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Conceitos gerais
Sumário
1. TRAUMATOLOGIA DA BACIA DO ADULTO
1.1. Fraturas e luxações do anel pélvico
1.2. Fraturas do acetábulo
1.3. Fraturas da coluna sacrococcígea
2. TRAUMATOLOGIA DA ANCA DO ADULTO
2.1. Luxações da anca
2.2. Fraturas do fémur proximal
Fraturas da cabeça femoral
Fraturas do colo femoral
Fraturas da região trocanteriana
3. TRAUMATOLOGIA DA COXA
Fraturas da diáfise femoral
4. ANCA NÃO TRAUMÁTICA
4.1. Displasia de desenvolvimento da anca
4.2. Doença de Legg-Calvé-Perthes
4.3. Sinovite transitória da anca
4.4. Epifisiólise femoral superior
4.5. Necrose assética da cabeça do fémur
4.6. Coxartrose
4.7. Conflito femoroacetabular
Anatomia
- A bacia óssea/pelve ou anel pélvico é constituída pela coluna
sacrococcígea e dois ossos ilíacos (coxais) e pelas articulações e
ligamentos que unem estes ossos entre si (articulações sacroilíacas,
sínfise púbica, ligamentos sacro-tuberositários e sacro-espinhosos
sendo o buraco obturado coberto pela membrana obturadora). Os
ligamentos sacro-tuberositários e sacro-espinhosos são fundamentais
na integridade do pavimento pélvico.
- A estabilidade do anel pélvico é assegurada pelos complexos
ligamentares sacroilíacos (complexo ligamentar posterior++,
complexo ligamentar anterior+), ligamentos sacro-tuberositários,
ligamentos sacro-espinhosos, ligamentos iliolombares e pela sínfise
púbica. Estas estruturas são cruciais para a integridade ou para a
perda da estabilidade do anel pélvico.
Mecanismo da lesão
- A maioria das fraturas do anel pélvico resultam de traumatismos de
baixa energia, são fraturas não complicadas.
- Traumatismos de alta energia (frequentes nos politraumatizados).
- Quedas de elevada altura, atropelamento na via pública, acidentes
na prática de ski, acidentes de viação.
- O tipo de lesão do anel pélvico depende da energia e direção das
forças traumáticas: os choques laterais provocam um
afundamento/esmagamento, os choques anteroposteriores e as
forças de cinzelamento causam deslocações ou aberturas do quadro
pélvico, muito instáveis.
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- Distinguem-se: as fraturas do anel pélvico sem envolvimento da
articulação da anca e as fraturas do acetábulo (envolvimento da
congruência da anca).
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rotacional/horizontal de um ou dos dois ossos
ilíacos. A estabilidade vertical está conservada.
Ex: lesões em livro aberto (disjunção da sínfise
púbica), lesões por compressão lateral e por
compressão ântero-posterior. Lesão dos
ligamentos do pavimento pélvico.
Tipo C - Lesões instáveis no sentido vertical e rotacional. Rotura
total do arco pélvico posterior e do pavimento pélvico. Instabilidade
pélvica total.
- Perda da estabilidade do arco posterior do anel
(lesão do complexo ligamentar posterior e
anterior e dos ligamentos do pavimento pélvico):
instabilidade rotacional/horizontal e vertical.
Lesões potencialmente mortais. Ex: fratura de
Malgaigne, fratura em asa de cesto, disjunções
sacroilíacas.
Complicações
- Mortalidade elevada no jovem (10% a 20%), devido às
hemorragias.
- Lesões orgânicas internas associadas, nos dois últimos tipos
(lacerações dos troncos venosos e arteriais, roturas da bexiga e da
uretra, lesões do plexo lombo-sagrado, lesões viscerais e do envelope
cutâneo).
- Infeção secundária.
Clínica
- A estabilidade do anel pélvico é avaliada pela palpação/mobilização
das cristas ilíacas, sínfise púbica e sacroilíacas.
- Hematoma do escroto ou dos grandes lábios, um afastamento dos
dois ossos ilíacos é sinal clínico de hemorragia intrapélvica. Disjunção
da sínfise púbica.
- Sangue vivo no meato urinário ou ascensão da próstata ao toque
rectal, indicam lesão uretral.
- Exame neurológico
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- Lesão vascular sobretudo venosa dos plexos pré-sagrados ou pré-
vesicais, hemorragia de origem óssea, hematoma retroperitoneal,
síndrome hemorrágica maciça, choque hipovolémico,
Imagiologia
- Exame radiológico da bacia (frente, incidências oblíqua superior
(inlet) e oblíqua inferior (outlet). TAC reconstrução tridimensional.
- Rx do tórax, Rx da coluna cervical (perfil++): politraumatizado.
- Ecografia.
- Imagiologia urológica em caso de hematúria ou suspeita de lesão
urológica.
Atitude em urgência
- A urgência/emergência depende da instabilidade óssea do anel e
das suas complicações. Pode ser necessário uma reanimação urgente
– Controlo do Dano - Damage Control -, nos doentes instáveis e in
extremis, em hipovolémia, com acidose metabólica, coagulopatia e
hipotermia (tríade da morte)
- O aumento/expansão do hematoma pélvico/intraperitoneal
provoca, em regra, um efeito de autotamponamento, o qual contribui
para a redução/paragem da hemorragia. Isso não acontece numa
bacia com fraturas complexas, instável, em que o sangue passa para
o espaço retroperitoneal, que deixa de ser um espaço fechado,
comunicando com o espaço intraperitoneal e desta forma não existe o
efeito de autotamponamento e o paciente sangra, se nada se fizer,
até à morte (efeito de chaminé).
- O controlo da hemorragia requer uma estabilização imediata do
anel pélvico: no local do acidente, cinta circunferencial da bacia; em
ambiente hospitalar a osteotáxis anterior (fixadores externos) e o “C
Clamp”, permitem uma estabilização provisória eficaz do anel pélvico.
- O “C Clamp”, que pode ser aplicado com anestesia local, não
dificulta a realização de intervenções cirúrgicas urgentes/emergentes
a outros níveis (laparotomia, torácica, crânio-encefálica), no contexto
do Damage Control. Uma vez estabilizado o anel pélvico, nas 2
semanas seguintes procede-se ao tratamento definitivo das lesões.
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- Abordagem de um politraumatizado em Damage Control:
período agudo ou de reanimação (0-3 horas), estabilização das
funções vitais, descompressão das cavidades e cirurgia de
emergência para controlo das hemorragias torácicas, abdominais,
pélvicas ou externas;
período primário ou de estabilização (3-7 horas), estabilização
temporária ou definitiva (Early Total Care) das fraturas, estabilização
definitiva em doentes politraumatizados estáveis, estabilização
provisória (osteotáxis) no Damage Control;
período secundário ou de regeneração (3-8 dias) e período terciário
ou de reabilitação (a partir do 8º dia).
No caso do tratamento das lesões num contexto do Damage Control
a fixação definitiva das fraturas deve ser realizada depois da
estabilização psicológica e imunológica do politraumatizado, durante
o período secundário ou terciário, depois do quinto dia após o
trauma.
Tratamento
- Fraturas dos ramos isquiopúbicos e iliopúbicos, sem desvio: repouso
antiálgico durante algumas semanas.
- Fraturas-arrancamento nas zonas de inserção muscular: repouso
antiálgico durante algumas semanas. Fixação cirúrgica do fragmento
ósseo, excecional.
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uma taxa elevada de sequelas a longo termo, assim como a uma
mortalidade precoce considerável.
Anatomia
- Coluna anterior, coluna posterior.
- Rebordo/muro anterior, rebordo posterior, teto acetabular.
Mecanismo
- Lesões de alta energia cinética, jovens, politraumatizados.
- Depende da energia e da direção das forças transmitidas à bacia
através do fémur:
- Se o traumatismo for exercido sobre o grande trocânter,
fratura/fratura luxação central do acetábulo.
- Se o traumatismo for produzido no sentido do eixo do fémur,
a cabeça femoral luxa para trás, para cima ou para a frente,
segundo a posição da anca na altura do traumatismo.
- As fraturas do acetábulo associadas a luxação posterior da
anca são as lesões mais frequentes (choque do joelho contra o
tablier do carro, com a anca em flexão).
- Associação com fraturas/roturas do anel pélvico.
Classificação
Classificação segundo Judet et Letournel
- Fraturas de tipo simples (Fratura do rebordo posterior, fratura da
coluna posterior, fratura do rebordo anterior, fratura da coluna
anterior, fratura transversal).
- Fraturas de tipo complexas/ associadas (fraturas da coluna
posterior + rebordo posterior, fraturas transversa + rebordo
posterior, fratura em T envolvendo o buraco obturador; fraturas das
duas colunas)
Clínica e complicações
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- Dependem da energia do traumatismo. Dor na região da anca,
impotência funcional absoluta do membro inferior. Posição viciosa do
membro.
- Complicações articulares: perda da congruência articular, lesões da
cartilagem articular da cabeça femoral, com risco elevado de
coxartrose secundária. Se associada a luxação da anca, risco de
necrose assética da cabeça femoral.
- Complicações pélvicas causadas pelas lesões associadas do anel
pélvico.
- Lesões nervosas (ciático) e vasculares. Infeção, hemorragia,
trombo-embolia. Morte (politraumatismo, a fratura representa um
dos fatores).
Imagiologia
- Rx da bacia, incidência ântero-posterior (frente) + incidências
oblíquas da articulação coxofemoral (alar – desenha a asa ilíaca,
coluna posterior/rebordo anterior – e obturadora (desenha o
acetábulo – coluna anterior/rebordo posterior -).
- TAC com reconstrução tridimensional (avaliação da fratura em três
planos, presença de fragmentos osteocondrais intra-articulares
destacados/livres. RM para avaliar as lesões da cartilagem articular,
eventualmente.
- Os exames RX e a TAC são importantes para a planificação pré-
operatória.
Tratamento
- A congruência articular determina o tipo de abordagem terapêutica;
conservadora ou cirúrgica.
- Tratamento conservador/ortopédico
Indicações: fratura articulares sem desvio ou com desvio <2 mm,
fratura do rebordo posterior (< 20%), fratura de ambas as colunas
com uma congruência secundária, fraturas baixas da coluna anterior,
fraturas transversais baixas, contraindicação cirúrgica devido ao
estado geral do doente (raro), infeção local ou geral, osteoporose
extrema……..
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Repouso no leito, marcha com apoio externo durante 6-8 semanas.
Nos casos com instabilidade da anca é necessário, por vezes, uma
tração esquelética ao nível dos côndilos femorais.
- Tratamento cirúrgico: o mais frequente, o único com a capacidade
de restituir a congruência anatómica articular perdida: redução e
osteossíntese das fraturas com placa e parafusos. Em determinadas
situações pode estar indicada, desde logo, uma prótese total da anca
(doentes “seniores” com coxartrose prévia).
- A cirurgia deve ser realizada logo após a estabilização
hemodinâmica do traumatizado e uma vez realizado o estudo
imagiológico. Não é uma intervenção urgente (até às 48-72 horas).
- Ao contrário, a redução da luxação da anca é uma
urgência/emergência (risco de necrose), sob anestesia geral.
- São intervenções longas e complexas conduzindo a um resultado
conseguido, em 80% dos casos. Todavia o risco de evolução para
uma coxartrose precoce situa-se entre os 20% e 30%, a qual pode
requerer a implantação de uma prótese total da anca, num jovem
adulto, uma vez que, entre nós, a artrodese da anca é uma solução
pouco usada.
Complicações pós-tratamento
- necrose do acetábulo (pós-cirurgia, rara), ossificações/calcificações
peri-articulares, necrose assética da cabeça do fémur, artrose pós-
traumática, infeção, pseudartrose (muito rara), material de
osteossíntese intra-articular….
Notas importantes
- Uma fratura instável da bacia pode colocar em risco a vida do
doente pela grave hemorragia que provoca: é uma emergência, de
acordo com os critérios do Damage Control.
- Numa fratura do acetábulo deve-se procurar a perda da
congruência anatómica articular e, uma vez presente, restabelecê-la,
se tal for possível.
- A redução da luxação da anca é uma emergência, num qualquer
contexto traumático.
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1.3. Fraturas da coluna sacrococcígea
Anatomia
- O sacro é constituído por 5 vértebras sagradas, que estão soldadas
entre si.
- Buracos sagrados anteriores e posteriores.
- O cóccix é constituído por 4 ou 5 vértebras coccígeas, que estão
soldadas entre si.
Mecanismo
- As fraturas isoladas do sacro são raras (traumatismo direto).
Fraturas do idoso osteoporótico, fraturas de fadiga na criança.
- Ocorrem, frequentemente, em traumatismo de alta energia
associadas a outras roturas do anel pélvico.
-As fraturas do cóccix são raras, queda ou traumatismo direto.
Classificação
- Fraturas do sacro laterais ao buraco sagrado, fraturas através do
buraco sagrado (transforaminais), fraturas mediais ao buraco
sagrado. Longitudinais, transversais, em U.
- Traço das fraturas do cóccix: frequentemente transversal com um
maior ou menor desvio dos topos ósseos.
Clínica
- Fraturas do sacro
- Dor e equimose na região sagrada, dor ao toque rectal. Dor
exacerbada pela manobra de Valsava e pela posição de
sentado, que pode ser impossível.
- Exame neurológico cuidadoso.
- Considerar o quadro clínico de outras roturas do anel pélvico
associadas.
- Fraturas do cóccix
- Dor na região coccígea, dificuldade/impossibilidade em
sentar-se. O toque rectal desperta dor, pesquisa de mobilidade
entre os topos da fratura.
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Imagiologia
- Rx de frente e perfil, por vezes de difícil interpretação. A TAC é o
exame mais preciso para avaliar as fraturas do sacro.
Complicações
- Fraturas do sacro: alterações neurológicas, principalmente as
mediais e as transforaminais (ciatalgia, anestesia “em sela”,
síndrome da cauda equina por envolvimento do canal sagrado,
alterações esfincterianas, disfunção sexual). Dor crónica devido a
artrite da articulação sacroilíaca. Distocia na mulher, perfurações do
reto. Pseudartrose.
- Fraturas do cóccix: dores residuais persistentes (coccigodinia),
distocias raras.
Tratamento
- Fraturas do sacro
- Fraturas isoladas, sem desvio, sem roturas do anel pélvico:
repouso até desaparecimento/alívio da dor.
- Associadas a rotura do anel pélvico/desvio > 1cm: fixação
indireta/osteossíntese (barras sagradas trans-ilíacas, parafusos
percutâneos sacroilíacos, placas e parafusos, osteossíntese em
banda de tensão).
- Persistência do défice neurológico: descompressão
foraminal/laminectomia precoce. A descompressão tardia é
muitas vezes acompanhada por fibrose epidural e um
insuficiente resultado funcional.
- Fraturas do cóccix: repouso antiálgico, almofada adequada,
infiltrações anestésicas locais. A excisão da parte terminal do cóccix
para o tratamento da dor crónica persistente é uma intervenção
raramente usada. Avaliar cuidadosamente o perfil psicológico do
doente.
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2. TRAUMATOLOGIA DA ANCA DO ADULTO
Epidemiologia e mecanismo
- Jovens, traumatismo de alta energia. Excecionais nos doentes
osteoporóticos.
- A luxação posterior é a mais frequente (>85%). Choque axial sobre
o fémur com a anca fletida (tablier do automóvel).
- Luxação posterosuperior ou ilíaca- posição da banhista
envergonhada (extensão, adução, rotação interna).
Encurtamento do membro inferior.
- Luxação posteroinferior ou isquiática – posição em flexão,
adução, rotação interna.
- Luxação anterior, pouco frequente
- Luxação obturadora – flexão, abdução, rotação externa.
- Luxação púbica – extensão, abdução, rotação externa.
Clínica
- Dor intensa, impotência funcional, procura da posição antiálgica.
- Atitude viciosa (a luxação anterior apresenta-se com o membro
inferior em rotação externa; na posterior está em rotação interna).
- Lesões associadas: traumatismo do joelho, fratura do acetábulo.
Imagiologia
- Rx da bacia no plano frontal: medir os diâmetros das cabeças
femorais. Incidências oblíquas (alar e obturadora), eventualmente.
- TAC para avaliar fratura(s) associada(s) ou a presença de um
fragmento osteocondral intra-articular.
- RM para despiste de uma necrose assética da cabeça do fémur (até
aos 3 anos de evolução).
Complicações
- Luxação posterior associada a uma compressão do nervo ciático
(10%-20% dos casos).
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- Necrose assética da cabeça femoral: principalmente em casos de
redução tardia da luxação da anca. Coxartrose.
- Luxação obturadora ou central associada a lesões viscerais pélvicas.
- Luxação e fratura do acetábulo.
- Luxação e fratura parcelar da cabeça femoral (cerca de 20% dos
casos)
- Luxação e traumatismo craniano: risco de ossificação peri-articular.
Tratamento
- Redução fechada da anca sob anestesia geral, com relaxamento
muscular (existe uma intensa contratura muscular, não sendo
recomendado proceder à redução sem anestesia geral). Redução
aberta se irredutível (fragmento ósseo ou tecidos moles interpostos).
Um ponto crucial a reter: proceder à redução após o diagnóstico ser
confirmado e apoiado no exame radiológico.
Notas importantes:
- luxação traumática da anca: procurar uma lesão associada.
- redução emergente (<6 horas) sob anestesia geral.
- sequelas (lesões do ciático, necrose assética da cabeça do fémur).
Considerações anatómicas
- Ângulo cervicodiafisário compreendido entre 125º e 130º;
anteversão (angulação do colo femoral em relação ao plano frontal)
entre 10º e 20º. Estes ângulos devem ser restabelecidos na
osteossíntese das fraturas.
- Vascularização do maciço trocantérico: muito rica, com
anastomoses entre os sistemas circunflexo anterior e posterior.
- Vascularização da cabeça e do colo femoral: menos abundante e
sobretudo mais vulnerável, poucas anastomoses (circulação
vicariante) em caso de interrupção. Três sistemas. Pedículo póstero-
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superior (o principal, com origem na artéria circunflexa posterior),
pedículo inferior (média importância - circunflexa anterior) e pedículo
interno (artéria do ligamento redondo, ramo da artéria obturadora,
acessório, responsável por 10% da circulação da cabeça).
- Fraturas intracapsulares e o risco de necrose assética da cabeça
femoral.
Epidemiologia
- Representam as fraturas mais frequentes do membro inferior (cerca
de 20% dos pacientes internados num Serviço de Ortopedia Geral);
problema de Saúde Pública.
- Mais frequentes na mulher (2/1). Doentes idosos e/ou
osteoporóticos, traumatismo de baixa energia (queda no domicílio).
- A prevenção é dirigida à osteoporose, às quedas e ao
enquadramento psicosocial.
- Nos doentes jovens e ativos são pouco frequentes; o traumatismo
causal é violento, muitas vezes um politraumatismo (acidente viação,
desportivo, trabalho). Em caso de traumatismo de baixa energia
pesquisar a presença de uma fratura patológica (lesão quística,
tumores benignos ou malignos).
Mecanismo
- Indireto na maioria dos casos; direto sobretudo no jovem, num
contexto politraumático.
Classificação
O impacto sobre a anatomia vascular determina a fisiopatologia da
lesão traumática.
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fratura da cabeça associada a fratura do colo femoral
fratura da cabeça associada a fratura acetabular
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- Exemplos fraturas estáveis: cervicotrocanteriana (forma próxima
das fraturas basi-cervicais); per-trocanteriana de traço único,
simples. Instáveis: fraturas trocanterodiafisárias, subtrocanterianas,
per-trocanterianas pluri-fragmentárias.
Clínica
- Impotência funcional absoluta, dor inguinal, posição viciosa do
membro inferior. No caso de uma fratura do fémur proximal com
desvio existe uma tripla deformidade: encurtamento, adução,
rotação externa do membro inferior.
Ter em atenção que no caso de uma fratura encravada em valgo (ex:
fratura subcapital do colo femoral) ou no caso de uma fratura de
“stress”/fadiga o doente pode andar, mesmo sem auxílio de apoio
externo. Não existe deformidade, naturalmente.
- Procurar lesões ósseas e articulares associadas, hematomas,
equimoses. Politraumatizado.
- Proceder a exame geral, sobretudo em doentes com deficiente
estado geral e se houve perda de conhecimento. Exames
cardiovascular, pulmonar, neurológico.
Imagiologia
- O Rx da bacia (frente) e um perfil da anca (de difícil realização pela
dor) são suficientes, em princípio. Por vezes, Rx da bacia de frente
com o membro inferior em rotação interna para definir o traço da
fratura.
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atrofia das partes moles; evitar a necrose assética da cabeça
femoral e a coxartrose.
Por isso, quer no jovem quer no idoso, o tratamento é quasi
sempre cirúrgico, no serviço de urgência ou logo que seja possível:
osteossíntese da fratura (com parafusos, placas aparafusadas,
cravo de compressão-placa, parafuso de compressão dinâmica-
placa, cavilhas endomedulares aparafusadas e bloqueadas, cravos
elásticos, etc..) ou artroplastia da anca (próteses totais, parciais,
biarticuladas), de acordo com a “personalidade da fratura”, a idade
do paciente e o estado da articulação coxofemoral, ou seja,
presença ou ausência de coxartrose incapacitante.
O tratamento conservador (descarga com apoio externo no
caso das fraturas subcapitais encravadas em valgo e a tração
contínua no leito seguindo a técnica de Russel ou outras nas
fraturas trocanterianas, até à estabilização/consolidação das
fraturas), tem cada vez mais menos indicações. De forma
semelhante, a simples excisão da cabeça femoral tem raras
indicações (idosos com mau estado geral, com contraindicação
para cirurgia). Todavia, as fraturas da cabeça femoral com
pequeno fragmento podem ser tributárias de uma abordagem
conservadora, como a seguir se descreve.
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Nas fraturas da cabeça associadas a fratura do colo femoral/fratura
acetabular está indicado a osteossíntese das fraturas. Apenas nos
doentes idosos (> 65 anos de idade, considerar a idade biológica) é
recomendado uma artroplastia da anca ad initio. A cabeça femoral
deve ser conservada, sempre que tal for possível, isto é, deve-se
proceder a uma osteossíntese.
Complicações
Gerais
Decúbito (síndrome de imobilização): risco tromboembólico
elevado (tromboprofilaxia desde a admissão); infeções
pulmonar e urinária; escaras localizadas na região sagrada e
no calcanhar, hipotensão ortostática, amiotrofia, rigidez
articular, desmineralização óssea, fecalomas, infeção urinária,
depressão….
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Descompensação: cardiorrespiratória; da diabetes, da
insuficiência renal, do etilismo; agravamento de uma doença
neurológica ou de uma demência; perda da autonomia do
doente idoso; autonomia condicionada pelo estado anterior
(psíquico, dependência e idade), hospitalização durante várias
semanas.
Mortalidade: após os 80 anos, 20% dos doentes morrem
durante o primeiro ano do pós-operatório, devido à co-
morbilidade associada, às repercussões somáticas do próprio
traumatismo, às complicações ligadas à cirurgia sendo de
acrescentar, também, as dificuldades da reintegração do idoso
no seu ambiente sociofamiliar (cuidados continuados
insuficientes). Uma forma do idoso falecer.
Locais
Necrose assética da cabeça femoral.
Pseudartrose/não consolidação do colo femoral, > 6 meses de
evolução pós-operatória.
Desvio secundário e consolidação viciosa das fraturas
trocanterianas.
Ciatalgia ou cruralgia por traumatismo intra-operatório das
estruturas nervosas (passageira ou permanente).
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Notas importantes
- As fraturas do fémur proximal continuam a representar um
problema de Saúde Pública. Aumento da esperança média de vida
das populações devido a melhores cuidados de saúde.
- Mortalidade elevada nas pessoas idosas (20% no primeiro ano).
- Fratura do colo femoral: risco de necrose assética da cabeça
femoral, pseudartrose.
- Fratura trocanteriana: falência do material de osteossíntese,
consolidação viciosa.
- Sempre que tal seja possível, as fraturas da extremidade proximal
do fémur devem ser operadas, por forma a permitir uma recuperação
funcional precoce, evitar as complicações do decúbito e restituir à
sociedade o traumatizado nas melhores condições, com uma
autonomia igual ou próxima da anterior ao acidente.
3. TRAUMATOLOGIA DA COXA
Anatomia
- A diáfise é o segmento mais resistente do fémur (linha áspera),
estende-se desde o pequeno trocânter até ao tubérculo dos adutores.
É uma estrutura bastante vascularizada por múltiplas inserções
musculares e por uma artéria nutritiva principal, ramo da artéria
femoral profunda. O ciático e o nervo femoral estão protegidos por
uma espessa massa muscular.
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Classificação
- Traço tranversal, oblíquo, com fragmento intermédio ou
multiesquirolosas.
Clínica
- Dor. Encurtamento do membro, deformidade, controlar pulso,
status neurológico, músculos e pele.
- Choque (hipovolémico, por hemorragia).
- Risco da síndrome de embolia gorda, doença tromboembólica,
lesões pulmonares (contusão), num contexto de um
politraumatizado.
Imagiologia
- Rx do fémur (frente e perfil), da bacia (risco de fratura do colo
femoral e luxação da anca, em associação) e do joelho homolateral.
Tratamento
- Urgência cirúrgica: encavilhamento centromedular sem abrir o foco
de fratura (sem bloqueio, bloqueado/aparafusado proximal/distal ou
ambos – dinâmico proximal, dinâmico distal ou estático). Introdução
da cavilha através da zona do trocânter ou através do joelho (Ex:
PFNR , DFNR) consoante a personalidade da fratura.
As placas e parafusos são pouco usados, a não ser quando existe
uma contusão pulmonar/pneumotórax para evitar as complicações do
encavilhamento centromedular, mormente a embolia gorda que
agrava o quadro pulmonar, ou ainda quando é necessário uma
intervenção cirúrgica rápida (politraumatizado). Contudo, atualmente
as placas bloqueadas (LCPR), que funcionam como um fixador
interno, têm vindo a ocupar um lugar cada vez mais importante na
osteossíntese das fraturas diafisárias do fémur e também da tíbia e
do úmero, aplicadas por métodos minimamente invasivos (MIPO). A
implantação destas placas tenta provocar o menor dano possível na
vascularização óssea, ou seja, pretende-se respeitar os princípios da
reparação biológica da fratura.
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A osteotáxis (fixadores externos) está indicada nas fraturas expostas,
na estabilização rápida do fémur antes da reparação vascular, ou
num politraumatizado grave no contexto do Damage Control.
Se houver motivo, a fratura pode ser imobilizada, provisoriamente,
por tração esquelética e ser submetida a tratamento cirúrgico assim
que for possível.
O tratamento conservador com tração e posterior gesso funcional
(gesso articulado) representa, atualmente, uma solução de recurso
(salvamento), podendo estar indicado em pacientes que apresentem
contraindicação anestésica, situação muito pouco provável.
Complicações
- Comuns às fraturas dos ossos longos: atrasos de consolidação,
pseudartroses, encurtamentos, dismetrias, deformidades angulares e,
neste caso, aderências do quadricípite que produzem rigidez em
extensão do joelho.
Notas importantes
- O tratamento das fraturas diafisárias do fémur é uma urgência
cirúrgica.
- Recomenda-se a realização do RX da bacia pela frequência de
lesões associadas.
-. As fraturas diafisárias do fémur podem estar na origem de
importante perda sanguínea.
- As fraturas diafisárias do fémur são tributárias de tratamento
cirúrgico, (na maior parte das vezes encavilhamento centromedular
ou osteotáxis nas fraturas expostas).
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4. ANCA NÃO TRAUMÁTICA
Conceito
- A doença luxante da anca, designada também por “luxação
congénita da anca” ou melhor a displasia de desenvolvimento da
anca compreende um espectro de alterações da anca, presentes à
nascença ou no decorrer da infância, que expressam uma
incongruência articular da anca, incompleta ou completa
(instabilidade articular, subluxação, luxação e displasia acetabular):
10% são verdadeiras luxações da anca (perda completa da
congruência articular). A instabilidade articular representa a
situação mais frequente nos primeiros dias ou meses de vida.
- Incidência de 0,5% a 1% à nascença. Bilateral em 50% dos casos.
- Um tratamento negligente ou ineficaz é causa de sequelas
permanentes, de difícil tratamento. Um diagnóstico precoce e um
tratamento adequado conduzem a um resultado favorável.
Etiopatogenia
- A etiologia não está completamente determinada: soma de fatores
genéticos e ambientais.
- Influência genética ligada ao sexo: mais frequente no sexo
feminino – 4/1. Posição intrauterina (apresentação pélvica), laxidez
ligamentar e influência hormonal da mãe por via transplacentária
(relaxina, estradiol, estriol). Posição pós-natal favorecedora
(adução-extensão das ancas).
- Alterações anatómicas do tipo cavidade acetabular pouco profunda
(coxa plana) com uma anteversão anormal, anteversão anormal do
colo do fémur e coxa valga, conduzem a uma luxação da anca.
- Obstáculos à penetração da cabeça femoral no acetábulo:
interposição do tendão do ílio-psoas; o limbus pode estar
“invertido” e interposto entre a cabeça e o acetábulo; o aumento de
volume da gordura do fundo acetabular – pulvinar -; hipertrofia do
ligamento redondo; istmo capsular.
23
- A luxação teratológica: rara, malformação óssea congénita do
acetábulo e/ou do fémur; primeiras fases do desenvolvimento
embrionário; luxação desde os primeiros meses de vida
intrauterina; associada a outras malformações, como a artrogripose
múltipla congénita, disrafismos espinhais…….
- Na maioria dos casos trata-se de uma anca instável, na qual a
cabeça desliza para dentro ou para fora do acetábulo, conforme a
posição da anca (manobras de Barlow e de Ortalani). Essa
instabilidade pode desaparecer, espontaneamente, nas primeiras
semanas de vida, no período neo-natal.
Diagnóstico
- O diagnóstico é clínico e imagiológico.
A ecografia é atualmente o exame imagiológico de referência nos
primeiros 3 meses de vida. Permite um estudo morfológico da anca
que a radiografia não consegue. Trata-se de um exame não
invasivo, permite seguir o crescimento da anca. Tem interesse
como exame de despiste, mesmo se o exame clínico for
considerado normal à nascença mas existam os fatores de risco tais
como: apresentação pélvica, antecedentes familiares diretos,
diversas anomalias ortopédicas (torcicolo, joelho recurvatum,
deformação severa dos pés). A presença de uma anomalia ao
exame clínico ou de fatores de risco justificam a ecografia seletiva
no final do 1 mês-6 semanas.
- A idade do diagnóstico: peri-natal, pós-natal e tardio, estando o
prognóstico relacionado com a precocidade do diagnóstico e a
precocidade do tratamento.
- Classificação: anca instável; subluxada (a cabeça femoral cavalga
sobre o rebordo acetabular, podendo ser reduzida com facilidade);
luxada (a cabeça femoral encontra-se, totalmente, fora do
acetábulo); displásica (existe um desenvolvimento anormal e
progressivo do acetábulo e da cabeça femoral).
- O exame clínico para o despiste de doença luxante da anca é uma
manobra primordial: sinais de Ortalani, Barlow e limitação da
abdução das ancas (sinais “major”). Assimetria de pregas inguinais
24
e das coxas, sinal de Galeazzi, sinal de telescopagem ou do piston,
assimetrias de rotação do membro inferior (sinais “minor”).
Imagiologia
- Ecografia nos primeiros 3 meses de vida, tem a capacidade de
mostrar os elementos da anca que são invisíveis na radiografia.
Permite avaliar se a anca é normal, imatura, displásica, excêntrica ou
está luxada.
- As radiografias precoces são pouco úteis, porque após o nascimento
não existe, ainda, a ossificação dos núcleos femorais proximais. Esta
começa a processar-se entre os 4 e 6 meses de idade.
- Artrografia da anca, TAC, RM, no tratamento de casos complexos e
no tratamento de sequelas.
-Exame radiográfico a partir dos 4 meses:
25
- Interrupção da linha de Shenton (suspeita de luxação)
- Linha de Hilgenreiner - linha horizontal que passa pelas
cartilagens tri-irradiadas
- Linha de Perkins –linha vertical que passa pelo ponto mais
externo do rebordo acetabular
- As linhas de Hilgenreiner e de Perkins definem, ao cruzarem-
se, quatro quadrantes. Normalmente o núcleo de ossificação
da epífise femoral superior situa-se no quadrante inferointerno.
Se o núcleo se encontrar nos quadrantes externos, sinal de
luxação ou subluxação da articulação coxofemoral.
- Ângulo acetabular (ângulo formado pela linha que une o
ponto mais externo do teto com o ponto mais interno e a linha
horizontal que passa pelas duas cartilagens tri-irradiadas, em
Y, do acetábulo); se for > 30º é patológico, traduz displasia
acetabular.
Diagnóstico diferencial
- As anomalias funcionais neonatais da anca, visíveis ou não nos
exames radiográfico e ecográfico:
luxação teratológica
luxação paralítica (malformação da coluna vertebral,
artrogripose, hipotonia)
luxação traumática (rara, traumatismos obstétricos)
luxação séptica (sequelas de uma artrite séptica mal
conhecida, no período neonatal)
Evolução
- Se nada for feito, durante as primeiras semanas de vida as
situações de instabilidade da anca diminuem rapidamente, dando
lugar à contractura dos músculos adutores da anca, a qual se
manifesta por uma limitação da abdução da anca. Assim, aos 3
meses de idade, menos de 20% das ancas patológicas apresentam
uma instabilidade, mas 80% demonstram uma limitação da abdução.
26
Por isso, é da maior importância que todo o médico que observe uma
criança durante os primeiros meses de vida proceda, em todas as
ocasiões, ao exame físico das ancas.
Tratamento
- O tratamento tem um objetivo triplo: obter a redução da cabeça
femoral (ortopedicamente ou cirurgicamente); estabilizar a anca;
corrigir a displasia acetabular associada. O risco é a osteocondrite da
cabeça femoral que é preciso evitar.
- O tratamento da luxação da anca é tanto mais eficaz quanto mais
precocemente se efetuar uma redução estável da luxação, reduzindo
desta forma, também, o risco de uma displasia residual.
- No período neonatal, 50% das ancas instáveis tendem para uma
estabilização espontânea. Todavia recomenda-se o uso da tala de
Pavlik.
- O tratamento consiste, em termos gerais e em função da idade e da
gravidade da situação, na imobilização funcional da anca e na cirurgia
corretiva. O objetivo é conseguir a congruência articular em posição
ortostática, assim como criar as condições para o normal
desenvolvimento da anca. Para isso, torna-se imprescindível
conseguir a redução da luxação e a estabilização da articulação.
27
de 60º a 70º (duração ± 4 semanas). O calção gessado é
posteriormente substituído por uma tala de abdução do tipo Dennis-
Brown, a qual deve ser mantida até à correção completa da displasia,
isto é, até se conseguir uma morfologia articular que possibilite o
posicionamento ortostático das ancas.
- Se a redução da luxação/subluxação não se conseguir com o
programa anteriormente descrito, pode estar indicado uma redução
sob anestesia geral (gesso e depois tala de abdução) ou uma redução
cirúrgica (depois dos 6 meses de idade devido ao risco de isquémia
do núcleo epifisário femoral superior).
- No caso de luxação teratológica, o tratamento é complexo,
frequentemente cirúrgico podendo, todavia, estar recomendada a
abordagem incruenta, acima referida.
- Nas crianças tratadas tardiamente, entre os 18 meses e os 3 anos,
devem ser sujeitas a uma tração aos membros inferiores, visando o
relaxamento muscular, seguindo-se uma redução cirúrgica com
capsulorrafia. Se a displasia da bacia for importante e a anca
permanecer instável, pode estar indicado realizar uma osteotomia da
bacia, no mesmo tempo cirúrgico (osteotomia de Salter e outras).
- Após os 3 anos de idade: intervenção cirúrgica complexa por forma
a conseguir-se a redução cirúrgica da luxação. Para isso pode estar
indicado uma osteotomia de encurtamento do fémur, que permite
uma reorientação do colo femoral e o relaxamento muscular, e uma
osteotomia de reorientação da bacia (do tipo Salter).
- No adulto: subluxação residual (osteotomia da bacia - de Chiari ou
periacetabular -, osteotomia da bacia associada a uma osteotomia
femoral de varização); luxação residual (prótese total da anca).
Prognóstico
- Complicações principais: necrose óssea avascular devido à
compressão da artéria circunflexa posterior. A falta de um diagnóstico
em tempo útil da luxação/subluxação da anca conduz a luxações e
subluxações residuais da anca na idade adulta, as quais colocam
problemas de ordem de técnica cirúrgica, que podiam ser evitados se
28
a doença luxante da anca tivesse sido detetada e tratada nos
primeiros meses de vida.
- O prognóstico depende da gravidade da doença, da precocidade do
diagnóstico, da eficácia e precocidade do tratamento e, ainda, da
vigilância da criança.
- O tratamento tardio após a idade da marcha, a redução não
concêntrica da anca, as displasias residuais não tratadas e a necrose
avascular do núcleo cefálico, comprometem o futuro funcional da
anca (coxartrose secundária).
Notas importantes
- O prognóstico da doença luxante da anca está intimamente
dependente da precocidade do diagnóstico e da precocidade do
tratamento.
- O exame clínico constitui a etapa nuclear para o despiste da doença
luxante da anca. Todo o recém-nascido deve ser sujeito a um exame
físico cuidadoso das ancas.
- Na maioria dos casos estamos na presença de uma anca instável,
fácil de tratar e com um resultado muito satisfatório.
- O tratamento da luxação da anca é tanto mais eficaz quanto mais
precocemente se efetuar uma redução estável da luxação.
- O objetivo final do tratamento da doença luxante da anca é obter,
no final do crescimento, uma cabeça femoral esférica, congruente e
bem coberta pelo acetábulo, ou seja, o restabelecimento da anatomia
e função da anca.
29
- Mais frequente nos rapazes (6/1), entre os 5-9/ 4-12 anos de
idade, regra geral. Quanto maior for a idade pior o prognóstico. Pode
surgir até aos 16 anos, forma tardia.
- Bilateral em 10% a 15% dos casos.
- Trata-se de um compromisso vascular, de etiologia ainda
desconhecida.
Diagnóstico
- A criança queixa-se de dores à marcha, localizadas à anca, à coxa
ou ao joelho. A claudicação aparece com a fadiga.
- O exame clínico é pobre: limitação da abdução e da rotação interna
da anca. Limitação da flexão da anca em adução (mau prognóstico).
Ausência de sinais inflamatórios, salvo no envolvimento bilateral.
Sem compromisso das outras articulações. Atrofia muscular, sinal de
Thomas (rigidez articular), prova de Trendelenburg (insuficiência
muscular, médio glúteo), prova do enrolamento (espasmo muscular).
- Torna-se importante eliminar: uma artrite séptica da anca
(tuberculosa ou a germes banais), mixedema congénito, displasia
poliepifisária.
Imagiologia
- Na criança, toda a claudicação ou dor localizada no joelho deve
conduzir à realização de uma radiografia da bacia.
- Rx de frente e com incidência de Loewenstein (posição de rã). A RM
é mais precisa porque permite a visualização da cartilagem epifisária,
do labrum e das lesões metafisárias. O estudo das imagens da RM
deve permitir: avaliar a extensão da necrose epifisária, a importância
da subluxação/excentração lateral, envolvimento da cartilagem de
crescimento/conjugação e importância do envolvimento metafisário.
30
estádio 2: fragmentação do núcleo epifisário;
estádio 3: reconstrução;
estádio 4: remodelação cefálica, que se efetua até ao fim do
crescimento;
estádio 5: sequelas com risco de artrose, no adulto.
A evolução espontânea desta afeção é devida ao ciclo imutável da
reparação óssea. O tecido ósseo tem capacidade regenerativa, isto
é, a cicatrização óssea processa-se através da formação de osso
novo e não pela formação de tecido fibroso.
O compromisso vascular parcial ou total da cabeça femoral provoca
uma necrose. O estádio de condensação representa a presença de
um sequestro (morte celular) que será progressivamente
reabsorvido, durante a fase de fragmentação, e substituído por osso
novo, durante a fase de reconstrução/reparação. O ciclo da
doença processa-se entre 2 a 3 anos. O período de maior risco
situa-se no estádio da fragmentação e da reconstrução, porque
nesse período o núcleo cefálico perde a sua solidez mecânica,
podendo deformar-se. Se isso acontecer, forma-se um núcleo não
esférico no final do estádio de reconstrução (que vai originar uma
coxa magna).
Conceito do grau ou grupo de Catterall: permite caracterizar a
importância da doença pela proporção do volume do núcleo
cefálico atingido. Embora existam outras classificações da doença
mais precisas e atuais ( Salter e Thompson baseada na extensão da
fratura subcondral, a de Herring fundamentada na integridade do
pilar lateral e, ainda, a de Stulberg que aprecia os resultados no fim
da evolução da doença) descreve-se a classificação de Catterall,
por ser a mais conhecida:
31
Grau II: zona mais extensa de necrose (50%), região anterior
e lateral, pode haver colapso;
Grau III: apenas uma pequena zona não está envolvida,
necrose 75%;
Grau IV: lesão completa da epífise.
Nos graus II, III e IV pode haver lesões da metáfise femoral
Quanto maior for o envolvimento da epífise femoral, mais ela
se deforma.
32
hipocaptação nas fases precoces e uma hipercaptação fase de
reconstrução, não é um exame específico da doença.
Em relação ao diagnóstico, a RM é mais precisa do que a cintigrafia.
Por outro lado, a RM é superior à radiologia na avaliação pré-
operatória da doença, assim como no controlo pós-operatório.
Tratamento
- Objetivo: manter a cabeça femoral esférica e centrada no
acetábulo, que serve de molde; prevenir a deformidade da cabeça
femoral e evitar as alterações degenerativas articulares, na vida
adulta. Em todas as modalidades terapêuticas, o período de
tratamento é longo, cerca de 18 meses.
- O grau I de Cattarall tem bom prognóstico, qualquer que seja a
idade da criança. Não precisa, em regra, de tratamento.
Da mesma forma as crianças com 3-4 anos de idade não
necessitam de tratamento, independentemente do grau de lesão
radiológica (cartilagem articular muito espessa, em relação ao núcleo
de ossificação epifisário).
- As crianças com mais de 4 anos de idade, com lesões
radiológicas nos graus II, III ,IV, e com sinais de ”cabeça em risco”
requerem tratamento, por forma a conseguir-se uma “recentragem”
da cabeça femoral. Esta pode ser conseguida através de meios
ortopédicos ou cirúrgicos:
33
decurso do processo de reparação óssea isto é, uma
“recentragem” e contenção da epífise femoral. Assim, pode-se
conseguir evitar uma deformidade da cabeça femoral no final do
crescimento ósseo.
Prognóstico
- A função da anca depende, a longo termo, da esfericidade
congruente da cabeça femoral, da sua mobilidade e de uma superfície
de contacto larga.
- O prognóstico é mais reservado na presença de: “cabeça em risco”,
criança > 6 anos, obesidade e rigidez articular significativa.
- Sequelas: coxa magna e coxa plana (cabeça em cogumelo,
achatamento da parte superior da cabeça femoral, colo femoral curto,
alargamento do espaço articular); coxartrose secundária.
Notas importantes
- Efetuar uma radiografia da articulação coxofemoral, numa criança
com queixas referidas ao joelho.
- A etiopatogenia da doença de Legg-Calvé-Perthes não se encontra,
ainda, perfeitamente esclarecida sabendo-se, contudo, que se trata
de um processo de necrose isquémica do núcleo epifisário femoral
superior.
- O prognóstico previsível da doença depende da idade, da área da
epífíse femoral atingida e da existência de sinais clínicos e de sinais
radiológicos de “cabeça em risco”.
- A doença evolui segundo a sequência fisiológica imutável da
reparação/cicatrização óssea. A área inicial de necrose isquémica não
varia ao longo do processo fisiológico de reparação da epífise
femoral, ou seja, a sua dimensão inicial não aumenta, pese o facto de
opiniões diferentes, admitindo-se a ocorrência de mais episódios
isquémicos.
34
4.3. Sinovite transitória da anca
Diagnóstico
- Impotência funcional, por vezes muito marcada, com recusa da
marcha e dores a nível da anca ou projetadas para a coxa e joelho.
Claudicação importante (coxeia).
- A mobilização passiva da anca é muito difícil, contractura muscular
de defesa.
- Unilateral, sem atrofia muscular.
- Análises laboratoriais normais.
- Ausência de lesões radiológicas. Afastamento das superfícies
articulares (aumento do espaço articular), provocado pela aumento
do volume líquido sinovial. A ecografia deteta um derrame intra-
articular característico.
Tratamento
- Sintomático, repouso, ácido acetilsalicílico. Se a anca apresenta
uma contractura significativa, hospitalização, tração percutânea ao
membro inferior, joelho em flexão de 20º a 30º, antiálgicos, anti-
inflamatórios, miorrelaxantes.
- Se não houver uma resposta, após 48 horas, punção articular da
anca com um duplo objetivo: descompressão articular, da cápsula
articular (alívio da dor, uma cápsula sob tensão pode provocar
35
isquémia) e despiste de uma artrite séptica da anca (exame direto do
líquido articular, culturas com antibiograma).
Notas importantes
- A sinovite transitória da anca é muito frequente no serviço de
urgência pediátrica, porque pode apresentar um quadro clínico
aparatoso (forma súbita, dor intensa, claudicação, recusa à marcha).
Todavia é uma situação com uma evolução benigna.
- Considerar o diagnóstico diferencial com outras entidades
patológicas incluídas na designada “anca dolorosa na criança”: artrite
séptica da anca; osteocondrite primitiva da anca; reumatismo
inflamatório; reumatismo articular agudo (nas crianças de maior
idade, a epifisiólise da cabeça do fémur/epifisiólise superior do
fémur).
Etiologia
- Não está completamente esclarecida. Fatores mecânicos (desporto,
peso corporal), fatores hormonais, genéticos, imunológicos,
36
vasculares, traumáticos….O deslizamento da cabeça femoral é
favorecido por um desequilíbrio entre as forças exercidas sobre a
cabeça femoral e a menor resistência mecânica da fise, bem como
pela fraqueza dos meios de união cervico-cefálica, capsuloperiósticos.
- Obesidade, Síndrome adiposo-genital, hipogenital, de Froliech. Pode
também envolver adolescentes altos e magros, com um surto rápido
de crescimento. Mais cedo nas raparigas do que nos rapazes, é raro
depois da menarca.
- Um deslizamento agudo pode provocar uma necrose epifisária.
Clínica
- Epifisiólise crónica (deslizamento progressivo), aguda, aguda sobre
crónica.
- Epifisiólise crónica: jovem adolescente, claudicação, dor (de tipo
mecânico) na região inguinal, trocantérica ou referida ao joelho
homolateral. Marcha em rotação externa. Ao exame clínico:
diminuição da abdução e rotação interna da anca. Sinal de Drehman
(ao fazer a flexão da anca, a partir dos 90º de flexão, a anca
posiciona-se em abdução e rotação externa).
- Epifisiólise aguda: pouco habitual, trata-se mais de uma fratura-
epifisária do tipo I de Salter. Desprendimento brusco da epífise
acompanhado por impotência funcional absoluta.
- Epifisiólise aguda sobre crónica: a epifisiólise aguda enxerta-se
numa epifisiólise crónica já existente.
Imagiologia
Rx em incidências de frente e perfil (posição de rã, projeção de
Loewenstein, ou segundo Dunn). RM nos casos duvidosos, Ecografia
pode ter interesse na identificação de situações agudas (derrame
intra-articular e imagem em degrau de escada na junção cabeça/colo
femoral, a presença do derrame é um sinal de instabilidade).
RM nos casos em que surjam dúvidas, nomeadamente nas formas
bilaterais. Permite o diagnóstico no estádio de pré-deslizamento.
Sinais radiológicos: normalmente a linha de Klein corta uma área da
epífise femoral. Na epifisiólise, como há um deslizamento da epífise,
37
a linha de Klein corta uma área mínima da epífise ou não chega a
tocá-la; interrupção do arco de Shenton; diminuição da altura da
epífise; alargamento da cartilagem de crescimento; sinal do
sublinhado (duplo contorno perióstico no rebordo inferior do colo
femoral); imagem “em gota” da extremidade proximal do fémur.
- Ângulo de deslizamento radiológico (posição de rã): normalmente o
eixo do colo do fémur faz um ângulo de 90º com a linha que une os
extremos da cartilagem de crescimento. Na epifisiólise esse ângulo
está aumentado (ângulo medido menos 90º igual ao ângulo de
deslizamento da epífise).
- Classificação da epifisiólise quanto ao grau de deslizamento: leve,
grau I (desvio menor do que um terço do diâmetro da cartilagem de
crescimento, ângulo de deslizamento até 30º); moderado, grau II
(desvio até metade do diâmetro, ângulo 30º-50º); grave, grau III
(desvio > metade do diâmetro, ângulo > 50º).
Tratamento
- Urgência ortopédica: redução ortopédica suave e fixação cirúrgica
da epífise femoral superior (parafusos, fios roscados).
- Nas crónicas
- Epifisiódese/fixação cirúrgica da epífise sem correção/sem
redução do seu deslizamento (ângulo de deslizamento até
30º/40º), com parafuso. Alguns autores recomendam esta
técnica mesmo até aos 60º.
- Epifisiódese com enxerto ósseo ilíaco. Ângulo de deslizamento
até 30º/40º. Alguns autores recomendam esta técnica mesmo
até aos 60º. Usada quando a fixação in situ com parafuso é
difícil de conseguir.
38
existirem fatores de risco (obesidade, surto rápido de
crescimento corporal, muito jovem, báscula posterior severa,
endocrinopatia conhecida, impossibilidade de seguir o doente de
forma regular).
- Riscos: provocar uma rigidez articular, uma condrólise (coxite
laminar) ou uma necrose da epífise. Sequelas: coxartrose.
Notas importantes
- A epifisiólise femoral superior é uma afeção do adolescente.
- O exame radiológico em dois planos (frente e perfil) e o exame
físico constituem a base do diagnóstico. Nos casos duvidosos pedir
RM.
- O diagnóstico deve ser precoce por forma a alcançar um bom
resultado (urgência ortopédica) e evitar a coxartrose no adulto.
- Complicações: necrose cefálica, condrólise e evolução para a
coxartrose.
Conceito
- Necrose do tecido ósseo subcondral da cabeça femoral, devido a
uma redução/ausência de aporte sanguíneo, cujos mecanismos
etiológicos permanecem, ainda, controversos. Repercussão sobre a
cartilagem articular. Esta entidade patológica está associada a
numerosas situações clínicas, dentre as quais são de incluir o
etilismo, a corticoterapia e as fraturas traumáticas do colo e da
cabeça femoral, para citar as mais frequentes.
Etiologia
Fatores de risco possíveis:
- Traumatismo (fratura do colo femoral, fratura da cabeça femoral,
luxação da anca);
- Disfunção da vascularização óssea;
39
Doença dos mergulhadores (descompressões rápidas), doença
de Gaucher (células espumosas), anemia de células
falciformes, drepanocitose, pancreatite, etilismo,
corticoterapia…
- Patologia vascular
Endocardite bacteriana subaguda, coagulação intravascular
disseminada, periartrite nodosa, policitémia vera, lúpus
eritematoso sistémico, poliartrite reumatóide, arterite de
células gigantes, sarcoidose…
- Doenças metabólicas
Diabetes, hiperuricémia, perturbação lipídica (dislipidémias,
hipertrigliciridémia)
- Transplante renal, carcinomas, obesidade, gravidez, infeção pelo
VIH..
- Idiopática só 10% são verdadeiramente primárias !!
Fisiopatologia controversa
- Teoria tromboembólica (isquemia óssea causada pela obstrução dos
vasos sanguíneos – gordura, bolhas de nitrogénio, hemácias
falciformes da dreponocitose -);
- Aumento da pressão intramedular (oclusão dos sinusoides
intramedulares originando uma síndrome compartimental – falência
da circulação intersticial por conflito de espaço, segundo o conceito
de N. Canha);
- Obstrução arterial e arteriolar por vasculite, obstrução da circulação
intraóssea, por lesões causadas pela irradiação ionizante ou por um
efeito vasoactivo;
- A obstrução da drenagem venosa e a potencial trombose,
causariam estase e anoxia retrógada; falência da drenagem linfática
(N. Canha);
- Efeito citotóxico direto (radiações ionizantes, álcool, corticóides,
agentes quimioterapia);
- Fatores mecânicos, microtraumatismos, agravado pelo “efeito
Charcot” (falta de resposta dolorosa propriocetiva) levariam à
destruição da anca.
40
- Abordagem etiopatogénica multifatorial…..
Epidemiologia
- Diagnosticada entre os 20 e 60 anos. Envolvimento bilateral em
cerca de 50% a 80% dos casos. Mais frequente no sexo masculino.
Clínica
- Sinais clínicos: a dor é muitas vezes inguinal, como acontece na
patologia da anca; dor súbita de tipo mecânico (contudo, uma dor
noturna permite a suspeita de necrose, sobretudo na presença de
fatores de risco, sintomatologia mista, pseudoinflamatória); pode
haver discrepância entre a dor referida pelo doente e a mobilidade
articular; podem decorrer muitos meses entre o início dos sintomas
e o aparecimento de lesões radiológicas; claudicação antiálgica bem
como o sinal de Trendelenburg positivo;
41
Diagnóstico
Suspeita clínica (anamnese, exame físico) confirmada pela
imagiologia (Rx, cintigrafia, RM). Procurar outras localizações de
necrose óssea epifisária (na anca contralateral, no ombro). Na fase
inicial o diagnóstico pode ser difícil, pedir RM.
Diagnóstico diferencial
Fratura de fadiga do colo femoral; artrite séptica; doença sinovial
proliferativa (sinovite vilonodular, artrite inflamatória, artrite
microcristalina); coxartrose; tumores ósseos; conflito
fémoroacetabular; algoneurodistrofia da anca ……
Prognóstico
A evolução natural da doença conduz a um colapso/afundamento da
cabeça femoral, que por sua vez evolui para um quadro de
coxartrose. Alterações degenerativas a nível do acetábulo.
42
Tratamento
O tratamento permanece controverso, dado que nenhum dos
tratamentos disponíveis, atualmente, deu provas científicas de
modificar a evolução natural da doença.
- No caso de necrose assética assintomática, com uma pequena
extensão de necrose, o seu controlo clínico é uma opção aceitável
(situação muito rara e sujeita a controvérsia clínica);
- No caso de necrose asséptica sintomática (a maioria dos casos):
cirurgia conservadora, cirurgia de substituição articular. Os resultados
do tratamento ditos “de salvamento da cabeça femoral” são mais
eficazes nos estádios precoces:
- furagem-descompressão da cabeça femoral, com o propósito
de diminuir a pressão intraóssea (estádios I e II, sem colapso
da cabeça femoral);
- Osteotomias do fémur proximal, com o objetivo de obter uma
descarga das zonas necróticas (doentes jovens, motivados,
estádios II e III idiopáticos );
- Enxertos ósseos vascularizados (crista ilíaca, diáfise fibular),
visando o restabelecimento do aporte sanguíneo nas zonas
necróticas (doentes jovens, motivados, estádios II e III).
Trata-se de uma operação exigente sob ponto de vista técnico;
- Artroplastia da anca: prótese total da anca (cimentada, não
cimentada, híbrida) artroplastia de revestimento (motivo de
controvérsia científica atual, devido à articulação metal-metal
que pode conduzir à formação de pseudotumores, osteólise e
de reações inflamatórias intensas com necrose dos tecidos
moles, reações retardadas de hipersensibilidade, do tipo IV –
ALVAL-). Indicada no estádio IV, coxartrose.
Complicações
- Complicações habituais da cirurgia da anca: infeção, doença
tromboembólica, lesões neurovasculares, falência do material de
osteossíntese. Para além destas, no caso de cirurgia protética:
luxação da prótese, desgaste dos biomateriais constituintes da
prótese, descolamento/desprendimento assético dos seus
43
componentes. A taxa de complicações é mais elevada nos doentes
que apresentam uma anemia de células falciformes.
Notas importantes
- A RM permite o diagnóstico precoce da necrose assética da cabeça
do fémur.
- O objetivo central do tratamento cirúrgico é prevenir/retardar, por
todos os meios, o colapso/afundamento do osso subcondral da
cabeça femoral, situação que conduz, inevitavelmente, a um quadro
de coxartrose.
- Em doentes jovens (< 40-50 anos de idade), ativos, recomenda-se
a cirurgia conservadora reconstrutiva, sempre que houver indicação
para tal, uma vez que a duração da artroplastia de substituição
articular é inferior à duração de uma mesma artroplastia quando
aplicada num doente idoso (há maior desgaste, são mais ativos).
Seja como for, tentar prolongar até ao limite a vida da cabeça
femoral, antes de propor uma artroplastia da anca.
4.6. Coxartrose
Definição/etiologia
- A artrose é um processo degenerativo da cartilagem articular ligado
ao envelhecimento da articulação e influenciado pela morfologia
articular, assim como por fatores hereditários. Com o tempo, assiste-
se a uma fragmentação das fibras de colagénio com uma
hiperhidratação da cartilagem (edema).
- A anca é uma articulação de carga que, devido à sobrecarga
mecânica, pode envelhecer prematuramente. Este envelhecimento
pode ser acelerado por fatores mecânicos desfavoráveis. Assim, de
acordo com H. Pauwels (1976), no apoio monopodálico a cabeça
femoral suporta forças que podem atingir até três vezes o peso do
corpo. Durante a marcha, na fase de ataque do calcanhar ao solo,
44
essas forças são maiores, na ordem de 4,3 vezes o peso do corpo.
Por outro lado, a cartilagem está adaptada a suportar cargas na
ordem de 20 kg/cm2. Esta solicitação mecânica pode ser de maior
valor se a zona de carga diminuir (no caso de uma displasia
acetabular ou femoral) ou se o peso corporal aumentar (obesidade).
Acresce ainda considerar que, com o avançar da idade, a resistência
da cartilagem articular à pressão vai decrescendo.
- Distinguem-se, classicamente, as coxartroses primárias ou
idiopáticas (40%) e as coxartroses secundárias (60%).
- Coxartroses primárias ou idiopáticas: a sua etiologia não é clara.
Trata-se de ancas que apresentam uma alteração mecânica e, em
certos casos, intervém certamente uma anomalia da cartilagem
articular, de origem genética.
- Coxartroses secundárias: displasia de desenvolvimento da anca,
sequelas de doença de Legg-Perthes (coxa plana), sequelas de
epifisiólise femoral superior (coxa retrotorsa), displasia protusiva,
sequelas traumáticas, necrose assética da cabeça femoral, conflitos
femoroacetabulares, osteocondromatose sinovial, sinovite
vilonodular, doença de Paget, hiperostose vertebral anquilosante
(doença de Forestier), coxite infeciosa/inflamatória ou microcristalina,
coxopatia metabólica (alcaptonúria……).
Epidemiologia
- A coxartrose é frequente. Estima-se que aos 40 anos, 90% da
população apresenta sinais degenerativos assintomáticos nas
articulações de carga. A obesidade aumenta a frequência de artrose
nas articulações de carga.
Clínica
- Sinais clínicos: dores de tipo mecânico, localizadas à região
inguinal, por vezes, à região nadegueira/glútea. Dores referidas à
coxa ou ao joelho, podem corresponder a um processo patológico
situado na anca. Considerar a síndrome mista (dores de tipo
mecânico e inflamatório, esta última devido a uma sinovite da anca).
- Claudicação de Duchene.
- Sinal de Trendelenburg.
45
- Limitação da amplitude articular: tipicamente uma diminuição
inicial da rotação interna, com a anca posicionada em flexão a
90º.
- Sinal da “saudação da anca”: tempo durante o qual o
membro inferior pode ser mantido na posição de extensão,
com um ângulo de 30º acima do plano da mesa de observação,
(sem dor, habitualmente um minuto).
- Diminuição do perímetro de marcha.
- A marcha com apoio externo (canadianas) alivia muitas vezes
a dor.
(com o passar do tempo, a articulação vai perdendo
mobilidade, evoluindo para um processo de rigidez articular
grave e para um processo de atrofia dos músculos peri-
articulares. Nestes casos, o doente apresentam muitas
dificuldades para conseguir efetuar os gestos correntes da vida
– vestir-se, calçar-se, fazer a higiene pessoal….-)
- Imagiologia: o Rx da bacia (frente, centrado sobre a sínfise púbica),
permite o diagnóstico, na grande maioria das situações. Os três
sinais de artrose (estreitamento da interlinha articular, esclerose
óssea subcondral e, por vezes, quistos subcondrais (geodes),
osteófitos.
- O Rx de perfil (falso perfil de Lequesne) permite uma
visualização das alterações degenerativas situadas na
interlinha anterior ou posterior, as quais não são detetadas no
Rx de frente (coxartrose com preservação da interlinha
articular no Rx de frente).
- TAC raramente necessária. Uma análise mais fina das
alterações degenerativas precoces, anteriores e posteriores.
- Artro-RM com cortes coronais/radiais tem interesse nos casos
de conflitos femoroacetabulares, para o diagnóstico de roturas
do debrum/labrum cotiloideo, lesões da cartilagem articular
acetabular e malformações da cabeça/colo femoral.
46
Diagnóstico diferencial
Dor inguinal: hérnia inguinal/crural, coxartrose rapidamente
destrutiva, necrose assética da cabeça femoral, fratura de fadiga do
colo femoral, artrite séptica (fase inicial), doença proliferativa
sinovial, tumores ósseos, conflitos femoroacetabulares, uma
irradiação para a região interna pode referenciar uma cruralgia com
origem na coluna vertebral, tendinopatia (ílio-psoas, adutores,
outras).
Dor posterior/lateral: afeção da coluna vertebral, patologia
sacroilíaca, bursite peri-trocanteriana, tendinopatia (piramidal,
outras).
Tratamento
- Tratamento médico (analgésicos, anti-inflamatórios não esteróides,
infiltrações intra-articulares com corticoides, glucosamina……) e
fisioterapia.
- Despiste e tratamento em tempo útil da displasia de
desenvolvimento da anca, da doença de Legg-Calvé-Perthes e da
epifisiólise femoral superior, por forma a prevenir/retardar o processo
da artrose.
- Tratamento cirúrgico (cirurgia conservadora, cirurgia com sacrifício
da articulação):
- cirurgia conservadora (osteotomias do fémur proximal,
osteotomias da bacia);
- cirurgia com sacrifício da articulação: artrodese da anca,
excisão/ressecção artroplástica, artroplastia da anca (prótese
total da anca – cimentada, não cimentada, híbrida),
artroplastia total de revestimento.
47
mobilidade da coluna vertebral e a do joelho homolateral estejam
preservadas, assim como a anca contralateral apresentar-se em bom
estado anatomofuncional. Importa dizer que uma artrodese da anca
pode ser convertida, mais tarde, numa artroplastia com as vantagens
daí decorrentes (desartrodese da anca).
48
qualidade dos cuidados de saúde prestados e à melhoria das
condições de vida.
A coxartrose e a coxite inflamatória englobam numerosas patologias
distintas, tanto quanto à etiologia, como quanto aos mecanismos
fisiopatológicos e evolução clínica. Apesar dessa diversidade, existe
uma destruição da cartilagem articular, a característica mais
proeminente e comum, responsável pela dor e perda de mobilidade
articular que acompanham estas afeções do aparelho
musculoesquelético. Em situações de grau avançado de destruição
articular, independentemente da idade do paciente e dos avanços
farmacológicos, a PTA representa a única solução eficaz para o
tratamento da coxite reumatóide.
49
protética passará a ser assistida por computador, método que não
está, ainda, suficientemente desenvolvido e avaliado. Neste âmbito,
torna-se importante referir que a engenharia genética terá, também,
um papel importante no futuro, no âmbito do tratamento biológico da
artropatia degenerativa, como alternativa às modalidades cirúrgicas.
50
libertação de citoquinas inflamatórias (interleucina 1 e 6, fator de
necrose tumoral alfa), que por vez promovem a cascata da
osteoclastogénese. A ação dos osteoclastos produz perdas de
substância óssea (osteólises), as quais causam um desprendimento
da prótese do suporte ósseo levando, a médio ou longo termo, à
inevitável falência mecânica da artroplastia.
Com o propósito de diminuir o número das partículas de desgaste do
polietileno resultantes do contacto tribológico articular surgiram,
recentemente, os polietilenos altamente reticulados (“cross-linking
UHMWPE”) que expressam uma modificação da estrutura intrínseca,
por irradiação. Os resultados no laboratório e clínicos,
particularmente em próteses da anca e do joelho, apontam no
sentido de uma melhoria em relação ao polietileno de muita alta
densidade, muito embora não haja tempo de recuo suficiente para
confirmar estas primeiras impressões. De facto, a reticulação (“cross-
linking”) do polietileno reduz, também, as suas propriedades
mecânicas, incluindo a resistência à propagação de fissuras de fadiga.
Para além disso, as suas partículas, embora em menor número,
apresentam uma maior reatividade biológica.
Outras partículas de desgaste podem interferir, também, e em última
análise, na fixação mecânica das artroplastias, como são exemplos as
partículas do cimento ósseo (metacrilato de metilo), as metálicas, as
da hidroxiapatite e da alumina (cerâmico). Todavia, as reações de
intolerância biológica que provocam são muito menos intensas,
quando comparadas com as provocadas pelas partículas de
polietileno estando, porém, condicionadas pelo perfil imunogenético
de cada doente. Cada ser humano é biologicamente único.
Neste contexto, a articulação metal-metal produz partículas metálicas
que podem conduzir à formação de pseudotumores, osteólise e de
reações inflamatórias intensas com necrose dos tecidos moles da
anca, reações retardadas de hipersensibilidade, do tipo IV –ALVAL-.
Por isso as próteses da anca de grande diâmetro (cabeça da haste
femoral superior a 36 mm) com uma cúpula de fricção/articulação
metal-metal, são objeto de acesa discussão científica no sentido de
serem ou não serem descontinuadas. Sendo ou não um problema de
51
orientação dos componentes protéticos ou problemas relacionados
com o desenho da prótese ou com o próprio doente, é verdade que
essas questões não tem sido colocadas nas próteses metal-metal em
que cabeça femoral tem o diâmetro de 28 mm ou de 32 mm.
Seja como for, é de considerar que os biomateriais constituintes da
cúpula de fricção articular (nos seus diversos tipos de combinação,
cerâmico-cerâmico, cerâmico-polietileno altamente reticulado, metal-
polietileno altamente reticulado e, mais recentemente, metal-
cerâmico) registaram uma evolução significativa, no sentido de
libertarem menos partículas.
Para além disso, fatores mecânicos como o excesso de peso do
doente e, a pressão provocada pelo líquido intra-articular podem
conduzir ao descolamento assético da prótese da anca. Com efeito, a
pressão do líquido intra-articular leva à morte dos osteócitos e à lise
óssea que por sua vez causa um descolamento/desprendimento da
prótese na interface implante-osso, mormente a nível acetabular.
52
Uma vez indicada, a artroplastia da anca deve oferecer ao paciente o
alívio/supressão da dor, o restabelecimento da estabilidade e
mobilidade da anca e, também, a igualdade do comprimento dos
membros inferiores, por ordem decrescente de prioridades.
Notas importantes
- A coxartrose é a primeira causa de dores mecânicas localizadas à
anca após os 50 anos de idade. Pode não haver uma correspondência
entre o grau de destruição radiológica e a sintomatologia dolorosa.
- A implantação de uma prótese total representa a solução mais
frequentemente usada para o tratamento da coxartrose.
- Insistir na cirurgia conservadora da anca nos doentes jovens e
ativos, sempre que tal for possível (ganho precioso de tempo em
relação a uma futura artroplastia de substituição articular).
- Nos doentes jovens e ativos constata-se uma diminuição da
longevidade da artroplastia da anca, nomeadamente na coxartrose
secundária a necrose óssea. Neste grupo etário propor, quando
indicada, uma artroplastia total não cimentada.
- A artroplastia total é uma excelente opção para o tratamento da
coxartrose do idoso (>70 anos) e, também, para o tratamento da
coxite reumatóide. Nesta última situação, não existe atualmente, no
contexto clínico da poliartrite reumatóide, outra solução tão eficaz,
independentemente da idade. Levar o tratamento médico até ao seu
limite.
53
- A causa mais frequente da falência de uma artroplastia total da
anca, quer seja cimentada ou não, é o descolamento
assético/desprendimento da prótese do suporte ósseo. Outras
complicações incluem a infeção, a luxação da prótese e as fraturas
periprotéticas (per ou pós-operatórias).
- A causa mais devastadora é a infeção periprotética cujo tratamento
pode incluir a excisão da prótese e recolocação de uma nova
artroplastia num segundo tempo cirúrgico ou, então, na excisão da
prótese e recolocação de uma nova prótese no mesmo tempo
cirúrgico, de acordo com “ a virulência” do microrganismo em causa.
Seja como, for o risco de reinfeção é uma preocupação a levar em
linha de conta, não se podendo esperar com segurança a cura do
processo infecioso. Com efeito, a recidiva da infeção é um risco que
todo o paciente corre, independentemente do tempo de evolução.
54
(delaminação, alterações degenerativas irreversíveis) e, depois,
lesões no labrum acetabular (rotura, desinserção), quistos no colo
femoral, podendo conduzir a um quadro de coxartrose, por um
mecanismo de conflito do tipo cam.
O conflito pode ser também devido a um choque entre o rebordo
acetabular e a zona da junção cabeça-colo femoral, por um
mecanismo de tipo pinça ou tenaz. Nesta situação, é a morfologia
acetabular que está alterada, existe um excesso de cobertura
acetabular por retroversão do acetábulo ou por um excesso da
cobertura acetabular generalizada, como acontece na coxa profunda
ou na coxa protusa. A primeira estrutura a ser lesada é o labrum
(alterações degenerativas, roturas, quistos, ossificações), podendo
também haver lesões quísticas a nível do colo femoral. A nível do
acetábulo posteroinferior formam-se lesões cartilagíneas, por um
efeito de contragolpe. Estas alterações podem conduzir, igualmente,
a um quadro de coxartrose. O tipo pinça causa menos danos na
cartilagem articular quando comparado com as lesões produzidas por
situações de tipo cam.
Etiologia
A etiologia do CFA não se encontra suficientemente esclarecida.
Primitivo e secundário a patologias predisponentes como sequelas de:
doença de Legg-Calvé-Perthes, epifisiólise femoral superior, necrose
assética da cabeça femoral, fraturas do colo do fémur, displasia de
desenvolvimento da anca, coxa vara, protusão acetabular (a cabeça
femoral ultrapassa a linha ílio-isquiática no sentido medial), coxa
profunda (o fundo do acetábulo está ao nível ou ultrapassa a linha
ílio-isquiática), retroversão acetabular….ou seja, patologias onde
existam alterações morfológicas na cabeça-colo femoral e/ou no
acetábulo.
Clínica
Patologia de adultos jovens, ativos, desportista (artes marciais,
ginástica, ballet..).
55
Dor localizada à região inguinal, aumenta com o exercício físico e com
a posição de sentado. A dor pode ser sentida também noutras
regiões, a nível da região glútea, região trocantérica ou na coxa. Os
sintomas iniciam-se na maioria das vezes, com um desconforto
intermitente, durante ou a seguir a períodos de movimentos
repetitivos da anca (corrida, marcha), progredindo para dor constante
e intensa. A rigidez articular pode associar-se ao quadro doloroso,
com redução da flexão da anca e, particularmente, da rotação
interna. Os pacientes podem referir, também, sensação de ressalto,
bloqueio ou ruído articular.
Imagiologia
Realizar uma radiografia da bacia (pélvica) com uma incidência
ântero-posterior (frente) centrada no púbis, em rotação neutra, e
outra com os pés em rotação externa de 30º (a distância entre o
púbis e o cóccix deve medir cerca de 3-4 cm).
Pedir um projeção axial pura de Dunn e uma radiografia com uma
projeção crosstable lateral (mostra bem a giba óssea) e,
eventualmente, falso perfil de Lesquene e de Séze que representa
uma projeção lateral pura.
O falso perfil da anca, avalia a zona posteroinferior da anca e o grau
de cobertura anterior.
56
Com estas radiografias (pelo menos a AP e a projeção axial pura) é
possível confirmar o diagnóstico clínico.
Todavia a artro-RM (contraste com gadolinium) representa o exame
imagiológico mais específico e sensível para o diagnóstico do CFA
(lesões do labrum, lesões cartilagíneas, quistos…). Faz parte do
protocolo pré-operatório.
A TAC pode ter interesse para estudar as lesões ósseas em situações
complexas (TAC tridimensional). Por sua vez a cintigrafia óssea e a
ecografia tem um valor limitado.
Diagnóstico
Dor na anca, síndrome mecânica, provas de conflito positivas.
CFA tipo cam: cabeça femoral do tipo “fálico”; presença de giba
óssea na junção cabeça-colo, deformidade em punho de pistola,
diminuição do off-set cabeça-colo (normal 9-10 mm); ângulo alfa
maior que 50º na incidência axial; retrotorsão femoral; ângulo
cervico-diafisário menor do 125º; quistos ósseos no colo femoral,
delaminação cartilagem articular do acetábulo, lesões do labrum, os
acetabuli.
CFA tipo pinça: cabeça femoral esférica, protusão acetabular, coxa
profunda, ossificação do labrum, os acetabuli; quistos ósseos no colo
femoral; sinal do entalhe, aumento da espessura da cortical do colo
femoral;
retroversão acetabular através da deteção no Rx da bacia ântero-
posterior do sinal do cruzamento ou do laço em forma de 8 ( as
projeções radiográficas das paredes anterior e posterior não se
cruzam na bacia normal, a parede posterior é mais lateral), do sinal
da parede posterior (o centro da cabeça femoral situa-se para fora da
projeção da parede posterior), e do sinal da espinha ciática (a
espinha ciática é visível na cavidade pélvica o que não acontece na
bacia normal).
Doentes com conflito femoroacetabular são, por vezes, tratados
incorretamente a outros tipos de patologia, como sejam dos
adutores, hérnia inguinal e a pubalgia.
57
Tratamento
O tratamento cirúrgico é o único que corrige as deformidades ósseas
e trata as lesões do labrum e osteocartilagíneas. Apenas devem ser
sujeitas a intervenção cirúrgica as ancas sintomáticas, dolorosas, isto
é, as ancas assintomáticas com alterações imagiológicas de conflito
femoroacetabular não encontram indicação para cirurgia.
De um modo geral, consiste:
na osteoplastia femoral e acetabular (remoção da anomalia óssea
morfológica que provoca o conflito, ou seja, da giba e do excesso de
rebordo acetabular); no tratamento das lesões do labrum (reinserção
ou excisão); no tratamento das lesões da cartilagem acetabular
(remoção de cartilagem articular delaminada, solta, ou na aplicação
de técnicas de revascularização osteocartilagínea como são as
furagens e as microfraturas) e nas osteotomias de reorientação
acetabular no caso de existir uma retroversão acetabular
significativa.
Para isso, podem-se usar diversas técnicas cirúrgicas: a via aberta
com luxação controlada da anca, uma pequena via anterior com apoio
artroscópico ou usar a via artroscópica.
Não existe atualmente uma evidência que permita afirmar a
superioridade de uma técnica cirúrgica em relação à outra. Os
resultados têm sido aceites como muito satisfatórios.
Seja como for, a eleição da técnica cirúrgica está condicionada pela
preferência e experiência do cirurgião. A correção cirúrgica da causa
do CFA é o objetivo a alcançar, independentemente da técnica
cirúrgica usada, por forma a prevenir ou a interromper o processo
evolutivo da doença degenerativa articular, isto é, a coxartrose,
apesar de não existem ainda estudos científicos, com um recuo
longo, que deem prova desses resultados.
58
oferece um resultado conseguido nas ancas sem sinais de lesões
degenerativas, ou seja, no grau I de Tönnis.
59
COLUNA VERTEBRAL
Conceitos essenciais
Texto de apoio.
Deve estimular a presença nas aulas, para visualização de
casos clínicos e de iconografia referente ás patologias
descritas.
José Casanova
Diogo Moura
COLUNA TRAUMÁTICA
AVALIAÇÃO INICIAL
Exame físico
Inspeção
Tumefações
Equimoses
Alterações da postura
Palpação
Pontos dolorosos
Exame neurológico
Cirurgia depende do
tipo de fratura
Exemplo de fixação
combinada
Fratura da odontoide
15% das fraturas cervicais
Tipo IIIIII
Tipo Tipo
Tipo II Tipo
Tipo IIII
Tratamento
Tipo I
Estáveis - Colar cervical
Tipo II
Halo vest – 1. Jovens, estáveis; em doentes que não tolerem
cirurgia
Se pseudartrose - Fixação
Tipo III
Fixação cirúrgica
Halo vest – estáveis 6 a 12 semanas
Espondilolistese traumática
Hangman’s fracture
Clinica e Imagiologia
Anamnese
Dor
Sintomas acompanhantes
Sensibilidade
Força muscular
Exame físico
Inspeção
equimoses
Pontos dolorosos
Hematoma
Avaliação neurológica
Radiologia
Rx coluna toraco-lombar
TAC
Classificação
TEORIA de DENIS
TRATAMENTO
LOMBALGIA
1. Estruturais
1.1 Instabilidade segmentar; 1.2. Causa discogénica, roturas disco; 1.3. Artropatia
facetaria; 1.4 Rotura muscular; entorse ligamentar; 1.5 Espondilolistesis, 1.6
Estenose canalar; 1.7 Fratura; 1.8 Infeção: 1.8.1 Discite; 1.8.2 Osteomielite
vertebral; 1.9 Inflamatória: 1.9.1 Espondilite anquilosante; 1.9.2 Artrite
reumatoide: 1.10 Tumores: 1.10.1 Primários (mieloma); 1.10.2 Secundários
2. Endocrinas
2.1 Osteomalacia; 2.2 Osteoporose; 2.3 Acromegalia
3. Hematologica
3.1 Doença de células falciformes
1. Viscerais
1.1 Calculos renais, infeções urinárias, pielonefrites; 1.2 Úlcera duodenal; 1.3
Aneurima aórtico abdominal ou torácico; 1.4 Hipertrofia auricular esquerda na
doença da válvula mitral; 1.5 Pancreatite; 1.6 Neoplasia retroperitoneal; 1.7
Cólica biliar; 1.8 Ginecologica; 1.9 Gravidez ectópica; 1.10 Endometriose; 1.11
Crise de células falciformes
2. Medicamentosas
2.1 Osteoporose pós corticoterapia; 2.2 Fibrose retroperitoneal secundaria a
maleato de metisergide
3. Musculoesqueléticas
3.1 Patologia anca; 3.2 Doença sacroiliaca; 3.3 dor Escapulotorácica
4. Psicogénicos
CLINICA
Dor região lombar
Com ou sem irradiação
Início brusco
Associado ao levantar de pesos
Agravado com a manobra de Valsalva
Irradiação membro inferior (ciática)
AVALIAÇÃO
História clínica
Quando e como começou
Localização e irradiação
Ritmo
Factores/posições de alívio/agravamento
Exame físico
Palpação abdominal
Palpação local
Marcha
Posicionamento
Manobra de Lásegue
Exame neurológico
Exames complementares de diagnóstico
Raios X
TAC
RM
TRATAMENTO
Essencial obter um diagnóstico exato sobre a origem da dor e tipo de
lombalgia
Tratamento sintomático
Analgésico
Miorelaxante
Ansiolítico
Tratamento da causa
Etiologia
Condições de trabalho
Carregar cargas excessivamente pesadas
Manutenção de posturas incorrectas por muito tempo
Fadiga muscular
Pratica desportiva (halterofilismo; ginastas; tenistas;
futebol)
Clínica:
Lombalgia
Início abrupto ou insidioso
Distribuição no território do nervo afectado
Pode irradiar para a perna e pé - ciática
Carácter disestésico (formigueiro, adormecimento, choque eléctrico, sensação de
pele queimada, hipo ou hiperestesia…)
Agrava em pé e ao caminhar
Dificuldade em encontrar posição de conforto
Decúbito dorsal, com almofada colocada sob joelhos flectidos
Diagnóstico:
HC
Inspecção:
Espasmo lombar marcado
Atitude escoliótica de defesa
Diminuição da flexão da coluna
Ex. físico:
Teste de Laségue
Estiramento do ciático (L5 ou S1)
Estiramento do nervo femoral (L1 a L4)
Ex. neurológico ( alterações são tardias)
Imagiologia
RX, TC, RM
Exame Neurológico
Disco L3-L4 (5%)
Raiz de L4 (m. tibial anterior)
5% das hérnias
Disco L4-L5 (67%)
Raiz de L5 (m. longo extensor do hallux)
Disco L5-S1 (28 %)
Raiz de S1 (m. flexor dos dedos – gastrocnémio)
TAC
RM
Tratamento
Médico (conservador)
Bons hábitos posturais
Repouso: 1 a 3 dias
AINEs
Miorrelaxantes: 7-10 dias
Fisioterapia
Corticoesteroides orais ou injecção epidural: aliviam a dor na perna nas
primeiras 2 semanas
Cirúrgico – discectomia (percutãnea; mini-incisão)
laminectomia… prótese de disco
Quando os sintomas persistem para além de 6 semanas
Episódios recorrentes
Deficit neurológico progressivo
Hérnia Lombar
Prevenção
evitar o excesso de peso corporal;
manter uma boa postura
Em pé
Sentado
Deitado
Ao levantar um peso
praticar exercício físico regularmente (andar a pé, bicicleta
e nadar)
CANAL VERTEBRAL ESTREITO
Clinica
Normalmente insidiosa
Claudicação neurogénica
Varia com a posição
Extensão da coluna alivia (alargamento)
Flexão da coluna agrava
Dor após algum tempo de marcha
Diagnóstico
Exame físico
Exame neurológico
Avaliação da pele
Avaliação pulsos periféricos
Exame radiográfico
RX coluna
TAC
RM
EMG
Diagnóstico Diferencial
Aneurisma da aorta
Insuficiência arterial
Diabetes
Tumor
Tratamento
Conservador
AINE
Actividade física moderada
Hidroterapia
Bloqueio de facetas
Bloqueio epidural
Cirúrgico
Laminectomia
Fixação transpedicular
CERVICALGIA
CAUSAS
Agudas
Aparecimento repentino sem causa aparente
Crónicas
Permanecem no tempo, com dor de intensidade variável, como na
cervicartrose, discopatia vertebral, fibromialgia)
Psicosomáticas
Provocadas por estados de ansiedade
Frequentemente os sintomas referidos não coincidem com o
conhecimento anatómico e fisiológico
Traumáticas
Por traumatismos directos, ou indirectos
RADICULOPATIA CERVICAL
CERVICOBRAQUIALGIA
Sintomatologia
Cervicalgia e cervicobraquialgia
Disestesias e parestesias
Cefaleias
Por vezes dificuldade em escrever
Posição antálgica
Mielopatia cervical
Alteração tronco e pernas
Posição de alivio
Exame físico
Mobilidade cervical dolorosa
Rotação axial e extensão podem desencadear dor
Avaliação neurológica de C5 a T1
Avaliação de sinais de alteração vascular e compressão nervosa
Diferenciar de STC
Exame neurológico
C5
C6 e C7 C8 e T1
Padrões comuns de radiculopatia cervical
Raíz Sintomas Motor Reflexo
C2 Cefaleias occipitais,
Dor temporal - -
C3 Cefaleia occipital,
Dor retro-auricular e retro- - -
orbitária
C4 Dor trapézio e base pescoço - -
C5 Braço lateral Deltoide Bicipital
C6 Antebraço radial, polegar, e Bicipete Braquioradial
indicador Extensão do
punho
C7 3º dedo Tricipete Tricipital
Flexão do punho
C8 4º e 5º dedos Flexores dedos -
T1 Antebraço ulnar Intrinsecos mão -
Exames complementares
Radiografia
TAC
RM
Diagnóstico diferencial
Ombro congelado
Isquemia miocárdio (esquerda)
STC
Tendinopatia da coifa dos rotadores
Sindrome do desfiladeiro toráxico
Lesão plexo braquial
Sindrome de Parson Turner
Tratamento
Conservador
AINE
Miorelaxante
Analgésico narcótico
Fisioterapia
Cirúrgico
Descompressão
Prótese disco
Fusão
ESCOLIOSE
Infantis
Têm repercussões graves sobre o desenvolvimento da caixa torácica com
alterações cardipulmonares significativas.
Sem predileção por sexo.
Idade <3 anos; representam 4% das EI
Maioria das curvas são torácicas e 75% são convexas esquerdas.
Juvenis
Mais frequentes em raparigas
Curvas torácicas direitas
Idade entre os 3 e os 10 anos
Representam 15% das EI
95% das curvas vão progredir
Adolescentes
Suspeita de interação poligenética
Idade >10 anos
Representam 80% das EI
Em curvas pequenas sem predomínio sexo; curvas <30º predomínio
feminino 10:1
Aumento de crescimento da curva coincide com os picos de crescimento e
o desenvolvimento hormonal
Progressão da curva
Vértebra limite
Vértebra apical
Vértebra limite
Medições
COLUNA (escoliose)
RADIOGRAFIA DE FACE
RADIOGRAFIA DE PERFIL
Conservador
Ortótese em infantis se curvas forem > 30º; Juvenis >20º e adolescentes >25º
Usar em doentes esqueléticamente imaturos (Rissser 0,1 ou 2), durante 16 a 23h
dia, e termina com o final do crescimento ósseo ou se a curva se torna >45ª
(ineficaz).
Milwaukee
Cirúrgico
Texto de apoio.
Deve estimular a presença nas aulas, para visualização de
casos clínicos e de iconografia referente ás patologias
descritas.
José Casanova
Ruben Fonseca
Dados Demográficos
Etiopatogenia
• Invasão venosa ou linfática de células do tumor primitivo
• Circulação de êmbolos e células tumorais
• Retenção de êmbolos tumorais circulatórios em plexos capilares
medulares
• Extravasação de células tumorais
• Multiplicação de células tumorais com crescimento de estroma
vascularizado formando um tumor ósseo secundário
Mecanismos da metastização
• Neovascularização
• Capacidade invasão membrana basal e penetração endotélio vascular
• Capacidade de resistência ao fluxo sanguíneo e ao sistema imune
• Propriedades intrínsecas das células tumorais
• Predisposição anatómica do hospedeiro, que permite a deposição de
células tumorais em localizações ósseas específicas
• As propriedades imunológicas do hospedeiro quer sistémicas quer locais,
e a sua resposta à migração celular do tumor primitivo.
Disseminação linfática e/ou sanguínea podem estar presentes isolada ou
conjuntamente.
Tumores de determinadas localizações primárias têm predileção por
determinadas localizações ósseas, devido as vias de disseminação
hematogénicas.
O sistema venoso avalvular de Batson, localizado em torno da coluna, permite
que as células tumorais atinjam os corpos vertebrais, , a pélvis, as costelas, o
craneo e as zonas proximais das extremidades dos membros (Exemplo próstata).
A destruição óssea pode ser provocada:
1. diretamente pelas células tumorais (TNF; TGFs; PTHrP);
2. pelo aumento da atividade osteoclástica (ativação do RANKL) e aceleração do
catabolismo ósseo .
A ativação de metástases formadoras de osso:
1. A osteoprotegerina, (OPG), é um receptor isco, que se liga ao RANKL e inibe
um aumento dos osteoclastos.
LOCALIZAÇÃO
• Qualquer osso pode ser atingido
• Maior envolvimento do esqueleto axial que do apendicular
• Alguns com localização preferencial (Prostata-coluna e bacia)
• Ossos longos predomínio metafisário
• Locais mais comuns: 1. Coluna (40%) 2. Costelas 3. Bacia 4. Crâneo, 5.
Fémur proximal; 6. Úmero proximal
• Metastização para mãos e pés é rara – Acrometástases – (pulmão; útero
(pés)
CLINICA
A base para o diagnóstico alicerça-se numa HISTÓRIA CLINICA rigorosa e feita
por sistemas
1. História de cancro (pessoal ou familiar) 2. Perda de peso 3. Fadiga 4. Perda de
apetite 5. Mal estar geral 6. Sangramento gastrointestinal 7. Hematúria 8.
Dificuldade respiratória 9. Dor e sua tipologia (75%).
O EXAME FISICO, deve focar-se nos Big 5 – Mama; pulmão; próstata; tiroide e
rim. Avaliar os nódulos linfáticos.
ESTUDOS LABORATORIAIS
Bioquímica completa incluindo estudos eletrólitos – Ca; Fosfatase alcalina;
Hemograma com leucograma; PSA, CEA; α Feto; Ca19.9; Ca125;
imunoelectroforese das proteínas séricas e urinárias
IMAGIOLOGIA
RX local ósseo em 2planos
Ecografia mamária; vaginal e transrectal; tiroideia
TAC Toraco Abdomino Pélvico
Cintigrama ósseo
TRATAMENTO
1. Terapia da dor
• Radioterapia – diminuição efetiva da dor em 53% casos.
• Escalonamento progressivo dos regimes terapêuticos.
• Agentes não narcóticos; adjuvantes (corticóides, bifosfonados,
neuropáticos, antidepressivos e ansioliticos); opióides; bloqueios
nervosos.
2. Tratamentos médicos
• Tratamentos dirigidos ao tumor primitivo
• Avaliação da resposta terapêutica – marcadores
• Tratamento da doença tromboembólica e sua profilaxia
• Avaliação de riscos cardiovasculares
• Avaliação Hipercalcemia Maligna (10 a 15%)
Sintomas precoces: Poliúria/polidipsia; Anorexia; Fraqueza e
Fatigabilidade fácil.
Sintomas tardios: Irritabilidade; Depressão; Coma; Fraqueza profunda;
Náuseas/Vómitos; Prurido; Alterações visuais.
Tratamento requer: Hidratação; infusão de bifosfonados.
• A administração de bifosfonados diminui o risco de fraturas patológicas
(aumenta o espaço temporal para o surgimento de Skeletal Related
Events).
• Sobrevivência média em doentes com metástases:
o Carcinoma da tiróide – 48 meses
o Carcinoma da próstata – 40 meses
o Carcinoma da mama – 24 meses
o Carcinoma renal, carcinoma pulmonar e melanoma – 6 meses ou menos.
3. Tratamento Ortopédico
O ortopedista é chamado a colaborar no tratamento de fraturas patológicas e no
de fraturas iminentes.
3.1- FRATURAS PATOLÓGICAS
• Na indicação da terapêutica o tipo de dor e o seu local de origem, são
factores importantes.
• O método de fixação deve permitir mobilização imediata, e não depender
do processo reparatório da fractura para obter estabilidade.
• Em doentes com lesões secundárias na coluna com deficites neurológicos,
a cirurgia deve descomprimir a medula.
• Metástases de surgimento precoce na evolução da doença – pior
prognóstico
• Doentes com metástases únicas e tardias, melhor prognóstico, pelo que
são candidatos ideais para reconstruções duradouras e megapróteses.
• A extensão e o grau de dificuldade técnico da cirurgia deve ser
considerado no que diz respeito, ao estado geral do doente, expectativa de
vida, tempo de recuperação e resultado funcional. A intensidade da dor e
o estado funcional do doente deve ser considerado.
• A técnica programada deve melhorar a mobilidade, diminuir a dor, e
facilitar os cuidados gerais do doente
• A técnica a utilizar não deve igualar ou exceder em termos de
proporcionar uma recuperação funcional, a sobrevida previsível do
doente.
• Fracturas patológicas em ossos chatos e corpos vertebrais são tratadas
por métodos conservadores
• Fracturas em ossos longos – estabilização cirúrgica.
Ossos longos:
• Encavilhamento endomedular (sempre que possível)
• Cimento
• Placas
Periarticular:
• Megapróteses com hastes longas
Bacia e acetábulo:
• Artroplastia total da anca, ou de reconstrução
• Anéis
• Cimento aramado
Coluna
• Descompressão anterior e reconstrução, habitualmente suplementada
por estabilização posterior
• Estabilização
• Prevenção das complicações neurológicas
• Cimento – Vertebroplastias e cifoplastias (muito utilizadas)
Cavilha e
cimento
Encavilhamento Megaprótese
Espaçador e placas
Cimentoplastia
LESÕES DO JOELHO
MEDICINA DESPORTIVA
Conceitos essenciais
Texto de apoio.
Deve estimular a presença nas aulas, para visualização de casos
clínicos e de iconografia referente às patologias descritas.
José Casanova
Fernando Fonseca
João Pedro Oliveira
O joelho é a articulação mais envolvida em patologia associada à atividade desportiva,
sendo a entorse o resultado dos mecanismos lesionais envolvidos.
A articulação do joelho, deve a sua estabilidade ao aparelho meniscoligamentar e ao
envelope muscular.
EPIDEMIOLOGIA
MECANISMOS LESIONAIS
1 2
Os mecanismos lesionais mais frequentes envolvem o posicionamento do joelho em
VALGO – ROTAÇÃO EXTERNA (1) e VARO - ROTAÇÃO INTERNA (2).
Como consequência destes mecanismos em 1 cedem inicialmente as estruturas
mediais (ligamento medial, cápsula, menisco medial, LCA, LCP, menisco lateral e
podendo terminar numa luxação do joelho)
Assim a associação de rotura do ligamento colateral medial + menisco medial + LCA
recebe a designação de tríade infeliz de O’ Donoghue. A continuidade do mecanismo
lesional pode associar a estas lesões a rotura do LCP e do menisco lateral naquilo que
se designa por pentada interna.
Já as lesões produzidas pelo mecanismo 2, habitualmente provocam uma cedência das
estruturas externas. Assim a associação de rotura do ligamento colateral lateral +
menisco lateral + LCA recebe a designação de tríade externa e na continuidade do
mecanismo lesional pode também haver lesão do LCP + lesão do menisco interno, que
recebe a designação de pentada externa.
Tendo como base estes mecanismos lesionais, são sinais de gravidade das lesões:
• Sensação de estalido
• Lesão em apoio monopodal
• Edema e derrame articular imediato
• Impotência funcional total, com incapacidade de retoma da atividade
desportiva
ROTURA MENISCAL
MENISCO FUNÇÕES:
1. Absorção e distribuição das cargas
2. Absorção dos choques
3. Melhoria da congruência articular
4. Estabilização do joelho
5. Melhoria da distribuição do líquido sinovial
6. Proprioceptividade
MECANISMO
Combinação de forças de compressão e rotação axial em associação com valgo-varo e
flexão-extensão.
INCIDÊNCIA
• Sexo feminino – 70-80%
• Menisco medial – 74%
• Condropatia associada – 42-52%
• Lesão ligamentar – 11-47%
CLÍNICA
• Antecedente traumático
• Em idosos com meniscose trauma mínimo
• Saber data de início sintomas – Bloqueio (50%); Derrame sero-hemático em
situações agudas; sensação de rasgadura
• Falência articular
• Dor na interlinha
• Limitação do arco de movimento
MANOBRAS
• Manobra de Judet-Genety
Doente em decúbito ventral, joelho em extensão sobre maca, perna sem apoio,
observa-se um calcanhar elevado. Ao tentar reduzir essa diferença de altura, encontra-
se uma resistência que se opõe à extensão, acompanhada de dor na interlinha articular
– lesão meniscal.
• Manobra de Appley (Sensibilidade:0.97; Especificidade:0.87)
Decúbito ventral, joelho fletido a 90º. Provoca-se uma compressão vertical da
articulação femoro-tibial, depois imprime movimentos de rotação interna e externa da
tíbia e sobre o fémur. Este teste é positivo, este teste provoca uma dor: em rotação
externa – atinge o menisco interno; em rotação interna – atinge o menisco externo.
• Manobra de MacMurray (Sensibilidade: .16; Especificidade: .98.)
Doente colocado em decúbito dorsal com o joelho estabilizado. Faz-se rotação da tíbia
seguida de extensão do joelho enquanto se aplica uma carga em varo ou valgo. O teste
é positivo quando se encontra um click durante a extensão a nível médio indicando
uma rotura meniscal.
Diagnóstico Diferencial
• Rotura LCA
• Corpo livre
• Osteocondrite dissecante
• Fratura osteocondral
• Gota
• Osteoartrose
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
TRATAMENTO
Remodelação ou sutura meniscal artroscópica
FUNÇÕES
- Estabilizador primário do joelho
- Opõe-se à translação anterior da tíbia
INCIDÊNCIA
- 0.3 casos por 1.000 habitantes por ano
- Futebol, basquetebol, sky, são os desportos de maior risco
MECANISMO
Movimento combinado:
• Torsão com joelho em flexão
• Hiperextensão forçada sem apoio
CLÍNICA
• Dor intensa
• Estalido
• Sensação de rasgadura (the famous pop)
• Hemartrose sem glóbulos de gordura
EXAME FÍSICO
• Manobra da gaveta anterior (Sensibilidade .91; Especificidade: 1.0)
EXAMES COMPLEMENTARES
- Radiologia (face, perfil e axial rótulas)
• Sinal de Segond
Fratura-avulsão tibial pela cápsula antero-externa (Fratura de Segond)
Quase sempre associada a rotura completa do LCA (Sinal)
Plastia musculotendinosa
Plastia osso-tendão-osso
LIGAMENTO CRUZADO POSTERIOR
Lesão rara
MECANISMO
Traumatismo posterior com joelho em flexão
Hiperflexão
Hiperextensão apoiada
Varo/Valgo
Combinação
EXAME FÍSICO
• Gaveta posterior
• Teste de contração ativa músculo quadricipital
• Recurvato rotação externa
Gaveta posterior (Sensibilidade: .90; Especificidade: .99) – Mesma manobra mas em
sentido posterior, método descrito para gaveta anterior.
TRATAMENTO
As opções terapêuticas (conservador vs. ortopédico), dependem da idade do doente,
nível de atividade, lesões associadas.
São consideradas indicações para cirurgia:
- Rotura do LCP associada a rotura do LCA;
- Rotura do LCP associada a outras lesões ligamentares (postero-externa), ou associada
a roturas meniscais.
- CIRURGIA:
• Fratura da espinha tibial – Reinserção
• Rotura do LCP – Plastia de reconstrução
Muito frequente
Por traumatismo direto
Por lesões sem contacto
Exploração clínica – Prova de Valgo Forçado (comparar com o joelho não lesado)
LESÕES COMPLEXAS
Pentada
Luxação do joelho – temporária, com redução
espontânea.
Sumário
1
B – Patologia cirúrgica do punho e mão
10. Considerações gerais ............................................................ 36
11. Fraturas da extremidade distal do rádio ............................... 41
12. Fraturas dos ossos do carpo .................................................. 46
13. Fraturas dos metacárpicos .................................................... 51
14. Fraturas das falanges ............................................................ 57
15. Luxações do carpo ................................................................ 63
16. Luxações metacarpofalângicas ............................................. 64
17. Luxações interfalângicas ....................................................... 66
18. Síndrome do canal cárpico .................................................... 67
19. Síndrome do canal ulnar de Guyon ........................................ 70
20. Tenossinovite estenosante de De Quervain ........................... 72
21. Dedo “em ressalto” ou gatilho .............................................. 73
22. Quistos sinoviais ................................................................... 74
23. Doença de Dupuytren ............................................................ 75
24. Rizartrose ............................................................................. 77
25. Doença de Kienböck .............................................................. 79
26. Infeções da mão ................................................................... 81
27. Malformações congénitas da mão ......................................... 87
2
A – Patologia cirúrgica do cotovelo e antebraço
1. Considerações gerais
Fig. 1.1. Região posterior do cotovelo: com o cotovelo flectido a 90º o epicôndilo, a
epitróclea e a ponta do olecrano formam um triângulo isósceles (triângulo de
3
Nélaton). No cotovelo posicionado em extensão estas referências anatómicas estão
alinhadas (linha de Heuter).
Fig. 1.2. Vasos e nervos da região do cotovelo: artérias braquial, radial, ulnar;
nervos ulnar, mediano e radial (ramo motor e sensitivo).
4
rádio. Por sua vez, pode ocorrer um quadro de “cotovelo flutuante” quando a
fraturas complexas do úmero distal se associam fraturas do rádio e da ulna.
A preocupação maior nas fraturas com compromisso articular, nas fraturas
cominutivas e/ou com desvios significativos, tem a ver com a reconstituição da
anatomia do cotovelo e, desta forma, evitar a instalação progressiva de uma
artrose.
Daí os objectivos da intervenção cirúrgica incluírem: redução anatómica das
fraturas, fixação estável da superfície articular, restauração do alinhamento do
eixo articular, alinhamento e fixação estável do segmento articular com a
metáfise e a diáfise e, por último e não menos importante, uma mobilização
precoce do cotovelo de modo a evitar a rigidez articular. Aliás, estes princípios
aplicam-se, de um modo geral, ao tratamento de qualquer tipo de fratura
óssea. Ao cabo e ao resto com estas medidas tenta-se evitar a instalação de
um quadro clínico de doença fraturária óssea: atrofia das partes moles, rigidez
articular e osteoporose.
5
Fig.2.1. Classificação das fraturas da extremidade distal do úmero.
Fig.2.2. Fraturas supracondilianas de traço simples. Por flexão (1) e por extensão
(2).
6
Fig.2.3. Exame radiográfico do cotovelo direito numa criança mostrando uma
fratura supracondiliana do úmero de traço simples por extensão, as mais
frequentes.
7
O tratamento destas fraturas depende do desvio dos topos ósseos e da
estabilidade da fratura após a redução ortopédica.
Assim, as fraturas sem desvio e estáveis são imobilizadas com gesso
braquipalmar (tala gessada posterior) durante 3-4 semanas.
As fraturas instáveis, uma vez conseguida a redução ortopédica, são fixadas
com fios metálicos e imobilizadas com gesso braquipalmar. Por vezes, é
necessário reduzir estas fraturas por via aberta/cirúrgica e proceder à sua
fixação igualmente com fios metálicos, por forma a restabelecer a anatomia do
cotovelo (Fig. 2.5).
8
Fig. 2.6. Ilustrações representativas do tratamento de fraturas supracondilianas do
úmero no adulto: osteossíntese com placa e parafusos em fratura cominutiva e em
fratura de traço simples.
Fig. 2.7. Osteossíntese de uma fratura supra e intercondiliana do úmero com placa
em Y e parafusos.
9
Fig. 2.8. Osteossíntese de uma fratura supra e intercondiliana do úmero com placas
e parafusos.
10
semanas, seguida de reabilitação funcional do cotovelo. Nas situações em que
existe deslocamento dos côndilos está indicada uma osteossíntese da fratura,
por forma a reconstituir a anatomia da superfície articular (Fig. 2.11).
11
Fig. 2.12. Fratura da epitróclea com o fragmento ósseo interposto “encarcerado” na
zona da interlinha articular do cotovelo.
Nas fraturas com desvio procede-se à redução e fixação do fragmento com fios
metálicos ou parafusos (Fig. 2.13). Nas crianças os fios metálicos são menos
agressivos para a cartilagem de crescimento. Uma imobilização braquipalmar
durante 3 semanas é suficiente no tratamento das fraturas da epitróclea sem
desvio.
As fraturas do epicôndilo, com e sem desvio, tratam-se de forma semelhante
às fraturas da epitróclea.
12
No último tipo de fratura, se o fragmento for de reduzidas dimensões, não
sendo possível uma osteossíntese, deve ser removido cirurgicamente, por via
aberta ou por artroscopia, caso contrário constitui um corpo livre intra-
articular. Nas fraturas com grande fragmento deve-se proceder a uma
osteossíntese do fragmento com parafusos, por forma a restabelecer a
anatomia da articulação.
13
Estas lesões podem também ocorrer por traumatismo direto, embora com
menor frequência.
Classificação das fraturas da cabeça do rádio (Fig. 3.1): traço simples (sem
deslocamento, com deslocamento <1 mm e com deslocamento >1 mm) e
cominutivas (sem deslocamento e com deslocamento).
14
passiva precoces. Aspirar o sangue do derrame articular se houver dor
significativa.
As fraturas de traço simples com deslocamento <1 mm são tributárias de
redução cirúrgica e osteossíntese com parafusos ou com placas e parafusos no
caso de a fratura envolver mais de um terço da cabeça (Fig. 3.2). Deve-se
conservar, sempre que seja possível, a cabeça do rádio. Há sempre tempo
para a sua excisão, se houver sintomatologia e a evolução o justificar. Nos
doentes idosos aceita-se um tratamento conservador.
a b
c d
Fig. 3.2. a) Fratura da cabeça do rádio numa criança. b) c) e d). Esquema
ilustrativo e exames radiográficos de osteossíntese de fraturas da cabeça do rádio
com parafusos.
As fraturas de traço simples com deslocamento >1 mm, têm indicação para a
cirurgia de ressecção da cabeça. No entanto, nos doentes adultos jovens pode-
se proceder à osteossíntese, desde que se consiga uma redução anatómica da
fratura. Nos idosos, considerar o tratamento conservador.
15
As fraturas cominutivas sem desvio são tributárias de tratamento conservador.
Nas cominutivas com desvio está indicada a excisão da cabeça do rádio.
Contudo, nos doentes adultos jovens considerar a osteossíntese da fratura, se
possível, ou a implantação de uma prótese metálica, por forma a evitar a
subluxação radioulnar inferior e a instabilidade do cotovelo (Fig. 3.3). Nas
crianças a excisão da cabeça radial está proscrita, porque origina deformidades
significativas, cotovelo valgo.
Fig. 3.3. Osteossíntese de fratura da cabeça radial com placa e parafusos. Nas
fraturas cominutivas com desvio pode estar indicada a substituição da cabeça radial
por uma prótese metálica.
Classificação das fraturas do colo do rádio (Fig. 3.4): sem deslocamento, com
deslocamento moderado (báscula <30º), com deslocamento acentuado
(báscula> 60º), sem contacto das superfícies da fratura (báscula> 90º).
Fraturas frequentes, sobretudo em crianças.
As fraturas sem deslocamento ou com pequeno desvio (báscula <15º) são
tratadas com uma imobilização gessada braquipalmar durante 3 semanas.
Nas fraturas com desvio, procede-se a uma redução da fratura através de
manobras ortopédicas. No caso de não se conseguir a redução ortopédica,
procede-se à redução e fixação cirúrgicas da fratura. Em quaisquer das
situações, o cotovelo deve ser imobilizado durante 3 semanas, seguido por
uma reabilitação funcional precoce para evitar a rigidez articular.
16
Fig. 3.4. Classificação das fraturas do colo do rádio.
Por seu turno, as fraturas sem contacto das superfícies fraturárias requerem
uma redução cirúrgica seguida por uma fixação com fio metálico (Fig. 3.5 e
3.6). Recomenda-se uma imobilização protetora do cotovelo durante 3-4
semanas.
Fig. 3.5. Fratura do colo do rádio com deslocamento acentuado, numa criança.
Redução cirúrgica e fixação com um fio metálico.
17
Fig. 3.6. Redução cirúrgica de fratura do colo do rádio e
fixação com fio metálico transcondiliano que deve ser
removido precocemente (3 semanas) para evitar uma
rigidez do cotovelo.
c) Fraturas do olecrano
18
Fig. 3.7. Classificação das fraturas do olecrano.
19
Fig. 3.9. Desenho ilustrativo e exames radiográficos de fraturas de traço simples do
olecrano tratadas através de uma osteossíntese com 2 fios metálicos e cabo
metálico em banda de tensão (cerclagem em figura de oito).
20
As fraturas da ponta são tratadas com imobilização gessada durante 2-3
semanas. No caso de o fragmento penetrar na articulação do cotovelo está
indicada a sua excisão cirúrgica.
As fraturas da base têm indicação para fixação cirúrgica com parafusos ou
placa e parafusos, porque são fraturas articulares e muito instáveis, pela ação
do músculo braquial anterior (Fig. 3.11). Para além disso, estão geralmente
associadas a luxação posterior do cotovelo.
21
Fig. 4.1. Luxação posterior e lateral do cotovelo esquerdo com fratura da cabeça do
rádio.
Tem a ver com uma subluxação da cabeça radial que rompe o ligamento
anular, numa criança com 2-6 anos de idade, tendo como mecanismo uma
tração exercida com o antebraço em extensão e em pronação, no sentido
longitudinal. É uma lesão específica da criança.
22
Na maioria das situações é provocada pela mãe quando atravessam uma rua:
a mãe puxa a criança pela mão e levanta-a para subir o passeio. Outra
situação semelhante é quando os pais ajudam a criança a subir uma escada,
ou quando balançam a criança segurando-a pelas mãos (Fig. 5.1).
23
Movimentos de pronação e supinação alternados podem ser suficientes para
conseguir a redução. Considerar que a redução pode acontecer de forma
espontânea. No caso de não ser conseguida a redução da subluxação, pode
ocorrer uma deformidade permanente do cotovelo.
6. Bursite olecraniana
24
7. Epicondilite e epitrocleíte
25
epicondilite. A dor também pode surgir quando se ergue uma xícara cheia de
café. Outro sinal fidedigno é a presença de dor no epicôndilo quando se
procede à extensão contra resistência do dedo médio da mão.
a) b) c)
Fig. 7.2. Na avaliação da epicondilite, a palpação do epicôndilo é dolorosa (a). Os
movimentos de extensão contrariada do punho e a pronação contrariada do
antebraço (b) e a extensão contra resistência do dedo médio da mão (c) causam
dor no epicôndilo.
26
a) b)
Fig. 7.3. a) A epitrocleíte ocorre nos desportistas que praticam golfe (“golfer
elbow”) e nos que lançam dardo. b) A prova da cadeira com punho em extensão
(palma da mão virada para trás) orienta para o diagnóstico de epicondilite.
27
Fig. 8.1. A palpação e percussão da goteira epitrócleo-olecraniana provocam
parestesias.
a) b) c)
Fig. 8.2. Compressão do nervo ulnar a nível do cotovelo. a) Parestesias a nível do
4º e 5º dedos. b) Atrofia dos músculos interósseos. c) Garra cubital.
28
Fig. 8.3. Doente com compressão do nervo ulnar no cotovelo após traumatismo
antigo (veja-se cicatriz na face medial do cotovelo). Queixa-se de hipoestesia no
lado medial da mão até metade ulnar do 4º dedo e apresenta garra cubital.
Exames complementares
Radiografia do cotovelo: pode pôr em evidência uma artrose do cotovelo, um
osteófito agressivo que pode comprimir o nervo, uma malformação óssea ou
uma deformidade do cotovelo, como é o caso de cúbito valgo.
Eletromiografia: permite afirmar e determinar o nível da lesão do nervo.
Ecografia e RM: exames importantes para procurar e determinar a natureza de
uma eventual lesão tumoral.
29
9. Fraturas diafisárias e fraturas-luxações dos ossos do antebraço
Classificação
As fraturas diafisárias são classificadas de acordo com a classificação do
Serviço de Ortopedia dos HUC em tipos A, B, C e D (Fig. 9.1). Deve-se levar
em linha de conta a lesão óssea e a presença ou ausência de lesões das
estruturas ligamentares do punho e do cotovelo.
Pode ocorrer fratura isolada da ulna (choque direto com bastão, por exemplo),
fratura isolada do rádio ou fratura dos dois ossos do antebraço.
A fratura-luxação de Monteggia associa uma fratura proximal da ulna e uma
luxação radioulnar superior, ou melhor, e uma luxação da cabeça do rádio
(anterior, posterior ou lateral) (Fig. 9.2).
A fratura-luxação de Galeazzi associa uma fratura do rádio distal e uma
luxação/disjunção radioulnar distal (Fig. 9.3).
30
Fig. 9.1. Classificação das fraturas diafisárias do membro superior e inferior (HUC).
31
A lesão de Essex-Lopresti ocorre por um mecanismo de compressão axial
violenta (queda sobre a palma da mão) e produzem-se, em simultâneo, uma
fratura cominutiva da cabeça radial e uma disjunção da articulação radioulnar
distal. Neste caso existe uma rotura da membrana interóssea que destabiliza
os dois ossos do antebraço (Fig. 9.4).
Diagnóstico clínico
Deve-se identificar o mecanismo da lesão e distinguir entre traumatismos de
alta ou baixa energia cinética. Podem-se encontrar deformidades segundo a
natureza do acidente. Deve-se examinar cuidadosamente o cotovelo e o punho
procurando uma lesão articular, vascular ou neurológica. Registar e repetir o
exame vasculonervoso distal. O exame radiográfico de frente e perfil deve
abranger a articulação do cotovelo e o punho (Fig. 9.5).
32
Fig. 9.5. Exame radiológico do antebraço onde se pode observar uma fratura da
ulna e luxação anterior da cabeça radial. O exame deve abranger o cotovelo e o
punho. Avaliar a congruência da articulação radioulnar distal.
Tratamento
A maioria das situações são tributárias de tratamento cirúrgico através da
osteossíntese das fraturas com placas e parafusos (eventualmente com
implantes endomedulares) e correção das lesões radioulnares (Fig. 9.6). Deste
modo, restabelece-se o comprimento dos ossos do antebraço, a curvatura do
rádio, a prono-supinação e, em última análise, a anatomia e fisiologia
perdidas. Por outro lado, a osteossíntese autoriza uma mobilização e
recuperação funcional precoces.
33
Nos casos de fraturas isoladas do rádio ou da ulna, sem desvio, o tratamento
pode ser conservador: gesso braquipalmar com cotovelo flectido a 90º,
seguido por um gesso funcional. A consolidação das fraturas diafisárias dos
ossos do antebraço é demorada, durante cerca de 3-4 meses, daí o tratamento
cirúrgico ser o mais seguido. Contudo e de uma forma geral, as fraturas
diafisárias do terço superior devem ser imobilizadas em supinação, as do terço
médio em posição neutra e, as do terço inferior em pronação, por forma a
manterem a estabilidade mecânica.
Nas fratura-luxação de Monteggia procede-se à redução e osteossíntese da
fratura da ulna com placa e parafusos e redução da luxação da cabeça radial
(com ou sem reparação do ligamento anular) – Fig. 9.7.
34
Fig. 9.8. Tratamento cirúrgico de fratura-luxação de Galeazzi (osteossíntese do
rádio com placa e parafuso, redução da luxação radioulnar distal e fixação
temporária com fios de Kirschner).
Complicações
Síndrome compartimental (síndrome de Volkmann: mão em garra por
retração isquémica irreversível dos flexores das dedos).
Sinostose radioulnar (ossificação da membrana interóssea com perda da
prono-supinação).
Instabilidade radioulnar.
Limitação da prono-supinação em casos de consolidação viciosa em
rotação e/ou encurtamento do rádio e/ou da ulna.
Artrose do cotovelo e do punho.
35
B – Patologia cirúrgica do punho e mão
Fig. 10.1. O carpo é constituído por oito ossos distribuídos por duas fileiras.
36
hiperextensão de 20-30º. Em flexão os ligamentos laterais estão sob tensão e
distendem-se em extensão.
As articulações interfalângicas são verdadeiras trócleas permitindo o
movimento de flexão/extensão, exclusivamente.
A sensibilidade da mão depende predominantemente do nervo mediano
(primeiro, segundo, terceiro dedos e bordo radial do quarto dedo), do nervo
ulnar (bordo ulnar do quarto dedo e quinto dedo) e nervo radial (dorso da
mão).
A pele dos dedos da mão está fixa à estrutura óssea através de ligamentos e
de septos.
A irrigação sanguínea é assegurada predominantemente pela artéria ulnar,
com a formação dos arcos superficial e profundo por anastomose com a artéria
radial.
A complexa anatomia da mão expressa as múltiplas funções que pode realizar
e, também, as diferentes lesões que pode apresentar. O estudo e tratamento
das lesões da mão constituem, em muitos países, uma especialidade cirúrgica.
O tratamento das lesões da mão tem como escopo primordial a recuperação da
função. A perda da função pode estar na origem de incapacidade assinalável,
uma vez que a mão é um instrumento de trabalho e de relação social.
37
a b c d
Fig. 10.2. A prova de Allen avalia a permeabilidade das artérias ulnar e radial. a) O
doente eleva e fecha a mão enquanto o examinador bloqueia o fluxo vascular de
ambas as artérias. b) Após a extensão dos dedos a mão apresenta palidez. c)
Quando se desbloqueia apenas a artéria radial a cor da mão volta ao normal se a
artéria radial estiver permeável. d) Procede-se de igual forma para a artéria ulnar:
no caso de estar obstruída (trombose) a cor da mão permanece pálida e a prova é
positiva.
38
Neste contexto, torna-se importante conseguir a redução correta das fraturas e
das fraturas-luxações para evitar as sequelas, tais como as deformidades
rotacionais e angulares e as alterações degenerativas articulares.
Os dedos fletidos convergem para a eminência tenar (escafoide), se assim não
for, existe um defeito da rotação das estruturas ósseas (Fig. 10.3). O arco
longitudinal e transversal da mão deve estar conservado.
39
Fig.10.4. Posição de segurança da mão e posição de função da mão.
Noutras situações a mão pode ser imobilizada em posição de função, uma vez
que pode prevenir igualmente a rigidez articular e ajudar no alívio da dor, ao
permitir um melhor relaxamento muscular e ligamentar: punho imobilizado em
extensão, a metacarpofalângica fletida a 60º, a articulação interfalângica
proximal fletida a 25º-30º e a articulação interfalângica distal fletida a 10º-20º
(Fig. 10.4).
Imobilizar apenas as regiões anatómicas imprescindíveis e durante o menor
tempo possível (2-3 semanas é o indicado na maioria das situações
traumáticas), para evitar a rigidez articular. Manter os movimentos dos dedos
não lesados, sempre que possível. Não empregar movimentos forçados
passivos nas articulações interfalângicas porque é causa de stress e rigidez
articulares. Manter a mão elevada para evitar o edema.
No que diz respeito à consolidação das fraturas da mão, a maioria das fraturas
com desvio, corretamente reduzidas e imobilizadas, ao fim de 3-4 semanas
podem ser mobilizadas, de uma forma prudente, sem esforço e sem carga,
apesar de não haver sinais radiográficos de consolidação óssea. Para isso, o
dedo fraturado deve ser sistematicamente solidarizado aos dedos sãos. Esta
precaução deve ser aplicada o tempo que for necessário, variando com a
localização da fratura. Assim, nas fraturas diafisárias da falange proximal pode
ser necessário ir até às 7 semanas e nas fraturas diafisárias da falange média
um pouco mais.
Notar que a abertura do foco de fratura e a osteossíntese da fratura alongam o
tempo de consolidação, e que no período pós-operatório não são dispensadas
as precauções acima referidas.
40
11. Fraturas da extremidade distal do rádio
Quadro nosográfico
Correspondem às fraturas metafisárias e epifisárias do rádio distal, articulares
ou extra-articulares. Englobam as fraturas do quarto distal dos dois ossos do
antebraço e as associações com um arrancamento da estiloide radial.
Acompanham-se por lesões radioulnares distais ou intracárpicas.
Epidemiologia
Ocupam o lugar cimeiro na frequência de fraturas traumáticas do aparelho
locomotor. Com um pico no adulto acima dos 60 anos, predominando nas
mulheres com osteoporose, são também frequentes em jovens que sofreram
um traumatismo violento (desporto, tráfico, trabalho).
Resultam de uma queda sobre a mão com o punho em hiperextensão (fraturas
com desvio dorsal), em hiperflexão (fraturas com desvio palmar), em
inclinação radial (fraturas da estiloide radial, chauffeur) ou em inclinação ulnar.
Classificação (Fig.11.1)
Fraturas por extensão (com ou sem envolvimento da superfície articular,
com ou sem desvio).
Fraturas por flexão (com ou sem envolvimento da superfície articular,
com ou sem desvio).
Fraturas marginais anteriores.
Fraturas marginais posteriores.
Fraturas da estiloide radial ou de chauffeur
41
Fig. 11.1. Classificação das fraturas da extremidade distal do rádio.
42
Tratamento
As fraturas do rádio distal consolidam em pouco tempo (4-6 semanas), a taxa
de não consolidação é baixa, devido ao facto de este zona ser bem
vascularizada (osso esponjoso).
As fraturas por flexão ou por extensão sem desvio são tratadas com uma
imobilização com aparelho gessado braquipalmar durante 1-2 semanas,
seguido por um punho gessado até à estabilização das lesões, por volta das 4-
5 semanas.
As fraturas por flexão ou por extensão com desvio devem ser em primeiro
lugar reduzidas e, depois, imobilizadas com um gesso braquipalmar ou fixadas
com material de osteossíntese (fios metálicos, fixadores externos), por forma a
não perderem a redução conseguida.
A redução da fratura pode ser conseguida por manobras externas ou por via
aberta, cirúrgica. A redução por manobras externas deve ser efectuada sob
anestesia (plexo braquial ou geral).
As fraturas por extensão com desvio, sem envolvimento da superfície articular,
por exemplo a fratura de Pouteau-Colles, são reduzidas e imobilizadas com um
gesso braquipalmar posicionando o antebraço em supinação relaxada, o punho
em ligeira flexão e desvio ulnar, durante 3 semanas. Depois, o gesso é
substituído por um punho gessado durante mais 3 semanas.
As manobras de redução compreendem três movimentos elementares, numa
ordem cronológica: tração do punho segundo o eixo do antebraço; flexão
palmar da mão e inclinação ulnar. Ao cabo e ao resto estas manobras
consistem na realização dos movimentos inversos aos que provocaram a
fratura.
No caso de não se conseguir uma redução aceitável da fratura ou a fratura
mostrar-se instável, é preferível recorrer a um tratamento cirúrgico: redução e
fixação da fratura com fios metálicos e punho gessado que será removido às 4-
5 semanas. Ao fim das 6 semanas retiram-se os fios metálicos e continua-se a
reabilitação funcional do punho.
43
As fraturas por extensão com desvio, com envolvimento da superfície articular,
são tributárias de tratamento cirúrgico: redução e osteossíntese com fios
metálicos, placas e parafusos, osteotaxia ou osteotaxia e fios metálicos, por
forma a restabelecer a congruência articular (Fig. 11.3).
a) b)
Fig. 11.4. Fraturas do rádio distal. a) Fratura-luxação cominutiva da extremidade
distal do rádio, com envolvimento da superfície articular, com indicação cirúrgica.
b) Fratura do rádio distal com desvio, redução e estabilização com fixadores
externos (osteotaxia).
44
As fraturas por flexão com desvio, sem envolvimento da superfície articular,
são tratadas de forma semelhante às fraturas por extensão, diferindo nas
manobras de redução e da posição de imobilização da mão, que são inversas.
De igual modo, se houver envolvimento da superfície articular, estas fraturas
têm indicação cirúrgica.
Fig. 11.5 Fratura exposta da extremidade distal dos ossos do antebraço. Redução e
estabilização com fixadores externos. Fasciotomia do antebraço por síndrome
comportamental.
Esfacelo
45
Complicações das fraturas da extremidade inferior do rádio
Algoneurodistrofia (atrofia óssea de Sudeck).
Síndrome do canal cárpico.
Rotura do longo extensor do polegar.
Desvio secundário da fratura.
Incongruência radioulnar distal.
Consolidação viciosa.
Qualquer dos ossos que constituem o carpo pode apresentar uma fratura.
Contudo, apenas descrevemos os aspectos mais salientes relacionados com as
fraturas do escafoide, por serem as mais frequentes.
46
À semelhança do talus, o escafoide tem uma vascularização precária, no
sentido distal para proximal. A maioria dos vasos nutritivos penetra na metade
distal.
Cerca de quatro quintos do osso estão cobertos por cartilagem. Apenas uma
pequena área permite a penetração dos vasos sanguíneos, 80% dos vasos
penetram na porção distal e dorsal e 20% no tubérculo do escafoide (face
palmar). Daí, as fraturas localizadas em posição proximal à entrada dos vasos
nutritivos comprometerem a irrigação do fragmento proximal com o risco de
necrose asséptica, ou seja, quanto mais proximal for a fratura maior é o risco
de pseudartrose e de necrose do fragmento proximal.
a) b)
Fig. 12.2. Fratura do escafoide cárpico: a) aspecto radiológico na incidências de
frente e perfil de uma fratura do colo do escafoide. A figura da direita (b)mostra
uma fratura do escafoide cárpico de difícil identificação na radiografia de frente o
que não acontece na TAC. O exame mais sensível para o despiste destas fraturas
”ocultas” é a RM.
47
durante 15 dias e voltar a radiografá-lo recomendando-se, para isso, efetuar a
radiografia sem gesso ou outro material, para melhor identificação da lesão. Se
houver uma fissura/fratura o exame radiográfico mostra a lesão devido ao
processo de reabsorção dos topos ósseos e, então, continuamos o tratamento.
Esta é uma atitude aceitável, porque mesmo que não haja uma fratura a
imobilização permite tratar uma suposta lesão traumática (contusão, entorse).
O exame com mais sensibilidade para detetar uma fratura do escafoide é a RM,
sendo no entanto o mais dispendioso e de mais difícil acesso. Um hipossinal
em T1 e T2 identifica a fratura/fissura.
imobilização por 3 semanas se sem alterações radiológicas, mas com clínica.
Tratamento: O tratamento destas fraturas é determinado pelo desvio e
estabilidade da fratura.
No que concerne ao tratamento conservador consiste numa imobilização,
durante 3-4 semanas, com um gesso/aparelho braquipalmar. Notar que se
Para permitir imobiliza a primeira falange do polegar, com o polegar em posição de
pinça
oponência e o punho em discreta extensão (Fig. 12.3.a). Após este tempo, o
gesso é substituído por um gesso/aparelho antebraquipalmar, que deve ser
mantido até à consolidação da fractura que ocorre aos 2-3 meses com
imobilização da primeira falange do polegar.
Outro tipo de conduta consiste na aplicação de um gesso antebraquipalmar
com encaixe tipo Munster a nível do cotovelo (permite a flexão/extensão do
cotovelo, bloqueando a prono-supinação), a partir das 3 semanas e até ao final
do tratamento, com imobilização da 1ª falange do polegar. Com efeito, é
importante libertar o cotovelo o mais precocemente possível para evitar a
rigidez articular.
Neste tipo de fratura, continua a existir controvérsia sobre a posição do punho,
o tipo e extensão da imobilização (gesso braquipalmar ou antebraquipalmar) e,
também, quanto à imobilização do cotovelo e do polegar.
48
a) b)
Fig. 12.3. Aparelhos gessados para tratamento de uma fratura do escafoide sem
desvio a) Gesso braquipalmar: polegar em posição de oponência com imobilização
da primeira falange. b) Gesso antebraquipalmar com o polegar livre e ligeira
extensão do punho.
Seja como for, parece-nos que nas fraturas do escafoide sem desvio e estáveis
uma imobilização com aparelho antebraquipalmar (punho gessado), com o
punho em posição neutra e com o polegar livre, até à consolidação da fratura,
é uma opção terapêutica eficaz (Fig. 12.3.b). Para isso, torna-se importante
controlar radiograficamente a evolução da fratura, intervindo cirurgicamente se
porventura surgir um desvio inaceitável, ou pseudartrose.
As fraturas sem desvio e estáveis, como já referido, são geralmente tratadas
com imobilização gessada, podendo também ser tratadas por osteossíntese
minimamente invasiva (percutânea). Nas fraturas com desvio e instáveis
procede-se a uma osteossíntese (por via minimamente invasiva ou pelo
método aberto com parafusos de pequenos fragmentos ou parafusos
autocompressivos de Herbert – Fig. 12.4).
49
Complicações: As fraturas do escafoide podem evoluir para pseudartrose. Se
localizadas no polo superior, aumenta o risco de necrose asséptica do
fragmento proximal. A história natural destas complicações se não forem
tratadas em tempo útil é a evolução para artrose do punho.
Quanto à pseudartrose do escafoide, o tratamento cirúrgico inclui uso de
enxertos ósseos, estando indicados os enxertos vascularizados no caso de
necrose avascular do polo proximal (Fig. 12.5).
Matti-Russe
Fig. 12.5. Tratamento de pseudartrose do escafoide cárpico. Na técnica de Matti-
Russe usa-se um autoenxerto cortico-esponjoso do ilíaco. O foco da pseudartrose é
preenchido com o enxerto ósseo.
50
13. Fraturas dos metacárpicos
Fig.13.1. Tipos diversos de fraturas dos metacárpicos: oblíqua longa, oblíqua curta,
cominutiva, articular parcial e articular completa.
Fraturas do colo
Descritas classicamente como “fraturas do boxeur”. A fratura do colo do 5º
metacárpico é a mais frequente.
A cabeça do metacárpico bascula em flexão para a palma da mão (Fig. 13.2),
podendo apresentar um desvio lateral e uma rotação radial (4º e 5º
metacárpicos) ou rotação ulnar (2º e 3º metacárpicos).
51
As fraturas sem desvio ou com desvio mínimo justificam uma imobilização da
articulação metacarpofalângica em flexão (posição de estabilidade) durante 3 a
4 semanas.
No caso de haver desvio, procede-se à redução da fratura. Para isso, a
primeira falange deve ser fletida a 90º em relação ao metacárpico, o que
distende a cápsula articular. Depois, pressiona-se a cabeça do metacárpico no
sentido dorsal através da primeira falange. Em seguida imobiliza-se a fratura
com uma tala de alumínio maleável durante 3-4 semanas, incorporada ou não
num gesso antebraquipalmar (Fig. 13.3). Fazer exame radiográfico para
controlo da redução da fratura.
Fig. 13.3. Aspecto clínico da redução e imobilização com tala de Zimmer de uma
fratura do colo do 5º metacárpico.
52
Fig. 13.5. Fratura do colo do 4º metacárpico com o desvio: redução e osteossíntese
com um parafuso.
Fraturas da base
As fraturas da base do primeiro metacárpico são frequentes e apresentam
particularidades clínicas. Por sua vez, as fraturas da base dos outros
metacárpicos são causadas por traumatismos diretos e em regra não
apresentam desvios dos topos ósseos.
Assim, estudaremos as fraturas articulares de Bennett e de Rolando e as
fraturas extra-articulares do primeiro metacárpico.
53
Fragmento preso no ligamento
54
Fig. 13.8. Esquema representativo de osteossíntese de uma fratura extra-articular
do 1º metacárpico com fios de Kirschner. Exame radiográfico do mesmo tipo de
fratura: osteossíntese com placa e parafusos.
Fraturas diafisárias
Os metacárpicos estão fortemente unidos entre si por ligamentos e músculos,
de maneira que a maioria das fraturas da diáfise é estável e pode ser tratada
com uma imobilização gessadas durante 3 semanas, deixando livres a
articulações metacarpofalângicas.
Por sua vez, nas fraturas com desvio, o fragmento distal bascula em flexão
pela ação dos músculos flexores e músculos interósseos (Fig. 13.9). Forma ângulo de abertura
palmar
Fig. 13.9. Nas fraturas dos metacárpicos com desvio o fragmento distal bascula em
flexão pela ação dos músculos flexores e músculos interósseos, formando com o
fragmento proximal um ângulo de abertura palmar.
55
O tratamento destas fraturas consiste na sua redução, com controlo do desvio
rotacional. A contenção da fratura depende da estabilidade do foco da fratura
após a redução. No caso de estável e sem desvio, procede-se à imobilização
com uma tala de alumínio maleável durante 3 semanas, punho em extensão e
metacarpofalângica em flexão. As fraturas instáveis e as fraturas expostas têm
como tratamento a osteossíntese, adaptando-se a técnica ao tipo de fratura.
As fraturas oblíquas podem ser aparafusadas. Noutras, pode estar indicado
uma osteossíntese com placa e parafusos (cominutivas) (Fig. 13.10 e 13.11).
Seja como for, o encavilhamento percutâneo longitudinal com fios metálicos e
a fixação cirúrgica aberta das fraturas com fios metálicos são métodos muito
divulgados e usados (Fig. 13.12).
56
Fig. 13.12. Encavilhamento percutâneo longitudinal de uma fratura do 4º
metacárpico, que conduziu à sua consolidação.
57
ação dos músculos interósseos e o fragmento distal em extensão por ação do
aparelho extensor (Fig. 14.1).
Fig. 14.1. Fraturas da falange proximal e média com desvio. a) Na falange proximal
a angulação da fratura é de abertura dorsal b) Na falange médio a angulação da
fratura depende da sua localização em relação à inserção do tendão do flexor
superficial
58
interfalângica proximal (Fig. 14.2). Nas da falange média, se a angulação for
dorsal o dedo imobiliza-se em flexão, se a angulação for palmar, deve-se
imobilizar em extensão.
2 semabas
Fig. 14.2. Esquema ilustrativo de uma fratura da falange proximal com desvio.
Redução e imobilização com tala de Zimmer em posição de função da mão
(articulação metacarpofalângica e interfalângica proximal em flexão) permitindo o
alinhamento da fratura. Este tipo de fratura também pode ser reduzida e depois
imobilizada na posição de segurança da mão (metacarpofalângica a 90º e
articulações interfalângicas em extensão).
59
a b c
Fig. 14.3. Osteossíntese de fraturas das falanges. a) Esquema ilustrativo de
diferentes tipos de osteossíntese com placas e parafusos de minifragmentos; b)
Fratura diafisária da falange proximal com fixada com parafusos; c) Fractura
cominutiva fixada com placa e parafusos.
Nas fraturas articulares, salvo nas estáveis que não apresentam desvio,
procura-se sempre que possível uma redução anatómica e fixação por método
cirúrgico (fios metálicos, parafusos) por forma a evitar a doença fraturária
óssea (atrofia das partes moles, rigidez articular, osteoporose) e a evolução
para a artrose. Se o fragmento da fratura articular for de grande dimensão
associam-se, em regra, uma subluxação ou luxação da articulação, que é
urgente reduzir e estabilizar.
60
As fraturas da base ocorrem, em geral, por avulsão/arrancamento de um
fragmento dorsal pela tração dos tendões extensores (dedo “em martelo”)
(Fig. 14.4) ou por avulsão/arrancamento de um fragmento palmar provocado
pela tração exercida pelos tendões flexores profundos (raras) (Fig. 14.7).
61
a) b) c)
Fig. 14.6. a) e b) As fraturas-arrancamento da base da falange distal com um
fragmento articular dorsal sem desvio podem ser tratadas com uma tala de Zimmer
com a interfalângica em hiperextensão, ou com uma tala de Stack com a
interfalângica em hiperextensão (c).
62
15. Luxações do carpo
63
Fig. 15.1. Luxações do carpo. Em cima: luxação anterior do lunatum. Os outros
ossos do carpo mantêm a sua posição anatómica. A incidência de frente mostra
uma diástase entre o escafoide e o triquetrum devido à luxação do lunatum.
Em baixo: luxação retrolunar do carpo. O lunatum mantém a sua posição
anatómica por baixo da superfície do rádio, os outros ossos do carpo estão
desviados para trás.
64
Existe rotura da cápsula articular – placa palmar -, por onde penetra a cabeça
do metacárpico de tal forma que pode haver um bloqueio a nível do colo do
metacárpico. Daí, poder ser difícil reduzir a luxação por método ortopédico e
haver necessidade de recorrer à redução cirúrgica, aberta. De forma
semelhante pode ser impossível reduzir uma luxação metacarpofalângica do
indicador sem recorrer à cirurgia.
65
17. Luxações interfalângicas
66
18. Síndrome do canal cárpico
Etiologia
Aumento do conteúdo do canal: luxações ou fraturas dos ossos do carpo e
suas sequelas, depósito de material estranho (amiloidose, tofos gotosos,
hematoma em doentes anticoagulados), lesões paratumorais e tumores
(quistos sinoviais, angioma), trombose arterial, músculos aberrantes, aumento
67
do volume das bainhas tendinosas (tenossinovite reumatoide, tenossinovite
tuberculosa);
diabetes; alcoolismo; alterações do metabolismo hidroeletrolítico (gravidez,
menopausa, eclâmpsia, hipotiroidismo, insuficiência renal, obesidade, lúpus,
esclerodermia, doença de Paget); vibrações; pressão traumática direta;
idiopática…
Quadro clínico
Parestesias, dor e diminuição da força muscular.
As parestesias no território digital do nervo mediano (na face palmar dos
dedos polegar, indicador, médio e metade radial do anelar) e a dor são
noturnas, acordam o paciente e aliviam/cessam com as mobilizações do punho
e dedos em pouco minutos (movimento do tipo “sacudir”). As parestesias
podem irradiar para o antebraço e inclusivamente até ao ombro e pescoço,
levando alguns autores a descrevê-las num quadro de braquialgia parestésica
noturna. As parestesias podem estar localizadas no território palmar, muito
raramente, originando uma sensação de comichão na palma da mão.
Dependente da evolução, a sintomatologia aparece, também, durante o dia e
começa a manifestar-se um défice sensitivo e uma paresia parcial dos
músculos da eminência tenar, que pode conduzir a uma atrofia muscular, com
marcada dificuldade para a realização de trabalho manual fino. A diminuição da
força de oponência do polegar e a hipotrofia da eminência tenar devem-se a
um compromisso do ramo motor do mediano para o músculo curto abdutor do
polegar.
A prova de Tinel e a prova de Phalen (Fig. 18.2) são importantes para afirmar
o diagnóstico. A primeira consiste na percussão do nervo mediano na face
palmar do punho, que desencadeia uma sensação de um choque elétrico
irradiando até aos dedos. A prova de Phalen consiste em manter a flexão
forçada do punho durante 1 a 2 minutos. A prova é positiva no caso da
presença de parestesias nos dedos, sobretudo no dedo médio, isto é, a pressão
no interior do canal cárpico aumenta e reproduzem-se os sintomas. Esta prova
pode ser realizada, também, com o punho em extensão (Phalen invertido).
68
Fig. 18.2. A prova de Tinel e a prova de Phalen são importantes para o diagnóstico
de síndrome do canal cárpico.
Tratamento
No estádio álgico, sem défice sensitivomotor, deve-se proceder ao tratamento
conservador/médico que consiste em: administração de anti-inflamatórios não
esteroides, analgésicos, infiltração intra-canalar com corticosteroides e
aplicação de uma ortótese antebraquipalmar com o punho em posição neutra,
mesmo durante a noite, porque durante o sono o punho posiciona-se
espontaneamente em flexão com o consequente aumento da pressão no canal
cárpico.
Se a sintomatologia persistir ou houver défice sensitivomotor, está indicado
proceder à secção do retináculo anterior do carpo descomprimindo, desta
forma, o nervo mediano (Fig. 18.3). No caso de o fator etiológico ser
69
conhecido, o tratamento consiste na correção cirúrgica da causa da
compressão do nervo mediano (tenossinovectomia, osteotomia corretiva do
rádio, remoção tumoral, remoção de músculo aberrante...).
A secção do retináculo anterior do carpo pode ser efetuada por via aberta
(incisão cutânea clássica ou mini-incisão) ou por via endoscópica.
70
A síndrome do canal ulnar de Guyon é muito menos frequente do que a
síndrome do canal cárpico.
Etiologia
Pode estar relacionada com traumatismos (fraturas do hamatum, da base do
quinto ou quarto metacárpicos), tumores (lipoma, quistos sinoviais), variações
das estruturas anatómicas (músculos aberrantes), síndrome do “martelo” na
eminência hipotenar (trombose da artéria ulnar e da arcada superficial por
traumatismo), artrose radioulnar inferior, entre outros. Torna-se
extremamente difícil aceitar uma causa idiopática para a síndrome do canal
ulnar de Guyon.
Clínica
O quadro clínico pode variar de acordo com a localização da compressão:
motora, sensitivo-motora ou só sensitiva.
De uma forma geral, presença de dor moderada e persistente na região
hipotenar (podendo irradiar para o cotovelo), acompanhada por parestesias no
bordo ulnar da mão, nos dois lados do dedo mínimo e no bordo cubital do
anelar. À medida que o quadro compressivo evolui, pode haver paresia dos
músculos inervados pelo nervo ulnar e hipotrofia da mão, com exceção da
região tenar dependente da inervação do nervo mediano.
A prova de Allen negativa (Fig. 10.3) pode afastar um quadro de trombose da
artéria ulnar. Notar que é importante pesquisar a sensibilidade na região
dorso-ulnar da mão, que depende do ramo dorsal sensitivo do ulnar, que
emerge num sítio proximal ao canal de Guyon. Assim, se houver alterações é
suposto haver uma compressão a nível mais proximal, como no túnel ulnar do
cotovelo, e não a nível do canal de Guyon.
O eletromiograma faz parte da avaliação do sofrimento do nervo ulnar, assim
como uma radiografia do punho para despiste de uma fratura ou das suas
sequelas e, ainda, uma ecografia (tumor, anomalia muscular) e o exame
Doppler da artéria ulnar (trombose). Em raros casos pode estar indicada uma
RM para informação clínica complementar (tumor).
71
Tratamento
O tratamento da síndrome do canal de Guyon é, frequentemente, cirúrgico
tentando evitar, sempre que seja possível, a instalação de alterações motoras.
Consiste na libertação da artéria ulnar, do nervo ulnar e dos seus ramos,
deixando o canal aberto, suturando-se apenas a aponevrose e a pele, ou na
correção cirúrgica da causa da compressão do nervo ulnar.
Fig. 20.1. A dor localizada sobre a apófise estiloide do rádio é a queixa principal da
tenossinovite estenosante de De Quervain sendo agravada pela prova de
Finkelstein.
72
O tratamento começar por ser conservador, tala de repouso durante 15 dias,
administração de anti-inflamatórios não esteroides, imobilização do punho e
infiltração com corticosteroides, fisioterapia. O tratamento cirúrgico consiste na
abertura do primeiro compartimento dorsal do punho e secção da bainha
tendinosa do longo abdutor e curto extensor do polegar, e está indicado em
caso de insucesso do tratamento conservador ou, menos frequentemente,
como medida terapêutica inicial.
73
Como causas descrevem-se os traumatismo e o uso excessivo da mão, embora
nas crianças possa ser de origem congénita. Mais frequente em mulheres,
envolve na maioria dos casos o dedo polegar, seguindo-se o dedo anelar e o
médio.
A queixa inicial é uma dor na região metacarpofalângica, presença de um
ressalto e, por vezes, perda do movimento com o dedo em flexão ou extensão.
As infiltrações com corticosteroides e o repouso podem estar indicados na fase
inicial. Todavia na fase crónica, perante a presença de um ressalto tendinoso,
a secção cirúrgica da polia A1 é o procedimento mais recomendado permitindo,
desta forma, a excursão livre do tendão flexor (Fig. 21.2). Nas crianças adiar
cirurgia até aos 18 meses, uma vez que pode haver uma remissão espontânea.
Fig. 21.2. Libertação dos tendões flexores do 4º dedo após secção da polia A1.
74
Fig. 22.1. Quisto sinovial na região dorsal e na região palmar da mão.
75
Fig. 23.1. A doença de Dupuytren pode levar a uma retração fibrosa acentuada da
palma da mão e a uma flexão irredutível de um ou mais dedos.
Quadro clínico
O sinal mais precoce da doença é a presença de nódulos pré-tendinosos,
indolores, a nível das pregas de flexão da palma da mão. Contudo, é comum
os pacientes procurarem tratamento numa fase mais avançada da doença,
onde é possível identificar: cordões fibrosos, retrações grosseiras da palma da
mão, depressões cutâneas, flexão fixa dos dedos da mão, quer a nível das
articulações metacarpofalângicas, quer a nível das articulações interfalângicas
proximais. O dedo anelar é o mais afetado, seguido pelos dedos mínimo,
polegar, médio e indicador.
Podem surgir nódulos subcutâneos no dorso das articulações digitais, tipo
fibroma, denominados por nódulos de Garrod.
76
Tratamento
O tratamento cirúrgico é atualmente a única solução terapêutica, e deve ser
indicado quando houver uma contratura articular, isto é, uma flexão articular
fixa que origine incapacidade funcional limitativa da atividade manual.
Dentre as várias técnicas cirúrgicas, a aponevrectomia / fasciectomia parcial,
ou seja, a excisão da fáscia patológica é a mais indicada (Fig. 23.2). A
fasciotomia (incisão sem excisão da fáscia) tem indicação no paciente idoso, é
uma intervenção pouco agressiva. A fasciotomia por agulha justifica-se nos
casos em que a doença envolve, apenas, a região palmar.
24. Rizartrose
77
Fig. 24.1. A dor de tipo mecânico localizada na base do polegar e o exame
radiográfico da mão permitem o diagnóstico de rizartrose.
a) b) c)
Fig. 24.2. Tratamento cirúrgico de rizartrose: a) aspecto radiográfico após a
trapezectomia (seta aponta o espaço de ressecção do trapézio); b) esquema de
suspensão do tendão flexor radial do carpo ao primeiro metacárpico; c) aspeto da
preparação da interposição tendinosa no espaço da ressecção do trapézio.
78
Outras soluções cirúrgicas incluem a artrodese trapézio-metacárpica ou a
artroplastia com implantação de uma prótese total ou parcial.
A artrodese pode ser uma solução para o trabalhador manual e de força, que
necessite de uma possante pinça pulpo-lateral do polegar.
Por sua vez, a artroplastia da articulação trapézio-metacárpica representa uma
solução elegante para os pacientes idosos, mau grado as suas complicações
pós-operatórias (luxação, descolamento e “siliconite”/rotura nos implantes em
silicone).
79
Fig. 25.1. Exame radiológico e RM do punho mostrando uma necrose asséptica do
lunatum.
Estádios radiológicos
Estádio I: condensação do lunatum;
Estádio II: lunatum com um aspecto geódico;
Estádio III: deformação e reabsorção do lunatum com ou sem instabilidade do
carpo;
Estádio IV: Artrose
Tratamento
O tratamento conservador comporta a imobilização do punho e farmacoterapia,
as furagens ósseas percutâneas, nomeadamente no estádio I, durante a fase
dolorosa.
Nos estádios I e II: osteotomia descompressiva de encurtamento do rádio ou
osteotomia de alongamento da ulna, por forma a restabelecer o índice
radiolunar inferior. No estádio III, uma mão cheia de técnicas cirúrgicas foram
tentadas com resultados variáveis, de que são exemplos, a excisão da primeira
fileira do carpo, a excisão do lunatum e osteotomia-distração do capitatum
(operação de Graner), técnicas de revascularização do lunatum com ou sem
artrodese intercárpica, assim como a excisão do lunatum e sua substituição
por uma prótese (em silicone) ou por um retalho capsular. No estádio IV a
artrodese intercárpica ou mesmo a artrodese radiocárpica encontram a melhor
indicação (Fig. 25.2).
80
Fig. 25.2. Artrodese radiocárpica como tratamento paliativo de doença de Kienböck
no grau IV.
Toda a infeção da mão deve ser considerada como uma urgência cirúrgica, se
apesar de um tratamento conservador bem conduzido (banhos antissépticos,
anti-inflamatórios, antibióticos) não se observar uma regressão rápida dos
sinais de destruição tecidular (24 horas). Assim, a intervenção cirúrgica pode
incluir: uma drenagem de toda a coleção purulenta, uma excisão dos tecidos
necrosados, uma imobilização do segmento infetado, a colheita de tecidos ou
de exsudatos para exames bacteriológico e micológico, uma antibioterapia de
largo espectro de ação e a profilaxia antitetânica.
a) Infeções correntes/comuns
Panarícios
Por definição, panarício tem a ver com inflamação difusa do dedo de tipo
fleimão, superficial ou profunda, ou localizada em redor da unha. Estas
infeções dos tecidos moles da mão são frequentes e graves, porque na
ausência de um tratamento correto e precoce podem originar importantes
sequelas. Assim, panarícios crónicos com supuração, necroses cutâneas,
reabsorções óssea significativas, podem ter indicação para uma amputação dos
dedos da mão.
A porta de entrada é geralmente uma ferida ou uma picada. O agente
microbiano mais frequente é o Staphylococcus aureus coagulase positivo
81
seguido pelo Streptococcus hemolítico, muito embora se possam identificar
diversos microrganismos em condições etiológicas particulares (picadas e
mordeduras).
O diagnóstico deve ser efetuado precocemente, quer se trate de um panarício
dos dedos ou de um fleimão da mão. A infecção manifesta-se por uma dor
lancinante, pulsátil, espontânea, aliviada com a elevação da mão e, ainda, por
edema e rubor (sinais cardinais de Celsus).
Sob ponto de vista anatomopatológico descrevem-se quatro estádios: celulite,
supuração, difusão e necrose. Os princípios gerais do tratamento incluem:
imobilização, antibioterapia, profilaxia antitetânica e tratamento cirúrgico, sob
anestesia, respeitando os princípios da cirurgia da mão, nomeadamente nas
vias de abordagem. Em todos os casos deve ser pedida uma pesquisa de
bactérias e fungos, com cultura e antibiograma.
82
Fig. 26.1. Panarício periungueal.
Fig. 26.2. Fleimão no dorso da mão com necrose cutânea (Staphylococcus aureus).
83
Fig. 26.3. Fleimão das bainhas tendinosas.
Furúnculo
Desenvolve-se nos folículos pilosos do dorso da mão ou dos dedos (Fig. 26.4).
Tratamento: desbridamento alargado e antibioterapia.
84
Artrite séptica
Inoculação de um agente infecioso na articulação por via externa ou
hematógena. Presença de tumefação, dor local e impotência funcional.
Tratamento: artrotomia, lavagem articular, imobilização e antibioterapia.
b) Infeções particulares/específicas
Tuberculose
Tumefação sem sinais inflamatórios, não dolorosa, do tipo crónico com fístulas
cutâneas, roturas tendinosas e rigidez articular.
A artrite tuberculosa do punho (“tumor branco do punho”) é uma forma
clássica de tuberculose osteoarticular.
A nível da mão, a infeção das falanges e dos metacárpicos tem um
comportamento característico: envolve o centro do canal medular, existe um
alargamento do osso e uma artrite secundária.
A tenossinovite tuberculosa é de difícil diagnóstico. Trata-se de uma sinovite
riziforme (sinovite crónica na forma de “grãos de arroz”) com crepitação.
Torna-se importante fazer o diagnóstico diferencial com a sinovite reumatoide
que pode apresentar, também, uma forma riziforme.
Infeção herpética
Manifesta-se pela presença de pequenas vesículas cutâneas que causam dores
de tipo queimadura, na criança e em jovens adultos (Fig. 26.5). Evolução para
a cura espontânea, em alguns dias. Carácter recidivante. Na presença de
sintomas gerais (febre, cefaleias, mialgias, encefalite) pode estar indicada a
administração de fármacos antivirais.
85
Fig. 26.5. Infeção herpética na região palmar da mão.
Mordeduras
São consideradas como feridas contaminadas, desde o início, com alto risco
séptico. Nas mordeduras humanas pode cultivar-se o Eikenella corrodens, um
anaeróbio gram negativo, e nas mordeduras provocadas por animais
domésticos a Pasturella multocida um coco gram negativo sensível às
cefalosporinas. Todavia, a infeção por Pasturella causada pela mordedura de
gato pode ser de difícil controlo.
Tratamento: deixar as feridas abertas, desbridamento cirúrgico, imobilização e
antibioterapia. Se indicado, realiza-se profilaxia antitetânica e antirrábica.
86
27. Malformações congénitas da mão
a) b) c)
Fig. 27.1. Malformações congénitas da mão: a) sindactilia entre os dedos médio e
anelar; b) polidactilia dedo mínimo; c) macrodactilia do dedo indicador.
87
Polidactilia: frequentemente hereditária, representa 15% das malformações.
Duplicação de um dedo (polegar, dedo mínimo) ou mais excepcionalmente de
uma mão (mão em espelho). A correção cirúrgica consiste em proceder à fusão
dos segmentos duplicados, ou a suprimir o ou os raios menos funcionais,
levando em conta o plano estético (Fig. 27.1.b).
88
O tratamento cirúrgico precoce (aos 2 anos) consiste em aproximar os dedos
centrais no caso da “mão em foice”, em uma polegarização do indicador para
reconstruir o polegar se estiver ausente, ou na transferência livre do dedo
grande do pé para se conseguir uma pinça, se for caso disso.
a b c
Fig. 27.2. Malformações congénitas da mão: a) hipoplasia do polegar; b)
ectrodactilia; c) malformação congénita complexa.
89
Polegar em “ressalto” congénito: Trata-se de uma malformação particular,
devido a uma formação dura nodular do tendão do longo flexor do polegar, ao
nível da polia metacárpica, interditando a extensão ativa da articulação
interfalângica, que se apresenta bloqueada em flexão.
O tratamento é em princípio cirúrgico: secção da polia A1. Em certos casos
pode-se assistir a uma resolução espontânea e, como se disse, justifica-se
adiar a cirurgia até aos 18 meses de idade. Se não houver resolução
espontânea, deve ser operado antes dos 4 anos para evitar as deformidades
permanentes.
90
Fraturas
Conceitos essenciais
Texto de apoio.
Deve estimular a presença nas aulas, para visualização de
casos clínicos e de iconografia referente ás patologias
descritas.
José Casanova
Isabel Ferreira
TEXTO
Fratura - Definição: Perda total ou parcial da continuidade de um osso.
SINAIS CLÍNICOS
PROBABILIDADE
Dor – Local e dor viva sobre o osso ( despertada pela palpação digital).
CERTEZA
Classificação:
1. Etiologia
2. Anátomo-Patológica
3. Traço
1. Etiologia
Traumatismo
direto ombro
associadas marcha)
• Muitas vezes o seu processo de cura está muito mais evoluído que a sua
tradução radiológica
mecânicas do osso.
2. Anátomo-patológica
continuidade da pele
Os primeiros cuidados são dirigidos para o doente em si. A avaliação do estado
Todas as lesões envolventes dos tecidos moles também devem ser avaliadas e
tidas em conta.
mecanismo que produz a lesão, de dentro para fora. O inverso pode estar
GRAU II – Laceração cutânea >1cm, com lesão extensa dos tecidos moles, com
mínima.
GRAU III – Lesões extensas nos tecidos moles, pele, músculos e estruturas
GRAU III A – Laceração extensa dos tecidos moles, com cobertura óssea
adequada.
GRAU III B – Lesão extensa dos tecidos moles com arrancamento do periósteo e
exposição óssea.
2- Lavagem abundante
4- Penso esterilizado
5- Imobilização provisória
6- Imunização antitetânica
Embora muita desta atuação decorra em meio hospitalar, num Centro de Saúde
operatória posterior
6- A ferida poder ser fechada sem tensão
refutado.
de 7.1%.
braço.
• Lesão nervosa
COMPLICAÇÕES
1- Intrínsecas
2- Extrínsecas
COMPLICAÇÕES INTRÍNSECAS
1-Infecção
2- Atraso de consolidação
3- Pseudartrose
5- Necrose avascular
6- Dismetrias
8- Artroses
Exposição óssea
2 – Atraso de Consolidação
o 4º e o 6º mês.
fibroso denso.
Caracteriza-se pela maturação de tecido fibrovascular no foco de fractura,
vascularizado.
Cartilagínea
do foco de fractura.
• 4- Infecção
• Redução imperfeita
• Contensão insuficiente
5. NECROSE AVASCULAR
arterial.
ósseas vizinhas.
• Deformidades
• Artroses.
6. DISMETRIAS
topos ósseos;
• Estimulação do crescimento.
8. ARTROSES
axiais.
• Necrose avascular.
COMPLICAÇÕES EXTRÍNSECAS
• - Lesões nervosas
• - Lesões tendinosas
• - Lesões viscerais
LESÃO VASCULAR
o Síndrome do compartimento
• Diagnóstico:
• Tratamento:
Volkman, uma retracção irreversível em garra fixa dos dedos por atrofia fibrosa
• 1- NEUROPRAXIA
algumas semanas.
• 2- AXONOTEMESES
Refere-se a uma lesão suficiente para destruir axónios, mas não as bainhas onde
lesão. A recuperação total poderá demorar meses, mas pode ser seguida pelos
• 3- NEUROTEMESE
impossível.
Microcirurgia.
SÍNDROME COMPARTIMENTAL
Canha)
contusão grave.
• Clinica:
Parestesias
Palidez
Ausência de pulsos
• Tratamento:
pulso.
Fasciotomias
Destruição de tecidos e órgãos distantes do local da fractura
• Choque
• Embolia gorda
• Rigidez articular
• Miosite ossificante.
• É o mais frequente;
• Hipovolémico 1 a 2 litros;
Embolia gorda
corrente sanguínea.
pulmonares.
suporte.
Rigidez articular
• Reabilitação precoce.
• Não forçar.
• Imprevisível
• Ca e fisioterapia.
RX – manchas em pele de zebra ou pele de
tigre
Miosite Ossificante
Conceitos essenciais
Texto de apoio.
Deve estimular a presença nas aulas, para visualização de
casos clínicos e de iconografia referente ás patologias
descritas.
José Casanova
João Paulo Freitas
OSTEOMIELITE
Infeção óssea (infeção do tecido ósseo e canal medular)
Também se pode designar por OSTEÍTE.
Patogenia
• Inflamação aguda origina aumento pressão intra-óssea e trombose
intravascular
• Supuração produz abcesso subperióstico que pode drenar para os tecidos
moles
• Passagem da infecção para a epifise pode originar artrite séptica
• Morte óssea em dias
• Fragmentos de osso morto destacam-se no canal medular – sequestros
• Formação de osso novo abaixo das camadas de periósteo levantado –
involucro
• Se o controlo da infecção for rápido a cura pode ocorrer
• Se a infecção não for controlada – osteomielite crónica
Sistema de estadiamento de Cierny e Mader
Os estadios vão
aumentando em
agressividade
Organismos
- Estafilococos aureus – o organismo mais comum em osteomielites,
osteomielite aguda hematogénica(90%) e infeção em leitos de implantes
ortopédicos;
- Estreptococos Grupo B – Crianças com menos de 1 ano
Haemophilus influenza – Crianças 1 a 16 anos de idade
Pseudomonas aeruginosa – nasocomial, feridas punctiformes pés
Pasteurella multocida – Mordedura de animal
Eikinella corrodens – Mordedura humana
Salmonella – doença de células falciformes
Anaerobios – ulceras diabéticas
Candida albicans, Aspergillus e micobactérias atipicas – imunodeprimidos
Escherichia coli – neonatal
Neisseria gonorrhoeae – artrite séptica em adultos jovens sexualmente
activos.
Clinica
Apresentam sinais e sintomas de inflamação aguda.
Exemplo: criança:
Criança com osteoalgias, mau estar e febre
Impotência funcional e redução movimentos articulares
Sinais precoces de inflamação são discretos
Infecção tardia com abcesso tecidos moles e fistula
Confirmação diagnóstico – aspiração de pús do abcesso dos tecidos moles ou
da metáfise
Laboratório
PCR elevada em 98% dos casos
VS elevada em 90% casos
Hemoculturas positivas 30%
Leucocitose 25%
Diagnóstico imagiologico
A radiologia não apresenta alterações antes do 7º dia (consenso 5 a 7 dias),
mas pode mostrar edema dos tecidos moles e perda da definição dos planos
teciduais.
Cintigrafia – acuidade de 92% - identificação de foco ou focos
RMN – sensibilidade de 88 a 100%.
Identifica - edema medular e dos tecidos moles; presença de abcessos;
planeamento cirúrgico na ausência de resposta ao tratamento
TAC- formação de abcesso e alterações ósseas – útil numa fase mais tardia.
Diagnóstico diferencial
Celulite
Artrite supurada aguda
Sarcoma de Ewing
Febre reumática
Agudização em D. Falciforme
Tratamento
Abcesso subperióstico deve ser drenado (inicialmente por aspiração)
Imobilizar membro
Antibioterapia agressiva (Flucloxacilina 1ª escolha) – melhorias ao fim de 48
horas – em caso negativo cirurgia
Duração total da antibioterapia (com ou sem cirurgia) – 4 a 6 semanas.
Analgesia e fluidos ev
Falência tratamento conservador – cirurgia:
- Evacuação de conteúdos purulentos
- Desbridamento tecidos desvitalizados; na osteomielite crónica um
desbridamento alargado deve ser realizado, com excisão de sequestros
- Furagens cortical metafisária
- Colheitas para bacteriologia e histologia
- Drenagem com ou sem VAC
50% - cirurgia
PREVALÊNCIA
O risco de infeção periprotésica depois de artroplastias primárias do
joelho (1 a 2%) é ligeiramente maior que a das atroplastias totais da anca
(0.3 a 1.3%).
O risco de infeção é mais elevado após cirurgias de revisão: 3% nas ancas
e 6% nos joelhos.
FATORES de RISCO
1. Formação de hematoma ou infeção localizada ao local de cicatrização
pós-operatória
2. Complicações de cicatrização
3. Doença maligna
4. Artroplastia prévia
5. Cirurgia prévia ou infeção articular ou no osso adjacente
6. Infeção perioperatória não articular
7. Artrite reumatoide
8. Psoríase
9. Diabetes
10. Condições que possam conduzir a bacteriémias transitórias
CLASSIFICAÇÃO
Tipo I – Infeção pós-operatória – Surge durante o primeiro mês – O seu
tratamento passa por desbridamento e retenção da prótese.
Tipo II – Infeção crónica tardia – Infeção indolente crónica que surge no
mínimo 1 mês ou mais após a cirurgia . Tratamento passa por remoção da
prótese.
Tipo III – Infeção hematogénica aguda. Sintomas de surgimento aguda
numa articulação com bom funcionamento. Tentativa de desbridamento e
retenção da prótese ou remoção da prótese.
Tipo IV – Culturas intraoperatórias positivas. 2 ou mais culturas
intraoperatórias positivas. Antibioterapia apropriada.
APRESENTAÇÃO e ETIOLOGIA
Sintomas gerais
1. Dor no local de implantação do implante é um sintoma consistente
2. Este tipo de dor está associada a infeção em 90% dos doentes
Sinais clássicos
• Calor
• Rubor
• Edema
• Dor
• Derrame
• Febre
Pode haver
• Diminuição da atividade física
• Rigidez articular
• Fistulização
• Drenagem purulenta
MEIOS DIAGNÓSTICO
Laboratoriais : leucocitose; VS e PCR (este o de maior especificidade)
Culturas por aspiração ou colheita drenagem fistulizada.
Radiologia: negativas nas fases iniciais a menos que outros
sinais estejam presentes antes da infecção
Sinais tardios
• Erosão
• Osteíte
• Reabsorção óssea
• Descolamento
• Radiolucencia
Devemos avaliar: Alinhamentos; Fracturas; Desgaste do polietileno;
Outras falências.
Cintigrafia com leucócitos marcados.
Doentes idosos, com bom estado dos tecidos moles, infeções não
MRSA, embora tardias e com curta duração
Substituição da prótese num só tempo cirúrgico
Conceitos essenciais
Texto de apoio.
Deve estimular a presença nas aulas, para visualização de casos
clínicos e de iconografia referente às patologias descritas.
José Casanova
Fernando Fonseca
OSTEOARTROSE DO JOELHO
Osteoartrose: Patogenia
• Agressão/reparação repetitiva da cartilagem
• Distúrbios do metabolismo do condrócito
• Alteração da composição da matriz cartilagínea
• Degradação funcional e estrutural da cartilagem
• Remodelação do osso subcondral
Osteoartrose: Etiologia
• Fatores genéticos (50-60%)
• Obesidade
• Fatores hormonais
• Displasia articular
• Doença articular prévia
• Fatores laborais
Osteoartrose: Clínica
SINTOMAS
• Dor articular mecânica
• Rigidez articular após inatividade
• Limitação da mobilidade articular
• Limitação funcional e incapacidade
SINAIS
• Dor à palpação da entrelinha articular
• Tumefação articular dura (óssea)
• Crepitação à mobilização articular
• Derrame articular não inflamatório (Líquido amarelo citrino na artrocentese)
• Mobilização articular dolorosa e limitada
• Instabilidade articular
• Deformidade angular
RADIOLOGIA
Pangonograma
avaliação de eixos
macânico e
anatómico dos
MInf.
Do ponto de vista radiológico existem 4 graus, cuja evolução é lenta e progressiva,
podendo a sua evolução ser determinada pelas etiologias anteriormente referidas.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Hérnia discal L3-L4
• Rotura meniscal
• Osteonecrose
• Coxartrose
• Artrite séptica
• Tendinopatia
CRITÉRIOS de REFERÊNCIAÇÃO
MGF
Efetua o diagnóstico e orientação da grande maioria dos doentes
MFR
O doente sintomático com osteoartrose em qualquer fase
ORTOPEDIA
O doente com osteoartrose grave, com sintomas intensos e/ou limitação funcional
importante que não foram controlados com terapêutica médica adequada deve ser
referenciado para decisão cirúrgica
REUMA
Dificuldades diagnósticas e osteoartrose sintomática grave com contraindicação para
cirurgia
TRATAMENTO
• Educação do doente
Explicação da natureza das lesões e suas perspetivas terapêuticas
Dieta (obesos)
Atividade e exercícios
• Terapêutica física
Medidas estimuladoras da autonomia
Hidroterapia
Agentes físicos
Fisioterapia
Ortóteses e auxiliares da marcha
• Terapêutica farmacológica
Sistémica – Analgésicos, AINES, corticoides, condroprotetores (sulfato de
glucosamina)
• Injectáveis
Corticóides intraarticulares associados ou não a viscossuplementação –
necessita uma seleção criteriosa dos doentes pois é pouco eficaz em
osteoartroses avançadas
• CIRÚRGICO
Dirigido à cartilagem
Correção das deformidades (osteotomias)
Substituição articular (próteses)
OSTEOTOMIAS
• Indivíduos com idade <55 anos
• Pouco obesos
• Varo ou valgo constitucional, com integridade do compartimento contralateral
• Ausência de laxidez cápsulo-ligamentar
• Rótula centrada e indolor
Osteotomia supratuberositária de
Osteotomia – evolução 13 anos Maquet
ARTROPLASTIAS
• A mais usada – artroplastia total do joelho
• Indicações PTJ (Artrose tricompertimental; AR; Artrose pós-traumática; Falência
de osteotomia; Falência de artroplastia parcial – unicompartimental)
• Contra-indicações: Absolutas – infeção articular ativa e artropatia neuropática/
Relativas – Indivíduos jovens; Indivíduos com atividade física pesada; mau
estado geral
SÍNDROME ROTULIANO DOLOROSO
CLÍNICA
• Manifesta-se pelo aparecimento insidioso de dores anteriores do joelho, ou em
ligação com um esforço
• Resiste habitualmente aos analgésicos
• As dores são mais frequentemente desencadeadas pela marcha em subidas ou
na descida de escadas
• Mais frequente em adultos jovens
• A avaliação radiológica não deteta uma lesão particular
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Artrose femoropatelar
• Instabilidade rotuliana (luxação)
1. Luxação traumática
2. Luxação não traumática – (trauma minor; e a presença dos seguintes
fatores predisponentes. Anamnese familiar com antecedentes de
luxação patela; idade <17 anos; trauma minor; hiperlaxidez; fatores
anatómicos: displasia tróclea, patela alta
3. Luxação congénita – luxação permanente numa rotula hipoplásica
4. Luxação habitual – a patela luxa a cada flexão do joelho
• Bursite rotuliana: que é uma reação inflamatória da bolsa serosa em
seguimento a microtraumatismos (trabalhador em posição de joelhos), uma
infeção ou um traumatismo agudo.
• Osteocondrite dissecante: surge em indivíduos jovens, do sexo masculino em
75% dos casos, sendo quase sempre localizado ao bordo axial do côndilo
femoral interno.
As suas características clínicas são: dores de esforço acompanhada de
claudicação de defesa. Síndrome de bloqueio, em qualquer posição do arco de
movimento, a que se segue habitualmente um derrame (esta fase surge
quando o fragmento se desprende do côndilo)
A RM é elemento essencial do seu estudo, particularmente na deteção da lesão
e do seu estado evolutivo.
O tratamento é variável e depende da fase em que se encontra o fragmento
osteocartilagíneo. Nas primeiras fases – descarga; quando fragmento se
encontra numa fase de desprendimento a sua fixação in situ está indicada (fig.
da esquerda); se o fragmento já se encontra livre dentro da articulação deve
ser removido e no seu local realizada uma mosaicoplastia (fig. da direita).
• Condromalácia patela
Significa um amolecimento da cartilagem da patela.
A cartilagem da patela amolece e vai perdendo sua capacidade de absorver as
forças às quais é submetida, levando a sobrecarga do osso abaixo, também
chamado de subcondral, causando dor.
Causas: envelhecimento; alterações anatómicas (patela alta); corrida em pisos
abrasivos; alterações biomecânicas (valgo dinâmico – aumento do valgo, mais
frequente em mulheres); portadores de hiperlaxidez; excesso de peso; pé
plano; lesões anteriores; alto nível de atividade física.
Tratamento: perda de peso nos casos justificados; diminuição das cargas;
aumento da tonificação do vasto medial.
OUTRAS PATOLOGIAS
Doença de Osgood-Schlatter
Jumper knee
Conceitos essenciais
Texto de apoio.
Deve estimular a presença nas aulas, para visualização de casos
clínicos e de iconografia referente às patologias descritas.
José Casanova
Fernando Fonseca
O texto de apoio a esta aula incluí as fraturas da extremidade distal do fémur e as da
extremidade proximal da tíbia.
Englobamos também as lesões traumáticas do aparelho extensor do joelho, e
finalmente as fraturas diafisárias ossos da perna.
CLÍNICA
• Dor
• Impotência funcional
• Hemartrose
• Avaliação
- Estado da pele
- Músculo-tendinosa
- Vasculo-nervosa
A – Supra condiliana
B – Supra e intercondiliana
C – Condiliana
Mecanismo lesional: Impacto axial com
o joelho em flexão
D - Hoffa
EPIDEMIOLOGIA
Dois picos de incidência: jovens e sexo masculino saudáveis (habitualmente em trauma
de alta energia cinética) e em idosas osteopenicas (traumatismos de baixa energia
cinética).
NOTAS
Avaliar corretamente o perfil radiológico na pesquisa de fratura de Hoffa.
A inserção femoral dos gastrocnemius carateristicamente puxa o fragmento distal em
extensão.
TRATAMENTO
Fraturas expostas
• 5-10% de todas as fraturas supracondilianas
• Frequentemente na zona anterior do joelho podendo atingir o aparelho
extensor
• Tratamento de acordo com os princípios gerais de tratamento das fraturas
expostas
Existem diversas técnicas cirúrgicas para tratamento destas fraturas.
Placas anguladas
Placas com parafuso dinâmico
Placas de
suporte condilos
LISS – Less Invasive Stabilization System
O deslizamento desta placa através de um
túnel nos tecidos moles, ao longo da
superfície óssea, sobre o local da fratura.
2 incisões – distal para introdução da placa
e proximal para acesso sua extremidade.
Técnica MIPO – Minimally invasive plate
ostheosynthesis.
FRATURAS PERIPROTÉSICAS
• Traumáticas
• Descolamento e osteólise
• AR e corticoterapia
Fratura periprotésica
Tratamento cirúrgico:
Não união
FRATURAS PRATOS TIBIA
Fratura do
prato medial da
tíbia
VARO FORÇADO
EPIDEMIOLOGIA
• Representam 2%de todas as fraturas, com uma incidência bimodal, tanto em
homens como em mulheres, e uma idade média de 48 anos.
• Lesões associadas:
- Roturas meniscais associadas em 50% das fraturas pratos tibiais
- Lesão associada dos ligamentos cruzados ou colaterais presentes em 30% dos
caso
- Compromisso cutâneo pode estar presente em fraturas de alta energia
cinética
CLÍNICA
• Hemartrose presente; no entanto, a rutura capsularpode permitir a sua
extravazação para os tecidos moles envolventes
• Doppler obrigatório na ausência de palpação de pulsos
• Pesquisa de sindrome compartimental
IMAGIOLOGIA
• RX em 2 planos
• TAC – avaliar o tipo de fratura, ajudar o planeamento cirúrgico, e visualizar os
fragmentos ósseos.
TRATAMENTO
• Conservador
- Em fraturas estáveis sem desvio
- Gesso articulado e mobilização precoce do joelho
- Carga parcial progressiva a partir das 8 semanas. Às 12 semanas carga total.
- Caso haja perda da redução indicada cirurgia
• Cirúrgico
- Em fraturas fechadas desde que haja afundamento articular e instabilidade
articular em extensão > 10º (comparando com o joelho contralateral)
- Fraturas expostas – lavagem e desbridamento seguidas de osteotaxis.
EXEMPLOS DE TRATAMENTO CIRÚRGICO
EPIDEMIOLOGIA
• Representam 1% da totalidade das fraturas
• M:F 2:1
• Escalão etário mais frequente 20-50
• Lesões bilaterais são pouco frequentes
MECANISMO LESIONAL
• DIRETO: Por possível extensão ativa do joelho, com deslocamento mínimo
devido manutenção da integridade do retinácula lateral e medial. A extensão
ativa do joelho pode estar mantida.
• INDIRETO (o mais comum): ocorre secundario a uma contração forçada do
quadricipete, enquanto o joelho está numa posição de semiflexão. Impossível a
extensão ativa do joelho.
RX – Traço transversal, grande afastamento.
• CLÍNICA
• Impotência funcional, dor, edema. Um afastamento entre os topos pode ser
palpável.
RADIOLOGIA
• Incidências – AP, perfil e axiais
• A presença de uma rótula bipartida congénita (presente em 8% da população),
que ocorre normalmente na porção superolateral e tem margens regulares,
sendo bilateral em 50% dos casos.
• No perfil as fraturas com desvio são evidentes
• As incidências axiais podem auxiliar a identificar fraturas osteocondrais ou
traços verticais – também designadas por fraturas ocultas.
Fratura marginal
da patela
Fratura subcondral da
patela
TRATAMENTO
• CONSERVADOR: Fraturas sem desvio; fraturas com desvio inferior a 3mm e
mecanismo extensor intacto.
• Imobilização com cilindro gessado ou Tala amovível em extensão, durante 4 a 6
semanas.
• CIRÚRGICO: Fraturas com desvio.
• Técnica variável e adaptada a cada caso. A mais utilizada – fios e cerclage com
efeito em tirante
O aparelho extensor do joelho é constituído pela tuberosidade anterior da tíbia (que
pose ser sede de fraturas por avulsão), pelo tendão patelar, pela patela e pelo tendão
do quadricípite).
O paciente com rotura do quadricípite, pode fazer marcha segurando o joelho como
em A.
Gap quadricipital, patela baixa
Conceitos essenciais
Texto de apoio.
Deve estimular a presença nas aulas, para visualização de
casos clínicos e de iconografia referente ás patologias
descritas.
José Casanova
Breves considerações anatómicas
Ósseas e vasculares
Ombro – Mobilidades
LESÕES TRAUMÁTICAS
FRATURAS DA CLAVÍCULA
CLINICA
• Dor palpação e mobilização
• Deformidade
• Mobilidade anormal
• Crepitação
RX
TRATAMENTO
Tratamento conservador
Cruzado posterior (3 semanas)
Complicações:
- Lesões neurovasculares
- Calo exuberante com lesão neurovascular crónica
- Pseudartroses
Tratamento cirúrgico
- Complicadas com lesões neurovasculares.
- 1/3 externo com rotura do ligamento conóide e trapezóide
- Grandes deslocamentos
- Expostas
LESÕES ACRÓMIO-CLAVICULAR
ANATOMIA
Classificação:
GRAU 1 – ENTORSE
• Queda ou traumatismo directo sobre o ombro, sendo o acrómio
empurrado para baixo.
• Distensão cápsula AC; ligamentos íntegros.
• Extremidade da clavícula sem deslocamento.
• Dor + impotência funcional.
• Sem deformidade.
• RX negativo.
• Tratamento ortopédico.
• Suspensão membro 2 semanas.
GRAU 2 – SUBLUXAÇÃO
• Ligeiro deslocamento da clavícula para cima e para trás.
• Rotura da cápsula AC.
• Ligamentos íntegros.
• Dor + impotência funcional (+++ Abdução).
• Deformidade ligeira.
• RX discreta subida clavícula.
• RX de stress. Em casos de dúvida entre este Grau ou a luxação,
aplicar peso de 5 Kg apoiado em cada pulso, e obter RX de ambas
as acrómio-claviculares, e comparar entre elas.
• Tratamento ortopédico.
• Imobilização suspensão membro 2 semanas.
CIRURGIA
Fixação coracoclavicular com parafuso
Factores predisponentes:
o Cavidade glenóide 3 a 4 vezes < cabeça umeral.
o Cápsula articular pouco resistente.
Associação com lesões ósseas.
Complicações pouco frequentes:
o Lesão circunflexo Parestesia na zona do deltóide
CLASSIFICAÇÃO
1. ANTERIORES
Correspondem a cerca de 90% das luxações.
Mais comum a subglenoideia. As bilaterais são muito raras.
2. POSTERIORES
Existe um outro tipo de luxação em que o úmero será deslocado para trás,
chamada de luxação posterior. Ela é muito mais rara (menos de 10%) e ocorre
após convulsões, choques elétricos ou acidentes automobilísticos em que o
paciente encontrava-se com o braço esticado no volante e sofreu um trauma
súbito.
Clinicamente traduz-se por um bloqueio na rotação externa do ombro.
3. INFERIORES ou ERECTAS
Surgem aquando de quedas em que o individuo se suspende pelo membro.
REdução e imobilização
Ligadura de velpou durante 2/3 semanas
CLINICA – anteriores
REDUÇÃO
1. Hipócrates
CLINICA
Instabilidade unidireccional- episódio inicial de dor aguda, seguido de dor
residual, dor no esforço e laxidez ligamentar. (mais anterior)
TESTES
Load and shift test.
Translação anterior para posterior do úmero. Promove centragem e
báscula da cabeça.
Sinal de apreensão
O paciente demonstra apreensão em abdução e rotação externa
Teste de Rowe
Testa as instabilidades multidireccionais. (inferior; anterior e posterior).
Trata-se de uma tentativa de luxar a cabeça umeral. Uma expressão de
apreensão/desconforto indica positividade do teste.
(Ex. Instabilidade anterior)
Sinal do sulco
Cotovelo flectido a 90º, ombro em rotação neutra. Pressina-se
inferiormente o antebraço.
Jerk Teste
Aplicar uma força posterior ao longo do eixo do úmero, com braço em
abdução 90º antepulsão e rotação interna. Causa subluxação posterior da
cabeça. Quando o braço passa a extensão sente-se um ressalto da redução.
IMAGIOLOGIA
• Lesão de Bankart – destacamento da parte anterior do labrum e sua
inserção glenoumeral
Artro-ressonância
Instabilidades anteriores
Transferência da coracóide
Artroscopia
Instabilidades Multidirecionais
Reforços capsulares
Canha
Fatores importantes a ter em atenção:
1. Associação de fraturas com luxação do ombro
2. Gravidade da fratura depende do número de partes em que a cabeça se
fragmenta
3. A decisão terapêutica em termos de técnica cirurgica a utilizar depende
muito desse número referido em 2.
As técnicas cirúrgicas variam desde aplicação de fios, a osteossintese com placas
e parafusos e a artroplastias (cabeça 3 ou mais fragmentos).
Avaliação
o Dor palpação: Grande tuberosidade; articulação acromioclavicular;
goteira bicipital e processo coracoide
o Exploração das mobilidades
A parte inicial do movimento resulta de um deslizamento da escapula na
articulação omotorácica - 45º a 60º - por isso indolor.
O arco de movimento torna-se doloroso a partir daí até cerca dos 120º, primeiro
por ação dominante do supraespinhoso (até os 90ª) e a partir daí o deltoide vai-
se tornando dominante.
A dor na parte final do movimento é de natureza acromioclavicular.
Tendinite calcificada
Meio diagnóstico de eleição para estudo da coifa dos rotadores é a RM.
Permite apreciar a extensão da rotura; se completa ou não; se longitudinal –mais
condições de reparação; e grau de degenerescência gorda do músculo
supraespinhoso – a degenerescência gorda está associada a impossibilidade de
sutura
TESTES PROVOCATIVOS
Teste de Neer
Impingement teste - teste do conflito subacromial
Teste de Jobe
Após traumatismo ou
imobilização prolongada.
Sem antecedente aparente.
Limitação uniforme dolorosa
de toda a mobilidade.
Fibrose capsular, com
aumento da pressão liquido.
Fisioterapia + AINES + corticóides.
Mobilização ombro sob anestesia
Causas
Quedas com braço em extensão
Levantar objetos pesados
TRATAMENTO
Jovens e desportistas – cirurgico
Restantes e idosos - conservador
Fraturas da diáfise do úmero
Na diáfise os níveis 2, 3, e 4
correspondem ao 1/3
superior, médio e inferior,
respetivamente
Dor
Impotência funcional
Sinais de fratura
Tumefação, deformidade
Crepitação óssea…..
Osteotáxis (infeção)
Terço superior e médio
Tala em U 5 semanas , “Braçal” até à consolidação
Velpeau + tala em U
Braquipalmar é diferente de “braquial” braqui-antebraquial
Punho gessado
Antebraquipalmar
Fraturas do escafóide
Ortótese suspensora do cotovelo
Tratamento:
Fios metálicos
Placa e parafusos
Cavilhas centromedulares
MIPO – técnica
minimamente
invasiva. Faz-se
uma pequena
incisão e desloca-
se a placa ao
longo do osso e
só se fixa a placa
em cima e em
baixo, como se
fosse uma ponte
Encavilhamento centromedular
retrógado
Anterógado
Encavilhamento centromedular
Cravos elásticos de Ender / fios de K fasciculado
IMOBILIZAÇÃO
Osteotáxis fixadores externos
1 ano
complicações
Imobilização braquipalmar
Posteriormente Articulado do
cotovelo
Fracturas supracondilianas do úmero
Redução………fixação
Supracondilianas com desvio do lado esquerdo
Nervo ulnar
Fracturas supra e intercondilianas do úmero
ruipa
2020-10-26 19:50:04
--------------------------------------------
Fraturas com indicação cirúrgica.
cominutivas
Completa
destruição do
cotovelo Prótese total do cotovelo
GSB III
É mandatória para
podermos fazer o TAC com reconstrução tridimensional
planeamento pré-op
Artéria
calcificada -
idoso
Sem desvio tratamento conservador
Sem desvio tratamento conservador
Fracturas da epitróclea e fracturas do epicôndilo
Interposição articular
Fratura da epitróclea associada a fratura colo do rádio
Fracturas tangênciais da tróclea ou do côndilo radial (capitellum)
Grande fragmento..osteossíntese
livre
Frat. da cabeça do rádio
Frat. do olecrano
conservador 3 sema.
cirúrgico
conservador
Crianças conservar……cotovelo valgo
Mantém-se o material
durante 2-3 semanas e
depois retira-se para evitar
rigidez
Retirar material
precocemente……..rigidez
Fixação transcondiliana
Fracturas do olecrano
No olecrâneo
insere-se o
tricípite
braquial e ao
contrair-se
afasta o
olecrâneo,
puxando em
sentido
proximal
Tratamento
Fragmentos
pequenos
não têm
indicação
para
parafuso,
mas
fragmentos
grandes sim
grande
Associadas a luxações do cotovelo
TAC com reconstrução
Fraturas complexas , lesões dos tecidos moles, flictenas,
Importância da TAC
Anteriores, posteriores, laterais , divergentes…associadas
posterior
anterior
Imagiologia RX + TAC
Luxações traumáticas do cotovelo………. redução e imobilização
Cirurgia …..fraturas
Luxações traumáticas do cotovelo
complicações
Rigidez articular
interno/medial
Subluxação residual
Ossificações ectópicas
Tornozelo
e
Pé
Texto de apoio.
Deve estimular a presença nas aulas, para visualização de
casos clínicos e de iconografia referente às patologias
descritas.
José Casanova
Fratura do pilão tibial
Fratura cominutiva
Clinica
• Dor
• Impotência funcional
Exame físico
• Edema
• Envolvimento dos tecidos moles
• Avaliação do estado circulatório e nervoso local
Tratamento
1 – Conservador
Raro
Em fraturas sem desvio e naquelas sem atingimento articular
Tratamento consiste na redução e imobilização com bota gessada
2- Cirúrgico
- Osteotáxis
- Redução aberta e fixação interna
Complicações
Classificação
• Tipo A
Abaixo da sindesmose
• Tipo B
A nível da sindesmose
• Tipo C
Proximal à sindesmose
Clínica
Exame físico
• Dor
• Tumefação
• Equimose
• Crepitação óssea
Radiologia
• RX face + RX perfil
Diagnóstico diferencial
• Entorse tornozelo
• Fratura da base do 5º metatársico
• Fratura de Maisonneuve (fratura do maléolo interno/ou rotura do
ligamento medial, com transmissão de força ao longo da membrana
interóssea e fractura proximal do perónio).
• Fratura osteocondral
Tratamento
Imediato
• Gelo local
• Imobilização com tala gessada
Definitivo
• Conservador
Bota gessada em fraturas estáveis
• Cirúrgico
- Placa e parafusos em fraturas instáveis
- Fixadores externos em fraturas complexas e cominutivas e em fraturas
expostas
Bota gessada/Walker
Tratamento Cirúrgico
Maléolo lateral
Maléolo medial
Exemplo: Fratura trimaleolar – Maléolo Lateral + Maléolo
Medial + Maléolo posterior
Osteotáxis
Fraturas do calcâneo
• 2% (esqueleto)
• 60% (ossos do pé) COMPRESSÃO
• Homens 92%
•
•
•
Idades – 25 aos 55 anos
Intra-articulares – 75%
Extra-articulares – 25%
A
X
I
A
L
Clínica
• Dor
• Tumefação
• Deformidade
• Incapacidade da marcha
Imagiologia
• RX tornozelo e pé
- Face + perfil
- Axial do calcâneo
• TAC (calcâneo)
Diagnóstico diferencial
• Fraturas do tornozelo
• Excluir fraturas da coluna – transição dorsolombar (associação muito
frequente)
• Lesão renal (urina – Combur)
• Outras fraturas (pratos tibiais; colo fémur)
Tratamento
• Médico
Bota gessada com estribo
• Cirúrgico
Complicações
• Imediatas
Cutâneas
Infeção
• Tardias
Dor Marcha
Deformidade em varo
Artrose subtalar
Fratura do 5º metatársico
Mecanismo lesional
• Traumatismo direto
• Traumatismo indireto
Clínica
• Dor
• Edema
• Impotência funcional
• Equimose
Diagnóstico diferencial
• Fratura bimaleolar
• Entorse do tornozelo
Tratamento
Entorse – Definição –
Rotura total ou parcial dos ligamentos articulares por mecanismo forçado
em inversão, ou, mais raramente em eversão.
Maior Risco
- Edema ligeiro
- Perda funcional ligeira
- Sem instabilidade mecânica
- Dor discreta
- Equimoses raras
- Edema moderado
- Perda funcional moderada
- Ligeira instabilidade mecânica
- Dor moderada
- Equimoses frequentes
• Grau 3: rotura completa de um ligamento
- Edema severo
- Impotência funcional marcada
- Instabilidade mecânica
- Dor severa
- Equimoses significativas
Pedir RX se:
- Dor no maléolo
- Dor na base do 5º metatársico
- Dor escafoide társico
- Incapacidade de dar 4 passos com apoio
Pontos de referência
Critérios de Ottawa
Imagiologia
• Fratura bimaleolar
• Fratura da base do 5º metatársico
• Fractura Maisonneuve
• Fratura osteocondral
Tratamento
Grau 1
Protection
Rest
Ice
Compression – Diminuir edema junto lesão
Elevation – Facilitando drenagem venosa e linfática
Grau 2
RICE
Usar canadianas alguns dias – fase aguda 5 a 10 dias
Ortótese funcional
Carga precoce e mobilização
Recuperação entre 5 a um máximo de 2 semanas
Grau 3
- Conservador –
imobilização seguida de reabilitação
carga logo que tolerada
mobilizar progressivamente (dor limite)
recuperação 6 a 8 semanas
considerar tratamento similar a fratura
- Cirurgia –
pacientes jovens com alto nível de atividade atlética
envolvimento de mais do que um ligamento
entorses de repetição reveladores de alguma instabilidade
Complicações
Sem tratamento adequado, uma entorse aguda pode dar origem a uma
instabilidade articular crónica.
Se esta instabilidade for incapacitante e severa – cirurgia.
Se a instabilidade for ligeira – tratamento conservador, baseado em calçado
estável, contenção elástica e fisioterapia dirigida.
Rotura do Tendão de Aquiles
Clínica
Exame físico
• Tumefação
• Descontinuidade a nível do tendão (gap)
• Manobra de Thompson positiva
Palpação Queda
Manobra de Thompson
• Radiologia negativa
• Ecografia, importante na urgência. Limitada pela subjetividade do
observador, e pouco precisa na distinção de rotura completa versus
incompleta, e sua extensão.
• RM – exame de eleição. Determinação precisa da extensão e tipo de
rotura. Essencial no planeamento do tratamento, particularmente do
cirúrgico.
Tratamento
Conservador
Cirúrgico
Hallux Valgus
Joanete
• Congénito
• Padrão familiar
• Uso de calçado inadequado – desvio de ângulo correto da articulação
• Mais frequente em mulheres 10/1
• Raro em indivíduos que não usem calçado
• A pressão do calçado na saliência óssea dá desconforto e dor.
• Pode surgir eritema, inflamação e infeção.
• O hallux sobrepõe-se ao 2º dedo deslocando-o e deformando a articulação
• Deixa de desempenhar a sua função, perturbando a marcha
• Promove desequilíbrio do pé, por aumento das cargas nas restantes
estruturas
• Causa de dor e metatarsalgia
Tratamento
Clinica
• Conservador
Calçado adequado
Palmilhas
Infiltração local
• Cirúrgico
Exérese do nevroma
Doença de Freiberg
Doença de Sever
• Osteocondrite localizada à apófise calcaneana
• Dor referida ao calcanhar, zona de interseção do Tendão de Aquiles, que
aumenta com o esforço, e é despertada à pressão digital.
• A epífise apresenta-se ao RX com um aspeto mais denso, irregular e por
vezes fragmentado.
• Causa de dor ao retropé, mais frequente em crianças (8 a 14 anos).
• Tratamento
Calçado adequado
Palmilhas
Pé boto ou Pé equino-varo congénito
MÉTODO de PONSETI
Tratamento
Maioria dos casos não necessita de tratamento.
Cirurgia indicada em casos de persistência da deformidade da arcada,
sem provas de normalidade funcional. Pés rígidos com barras (mais
comum calcaneonavicular). Também em adolescentes e adultos
(dolorosos).
Pé Cavo
Conceitos essenciais
Texto de apoio.
Deve estimular a presença nas aulas, para visualização de casos
clínicos e de iconografia referente às patologias descritas.
José Casanova
Ruben Fonseca
ONCOLOGIA ORTOPÉDICA
TUMORES
GENERALIDADES
• CLÍNICA
- DOR – presente em 80% casos; Mecânica; Inflamatória; Mista.
- Tumoração
- Fratura patológica
- Achado acidental
- Evolução temporal
Tumoração
Circulação venosa
colateral
Corpo Vertebral
MALIGNAS
Elementos posteriores
BENIGNAS
2. O que está a lesão a fazer ao osso?
Osteolítica
Esclerótica
Cimento (Metilmetacrilato)
Prótese endomodular
Quisto ósseo simples, uma lesão óssea preenchida por líquido seroso
• DEMOGRAFIA:
- A maior dos casos ocorre em <20 anos
- Localizações: úmero proximal, fémur proximal, ilíaco e calcâneo
• CLÍNICA
- A apresentação mais comum é uma fratura patológica após trauma minor.
- Os sintomas dolorosos desaparecem com a cura da fratura
• IMAGIOLOGIA
- Lesão puramente lítica localizada centralmente no canal medular
- Os QOS começam metafisários, junto das placas de crescimento. E vão
progredindo até à diáfise acompanhando o crescimento ósseo
- Insuflação cortical
- Não ultrapassa a placa epifisária
• TRATAMENTO
- O tratamento standard é a injeção intralesional de acetato de
metilprednisolona. Podem ser necessárias várias injeções especialmente em
crianças muito jovens.
- Após fratura as lesões ocasionalmente serão preenchidas com osso nativo
(15%).
- A história natural é o preenchimento com enxerto ósseo após atingimento da
maturidade esquelética.
- Lnesões do fémur proximal com ou sem fratura patológica, devem ser sujeitas
a curetagem/enxerto ósseo/fixação interna
QUISTO ÓSSEO ANEURISMÁTICO
DEMOGRAFIA:
- 75% dos doentes têm < 20 anos
- Pode estar associado a outra lesão (30% dos casos), como condroblastoma, TCG,
fibroma condromixóide, fibroma não ossificante, osteoblastoma e displasia fibrosa)
- Localização: as mais comuns – fémur distal, tíbia proximal, pélvis, coluna (elementos
posteriores)
CLÍNICA
- Dor e tumoração
- Raro apresentar-se como fratura patológica
- Sintomas neurológicos possíveis em lesões da coluna
IMAGIOLOGIA
- Lesões líticas metafisárias excêntricas
- Insuflam a cortical e podem destruí-la e estender-se aos tecidos moles
- A lesão pode invadir a placa epifisária
- Habitualmente mantem uma margem esclerótica em torno da lesão
- Sem matriz mineralizada
- Radiologicamente o diagnostico diferencial incluí o quisto ósseo simples e o
osteossarcoma teleangiectasico
TAC – permite ver nível líquido com separação e deposição do sangue e produtos
plasmasticos
RM – também visível, em T2 sem contraste maior intensidade na periferia da lesão
• TRATAMENTO
- Curetagem + fenolização e enxerto ósseo autológo
- Ossos dispensáveis – fíbula proximal podes ser ressecada
- Embolização isolada ou pré cirúrgica pode ser utilizada em lesões pélvicas ou
da coluna
- Lesões de menores dimensões justa-articulares embolização e polidocanol
(alccol)
- Recidiva local mais frequente em doentes com fise aberta
- Recidiva local repetir procedimento
DISPLASIA FIBROSA
• DEMOGRAFIA:
- Idade: 5-15 anos
- Sexo: F > M
- Localização:
- Monostotica – Crâneo, Fémur Proximal, Tíbia
- Poliostotica – Generalizada
• PATOGENESE:
- Deficiência no desenvolvimento
- Falência de maturação das trabéculas primárias e da sua remodelação ao
longo das linhas de stress
- Perda de resistência mecânica, deformidade, e fratura patológica.
• HISTÓRIA NATURAL:
- Monostotica – alargamento proporcional ao crescimento – matura após o
final do crescimento
- Poliostotica – continuação do alargamento e de deformidade após o final do
crescimento
• CLÍNICA
- Habitualmente assintomática e achado acidental
- As fraturas de fadiga através da lesão podem causar dor
- Pode haver tumefação em torno da lesão
IMAGIOLOGIA
• Lesão radiotransparente com aspeto de vidro esmerilado
• Circundada por margem de osso reativo
• Deformidade grave em ossos longos de carga – deformidade do fémur proximal
em cajado de pastor, é uma imagem clássica
TRATAMENTO
• Em muitos casos – vigilância – lesões não limitadoras da atividade
• Indicação cirúrgica em casos que envolvam risco de fratura patológica e
correção de deformidades incapacitantes
• Curetagem e preenchimento com enxertos corticais
FIBROMA NÃO-OSSIFICANTE
DEFEITO FIBROSO CORTICAL
DEMOGRAFIA:
- Idade: 5-15
- Sexo: M > F
- Localização:
Predileção pelas metáfises dos principais ossos longos
HISTÓRIA NATURAL
- Surge entre a fise de crescimento ou o periósteo metafisário
- Passa para a periferia da metáfise
- Cura espontânea após encerramento da fise
- Fratura patológica rara, mas quando ocorre acelera o processo de cura
- Não sofre transformação maligna
IMAGIOLOGIA
- Metafisária, ossos longos, excêntrico, oval, placa epifisária aberta.
- Inicialmente um defeito radiotransparente.
- Margem grosseira por osso reativo
- Cintigrafia: início – hiperfixação focal; sem fixação – tardio.
- TAC: Radiotransparente; início (margem irregular); tardia (margem ossificada)
- RMN: T1 – fraca densidade; T2 – sinal intenso diminuindo com a cura.
TRATAMENTO
- Observação sem biópsia perante imagem típica
- Biópsia em lesões atípicas
- Curetagem e enxerto para prevenir fraturas patológicas
TUMORES BENIGNOS
OSTEOBLASTOMA
• DEMOGRAFIA:
- Idade: 15-30
- Sexo: M > F
- Localização:
Elementos posteriores da coluna
Metáfises dos ossos longos
• HISTÓRIA NATURAL:
- Maioria são lesões de crescimento lento
- Algumas lesões têm comportamento agressivo
- Sem transformação maligna
• IMAGIOLOGIA
- Lesões osteolíticas bem delimitadas
- Mineralização finamente reticular
- Assemelham-se com QOA agressivos e/ou Osteossarcoma telangiectásico
(atenção neste diagnóstico diferencial a fosfatase alcalina é normal)
- Cintigrafia: Hiperfixação isotópico focal
- TAC: apreciar a mineralização fina; realce com o contraste.
- RM: T1 – homogéneo, intensidade intermédia
T2 – Sinal Intenso
• TRATAMENTO
- Cirúrgico – excisão alargada
- Recidiva local cerca de 10%
- Recidivas, localizações de alta morbilidade cirúrgica – responde QT
(adriamicina).
OSTEOMA OSTEÓIDE
• DEMOGRAFIA
- Idade: 8-18
- Sexo: M = F
- Localização: Intra-cortical, ossos longos; elementos posteriores das vértebras
• HISTÓRIA NATURAL
- Lesão dolorosa, ativa, exacerbada pelo álcool, aliviada pela aspirina
(prostaglandinas)
- Não aumenta de dimensões, raramente excede 1cm
- Cura espontânea em 3 – 5 anos
• IMAGIOLOGIA
- Pequeno nidus oval ou redondo radiotransparente
- Uma grande zona de osso reativo, que frequentemente impede a visualização
do nidus
- A reação aumenta o diâmetro do osso
- Aspetos radiológicos pouco frequentes:
Localização esponjosa tem menor reação
Lesões medulares habitualmente invisíveis
Lesões periarticulares limitam sinovite
Esq – imagem habitual
Dta – Esponjosa
Baixo - Periarticular
Medular
• CARACTERISTICAS CLÍNICAS
- Saliência óssea
- Lesões únicas – osteocondrome/exostose
- Lesões múltiplas – doença exostosante/exostose múltipla hereditária-
(autossómico dominante, penetração e expressão variável)
- Massa indolor
- Dor quando comprime estruturas musculares, fáscia, tendões, ligamentos ou
nervos
- Massa palpável habitualmente maior que a sua tradução radiológica.
- Resulta numa saliência óssea coberta por uma capa cartilagínea
- Desorganiza o mecanismo de progressão epifisária
Exostose múltipla hereditária:
- Lesões desenvolvem-se durante o crescimento e param após o seu fim
- Deformidade variável
- Baixa estatura
- Risco adicional de malignização
- Mais dolorosas que as solitárias
- Possibilidade de malignização (entre 1-10%)
- Maior risco de malignização em lesões centrais
- Esta possibilidade ocorre nas décadas médias da vida
- A maioria das lesões são condrossarcomas de baixo grau de malignidade
- Raramente pode malignizar em sarcomas de alto grau de malignidade
• IMAGIOLOGIA
- Pediculado ou séssil
- Localização metafisária
- Cortical, continuidade da medular
- Cintigrafia: hiperfixação, atividade diminuí com maturidade óssea
- Capa cartilagínea mais bem apreciada na RM e TAC.
TRATAMENTO
- Excisar lesões sintomáticas
- Vigilância doentes e lesões
- Excisar após maturidade esquelética
ENCONDROMA
• ETIOLOGIA e CLINÍCA
- Falência óssea da ossificação cartilagínea
- Localizações mais comuns – ossos longos das mãos e pés
- Habitualmente metáfise/diafisária
- Frequentemente surgem como achado acidental ou fraturas patológicas
• IMAGIOLOGIA
- Radiologia: Calcificações espiculada
- Cintigrafia: Hiperfixação
- RM: T1 – sinal fraco; T2 – grande intensidade
T1 T2
CONDROBLASTOMA
• DEMOGRAFIA:
- M/F = 2:1
- 80 % doentes menos de 25 anos
- Tumor cartilagíneo benigno, raro
- Pensa-se que surge da placa epifisária cartilagínea
• CLÍNICA
- Dor progressiva no local da lesão
- Localização: Femur distal, Tibia proximal. Úmero proximal.
Raro em localizações apofisárias, pélvis, rótula e astrágalo.
- < 1 % desenvolve metástases pulmonares benignas
• IMAGIOLOGIA
- São tumores, redondos, pequenos, que surgem nas epífises.
- A maioria tem de 1 a 4 cm, e têm uma margem esclerótica
- Expansão cortical é possível, mas com rara extensão aos tecidos moles.
- RM revela edema em torno da lesão
• TRATAMENTO
- Curetagem e enxerto / cimento
- Recidiva 10 a 15%
• DIAGNOSTICO DIFERENCIAL
- TCG
- Condrossarcoma de células claras
• DEMOGRAFIA
- A maioria ocorre em doentes dos 30 aos 50 anos (90% > 20 anos)
- Sexo: F=M
Exceto no radio distal F>10 M 1
- Localização: Metáfises e epífises dos mais importantes ossos longos, corpos
vertebrais. 54% ocorrem na região anatómica do joelho.
• CLÍNICA
- A dor e tumoração por 2 a 3 meses são os sintomas mais importantes
- Diminuição das mobilidades articulares se localizado junto a articulação
- Por vezes apresenta-se com uma fratura patológica (10%)
• IMAGIOLOGIA
- Lesões líticas excêntricas, nas epífises/metáfises dos ossos longos
- Lesões atingem a superfície subcondral sem margem esclerótica
- Pode destruir a cortical e invadir os tecidos moles circundantes
- Habitualmente os RX ajudam substancialmente o diagnostico
- Cintigrafia apresenta hiperfixação
- TAC Aprecia os limites da lesão; a rotura da cortical.
- RMN extensão aos tecidos moles
Não existe sistema de graduação histológica,
Ou forma de prever o seu comportamento e prognóstico.
É o tumor ósseo benigno mais implantável nos tecidos
moles.
• TRATAMENTO
- As lesões podem ser tratadas com curetagem, brocagem de alta rotação
fenolização e preenchimento com cimento.
- A recidiva local associada a esta técnica é de 10 a 15%
- Lesões agressivas, ou com envolvimento de estruturas articulares, podem
levar a resseções alargadas e substituição protésica.
- Recidivas locais, lesões agressivas, fraturas patológicas, localizações cujo
tratamento cirúrgico seja associado a alta morbilidade, requerem tratamento
prévio com inibidor da osteoclastogénese (denosumab)
- Em 2% dos doentes pode metastizar para os pulmões
EM RESUMO
• Displasia fibrosa
• Fibroma não ossificante
• Quisto ósseo simples
• Granuloma eosinófilo
• Condromas
• Exostoses
• Miosite ossificante
• Osteoma osteoide
• Osteoblastoma
• Condroblastoma
• Fibroma condromixóide
• Quisto ósseo aneurismático
• Tumor de células gigantes
TUMORES MALIGNOS
OSTEOSSARCOMA
• DEMOGRAFIA
- Idade: 2 picos:
Segunda década da vida
Sexta década
Tumor ósseo mais comum em crianças
- Sexo: M/F = 1.5:1
- Localização: Metáfises do fémur distal, tíbia proximal e úmero proximal;
Pélvis.
• GENÉTICA/ETIOLOGIA
- Incidência aumentada em doentes com mutações de p53, Doença de Paget,
radioterapia prévia, Síndrome de Rothmund-Thomson e retinoblastoma.
• CLÍNICA
- Dor intermitente, que progride para constante, com predomínio noturno, e
que não cede à medicação
- Tumoração, diminuição das mobilidades, claudicação (dependendo da
localização)
- 10% dos doentes apresentam-se com fratura patológica
• IMAGIOLOGIA
- Lesão de aparência mista, variando de puramente lítica a totalmente
ossificada
- Áreas amorfas de ossificação
- Rotura da cortical, triângulo de Codman, padrão radiário de ossificação
- Captação intensa e extensa do radioisótopo
- TAC – frequentemente um padrão de ossificação não orientado. Realce com o
contraste.
RMN – T1 fraca intensidade de sinal. T2 – sinal heterogéneo.
• TRATAMENTO
- O tratamento standard é a quimioterapia neoadjuvante (pré-operatória),
seguida por cirurgia de resseção (salvação do membro ou amputação), seguido
adicionalmente por quimioterapia adjuvante.
- Cirurgia de salvação dos membros em 90% dos casos
- Recidiva local em 5% dos casos, associados a pior prognostico.
- Boa resposta a quimioterapia, e margens alargadas diminuem risco de
recidiva local
- A reconstrução não é determinada pela resseção, e depende da localização e
idade do doente.
- O estadiamento é um fator prognostico importante
- A percentagem de necrose tumoral induzida pela quimioterapia neoadjuvante
(resposta < 90% de necrose) está associada a maiores sobrevidas.
- Fosfatase alcalina e LDH elevadas associadas a pior prognóstico
• OSTEOSSARCOMA – Variantes
- Osteossarcoma na Doença de Paget
- Osteossarcoma perióstico
- Osteossarcoma teleangiectásico
- Osteossarcoma induzido pela radioterapia
- Osteossarcoma paraosteal
- Osteossarcoma de baixo grau de malignidade
- Osteossarcoma extraesquelético
- Osteossarcoma de pequenas células
- Osteossarcoma de células gigantes
- Osteossarcoma multicêntrico
CONDROSSARCOMA
• Demografia:
- Idade: 40 – 75 anos
- Sexo: M>F
- Localização:
Bacia, Ombro, Ossos longos proximais
- Incidência:
Grau I – 60%
Grau 2 – 25%
Grau 3 – 5%
Desdiferenciado – 10% - sarcoma de alto grau (Fibrossarcoma, Osteossarcoma,
Pleomórfico) adjacente a uma lesão cartilagínea benigna ou de baixo grau)
- Tumor ósseo maligno que mais se implanta nos tecidos moles
• CLÍNICA:
- Dor de duração prolongada-
- Massa firme de crescimento lento
- Grande variabilidade de agressividade, dependendo do grau
- Condrossarcomas secundários ocorrem em osteocondromas solitários (<1%);
Osteocondromatose múltipla hereditária (1 a 10%); Doença de Ollier (25 a 40%)
e Doença de Mafucci (100%).
• IMAGIOLOGIA
- A aparência radiológica varia com o grau do tumor
- Lesões de baixo grau são semelhantes a encondromas, mas com erosão
endostal, corticais finas, e ocasionalmente massa de tecidos moles.
- Condrossarcomas de grau intermédio ou alto grau, são mal definidos,
apresentam destruição cortical, e têm uma massa de tecidos moles.
- Condrossarcomas desdiferenciados, apresentam uma lesão intramedular
calcificada com uma lesão osteolítica lítica.
Condrossarcoma
alto grau
Condrossarcoma
Respetiva hiperfixação
cintigrafica
TAC – envolvimento ósseo e
da cortical
Massa de tecidos moles
RM envolvimento medular
Massa de tecidos moles
Relação com estruturas neuro-vasculares
• TRATAMENTO
- Lesões de baixo grau nas extremidades, podem ser tratadas com curetagem +
fenolização e cimentação
- Todas as lesões pélvicas mesmo de baixo grau, exigem resseção alargada
- Lesões de grau 2, 3 ou desdiferenciadas exigem resseções alargadas
independentemente da localização.
- As lesões que recidivam localmente podem progredir na malignidade
- Não respondem a quimio e radioterapia
- Quimioterapia só tem indicação em desdiferenciados pela presença de outras
células malignas, que não cartilagíneas.
- A sobrevida depende do tipo histológico do tumor: Grau 1 – 90%; Grau 2 – 60
a 70%; Grau 3 – 30 a 50%; desdiferenciado = 10%.
SARCOMA DE EWING
• DEMOGRAFIA:
- M/F = 3:2
- Pouco frequente em chineses e africanos
- Segundo tumor primário mais comum em crianças (80% < 20 anos)
- Desconhece-se a célula de origem
- Translocação cromossómica clássica 11:22 (EWS/FLI1 é o gene de fusão)
- Localização: Pélvis, diáfise dos ossos longos e escapula
• CLÍNICA
- Dor sintoma mais comum
- Tumoração, claudicação e diminuição das mobilidades são variáveis
- Frequente febre e por vezes eritema (confunde-se com infeção)
- Elevação da VS, LDH e leucocitose
• IMAGIOLOGIA
- Lesão lítica destrutiva
- Reação perióstica – em camadas múltiplas – camada de cebola – ou em raios
de sol
- Fracamente marginada e permeativa
- Massa extensa de tecidos moles frequente mesmo com destruição óssea
subtil
- Diagnostico radiológico diferencial: osteomielite, osteossarcoma, granuloma
eosinófilo, osteoma osteóide e linfoma.
- A RM é muito importante na identificação da massa de tecidos moles e
extensão medular
• TRATAMENTO
- Quimioterapia neoadjuvante
- O controlo local pode ser conseguido pela cirurgia ou radioterapia ou ambas,
dependendo da localização
- Prognostico:
- Doentes com sarcoma Ewing das extremidades 65-70% sobrevida aos 5 anos
- Metástases presentes – sobrevida 5 anos < 20%
- Fatores prognósticos adversos incluem metastização extrapulmonar, <90%
necrose, tumores de grande volume (>100cc) e lesões de localização pélvica.
MIELOMA MÚLTIPLO
• DEMOGRAFIA:
- Considerado o tumor maligno primitivo dos ossos mais comum
- Idades > 40 anos
- M>F
- IgG e IgA habitualmente elevadas; Proteína Bence Jones elevada
• CLÍNICA
- Dor óssea, fratura patológica, compressão medular e infeções recorrentes
- Pode ocorrer em todo o esqueleto, mas é mais comum em ossos com medula
hematopoiética – crânio, coluna vertebral, e ossos longos.
- Laboratório: anemia normocitica normocromica, hipercalcemia, insuficiência
renal, amiloidose e VS elevada.
- Imunoelectoforese proteínas séricas (99% pico mono ou policlonal); proteína
Bence Jones urina; ß2 microglobulina quando presente pior prognostico.
- Medulograma >30% células plasmáticas
- Biópsia
• IMAGIOLOGIA
• TRATAMENTO
- Tratamento primário quimioterapia
- Bifosfonados para diminuir a dor óssea e calcémia
- Transplante de células estaminais autologas melhora sobrevivência
- Radioterapia diminuir dor e evitar cirurgia
- Cirurgia no tratamento de fraturas patológicas ou de fraturas iminentes
- Cifo e vertebroplastia comum no tratamento lesões vertebrais
- Pior prognostico se falência renal
- 10% sobrevida aos 10 anos
- Sobrevida média 3 anos
PLASMOCITOMA
- Tumor de células plasmáticas, com atingimento de um único osso
- Representa 5% dos doentes com lesões plasmáticas
- Imunoelectoforese plasma e urina negativas/ Medulograma negativo
- Tratamento com radioterapia
- Progride para mieloma em 55% dos casos
TUMORES DOS TECIDOS MOLES
Comentários:
• Lesões menores que 5cm até prova em contrário são benignas; maiores que 5
cm são malignas pelo mesmo raciocínio.
• Lesões abaixo da fáscia são malignas até prova contrária o mesmo se aplicando
em lesões suprafasciais que serão benignas.
• A ecografia permite unicamente estabelecer a dimensão da lesão e a sua
localização em relação com a fáscia.
• O exame de eleição é a RM
• A PET tem adquirido importância particularmente na invasão ganglionar
CLÍNICA