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2 Fonte: www.estudandodireito123.blogspot.com
Odontologia Legal
Um dentista forense carrega uma responsabilidade considerável, uma vez que, com frequência, sua opinião
científica faz-se necessária quando todos os outros caminhos de identificação se esgotaram. Em muitos casos,
os dentes são os únicos restos humanos preservados, representando o único meio de identificação, e nesse
caso, o processo final pode depender da correspondência odontológica específica dos dados dentários ante
mortem e post mortem.
As estruturas e traços únicos dos dentes humanos e maxilares prontamente se prestam para a identificação
de vítimas vivas ou falecidas. Os dados odontológicos podem ser recuperados e registrados no momento do
exame post mortem e comparados aos dados ante mortem fornecidos por dentistas generalistas e / ou espe-
cialistas que trataram a vítima durante a vida. Os dentes estão bem protegidos na cavidade oral e são capazes
de suportar muitas influências externas, próximas ou algum tempo após a morte, mantendo as características
dentárias acessíveis, tais como aquelas oriundas de procedimentos odontológicos, como coroas restaurativas
e estéticas, tratamentos de canal radicular e próteses dentárias, todas feitas sob medida para cada indivíduo,
além de traços anatômicos e morfológicos quando não houve o tratamento, mas que também servem para
comparação com a finalidade de identificação.
3Fonte: www.thiagochiminazzo.jusbrasil.com.br
Necropapiloscopia
O termo papiloscopia é relativo à “papila” e, erroneamente, se refere às estruturas responsáveis pela for-
mação dos desenhos característicos nas superfícies palmares e plantares. Essas estruturas, corretamente
denominadas de cristas de fricção, estão presentes na superfície da pele e são formadas por dobras de tecido
epitelial. A datiloscopia aplicada para a identificação post mortem é denominada no Brasil de necropapiloscopia.
Em 1903, o sistema Vucetich, baseado na Ciência Papiloscópica, ou seja, a partir da coleta, classificação e
confronto de impressões digitais, é adotado no Brasil, constituindo-se no método mais barato, seguro e prático
de identificação humana reconhecido pela legislação brasileira.
Os bancos de dados periciais civis e criminais dispensam a apresentação de padrões de comparação por
terceiros, já que o registro padrão encontra-se arquivado e disponível. Assim, a partir de algoritmos formados
pela disposição dos pontos característicos de cada impressão e da identificação das regiões do delta e do nú-
cleo, tornou-se possível a pesquisa de forma automatizada por padrões papiloscópicos.
Esse método de identificação pode ser aplicado buscando a identificação de corpos cadavéricos nas mais
variadas fases dos fenômenos transformativos, sejam destrutivos, como autólise, putrefação e maceração ou
conservadores, como saponificação, mumificação, corificação e petrificação. Cada vez mais a necropapilosco-
pia tem ganhado importância, pois traz resultados positivos e conclusivos de forma mais célere, sendo, portan-
to, um eficiente método primário de identificação, inclusive nos acidentes de massa.
Análise de DNA
A revolução causada em 1953 por Watson e Crick, que descobriram a estrutura de dupla hélice do DNA,
levou a mudanças importantes em quase todos os campos da ciência. Esta descoberta foi a base para o de-
senvolvimento de técnicas que permitem caracterizar a individualidade de cada pessoa com base na sequência
de DNA.
A análise do DNA é única na sua habilidade de fornecer informações de identidade a partir de qualquer tipo
de tecido, como tecido ósseo, bulbo capilar, amostra de biópsia, saliva, sangue e outros, podendo variar em
quantidade e qualidade do DNA extraído de cada tecido.
Este método requer uma amostra ou fonte, podendo utilizar-se perfis de familiares ou amostras extraídas da
própria vítima ou de seus objetos de uso pessoal; trata-se do único método de identificação primário indepen-
dente da comparação direta (impressões digitais e arquivos dentais).
As técnicas de análise de DNA também podem ser usadas em combinação com outros métodos utilizados
na identificação de vítimas, sendo essa associação crucial em acidentes em que a fragmentação corpórea é
severa.4
Perito
É o auxiliar da justiça, cuja função é fornecer ao juiz dados instrutórios, de ordem técnica, realizando a veri-
ficação e a formação do exame do corpo de delito.
São profissionais com conhecimentos técnico-científicos em áreas do saber humano, os quais fornecem
informações técnicas sobre determinado assunto em um caso concreto e procedem a exames em pessoas ou
coisas.
Os peritos atuam na fase de inquérito policial ou processo judicial, sendo considerados auxiliares da Justiça.
4 Fonte: www.perspectivas.med.br
6 Fonte: www.impetus.com.br
Figura 4 - Bordos das feridas incisas sobre pregas cutâneas A - Ferida em “zig-zag” B - Ferida interrompida
Fonte: Aguiar, A. (1958). Medicina Legal: Traumatologia Forense. Lisboa: Empresa Universidade Editora.
Nas feridas incisas, normalmente, a hemorragia é abundante. Quanto mais reduzida for a espessura do ins-
trumento e mais afiado o gume, maior a profundidade da lesão e a maior riqueza vascular da região atingida,
mais abundante será a hemorragia. A hemorragia deve-se à maior retração dos tecidos superficiais e à fácil
secção dos vasos, que, não sofrendo hemostasia traumática, deixam os seus orifícios naturalmente permeá-
veis. A distância entre os bordos da ferida relaciona-se com a elasticidade e a tonicidade dos tecidos (França,
2008) (Wolfbert, 2003).
A distância é maior onde os tecidos cutâneos são mais tensos pela ação muscular, como no pescoço, e, ao
contrário, como na palma das mãos e na planta dos pés, onde estas tensões não são tão evidentes (França,
2008).
Como a elasticidade e a retração dos tecidos moles são diferentes nos diversos planos corporais, mais acen-
tuados à superfície do que na fáscia subjacente, as vertentes da ferida são cortadas obliquamente (França,
2008) (Wolfbert, 2003) (Aguiar, 1958).
Apresentam perfil de corte de aspecto angular, de abertura para fora, ou seja, bem afastadas da superfície
e o seu término em ângulo agudo, em forma de V quando o instrumento atua de forma perpendicular (ver a
figura 5). Quando o instrumento atua em sentido oblíquo, ou em forma de bisel, não apresenta término em face
angular (França, 2008).
Figura 8 – Configurações de lesões por instrumentos perfurantes Adaptado: Calabuig, G. (2005). Medicina
Legal e Toxicologia. Barcelona, 6ª Edição: Masson.
Se o instrumento perfurante é cilíndrico – cónico ou cónico, de ponta aguçada, o orifício produzido é puncti-
forme, circular ou linear; se tem ponta romba, o orifício originado apresenta forma irregular (Aguiar, 1958).
O orifício de saída, quando existe, é muito parecido ao da entrada, no entanto, tem os bordos invertidos
(França, 2008).
Quando o instrumento perfurante penetra a pele, a forma das lesões assume um aspecto diferente, obede-
cendo às Leis de Filhos e Langer (França, 2008) (Calabuig, 2005) (Wolfbert, 2003):
- Primeira Lei de Filhos: As soluções de continuidade dessas feridas, quando é retirado o instrumento, asse-
melham-se às produzidas por instrumentos de dois gumes ou tomam a aparência de “casa botão” ou botoeira;
- Segunda Lei de Filhos: Quando essas feridas se mostram numa região onde as linhas de força tenham um
só sentido, o seu maior eixo tem sempre a mesma direção;
- Lei de Langer: Quando um instrumento perfurante lesa um ponto ou uma zona de convergência de diferen-
tes sistemas de fibras elásticas com direção divergente, a extremidade da lesão assume o aspecto da ponta de
seta, de triângulo ou mesmo de quadrilátero.
As feridas produzidas por instrumentos perfurantes, de acordo com a região atingida, tomam as seguintes
direções (França, 2008):
- Pescoço: Linha média: no sentido dos músculos hióides; Face lateral: no sentido do músculo esternoclei-
domastoídeo; Face posterior: no sentido do músculo trapézio.
Figura 11 - Configuração da lesão produzida por lâmina com um gume Fonte: http://www.pericias-forenses.
com.br/medicinaforense.htm
As lesões causadas por instrumentos de dois gumes apresentam uma fenda de bordos iguais e ângulos
agudos (ver a figura 12) (França, 2008) (Wolfbert, 2003) (Aguiar, 1958). Os instrumentos correlacionados são
os punhais e as facas de dois gumes (Aguiar, 1958).
Figura 12 - Configuração da lesão produzida por lâmina com dois gumes Fonte: http://www.pericias-foren-
ses.com.br/medicinaforense.htm
Os instrumentos de três gumes originam feridas com forma triangular ou estrelada (ver a figura 13) (França,
2008) (Wolfbert, 2003).
Figura 14 - Modificações da lesão pelo movimento da mão A - alargamento por inclinação B - rotação da mão
Fonte: http://www.pericias-forenses.com.br/medicinaforense.htm
Deste modo, devido ao movimento nestas lesões, o comprimento da ferida pode ser igual, superior ou infe-
rior à largura da lâmina do instrumento (DiMaio & DiMaio, 2001).
Esta movimentação do instrumento ou da vítima, produz lesões em forma de L ou Y, chamadas também de
ferimentos em “cauda de andorinha” (ver a figura 15). O aspecto destas lesões deve-se ao facto do agressor
cravar a lâmina numa direção e, ao retirá-la (possivelmente para desferir outro golpe), o fazer noutra direção ou
por, entretanto, a vítima se ter movido.
Figura 15 - Lesão característica em “cauda de andorinha” Adaptado: DiMaio, V. J., & DiMaio, D. (2001). Fo-
rensic Pathology. Nova York - 2 Edição: CRC Press
Figura 16 - Lesão em forma de V invertido ou bifurcado Adaptado: DiMaio, V. J., & DiMaio, D. (2001). Foren-
sic Pathology. Nova York - 2 Edição: CRC Press
Outra possível configuração de uma lesão, causada por um instrumento perfuro-cortante, que pode asse-
melhar-se à forma de uma lágrima (ver a figura 17). Este formato deve-se à introdução total da lâmina até ao
ricasso, pequeno espaço entre o fim do fio de gume e a guarda da faca, zona esta não cortante, daí o formato
dos bordos não ser angulado (DiMaio & DiMaio, 2001).
Figura 17 - Lesão em formato de lágrima A –Zona mais superficial (Ricasso) B – Zona mais profunda da
lesão originada pelo gume Adaptado: DiMaio, V. J., & DiMaio, D. (2001). Forensic Pathology. Nova York - 2
Edição: CRC Press
Se uma faca é introduzida numa região corporal com muita violência, a sua guarda pode ficar “tatuada” na
pele, uma vez que não é penetrada (DiMaio & DiMaio, 2001).
Se o instrumento é cravado num movimento descendente a marca da guarda é visível na região superior
(ver a figura 18A) e viceversa (ver a figura 18B). A marca da guarda é simétrica se o instrumento é introduzido
em linha reta na pele. (ver a figura 18C). Assim sendo, por vezes os bordos são redondos ou contundidos, pela
entrada da lâmina até a guarda, eliminando angulações deixadas pelo fio de gume.
Figura 19 - Diferentes tipos de lâmina A- Lâmina de forma uniforme em todo o comprimento e largura B-
Lâmina de forma triangular Adaptado: DiMaio, V. J., & DiMaio, D. (2001). Forensic Pathology. Nova York - 2
Edição: CRC Press
Com a lâmina A (figura 19A), independentemente da profundidade a largura da lesão é no mínimo do tama-
nho da lâmina. As dimensões da lesão dependem da profundidade com que a lâmina B (figura 19B) penetra
nos tecidos.
Figura 20 - Superfície do corpo depressível (parede de abdómen). A lâmina produz uma lesão mais profunda
do que o seu próprio comprimento. Fonte: http://www.pericias-forenses.com.br/medicinaforense.htm
A determinação da força necessária para perfurar os tecidos é muito subjetiva e difícil de ser quantificada
(Hainsworth, Delaney, & Rutty, 2008) (DiMaio & DiMaio, 2001). A única forma de mensurar a força é baseada
no conhecimento de senso comum como: “força ligeira”, “força moderada”, “força considerável” e em alguns
casos “força extrema” (Hainsworth, Delaney, & Rutty, 2008) (Payne-James, Crane, & Hinchliffe, 2005) (Saukko
& Knight, 2004).
Esta última classificação fica reservada para situações em que o instrumento colide com um osso e fica
empalado, quando penetra o crânio ou quando o instrumento deixa contusões ou equimoses modeladas im-
pressas pelo impacto da sua extremidade na pele (Saukko & Knight, 2004).
Alguns Investigadores desenvolveram um projeto na medição da força máxima necessária para a pene-
tração do instrumento na pele, no momento do impacto. Resultaram as seguintes conclusões generalistas
(Saukko & Knight, 2004):
- À parte o osso e cartilagens calcificadas, a pele é o tecido mais resistente à penetração, seguida pelos
músculos.
- O fator mais importante na penetração é a argúcia da ponta do instrumento. O fio de gume, depois do ins-
trumento penetrado é de, relativamente, de menor importância.
- A velocidade de aproximação do instrumento à pele é, particularmente, importante na forma da penetração.
Se o instrumento é firmemente empurrado contra a pele, requer mais força para a penetrar do que se pelo con-
trário, o instrumento tiver sido projetado.
- É mais fácil de penetrar a pele quando está esticada ou tensa do que quando está enrugada ou mole. Na
parede torácica, onde a pele tende a ser intermitentemente suportada pelas costelas, torna-se relativamente
fácil de ser perfurada, uma vez que os tecidos estão esticados sobre os espaços intercostais, como a membra-
na de um “tambor”.
- Apesar da pele ser mais espessa nas palmas das mãos e plantas dos pés do que no resto do corpo, a
variação da resistência aos instrumentos perfuro-cortantes assume pouca importância quando comparado com
outros fatores. Da mesma forma, a pele do idoso, ou de uma mulher, não é sensivelmente menos resistente do
que a dos homens ou jovens.
- Quando um instrumento é empurrado contra a pele, ondulações e resistências da pele ocorrem até que a
penetração aconteça. Quando é excedido o limiar da resistência das fibras elástica da pele, o instrumento pe-
netra os tecidos subcutâneos sem qualquer força adicional, exceto se interceptado por um osso ou cartilagem.
Deste modo, para que ocorra a completa penetração do instrumento até ao punho ou para que a extremidade
7 Fonte: www.repositorio-aberto.up.pt
A TANATOLOGIA vem do grego tanathos (morte) tem como raiz o Indo-europeu dhwen, “dissipar-se, extin-
guir-se” + logia (estudo), MORTE: do latim “mors, mortis”, de “mori” (morrer) e CADÁVER: do latim “caro data
vermis” (carne dada aos vermes). Temos então Tanatologia a área da medicina legal que se ocupa da morte e
os fenômenos a ela relacionados.
A conceituação da morte é de extremamente dificultosa, assim como, em algumas oportunidades, o diag-
nóstico da realidade de morte.
Há 460 a .C., Hipócrates definia o quadro de morte: “Testa enrugada e árida, olhos cavos, nariz saliente cer-
cado de coloração escura, têmporas endurecidas, epiderme seca e lívida, pêlos das narinas e cílios encobertos
por uma espécie de poeira, córneas de um branco fosco, pálpebras semi-cerradas e fisionomia nitidamente
irreconhecível”. Durante muitos anos definiu-se morte como a cessação da circulação (morte circulatória) e da
respiração (morte respiratória).
Até recentemente aceitava-se conceituar a morte como o cessar total e permanente das funções vitais. Atu-
almente, este conceito foi ampliado a partir do conhecimento de que a morte não é um puro e simples cessar
das funções vitais, mas sim uma gama de processos que se desencadeiam durante um período de tempo,
comprometendo diferentes órgãos.
Atualmente prevalecem dois conceitos de morte: a morte cerebral, indicada pela cessação da atividade elé-
trica do cérebro e a morte circulatória, indicada por parada cardíaca irreversível às manobras de ressuscitação
e outras técnicas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define morte como: Cessação dos sinais vitais a qualquer tempo
após o nascimento sem possibilidade de ressuscitamento. Como a morte se apresenta como um processo (di-
nâmico) e não como um evento (estático), quando se coloca a questão: “Quando ocorreu a morte?” a resposta
é dada quando se consegue definir o momento em que o processo de morte atingiu o seu ponto irreversível
Modalidades do Evento Morte:
- morte anatômica - É o cessamento total e permanente de todas as grandes funções do organismo entre si
e com o meio ambiente.
- morte histolôgica - Não sendo a morte um momento, compreende-se ser a morte histológica um processo
decorrente da anterior, em que os tecidos e as células dos órgãos e sistemas morrem paulatinamente.
- morte aparente – estados patológicos do organismo simulam a morte, podendo durar horas, sendo possível
a recuperação pelo emprego imediato e adequado de socorro médico. O adjetivo “aparente” nos parece aqui
adequadamente aplicado, pois o indivíduo assemelha-se incrivelmente ao morto, mas está vivo, por débil per-
sistência da circulação. O estado de morte aparente poderá durar horas. É possível a recuperação de indivíduo
em estado de morte aparente pelo emprego de socorro médico imediato e adequado.
8 Fonte: www.abc.med.br/www.anatpat.unicamp.br
9 Fonte: www.profsilvanmedicinalegal.blogspot.com.br
11 Fonte: www.medicina.med.up.pt
12 Fonte: www.portalmedico.org.br
13 Fonte: www.profsilvanmedicinalegal.blogspot.com.br
14 Fonte: www.portaleducacao.com.br
15 Fonte: www.profsilvanmedicinalegal.blogspot.com.br
16 Por Ricardo K. Foitzik
17 Fonte: www.medicina.med.up.pt
18 Fonte: www.portalmedico.org.br
19 Fonte: www.profsilvanmedicinalegal.blogspot.com.br
20 Fonte: www.portaleducacao.com.br
21 ESPINOSA, Benjamin. G. Generalidades sobre las autopsias, REA: EJ Autopsy.
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito,
salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que pos-
sa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exa-
me externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar,
ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e
não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma
circunstância relevante.
Em regra, haverá exame interno do cadáver, que, no entanto, não será necessário quando não houver in-
fração penal a apurar ou quando o exame externo permitir a conclusão sobre a causa da morte. Exige-se, para
sua realização, o período de segurança de seis horas a contar do momento do óbito, já que, transcorrido esse
lapso, há o aparecimento de sinais tanatológicos mais evidentes.
Importante destacar que o Código também determina que os cadáveres sejam fotografados na posição em
que forem encontrados, bem assim que se faça registro fotográfico das lesões que porventura neles existirem
e, ainda, que os peritos instruam o laudo com fotografias, esquemas ou desenhos representativos das lesões.
Ainda, observa-se que a necropsia médico-legal visa atender aos quesitos formulados no laudo de exame ca-
davéricos tais como: se houve morte; qual foi a causa da morte; qual o instrumento ou meio que produziu a mor-
te; se foi produzida com o emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura, ou outro meio insidioso ou cruel.
No exame necroscópico externo o perito deve fazer descrições de identificações e dos achados no cadáver
para visar o esclarecimento da causa da morte. Segundo Voelfert23 há necessidade de descrever:
- Elementos de identificação tais como sexo, cor, peso, altura, idade, sinais particulares, estado nutricional;
- Sinais post-mortem como rigidez cadavérica, putrefação e livores;
- Na cabeça, examinar cabelo, nariz, orelha, olhos (diâmetro, tela viscosa, manchas);
- No pescoço, examinar movimentos anormais (possíveis fraturas) e manchas;
- No tórax procurar por tatuagens, forma e lesões;
- No abdômen, leões, tatuagens, cicatrizes e forma abdominal;
- No ânus procurar por sinais de violência (fissuras, lacerações, espermatozoides), doenças;
- Na genital feminina: descrever a anatomia (pequenos e grandes lábios, hímen), sangue vaginal, corrimen-
to, espermatozoides; no homem, bolsa escrotal, escoriações e doenças;
- Nos membros inferiores, superiores e região dorsal, procurar por tatuagens, lesões e deformidades.
Na necropsia interna, a incisão para a abertura da cavidade torácica e abdominal mais utilizada é a bia-
crômio-esterno-pubiana em forma de Y. Tem início nos ombros, na altura do acrômio de cada escápula e se
estende pela linha média do manúbrio de esterno até a sínfise púbica. Realiza-se a medição do panículo adi-
poso no tórax e no abdômen na altura do mamilo e da cicatriz umbilical. Com a cavidade torácica exposta, em
seguimento, examina-se:
- Na cavidade craniana, examinar os retalhos, abrir a calota e verificar as meninges, fraturas e encéfalo.
Examinar os ventrículos e procurar por hemorragias e edemas;
22 FINKBEINER, W. E. URSELL, P. C. & DAVIS, R. L. Autopsia em patologia Atlas e Texto. São Paulo:
Roca.
23 VOLFERT, A.J.T. Introdução á Medicina Legal. Canoas: Ed. Ulbra.
28 tumefação observada no setor occipital e em parte adjacente dos setores parietais ocorre nos partos
de apresentação cefálica e decorre de compressão sofrida por parte do crânio no canal de parto. Desse modo,
o sangue arterial chega ao couro cabeludo, mas o retorno venoso é prejudicado, resultando em edema e, por
vezes, hemorragia difusa e discreta na área atingida.
29 distingue‐se por ser bem delimitado, de localização precisa sobre o osso em que está localizado,
pois se trata de sangue extravasado entre o periósteo e a tábua óssea.
30 podem deformar seus diâmetros. As hemorragias são encontradas em quase 60% dos recém-‐nascidos
de baixo peso (<1000g).
31 BRASIL. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Procedimento Operacional padrão: perícia crimi-
nal, Ministério da Justiça, 2013.
Animais de Laboratório
Descreveremos agora como remover as vísceras, porém não faremos descrições dos métodos de exame
dos aparelhos e sistemas.
Deve-se iniciar a remoção das vísceras, seccionando-se o pavimento da cavidade bucal junto da face interna
da asa da mandíbula. Após desarticulação dos ossos hioides, a língua é exposta para que, com o auxílio de
uma pinça, seja removida no conjunto língua-esôfago-traqueia-pulmão-coração. O diafragma é seccionado, cir-
cundando-se toda sua periferia. A dissecção para retirada dos órgãos é completada pela secção dos ligamentos
mediastínicos e dorsais do abdômen até as proximidades da pelve, e a remoção do conjunto de órgãos é obtida
após secção do reto. Os órgãos do sistema urogenital são então seccionados separadamente.
A inspeção do sistema nervoso central não é uma conduta comum durante a necropsia de animais de labo-
ratório. Porém, se há história clínica que sugira qualquer anormalidade nessa área, ela deve ser inspecionada.
As pequenas espécies de roedores permitem que, após o rebatimento da pele da cabeça, o crânio seja seccio-
nado com o auxílio de tesoura. Dessa forma, e após incisão de sua parte posterior e de ligamentos da base da
cavidade cranial, o cérebro pode ser facilmente removido. Para colheita da medula espinhal, o animal deve ser
mantido em decúbito ventral e em seguida faz-se a dissecção da pele e musculatura dorsais, desde a região
occipital até o osso sacro; daí, seccionam-se as raízes espinhais e as duas extremidades do arco neural, o que
permite sua retirada por tração.
Da mesma forma, o sistema musculoesquelético, assim como outros órgãos, só é examinado detalhada-
mente se apresentar alguma anomalia.
Colheita de Material
Várias técnicas são empregadas para colheita de material em uma necropsia, dependendo do objetivo da
investigação. As mais comuns são:
Colheita de Material para Exame Anatomopatológico
O fragmento do espécime a ser coletado deve ter de 0,5 cm a 1,0 cm de espessura e contemplar o seio de
lesão, os limites das mesmas com o tecido normal e as áreas aparentemente normais, circunvizinhas à lesão.
A solução fixadora é, geralmente, a formalina constituída de solução de formol a 10% ou 20%. Porém, como
o ácido fórmico é uma impureza nociva à fixação dos tecidos, sugere-se a neutralização do mesmo, através do
uso de carbonato de cálcio ou da formalina tamponada (pH 7), cuja fórmula é a seguinte:
- Formaldeído: 100 ml
- Água Destilada: 900 ml
32 http://docplayer.com.br/3689095-Manual-de-biosseguranca-do-iml-aristoclides-teixeira.html
Exercícios
Gabarito
1 D
2 E
3 CERTO
4 A
5 B
6 D
7 E
8 E
9 C
10 B
11 A
12 A
13 E
14 B
15 C
16 D
17 D
18 C