
depois alastra para as extremidades, tórax e dorso; finalmente, abdómen, axilas e
pescoço.
▪ Há casos excepcionais de hipertermia post-mortem (o corpo aquece em vez de
arrefecer)
▪ Evolução
Temp. desce o Planalto inicial (mantém a temperatura da morte) → 30min-1h
até = temp. o 1.º período → 0,5ºC/h → 3h-4h
ambiente; lei o 2.º período → 1ºC/h → 6h-10h
de Newton o 3.º período → 3-4ºC/h → até igualar temperatura ambiente
não se aplica
▪ Tacto (detecção de arrefecimento pelo tacto):
o Regiões descobertas estão frias após 2h
o Regiões cobertas, 4-5h
o Arrefecimento completo, 8-17h (10-12h + frequentes)
Nota: início precoce –> intensidade e duração baixas (crianças e velhos); início tardio -->
intensidade e duração elevadas (adultos)
▪ Inicia-se na musculatura lisa (aparece 1.º nos pequenos músculos da face), mais tardia
nos músculos esqueléticos (6-8h depois da morte) → lei de Nysten: a rigidez começa
na cara e depois espalha-se em direcção às mãos e aos pés.
▪ Factores que influenciam → depende do grau de desenvolvimento muscular
o Calor ou frio acentuadas produzem rigidez rapidamente, embora no calor
passe rapidamente, por acção da putrefacção
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o Nas crianças e velhos é precoce, pouco acentuada e de curta duração; nos
adultos é tardia, intensa e prolongada; em caso de hemorragias crónicas ou
atrofias musculares é tardia, pouco acentuada e de curta duração.
▪ Espasmo cadavérico: contracção muscular sem que tenha havido flacidez primária.
Pode ser generalizado (raro) ou localizado; ocorre habitualmente em morte violenta
(ex: feridas por armas de fogo; asfixias mecânicas)
1.4. Livores
▪ Manchas de coloração vermelho-arroxeado nas zonas de declive não sujeitas a
pressão, resultantes da acumulação do sangue não circulante → fenómeno puramente
mecânico.
▪ Nem sempre são fáceis de ver –> ex: hemorragia interna ou externa (sangue não está
nos vasos); indivíduo de cor; queimaduras
▪ Cor: geralmente roxo-avermelhada ou vermelho-arroxeada; pode variar em função da
causa da morte (carminam se por intoxicação por CO; esverdeados se por ácido
cianídrico)
▪ Intensidade: depende da fluidez do sangue e causa de morte
▪ Localização: depende da posição do cadáver → formam-se nas zonas de declive (não
se formam nas zonas cutâneas sujeitas a compressão)
▪ Evolução
o Livores móveis → até 6h (surgem 1.º no lóbulo da orelha)
o Livores semi-móveis → entre as 6 e as 12h
o Livores fixos → após 12h
93
▪ Química do humor vítreo
▪ Alterações noutros fluídos
o Em cadáveres antigos
▪ Métodos químicos
▪ entomologia cadavérica
o Métodos
▪ Nomograma de Henssege (temperatura rectal, temperatura ambiente
e peso) – não permite determinar hora exacta. Não usar se corpo
sujeito a forte radiação; grandes alterações de temperatura ou clima;
suspeita de febre elevada ou hipotermia; local de levantamento
diferente do local da morte;
▪ Esquema de Knight: em condições ideais..
• Corpo quente e flácido: morte há menos de 3h
• Corpo quente e rígido: morte entre 3 e 8h
• Corpo frio e rígido: morte entre 8 e 36h
• Corpo frio e flácido: morte há mais de 36h
2. Tardios
2.1. Destrutivos:
2.1.1. Autólise: conjunto de fenómenos fermentativos que têm lugar no interior da
célula por acção das próprias enzimas; ao fim de algum tempo as enzimas
destroem-se a si próprias e este fenómeno é substituído pela putrefacção.
Verifica-se em todas as células do organismo; mas não evolui à mesma
velocidade em todas elas.
o Alterações nos fluídos (sangue e bílis)
o Alterações nos órgãos (mais resistentes → estômago e esófago; mais
sensíveis → cérebro e pâncreas)
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▪ A epiderme separa-se da derme; formam-se bolhas cutâneas de
dimensões variáveis com líquido escuro; soltam-se as unhas e
pêlos; gases escapam, diminuindo o volume do corpo.
o Período esquelético:
▪ Duração de 2 a 3 anos, até um máximo de 5 anos
▪ As partes moles do cadáver desaparecem progressivamente
através da liquidificação; o conjunto de órgãos e vísceras vai-se
destruindo progressivamente, mas com variações em função da
resistência da estrutura.
o Factores que influenciam (quanto mais precoce, mais intenso)
▪ Individuais
• Constituição física (mais rápida nos obesos)
• Idade (mais rápida na criança e mais tardia nos idosos)
• Influências patológicas (causa de morte; processos
patológicos prévios à morte)
▪ Ambientais:
• Humidade, frio, calor, arejamento e fauna
• Secura → mumificação; arejamento → mumificação;
humidade → saponificação.
▪ Dificuldades das autópsias em caso de putrefacção:
• Dificulta identificação
• Pode mascarar ferimentos e lesões
• Simula equimoses
• Produz alcalóides cadavéricos → impossibilidade de
determinar taxa de alcoolemia.
• Hemorragia nasal, comida nas vias respiratórias, pode
produzir falso sulco (asfixia)
3) TIPOS DE FERIMENTOS
Ferimentos provocados por agentes mecânicos → estes nem sempre provocam dano, apenas
quando a intensidade da força aplicada ultrapassa capacidade de resistência do tecido.
95
Necessário fazer diagnóstico diferencial, por exemplo com equimoses
resultantes de procedimento patológico e livores.
1. Equimose: rotura de vasos com extravasamento de sangue,
que infiltra os tecidos
2. Hematoma: colecção de sangue em cavidade neoformada
3. A coloração vai variando: não é possível datar pela cor, mas
equimoses de cor diferente significa que ocorreram em dias
diferentes (maus tratos)
ii. Abrasão: mais frequentes em áreas descobertas e acessíveis. A acção
exercida de forma oblíqua; já há solução de continuidade. A acção
tangencial faz com que fiquem pontos levantadas na parte terminal, o
que permite determinar direcção do movimento.
1. Esfoliação: atinge só a epiderme
2. Escoriação: atinge também a derme
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c. Feridas corto-perfurantes: componente na pele de ferida incisa, e
componente perfurante, de bordos rectos e nítidas. Profundidade maior que
comprimento e largura. Orifício de entrada limpo, linear e fusiforme; orifício
de saída raro.
d. Feridas corto-contundente: componente na pele de ferida incisa; e
componente contundente:
i. feridas cortantes: bordos mais irregulares, com orla de contusão,
atingem planos mais profundas e não tem cauda de rato
ii. feridas contusas: não tem ponto tecidulares a unir os bordos e
atingem estruturas mais profundas.
✓ Origem vital:
o Infiltração sanguínea dos tecidos ➔ Caso permitam dúvidas:
o Refracção dos tecidos métodos histológicos e/ou
o Formação de crosta
bioquímicos
o Supuração
✓ Suicídio
o Atingem zonas de importância vital
o Compatíveis com gestos da vítima
o Feridas de ensaio → características de suicídio por arma branca.
o Vestuário poupado
✓ Homicídio:
o Múltiplos e graves ferimentos, em locais diversos onde a vítima não poderia
facilmente chegar e pouco compatíveis com gesto.
o Lesões de defesa
o Vestuário danificado
o Ex: feridas muito extensas e profundas no pescoço, contusões à volta da boca,
nariz e pescoço; estigmas ungueais.
Identificação da arma:
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✓ A ausência de sinais vitais numa ferida indica que foi produzida após outras feridas
com características vitais
✓ Quando todas as feridas forem produzidas pela mesma arma e estas sofrer mossas,
feridas ficarão mais irregulares.
✓ Cortes superficiais
✓ Em áreas não sensíveis
✓ Incisões regulares, com igual profundidade
✓ Cortes múltiplos e paralelo
4) ASFIXIAS:
Classificação:
Suspensão completa (corpo totalmente suspenso no ar) – lesões observadas são mais intensas;
ou incompleta (mais frequente) do corpo a partir de um ponto fixo, por meio de laço que
constringe o pescoço. Pode ser típico (nó do enforcado) ou atípico (nó à frente ou de lado).
✓ Mecanismos de morte
o Anoxia anoxia
o Anoxia encefálica
o Inibição reflexa
o Lesão medular
Notas: cabeça fica pendente para lado contrário do nó; quando se retira o cadáver, deve
manter-se o nó à volta do pescoço.
✓ Sinais externos:
o Sulco à volta do pescoço (único, apergaminhado, incompleto, altamente
situado, profundo e ascendente) → de características do sulco por si só não
chegam para fazer diagnóstico
o máscara equimótica (cara arroxeada)
o Livores “em luvas” e “meias” (membros superiores e inferiores)
o sutusão sanguíneas nas conjuntivas
o Profusão da língua entre as arcadas dentárias
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o Escoriações no dorso das mãos ou membros inferiores (causadas por
contracções musculares)
o Esperma no meato urinário
✓ Sinais internos:
o Linha argêntea (parte de dentro do sulco)
o Hemorragias (infiltração sanguínea das partes moles)
o Equimose netrofaríngea
o Fracturas do aparelho laríngeo
o Espuma na laringe e traqueia
o Raramente, fracturas e rupturas e ligamentos (maior violência)
1.3) Esganadura
✓ Constrição do pescoço por uma das mãos (só pode ser homicídio)
✓ Sinais externos
o Ausência de sulco
o Estigmas ungueais no pescoço
o Equimoses e escoriações
o Máscara equimótica, congestão crânio facial ou palidez, sutusões nas
conjuntivas
o Exoftalmia (globo ocular para fora)
✓ Sinais internos
o Hemorragias das partes moles
o Equimose retrofaríngea
o Fracturas do aparelho laríngeo
o Sinais asfíxicos gerais
o Sutusões hemorrágicos plurais e xxx
2) Sufocação:
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Nota: problemas médico-legais quando: não há vestígio de lesões perinasais ou peribucais; não
foi efectuado o exame do local antes de mobilizar cadáver; foi retirado o objecto que ocluía as
vias respiratórias.
2.2) Obstrução das vias aéreas com corpos estranhos (mais frequentemente acidente)
✓ Sinais externos:
o Podem apresentar petéquias
o Quadro mais exuberante no caso de compressão
o Lesões traumáticas diversas
✓ Sinais internos:
o Sinais gerais asfíxicos
o Presença de alimentos ou outros corpos estranhos nas vias aéreas
(oclusão intrínseca) ou sinais de soterramento
Intromissão de meio líquido, normalmente água (asfixia atípica), no interior das vias aéreas
(acidente).
✓ Sinais externos:
o Livores claros e sem localização definida
o Cogumelo de espuma → não é sinónimo de afogamento
o Pele de galinha e maceração da pele
✓ Sinais internos:
o Presença de corpos estranhos nas vias aéreas e digestivas
o Congestão generalizada dos órgãos
o Sangue fluido e escuro
o Pulmões insuflados
o Sutusões hemorrágicas plurais e epicordicos
o Água no estômago e duodeno → fenómeno vital
Notas importantes:
100
✓ Esganadura deixa marcas dispersas, que podem confundir o técnico pois podemos ter
enforcamento por laço complexo.
b. Trajecto (→ à medida que vai entrando, a bala produz lesões cada vez mais
graves)
i. Único ou múltiplo (bala fragmenta-se)
ii. Rectilíneo (segue a direcção do disparo) ou com desvios (por colisão
com os ossos)
c. Orifício de saída
i. Nem sempre existe e tem forma e tamanho muito variáveis, podendo
até ser múltiplo se a bala se fragmentar ou houver colisão com osso;
pode até ser maior que o de entrada
ii. Geralmente não tem orla de contusão (apenas terá se a bala bater em
qualquer coisa dura à saída)
iii. Bordos revertidos com exteriorização de tecido adiposo
101
2. Feridas por armas de cano longo (caçadeira)
a. Orifício de entrada:
i. Se o tiro for dado a curta distância (<1m), os chumbos não dispersam e
actuam como projéctil único → orla de entrada de grandes dimensões
irregular, com destruição acentuada dos tecidos subjacentes
ii. Geralmente múltiplo (>1m)
3. Discussão da distância do disparo (nota: estas distinções são teóricas, podem variar)
a. Feridas de bala:
i. Contacto: os gases entram na pele e provocam o seu rebentamento
(forma estrelada). Tudo o que sai da arma vai para dentro do corpo,
logo não há tatuagem. Pode deixar marca da arma.
ii. Curta distância (=disparo do alcance dos elementos da tatuagem)
1. Disparo à queima-roupa: o corpo está ao alcance da chama
(5cm), há queimadura da pele.
2. Disparo a curta distância próxima: orifício arredondado ou
ovalar, com bordos invertidos; com negro de fumo.
3. Disparo a curta distância remota; presença de grãos de
pólvora (tatuagem verdadeira)
iii. Longa distância: só tem orla de contusão; não há tatuagens. Um tiro a
média distância pode aparentar a média, o negro de fumo pode ficar
no vestuário → importante analisar sempre a roupa.
Em suma:
✓ Natureza da arma
✓ Ângulo de incidência do disparo
✓ Distância do disparo
✓ Superfície vulturante do projéctil
✓ Partículas pólvora
Disparo a curta distância igual ao alcance dos elementos
✓ Depósito de fumo
de tatuagem
✓ Zona de queimadura
102
6) QUEIMADURAS
103
▪ Não são habitualmente visíveis no cadáver; muito dolorosas
o 2.º grau:
▪ Destruição da epiderme e parte da derme
▪ Formação de flictenas (rompem frequentemente antes da morte → pele
apergaminhada de coloração amarela e negra onde é visível a rede
vascular)
▪ Tendem a respeitar os anexos cutâneos
o 3.º grau:
▪ Destruição total (necrose) da pele com formação de escara (aspecto
branco acizentado e apergaminhado no cadáver)
▪ Ausência de flictenas
▪ No vivo não cicatriza por si pois todas as estruturas térmicas foram
afectadas (é necessário enxerto de pele)
▪ Ao contrário do que sucede no 2.º grau, o vivo não sente dor pela
afectação das terminações nervosas
o 4.º grau:
▪ Destruição dos sentidos profundos, incluindo gordura, músculo e osso.
▪ Só no cadáver
1.º grau
3.º grau
104
o Diagnóstico do cadáver vital da queimadura (ocorrem antes ou depois da
morte)
o Etiologia (suicídio, homicídio ou acidente)
o Extensão da superfície queimada, grau/profundidade, agente etiológico
o Determinação da causa da morte
5. Diagnóstico deferencial
✓ Afirmação de que a pessoa estava viva antes da queimadura:
o Presença de produtos de combustão (negro de fumo ou cinzas) nas vias
respiratórias profundas e digestivas
o Queimaduras na base da língua, epiglote, faringe e brônquios
o Teor de carboxihemoglobina superior a 10% em sangue cardíaco e femoral
o Carbonização vascular a nível das escaras (sangue coagulado)
A causa de morte pode não ser a queimadura, mas sim uma intoxicação por
CO (também acção da temperatura, lesões traumáticas concomitantes)
105