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MEDICINA LEGAL:

Prof: João Carlos da Fonte


Livros:
- FRANÇA, Genival Veloso . Medicina legal. Ed.: Koogan (mais simples).
- CROCE E CROCE júnior, Delton. Manual de medicina legal (livro mais denso).
- ESPINDULA, Alberi. Perícia criminal e cível. SP, 2009.
- CAVALCANTI, Ascendino. Criminalista Básica. (delegado);
- RABELLO, Eraldo. Curso de criminalística,1996 (delegado).

1 - Conceito:
Como ciência, é uma ciência complexa, pois possui contribuição de vários ramos do
direito.
Na aplicação, é ciência eminentemente jurídica, quase que em sua totalidade destinada
ao direito. Tem também interesse na saúde pública, na segurança do trabalho, na
higiene... mas o foco principal é o direito.

Como arte, é considerada porque exige preparo, destreza, treinamento para a sua
atividade. Não basta ser médico, é preciso que haja uma formação para servir bem à
justiça. Bons médicos correm o risco de complicar a vida do jurista, se não tiverem o
treinamento necessário.
É o mesmo treinamento que um cirurgião plástico precisa ter para exercer sua atividade.
A ater é no sentido da técnica, e não com a criação subjetiva humana, misturar tintas e
formas ao bel prazer.
Trata-se de uma arte estritamente científica, porque se pauta rigidamente na doutrina.
O legista só pode afirmar algo que ele possa provar cientificamente.

2 - Objeto de estudo:
Um dos grandes tabus. Sempre pensamos que se trata do corpo.
Mas é o ser humano, vivo ou morto, sadio, doente ou lesionado. Muitas vezes antes de se
tornar pessoa, ou outras vezes depois de sua morte.
Sempre que houver questão relacionada com a saúde humana, vida humana, em que haja
interesse jurídico, a medicina legal se fará necessária.
QUESITO DE PROVA!

3 - Definição:
"arte de fazer relatórios em juízo". (Ambroise Paré, sec XVI). Ultrapassada.

"ciência do médico a serviço das ciências jurídicas e sociais". (G. V. França). Correta, mais
muito ampla.

"conjunto de conhecimentos médicos e paramédicos destinados a servir ao direito, que


auxiliam na interpretação e colabora na execução dos dispositivos legais, no campo de
ação de medicina legal." (Hélio Gomes , sec XX).
Reconhece a complexidade, porém peca quando restringe aos conhecimentos médicos e
paramédicos.
Restringe também ao campo médico: qualquer questão relacionada com a vida ou saúde
humana.

4 - Relações com outras ciências:


Se relaciona com todas as outras ciências médicas, desde que reconhecidas pelo
conselho de medicina.
São a base da medicina legal:
- anatomia: estudo do corpo humano, do plano humano, cada parte;
- fisiologia: estudo da função humana;
- patologia: estudo das doenças;
- traumatologia: estudo das lesões;
- psiquiatria/neurologia: há diferenças. A psiquiatria estuda a mente humana, função
especializada do sistema nervoso central. A neurologia estuda as alterações dos órgãos
do sistema nervoso central ou periférico (mais orgânico).
- obstetrícia: concepção, gestação...
- ginecologia: aparelho genital feminino.

OUTRO QUESITO: relação medicina legal com o direito.


Não tem apenas interesse penal, mas sim em todos os outros ramos jurídicos. Desde o
constitucional (infância, velhice, adolescência), direito civil (início da personalidade civil,
capacidade civil ..., morte, paternidade, casamento, anulação de casamento, parentesco),
direito penal (lesão, estupro, homicídio), direito processual (perícia processual), direito do
trabalho (aposentadoria), previdenciário (invalidez), direito tributário (isenção de impostos a
certas doenças).
É claro que alguns ramos se relacionam mais intensamente, porém todas as outras não
estarão livres dessa influência médica legal.

5 - Divisão:
- histórica;
* pericial (antiguidade): sacerdotes participavam das questões jurídicas. Morte de Julio
Cesar, imperador de Roma. Foi feita uma perícia e detectou-se que das 21 punhaladas,
apenas 1 foi a responsável pela morte;
* legislativa (I. Média): começam a surgir leis que obrigassem a perícia;
* doutrinária (I. Moderna): MAIS IMPORTANTE, se torna ciência a partir daqui. Surge a
sistematização da medicina legal. Observa-se que quanto mais evoluída é a sociedade,
mais a medicina legal é avançada.
* filosófica: tá na moda, tem 100 e poucos anos: discute questões éticas, morais, jurídicas
e médicas em relação às conquistas da medicina (controle de natalidade, doação de órgãos
entre pessoas vivas, clonagem humana);

- didática;
Se faz nas universidades, academias de polícia.
* parte geral: deontologia médica (estudo dos deveres do médico, como se deve
comportar) e diceologia (estudo dos direitos do médico, sigilo, honorários, aplicação livre
do conhecimento científico em prol do paciente). Pouco visto nos cursos de direito.

* parte especial: mais comum nos cursos de direito, se confunde com o programa da
nossa cadeira.

- profissional;
Divisão que se faz para o exercício da medicina legal.

POLÍCIA JUDICIÁRIA:
Polícia repressiva, é ela que apura as infrações e identifica os criminosos.

Autoridades:
- Secretário de defesa social;
- Chefe da polícia civil;
- Delegado de polícia.
MÉDICO LEGISTA:
- médico;
- aprovado em concurso;
- cursado a academia de polícia;

Não chamar de médico legal, mas sim de legista!

PERITO CRIMINAL:
- nível superior;
- aprovado em concurso público;
- cursado a academia de polícia;

AULA (28/05/2013)

Criminalística:

Comparação com a medicina legal.

Criminalística é a disciplina que estuda a INDICIOLOGIA material para a elucidação de


fatos que interessam à justiça.
A indiciologia é o conjunto de indícios (vestígios, marcas, circunstância provada e
conhecida que tenha relação com o fato e induz a conclusão de uma situação) que tenham
alguma ligação com o fato que precisa ser esclarecido.
Os que não forem relacionados ao fato não tem relevância jurídica.
O indício é material porque tem consistência corpórea, pode ser detectado através dos
sentidos.
Difere dos formais pois estes não tem corpo, estão fora da medicina legal.

Criminalística também é a ciência da investigação, desde que repouse na indiciologia


material.

Classificação dos indícios MATERIAIS, quanto à ESPECIALIDADE:


É isto que faz a maior diferença entre medicina legal e criminalística.

INTRÍNSECOS:
São todos aqueles que estiverem relacionados diretamente com o ser humano, vivo,
morto, sadio, doente, o corpo, a mente... São os indícios estudados pela medicina legal.

EXTRÍNSECOS:
Todos os outros, coisas de um modo geral, desde que tenha interesse jurídico.

A criminalística não tem portanto um objeto definido, tem uma gama enorme, desde uma
erva daninha (maconha) até uma obra imensa de engenharia. Daí alguns autores não a
considerarem como ciência.

A medicina legal se aplica a todos os ramos do direito.


A criminalística se concentra no direito penal (POLICIOLOGIA), porém não é
exclusividade. Algumas questões de direito civil podem lançar mão do apoio da
criminalística.
A principal diferença é a especialidade dos indícios.
Local do crime:
Qualquer local em que ocorreu um fato que pode ou não assumir a configuração de delito,
e em vista disso tem-se a investigação policial.

Em criminalística existe a inversão do princípio da presunção de inocência.


Aqui se considera todo o local como local de crime até que se prove o contrário.
Porém é possível que o fato ocorrido não tenha sido crime.
E qual seria o termo adequado? LOCAL DE ABRANGÊNCIA, porém o usado é local de
crime.

Da mesma forma que os indícios, há classificação para o local de crime.


Veremos a classificação JURÍDICA, que é feita de acordo com a natureza do fato ocorrido
no fato.
Se foi homicídio,o local é de homicídio.
Se ocorreu um suicídio, o local é de suicídio.
RIDÍCULO!

Outra importante: Local inidôneo (violado) e idôneo (local raríssimo).


Há uns 10 anos, os peritos se negavam a periciar em locais violados.
Hoje não mais se permite, a perícia deve ser realizada mesmo em local inidôneo/violado.

Partes do Exame do local:


1 - levantamento descritivo:
Estudo do local, descrição, o perito registra minuciosamente tudo que ele encontra no
local, tudo que vê. Ele descreve num relatório.

2 - Levantamento topográfico:
Desenhar o local, fazer mapas, indícios, croqui??

3 - Levantamento fotográfico:
Registrar em filmes ou fotos.

4 - Colheita de indícios:
Existe com certa frequência. Alguns indícios não podem ser examinados no próprio local,
daí são colhidos e examinados em laboratórios. Um importantíssimo é o cadáver, que é
sempre recolhido para se submeter à perícia.
Quando não se pode colher, se registra fotograficamente e se leva à laboratório.

A regra de exame se faz EM REGRA da periferia para o centro!


Além de sistematizar o trabalho dos peritos, evitando que se percam no local, evita que os
próprios peritos alterem, modifiquem, destruam indícios. Daí a invasão é feita passo a
passo, sistematizada.

A Perinecroscopia (termo usado em medicina legal):


(exame de local de morte, termo consagrado na criminalística)
Exame do cadáver no local e em relação ao local em que é encontrado.
Peri = local/perto;
necro = morte/morto;
escopia = exame.
Não importa qual a causa da morte.

E qual é o equívoco??
Pensar que a morte ocorreu no local onde exatamente está o cadáver, daí a palavra
perinecroscopia é mais adequada, pois analisa o local e o que se relaciona com este.

No dia a dia da polícia é comum o cadáver ser encontrado em local distinto daquele em
que ocorreu o crime.

Este é um assunto controverso.


Na opinião do prof, a perinecroscopia deveria ser trabalho tanto do perito da medicina
legal (legista) quanto da criminalística.
Porém o exame de local de crime, incluindo a perinecroscopia, é tarefa EXCLUSIVA dos
peritos criminais. (art 6, I e II, CPP). Então os legistas ficaram de fora da análise do local
do crime no direito brasileiro.

Então a regra da periferia para o centro é quebrada, pois na perinecroscopia o primeiro a


examinar o corpo deveria ser o médico, para saber se ele está vivo.
Só que como ele não participa no direito brasileiro, quem vai no lugar dele é um perito
criminal (informática, químico...). Daí o erro. O médico melhor identificaria se o corpo está
vivo ou não.

O legista que aguarda no IML não consegue ver o que exatamente ocorreu no local, pois
ele não participou da colheita das provas, não examinou o local.
Os elementos estão no local, na perinecroscopia, e não no cadáver conduzido ao IML.
Daí difícil de dizer o que ocorreu.

Fora o tratamento que se dá ao cadáver na ausência de um médico.


Por ex.: um engenheiro ao encontrar um cadáver no local, o vê como uma massa
orgânica, impulsionada por uma força tal... Daí a presença do legista, na opinião
minoritária do prof (o autor França afirma que legista não tem nada a ver com local de
crime, que só atrapalha - o prof discorda completamente), o legista é imprescindível.
Para o direito, a ausência do legista no local é um prejuízo muito grande.

Conduta no exame:
O interesse médico prevalece sobre o interesse jurídico. Se o corpo estiver vivo, pode
alterar o local do crime!!
VER SLIDE!

Finalidades do Exame do local (quesito de prova)!!:


1 - tipificar o crime;
Crucial para se dizer que tipo de crime ocorreu.

2 - identificar o criminoso, e se preciso, a vítima;

3 - perpetuar os indícios (o tempo é inimigo dos indícios, destrói tudo que é indício)!
A maioria dos indícios se altera rapidamente com o tempo, daí a necessidade de
perpetuar os indícios. E como faz? Levantamento descritivo, topográfico, fotográfico...

4 - legalizar os indícios;
Quando o perito assina o relatório, as fotos, os mapas, croquis, ele dá valor legal ao
trabalho, pela fé pública que o cargo possui.

5 - conferir aos indícios o devido valor probante;


A partir da legalização dos indícios, utilizá-los como meio de prova judiciária técnica,
material.

Providências da autoridade ao tomar conhecimento do crime (QUESITO DE PROVA):


Art 6, CPP:
1 - dirigir-se ao local;

2 - requisitar ou determinar a perícia;


Requerer é solicitar, pedir, qualquer pessoa pode pedir perícia, inclusive até o acusado.
Requisitar é quase sinônimo de exigir. É solicitar com o respaldo da lei. MP, autoridade
militar, delegado quando está em local que não tem perito oficial...todos podem requisitar
perícia.
Determinar é ordenar. É o juiz e o delegado de polícia em local em que não há perito
oficial. Somente em Recife, Caruaru, Petrolina e Salgueiro tem peritos criminais. E nas 3
primeiras há médicos legistas.

3 - delimitar o local;
Cuidado para não ampliar demais, ou restringir demais.

4 - isolar o local;
Impedir a penetração de pessoas. Feito de várias formas, normalmente com a fita zebrada
amarela e preta, cavalete, soldados da PM, veículos, cones ...

5 - evacuar o local;
Esvaziar o local, retirar imprensa e curiosos.

6 - fazer rol de testemunhas;

7 - custodiar o local;
MUITO IMPORTANTE. A autoridade não deve deixar o perito exposto a própria sorte. A
autoridade deve custodiar o local até o final da perícia. Custodiar é manter em segurança.

8 - preservar os indícios;
Nada de mexer em indícios. A autoridade não pode manipular indícios. Deve requisitar
perícias, porém não manipulá-las.

Situações que permitem/obrigam a violação:


1 - tomar conhecimento do fato;
Se o local é fechado, deve-se adentrar, romper obstáculo, janela, porta e penetrar no local.

2 - prestar socorro;
Interesse humanitário prevalece.

3 - evitar mal maior;


Apagar o incêndio, por ex.

4 - evitar que o indício desapareça;


O líquido volátil, por ex: frasco de éter destampado, daí a autoridade coloca a tampa.

DA PROVA TÉCNICA:
Ponto importante!!!

Prova:
Estado de certeza que se forma na mente de alguém a respeito de algo. Quando se cria
uma convicção inabalável sobre alguma coisa.

Elementos da prova:
- objeto;
é qualquer coisa: um fato, uma coisa, uma teoria.

- finalidade;
firmar na mente de alguém o estado de certeza;

- destinatário;
Pode ser a própria pessoa que trabalha na prova, terceiros, e principalmente o juiz.

Quando o juiz é o principal destinatário de uma prova, ela é chamada JUDICIÁRIA.

Esta judiciária tem 3 pressupostas:


- idônea: quando não houve violação, tem credibilidade, quando obtida por um meio
confiável;
Quando a prova versar sobre vida, a medicina legal é o melhor meio. Se for por outra
forma, a criminalística.

- lícita;

- legítima: dentro das normas processuais.

Classificação:
- Objetiva;
- Subjetiva;
- Complementares;
VER SLIDES.

A prova técnica pode ser chamada de prova INDIRETA porque exige a presença do perito.
Também CRÍTICA porque exige a crítica do perito.

Prova pericial pode ser usada em qualquer esfera.


Prova INDICIÁRIA é mais usada no processo penal, porque é ele que fala de exame de
indícios. A prova que é obtida através dos exames indiciários.

Perícia:
VER SLIDES.
Observar os elementos: aplicar conhecimento científico e técnico. É ato de autoridade!!!
Só ela detém a prerrogativa legal de mandar fazer perícia, nem mesmo o próprio perito.
Ela só se realiza para esclarecer FATOS!
Se a questão é puramente de direito, não precisa de perícia, porque a autoridade já detém
o conhecimento necessário para decisão!
Os fatos geralmente exigem a aplicação de técnicas para sua elucidação.

Porém a perícia só tem interesse para fatos que tenham relevância jurídica.
Necessidade da perícia: ESCLARECER QUESTÕES DE FATO!

Denominações:
Art 420, CPC.

QUESITO DE PROVA:
Art 158 e 159, CPP.
Exame de corpo de delito. SABER O QUE É!
Quando não é exame de corpo de delito, chama-se de outras perícias.

Exame no CPC é a inspeção minuciosa que se faz numa coisa para verificar qualquer fato
que possa influir na decisão judicial.
No âmbito da medicina legal, todas elas são nessa forma de exame no processo civil.

Avaliação é feita para estimar valor monetário de um bem. Não se faz num ser humano,
claro.

Vistoria é feita para verificar o estado de conservação sobre bens móveis ou imóveis. Não
existem em ser humano.
Perícia médico legal e exame médico legal são SINÔNIMOS, porque só pode ocorrer
exame em ser humano!

AULA (18/06/2013)

As perícias médico-legais:

Objeto, finalidades e importância.

Vamos voltar ao nosso campo, da medicina legal.


Esse ponto se destina a mostrar quais as perícias, nome técnico de cada uma, verifica o
objeto e característica de cada uma.

Definição:
Perícia é a aplicação técnica do conhecimento médico e de outras ciências para esclarecer
fatos relativos à vida ou saúde humana.
LEMBRAR QUE A PERÍCIA TEM COMO OBJETO FATOS!

São realizadas no vivo, no morto, em coisas ou animais.

LEMBRAR: O objeto da medicina legal é o ser humano.


E por quê agora falamos de coisas e animais?
Porque o objeto da perícia médico legal é o ser humano, mas não é por isso que
deixaremos de analisar coisas e animais que se encontram na mesma cena do fato e que
possam conter indícios importantes para a conclusão pericial do ser humano.
Ex.: não desprezar a roupa da vítima quando se analisa um fato criminoso de disparo de
arma de fogo.

Vamos às perícias:

TRAUMATÓLOGICA:
Em medicina legal podemos usar a palavra exame como sinônimo de perícia, já que é feita
no ser humano.
O objeto desta perícia é o ser humano vivo.
Traumatológica só se faz no vivo.
Se relacionam às lesões corporais.

Não tem interesse apenas ao direito penal, tem também no direito civil nas ações de
reparação de dano, de seguro. Tem no previdenciário, no dir. esportivo, do trabalho...

Fica incompleto falar somente das lesões.


Que questões há relacionamento?

- indicar a sede da lesão , a região anatômica. Tem aplicação jurídica importante (se
alguém atacou outrem por trás, se o tiro foi na cabeça ou no pé);

- causalidade (agentes vulnerantes, qualquer energia/agente que pode produzir dano);

- qualidade do dano (repercussão da lesão à saúde da pessoa);


Existem lesões que produzem incapacidade ao trabalho, por ex, aceleração de parto...
Não podemos deixar de falar do exame complementar:
Apenas o juiz tem prerrogativa de pedir NOVA perícia, desvalorando a anterior.
Porém, no caso da perícia traumatológica (art 168, CP, quando a perícia é incompleta,
qualquer autoridade pode mandar completar esta perícia). Qualquer outra autoridade
deve requerer ao juiz para solicitar NOVA perícia. No caso do exame complementar, o
delegado, por ex, solicita ao IML que o mesmo perito reanalise a questão.

Lembrar que o tempo é inimigo da perícia, daí ela deve ser realizada rapidamente.
O perito deve determinar desde logo se a lesão vai determinar a incapacidade por 30 dias
ao trabalho, por ex.
Porém, uma lesão numa pessoa é diferente de uma lesão em cicrano, alguns são mais
resistentes. Este é um exemplo da parte interessada que manda fazer o exame
complementar para desqualificar a lesão caso o perito a tenha qualificado, ou vice-versa.

- quantidade do dano (gravidade da lesão);


Enquadramento em lesão leve, grave ou gravíssima...
A qualidade da lesão definirá a quantidade.

Tomar cuidado para não confundir sede de lesão com quantidade do dano. Dizer que uma
lesão na cabeça é menos grave que uma na cabeça??.... cuidado! A sede se refere à
intenção do agente.

SEXOLÓGICA:

*ASSUNTO DE PROVA: SÓ SE FAZ EM VIVO!


Tem a finalidade de esclarecer questões médico-legais sobre a sexualidade humana:
- conjunção carnal;
- atos libidinosos;
- abortamento (pode ser da esfera penal, ou espontâneo, ou autorizado por lei);
- contágio venéreo;
- gravidez (licença gestação), parto e puerpério (crime de infanticídio);
Diferenciar puerpério (questão física, examinada nesta perícia, condição da mulher que
acaba de parir. É o "resguardo", tempo que a mulher precisa para voltar ao estado
anterior ao da gravidez. É uma condição física normal da mulher que pariu) x estado
puerperal. Veremos adiante.
- impotência, acopulia (impotência da mulher, impossibilidade da mulher de copular);
Anulação de casamento, por ex. Importante ao direito civil.

Importante para as qualificadoras do crime de lesão corporal (art 129, CP).

TANATOSCÓPICA:
Sufixo diferente. As 2 primeiras terminam com "lógica".
Esta termina com "scópica". Significa ""exame".
Tanatos é morte em latim.

O OBJETO É O MORTO.

É uma das perícias mais abrangentes de todas as perícias médico-legais.


Esclarece qualquer questão médico-legal relacionada ao cadáver.

Esclarece as circunstâncias da morte:


- realidade da morte (tanatognose, diagnóstico da morte, dizer que realmente a pessoa
morreu);

- causas da morte;
Causa médica, relacionada ao estado clínico, mórbido e a jurídica, que tem relação com o
fato jurídico que produziu a morte (homicídio, acidente, morte natural...).

- tempo da morte (cronotanatognose, diagnóstico do tempo da morte);


Importante por conta da cessação da personalidade jurídica.

- presença de veneno, corpos estranhos no cadáver, projétil;


Para realizar outras perícias nestes objetos encontrados, por ex a balística.

- lesões intra vitam e post mortem;


Determinar lesões ocorridas durante a vida ou depois da morte.
Criminosos tentam dificultar a identificação da causa da morte, por ex.

- atos sexuais anteriores à morte ou com o cadáver (estupro, necrofilia);

- outras questões médico-legais... muito amplo.

PERÍCIA DE IDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL:

Realizada no vivo ou no morto!!!


Serve para determinar raça, sexo, idade, voz (sonógrafos), estatura, escrita, biótipo...

Só se faz quando os meios de identificação corriqueiros dão margem à dúvida: identidade,


CPF, título de eleitor.
Esses meios podem falhar. No cadáver é fácil de imaginar, por ex, com avançado estágio
de putrefação. A carteira de identidade já não serve.

No vivo, há pessoas que nunca foram submetidas a um registro civil. Nunca foi a um
cartório.

PERÍCIA PARA VERIFICAÇÃO DE EMBRIAGUEZ:

Esta perícia vivia esquecida.


Há uns 14 anos, houve uma reforma do CTB, que tipifica como crime dirigir sobre estado
de embriaguez, daí ela ressuscitou.
Depois mudou de novo, com o exame de sangue...
Não se sabe se esta perícia voltará ao fundo do baú, ou se vai adquirir um estado de
importância maior, porque é a através dela que se definirá o estado de embriaguez, estado
esse que determina a periculosidade do motorista.

Realizada no vivo.
Esta perícia pode ser utilizada para embriaguez por qualquer substância.
Porém nem sempre é possível determinar isto por essa perícia.
Ela identifica a embriaguez, porém a toxicológica determina a substância.

O bafômetro NÃO SE CONFUNDE COM ESSA PERÍCIA!


O bafômetro é uma perícia TOXICOLÓGICA, esta que estudamos é um exame clínico,
onde o médico examina o periciado.

Se verifica aqui: sudorese, reflexos, coordenação motora, orientação no tempo e no


espaço, memória.
É o famoso exame do 4.

PERÍCIA PSIQUIÁTRICA:

Somente no vivo!!!
Só pode ser realizada por determinação da autoridade judicial.
Nenhuma outra autoridade que não seja o juiz pode determiná-la.

Mais comuns:
No cível: determinar capacidade civil, laborativa.
No crime: incidente de insanidade mental (isenção de pena), periculosidade, *estado
puerperal;

É a perícia mais invasiva da intimidade da pessoa. Por ser garantia constitucional,


somente o juiz pode determiná-la.

A perícia psiquiátrica é uma perícia RETROSPECTIVA.


O médico deverá voltar ao estado do periciado no tempo em que ocorreu o fato.

Vemos muitas perícias feitas para fins previdenciários, neste caso a própria pessoa abre
mão do direito da privacidade, daí não precisa de requerimento do juiz exclusivamente.

O estado puerperal é determinado por esta perícia.


O estado previsto no tipo infanticídio.
é um estado mental patológico, anormal, alterado, fugaz.
Puerpério é normal, inevitável à mulher que acabou de ser mãe, é físico.
Aqui apenas algumas mulheres em situações peculiares poderão estar sujeitas a esse
estado. Não tira a capacidade criminal da mulher, mas ameniza a pena.

AULA (25/06/2013)

Perícias ligadas ao trabalho (lei 8213/1991):

Órgãos que absorvem grande demanda:


- INSS, no vivo;
- IML, no morto;

Geralmente feitas de forma extrajudicial.


Ler art 19 ao 21...

Há outros exames, os complementares, são os laboratoriais, que se contrapõem ao exame


clínico, pois dependem de um aparelho sem o qual não é realizado. No clínico, o médico
usa do exame externo.

Quando solicita o exame complementar, lembrar que a autoridade, ou o perito, pode o


exercer de ofício. Para completar a perícia que se faz, a boa conduta permite o exame
complementar de ofício.

Lembrar que ninguém é obrigado a se submeter a exames periciais, apenas o cadáver,


pois este está sobre a posse do estado.
Toda pessoa pode se negar a se submeter a perícia, porém deverá arcar com o ônus,
como presunção de culpa, por ex.: é o caso da investigação da paternidade.

O perito pode também requerer de ofício PARECERES DE ESPECIALISTAS:


oftalmológicos, otorrinolaringológicos... Se tratam de exames especiais opinativos, não
vinculantes. Geralmente são necessários em acidentes faciais, cranianos...

Terminou a perícia médico-legal.

Vamos aos documentos médico-legais:

DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS:

Atestado, parecer, laudo...

Há desinformação entre documento médico geral e documento médico-legal. Sanaremos


essa dúvida.

Melhor definição é a de Carnelutti: documento é qualquer coisa que reproduza um fato..


Esta é a melhor definição pois há uma tendência das pessoas associarem documento a
algo por escrito. Mas pode ser uma fita de áudio, vídeo, fotografia...desde que reproduza
um fato, qualquer coisa pode ser um documento.

Genival Veloso de França (melhor livro de medicina legal do Brasil), escorrega num erro
comum: ele define que documento é toda peça que tenha a faculdade de representar por
escrito a manifestação de um pensamento... Olhaí o "escrito".
Então, documento médico-legal é meio de reprodução de fatos médicos.
Tem3 pressupostos:
- contém fato médico;
- elaborados por médicos;
- produzem efeitos jurídicos.

É esta a diferença entre eles e os documentos médicos somente. Produzem efeitos


jurídicos.

Começar pelo mais simples:

ATESTADO MÉDICO (art 302, CP. Art 80 e 83, Código de Ética Médica):

Declaração por escrito de um fato médico e suas consequências.


É o mais simples de todos pois não tem forma determinada. O médico faz a declaração da
maneira que achar mais conveniente.
É um documento que representa uma verdade absoluta, tem fé pública.

Jamais deverá ser confundido com a PROVA TÉCNICA, mesmo sendo produzida por um
médico, que também é um técnico.

Esta no grupo das provas subjetivas, é gerada por uma pessoa, mesmo que técnica, a
respeito de um próprio paciente, por ex, e não objetivas como é a prova técnica, que é
analisada dentro de certos parâmetros.

Usados por exemplo em ação de interdição daqueles considerados incapazes.

Lembrar que formalmente informa a verdade, apesar de nem sempre representá-la.

Classificação quanto ao conteúdo:


- de sanidade;
Constata um fato em que o paciente é hígido.

- de morbidade;
Indica determinada doença, física ou mental.

- de óbito;
Foge da simplicidade, determina o óbito, mas traz mais informações. Tem forma única em
território nacional. Fica contido em outro documento: a declaração de óbito. Este é
rigorosamente controlado pela autoridade sanitária, o número da declaração é vinculado
ao médico que solicitou o formulário, vincula o hospital ou o IML...
É feito em 3 vias: para autoridade sanitária, que permitirá o sepultamento. A 2 vai para o
cartório de registro civil, que encerra a personalidade jurídica. A 3 é de controle do próprio
serviço médico.
Em localidades em que não existem médicos, a parte dos dados do médico ficam em
branco, e se preenchem dados de 2 testemunhas.
Este documento vai com a certidão de óbito, que encerra a personalidade.
Então são 3 documentos:
- atestado de óbito;
- declaração de óbito;
- certidão de óbito.
Quanto à destinação:
- oficiosos;
Esclarece fatos médicos que repercutem no direito rotineiro das pessoas.
Ex.: sujeito adoece e não trabalha. Ele é consultado e se constata a doença que é
atestada.

- administrativos;
Destinados a uma autoridade administrativa. A previdência social (seguro acidente,
aposentadoria, ações de periculosidade).

- judiciários;
Penetra nos autos de um processo. O atestado pode instruir desde logo uma petição
inicial de interdição e curatela, por ex.

Fixando:
Atestado médico é atestado médico, e não atestado de um especialista. Se o médico
atesta é porque ele assistiu o caso e tem competência para atestar. Se o médico entender
que não tem condição, não atenderá o paciente, e o enviará para o especialista.
Se o médico assistiu o paciente, ele está OBRIGADO a atestar se solicitado. Não pode
cobrar por isso, pois se trata de infração ética.

Cuidado com a questão da especialidade. Qualquer que seja a especialidade do médico,


se ele assiste o paciente, pode atestar suas condições.

O médico tem direito de guardar sigilo, e obrigação também.


Para tanto, usa-se o código CID.

O carimbo tem como finalidade deixar o nome do médico legível e sua inscrição no
conselho médico.
Foi criado um status tão elevado ao carimbo, que atestado sem carimbo muitas vezes não
é aceito. Quando ele serve apenas para identificar o médico e sua inscrição, quando esses
dados já poderiam estar impressos no atestado.

NOTIFICAÇÃO:

É documento que tem natureza compulsória.


O médico é obrigado por força de lei a comunicar a autoridade pública que no exercício de
sua profissão tomou conhecimento de certas questões, fatos.
São fatos diversos:
- doenças de notificação compulsória, art 269, CP - doenças que podem gerar epidemias;

- acidente de trabalho, art 269, CP e art 169, CLT;


Deveria-se notificar ao ministério do trabalho, porém, para que o trabalhador faça juz ao
benefício do acidente, o ministério da previdência social também será notificado.

- morte encefálica - art 13 e 22 da lei 9434/97 - lei dos transplantes ...


Quando ocorrer, o médico deve notificar as centrais de transplante.
Esquecer MORTE CEREBRAL , riscar da mente!
ADOTAR a morte encefálica. Veremos em breve a diferença.

- etc...
AULA 08/08/2013

TRAUMATOLOGIA:

Estudaremos lesão com um único significado: a questão da consequência.

Conceitos:
1 - consequência de uma ação externa brusca de um agente sobre o corpo.
Não é consequência de doença, nem de causa interna, daí ser externa, de fora.
É ação repentina e violenta!

Ação sobre a mente não pertence a este campo. Agressão verbal não se encaixa aqui. As
consequências dessa ofensa não serão estudadas aqui.

O agente é no sentido vernacular, tudo que produz ação, energia, não somente humana.

O art 129, CP tem uma definição sobre lesão:


2 - Ofende a integridade corporal ou a saúde de alguém.
Acrescenta elementos à primeira definição.
A integridade corporal é anatômica, somática. E quando fala de saúde aumenta-se o leque
de incidência. Saúde é conceito amplo.

Saúde é estado de perfeito equilíbrio físico, mental e social, não apenas ausência de
enfermidade (conceito da OMS).

Ex.: trauma no crânio, alterações funcionais que causam perturbações mentais, delírios,
falta de reconhecimento de conhecidos...

A ação violenta se dá no corpo humano, e não moralmente.

Sugestão de estudo: regiões do corpo, estudar BEM ACOMPANHADO! Opa!!

Divisão do assunto:
1 - quanto à sede do dano;
Estuda qual a região do corpo que sofreu a ação. Nada mais é que estudar a anatomia
humana.
É por meio da região que o jurista se vale para estabelecer a intenção do criminoso.
A intenção permitirá a tipificação do crime e dosimetria da pena.
Ex.: disparo de arma de fogo no pé (lesão corporal), e outra na cabeça (homicídio).

As lesões na parte posterior do corpo (ataques de surpresa por trás) podem caracterizar a
impossibilidade de defesa da vítima, aumentando a pena do agente.

Lembrar que o pescoço é parte do tronco, assim como o tórax e o abdômen.


Do ponto de vista anatômico, o corpo se divide em cabeça, tronco e membros.

A cabeça se divide em face (porção anterior) e crânio (posterior).

E quantos membros tem o corpo humano?


Temos 4 membros, homem e mulher.
Pênis é órgão, não membro!!!
O membro superior se divide em quantos?
3 - braço, ante-braço e mão.
O braço fica na porção PROXIMAL.
O ante-braço no seguimento MEDIAL.
E a mão no DISTAL.

Os inferiores são coxa, perna e pé.

As regiões anteriores ficam viradas para a frente.


A posição anatômica é corpo para a frente, com as mãos viradas para cima.
Estas são regiões anteriores, o resto é lateral ou posterior.

Região anterior se chama de VENTRAL.


As posteriores são DORSAIS.

2 - à causalidade;
Estuda os agentes vulnerantes.
Estudar energias.
Não é somente ação mecânica. Há físicos, químicos, bio-mecânicos..

3 - à qualidade do dano;
Estuda a repercussão que a lesão produz na saúde da vítima.
São as qualificadoras da lesão corporal.

4 - à quantidade do dano;
E é baseado na qualidade que o jurista quantificará a lesão.
É verificar se é lesão leve, grave ou gravíssima.
A gravidade é estabelecida em função da quantidade!!!

CUIDADO AO ASSOCIAR gravidade de lesão com sede de dano. Está errado!!!


Podemos ter uma lesão leve na cabeça, e uma grave no pé!

ps.: PEGAR FICHAS NA XEROX DE ANATOMIA!!! Regiões externas do corpo!!

AULA 13/08/2013

DO ESTUDO DAS LESÕES CORPORAIS:

Lesão leve:
art 129, caput , CP.
A maioria das lesões são de natureza leve.

É conceito dado por exclusão, quando não é grave nem gravíssima.


- ofendem a integridade ou saúde da vítima;

- são superficiais;
Estudaremos quando virmos causalidade.

- sem maiores repercussões.

Lesão grave:
Repercussões maiores. Resultam nas hipóteses do par 1, art 129, CP:
incapacidade para ocupações habituais por mais de 30 dias;
Inaptidão para realização de algo. Não precisa ser incapacidade total, basta ser reduzida
para que a pessoa precise de um esforço acima do aceitável para executar tal tarefa.
Ocupação habitual não é só laboral/profissional, inclui qualquer ato da vida diária da
pessoa. Atinge atos da criança, do aposentado...
Prazo é importante > 30 dias! Não pode ser igual.
Conta a partir de quando? Do dia da lesão.

Dificuldade de alguns juristas: confundir incapacidade com cura da lesão.


Existem situações que a lesão está curada, porém a incapacidade permanece. Existem
casos inversos, lesão não curada com incapacidade curada, se cessou antes dos 30 dias,
não se trata de lesão grave.
Palavra importante: INCAPACIDADE!

perigo de vida;
Muito doutor se atrapalha. Tema rico em detalhes.
Esquecer que perigo de vida é expressão da língua portuguesa. Não entender a expressão
pela tradução literal.
Perigo de vida é um termo técnico, de significado próprio, é entidade médico-legal.

Se trata de uma situação em que uma vítima de lesão, e em consequência da lesão, tem
um comprometimento/rebaixamento real e concreto da saúde em que fica na iminência de
morrer.
Esta situação deve ser REAL e CONCRETA. Não admite prognósticos.
Perigo de vida ou é, ou já foi. Não existe "se fosse".
Ex.: parada cardíaca provocada pela lesão. É perigo de vida, com coração parado ninguém
sobrevive.
O perigo de vida normalmente cessa com intervenção de paramédicos, assistência.

Ex2.: coma. A morte no coma é real e concreta. Quadro de asfixia também...

É elemento que depende de exame clínico, diagnóstico, que dirá que a vida esteve na
iminência real e concreta de extinguir-se em consequência da lesão.
Exige portanto exame clínico direto no paciente.

Ex.: ferimentos que penetram nas cavidades do corpo: cavidade encefálica, toráxica e a
cavidade abdominal. Ferimentos que penetram nestas cavidades não levam
necessariamente perigo de vida. ATENÇÃO!!!
- lesões que atingem órgãos vitais também precisam ser examinadas, não causam perigo
de vida necessariamente.

ATENÇÃO: Não confundir perigo de vida com RISCO DE VIDA. Perigo de vida é termo
técnico. Risco de vida todo mundo corre. É o ex. do "se fosse mais 1 cm pra direita, ele
teria morrido". Isso é risco de vida.

O legista é médico que raramente vê perigo de vida.

debilidade permanente de membro, sentido ou função;


Debilidade é enfraquecimento, empobrecimento.
PERMANENTE não é ETERNO. É sinônimo de DURADOURO, que resiste ao tempo.
Quando não há previsão de fim, pode até acabar, mas não se sabe.
Se for temporário, foge deste elemento.
Membros já vimos.
Sentidos são 5: tato, audição, visão, paladar e olfato.
CUIDADO!! Função pode atrapalhar.
O legislador se refere apenas as grandes funções orgânicas. Pequenas funções que
contribuem para uma maior, não são alcançadas pelo sentido da lei.

Existem funções executadas por vários órgãos, cada um realizando uma tarefa. Se perder
um órgão, a função pode continuar em atividade perfeita, daí não há perda.
Então, depende do caso.
Ex.: alguém perde os 4 terceiros molares por conta de um soco. Caem os 3 cisos. Não
haveria debilidade da função mastigatória. Apesar de perder elementos dentários, não
houve perda da mastigação. Mas se um incisivo da frente for perdido, haverá perda da fala
(apitar), da mastigação...
Ex.2: homem perde testículo: não terá debilidade de função reprodutória se o outro
funciona. O mesmo com o baço.
Ex.3: O caso do rim (novo entendimento dos juízes). Numa idade mais avançada, o
indivíduo que tem 1 rim apenas, perde qualidade de vida. Daí já tem juiz dando debilidade
permanente para esses casos.
Mesmo caso com relação ao olho. Se tinha um olho cego, e outro sadio, se perder o
sadio, perdeu-se a função, já não é debilidade.

Funções são inúmeras: da fala, de sustentação, da escrita, da marcha, da audição...

aceleração de parto;
Os bons autores falam da inadequação, com exceção de Delton Cross?? (obstetra), do
termo "aceleração".
E feto ancencéfalo??? Está aqui? Ainda não é considerado pela medicina.
Lembrar que o feto deve ser viável para haver a aceleração...

Lesão gravíssima:
Art 129, par 2, CP.

incapacidade permanente para o trabalho;


Situação que faz jus à palavra "gravíssima". O sujeito deve ficar impedido para realizar
qualquer e toda atividade laborativa. O sujeito se torna inválido.
Ex.: perda de membros...

Se houver possibilidade de volta da aptidão, perde-se o caráter permanente.


Aqui é o mesmo entendimento do INSS na concessão do benefício. Só considera se for
incapacidade GENÉRICA, e não específica para certo trabalho. Basta poder realizar outro
trabalho que não está inabilitado.

enfermidade incurável;
Enfermidade tem sentido amplo, engloba toda redução do grau de saúde em
consequência da lesão.
O sujeito ou fica com a saúde reduzida, ou precisará de algum medicamento permanente
para restabelecer seu grau de saúde.
Ex.: traumatismo crânio-encefálico, a partir dele se desenvolve epilepsia inoperável.
Ex.2: traumatismo abdominal que atinge o pâncreas, o sujeito precisa tomar insulina pro
resto da vida.

perda ou inutilização de membro, sentido ou função;


A perda é quando cessa a função ou sentido (total ou acima de 70 ou 80%), ou amputa-se
o membro.
Mesmo quando não há amputação, o membro pode ser inutilizado.

O legislador poderia ter resumido este inciso para apenas "função", já que a isto tudo se
refere.

deformidade permanente;
Fácil detecção para o legista.
É deformidade anatômica.
Se o corpo ficou diferente do que deveria estar, é deformidade.
Se esta deformidade não vai desaparecer, ou ninguém sabe se vai ou não, é permanente.
Seja escondida ou não, se usar prótese ou não, ela existe, mesmo que disfarçada.

E se a vítima se submete à cirurgia perfeita?? Não adianta, a deformidade existe.


Daí levar a prova da deformidade para o juiz decidir (em fotos, laudos), no caso da
cirurgia corretiva.

Esta alteração anatômica no sentido jurídico deve ser de tal ordem que cause
constrangimento, à vítima ou a terceiro.

Tem 2 elementos (bem subjetivos):


- estético;
Pode ser bonito pra um e feito pra outro.

- constrangimento;
Também termo subjetivo, deve ser provado.

Daí a necessidade de se provar o que é ou que não é deformidade permanente.

aborto.
CUIDADO: existem 2 conceitos de aborto:
O legislador deveria ter usado "abortamento", que é o ato de abortar. Aborto é o efeito do
abortamento, o cadáver, o natimorto.

Em obstetrícia, o conceito de aborto é diferente. Só se considera o abortamento quando a


interrupção da gravidez e a morte do feto ocorre no início da gravidez, se ocorre no fim é
parto prematuro, quando já há viabilidade fetal.
Para nós isso não importa.

Se a mulher abortou no primeiro ou no último dia, é aborto!!!!

VAMOS ÀS FOTOS!!

AULA 20/08/2013

AGENTES VULNERANTES:

Impressão equivocada, porém com certa razão, de acreditar que lesão corporal só decorre
de ação mecânica. Errado!
Apesar de serem os agentes que mais produzem lesões corporais, não são os únicos:
físicos, químicos, mecânicos.
Energia de Ordem Física:
Tem capacidade de mudar o estado físico da matéria...
Os estudos das ações danosas desses agentes ainda não são completamente
comprovados: uso de celular, por ex.
Para estas não nos ateremos.

Vamos às já conhecidas: temperatura, eletricidade, pressão atm., radioatividade, luz e


som.

TEMPERATURA:
É a resultante da energia cinética das moléculas de um corpo.
Quanto mais agitadas estiverem, mas elevada é a temperatura do objeto.

A temperatura pode produzir lesão em 3 situações:


- quando se eleva (calor);
- quando cai (frio);
- quando oscila;

Lembrar que frio é ausência calor. Focaremos nas fontes de calor, portanto.
Tem fontes artificiais e naturais.

Lesões por calor:


1- ação difusa;
Quando o calor se propaga sob forma de irradiação, atingindo a vítima de forma global,
sem haver contato direto da fonte com o corpo da vítima.
Ocorre difusão, espalhamento do calor.

O nome da lesão neste caso é TERMONOSE ("doença decorrente da ação do calor").


Existem 2 espécies:
- insolação;
Decorre da ação do sol. O sol aquece certo ambiente e produz a lesão.

- intermação;
Decorre de qualquer fonte de calor, que não seja o sol. Pode ser natural ou não.
CUIDADO: Não tem nada a ver com ambiente aberto (sol) ou fechado (não sol) =>
ERRADO!!!

Ex.: esquecer o filho mais novo dentro do carro no verão, é caso de INSOLAÇÃO.
Provocado pelo sol, mesmo em ambiente fechado. Saunas => intermação.

Qualquer uma das duas pode ocorrer em ambientes abertos ou fechados.


O que difere é apenas a fonte de calor, uma é o sol, outra não.

Sinais e sintomas:
Sinal é aquilo que pode ser auferido por sentidos, por aparelhos...é bem objetivo.
Sintomas é subjetivo, o paciente é quem diz o que sente.
O médico usa os sinais para constatar se o sintoma é verídico ou não.

Síndrome é conjunto de sinais e sintomas que não chegam a formar uma doença
propriamente dita.
Exemplos:
Sudorese: produção de suor. Na termonose ela é excessiva!! É sinal.

Inquietação: sinal.

Mal estar: sintoma. Não há como medir o sintoma do paciente.

Desidratação: síndrome. Tem várias causas. É um conjunto de sinais e sintomas


(CONJUNTO!! Não é uma doença, é um conjunto de sinais e sintomas, efeito de alguma
possível doença). É déficit de água. Os sinais e sintomas são: sede(sintoma), pele e
mucosas secas (sinais).

Cefaleia: dor de cabeça. Sintoma.

Torpor: redução do nível sensorial. Limiar entre a consciência e inconsciência. Não se sabe
se dorme, sonha ou estar acordado.

Hipotermia: sinal.

Alucinações: sintoma??sinal?? depende, procurar os sinais diretos... Pode ser um ou


outro, depende da situação... Pode-se conseguir pegando o sujeito falando sozinho, neste
caso pode-se auferir objetivamente a alucinação... Comuns as visuais nas termonoses
(miragens). Pode ser auditiva também.

Coma: paralisação da atividade neuronal. Sinal??

Morte: não é sinal nem sintoma. É o resultado mais grave de uma termonose.

A termonose não necessariamente leva à morte. Depende da temperatura, tempo de


exposição...

CAUSAS JURÍDICAS DAS TERMONOSES: IMPORTANTE!!!


- acidentes;
Causa mais comum em disparada.

- crimes;
É possível, mais comum no culposo. Dificilmente o criminoso submeterá a vítima ao calor
excessivo para a lesão.

Importante porque algumas causas comuns são acidentes, daí não precisar correr atrás de
criminoso que não existe.

2 - ação direta;
A fonte do calor tocará uma ou mais parte do corpo. DIRETAMENTE.
Por isso também é chamada de AÇÃO LOCALIZADA.
Ex.: chama, brasa, líquidos aquecidos, raios solares...

QUEIMADURAS: decorre da ação direta do calor.


Existem queimaduras não decorrentes de fontes de calor.
A eletricidade por exemplo...
Dividiremos em 3 partes:
- Estudo da sede: região anatômica atingida. Tem interesse terapêutico, evitar sequelas
mais graves. A face é em ex. Tem interesse estético também.

- Extensão da queimadura: percentual da área corporal atingida. Tem interesse maior


terapêutico. Vítimas com mais de 30% é paciente GRAVE, é grande queimado, precisa de
tratamento intensivo. Com 40% o prognóstico é muito rim. Mais de 50% é quase morte.

ATENÇÃO!!: A REGRA DOS NOVES: métodos do cálculo do percentual. Regra simples.


Atinge resultado semelhante ao dos métodos mais sofisticados. Esta regra é bastante
utilizada na maioria dos serviços médicos, salvo clínicas altamente especializadas.

Como funciona?
A divisão é feita tomando como base áreas múltiplas de 9.
Ex.: queimadura apenas na região nasal: tem 1% da área queimada. O mesmo para a
área genital.
Se for na face, tem 4,5% da área total queimada, se for cabeça inteira é 9%.
Na porção anterior do membro superior : 4,5%. Inferior: 9%.
Abdomen: 9%.
PROF NAO VAI PEDIR PRA CALCULAR!!!!!!!

Isto é calculado através da área do corpo humano.

- Profundidade: este é o enfoque médico-legal propriamente dito. CRITÉRIO MÉDICO-


LEGAL!!!
Cuidado com livros mais antigos.
Houve época em que as queimaduras eram classificados em profundidade até 8 graus.
Hoje são até 4 graus.
1 grau - mais superficial;
4 grau - mais profunda.

Exemplos:

1 grau: o Eritema: implica em inflamação. Ocorre inflamação da pele e sinais


clássicos/característicos: calor, rubor e dor. Pele vermelha quente e dolorida...causada
pelo sol por ex.. Mas pode ser problema alérgico também, infeccioso...
Se encontramos isso na vítima e a causa é calor, a queimadura é 1 grau.
É lesão benigna, desaparece rapidamente e geralmente não deixa sequela.
Ela descama e se revitaliza.
Em alguns casos pode formar manchas.
Pegar um bronze na praia!!
A dor é em forma de ardor.
Encostar na panela superficialmente, por ex.

2 grau: as Flictenas (Sinal de Chambert): as bolhas. O jurista chama flictena. São


vesículas formadas na pele em consequência do descolamento entre epiderme e derme.
Sob calor há o desprendimento. Enche de líquido "transudato". É geralmente incolor ou
amarelo claro.
É importante deixar claro que a flictena pode ter várias causas, uma delas é pelo calor.
Ação mecânica também causa. Ex.: pé de jogador de asfalto.
É tentativa do corpo em não elevar tanto a temperatura da pele, daí joga líquido e forma a
bolha. Se estouramos, atrapalhamos o organismo.
Tem forma benigna, algumas rompem.

3 grau: a Necrose (escaras, úlceras): destruição da derme. É profunda, a pele necrosa


(corte de qualquer tecido, termo genérico). Mortificação de tecido, escarificação, ulceração.
Se a vítima não morre, ocorre a cicatriz, regeneração do tecido. Pode haver necrose de
tecido mais profunda...
Geralmente se remove o tecido necrosado.

4 grau: a Carbonização: transformar em carvão. Os tecidos perdem completamente o


teor líquido, ficam secos e duros, quebradiços e negros.
Mais profunda de todas, pode atingir o esqueleto.
O mais comum é ela acontecer como forma de ocultar a identidade do indivíduo.

Posição normal dos cadáver: atitude de Boxer. Posição de lutador, os braços encurtam,
flexionam.
A posição do Gladiador vem do enfisema de putrefação, se agiganta, os braços vão
abrindo em função da putrefação.
Na carbonização ocorrem fraturas múltiplas dos ossos, principalmente do crânio.

Pode-se verificar se na traqueia do cadáver há fuligem, para verificar se ele estava vivo
quando se submeteu ao calor. Presença de fuligem na traqueia é sinal vital, porque
respirou. Chama-se Sinal de Montalti.
O cadáver não coagula, a coagulação é sinal vital. Se cortar um vaso do cadáver, ele
sangra muito.
Intoxicação por CO2. O cadáver toma uma coloração carmim, um pouco rosa, rosado.
Clinicamente pode-se verificar este sinal. Assim se faz a dosagem da carboxi-
hemoglobina, se estiver alta é sinal que a pessoa estava viva, pois ela respirou o CO2.
O sangue para analisar deve ser retirado da câmara cardíaca, o coração deve estar
íntegro, com sangue dentro. Não serve sangue de outro lugar porque a fumaça que passa
por ali pode dissolver algum CO2.

CAUSAS JURÍDICAS:
As de 1, 2 e 3 grau tem como causa mais comum:
- acidente do trabalho e do lar; Pessoas que trabalham com coisas aquecidas, ou crianças
e mulheres de casa.
- suicídio (queimar o colchão e se enrolar nele);
- crime (geralmente doloso, mas pode ser culposo, ligado à tortura);

4 grau: geralmente ligado aos crimes. De lesão, homicídio, dificultar identificação da vítima
ou causa da morte, tentativa de fazer desaparecer o cadáver.
Tem acidentes de trabalho também: fábricas de pólvora.
Acidentes aéreos, rodoviários...

Podemos encontrar no mesmo evento traumático os 4 graus de queimaduras.

LESÕES POR FRIO:


O esquema é o mesmo:

1 - difusa:
No frio não tem nome próprio. Diz-se que a vítima sofreu lesão decorrente da ação difusa
do frio. Geram efeitos gerais ou sistêmicos. Hipotermia não é nome de lesão, é efeito.
2 - direta:
GELADURAS. Não são queimaduras!!! Há diferenças.

Efeitos, geralmente são alterações funcionais do organismo, fáceis de detectar:


- palidez;
- pele ANSERINA: se refere ao pato. A pele de qq ave sem as penas tem poros
proeminentes. Arrepios. Goosebumps!!!
- distúrbios motores: tremores, espasmos, dificuldade de locomoção.
- sonolência: rebaixamento da consciência sensorial;
- hipotermia;
- anestesia: perda da sensibilidade;
- torpor: caracterizado pela falta de sensibilidade e do movimento, mal-estar;
- delirium: não confundir com "delírio"(alteração do conteúdo do pensamento). Aqui é um
quadro de confusão mental, que decorre quase diretamente do torpor. Sujeito
desorientado, provoca acidente, cai..
- coma;
- morte;

As geladuras são estudadas da mesma forma da queimadura. Sede, profundidade...


Falaremos apenas no que se difere.
Se classificam também em 4 graus:

1 grau: Eritema:
Termina na formação de um eritema.
Se a perícia for feita rapidamente pega-se o eritema frio, pálido, depois fica igual ao de
uma queimadura. Com dor, rubor...
A dor é em forma de alfinetada, diferente da queimadura.
Não arde, espeta!!!

2 grau: Flictena: diferença ENORME.


Aqui é sanguinolento!!
São flictenas hemorrágicas, mas cuidado: não há perda de sangue, apenas há tingimento
por sangue.

3 grau: Necrose: igual a queimadura. Difícil diferenciar da queimadura se a perícia for


feita muito depois.

4 grau: Gangrena (infecção por bactéria anaeróbia) e desarticulação: As articulações se


destroem em contato com o frio: cai dedo, pé, ponta de nariz...
Exs.: pés de trincheira, apelidos vindos da guerra, quando os soldados perdiam pedaços
do corpo por conta do frio.

CAUSAS JURÍDICAS DA AÇÃO DO FRIO:


- acidentes de trabalho (substâncias baixas, gás liquefeito) e desportivos;
- acidentes da natureza; Comum no sul, em locais frios.
- crimes; Também é possível, porém não é muito comum.

AULA DIA 22/08/2013

OSCILAÇÕES DE TEMPERATURA:
1 - Tem relevância no campo da INFORTUNÍSTICA: estudo dos acidentes do trabalho...
Quem trabalha em fornalha, campos de carvão... começa a apresentar uma depressão do
sistema imunológico, suscetível a infecções, principalmente respiratórias.
Dentre as respiratórias, ressaltamos as pneumonias.

2 - Acidentes por choque térmico. Mergulho numa água de temperatura mais baixa,
estando num ambiente quente. Pessoas já morreram por isso. "Afogamento branco de
Parrot": quando a perícia é feita, não detecta sinal de afogamento... daí o jargão, é como
se fosse uma tela branca, sem saber o que aconteceu... ocorre com a morte por choque
térmico, que é instantânea.

3 - Paralisia facial: Vento frio que bate no rosto ao se acordar, paralisa a face. Só que até
o momento a medicina não consegue provar o nexo entre a oscilação da temperatura e a
paralisia do nervo. Dizem que se trata de uma virose, não tendo nada a ver com a
oscilação, mesmo sendo relatos repetitivos. NÃO SE TRATA DO NOSSO ASSUNTO,
portanto.

ELETRICIDADE:

Corrente elétrica: movimento de elétrons. Vem das partículas negativas do átomo.


A corrente elétrica é a transmissão de energia de um elétron para outro. Vai do potencial
maior para o menor(chamado de terra).

Precisamos distinguir 2 modalidades de eletricidade, pois produzem lesões diferentes:


- NATURAL, atmosférica ou cósmica;
- ARTIFICIAL ou industrial;

O nome das lesões da eletricidade natural são:


- Fulminação;
Êxito letal.
- Fulguração;
A vítima sobrevive.

A diferença é apenas quanto ao resultado.

Na superficial, a lesão chama-se Eletroplessão.


Agora se chama também Eletrocussão (CID 10). Devemos utilizar esta nomenclatura,
desprezando o termo eletroplessão. O novo termo surgiu a partir da 10 revisão da tabela
CID.
Neste caso o resultado pouco importa, o nome é o mesmo!

Sinal Patognomônico (patos; doença, gnose: conhecimento) da eletricidade:


Quando atinge os tecidos orgânicos a eletricidade deixa uma marca.
Este sinal patognomônico dá a conhecer certa doença. É sinal característico de certa
doença, no nosso caso, o choque.

É chamada de MARCA ELÉTRICA.


Para ser sinal patognonumseioque é preciso que a marca seja diferente para eletricidade
artificial e a natural.

- a marca de LICHTENBERG: NATURAL;


Tem forma de árvore, arboriforme.
Alguns autores chamam de forma dentrítica.
Tem marca mais escura.
É uma marca dura, tem textura resistente.
Ela adere firmemente aos planos mais profundos, não se move na pele.
Tem cor castanho-avermelhada.

- marca de JELLINEK: INDUSTRIAL;


Não tem forma definida.
Pode ser alongada, quadrada, triangular...
Características:
- cor branco-leitoso;
- lesão seca e dura, tecido perde o teor líquido;
- a parte central é profunda, ela escava os tecidos;
- as margens ficam elevadas, proeminentes, afiadas (pode cortar o dedo ao toque);
- lesão ASSÉPTICA: não infecciona, os tecidos não tem água, então é meio inóspito para
os microorganismos. Então sem infecção, a cura é mais rápida.
Ela pode estar ausente, mas pode aparecer na região onde houve o contato com o
condutor (lesão de entrada), ou também na região do corpo de menor potencial elétrico
(lesão de saída, região mais baixa).

O sinal patognumseioque é frequente, mas nem sempre aparece!!! Aí o perito tem que
tentar outra coisa.

#Os efeitos deletérios não decorrem apenas da amperagem da eletricidade. Tipo da


corrente, voltagem...

A eletricidade se transforma com muita facilidade em outras modalidades de energia:


- calor -> queimaduras;
Podem existir queimaduras elétricas, secas como vimos...

- luz -> cegueira;

- som -> surdez por ruptura/rotura do tímpano;

- mecânica -> equimoses, hematomas, fraturas, amputações...

As queimaduras elétricas são secas, normalmente não tem flictenas!


HEMICORPORECTOMIA: corte transversal no abdômen, esquartejamento.

Causas da morte por eletricidade:

- morte cardíaca:
tensão abaixo de 120v. Quadro de insuficiência circulatória/cardíaca em conseqüência da
fibrilação cardíaca. O coração funciona como uma bomba, com a descarga o coração é
afetado, as fibras se desordenam, tremem..isso é chamado de fibrilação cardíaca.

- morte pulmonar:
descarga maior. Tensão entre 120v e 1200v. A musculatura entra em espasmo. Impede o
sujeito de respirar, de expandir o tórax. Lembra a insuficiência respiratória aguda.

- morte crebral:
voltagem superior a 1200v.
Alterações graves do encéfalo.

Causas jurídicas das lesões

Por FULMINAÇÃO ou FULGURAÇÃO:


- acidentes da natureza. Raios;

Por eletroplessão:
- acidentes do trabalho e domésticos são os mais comuns.
- suicídio em 2 lugar;
- crime culposo, cercas elétricas artesanais. Geralmente parentes morrem.
- crime doloso. Ligado a tortura.

PRESSÃO ATMOSFÉRICA:

Pressão atmosférica é o peso de uma coluna de ar atuando numa área qualquer.


Em medicina a medida é Hg/cm2. Medida de mercúrio. 1 atm = 76 cmHg/cm2.

Quanto maior a altitude, menor a pressão.

Nomes das lesões:


BAROPATIAS:

1 - Mal das Montanhas ou Mal dos Aviadores:


Resulta da queda da pressão atmosférica.
1 atm tem quantidade de ar suficiente para nós aqui no nível do mar.
Aumentando a altitude, ocorre a rarefação do ar, e dificulta a absorção. O ar é insuflado
com uma pressão menor, e ainda é rarefeito.
Daí a natureza desencadeia reações para compensar essa dificuldade, daí:

Sinais e sintomas:
- taquipneia;
aumento do exercício respiratório (taqui/aceleração, pneia/respiracao)

- taquicardia-taquisfigmia (aceleração do pulso);


coração bate mais rápido pra carregar o sangue mais rápido aos tecidos.

- mal-estar;

- incoordenação;
coordenação motora insuuficiente.

- perda da consciência;

- convulsão;

- morte.

Nem todo mal da montanha leva a morte. Depende de vários fatores.


A partir de 2800m de altitude ja sentimos desconforto. Depois de 3mil m o bicho pega,
acima de 5800m a vida humana é incompatível!!

2 - Mal dos Caixões ou Mal dos Escafandristas:


Escafandro é proteção para mergulho em águas profundas, capacete enorme...
Decorre da elevação da pressão.
O ar é mais absorvido do que em situação normal. Ocorre superdiluição dos gases da atm.
no sangue da vítima.
O N2 é abundante, ele fica diluído no sangue e produz efeitos de intoxicação,
assemelhado ao alcoolismo. É humor disfórico, embora aumentado não tem muita graça:
- alterações do equilíbrio;
- perda do espaço, consciência e morte...

O O2 também produz esses efeitos. É efeito chamado de narcose, sujeito meio bêbado
debaixo dágua.
É intoxicação por excesso de ar.

3 - Barotrauma:
A mais frequente, tem efeitos mais graves.
Decorre de 2 fatores somados:
- a vítima deve estar em pressão atm. elevada;
- e esta pressão é reduzida rapidamente.

Descompressão rápida.
O sangue em pressão alta está hiperdiluído, o sujeito tolera isso.
Porém, na hora de voltar à superfície, sobe rapidamente.
O excesso de gases diluído vai precipitar, se transformar em gás dentro do sangue.
É o "efeito refrigerante". Na garrafa o gás está diluído, ao tirar a tampa, ele se transforma
novamente em gás e formam as bolhas/ ÊMBOLOS.

O êmbolo será carregado pela corrente sanguínea e poderá entupir uma artéria de menor
calibre. Daí causa a embolia, que paralisa os tecidos não irrigados.
Dependendo da artéria, o tecido se for vital, causa a morte.
O tecido morto, ocorre a NECROSE dele...consequências devastadoras. Pode causar
graves sequelas.

Causas jurídicas:
- acidentes desportivos e do trabalho;
- o crime é raro: sabotagem.

AULA 26/08/2013

RADIOATIVIDADE:

Irradiações ionizantes.
O Radio é a radiação mais antiga.

Lesões por ação:

Difusa:
Há preocupação principalmente com 2 órgãos!!! Estes quando lesados
- médula óssea;
As consequências são anemias muito graves até a degeneração do próprio tecido
sanguíneo: LEUCEMIA, proliferação de células novas sem funcionamento.

- gônadas (hematopoiese);
Esterilidade e a perda da função reprodutora, ou a teratogenia (mantém a função
reprodutora porém a prole pode vir defeituosa, defitos anatômicos, funcionais ou
psíquicos).

#efeito DEPILATÓRIO: para o crescimento celular, ocorre principalmente no tecido


capilar. Cessada ação, o tecido volta ao normal.

Direta:
RADIOTERMITE: inflamação via radioatividade.
- agudas:
início recente, sintomas vivos, intensos.
Se classificam em 3 graus apenas.
#CUIDADO COM OS GRAUS DAS QUEIMADURAS que são 4!!

1 grau: eritema (já vimos) + ausência de pelos na região atingida = eritema depilatório.

2 grau: lesões pápulo-eritematosas (parece a flictena, mas tem conteúdo pastoso, não
líquido); Lesões dolorosas e resistentes ao tratamento, sangram com facilidade.

3 grau: úlceras de Rontgen. Mortificação da derme, escarificada, ulcerada.

- crônicas:
prolongada, a sintomatologia é mais atenuada. Não confundir com doença incurável!! A
crônica pode ser curável, e a incurável geralmente se torna crônica.

Úlceras pré-neoplásticas; Mostram que o núcleo celular sofre alterações, vão no caminho
cancerígenos, tumores, novos tecidos com crescimento desordenados.

CAUSAS JURÍDICAS:
- acidentes de trabalho. Médicos radiologistas. Falta de uso de material de proteção.
Laboratórios.

- acidentes terapêuticos. Radioterapia, perda de peso...

- crimes culposos. Má utilização de material radioativo (Chernobyl, Japão...). O caso de


crime doloso é raro.

LUZ E SOM:
Estudamos em conjunto.
Luz e som produzem lesões semelhantes...

Por ação:

Direta:
Atinge os órgãos responsávels pela captação dessa energia: olho e ouvido.
Tem consequências que vão desde a sensibilidade/ACUIDADE auditiva ou visual até a
perda do sentido (cegueira/surdez). Pode ter redução gradual ou brusca, a depender da
intensidade da energia.

Sistêmica:
Diz respeito ao organismo como um tal.
Mais fácil de ver no vivo.
Geralmente alterações funcionais:
- hipertensão;
- inquietação;
- agitação;
- agressividade, irritabilidade, pouca tolerância;
- distúrbios do sono;
- transtorno do apetite;
- transtorno da libido;
- depressão (ocorre quando a ação é prolongada);
- desencadeamento de convulsões (a luz e som não causam convulsões, apenas as
desencadeiam, a pessoa já deve ter a tendência).

CAUSAS JURÍDICAS:
- grande interesse na infortunística: doenças e acidentes do trabalho, doenças
profissionais.

- crime: tortura, usa a luz ou o som para irritar o interrogando - o feixe de luz na retina é de
3 grau.

Vamos à energia mais importante: as de ordem mecânica.

ENERGIA MECÂNICA:

Quase 65% das lesões provocadas.


Aqui implica movimento. Palavra importante!! MOVIMENTO.
São energias que modificam a capacidade de movimento de um corpo.

A palavra INSTRUMENTO também é importante. CAI NA PROVA!!!


Instrumento é diferente de objeto.
Objeto é inerte, não contém movimento. O melhor termo para denominar uma fonte de
energia de ordem mecânica é MOVIMENTO.

As formas que podem assumir a ação mecânica:

- Ação ativa: instrumento -> corpo humano. Mais comum.

- Ação passiva: instrumento <- corpo humano. Queda ao solo, por ex, topada.

- Ação mista: instrumento <-> corpo humano. Instrumento e o corpo se movem e se


encontram. Ex.: acidente de transito.

Modos de ação mecânica:


Só podemos classificar o instrumento depois que ele age, daí se caracterizando através
da lesão causada.
Só se pode classificar um instrumento pela lesão provocada. Não dizer que "agulha é
instrumento perfurante", vai depender da lesão que provoca. CAI NA PROVA.

pressão;
deslizamento;
percussão (bater, chocar-se);
torção (girar, dobrar);
tração (esticamento, estiramento, puxar);
compressão (estar sob efeito de várias forças);
descompressão (cessar a ação de várias forças, distender);
sucção (chupar, produzir vácuo);
contragolpe (modo de ação complexo, resulta da lei da ação e reação e a lei da inércia).
Geralmente é consequência de percussão, ocorre no lado oposto de onde ocorreu a lesão.
Ex. batida na cabeça;

São instrumentos são de ação:

Ação SIMPLES;
Quando agem produzem um único efeito.
Perfurante;
Tem facilidade de penetrar no tecido orgânico. Não corta, nem contunde, só fura.
Tem ponta(característica obrigatória), é fino (pequeno diâmetro ou largura), é comprido. Se
a ponta for grossa, vai contundir também.
Ex.: agulhas, alfinetes, arames, espinhos...

Tem como modo de ação: PRESSÃO ou PERCUSSÃO da ponta em um ponto do corpo


humano. Só com essa ação a agulha é perfurante, de outra forma, não é!! Se ela deslizar,
seccionar, passa a ser cortante (exemplo grosseiro).
Agulha NÃO É perfurante, PODE ser!

A lesão se chama: FERIDA/FERIMENTO PUNCTÓRIA ou PUNTIFORME. Vem de


punctum, latim.
- Tem forma de ponto, diâmetro menor que o do instrumento (por conta da elasticidade da
pele);
- Tem bordas invertidas(voltada para DENTRO);
- Hemorragia ausente, ou insignificante, na superfície do corpo;
- É profunda, podendo alcançar órgãos vitais. Característica importante, profundidade!!

Cortante;
Secciona, parte os tecidos com perfeição. Não fura nem contunde.
Tem gume afiado! Não é lâmina!!! A lâmina tem uma superfície afiada e outra menos. O
gume é a superfície afiada. Quanto mais afiado, mais cortante será o instrumento.

Ex.: lâmina de barbear, bisturi, navalha...


Lembrar que dizer que o bisturi é instrumento cortante é falso!!! Depende da lesão.

O modo de ação: DESLIZAMENTO DO GUME por uma linha no corpo humano.


Geralmente é uma linha reta... O que importa é o deslizamento do gume.

E o nome da lesão?? Ferida INCISA ou INCISÃO.


Características:
- bordas perfeitamente regulares; Tem margens perfeitamente lisas, ausência de
contusão.

- vertente regular, em V (transversal ao tecido) ou bisel (incisão oblíqua, peça de ferreiro,


V deitado, agudo); São as paredes internas.

- hemorragia abundante; Sangra muito, o instrumento não machuca tecido, secciona-os,


junto com os vasos sanguíneos.

- extensão prevalece sobre a profundidade; Em regra a ferida é superficial.


- centro mais profundo que extremidades;
- caudas de escoriação. A escoriação é lesão de epiderme, camada protetora da pele,
escoriação é superficial. Ocorre prolongamento limitada à epiderme, não secciona a derme
propriamente. Daí o nome da cauda de escoriação. Nem toda incisão tem isso.

Contundente;
Machucam os tecidos. Não corta nem fura.
Tem como característica:
- superfície. Deve ter superfície para contundir a área atingida. CAI NA PROVA. Pode ser
lisa, áspera, anfractuosa (superfície cheia de saliências), dura, mole, líquida, gasosa.
Ex.: soco, pontapé, pedrada, quedas dágua, jatos de ar comprimido.

O modo de ação: pode ser qualquer modo de ação visto. É o ÚNICO instrumento que
pode provocar todas as lesões (perfurar, contundir, seccionar, tracionar, succionar...).

As lesões são chamadas de CONTUSAS ou CONTUSÃO.


Ex.:
- rubefação;
- equimose...

RUBEFAÇÃO:
Alguns autores dizem que não é lesão, não há lesão. Ocorre apenas dilatação dos vasos
capilares da área atingida. A pele fica vermelha, quente e dolorida. Não há inflamação.
Mas vimos que lesão também ofende a saúde do sujeito. Se houve vaso dilatado, dolorido,
é ofensa à saúde.
Do ponto de vista penal, faz sentido não haver ação penal por conta de uma rubefação,
que desaparece sem deixar sequelas. Não tem potencial ofensivo, mas pode servir como
único indício do crime de MAUS TRATOS, daí o perito não pode deixar de confirmar a
lesão.

#Lesão com assinatura é aquela lesão na qual se pode ter uma ideia do objeto utilizado.
Ex.: rubefação com a marca da sola do sapato.

ESCORIAÇÃO:
A avulsão da epiderme, quando ela é removida, arrancada, geralmente por deslizamento.
- superficial;
- sem sangramento, porém flui um transudato sero-sanguinolento;
- crosta castanho-avermelhada;
- desaparece entre 4 e 8 semanas;
- ocorre reepitelização sem formar cicatriz.
Chamada de arranhão por aqui.
Fácil identificar quando é no vivo ou no morto (geralmente é mais seca, sem reação
orgânica, sem sangue...).

#impressão UNGUEAL: produzida por unha, tem forma de meia-lua.

EQUIMOSE:
- hemorragia de vasos capilares; Aqui há dano anatômico.
- vasos finos, hemorragia discreta, o sangue fica na malha tecidual. Se está infiltrado, não
provoca inflamação no tecido...
- HÁ POSSIBILIDADE DE INFILTRAÇÃO do sangue na trama tecidual;
- se superficial, visualizada como lesão avermelhada, que muda de cor: o espectro
equimótico. (vermelho-> arroxeado->azulado->esverdeada->amarelada->alaranjada).
Este espectro ajuda na idade da lesão, que é geralmente de 4 a 8 semanas. O perito pode
precisar se o acidente ocorreu de acordo com o testemunho da vítima.

A equimose pode ser profunda também, depende do trauma.

Existem várias causas de equimose. Pode ocorrer por problema vascular, alérgico,
infeccioso, psíquico (geralmente em mulheres)...
O leigo chama de RONXA.

Ex.:
- Víbices: equimose produzida por objetos compridos: cassetetes, barra de ferro, canos...
Tem largura maior que o próprio instrumento, o sangue é jogado para os lados,
aumentando a largura. A parte mais acentuada são as laterais. Na medida que se
aproxima da epenhadura (onde se segura o objeto), ela desaparece.

- Sinal de guaxinim: lesão intra craniana.

HEMATOMA:
Coleção sanguínea que se forma por conta de ruptura de vasos sanguíneos de maior
calibre. Ocorre muito sangramento interno, portanto. Mas ainda que a equimose.
 Podem demorar mais que os vinte dias usuais para o desaparecimento das
equimoses. É mais lenta, portanto.
 NÃO HÁ PENETRAÇÃO NOS TECIDOS, daí a necessidade, a depender da
gravidade, de sua remoção cirúrgica;

A hemorragia é muito grande, daí não se infiltra nos tecidos. O sangue empurra os
tecidos, acumulando nas regiões corporais neoformadas.
É ajuntamento de sangue.
Porém nem todo hematoma ocorre por instrumento contundente, pode ocorrer por AVC,
por ex.

Ao apalpar o tecido, ele flutua, por conta do sangue colecionado, acumulado... Diferente
de quando o sangue se infiltra, ele se adere.
O hematoma pode comprimir órgãos vitais, levando à morte.
Não há espectro, muda de cor porém sem regularidade.

#hematoma extradural: acima da dura-máter, meninge mais externa.

BOSSA SANGUÍNEA:
Hematoma que se forma em contiguidade com uma superfície óssea. O sangue expande
o osso para fora. Forma-se uma proeminência.

EDEMA:
Tem gênero masculino, é "o edema".
Se trata de infiltração de líquido orgânico nos tecidos.
Existem edemas de várias causas (processo alérgico por ex...), mas só nos interessam as
causas jurídicas. O nosso é edema traumático, decorrente da ação contundente.
Nele, o líquido é a linfa, gânglio-linfática.
A lesão não tem coloração alterada, porque a linfa é incolor.
Inchaço, picada de abelha, por ex... Daí o processo alérgico...

BOSSA LINFÁTICA:
Protuberância decorrente de acúmulo de linfa, vaso de linfa rompido, a linfa não infiltra,
fica colecionada numa região. Ocorre em articulações geralmente, joelho, tornozelo...
Líquidos na pele...
Coleção de linfa.

#o mesmo objeto, dependendo da ação, pode se transformar em mais de um instrumento.

AULA DIA 27/08/2013

Prova dia 12/09!

FERIDA CONTUSA:
Ruptura da pele por ação contundente.
É de grande incidência.
Aqui a pele toda está rompida, já se enxerga a hipoderme...A epiderme e a derme se
rompem (diferente da escoriação).

Características:
- irregularidade: bordas, fundo, forma;
- em regra são superficiais (é claro que existem profundas...).
- hemorragia discreta por conta da ação contundente do instrumento. Os vasos
sanguíneos são machucados por conta do instrumento, e acabam sendo fechados. A
hemorragia aqui existe, mas é muito menor que a da incisão (vasos abertos).
- presença de pontes (faixas de pele que não se rompem, vão de um lado a outro da
ferida) de tecido (normalmente a pele) íntegro... pontes de tecido íntegro geralmente
acontece nas feridas contusas mais extensas... é um jargão.

A regra é a lesão ficar apenas na pele. Acaba a pele, acaba a lesão.


É comum a existência de cicatrizes. Toda lesão de derme ou mucosa com regeneração
tende a formar cicatriz.

ENTORSE:
É lesão de articulação. Leigo chama de torção.
Decorre da sobrecarga ou movimento anormal da articulação.
Com o movimento errado, a cápsula articular, que mantém estável o movimento, sofre
lesão, podendo haver ruptura ligamentar. Em 10 ou 12 dias está curada. Do ponto de vista
penal, nunca dará incapacidade por mais de 30 dias, é lesão leve.
É comum se abandonar o tratamento, daí o sujeito fica com uma vulnerabilidade
articular... Assim ele passa a repetir o quadro.

#cavalgação ósseo: um osso "monta no outro", perda do contato ósseo, ocorre na luxação.
#luxação: DIFERENTE!! nela há solução de contiguidade dos ossos, eles se afastam. Isto
não acontece na entorce.

A luxação pode sim incapacitar o sujeito por mais de 40 dias, portanto é lesão grave.

FRATURA:
Lesão do tecido ósseo. Solução de continuidade súbita e violenta de ossos ou dentes. O
osso se fragmenta em segmentos.
Há 4 classificações:

1 - completa ou incompleta:
Ossos são formados por tábuas e trabéculas. Uma fratura é completa quando todas as
tábuas se fragmentam, havendo uma apenas íntegra, a fratura é incompleta. A completa
só ocorre quando o osso se rompe, se separa..a incompleta ele permanece unido.

2 - simples, múltipla ou cominutiva:


Simples é a fratura que ocorre num segmento ósseo, o osso se quebra num lugar só. A
múltipla pode ser dupla, tripla, quádrupla, o osso se quebrou em vários segmentos. E a
cominutiva esfacela o osso, fratura complicada.

3 - fechada ou exposta:
Na fechada não há abertura da pele, a lesão do osso é interna. A exposta abre a pele, e o
osso entra em contato com o meio externo. Normalmente a ferida contusa e profunda
expõe o osso.

4 - direta ou indireta: MAIS INTERESSANTE.


A direta ocorre na mesma região que sofre a ação contundente (agressão contra o ante-
braço na tentativa de se proteger). Já quando o sujeito é empurrado de um lugar elevado e
cai em pé. Se a fratura for no pé, será direta (ocorreu na região que sofre a ação). Porém é
comum haver fratura de vértebras, de pélvis...em regiões distantes da planta do pé onde
houve a ação contundente. Daí são as fraturas indiretas, à distância.

CAI NA PROVA: a fratura é uma lesão letal???


Não!! Osso não é órgão vital! A morte ocorre pelos efeitos da pancada, por
ex...hemorragia ou outra coisa qualquer.

ROTURAS VISCERAIS:
Vícera é órgão localizado na cavidade do corpo, geralmente interna. (o olho é vícera
externa).
Quando rompe um órgão é rotura visceral.
- são graves. Não há lesão externa do corpo, não se vê o resultado interno. Sujeito pode
morrer.
- produzem uma hemorragia interna;

Ex.: rotura hepática (fígado), do baço (extremamente vascularizado, EXPLENECTOMIA -


remoção do baço, se romper deve ser removido).

ESMAGAMENTO:
Contusão complexa, pois numa só lesão se encontram várias lesões.
- múltiplas lesões contusas (fraturas, escoriações, equimoses, hematomas, edema);
- resulta do achatamento de planos do corpo;
- é lesão geralmente grave ou gravíssima. Levam o sujeito a um estado de choque, de
perigo de vida, ou morte. Geralmente o tratamento é amputação;
- ação de compressão...

Encerrou o estudo da ação simples!!!!

Agora vamos à ação combinada.

Outras classificações de instrumentos.


Ação COMBINADA;
Somam 2 efeitos dos 3 vistos acima.
- perfurocortantes;
- cortocontundentes...

PERFUROCORTANTE:
- tem que ter ponta para penetrar, e gume para cortar. PONTA E GUME.
Ex.: faca peixeira, canivete, lima

Depende do modo de ação para se tornar instrumento perfurocortante.


Modo de ação: PRESSÃO ou PERCUSSÃO da ponta do instrumento num ponto do corpo
e ao mesmo tempo deslizamento do gume por uma linha no corpo.

O nome da lesão é FERIDA perfuroincisa!


Tem as características de uma ferida punctória e incisa:
- bordas lisas, regulares;
- vertentes (paredes internas) regulares, em bainha;
- grande hemorragia;
- profundas (da ação perfurante);
- extremidade angulosa correspondente ao gume ( um V deitado, e a outra extremidade é
arredondada). Dá pra dizer quantos gumes tem o instrumento, o ângulo...

CORTOCONTUNDENTE:
Corta e machuca.
É gume pouco afiado, tem espessura suficiente para machucar (área de contato com o
corpo é maior) e não seccionar.
O gume é pesado também (facão, enxada).
O gume é largo, age como superfície.
Ex.: machado, foice, serrote, dentes...

Modo de ação: PERCUSSÃO (aproveita o peso e dá-lhe a facada aproveitando a


gravidade) ou PRESSÃO do gume em uma área do corpo.
Age também por deslizamento.
O único que o prof lembra que produz ação por deslizamento é a SERRA DE PÃO, de
gume ondulado (sem dentes).

Lesões:
- bordas SEMPRE irregulares (por conta da ação contundente). Pode ser mais ou menos
irregular, depende do gume. A foiçada produz uma ferida menos irregular se comparado a
uma enxada (machuca mais). Quanto maior o machucado, mais irregular a borda.
- bordas escoriadas e equimosadas (há infiltração de sangue e área de pele sem
epiderme).
- forma semelhante ao gume (a ferida geralmente mostra a forma do gume. Ex: mordida
do dente).
- hemorragia discreta. Não é abundante, apesar da força da ação por conta do peso, por
conta da ação contundente que fecha os vasos.
- feridas profundas, podem chegar ao esqueleto e fraturar o osso. Fraturas peculiares.

PERFUROCONTUNDENTE:
para a próxima aula.
O prof vai começar a prox aula com um material de balística. Animação de uma pistola.
Neste grupo estão os projéteis de arma de fogo.

AULA DIA 29/08/2013

BALÍSTICA FORENSE:
NÃO CAI NA PROVA!

AULA DIA 03/09/2013

LESÕES COM CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS:


- ver slides:
- eviscerações - enucleação;
Viscera é órgão situado em cavidade do corpo, geralmente interna.
Evisceração é a expulsão da víscera da cavidade em que ela fica.
Decorre normalmente de ação contundente por compressão: cabeça, tórax, abdômen...
São de características especiais porque não decorrem somente da ação de um único
instrumento, mas sim de vários: cortante, pérfuro-cortante, corto-contundente, pérfuro-
contundente).
Enucleação é a evisceração dos olhos!!! O olho é expulso da cavidade dele.

- esgorjamento;
Górjea é garganta...esgorjamento é lesão profunda da face anterior ou antero-lateral do
pescoço por ação corto-contundente ou por ação cortante.

- degolamento;
Seria de grosso modo o esgorjamento na nuca; Na face posterior do pescoço. Instrumento
corto-contundente ou cortante.

- decapitação;
Seccionamento completo do pescoço com a separação da cabeça. Causa: instrumento
cortante ou corto-contundente.

- esquartejamento;
Transforma em quartos. Seccionamento do corpo em porções ao nível das articulações
por ação corto-contundente, cortante e contundente (tração).

- espostejamento;
Transformar em postas. Seccionamento do corpo em porções aleatórias. Ex.: acidente
ferroviário...a roda é um instrumento/ação corto-contundente, sai dilacerando o corpo...

- escalpelamento;
Avulsão/arrancamento do couro cabeludo por ação corto-contundente, cortante,
contundente, tração...

- encravamento;
Ação perfuro-contundente, por instrumentos de grosso calibre e compridos. Ex.: estacas...
toco de árvore afiada, cerca... filmes de vampiro...

- empalamento;
Encravamento sobre a região caudal (períneo, genital, ânus..), parte de baixo do corpo.
Instrumento de grosso calibre. Contundente. O que importa é a região, a localização do
encravamento...

- amputação;
Seccionamento de uma ou mais partes do corpo. Lembrar que amputação da cabeça tem
nome próprio: decapitação.

- desenluvamento;
A lesão começa superficial a partir do local da ação e vai aprofundando até a extremidade,
é como se fosse um arrancamento de dedo de luva...

- ablação; NÃO CAI NA PROVA.


Corte como uma segmentação em cunha de tecidos.. Parece o que ocorre ao amolar uma
ponta de lança.

ENERGIAS DE ORDEM QUÍMICA:


Toxicologia Forense.

São energias que produzem dano à saúde ou à vida por reação química localizada ou
sistêmica. Os autores falam de ação externa e interna, o prof usa "localizada" ou
"sistêmica".
São substâncias químicas nocivas.

Caústicos:
Produzem lesão tópica, localizada, externa (não absorvida pelo organismo).
O prof foge do termo "externa" porque uma pessoa pode engolir uma substância cáustica
e esta sair do outro lado, sem ser absorvida...isto é ação externa, mas é difícil de entender,
pois ocorreu na parte interior do corpo. Daí preferível chamar localizada/tópica...ações
sobre a mucosa do sistema digestivo.

Podem ser: ácidos e bases (álcalis).


Quando menor que 7 o ph, mais ácido, quanto maior, mais básico...
ATENÇÃO: ácido não derrete nada, TEM EFEITO COAGULANTE... forma uma crosta que
termina como uma barreira para ele mesmo. É lesão seca, geralmente...

A base é que dissolve, tem efeito liquefaciente. Lesão por base é mais profunda que por
ácido. Dissolve os tecidos. Cloro é um exemplo de base.

Localizada: não absorvida.

Sistêmica: absorvida pelo organismo. Ação interna. Veneno, tem várias naturezas
químicas. Ação interna não é apenas entrar no corpo, é ser absorvido.
Lesões produzidas por cáusticos: VITRIOLAGEM => ulceração, escarificação ou
queimadura de pele e mucosas. Vitriolagem é palavra de mão dupla, pode significar a
ação: praticar vitriolagem é jogar veneno em alguém.
Se caracteriza principalmente por lesão de pele: derme e epiderme.
Ácidos e bases produzem lesões coloridas na pele, mas o interessante par ao diagnóstico
é mandar ao laboratório e fazer um exame toxicológico!

Consequências:
- cicatrizes horripilantes;
- lesões graves no olho -> cegueira;
- hemorragia digestiva alta (localizada nos órgãos elevados do trato digestório) -> morte;
- edema de glote (vedação da laringe) -> morte;
- broncopneumonia -> morte;
- lesões de orofaringe e estenose (estreitamento, a lesão cicatriza e diminui a espessura
do tubo digestivo, por ex) de esôfago -> disfagia ("dis" é dificuldade, "fagia" é deglutir) ->
caquexia (definhamento orgânico, por desnutrição);

Causas jurídicas vitriolagem:


- acidentes domésticos e do trabalho (crianças, faxineira, piscineiro);
- crime passional;
- a autolesão é rara;

Venenos:
Produzem ação sistêmica, tem origem variada, mas tem que ser absorvido!!!!
É conceito controverso.
Se discute o seguinte:
1 corrente diz que o veneno deve ser capaz de produzir dano à saúde mesmo sendo
introduzidas pequenas quantidades. Se for em quantidade grande, deixa de ser...é o caso
da água..se beber muita água, morre, porém não é veneno
2 corrente diz que pouco importa a quantidade, deve apenas reagir quimicamente e
produzir dano. Pode ser até medicamento... É a corrente dos peritos.
O que se discute portanto é apenas a QUANTIDADE ingerida.

O veneno pertence a qq natureza química: ácido, base... Pode ser também apresentado
em vários estados físicos. Pode ser inclusive de origem sintética.

Nome da ação: ENVENENAMENTO.


É diferente da ação química (vitriolagem).
Os demais médicos falam de intoxicação exógena.
Existe uma intoxicação no organismo.

Uns atuam no sistema nervoso, outros na musculatura, no sangue (coagulando ou


impedindo a coagulação)...

E como se dá o envenenamento? Estudando a FISIOPATOLOGIA (estudo de como


acontece uma certa doença, como ela funciona).

No envenenamento existem 5 fases:


1 - fase de absorção (ação interna). É feita pelas vias de absorção.
2 - fase de distribuição (transporte). Se o veneno é absorvido, pega no sangue, e é
carregado ao corpo inteiro.
3 - fase de fixação. Quando começa a ocorrer a reação química entre a substância e os
tecidos orgânicos. Se dá de acordo com a afinidade química. Certos venenos combinam
melhor com certos tecidos. Este é o segredo para a produção de medicamentos
específicos, procura-se a afinidade do veneno pelo órgão que se quer proteger. O álcool
tem grande afinidade com o tecido nervoso e hepático.
4 - fase de transformação. A natureza transforma o veneno em outra substância química,
menos nociva e de maior facilidade para expulsar do corpo. É o metabolismo da
substância. Depende do veneno. Chumbo não pode metabolizar por ex. O álcool é volátil,
não metaboliza, sai do corpo.
5 - fase de eliminação.

Vias de absorção:
- via mucosa. Tecido de revestimento das cavidades do corpo, em geral: oral (via direta,
extremamente rápida...atravessou já tá na corrente sangüínea - medicamentos
sublinguais), gástrica (não é boa via de absorção, o estômago tem mucosa forte), intestinal
(está é A VIA, porém é lenta, não muito eficiente..demora pra chegar nela...daí vai pro
fígado e vaisimbora), retal (é via intestinal, porém muito semelhante à oral - supositórios)...

- via inalatória.
Via profunda, rápida...ataca os pulmões.

- via cutânea.
A pele absorve o veneno. Caso dos agricultores que usam os agrotóxicos na lavoura,
tomando banho do veneno.

- via subcutânea.
Debaixo da derme, tecido adiposo. Os venenos lipossolúveis, dissolvem na gordura. Ex.:
veneno de cobra, que tem grandes presas pra jogar para o tecido abaixo da pele.

- via intramuscular.
Injeções no músculo.

- via endovenosa.
Complicada pra quem não tem treinamento

- via intra-arterial.
Usada por cirurgiões.

- via intratecal.
Anestesia peridural: cesariana. As tecas são as meninges. A injeção se dá no espaço
intratecal. Espaços intermeningeos.

- via placentária.
Via VIP. Só o feto tem acesso. A placenta tem um filtro natural, a barreira placentária,
porém é vulnerável a vários venenos.

Vias de eliminação:

- via urinária.
Os rins são filtros do sangue. É via importantíssima.

- via respiratória.
Venenos voláteis, expelidos pelos pulmões.

- via digestória.
CUIDADO aqui. Vítimas de envenenamento vomitam, porém não é o caso daqui. Vômito é
mecanismo de defesa ou SINAL de envenenamento. Não é eliminação, esta se dá através
das fezes, ou bílis. É ótima via para exames toxicológicos.

- via tegumentar.
Caso do suor, saliva, cabelos, pelos e unhas. Tegumentos são tecidos de revestimentos
do corpo...qq coisa eliminada por eles.

- via peritonial.
Membrana do abdômen. Tem 2 faces..e uma cavidade virtual em que se inserem-se
substâncias. FAz-se a lavagem peritonial.

Diagnóstico médico-legal:
- histórico do fato, local da morte, testemunhas...

- exame clínico.
Sinais e sintomas (no vivo).

- exame toxicológico.
Colhe vísceras e leva ao laboratório.

- Perinecroscopia e Necroscopia.
Exame do local e do corpo.

Causas jurídicas envenenamento:


- suicídio;
- homicídio (mulher ou homossexual passivo, aqueles que imitam a mulher). Na
antiguidade as mulheres mataram os maridos para que os filhos assumissem o trono;
- acidente de criança. Raro em adulto.

Mitridatismo x intolerância.
Mitridatismo é resistência natural ou adquirida a efeitos nocivos de certas
substâncias/venenos. Caso da resistência ao álcool.
Mitridas era um rei que tinha medo de ser envenenado, daí desde pequeno tomava
veneno para adquirir resistência.

Intolerância é REAÇÃO de intoxicação a substâncias químicas inócuas (não são


venenos), incluindo alimentos e medicamentos. É inverso do mitridatismo. O sujeito tem
reação exatamente igual a envenenamento com substâncias que poderiam inclusive ser
benéficas. Ex.: leite, glúten.. A intolerância é QUADRO DED INTOXICAÇÃO por
substância química, portanto.

ALERGIA é outra coisa!!! É do sistema imunológico, que não aceita certa substância.

AULA DIA 05/09/2013

ASFIXIA FORENSE:

Privação do oxigênio, total ou parcial, rápida ou lenta.


Para nós só interessam as de causa violenta.

GLOSSÁRIO:

Asfixia é SEM PULSO. Os gregos achavam que o ar circulava pelas artérias.


- Anóxia - ausência de O2 - anoxemia - privação de O2 no sangue!!
- dispnéia: dificuldade para respirar. Bradpnéia: respiração lenta. Taquipnéia: aceleração da
respiração. Apnéia: pausa da respiração.

Respiração tem 2 modalidades: a voluntária (a que estamos acostumados) e a autônoma


(controlada pelos centros nervosos centrais).

- alvéolo (cavidade) pulmonar: unidade respiratória dos pulmões. Pulmão parece uma
esponja. Hematose é o fenômeno da troca gasosa, O2 x CO2.
- hemácia ou eritrócito (erito:vermelho): são vermelhos por conta da hemoglobina, rica em
ferro. É a hemácia que liga as células ao O2, para a troca com o CO2. A ligação é instável
para poder fazer o transporte, se fosse estável , não se trocavam os gases.

- eupnéia: respiração normal, boa respiração (eu:boa): tem 3 elementos: vias respiratórias
permeáveis (vias livres para a penetração do ar - permeabilidade das vias), movimentos
respiratórios (movimentos de expansão e relaxamento respiratório - músculo principal é o
diafragma, além da musculatura intercostal) e ar respirável (concentração de 21% de O2).
Se um desses elementos falhar, haverá dispnéia e portanto a asfixia.
Há um 4 elemento, poorém que não deve ser incluído na eupneia, mas se falhar, torna a
respiração inócua: é a BOA PERFUSÃO SANGUÍNEA, o sangue precisa fluir
normalmente nas artérias e veias para uma boa respiração.

PROCESSO DA ASFIXIA:

Fisiopatologia das asfixias:

2 fases:
1 - irritação (2 períodos):
período da dispneia inspiratória:
a vítima, nesse período, tenta insuflar o ar para o interior dos pulmões, porém sente
dificuldade. Período rápido.

b) período da dispneia expiratória:


dificuldade para jogar o ar para fora dos pulmões. O asmática sofre é aqui, na hora de
expirar! Período longo, uns 3 min, termina quando a vítima perde a consciência, apresenta
convulsões (últimos movimentos respiratórios). Daí começa a fase do esgotamento.

2 - esgotamento (2 períodos):
período da apneia ou morte
aparente:
Dura aproximadamente 3 min. A vítima já aparenta sem movimento.

b) período da asfixia propriamente dita:


MORTE!

Fatores que podem alterar a fisiopatologia:


1 - espécie da asfixia:
indivíduo se afogando, e volta ao ar, pode retardar as fases.
Se o sujeito estiver no fundo, a pressão acelerará o processo.

2 - sexo da vítima. O aparelho respiratório masculino é mais volumoso, pela anatomia. O


homem em tese resiste mais.

3 - idade da vítima. Uma criança resiste menos do que um adulto jovem.

4 - fatores fisiológicos. A mulher grávida tem mais dificuldade pra respirar.

5 - fatores patológicos. Enfizematomo, cardiopata...

6 - fatores individuais. Obesidade, tabagismo, sedentarismo...

ASSUNTO CONTROVERSO: Sinais gerais da asfixia:


Não há sinais patognomônicos - há autores que consideram sim (único sinal que identifica
a doença) da asfixia. O prof acha que não. Podemos encontrar num edema agudo de
pulmão, por ex...
Há sinais característicos, que indicam, mas não dão certeza, eles aparecem em outros
estados-morte.

Sinal EXTERNO: exame clínico.


- cianose: coloração azul da pele e mucosas quando privadas de O2.
- protrusão da língua e olhos. Inverso de intrusão. Salto/projeção/saliência desses
órgãos.
- cogumelo de espuma: ATENÇÃO. A palavra cogumelo serve para dar o aspecto que a
espuma adquire. Ela se exterioriza de forma de uma copa, lembrando o cogumelo. A
espuma vem do aparelho respiratório que é rico em muco e ar(espuma = ar + muco). Mais
comum ver a espuma em vítima morta.
- equimoses (infiltração de sangue delicada nos tecidos) nos olhos e lábios;

Sinal INTERNO:
- sangue escuro. Sangue do cadáver é vermelho, vivo, alegre. O da vítima da asfixia tem
cor de vinho tinto. Sangue-negro.

- petéquias (equimoses pequenas, grão de ervilha, circulares, aparecem nos pulmões)


subpleurais e sub-epicárdicas(coração, espécie de uma pleura do coração) (manchas de
Tardieu - petéquias típicas que ficam disseminadas nos pulmões e coração. Se
encontram na maioria das asfixias. As de Paltauf são maiores, elípticas, não são
disseminadas, mas sim agrupadas, se encontram mais em afogamentos).
* Sugilação é o termo que define um aglomerado de petéquias.

- congestão polivisceral (exceto baço e vesícula seminal). Congestionamento de sangue


em órgãos, vísceras cheias de sangue. O baço é extremamente vascularizado, porém na
asfixia, o baço contrai para não reter as hemácias, pra reforçar a captação de O2. O
mesmo ocorre com a vesícula seminal - por isso, pessoas em asfixia tem perda de
sêmem. Pessoas morrem fazendo sexo!!!

- presença de corpos estranhos nas vias respiratórias e estômago (botões, moedas,


alimento, areia, plâncton). Água e areia nos casos de afogamento, plâncton...

ASFIXIAS EM ESPÉCIE:
- Puras:
Apenas anóxia. Decorrem da privação do O2, e nada mais.
por gases irrespiráveis: Por algum
motivo houve redução de O2 no ar.
Pode ocorrer por confinamento (ocorre ACIDENTES, crime não é mt comum), por
monóxido de carbono (o excesso reage com hemoglobina de forma mais estável - ocorre
nos suicídios, sensação de euforia, bem-estar...pode haver acidentes) ou por outros vícios
ambientais (galerias sanitárias, pântanos, gases que não prestam à respiração, gás de
cozinha também...). A vítima consome ar de lugar fechado onde não há renovação.

b) mecânicas: algo que impede a respiração. Ocorre por sufocação DIRETA (obstrução
de um ponto do sistema respiratório, se compromete a permeabilidade, geralmente
aspiração de corpo estranho, pode ser homicida também quando o agente fecha nariz e
boca), ou INDIRETA (os movimentos respiratórios estão em dificuldade, geralmente
comprimidos - multidão em pânico, desabamento de barreira. A crucificação é meio de
sufocação indireta, o diafragma cansa e deixa de funcionar).

c) físicas: o meio ambiente deixa de ser gasoso e passa a ser líquido ou sólido. Altera-se
o estado físico do ambiente. Pode ocorrer por afogamento ou soterramento. CUIDADO
com o afogamento: pode ocorrer por qq líquido, desde que preenchar o espaço aéreo da
respiração. Pode ser sangue, bíles... OUTRA COISA: não precisa estar submerso, basta
que o líquido entre. No afogamento há sinais característicos:
- pele anserina: pele arrepiada;
- embebição aquosa: água nas polpas dos dedos.
- sangue claro (diferente do escuro). Bebem muita água, sangue diluído. A hipóstase
rósea = cadáver arroxeado.
- destruição de pálpebras e lábios por animais aquáticos.
- pulmões armados, sem brilho - manchas de Paltauf. Pulmão fica maior, alterado.
- corpos estranhos nos aparelhos respiratórios.

No caso do soterramento, o sólido é em pequenas partículas, substâncias pulverulentas


(pós). Soterramento tem mais de um sentido. Em asfixia-medicina-legal é espécie
determinada de asfixia. Lembrar que que sufocação é diferente que asfixia, devemos usar
nos sentidos direto e indireto que vimos acima. Suicídio raro.

- Complexas:
Além da privação do O2, tem perturbações circulatórias e neurológicas. Ocorre
normalmente quando se aperta o pescoço de alguém. Aperto do pescoço, CONSTRIÇÃO
do pescoço por um laço, em geral. O laço pode ser de qq material, pode ter nó, como
não...

Diferenças são simples, porém a repercussão jurídica é distinta!


por enforcamento mecânico.
Constrição passiva do pescoço. A gravidade age junto à massa da vítima, é o peso da
vítima que aperta o laço. Suicídio tem vários casos.
A autoridade policial, encontrando uma depressão/sulco no terço mais superior do
pescoço, deve pensar primeiro em enforcamento.
A opinião pública não imagina alguém morrer enforcado em contato com o solo.

Suspensão típica (completa): não há contato com o solo.


Suspensão atípica (incompleta): há algum contato com o solo. Ao apertar o pescoço, o
sistema parassimpático é ativado e relaxa, e aí quanto mais o relaxamento, mais a asfixia
e vem a morte. ESTA É A MAIS FREQUENTE!!! Por incrível que pareça. É mais fácil uma
pessoa se pendurar num lugar mais baixo, ao invés de armar uma carapuça do inferno.
Pode haver simulação também...
b) por estrangulamento mecânico.
O que aperta o laço é uma força qualquer, que não seja a gravidade. Força de animal, de
alguém, de uma máquina... É constrição ativa do pescoço. O sulco é contínuo, de
profundidade regular, diferente do por enforcamento, que tem uma extremidade mais
aparente que a outra.
Alguns autores chamam de SULCO HORIZONTALIZADO, tem como referência a posição
anatômica... transversal ao eixo vertical do corpo.

Sinais INTERNOS (para os dois):


- infiltração profusa de sangue no pescoço. SUFUSÃO HEMORRÁGICA.
- fraturas da laringe (cartilagem). Fratura do osso da língua (HIÓIDE)..
- fraturas das vértebras cervicais, podendo haver lesão da medula espinhal (raqui-
medular).

CAUSAS JURÍDICAS:
Por enforcamento: suicídio, pode ser acidente...Crime é raro, pois tem que ser um lugar
alto, que retire o contato com o solo.
Por estrangulamento: crime, mas pode haver acidente também... Suicídio é raro.

- Mista:
Tem os fatores das complexas, porém estes 3 fatores não agem ao mesmo tempo na
vítima, mas sim vão se misturando. Num momento é a privação de O2, no outro é a
perfusão sanguínea que não tá bem, depois é uma perturbação neurológica...
Por ESGANADURA. Não é ESGANAMENTO!!!

- constrição do pescoço pelas mãos diretamente. NÃO HÁ LAÇO!


- causa exclusiva é CRIMINOSA.
- presença de estigmas no pescoço (impressões ungueais (feito pelas unhas), equimoses
e hematomas ovalares/ovais/elípticos - marca dos dedos)

E se apertar com o braço, mata-leão??? É ESTRANGULAMENTO.

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