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APOSTILA

MEDICINA LEGAL

Prof. Eduardo de Menezes Gomes

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MEDICINA LEGAL


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HISTÓRICO:

ORIGEM:

PERÍODO ANTIGO – Referências esparsas e isoladas, despidas de caráter


científico. A lei era aplicada aos homens pelos sacerdotes, misto de religiosos,
médicos e juizes.
Os cadáveres eram considerados sagrados – proibição da necrópsia.

 Código de Hamurabi - da Babilônia, séc VIII a. C.

Contém dispositivos concernentes à relação jurídica médico-paciente,


estabelecendo por ex. “Se um médico tratou um ferimento grave de um escravo de
um homem pobre, com uma lanceta de bronze, e causou a morte do escravo, deve
pagar escravo por escravo”. As penas referentes a tratamentos mal sucedidos
variavam desde multas até à amputação das mãos do médico, na dependência da
importância social do paciente.

 Código de Manu - Índia do período budista

Proibição de serem ouvidos como testemunhas às crianças, os velhos, os


débeis mentais, loucos e os embriagados. No mundo ocidental essa interdição surge
com a Lei das XII Tábuas, em 449 a.C.
Outros: duração máxima da gravidez seria de 10 meses; adiamento do julgamento
por motivo de doença do juiz ou de uma das partes.

 Antiga Pérsia

Classificação das lesões corporais por ordem de gravidade (ressurge no século


V - d.c.).

Legislação grega, egípcia

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PERÍODO ROMANO
Direito Romano
Primeira citação de um exame médico em uma vítima de homicídio – morte
de Júlio César em 44 a.C. O médico não estava na qualidade de perito e sim como
cidadão do Império Romano.
 Exame externo dos cadáveres realizado por médicos.
 Com a reforma emancipação da Medicina e do Direito
 Médicos são testemunhas especiais em juízo, embora este não tinha a obrigação
de ouvi-los (Justiniano). A obrigatoriedade surge na legislação bárbara
germânica.
 Lei Aquilia – letalidade dos ferimentos.

PERÍODO MÉDIO OU DA IDADE MÉDIA


 Maior contribuição do médico ao Direito
 Lei sálica, germânica e capitulares de Carlos Magno: detalhes de anatomia sobre
os ferimentos e reparação devida das vítimas conforme a sede e a gravidade das
mesmas.
 Carlos Magno – julgamentos devem apoiar-se nos pareceres médicos.
Após sobreveio o vandalismo que substituiu a Medicina Legal pela provas
inquisitórias em que a penalidade depende do dano causado, e às provas invoca-se
ao juízo de Deus.

PERÍODO CANÔNICO (1200 A 1600)


 Ë influenciado beneficamente pelo Cristianismo.
 Foi restabelecida a perícia médico-legal.
 A sexologia é tratada exaustivamente.
 A perícia médica é obrigatória “tem fé pública o médico nos assuntos médicos”.

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 Promulgação do Código Criminal Carolino (Carlos V) – Médico Perito: impõe
obrigatoriamente à perícia médica antes da decisão dos juizes nos casos de
ferimentos, assassinatos, prenhez, aborto, parto clandestino.
É o primeiro documento organizado de medicina judiciária, determinando o
pronunciamento de médicos antes das decisões judiciais - Parecer Médico. Abordava
temas médicos legais como sexologia, traumatologia e psiquiatria forense. Permitia
a realização de necrópsias em casos de morte violenta.
 1521 – necropsiado o cadáver do Papa Leão X, por suspeita de envenenamento.
 1575– Escola Francesa – Ambroise Paré – 1º livro de Medicina Legal no mundo
ocidental – Pai da Medicina Forense

PERÍODO MODERNO OU CIENTÍFICO


 Itália – 1602 - publicação do livro de Fortunato Fidelis.
1621 – Questones Medico-Legales de Paulus Zacchias – considerado por
muitos o verdadeiro fundador da Medicina Legal. Sua obra supera em qualidade as
obras da época.
 Sec XIX pode-se dizer que ocorreu a maturidade da Medicina Legal, contando
com ilustres nomes, de diversos países.

A MEDICINA LEGAL NO BRASIL


Primeiros documentos médico-legais surgiram ao findar do período colonial.
Nesta época houve maior influência dos autores franceses, seguido dos italianos e
alemães.
Para Oscar Freire a evolução da Medicina Legal no Brasil, compreende três fases:

 Estrangeira - desde o fim do período colonial até Souza Lima assumir a cátedra
de Medicina Legal da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
1832 - As escolas médico-cirurgicas do rio de janeiro e Bahia são transformadas em
faculdades oficiais, contendo a cadeira de Medicina Legal.

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 De transição - com Souza Lima – o ensino da Medicina Legal assume caráter
prático

 De Nacionalização - com a posse de Nina Rodrigues, em 1895, como catedrático


de Medicina Legal da faculdade de Medicina da Bahia.

Teve como discípulos Afrânio Peixoto (exerceu no Rio de Janeiro) e Oscar Freire
(organizou a Medicina Legal em São Paulo na Faculdade de Medicina de São Paulo).
A ele se atribui a criação da autentica escola brasileira da especialidade.

 Escola Baiana de Medicina Legal – Nina Rodrigues, Estácio de Lima.

 Rio de Janeiro – Afrânio Peixoto, Arthur Ramos.

 São Paulo – Oscar Freire, Flamínio Fávero.

Serviços Médicos Legais

Exames de Corpo de Delito

Prática Médico Jurídica aliada a Polícia Científica

1924 – R.J. – o SML passa a constituir o Instituto Médico Legal.

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A MEDICINA LEGAL COMO ESPECIALIDADE
Existem três modalidades de exercício da medicina:
a) Medicina curativa.
b) Medicina preventiva.
C) Medicina legal.

A medicina curativa estuda as doenças e estabelece as condutas terapêuticas


adequadas. É onde se enquadram as especialidades médicas: cirurgia, clínica geral,
anestesia, pediatria, etc.
A medicina preventiva visa a proteção à saúde dos indivíduos, em
agrupamentos, numa comunidade.
A MEDICINA LEGAL é uma modalidade de exercício da medicina que, a
partir de conhecimentos médicos, através de meios próprios de ação, fornece
esclarecimentos sobre assuntos de ordem médica aos legisladores e magistrados
orientando-os na elaboração e aplicação das leis civis e penais no meio coletivo.
Preocupa-se com o indivíduo desde a sua forma de ovo até após sua morte,
adquirindo o aspecto de ciência social.
É a área da Medicina que tem por finalidade precípua, aplicar os
conhecimentos médicos visando prestar esclarecimentos técnicos e científicos à
Justiça.
Conceitos:
A arte de fazer relatórios em Juízo. – Ambroise Pare
A arte de por os conceitos médicos a serviço da administração da Justiça. –
Lacassagne
É o conjunto de conhecimentos médicos e biológicos necessários para a resolução
dos problemas que apresenta o Direito, tanto em sua aplicação prática das leis como
em seu aperfeiçoamento e evolução. - Calabuig
É a parte da jurisprudência médica que tem por objeto o estabelecimento das regras
que dirigem a conduta do médico, como perito, e na forma que lhe cumpre dar às
suas declarações verbais ou escritas. - Souza Lima
O conjunto de conhecimentos médicos e paramédicos destinados a servir ao Direito,
cooperando na elaboração, auxiliando na interpretação e colaborando na execução
dos dispositivos legais, no seu campo de ação de medicina aplicada. – Hélio Gomes
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A aplicação dos conhecimentos médicos e biológicos na elaboração e execução das
leis que deles carecem. - Flamínio Fávero
Aplicação dos conhecimentos médicos ao serviço da justiça e à elaboração das leis
corretivas. Tanner de Abreu

Perícias– Procedimentos de investigação científica, solicitada por Autoridade


Policial ou Judiciária, que visa prestar esclarecimentos à Justiça.

Peritos– Todo técnico, que por seu conhecimento e aptidão à determinada área
do conhecimento, analisa e interpreta fatos com o objetivo de esclarecer à Justiça.

Campo de atuação:

Área Penal, Civil, Trabalhista/Previdenciária e âmbito administrativo.

Perícias em vivos – lesão corporal, estimativa da idade, conjunção carnal, atos


libidinosos, violências sexuais em geral, gravidez, parto, infortúnios do trabalho,
dosagem alcoólica, exames toxicológicos.

Perícias em cadáveres – identificação, realidade da morte, cronologia da morte,


causa da morte, exames toxicológicos das vísceras e outros complementares,
necropsia em mortes violentas e suspeitas.

Perícias no esqueleto – identificação antropológica, diagnóstico da espécie, sexo,


estatura, idade, achados de violência.

Perícias em local e objetos – arma de fogo, impressões digitais, vestes, manchas,


etc.

PERÍCIAS E PERITOS

PROVA:

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São os meios pelos quais a inteligência busca a conquista da verdade (Vicente
de Azevedo).

A procura da verdade requer o emprego de meios competentes e idôneos para


demonstrar (provar) legalmente a existência de um ato jurídico (Arbenz).

Para Flamínio Fávero as provas podem ser objetivas e subjetivas:

Subjetivas: confissão, prova literal, prova testemunhal, presunções.

Objetivas: também conhecidas como indiciais, técnicas ou circunstanciais,


compreendem as provas indiciais (indícios manifestos, próximos e afastados) e as
provas técnicas.

As provas técnicas são as que melhores subsídios oferecem na busca da


verdade e são obtidas por meio da realização das perícias.

PERÍCIA

É toda operação ordenada por autoridade judiciária ou policial, que se destina


a ministrar esclarecimentos técnicos à Justiça.

O juiz, tendo de julgar causas, as mais diversas e complexas, precisaria possuir


conhecimentos que abrangessem praticamente todas as províncias do saber humano.
Como não é sábio, nem onisciente, precisa recorrer aos especialistas (Vicente de
Azevedo).

Dessa forma, todas as áreas de conhecimento humano têm condições de


oferecer subsídios para tal fim (medicina, biologia, toxicologia, engenharia, física,
química, bioquímica,...)

As perícias podem ser realizadas no vivo, no cadáver, no esqueleto, no local,


em objetos.
Perícias em vivos – lesão corporal, estimativa da idade, conjunção carnal, atos
libidinosos, violências sexuais em geral, gravidez, parto, infortúnios do trabalho,
dosagem alcoólica, exames toxicológicos.

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Perícias em cadáveres – identificação, realidade da morte, cronologia da morte,
causa da morte, exames toxicológicos das vísceras e outros complementares,
necropsia em mortes violentas e suspeitas.

Perícias no esqueleto – identificação antropológica, diagnóstico da espécie, sexo,


estatura, idade, achados de violência.

Perícias em local e objetos – armas de fogo, impressões digitais, vestes, manchas,


etc.

CREDIBILIDADE DA PERÍCIA
O juiz aceitará a perícia por inteiro ou em parte, ou não a aceitará em todo,
podendo nomear outros peritos para a realização de novo exame. Art 182 do CPP e
art 436 do CPC.

PERÍCIA CONTRADITÓRIA
Quando os peritos chegam a conclusões diferentes sobre o mesmo assunto.
Quando isso ocorre 02 soluções são apresentadas, tanto em matéria civil como penal.

FALSA PERÍCIA

Consiste em declarações falsas ou na ocultação da verdade, constituindo crime


contra a administração da Justiça (art 342 CPB).

PERITOS
São os especialistas, técnicos especializados, dotados de profundos
conhecimentos técnicos e práticos do ramo a que se dedicam. São profissionais
legalmente habilitados nas mais diversas áreas do conhecimento humano (medicina,
odontologia, engenharia, física, bioquímica).

São os peritos que têm por missão realizar exames, cujos resultados são de
interesse num processo. O perito não defende nem acusa. Sua função limita-se a

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verificar o fato, indicando a causa que o motivou. Deve proceder a todas indagações
que julgar necessárias, devendo consignar, com imparcialidade todas as
circunstâncias, sejam favoráveis ou não ao acusado.

A execução de uma perícia requer tranqüilidade e ambiente livre de


interferências de pessoas não incumbidas na tarefa.

Peritos Oficiais - são peritos concursados. São funcionários públicos, cuja


atribuição é a prática pericial. Realizam as perícias em “função do ofício”.

Peritos Nomeados - são peritos nomeados pelo juiz, também denominados de


peritos louvados. Estes prestam o compromisso de bem e fielmente desempenhar o
cargo.

Assistentes Técnicos – às partes é facultado o direito do assistente técnico. Deve


acompanhar a perícia, formular quesitos, orientar o advogado da parte. Também
prestam compromisso. Sua figura está presente nas lides de âmbito civil e também
no âmbito penal a partir da fase processual. (vide alterações na legislação).

ÓDIGO DE PROCESSO PENAL

TÍTULO VII

DA PROVA

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 155. No juízo penal, somente quanto ao estado das pessoas, serão
observadas as restrições à prova estabelecidas na lei civil. (Vide Lei nº 11.690, de
2008)

“Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente
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nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.

Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as


restrições estabelecidas na lei civil.” (NR)

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer; mas o juiz poderá,
no curso da instrução ou antes de proferir sentença, determinar, de ofício,
diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. (Vide Lei nº 11.690, de
2008)

“Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado
ao juiz de ofício:

I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de


provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e
proporcionalidade da medida;

II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização


de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.” (NR)

Art. 157. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova. (Vide
Lei nº 11.690, de 2008)

“Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas


ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou
legais.

§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.

§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites


típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de
conduzir ao fato objeto da prova.

§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta


será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.

§ 4o (VETADO)

CAPÍTULO II

DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL

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Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Art. 159. Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão em regra


feitos por peritos oficiais.
§ 1º Não havendo peritos oficiais, o exame será feito por duas pessoas
idôneas, escolhidas de preferência as que tiverem habilitação técnica.

Art. 159. Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitos por
dois peritos oficiais. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei nº
11.690, de 2008)

§ 1o Não havendo peritos oficiais, o exame será realizado por duas pessoas
idôneas, portadoras de diploma de curso superior, escolhidas, de preferência, entre
as que tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do exame. (Redação dada
pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente


desempenhar o encargo.

“Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito
oficial, portador de diploma de curso superior.

§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas


idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área
específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do
exame.

§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente


desempenhar o encargo.

§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao


ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de
assistente técnico.

§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a


conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes
intimadas desta decisão.

§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:

I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a


quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem
esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias,
podendo apresentar as respostas em laudo complementar;

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II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser
fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.

§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à


perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua
guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for
impossível a sua conservação.

§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de


conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito
oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.” (NR)

Art. 160. Os peritos descreverão minuciosamente o que examinarem e


responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. Se os peritos não puderem formar logo juizo seguro ou fazer
relatório completo de exame, ser-lhes-á concedido prazo até cinco dias. Em casos
especiais, esse prazo poderá ser prorrogado, razoavelmente, a requerimento dos
peritos.

Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão


minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
(Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias,


podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos
peritos. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a
qualquer hora.

Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se
os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes
daquele prazo, o que declararão no auto.

Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame


externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as
lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de
exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante.

Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade


providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a
diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.

Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará


o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de
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quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a
inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do
auto.

Art. 164. Os cadáveres serão, sempre que possivel, fotografados na posição


em que forem encontrados.

Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem


encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios
deixados no local do crime. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos,


quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou
desenhos, devidamente rubricados.

Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-


se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição
congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento
e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.

Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os


objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver.

Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido
incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade
policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do
ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.

§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de


delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.

§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, §


1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias,
contado da data do crime.

§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova


testemunhal.

Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a
infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado
das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com
fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.

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Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a
infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado
das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com
fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. (Vide Lei nº 5.970, de 1973)

Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das


coisas e discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica
dos fatos. (Incluído pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente


para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão
ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.

Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo


a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os
vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época
presumem ter sido o fato praticado.

Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas,


deterioradas ou que constituam produto do crime.

Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à


avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de
diligências.

Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que


houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o
patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que
interessarem à elucidação do fato.

Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de


letra, observar-se-á o seguinte:

I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para


o ato, se for encontrada;

II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita


pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu
punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida;

III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os


documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes
realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados;

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IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os
exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se
estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita
por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a
escrever.

Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática


da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiência.

Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da


diligência.

Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo
deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa
nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.

Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na


precatória.

Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade ao
diretor da repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos.

Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto respectivo,


que será assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade.

Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que poderá
ser datilografado, será subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos.

Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto


do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá
separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de
ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.

Art. 181. No caso de inobservância de formalidade ou no caso de omissões,


obscuridades ou contradições, a autoridade policial ou judiciária mandará suprir a
formalidade ou completar ou esclarecer o laudo.

Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões,


obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a
formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. (Redação dada pela Lei nº
8.862, de 28.3.1994)

Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo


exame, por outros peritos, se julgar conveniente.

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Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo,
no todo ou em parte.

Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o
disposto no art. 19.

Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade


policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao
esclarecimento da verdade.

DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS

Documento é uma declaração escrita para servir de prova.


Documento médico-legal é uma declaração escrita, de interesse jurídico,
firmada por médico, sobre matéria médica.

 RELATÓRIOS

 AUTOS

LAUDOS

 PARECERES

 ATESTADOS

RELATÓRIOS

“É a narração escrita e minuciosa de todas as operações de uma


perícia, determinada por autoridade policial ou judiciária, a um ou mais
profissionais anteriormente nomeados e compromissados na forma da lei”
(FLAMÍNIO FÁVERO).
“É a descrição ou narração escrita, minuciosa, clara e fiel de um fato
médico, todas as suas circunstâncias e conseqüências” (SOUZA LIMA).

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Perícia - “É toda sindicância promovida por autoridade policial ou judiciária,
acompanhada de exame, em que, pela natureza do exame, os peritos são ou
devem ser médicos” (SOUZA LIMA).
É uma peça ou documento sempre de caráter oficial.
Perícia Médico-Legal: conjunto de procedimentos médicos e técnicos que tem como
finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da Justiça.

Perito: pessoa qualificada e experiente em certo assunto, a quem incumbe a tarefa


de esclarecer um fato de interesse da Justiça, quando solicitado.

Perito Oficial: profissional que realiza a perícia, em função de ofício.


Funcionário de repartição oficial, cuja atribuição é a pratica pericial.
Exemplo: médico legista, perito do INSS.
Perito Louvado ou Nomeado: indicado pelo Juiz entre os profissionais de sua
confiança pessoal (trata-se de exceção em processo penal).
Assistentes Técnicos: profissional indicado pelas partes para acompanhar os
exames do Perito do Juiz (atualmente é admitido em Processo Penal – fase
processual).

Limites de Atuação do Perito:


CPP, art. 182. O Juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-
lo no todo ou em parte.
CPC, art. 436. O Juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua
convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos.
CPC, art. 437. O Juiz poderá determinar de ofício ou a requerimento da parte,
a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente
esclarecida.

Tipos de Documentos:

1 - AUTO:
É o relatório ditado ao escrivão logo após o exame feito (perícia)
pelos legistas.

2 - LAUDO:
É redigido pelos peritos, após a realização do exame pericial, que
fazem uma descrição minuciosa, concluem e respondem aos quesitos.

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Traduz o resultado de uma perícia.

Partes de um Laudo: SEQÜÊNCIA


1 - PREÂMBULO
É a apresentação do perito, do examinando, da autoridade requisitante –
Deve conter:
Qualificação da autoridade que determinou a perícia;
Qualificação do perito;
Finalidade do exame;
Qualificação do examinado

2 - QUESITOS
São perguntas formuladas pela autoridade requerente (foro criminal) e
pelas partes (foro cível)
No foro criminal os quesitos, em geral, são oficiais, havendo quesitos
próprios para os diversos tipos de perícias. Podem ser solicitados quesitos
acessórios ou suplementares.

3 - HISTÓRICO
É a apresentação breve dos fatos geradores da perícia.
Deve conter:
Data, hora e local da realização do exame;
Natureza do evento: agressão, acidente,...;
Local e tipo de atendimento médico, tempo de internação

4 - DESCRIÇÃO
É o “Visum et Repertum”, a exposição precisa, fiel e minuciosa dos
elementos colhidos no decorrer do exame, tal qual se apresentam, livre de
qualquer suposição ou conclusão. Pode conter resultados de exames
laboratoriais, descrição de radiografias,...

19
Não se deve omitir ou acrescentar nenhum dado.
EXAMES LABORATORIAIS,
RADIOGRÁFICOS, RESSONANCIAS, TOMOGRAFIAS.
FOTOGRÁFICOS,
MODELOS E PEÇAS PROTÉTICAS (Odontologia).
Não deve ensejar jamais diferenças com outros examinadores. Os fatos
descritos de forma objetiva são a base sobre a qual se assentarão as partes
restantes do relatório médico legal.
É a parte mais importante do relatório médico legal.

5 - DISCUSSÃO
É a interpretação dos fatos descritos, fazendo diagnósticos,
prognósticos, quando possível.
Podem ser acrescentados pareceres de outros profissionais e
fundamentações doutrinárias.
Visa à resposta aos quesitos (necessidade de se vincular a abordagem às
perguntas formuladas).

6 - CONCLUSÃO
Compreende a síntese do laudo e seus anexos, visando justificar a
resposta aos quesitos. Usualmente agrupada à Discussão.

7 - RESPOSTA AOS QUESITOS


Respostas objetivas: Sim, Não, Prejudicada (quando não há subsídios
para a resposta, ou quando não é competência do PerIto), sem elementos,
aguarda evolução, necessita de exame complementar.

8 - DATA E ASSINATURA DO PERITO

20
PRAZOS LEGAIS
Foro cível: - o juiz fixará o prazo para a entrega do laudo.
Para os assistentes o prazo é de até 10 dias após a apresentação
do laudo.

Foro criminal - - 10 dias após a realização do exame pericial.

Foro trabalhista - - o juiz fixará o prazo para a entrega do laudo.

PARECER
FÁVERO - “é um documento particular pedido a quem tenha competência
especial no assunto, que independe de qualquer compromisso legal e que é
aceito ou faz fé pelo renome de quem o subscreve”.
É a resposta a uma consulta formulada à pessoa, comissões de
profissionais ou uma sociedade científica sobre fatos referentes à questão a ser
esclarecida.

PARTES DE UM PARECER Não tem fórmula especial para a sua


redação, mas em geral contém:

PREÂMBULO - apresentação do consultado e consultante.


EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS - objeto da consulta e quesitos.
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES - o consultado faz uma análise escrupulosa
e minudente de todos os fatos apresentados e consigna o seu ponto de vista, o
seu parecer a respeito do assunto.
RESPOSTA AOS QUESITOS / DATA E ASSINATURA
Para FÁVERO em geral não há exames a serem feitos.

ATESTADOS

“É a afirmação simples e por escrito de um fato médico e de suas


conseqüências” (SOUZA LIMA).

21
É um documento particular em que se firma a veracidade de um fato e
suas conseqüências.
Para cumprir os objetivos legais, o Atestador deverá obedecer as
condições:
1. ter praticado o ato (exame, consulta, intervenção cirúrgica, biópsia,
radiografia, etc.);
2. estar legalmente habilitado para o seu exercício profissional;
3. não estar suspenso por decisão judicial, do exercício profissional por força
de penalidade;
4. não estar sujeito à interdição temporária de direitos;
5. não estar suspenso do exercício profissional por força de penalidade imposta
pelo respectivo Conselho Profissional.

Tipos de Atestados Médicos

Atestados clínicos
Tem múltiplas finalidades, entre as quais certificar condições de
sanidade ou enfermidade, consequências de intervenções cirúrgicas,
impossibilidade de comparecimento ao trabalho por determinado número de
dias.
São sempre fornecidos a pedido do interessado, com exceção dos de
sanidade (interesse para admissão trabalhista).

Atestados para internação compulsória


Há doenças cuja notificação por parte dos médicos para as autoridades
sanitárias é obrigatória, sob pena de infringir o CPB (art. 269) caso não
realizada a notificação. Sua finalidade é fornecer elementos para as estatísticas
demógrafo-sanitárias e permitir o emprego de outras medidas profiláticas,
entre as quais o isolamento domiciliar, ou internação hospitalar compulsória.

22
Incluem-se as doenças profissionais e aquelas produzidas em virtude de
condições especiais de trabalho (art. 169 da CLT).

Atestados para fins previdenciários


São as comunicações dos infortúnios para a obtenção de benefícios
previdenciários
Atestados judiciários
Nesta denominação, estão incluídos os atestados requisitados por juiz,
como ex. os que os jurados justificam suas faltas às sessões do Tribunal do Júri
(Hélio Gomes).
Atestados de óbito
Têm a finalidade de firmar a realidade do óbito, fornecer elementos para
a estatística demográfico-sanitária e esclarecer a causa jurídica da morte.
Conforme o art 77 da lei 6.015 de 31/12/73 nenhum sepultamento será
feito sem certidão oficial, extraída após a lavratura do assento de óbito em vista
do atestado médico.
No caso de cremação, o atestado de óbito deve ser assinado por dois
médicos ou por um médico legista.
Atestado de Óbito
Art. 177 da Lei dos Registros Públicos exige apresentação da Declaração de
Óbito para o assentamento de óbito no Cartório de Registro Civil.
O atestado médico constitui as informações médicas da causa da morte a
serem registradas, no campo IV da Declaração de Óbito.

Juridicamente a morte pode ser violenta ou natural.


Médico Assistente: CEM, art. 115: É vedado ao médico: deixar de atestar
óbito ao paciente ao qual vinha prestando assistência, exceto quando houver indícios
de morte violenta.
Médico Assistente pode atestar óbito como substituto, desde que saiba a causa
da morte (por exemplo, paciente hospitalizado).

SVO: morte natural sem causa determinada ou sem assistência médica.


Em locais onde não há SVO, cabe ao médico da Secretária de Saúde (Centro
de Saúde) firmar no atestado a morte sem assistência médica.

IML: mortes violentas (agentes exógenos), mortes suspeitas, cadáveres


desconhecidos, presos sob a responsabilidade do Estado.
Mortes por patologias decorrentes no transcurso do tratamento de traumas
(doença metatraumática).

23
QUEM PODE ATESTAR?
 Médicos
 Cirurgiões-dentistas – DENTRO DO SEU CAMPO DE COMPETÊNCIA

ATESTADO FALSO
Quando o fato atestado não corresponde à veracidade dos fatos.
atestado médico falso - artigo 302 do C.P.B.
atestado odontológico falso - artigo 299 do C.P.B. - Falsidade Ideológica.

IDENTIFICAÇÃO

IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO

Identidade: conjunto de caracteres que individualiza uma pessoa ou uma coisa,


fazendo-a distinta das demais.
Arbenz diferenciava:
Semelhança: é uma relação de qualidade
Igualdade: é uma relação de quantidade
Identidade: é a essência de uma coisa ser ela mesma

Identificação: processo pelo qual se determina a identidade de uma pessoa ou uma


coisa, ou conjunto de diligências cuja finalidade é levantar uma identidade.

Processo de Identificação:
Primeiro registro
Segundo registro e comparação

Reconhecimento = Método não científico, mas aceito legalmente.

Métodos de identificação:
Fotografia
24
Tatuagens
Retrato falado
Estigmas
Antropometria
Associação de métodos
Arcada dentária
Dactiloscopia

IDENTIFICAÇÃO JUDICIÁRIA / POLICIAL

Papiloscopia
É a ciência que trata da identificação humana através das papilas dérmicas
existentes na palma das mãos e na sola dos pés, mais conhecida pelo estudo das
Impressões Digitais.
Papiloscopista
É o nome dado ao profissional da Papiloscopia. Especialista em identificação,
desde a coleta dos vestígios papilares até o arquivamento.
As papilas dérmicas são formadas por cristas papilares e sulcos
interpapilares e se formam por volta do 6º mês de vida intra uterina, permanecendo
imutáveis por toda a vida, até a putrefação.
As cristas papilares estão separadas umas das outras pelos sulcos
interpapilares, numa distância de dois a sete décimos de milímetro.

A Papiloscopia é dividida em quatro partes:


Quiroscopia: processo de identificação por meio das impressões palmares;
Podoscopia: processo de identificação por meio das impressões plantares;
Poroscopia: processo de identificação por meio dos poros das papilas dérmicas; e
Datiloscopia: processo de identificação humana por meio das impressões digitais.
Qualidades:
a) Unicidade: - Caracteres que diferenciam dos demais indivíduos
b) Imutabilidade:- Permanência livre de ação de fatores endógenos ou
exógenos.
c) Perenidade:- Resistência ao tempo.
d) Praticabilidade:- Facilidade na obtenção e no registro.
e) Classificabilidade:- Facilidade em classificar e localizar o registro.

Dactiloscopia:- Juan Vucetich


Desenho digital das cristas papilares
Delta:- (ângulo ou triângulo formado pelo encontro dos três sistemas de linhas:
nuclear, basilar e marginal).
Tipos ou figuras fundamentais:-
Verticilo:- presença de dois deltas e sistema nuclear central (35%)
Presilha externa:- um delta à esquerda do observador (30%)
Presilha interna:- um delta à direita do observador (30%)
25
Arco:- ausência de delta ou ausência do sistema nuclear (5%)

Tipos fundamentais

O sistema de classificação idealizado por Juan Vucetich consiste em quatro tipos


fundamentais a saber:

Arco: é o datilograma, geralmente adéltico, formado por linhas que atravessam o


campo digital, apresentando em sua trajetória formas mais ou menos paralelas e
abauladas ou alterações características. É representado pela letra A para os
polegares e número 1 para os demais dedos.

Presilha interna: é o datilograma com um delta à direita do observador,


apresentando linhas que, partindo da esquerda, curvam-se e voltam ou tendem a
voltar ao lado de origem, formando laçadas. É representado pela letra I para os
polegares e o número 2 para os demais dedos.

26
Presilha externa: é o datilograma com um delta à esquerda do observador,
apresentando linhas que, partido da direita, curvam-se e voltam ou tendem a voltar
ao lado de origem, formando laçadas. É representado pela letra E para os polegares
e o número 3 para os demais dedos.

Verticilo: é o datilograma com um delta à direita e outro à esquerda do observador,


tendo pelo menos uma linha livre e curva à frente de cada delta. É representado pela
letra V para os polegares e o número 4 para os demais dedos.

Subtipos:

Verticilo: circular, ovoidal, espiral e sinuoso X Ganchoso.

Presilhas: longitudinais, transversais e verticiladas.

Arco:- simples e angular

Anomalias congênitas: são classificadas como 7º tipo sendo divididas em:

1º Polidactilia: caracteriza-se pela incidência de mais de 5 dedos na mão.

2º Ectrodactilia: caracteriza-se pela falta congênita de um ou mais dedos na mão.

3º Sindactilia: caracteriza-se pela união de dois ou mais dedos na mão.

Cicatriz: símbolo X, classifica-se como 8º tipo quando não for possível determinar
o tipo fundamental da impressão devido a deformidade causada.

Amputação: símbolo 0, classifica-se como zero ou 10º tipo na classificação,


caracterizada pela falta da falange distal, salvo nos casos de anomalias congênitas.

27
Fórmula Dactiloscópica
Formula Dactiloscópica = Mão direita - Série
Polegar Demais Mão esquerda- Seção
dedos
Polegar Demais Dedos
Verticilo V 4 Direita Fundamental Divisão
Presilha E 3 Esquerda Subclassificação Subdivisão
Externa
Exemplo: A 2443
Presilha I 2 I 2221
Interna
Arco A 1
Amputação 0 0
Inqualificável X X

Pontos Característicos do Sistema de Vucetich


Estipulou-se em número de 9 (nove) os pontos característicos que são
"acidentes" presentes entre as cristas papilares e utilizados para identificar as
impressões papilares através de suas coincidências. Podem ser encontrados até
150 em uma única impressão digital completa, sendo identificados com a seguinte
nomenclatura e forma:

1- Ponto - Como o próprio nome sugere, é como um ponto final de uma frase
escrita que se encontra entre duas linhas.

2- Ilha ou Ilhota - É pouco maior que um ponto e se caracteriza por ser o menor
pedaço de linha da impressão digital, medindo aproximadamente de dois à quatro
pontos de comprimento.

3- Cortada - É um pedaço pequeno de linha de duas à quatro vezes maior que uma
"ilha"

4- Extremidade de linha - É todo final de linha seguida pelo estreitamento das


duas linhas paralelas que a ladeiam. Esse estreitamento deve ser considerado para
que não seja confundido com uma interrupção do desenho da linha, causado por
agentes externos à formação natural da mesma. É o ponto característico mais
comum em uma impressão digital.

28
5- Bifurcação - Quando se analisa uma impressão, faz-se observando-a
circularmente no sentido horário tomando-se como base do raio (ou ponteiro) a
parte mais central do desenho. Feito isso, conclui-se que, as linhas que se seguem
nesse sentido e abrem-se em duas outras formam uma Bifurcação.

6- Confluência - Da mesma forma que a bifurcação porém, em sentido contrário,


ou seja, quando duas linhas seguem no sentido horário e, em dado momento,
juntam-se em uma única linha, formando assim uma confluência.

7- Haste ou Arpão - Dá-se o nome de Haste ou Arpão ao ponto quando um


segmento de linha forma um apêndice na linha, semelhante a uma aste ou uma
"fisga de arpão" de pesca podendo ser confundida com uma pequena confluência
ou bifurcação.

8- Ponte ou Anastomose - Ocorre quando duas linhas são ligadas por um


seguimento curto formando entre elas uma ponte de ligação, semelhante a
anastomose das folhas das plantas.

9- Lago ou Encerro - Esse ponto é formado por uma abertura da linha e seu
fechamento logo em seguida, formando com isso uma espécie de "bolha" na linha.

Possibilidade de repetição:

29
Com 4 tipos fundamentais e pontos característicos = acima de 10 quatrilhões

Com 2 acidentes em um dedo = 16

Com 12 acidentes em um dedo = acima de 16 milhões

Estabelecimento da identidade

(Odon Ramos Maranhão)

Âmbito mundial =17 elementos ou pontos

Serviço policial = regra dos 12 pontos (marcar 8 a 12 acidentes)

(Genival Veloso França)

12 pontos

A legislação brasileira, pelo uso e costume, exige a coincidência de, no


mínimo, 12 (doze) pontos idênticos, na mesma localização, com a mesma
"nomenclatura" e sem nenhum ponto discrepante, para atestar uma identidade.

30
Impressões em locais de crime

As impressões em locais de crimes podem ser encontradas de três formas básicas:

Moldadas: quando as impressões são encontradas em materiais que permitem a


modelagem em baixo relevo (massa de fixar vidro por exemplo), tendo o perito que
fotografá-la aplicando à mesma uma luz oblíqua para produzir sombra nos sulcos do
molde, revelando assim o desenho formado pelas cristas papilares e ou poderá
moldar tal impressão com material apropriado como silicone ou gesso, por exemplo.

Visíveis ou entintadas : quando as impressões são deixadas visíveis no local por ter
o agente manuseado substâncias como tinta, sangue, graxa, sujeira etc. sendo fácil
sua localização tendo no entanto o perito que fotografá-las para o estudo que se fizer
necessário.

Latentes: São as impressões mais comuns por serem produzidas por substâncias
segregadas pelo próprio corpo do agente como suor e gorduras.

31
IDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL: ANTROPOLOGIA

Espécie

Sangue

Provas genéricas:
De orientação:
Reação de Adller: (benzidina + acido acético + H2O2 ) = azul intenso
Reação de Amado Ferreira: (benzidina + acido láctico + H2O2) = verde
bandeira
Reação de Kastle Meyer ou Kastle Scheeds Meyer (fenolftaleina + potassa) =
vermelho fucsina
Reação de Van-Deen (solução alcoolica de tintura de guaiaco) = azul claro
De certeza:
Espectroscopia – espectro de absorção da hemoglobina (faixa) nas raias de
Fraunhofer.
Cristais de Teichmann (acido acético a quente + NaCl) = cristais de hemina
(cloridrato de hematina) = cristais romboédricos de cor havana – chocolate.
Cristais de Hemocromogênio: (soda + piridina + glicose + H2O) = cristais
arborescentes alaranjados.

Provas Especificas:
Uhlenhuth – albumino reação com soro anti humano ou soro de cada espécie
animal
Coombs – anti globulina humana (soro de Coombs)

Provas Individuais
ABO
MN
Rh

Esperma

Sinais de orientação – propriedades físicas


Forma: irregular (lâmpada de Wood)
Cor: branca/amarelo citrino progressivamente escura (lâmpada de Wood)
Odor: sui generis
Consistência: coagulação
Sinais de probabilidade
Cristais de Florence – reagente de Florence (lugol = iodo metalóide + iodeto
de potássio + H2O) = cristais romboédricos marrom amarelado de iodeto de colina.
32
Cristais de Barberio – ácido pícrico = cristais amarelos
Dosagem de Fosfatase ácida
Provas de certeza
Prova de Corin – Stockis = esfregaço com espermatozóide
Soro anti-esperma
Christmas Tree

Ossos

Macroscopicamente morfologicamente pelas dimensões e características


anatômicas
Microscopicamente pelos canais de Havers

Características Homem Animal


Forma Elíptica ou Irregular Circular
Diâmetro Superior a 3 μm Inferior a 25 μm
Número 8 a 10 por mm2 Superior, chegando a 40 por
mm2

Pelos

Prova Química:
Alfa-naftol – trata-se o fio pelo acido sulfúrico e junta-se Alfa-naftol, cor
violeta e dissolução completa = fibra vegetal; caso contrario pelo animal.
Timol – água, timol e o fio, se for algodão = violeta.

Diferença entre pelo humano e animal:

Camada Humano Animal


Medula Falta ou reduzida – células Grande diâmetro – células grandes
invisíveis
Córtex Espessa – pigmento fino Delgada- pigmento granuloso
Cutícula Delgada – lisa Espessa - com lacunas
Diâmetro 24 a 100 micra > 160 – 170 micra
150 – 160 micra (pelo pubiano)
Índice 0,20 a 0,35 > 0,40
Medular

Raça ou Etnia (Brasileiro sem tipo definido)


33
Tipos Étnicos
Caucásico
Mongólico
Negroide
Indiano
Australóide

Elementos de caracterização racial


Índice Cefálico -Formula de Retzius = largura x100 / comprimento do
crânio
Dolicocéfalo = < 75
Mesaticéfalo = 75 a 80
Braquicéfalo = > 80

Índice Tíbio femoral e Radio umeral

Índice Raça negra Raça branca


Tíbio femoral Superior a 83 Inferior a 83
Radio umeral Superior a 80 Inferior a 75
Ângulo Facial

Raças
Caucásica Mongolóide Negra
Jacquart 76,5º 72º 70,3º
Cloquet 62º 59,4º 58º
Curvier 54º 53º 48º

Sexo
Biológico – cromossomial, gonadal, cromatínico, genitália interna e externa.
Jurídico
Psíquico (identificação do próprio indivíduo)
Médico Legal: Cadáver (putrefeito, carbonizado, etc) – restos de órgãos
identificadores (útero, ovário, próstata); Corpúsculo de Barr.
Esqueletizado.

Crânio

Caracteres Anatômicos Homem Mulher


Capacidade 1.400 cm3 ou mais 1.300 cm3
34
Apófises mastóideas Rugosas e Pouco proeminentes
proeminentes
Arcos superciliares e Glabela Salientes Suaves
Frontal Inclinação posterior Verticalizado
Rebordos (cristas) Rombos Cortante (afilados)
supraorbitários
Côndilos occipitais Longos e delgados Curtos e largos (forma
(sola de sapato) de rim)
Ângulo Nasal Pronunciados Suave
Mandíbula Peso médio – 80g Peso médio – 63g

Tórax
Homem = cone invertido
Mulher = ovóide

Pelve

Caracteres Homem Mulher


Anatômicos
Em geral Rugosa, com inserções Lisa, com inserções pouco
musculares marcadas proeminentes
Forma De coração Circular
Íleo Alto Baixo
Articulação sacro Grande Pequena e mais obliqua
ilíaca
Acetábulo Grande e dirigido para o Pequeno e dirigido antero
lado lateralmente
Buraco obturador Grande e oval Pequeno e triangular
Corpo do púbis Triangular Quadrangular
Sínfise do púbis Alta Baixa
Ângulo subpubiano Estreito e em forma de V Amplo e em forma de U
Sacro Longo, estreito e pouco Curto, largo e marcadamente
curvo, podendo ter mais de curvo em S1-2 e S3-5, c/ 5
5 segmentos Segmentos

Idade
Idade Fetal: aspecto morfológico, pela estatura e pelos Raios X (Tabela de
Told).
Crescimento fetal: 6,0 cm no 1º trimestre e 5,5 do 4º mês em diante.
Recém nascido: 48 a 50 cm de estatura e de 3000 a 3500g de peso

35
Ponto de Béclard – núcleo de ossificação da epífise distal do fêmur
que aparece no 9º mês de vida intra uterina.

Idade pelos Dentes


Primeira dentição: mínimo 5 meses e máximo 36 meses, sendo as
médias 7 meses a 26 meses.
Segunda dentição: mínimo 5 anos e máximo 28 anos, sendo a média 5,5
a 6 anos e 18 anos.
Presume-se:
32 elementos dentários (16/16) idade superior a 18 anos
28 elementos dentários (14/14) idade entre 14 e 18 anos
24 elementos dentários (12/12) menor de 14 anos.
Ossificação

Núcleos de ossificação
Soldadura das epífises (cartilagem de crescimento)

Núcleo de ossificação Período de surgimento


Epífise radial 18º a 24º mês de vida
Ulna 5-8 anos
Pisiforme 10-13 anos
Semilunar e Piramidal 4-7 anos
Trapézio e Trapezóide 5-8 anos
Capitato e Hamato 4-5 anos

Idade entre 14 e 21 anos: Raio X de punho e mão direitos: trapezóide é o


osso com melhor índice de segurança.

Soldadura das Masculino Feminino


epífises
Radio 20-21 anos 18-19 anos
Ulna 19-20anos 17-18 anos

Estatura

Em vivo e no cadáver medição direta.


Esqueletizado – medida dos ossos longos e utilização das tabelas de Broca;
Etiénne Rollet; Trotter e Gleser; Mendonça; Lacassagne e Martin.

Identificação pelos Dentes

Importante em carbonizados e esqueletizados.


36
Depende de registro prévio do dentista da vítima (ficha odontológica).

Processo em identificação baseado em (Sistema Odontológico de Amoedo)


Característica de cada dente
Caries
Detalhes de cada restauração
Próteses
Aparelho ortodôntico
Ausência de elementos dentários
Cor, erosão, limpeza e malformações.

Sistema de anotação da Federação Dentária Internacional:


11 a 18 – maxilar superior direito
21 a 28 – maxilar superior esquerdo
31 a 38 – mandíbula esquerda
41 a 48 – mandíbula direita

Impressão Dentária – possibilita a identificação de um indivíduo com as


marcas da mordida baseado no número, posição, forma e dimensões dos
elementos dentários, assim como de presença ou ausências, disposição dos
dentes, modificação do eixo dentário e problemas de oclusão.

Outros Métodos de Identificação

Palatoscopia ou rugoscopia palatina


Baseado na impressão das saliências existentes no palato que
constituem facetas imutáveis.
Disposição das rugas: inicial, complementar, sub-inicial e sub-
complementar.
Queiloscopia
Impressões labiais
Superposição de Imagens (crânio-foto-comparativo ou Método de Piacentino)
Superposição de foto com crânio
Superposição crânio facial por vídeo
Sistema Otométrico de Frigério: distância entre pavilhão auricular e parede
craniana (ângulo aurículo temporal), diâmetro máximo e mínimo da orelha.
Radiografias
Comparação de radiografias com atenção aos seios frontais e
maxilares, marcas vasculares da artéria meníngea media, presença de
prótese, mal formações, placas metálicas (osteossíntese) e consolidações
viciosas.
A identificação pode ser possível por radiografia dentária, desde
que exista radiografia anterior e sejam evidentes os confrontos de
características individualizadoras.
37
TRAUMATOLOGIA FORENSE

Compreende o estudo sistemático das lesões produzidas por agentes lesivos


exógenos, de modo a oferecer à Justiça o diagnóstico, a classificação jurídica, o nexo
causal, a sua gravidade, bem como o enquadramento jurídico de acordo com o artigo
129 do C.P.B.
Para ARBENZ (1988) a traumatologia forense estuda as energias lesivas e
seus efeitos.
Tais danos podem ser resultantes da atuação de agentes que têm a intenção de
ferir (animus laedendi) ou de matar (animus necandi), ou ainda produzidos por outra
causa.
A Traumatologia estuda também as lesões que resultam em morte.
Oferece-nos interesse, o estudo dos traumas resultantes das energias
vulnerantes, capazes de lesar o organismo ou de prejudicar de algum modo seu
funcionamento.

Trauma - É a atuação de uma energia externa sobre o indivíduo, de modo intenso o


suficiente para provocar o desvio da normalidade, com ou sem tradução
morfológica. Isso significa que o trauma pode ser insuficiente para causar lesão
perceptível mas alterar de modo importante a função.

Lesão - É a alteração estrutural proveniente de uma agressão ao organismo. Fala-


se em lesões bioquímicas antes do aparecimento das lesões ultra-estruturais (que só
aparecem ao microscópio eletrônico) que precedem as microscópicas e, por fim, as
visíveis. É do entendimento dos autores que só se devem chamar de lesão às
alterações demonstráveis morfologicamente.

38
Classificação das Energias - são classificadas através de seus agentes.
É imprescindível o estabelecimento do nexo causal (relação causal relação
necessária e suficiente que une a causa ao seu efeito) entre a lesão e o agente. Na
verdade é através das características da lesão é que vamos conhecer o instrumento
que a provocou.
FÁVERO considera sete grupos de energias capazes de produzir lesões
corporais e morte: mecânicas, físicas, químicas, físico-químicas, bioquímica,
biodinâmica, mistas.
Outra classificação bastante didática é a do Departamento de Medicina Legal
da Faculdade de Medicina Legal da USP, que analisa as energias como sendo: de
ordem física, de ordem química, de ordem biológica, de ordem psíquica e de ordem
mista.

ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA (EOF)


Compreendem os agentes mecânicos e os não mecânicos.

Agentes Físicos Mecânicos


Esses agentes são responsáveis por 97% das causas de lesão corporal e por
98% dos homicídios. São classificados em formas puras e formas mistas.
Podem atuar através da energia cinética ou potencial:
cinética - ex. atira um objeto e este encontra o alvo (alvo estático, objeto dinâmico);
potencial - o agente está parado e o alvo em movimento. Ex. ao caminhar o indivído
se choca com um objeto.
Também pode ocorrer do agente e o alvo estarem em movimento.
(acompanhar tabela).

Agentes Físicos Não Mecânicos


Atuam por outro tipo de energia não mecânica.

39
 Temperatura –
1. exposição ao frio,
2. exposição ao calor:
difuso: provocando insolação ou intermação;
direto: queimaduras (1º, 2º, 3º e 4º graus)

 Pressão Atmosférica - baixa pressão, alta pressão, freqüentes em aviadores,


mergulhadores, alpinistas, mineradores (barotrauma).

 Eletricidade
1 - Natural -
fulguração (são as lesões),
fulminação (quando ocorre a morte). Observa-se os sinais de
Lichtenberg - figura arboriforme ou dendrítica)
2 - Industrial -
eletroplessão (ocorre a descarga sobre o organismo sem ocorrer a
morte).
eletrocussão (morte causada por descarga elétrica).
Marcas elétricas de Jellinek (queimaduras nos locais de entrada e saída da corrente.
São lesões secas, endurecidas, sobrelevadas, não sangram e são insensíveis)

 Radioatividade - raios alfa, beta e gama (os R.X. pertencem a este grupo). É rara,
a não ser em ambientes especializados.
 Radiações Não Ionizantes - luz, som

ENERGIAS DE ORDEM QUÍMICA


São os cáusticos. Podem ser coagulantes (ácidos), provocando escaras secas,
normalmente não infectadas; ou liquefacientes (básicos) que provocam escaras
moles, esbranquiçadas e infectadas.

40
São as substâncias como os venenos. “Veneno é toda substância mineral ou
orgânica que ingerida, ou aplicada no seu exterior, sendo absorvida, determine a
morte, ponha em perigo a vida ou altere profundamente a saúde”. Ex. -
medicamentos, produtos químicos (raticida, formicida, cianeto, potássio, inseticidas,
etc.)

ENERGIAS DE ORDEM BIOLÓGICA


Ex., plantas tóxicas, venenos de animais.

ENERGIAS DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICAS


 ASFIXIAS

1. Por distúrbio da mecânica respiratória

Por constricção do pescoço


Enforcamento - constricção do pescoço por um laço. Peso é o do próprio corpo.
Geralmente suicida
Estrangulamento - constricção do pescoço por um laço. Peso é externo ao corpo da
vítima. Normalmente homicida.
Esganadura - Por outro mecanismo que não o laço. Geralmente as mãos do
agressor.
Sempre homicida.

Por sufocação
Direta - asfixia por obstrução das vias ou dos orifícios aéreos (saco plástico, objetos
nas vias).
Indireta - alteração da dinâmica respiratória por impedimento dos movimentos
respiratórios.

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2. Por distúrbio do meio ambiente
 Oxiprivas - Gases inertes. Substituem o oxigênio existente.
Confinamento
 Soterramento - substitição do meio aéreo por meio sólido, ou semi-sólido.
 Afogamento - substitição do meio aéreo por meio líquido.

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INSTRUMENTOS MECÂNICOS

1) Perfurantes.
2) Cortantes. PUROS
3) Contundentes.
4) Pérfuro-cortantes.
5) Corto-contundentes MISTOS
6) Pérfuro-contundentes.

MECANISMO DE AÇÃO

Agente ativo.

Agente passivo.

Agente misto.

Pressão, deslizamento ou misto.

LESÕES PRODUZIDAS POR AGENTES PERFURANTES

1 – Definição - age pela ponta.

2 – Categorias – agulha, estilete, arame, etc.

3 – CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO AGENTE

São 3: Ponta, comprimento e rigidez.

4 – Modo de Ação

Pressão através da ponta. Provoca o afastamento das fibras do tecido.

5 – Características da Lesão

Forma – pequeno orifício puntiforme, ovalada ou em forma de casa de botão


Dimensão: Profundidade maior que a extensão.
Pouco sangrante.

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6 – Designação da Lesão

Punção.
Perfuração.
Punctura.
Ferimento punctório.

7 – Causa da Morte - Rara.

8 – Casuística – (Acidente do trabalho com arame).

LESÕES PRODUZIDAS POR AGENTE CORTANTE

1 – DEFINIÇÃO – Age pelo gume.

2 - Categorias – Faca, bisturi, navalha, gilete.

3 - Características Morfológicas do Agente

Apresenta uma lâmina com gume.

4 – Modo de Ação

Pressão mais deslizamento.


Secção dos tecidos.

5 – Características da Lesão

Forma - navicular.
Bordas – lisas e regulares.
Ângulos – Duas caudas: Entrada curta e profunda.
Saída longa e superficial.
Dimensão – Extensão maior que profundidade.
Hemorragia – profusa

6 – Designação do Ferimento

Ferida incisa ou ferimento inciso.

7 – Causa da Morte – Suicídio, Homicídio, Infanticídio.

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LESÕES PRODUZIDAS POR AGENTE CONTUNDENTE

1 – CONCEITO – São agentes (instrumentos) que possuem superfície regular ou


irregular que atua sobre o corpo humano causando uma lesão. Essa superfície pode
ser lisa, rugosa, irregular, áspera, anfractruosa (pedra) etc.

2 – CATEGORIAS

Meios naturais: mãos, pés, cotovelos, joelhos etc..

Meios usuais: cassetete, soco-inglês, palmatória, chicote etc..

Meios eventuais: cadeiras, estatuetas, garrafas, pedaços de pau, canos de

metal etc.

3 - MECANISMOS GERAIS DE AÇÃO

Caráter ativo, passivo, ou misto.

4 – MECANISMOS ESPECIAIS DE AÇÃO

Pressão e/ou pressão mais deslizamento. Podem atuar perpendicularmente,


tangencialmente ou obliquamente.

5 – A LESÃO ESTÁ NA DEPENDÊNCIA DE:

Modo de ação;
Intensidade da força;
Natureza do instrumento:
Região do corpo atingida.

6 – TIPOS DE LESÃO

6.1 - CONTUSÃO OU LESÃO CONTUSA

Importância médico legal: permitem a caracterização do agente, a


estimativa do tempo decorrido entre a lesão e o exame e, mais importante, a
rubefação, o edema traumático, a equimose, o hematoma e as bossas sangüíneas não
podem ser produzidas em corpos sem vida, isto é, só podem ser produzidas enquanto
que as sofre ainda está vivo.

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a) Rubefação ou eritema traumático – é a vermelhidão que aparece na pele
por simples alteração vasomotora da região atingida. Sua duração é de, no
máximo, duas horas. É a mais leve e transitória de todas as lesões
decorrentes de ação contundente. Ex.: bofetada.
b) Edema traumático – É um aumento de volume do local atingido por
extravasamento de líquido (denominado transudato), popularmente
chamada de “inchaço”.
c) Equimose – é uma lesão decorrente da infiltração sangüínea nas malhas
dos tecidos por rompimento de pequenos vasos sangüíneos. Podem
apresentar a forma do instrumento que a produziu ( fivela de cinto,
cassetete, etc.), estender-se por grandes áreas ( descer até as mãos numa
contusão de ombro). A hemoglobina infiltrada no tecido passa por
transformações químicas que vão, com o tempo, mudando sua coloração.
Essa mudança de coloração recebe o nome de “espectro equimótico” que
possui grande importância médico legal na estimativa do tempo decorrido
entre a lesão e o momento do exame. As cores do espectro equimótico são:
vermelho, violáceo, azulada, esverdeada, amarelada, para em seguida
voltar à cor
d) natural da epiderme vizinha. A mudança de cor se faz da periferia para o
centro da contusão.

ESPECTRO EQUIMÓTICO DE LEGRANDE DU SAULLE

Início – de vermelho a vermelho violáceo.

Azulado – do terceiro ao sexto dia.

Esverdeado – do sétimo ao décimo-segundo dia.

Amarelado – do décimo-terceiro ao vigésimo-dia.

e) Hematoma – É a rotura com extravasamento de sangue por lesão de vasos


mais calibrosos, formando, no interior dos tecidos, cavidades contendo
coleções sangüíneas que formam um lago. Podem se localizar sob o couro
cabeludo, por fora ou por baixo da dura-máter (membrana que envolve o
cérebro) – hematomas extradural e sub - dural respectivamente - em massas
musculares e outras regiões do corpo, definindo, por si só, a gravidade da
lesão.

f) Bossa sangüínea – Difere do hematoma pelo fato de que a coleção


sangüínea não pode se difundir pela exiguidade do espaço subcutâneo, por
um lado, e a presença de um plano subjacente impermeável por outro.

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6.2 – ESCORIAÇÃO OU ABRASÃO

Conceito – é o arrancamento da epiderme, deixando a derme exposta


pela ação tangencial de um instrumento mecânico. Reconstitui-se sem deixar
cicatrizes

Tipos: Lesão de arraste;


Impressão cutânea.

Importância médico legal: Caracterização do agente.


Vital – serocidade – crostas- cor –
reparação em quatro a dez dias.

Não vital – lesão apergaminha-


da, sem coloração e sem crostas.

6.3 – LÁCERO – CONTUSA / FERIDA CONTUSA

Conceito – É toda solução de continuidade que, na pele, ultrapassa o


córion , atingindo sua camada regenerativa e provocando extravasamento de sangue.
É a rasgadura do tecido.

Modos de produção – Compressão.


Pressão + tração.

Caracterização da lesão: Forma: variável.


Bordos: irregulares.
Rotura incompleta dos tecidos
Deslocamento dos bordos.

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Agente Exemplo características modo de ação característica da lesão Lesão
morfológicas
Perfurante agulha, ponteagudo, ter pressão sobre um ponto, relação extensão/profundidade punctória
prego ponta, ser rígido divulsão dos tecidos (REP) - pequena extensão,
grande profundidade (P>E)
Cortante bisturi, ter gume, fio pressão+deslizamento. REP - extensão maior que a incisa
lâmina de Produz secção uniforme das profundidade (E>P)
barbear fibras do tecido.
Contundente pedra, tijolo, agente com pressão, impacto sobre a podem ser superficiais ou contusa (abrasiva ou
pau superfície plana superfície profundas escoriação, lácero-
ou romba contusa e impressão
cutânea)
Pérfuro- faca, tesoura possui pressão+deslizamento REP - pérfuro-incisa
cortante gume+ponta profundidade>extensão(P>E)
Pérfuro- projétil de pressão+impacto (associado à REP - P>E (observa-se contusã pérfuro-contusa
contundente arma de fogo velocidade) nas bordas da lesão.
corto- machado, gume+massa pressão+força do impacto REP - grande profundidade e corto-contusa
contundente foice, enxada extensão

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LESÕES POR PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO

PAF - Ação perfurante e contundente – produzem lesões características


representadas pelas lesões de entrada, trajeto e lesão de saída.

Projéteis de arma de fogo – linhas de força – dissipa pelos tecidos (cavitação


temporária).

LESÃO DE ENTRADA
Depende da distância do disparo
O projétil atua por pressão em uma superfície.

Classificação dos Tiros:

1) Tiro Longa Distância –

Orifício de entrada + zona de escoriação + zona de enxugo

Diâmetro orifício de entrada - menor ou igual ao diâmetro do projétil (devido


à elasticidade da pele).
Forma do orifício – circular ou elíptica, dependendo do ângulo de incidência
do projétil, se perpendicular ou oblíquo ao plano de entrada.
Bordas da lesão – invaginadas ou invertidas (elasticidade da pele)
Zonas de contorno –
Escoriação - contusão da epiderme
Enxugo - situada interiormente à zona de escoriação, resulta do atrito do
projétil na pele lhe transferindo as impurezas (sarro da pólvora, material de
oxidação do cano, óleo de lubrificação da arma) que carregou ao longo do
caminho pelo cano da arma.
2) Tiro Média Distância –

Orifício de entrada = Tiro longa distância + zona de tatuagem

Projétil + material particulado (grânulos de pólvora)

Zona de tatuagem – grânulos de pólvora combusta ou incombusta que se


incrustam na pele da região atingida. Pode ser maior ou menor dependendo da
proximidade do tiro. É freqüente esta zona permanecer nas vestes. Não se remove
com a limpeza da lesão.

3) Tiro curta distância –

Projétil + material particulado + fuligem

Orifício de entrada = Tiro média distância + zona de esfumaçamento

Zona de esfumaçamento – resultante do cone de explosão. Resíduos da


combustão, representados pela fuligem, com coloração de acinzentado a negro.É
removida lavando-se a pele com água e sabão. É mais densa quanto mais próximo
for o disparo.

4) Tiro à queima roupa

Projétil + material particulado + fuligem + chama

Orifício de entrada = Tiro a curta distância + zona de chamuscamento

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Zona de chamuscamento – trata-se de uma orla de queimadura resultante
da chama que atinge a pele.

5) Tiro de contato –

Cano da arma firmemente apoiada na pele


Gases penetram no orifício e se expandem pelo subcutâneo – ocorre o rompimento
da pele – formam-se túneis a partir de uma lesão central – paredes escurecidas,
lesão estrelar - (CÂMARA DE MINA DE HOFFMAN).
Lesão de entrada - Diâmetro do orifício bem maior que o diâmetro do projétil
Bordas evertidas, orifício irregular com bordas anfractuosas.

Sinal de Benassi – sujidades no tecido ósseo – zona de esfumaçamento no


periósteo
O autor verificou a impregnação de partículas e fuligem no tecido ósseo.

Sinal de Puppy e Werkgaertner – impressão cutânea da boca da arma na pele.

Sinal do funil de Bonnet – características da lesão de entrada no tecido ósseo


Tábua óssea interna têm resistência menor que a externa e, portanto, o orifício
interno é maior que o externo – base maior do cone voltada para dentro.

Sinal de Rojas – Rasgadura cruziforme no local de entrada, presença de sujidades


nas vestes

Sinal da Escarapela (Simonin) – Formação de zonas concêntricas – tiro através


das vestes e verifica uma segunda zona de esfumaçamento e contorno.

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TRAJETO

É a lesão em forma de túnel que une o orifício de entrada ao de saída, ou ao


ponto do repouso do projétil. É um espaço real, tubular preenchido por sangue e
restos de tecido lacerado. O trajeto é retilíneo, devendo ser lembrado que ao tocar
um osso tende a desviar, alterando o trajeto. Além disso, não deve ser esquecida
a posição dinâmica em que um indivíduo pode ser atingido.

ORIFÍCIO DE SAÍDA

São lesões produzidas de dentro para fora.


É maior que o orifício de entrada, tecidos evaginados, bordas evertidas com
forma irregular; independe da distância do tiro. Pode-se encontrar um número de
saídas maior que o de entrada devido à fragmentação do projétil.

Orla equimótica – ao atravessar o tecido subcutâneo, o projétil rompe


vasos, provocando infiltração equimótica (não é característica exclusiva da lesão
de entrada, podendo surgir nos tecidos vizinhos à lesão de saída, mas é importante
para caracterizar reação vital).

BALÍSTICA FORENSE

Ciência que estuda as armas de fogo, as munições e os efeitos do disparo no


interesse da Justiça.

Classificação:

Balística do interior – dentro do cano da arma


Balística do exterior – do cano ao alvo

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Balística terminal – do impacto a transfixação.

Arma de Fogo – É o dispositivo mecânico que aproveita a força expansiva dos


gases resultantes da combustão da pólvora para arremessar um projétil a uma
certa distância.

Tipos:
a) De repetição – revólver
b) Semi-automática – Pistola
c) Automática – metralhadora, fuzil - dedo direto no gatilho.

Revólver – É uma arma de fogo que se caracteriza por ter um só cano raiado,
várias câmaras de combustão dispostas paralelamente ao eixo comum em um
cilindro chamado tambor que gira em torno deste eixo apresentando
sucessivamente ao cano no exato alinhamento deste ao percutor sendo acionado
o mecanismo de disparo.

Cartucho – É a unidade de munição das armas de fogo de cano raiado.


Partes do Cartucho: Projétil, carga propulsora (explosivo) e base.
Balística do interior:
1) Percutida a espoleta, ela detona e pelo evento transmite a chama para a carga
propulsora.
2) A carga propulsora inicia a deflagração;
3) Com a deflagração, inicia-se a formação de gases aumentando a temperatura
do estojo;
4) O estojo se dilata até as paredes da câmara e libera o projétil;
5) Livre o projétil inicia sua marcha em direção ao cano;
6) Neste momento, uma porção de gases ultrapassa o projétil penetrando no cano;

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7) A parte posterior do cano é lisa e neste espaço que se verifica o “vôo livre do
projétil”;
8) Vencido este espaço, o projétil chega a parte raiada do cano e é freada sua
corrida;
9) Com a alma do cano destruída pelo projétil, aumenta a pressão dos gases e a
temperatura;
10) Não encontrando os gases a passagem, eles refluem e no revólver podem
atingir a mão do atirador;
11) Com o aumento da pressão, é superada a inércia e a resistência oferecida
pelas raias e o projétil então inicia um movimento rotatório em torno de seu
eixo longitudinal;
12) Aumentada a pressão, o projétil continua sua marcha pela boca do cano;
13) Nesta ocasião, com a carga propulsora toda queimada, o projétil chega a
boca do cano precedido pelos gases (vento balístico).

Balística do exterior:

1) Ao sair pela boca do cano, a pressão e a temperatura cai no interior do cano e


o estojo que se encontrava dilatado volta a sua situação inicial;
2) Ao sair do cano, o projétil sofre atuação de duas forças;
3) Dos gases – aceleração, obrigando o projétil a sua rotação em torno de seu
eixo;
4) Resistência do ar – não vai alterar sua trajetória;
5) A somatória das forças faz com que o projétil, pela ação da gravidade, descreva
uma trajetória parabólica;
6) No final o projétil se aproxima do alvo.

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Balística terminal:

1) Penetração do projétil no alvo;


2) Ocorre uma deformação no impacto com planos ósseos;
3) Ocorre perda de energia cinética;
4) Finalmente ele se detém, dentro ou fora do alvo.

Calibre – Toda unidade de munição é referida a um determinado calibre para


indicar o tipo de arma de fogo a que se destina.

Tipos de calibre:

Nominal – expresso na arma


Real – tomado na boca do cano

Raias – São escavações feitas no interior do cano por meio de uma fresa chama
brochadeira, que tem como finalidade dar ao projétil um movimento rotatório em
torno de seu eixo longitudinal, para ele vencer a resistência do meio ambiente e
facilitar sua penetração no alvo.

As Raias podem ser estudadas conforme sua direção:

Direita – Dextrógeras
Esquerda – Sinistrógeras

Identificação das Armas – Perícia – Núcleo de Balística Forense-IC/SP

Comparação das irregularidades existentes no picote da espoleta tanto nas armas


de repetição como nas semi-automáticas, na marca do extrator das semi-

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automáticas, na base do estojo dos cartuchos de caça e finalmente na comparação
das irregularidades existentes no corpo do projétil tendo em vista outro obtido
com disparo feito pela arma suspeita.

LESÃO CORPORAL – INTERPRETAÇÃO DO ART. 129 DO CÓDIGO


PENAL BRASILEIRO

Dano à saúde é alteração da normalidade funcional do organismo ou a


perturbação mórbida do psiquismo produzida por obra do agente. Poderá ser
de breve duração, sem implicar em total ou parcial incapacidade, bastando os
distúrbios na memória e do sentimento, não sendo necessário o
comprometimento da esfera intelectiva e volitiva (Fragoso 1983).
É suficiente o agravamento de uma ferida, enfermidade ou perturbação mental
anteriormente existentes.
É necessário que o dano ao corpo ou à saúde não seja insignificante como uma
picada de alfinete, um beliscão, uma dor de cabeça de ligeira.
O meio empregado para provocar a lesão corporal é irrelevante. Deve ser capaz
de produzir um dano efetivo ao organismo humano, resultando sempre de uma
violência exercida sobre a pessoa (meios mecânicos, químicos, biológicos ou
psíquicos).
Ausência de animus necandi (sem a intenção de matar).
Admite-se a forma dolosa (animus laedendi) e culposa.
Lesão dolosa:
Simples (leve) e qualificada (grave, gravíssima e seguida de morte).

LESÕES CORPORAIS DE NATUREZA LEVE

É compreendida na fórmula genérica do art. 129, não acarretando qualquer dos


resultados previstos nos §§ 1º, 2º e 3º do mesmo artigo. Deve exigir um mínimo

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indispensável a constituir verdadeiramente um dano à integridade corporal ou
à saúde.
Danos superficiais aos tecidos – ex: ferimentos em tecidos moles, escoriações,
hematomas, equimoses, contusões, edemas, luxações, fraturas dentárias de
pequena extensão, entre outros.
Lesões de menor monta que não comprometam as funções de caráter
permanente e que não acarretem maiores riscos ou recuperação demorada.

LESÕES CORPORAIS DE NATUREZA GRAVE

Artigo 129, § 1º.


I - INCAPACIDADE PARA OCUPAÇÕES HABITUAIS POR MAIS DE 30
DIAS
Incapacidade (física ou psíquica) para as ocupações habituais e não somente o
trabalho. Conceito funcional e não econômico.
A incapacidade pode ser relativa, de algumas ocupações habituais e não de
todas, desde que seja de uma atividade lícita e por um período superior a trinta
dias a contar da data do dano.
O período de incapacidade não corresponde à cura completa da lesão. Deve
permitir que o indivíduo realize suas ocupações habituais, sem prejuízo da cura
definitiva. Por outro lado, o fato da lesão cicatrizar-se não significa o
desaparecimento da incapacidade.

II – PERIGO DE VIDA
Probabilidade grave e imediata de morte, mesmo que por um breve período.
Perigo deve ser atual, sério, efetivo, nunca remoto.
O perigo de vida deverá resultar da lesão corporal.
Pode apresentar-se logo após o ferimento, ou depois de horas, ou dias, e
cessar, com ou sem tratamento.

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Pode ser decorrente de efeito imediato da lesão, ou como conseqüência
direta da lesão, podendo ser mais ou menos tardia, ou ainda, por ação de
um processo patológico que dela se tenha desenvolvido.
Ex. hemorragia de vaso calibroso, estado de choque, traumatismo
crânioencefálico, perfuração de vísceras nobres com intensa hemorragia, certas
queimaduras, infecções.

III – DEBILIDADE PERMANENTE DE MEMBRO SENTIDO OU


FUNÇÃO
Membros: são os apêndices do corpo: membros superiores e inferiores. A
lesão poderá atingir qualquer segmento do membro ou qualquer dos
segmentos estruturais.
Sentido: forma pela qual se estabelecem as relações com o meio exterior:
visão, audição, olfato, tato, paladar.
Função: é o ato necessário para o exercício dos fenômenos vitais. É o modo
de agir de um órgão, aparelho ou sistema. Ex.: respiração, circulação,
reprodução, mastigação, função psíquica.
Debilitação de 3 a 80% da capacidade.
Permanente – duradoura, não transitória.
Definitiva frente ao tratamento habitual.
Órgãos duplos.
Reabilitação por cirurgias ou aparelhos – remédios artificiais.

IV - ACELERAÇÃO DE PARTO
Antecipação.
Parto ocorrido antes do término da gestação, em conseqüência do
traumatismo (parto antecipado ou prematura).
É necessário que o produto da concepção venha à luz com vida e
sobreviva

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 Ocorrendo a antecipação independe o período de incapacidade.

LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA


Artigo 129, § 2º.

I – INCAPACIDADE PERMANENTE PARA O TRABALHO


Trabalho in genere e não o seu trabalho. Privação física ou psíquica de
exercer qualquer atividade lucrativa
Permanente: deve persistir por duração indefinida, não sendo possível prever
se findará
Incurável por tratamentos convencionais
Possibilidade de tratamentos penosos e temerários que a vítima não possa ou
não queira se submeter: o esforço do ofendido não deve resultar em benefício
do ofensor
Ex.: amputação ou perda funcional do (s) braço (s), da (s) perna (s), a
cegueira, a alienação mental
Estados patológicos que tornam o trabalho senão impossível, ao menos
extremamente penoso.

II – ENFERMIDADE INCURÁVEL

Enfermidade de longa duração - perturbação da saúde, das condições


fisiológicas, decorrentes de um processo patológico - desvio definitivo da
normalidade orgânica

Incurabilidade certa ou muito provável pelos meios que se dispõe a medicina


atual em relação àquela doença e as condições do paciente – juízo de
probabilidade.

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Possibilidade de tratamentos penosos e temerários que a vítima não possa ou
não queira se submeter: o esforço do ofendido não deve resultar em benefício
do ofensor

Permanente: deve persistir por duração indefinida, não sendo possível prever
se findará

III – PERDA OU INUTILIZAÇÃO DE MEMBRO, SENTIDO OU FUNÇÃO

Perda ou definitiva inutilização de membro, sentido ou função


Mutilação, amputação ou cessação da atividade
Inaptidão funcional ex. anquilose, paralisia
Diminuição de mais de 80% da capacidade funcional
Órgãos duplos

Ex.: perda da fala pela amputação da língua, perda da audição, da visão, de


uma mão, de um pé

Readaptação e uso de aparelhos, próteses não deve ser trazer benefícios ao


ofensor
Prótese – elemento artificial de substituição – não supre as necessidades dos
órgãos inutilizados.

IV – DEFORMIDADE PERMANENTE

Escola do aleijão
Escola de danos mínimos
Escola intermediária

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Aspecto Objetivo Aspecto Subjetivo

Dano estético, indelével Causa constrangimento ao ofendido


De fácil observação Circunstâncias pessoais: sexo, idade,
Vultoso e permanente cor
Irreparável naturalmente Circunstâncias locais (situação, extensão e
regularidade ou irregularidade da lesão
Causa constrangimento ao Circunstâncias sociais (ambiente e
observador profissão)
Registro fotográfico
Disfarçes, postiços, próteses

IV - ABORTO

Abortamento
Morte fetal ou sua expulsão e morte conseqüente como resultado do dano
(agressão à integridade física ou à saúde da mãe)

LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE

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ASFIXIAS

A Asfixiologia Forense é a parte da Medicina Legal que estuda as asfixias


(do grego a sphysxis - ausência de pulso).
O significado médico não é a ausência de pulso, mas a supressão da
respiração. Deve ocorrer, ao mesmo tempo, hipóxia (redução do teor de
oxigênio) e hipercapnia (aumento do teor de gás carbônico) no sangue
arterial, seja por causas patológicas ou por energias externas de interesse
Médico Legal.

Do ponto de vista jurídico, a asfixia é considerada um meio cruel. A morte


não é instantânea, demorando mais de quatro minutos.

Eupnéia - respiração normal;


Taquipnéia, polipnéia ou hiperpnéia- respiração acelerada;
Bradipnéia, espaniopnéia e oligopnéia - respiração lenta;
Dispnéia - respiração forçada e difícil;
Apnéia - pausa ou cessação da respiração por instantes.

SINAIS E SINTOMAS

Fase de irritação - dispnéia inspiratória (01 minuto) indivíduo consciente


e dispnéia expiratória (03 minutos) em que há inconsciência acompanhada ou não
de convulsões expiratórias e convulsões generalizadas.

Fase de esgotamento - apnéia seguida dos últimos movimentos


respiratórios que precedem a morte. Seu tempo de duração é de aproximadamente
03 minutos

Se após o indivíduo é salvo após o estado asfíxico avançado (apnéia


prolongada) poderá apresentar sintomas como perturbações psíquicas (amnésia),
neurológicas (convulsões), estado comatoso, entre outros.

EXAME CADAVÉRICO
Sinais externos
Não há sinais patognomônicos de asfixia.
Estes são sinais característicos, inconstantes de valor relativo, que
associados a outros elementos, servem para o diagnóstico.

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a) cianose da face - é freqüente no estrangulamento e na esganadura e na
compressão torácica. É a chamada máscara equimótica.
b) espuma - freqüente nos casos de submersão. Possui aspecto semelhante
a um cogumelo sanguinolento exteriorizado pela boca e nariz. Se forma
devido a entrada de líquido nas vias aéreas e por expulsão do ar e muco
;
c) projeção da língua - juntamente com a exoftalmia não são sinais gerais
da asfixia, porém são comuns no enforcamento e no estrangulamento,
em que apresenta coloração escurecida.
d) equimoses externas - descritas por Engel em 1854. São presentes na
pele e nas mucosas exteriores, freqüente no estrangulamento e na
esganadura. Na pele são pequenas e arredondadas distribuídas,
especialmente, nas pálpebras, pescoço, face e tórax. Na mucosa são mais
evidentes na palpebral e ocular
e) livores cadavéricos - geralmente escuros e precoces nas asfixias
mecânicas em geral. Em casos de submersão podem ter coloração rósea
e vermelho viva, quando o agente é óxido de carbono

Sinais internos (exame necroscópico)

a) características do sangue:
 geralmente líquido;
 coloração escura devido à falta de oxigênio. Nos casos de envenenamento por
monóxido de carbono (CO) a coloração é vermelha viva e nos casos dos
afogados que ingeriram grande quantidade de líquido a coloração é rosada;
 fluidez.. Raramente encontram-se coágulos frouxos de coloração vermelho
escuro.

b) Equimoses viscerais
 equimoses viscerais superficiais
São também chamadas de petéquias ou manchas de Tardieu. São
freqüentes em quase todos os tipos de asfixias.
As petéquias ou manchas de Tardieu são de coloração vermelho intenso,
violáceo, puntiformes, do tamanho de um alfinete a uma lentilha, situadas em
geral, recobrindo a superfície pleural, pericárdio, no pericrânio, no timo (recém-
nascidos). e mais raramente na superfície do fígado, intestino, meninges, baço etc.
Podem ser pouco freqüentes, em número de três ou quatro ou mais numerosas,
podendo até recobrir o órgão, principalmente o pulmão.
As manchas de Paltalf são equimoses viscerais nos pulmões dos afogados

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 equimoses da mucosa - mais freqüentes nas mucosas das vias respiratórias, do
ouvido médio, do estômago até o duodeno.
 equimoses do tecido celular profundo - equimoses periaórticas, no
mediastino, sobre a abóboda craniana, periósteo.

c) Congestões viscerais

São mais freqüentes no cérebro, meninges, coração, pulmões, mucosas das


vias respiratórias e digestivas superiores e vísceras abdominais.
fígado e rins asfíxicos de Lacassagne - nos submersos os rins e fígado adquirem
congestão muito intensa -. sinal de Etienne Martin - O baço pelo fato de se
contrair intensamente durante as fases da asfixia, mostra-se exangue.

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Classificação Médico Legal das Asfixias

1 - Asfixias por alteração da dinâmica respiratória:

A - Asfixias por constrição do pescoço.

Enforcamento.

Estrangulamento.

Esganadura.

Típica.

Atípica.

B - Asfixia por sufocação.

Direta.

Indireta.

2 - Asfixias por Alteração do Meio Ambiente :

A - Oxiprivas ( propriamente ditas )

Confinamento

Gases Inertes

B - Soterramento

C – Afogamento

65
ASFIXIAS POR ALTERAÇÃO DA DINÂMICA RESPIRATÓRIA:

ASFIXIAS POR CONSTRIÇÃO DO PESCOÇO

ENFORCAMENTO

 é a modalidade de asfixia mecânica em que a constrição do pescoço é exercida


por um laço.
 ação do peso do indivíduo como força viva.
 há a interrupção da circulação do ar atmosférico nas vias respiratórias por
compressão da traquéia.

Suspensão completa Suspensão incompleta


Ambas têm a mesma eficácia para desencadear a morte.
Enforcamento típico Enforcamento atípico
A perda da consciência geralmente é rápida.

NATUREZA JURÍDICA: freqüentemente suicida, homicida , acidental.

A - Sinais externos

1 - Sulco Cervical. Características do sulco:


Oblíquo, descontínuo, interrompido ao nível do nó, com bordos desiguais
(superior saliente).

2 - Face congestionada e cianótica


enforcado azul, - ocorre a estase venosa.
enforcado branco - face pálida e lívida devido ao completo impedimento da
circulação por oclusão das artérias carótidas e das veias jugulares.

3 - Petéquias conjuntivais e às vezes na pele.


4 - Livores cadavéricos acima do sulco.

66
5 - Língua protusa em alguns casos.
6 – Hipostases localizam-se na metade inferior do corpo, mais
intensamente na extremidade dos membros inferiores.

7 – Pode haver ejaculação ou apresentar o pênis em estado de ereção


(fenômeno reflexo).

8 – Rigidez cadavérica se instala mais tardiamente.

B - Sinais internos:

1 - Equimoses do subcutâneo e musculatura cervical.

2 - Sufusões adventícias dos grandes vasos cervicais (Sinal de


Friedberg).

3 - Roturas musculares no pescoço com sinais de violência.

4 - Rotura transversal da íntima da carótida (Sinal de Amussat).

5 - Fraturas do osso hióide - freqüente.

6 - Fraturas de cartilagens laríngeas – freqüentes, sendo a tireóide a


mais atingida.

7 - Lesões vertebrais fraturas das vértebras cervicais e rotura dos


ligamentos intervetebrais principalmente entre a a 1ª e 2ª vértebras (Sinal de
Ambroise Paré).

8 - Sinais gerais de asfixia.

67
ESTRANGULAMENTO

É a asfixia mecânica por constrição do pescoço por laço tracionado por


qualquer outra força que não seja o próprio peso da vítima.
A perda da consciência é rápida.

NATUREZA JURÍDICA: homicídio (mais freqüente), acidente, suicídio e


execução judicial - suplício (garrote vil).

A - Sinais externos:

1 - Sulco cervical, geralmente transverso e horizontal, contínuo,


faltando a interrupção ao nível do nó, que encosta no pescoço. De profundidade
uniforme e os bordos apresentam cor violácea.

2 - Cianose da face. Apresenta-se quase sempre tumefeita e violácea.

3 – protusão da língua, intensamente cianótica;

4 – pode haver espuma esbranquiçada ou branco sanguinolenta na


boca e narinas.

5 – Pontilhado hemorrágico distribuído na face e conjuntivas


exteriores (descrito por Tardieu).

6 - Lesões de ataque e defesa (eventualmente).

B - Sinais internos:
1 - Sinais gerais de asfixia.
2 – Congestão do cérebro e das meninges.
3 – Equimoses das pálpebras e das conjuntivas.
4 - Hemorragias dos músculos cervicais.
5 - Lesões de cartilagens cervicais e osso hióide (raras).
6 – Sinal de Friedberg.
7 – Sinal de Amussat (raro).

68
ESGANADURA

É a asfixia mecânica por constrição do pescoço. Há o impedimento


da passagem do ar atmosférico efetivado pelas mãos do oponente podendo atuar
ainda os joelhos e os pés e as “ gravatas” com os membros ( superiores e
inferiores). É a modalidade restritiva ao uso dos segmentos do corporais do
oponente para efetivação da manobra.
É exclusivamente homicida. Podem ser:

Típicas - Uso das mãos.


Atípicas - Uso de joelho, braço, etc.

A - Sinais externos :

1 – Cianose ou palidez da face, conforme o grau de constrição do


pescoço.
2 - Petéquias pela face – pontilhado escarlatiniforme de Lacassagne.
3 - Equimose no pescoço (ação da mão do agressor).
4 - Escoriações no pescoço. (estigmas ungueais nas esganaduras
típicas).
5 - Sinais de ataque e de defesa.

B - Sinais internos:

1 - Sinais gerais de asfixia.


2 - Infiltrações hemorrágicas das partes moles do pescoço – mais
freqüentes que no estrangulamento.

3 – lesões dos vasos do pescoço (carótidas e jugulares) – são raras.

4 - Fraturas das cartilagens da laringe.

5 - Fratura do hióide e das cartilagens tireóide e cricóide– mais


freqüente que no estrangulamento.

69
SUFOCAÇÃO

É a asfixia mecânica provocada pela obstaculação direta ou indireta à


penetração do ar atmosférico nas vias respiratórias.

Sufocação Direta -

Por oclusão dos orifícios externos respiratórios (boca e/ou narinas) –

Um importante sinal poderá ser a presença de equimoses e escoriações


reproduzindo a forma das polpas digitais e das unhas, quando a mão é o oclusor

Por oclusão do faringe e do laringe

Oclusão criminosa

Oclusão acidental – é a modalidade mais freqüente. Crianças que colocam na


boca botões, bolinhas de gude, goma de mascar etc. Em adultos, por exemplo,
quando se ingere grandes pedaços de alimento sem as devidas cautelas.

Necrópsia: presença do corpo estranho no interior da via respiratória.

Sufocação Indireta - Consiste no bloqueio à expansão torácica


extrinsecamente (movimentos respiratórios). O mecanismo de morte por
crucificação é por asfixia indireta.

Máscara Equimótica de Morestin. No exame externo constata, ainda,


escoriações, equimoses, feridas contusas.

A necrópsia poderá apurar fratura dos arcos costais, lesões e roturas dos
pulmões, além dos sinais gerais de asfixia.

70
Asfixias Oxiprivas :

Confinamento - É a asfixia do indivíduo enclausurado em espaço


restrito ou fechado, sem renovação de ar atmosférico, por esgotamento de
oxigênio e aumento gradativo de gás carbônico.

Natureza jurídica: acidental (mais freqüente) e criminoso - ex. infanticídio,


aprisionamento de recém nascidos em malas.

Gases inertes - Ambientes saturados de gases inertes e pouco tóxicos


como butano, metano, propano, etc. que agem como bloqueadores mecânicos da
respiração.

Gases tóxicos -

Monóxido de carbono - resultante da combustão incompleta de carvão, descarga


de veículos a motor, explosões, fornalhas com chaminés insuficientes.
Sinais externos (asfixia por CO)
 rigidez precoce;
 face carminada;
 cianose vermelho clara das unhas, mucosas e pele;
Sinais internos;
 sangue fluido e rosado
 manchas de hipostases claras;
 pulmões rosados;

É realizada pesquisa de monóxido de carbono no sangue por meio de


espectoscopia e reações químicas especiais.

Soterramento - Ocorre quando o meio gasoso (ar) foi substituído por meio sólido
(terra, areia, farinha, etc.). Freqüente nos desabamentos, avalanches (acidental).

Exame externo: sinais gerais da asfixia;lesões traumáticas - fraturas,


contusões, entre outras;presença de material pulverulento ou sólido, como terra,
farinha, cal, gesso na face e boca.

71
Exame interno: presença de material pulverulento ou sólido, como terra,
farinha, cal, gesso no esôfago, estômago, brônquios, traquéia. É a confirmação do
diagnóstico de lesão intra vitam, pois indica que a vítima respirou e viveu durante
algum tempo após o soterramento.

AFOGAMENTO

 É o tipo de asfixia, na qual ocorre a troca do meio gasoso por meio líquido,
impedindo a troca gasosa necessária à respiração.
 Há penetração de grande quantidade de líquido nos pulmões através das
vias respiratórias (não especificamente a água)

 Afogamento Incompleto
 Para ocorrer o afogamento não é necessário que o corpo do indivíduo esteja
totalmente submerso, podendo ocorrer em áreas de pouca profundidade
como banheiras. No entanto, algum outro fator que não a profundidade
deverá impedir a vítima de inspirar fora do meio líquido (freqüente ação
criminosa).

 Afogamento Completo
 O corpo da vítima deve estar totalmente submerso.

 TIPOS DE AFOGAMENTO

 Afogado branco – quando a morte se dá sem que tenha havido a aspiração


do líquido. A morterte se dá, provavelmente, por parada cárdiorrespiratória
por inibição.
 Fatores que favorecem: temperatura muito baixa da água, queda de surpresa
na água, depressão dos centros nervosos por alguma substância, ex. álcool.

 Verdadeiro ou real – ocorre a aspiração de líquido.

 Fases do afogamento

 1 - Fase de luta – a vítima percebe o perigo iminente de se afogar, se debate,


buscando socorro. O período de duração é variável, dependendo de fatores
ambientais e pessoais.
 ferimentos nas mãos;
 roturas musculares, principalmente na região do pescoço, decorrente de
esforços intensos

72
 ingestão abundante de água. Na necrópsia encontra-se líquido no estômago
e nas alças iniciais do intestino delgado.

 2 – Fase de apnéia voluntária


 A vítima ao afundar prende a respiração. O esgotamento de oxigênio e o
acúmulo do gás carbônico leva à perda da consciência.

 3 – Fase da aspiração
 Como resultante da perda da consciência ocorre a aspiração líquida,
invadindo os alvéolos pulmonares.

 Afogamento em água doce


 A morte ocorre por fibrilação.

 Afogamento em água salgada


 Na água salgada a morte ocorre por intenso edema dos pulmões uma vez
que a água salgada é uma solução hiperosmolar em relação ao sangue.

 Diagnóstico de afogamento

 Um corpo encontrado submerso ou boiando não significa, necessariamente,


que a morte se deu por afogamento.
 diagnóstico da morte por afogamento : associação dos dados do histórico,
com os do exame do local e os achados necroscópicos.

 A - Sinais externos:

 1 - Pele anserina (arrepiada).


 2 - Cogumelo de espuma (boca, narinas).
 3 - Erosão nos dedos.
 4 - Resíduos minerais e/ou vegetais na pele e roupa.
 5 - Corpos estranhos sob as unhas.
 6 -Maceração epidérmica (palma das mãos e planta dos pés
rugosos).
 7 - Lesões de pele por “arrastamento” no fundo.
 8 - Lesões pós-mortais produzidas por peixes e crustáceos.

 B - Sinais internos :

 1 - Espuma traqueo-brônquica (podendo conter no interior da


luz brônquica, grãos de areia, fragmentos de algas, de lama).

73
 2 - Enfisema aquoso dos pulmões (aumentados em volume e
peso). Apresentam consistência de esponja molhada, aerada,
porém firme, com coloração cinza avermelhada mais escura
no afogado em água salgada e mais clara no afogado em água
doce.
 3 - Manchas de Paltauf (equimoses das superfícies pulmonares
que podem ser vistas macroscopicamente) no parênquima
pulmonar.
 4 - Estômago repleto de líquido (resultante da ingestão na fase
de luta. Não é sinal patognomônico de afogamento, mas é um
dado muito importante no diagnóstico deste tipo de morte).
 5 - Sinais gerais de asfixia.
 6 - Ausência de lesões traumáticas ou outras que justifiquem a
morte.

 C - Laboratório:

 1 - Plâncton presente nos alvéolos pulmonares.


 2 - Menor ponto crioscópico do sangue do ventrículo direito.

 D – Fenômenos cadavéricos nos afogados:

 1 - Rigidez muscular ocorre mais precocemente.


 2 – resfriamento do corpo é mais rápido do que na terra, e
depende diretamente da temperatura da água.
 3 – livores e hipostases aparecem mais cedo devido à fluidez
do sangue e sua cor é mais vermelha do que as outras formas
de asfixia, devido à baixa temperatura da água.

74
TANATOLOGIA

“A morte não é a ausência da vida: sim a sua interrupção definitiva”


(Knight).

Morte – interesse das ciências biológicas, jurídicas e sociais.

Conceito de morte:

Do ponto de vista médico morte é a cessação da vida (prognóstico de


irreversibilidade de um processo: a vida não mais há de retornar).

Morte celular – ocorre a cessação dos fenômenos vitais celulares, por ação de
agentes patogênicos ou fisiológicos. Pode ocorrer isoladamente ou em grupo
(necrose), nesse caso dependendo da extensão e da localização da necrose pode
ocorrer apenas uma cicatriz, ou a insuficiência funcional, ou a morte de um
organismo como um todo.

Morte do corpo – o corpo é composto por células, que formam tecidos, que
constituem órgãos, que integram aparelhos e sistemas. Cada segmento tem
funções. O corpo pode sobreviver sem algumas de suas funções. Há funções
vitais, que não podem ser suprimidas, sem que resultem na morte do indivíduo.
Podemos citar a respiração e a circulação.

Sob o ponto de vista biológico a morte não é um fato único, instantâneo. É


o resultado de uma série de processos, de uma transição gradual, visto a diferente
resistência vital das células, tecidos, órgãos e sistemas que integram um corpo à
privação do oxigênio. A medicina adotou a etapa de morte clínica como sendo o
critério que determina a morte.

Até o final da década dos anos 60 o conceito de morte era a cessação


irreversível da circulação e respiração (funções vitais). A irreversibilidade
baseava-se no fracasso de todas as tentativas de reanimação. Era inadmissível
considerar morto um indivíduo cujo coração ainda batesse.

75
Em 1967, na África do Sul foi realizado o 1º transplante cardíaco,
removendo o órgão quando ainda batia, rompendo, assim, uma barreira
conceitual. A partir deste marco o conceito que passou a vigorar foi o de morte
cerebral.

MORTE ENCEFÁLICA – parada irreversível de todas as funções de todo o


cérebro, incluindo o tronco cerebral.

Diagnóstico de morte – parada irreversível da respiração e da circulação ou


quando seja necessário diagnosticar a morte cerebral, afastando a possibilidade de
uma morte aparente. São preconizados testes para demonstrar a ausência das
funções cerebrais, ou parada cardíaca e respiratória.

Morte Aparente – Thoinot (1913) define como sendo um estado transitório em


que as funções vitais são “aparentemente” abolidas, em conseqüência de uma
doença, de um estado mórbido, acidentes, abuso de drogas depressoras do SNC
que simula a morte. Ocorre a queda da temperatura corpórea, rebaixamento das
funções cárdio respiratórias que oferecem ao simples exame clínico a aparência
da morte.

Observa-se a imobilidade, a ausência aparente da respiração e da


circulação.

CAUSA JURÍDICA DA MORTE

Natural – quando a morte ocorre devido à doenças, pelo processo de


envelhecimento

Não Naturais (VIOLENTAS)– resultam de fatores externos não relacionados


com a curva vital. São causadas pela ação de energias externas, recebendo a
denominação de violentas, podendo ser provocadas por acidentes, suicídio ou
crime.

76
Suspeita – verifica-se o aspecto inesperado e súbito da morte que poderá
dificultar o real conhecimento da causa. Pode ser uma doença de evolução
superaguda ou por ex. um suicídio. Deve ser realizada a necropsia para se saber
a real causa da morte.

Indeterminada – após investigação minuciosa não se consegue chegar a uma


conclusão quanto à sua natureza (se natural ou violenta).

Ex.: O encontro de uma ossada sem sinais de fraturas ou outras forma de


violência. O médico não pode dar a causa médica da morte nem as autoridades
podem chegar à natureza jurídica da morte.

Ex. Sabe-se que a morte não foi natural, mas não é possível classificar
qual das três formas de morte violenta ocorreu.

Necessidade da realização das necropsias forenses – oferecer o diagnóstico da


causa jurídica da morte (se é natural ou violenta). Mesmo nos casos em que
restam poucas dúvidas, tem de ser feitas obrigatoriamente, e por peritos oficiais,
por determinação do CPP. Não é atribuição do médico legista estabelecer o
diagnóstico.

Uma causa jurídica pode corresponder a várias causas médicas e que uma
causa médica pode ser provocada por qualquer causa jurídica. Ex. Pode-se
morrer assassinado com um tiro no coração, pulmão, pela ação de outros
instrumentos, ou, ainda, envenenado. Pode-se morrer assassinado, ou de forma
acidental, como também, tratar-se de um suicídio.

O diagnóstico diferencial das modalidades da causa jurídica apóia-se no


EXAME DE PERINECROSCOPIA e na NECROPSIA FORENSE

77
TANATOGNOSE

É a parte da Tanatologia Forense que estuda o diagnóstico da realidade da


morte. Após a morte o cadáver passa a exibir uma série de alterações que se
exteriorizam. Esse diagnóstico é tão mais difícil quanto mais próximo o
momento da morte, devendo o perito estar atento aos fenômenos cadavéricos:
abióticos (imediatos e mediatos ou consecutivos) e os transformativos
(destrutivos e conservadores).

Sinais abióticos (sem vida) imediatos

São precoces e se verificam tão logo o indivíduo deixe de viver.


São sinais que insinuam a morte (Croce):

PARADA DA CIRCULAÇÃO – deve ser irreversível. Verifica-se pela asculta


e eletrocardiograma com traçado isoelétrico, injeção de solução de fluoresceína
(se houver circulação surge fluorescência ocular e coloração amarela intensa na
pele e mucosas).

PARADA DA RESPIRAÇÃO - deve ser irreversível. A falta de respiração é


pesquisada pela asculta torácica por pessoa experiente.

Outros sinais:

PERDA DA CONSCIÊNCIA;

IMOBILIDADE,

INSENSIBILIDADE,

ABOLIÇÃO DO TÔNUS MUSCULAR,

FÁCIES HIPOCRÁTICA (palidez intensa, olhos fundos, afilamento nasal,


temporas deprimidas e rugosas, lábios caídos)

RELAXAMENTO DOS ESFINCTERES

78
SINAIS ABIÓTICOS MEDIATOS (OU CONSECUTIVOS)

EVAPORAÇÃO TEGUMENTAR – após a morte inicia-se a desidratação pela


evaporação. Como conseqüência ocorre a perda de peso, pergaminhamento da
pele, dessecamento da mucosa, achatamento do globo ocular, perda da
transparência da córnea;

EQUILÍBRIO TÉRMICO – mais conhecido como resfriamento do corpo,


ocorre, na verdade, um processo de equilíbrio das temperaturas corpórea e do
meio ambiente. Se a temperatura ambiente for menor, ocorre o resfriamento do
corpo, se maior ocorre o aquecimento do corpo.

HIPÓSTASE – devido à ação da gravidade, o sangue que não mais circula


ocupa as posições mais baixas do corpo. A localização da hipóstase depende da
posição do cadáver. Inicia-se precocemente, após aproximadamente 10 minutos
após a morte. Cerca de duas a três horas já é bem visível e sua fixação se dá
entre oito e onze horas. Depois da fixação, a sua posição pode revelar se houve
deslocamento do cadáver.

RIGIDEZ CADAVÉRICA – ou rigor mortis. Sinal de grande valia para o


diagnóstico da realidade da morte. Deve-se à perda do tono, elasticidade e
flexibilidade dos músculos. A rigidez é explicada pela acidificação muscular que
desaparece com a putrefação. Inicia-se pela face, pálpebras, mandíbula e nuca,
seguindo aos músculos do tronco, membros superiores e por último os membros
inferiores, desaparecendo, depois na mesma ordem que surgiu. A rigidez é tanto
mais rápida quanto maior a desidratação do cadáver.

Espasmo cadavérico ou rigidez cataléptica é uma forma específica de


rigidez instantânea, sem o anterior relaxamento muscular que precede a rigidez.
O indivíduo é acometido subitamente pelo espasmo, mantendo a posição na hora
da morte.

79
MANCHA VERDE ABDOMINAL – Surge entre 16 e 20 horas após a morte,
indicando o início da putrefação. Localiza-se na fossa ilíaca direita, onde se
localiza o primeiro segmento do intestino grosso, o ceco. A coloração se deve à
formação de hidrogênio sulfurado, que transforma a hemoglobina em
sulfoxihemoglobina.

FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS

São resultantes de alterações tardias tão. Compreendem os fenômenos


destrutivos e os conservadores. São considerados sinais de certeza da realidade
de morte.

DESTRUTIVOS –

A) Autólise – após a interrupção da circulação cessam as trocas nutritivas


intracelulares, determinando a lise dos tecidos, seguida da acidificação, com
diminuição do ph (a vida só é possível em meio neutro), resultando os
fenômenos intra e extra celulares de decomposição. As membranas celulares se
rompem e flocula o citoplasma. Afeta precocemente os cadáveres de recém-
nascidos

B) Maceração – ocorre quando o indivíduo morre afogado ou é lançado no


meio líquido após a morte (maceração séptica) ou quando o feto fica retido na
matriz após o falecimento da mãe (maceração asséptica). Na maceração séptica
há a contaminação com os microrganismos do meio. Por isso esse fenômeno
coexiste com a putrefação.

Inicialmente há o enrugamento da pele, seguido do descolamento da


epiderme (nas mãos dedos de luva), do amolecimento dos tecidos, seguido do
desprendimento de fragmentos. Os tecidos e órgãos perdem sua consistência
natural, coloração e características estruturais.

C) Putrefação

80
Inicia-se após a autólise pela ação de micróbios aeróbios, anaeróbios em
geral, sobre o ceco (porção inicial do intestino grosso onde mais se acumulam
gases) com o aparecimento da mancha verde abdominal, a qual se difunde por
todo o tronco, cabeça e membros com coloração verde enegrecida. A putrefação
depende de vários fatores:

Idade – é mais rápida nas crianças;

Presença de ar – presença de microrganismos aeróbios. Mas há também os


anaeróbios e os facultativos;

Umidade – é necessária, mas não deve ser exagerada;

Condições do solo – relacionadas com a temperatura e com a umidade;

Temperatura – é mais rápida em temperaturas elevadas;

Causa mortis e constituição do indivíduo.

Períodos da Putrefação

1 – Período de coloração ou manchas - começa com a mancha verde abdominal.


Persiste até aproximadamente o 7º dia da morte.

2 – Período gasoso – os gases internos da putrefação migram para a periferia


provocando o aparecimento de flictenas. O cadáver se apresenta deformado,
inchado em conseqüência dos gases. O rosto, o pescoço, o pênis e o escroto
aumentam de volume. A língua e os lobos oculares se projetam para fora. Na
mulher grávida, os gases chegam a expulsar o feto e projetar o útero para fora e
o ânus se entreabre evertendo a mucosa retal.

Circulação póstuma de Brouardel – curioso desenho na pele decorrente da


compressão cardiovascular que emigra o sangue para a periferia.

Esse período dura, em média, duas semanas, podendo chegar a três.

3 – Período coliquativo – ocorre a liquefação dos tecidos, isto é, a dissolução


pútrida das partes moles dos cadáveres pela ação conjunta de bactérias e da

81
fauna necrófaga (fauna cadavérica composta de larvas e insetos). Os gases se
evolam, o odor é fétido e o corpo perde gradativamente a sua forma. Seu período
de duração poderá variar de um a vários meses, dependendo das condições de
resistência do corpo e do local da inumação. Termina pela esqueletização.

4 – Esqueletização – a ação do meio ambiente e da fauna cadavérica destrói os


resíduos tissulares, inclusive os ligamentos articulares, expondo os ossos e
deixando-os completamente livres um dos outros e de seus ligamentos,
tornando-os leves, frágeis e ás vezes quebradiços. A esqueletização completa
varia de alguns meses a alguns anos.

CONSERVADORES – São processos naturais que conservam o cadáver. Não


confundir com a conservação temporária pelas baixas temperaturas ou pelo
embalsamamento.

Mumificação – pode ser total ou parcial. Ocorre quando o cadáver está exposto
em ambiente seco, quente e bem ventilado. A desidratação é rápida e não
umidade adequada para o desenvolvimento das bactérias de putrefação. O corpo
apresenta peso reduzido em até 70%, com pele apergaminhada, de coloração
cinza escurecida, endurecida, assemelhando a couro curtido.

A ventilação é necessária para evitar a formação de vapor d’água que


cessaria a evaporação.

Saponificação - pode ser total ou parcial. Ocorre devido ao excesso de umidade,


ausência de movimentos do ar na presença de terrenos argilosos, impermeáveis.
Os tecidos cadavéricos são transformados em adipocera, substância amarelo
escura de aspecto caseoso, mole como sabão. É conhecida também como a
gordura dos cadáveres. Quando exumado apresenta odor de queijo rançoso,
devido a alteração da gordura, em contato com o ar. Fatores individuais que
contribuem para o seu surgimento: baixa idade, obesidade, degenerações

82
decorrentes de intoxicação por fósforo e álcool. As condições ambientais são
necessárias para o aparecimento do fenômeno.

NECROSCOPIA

Também conhecida como tanatoscopia, necropsia e autópsia


(denominação imprópria, pois significa auto observação).

É o exame do cadáver em todos os seus aspectos e partes, e a verificação


do estado de cada uma dessas partes, com o intuito de determinar a causa mortis
e esclarecer outros fatos a ela relacionados. É o exame em que o perito colhe
elementos e informações valiosas para o esclarecimento da justiça.

Deve ser realizada por dois peritos médicos.

As necropsias devem ser realizadas em locais adequados, estando os peritos


e os auxiliares devidamente paramentados e munidos de instrumental adequado.

Compreende dois grandes tempos:

A - inspeção externa – exame das vestes (cor, forma manchas, inscrições, ...), dos
objetos que acompanham o cadáver. Após a remoção das vestes passa a descrever
as características identificatórias (sexo, cor, estatura, idade aproximada, biótipo,
sinais característicos, impressões digitais), os sinais de morte observados e
descrição detalhada de cada parte do corpo (cabeça, pescoço, abdômen, membros,
órgãos genitais) descrevendo os sinais de violência que porventura encontrar.

B – inspeção interna – pesquisa nas cavidades tóraco-abdominal, cavidade


craniana, pescoço;canal raquidiano e medula.

Mencionar e diferenciar lesões vitais e pós-mortais

No caso do recebimento de ossadas, estas devem ser examinadas, quando


possível em laboratórios especializados, aparelhados para estudos de antropologia
forense.

83
Quesitos do exame tanatológico

1º Houve morte?

2º Qual a sua causa /

3º Qual o instrumento ou o meio que a produziu?

4º A morte foi produzida com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,


tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum?
(resposta especificada).

Dispositivos legais:

Código de Processo Penal

Art. 162: A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo
se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feitas
antes daquele prazo, o que declararão no auto.

Parágrafo único – Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame


externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as
lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de
exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante.

84
SEXOLOGIA FORENSE

Também conhecida como sexologia médico-legal é a parte da Medicina


Legal que se preocupa com a aplicação dos conhecimentos sexológicos aos
interesses do Direito.
No direito civil esses conhecimentos permitem compreender as razões dos
impedimentos matrimoniais de natureza médica (CC, art. 183, I, IV, IX, XII e
XIV), os casos de erro essencial de pessoa (CC, art. 218 e 219, I, III e IV) e de
investigação da paternidade.
No direito penal a sexologia se volta a diversos crimes: infanticídio (art.
123), aborto (124 usque 128), contágio (art. 130 e 131), estupro (art. 213),
atentado violento ao pudor (art. 214), posse sexual mediante fraude (art. 215),
atentado ao pudor mediante fraude (art. 216), sedução (art. 217), corrupção de
menores (art. 218), ultraje público ao pudor (art. 233 e 234), crimes contra o
estado de filiação (art. 241 e 243).

Direito Civil
Impedimentos matrimoniais:
Públicos – tornam o casamento nulo:
 Há o impedimento entre ascendentes e descendentes de parentesco legítimo
ou ilegítimo, natural ou civil, e colaterais até 3º grau. (pais e filhos – 1º
grau; avós e netos e irmãos – 2º grau, tios e sobrinhos – 3º grau; primos –
4º grau).
 Nos casos de pessoas já casadas

Privados – tornam o casamento anulável


 Por incapacidade de consentir: seja por perturbação mental, doença,
desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Também os casos de

85
coação e rapto (se o casamento ocorrer enquanto a raptada estiver em poder
do raptor).
 A idade – Maioridade Civil aos 18 anos conforme legislação atual. São
incapazes de consentir os menores de 14 anos.
 Casos de erro essencial

Proibitivos: por viuvez ou separação legal da mulher até dez meses depois
do início da viuvez ou da dissolução da sociedade conjugal, salvo se antes de findo
esse prazo der à luz algum filho. A finalidade dessa proibição é evitar que a um
filho tenha sua paternidade posta em dúvida – direitos sucessórios.

Erro essencial – art. 218:


I - Diz respeito à identidade do cônjuge, sua honra, sua boa fama: dizem
respeito à falsa identidade, homossexualidade, gravidez ignorada pelo marido
antes do casamento.
II - a ignorância, antes do casamento, de defeito físico irremediável ou de moléstia
grave ou transmissível, por contágio ou herança, capaz de por em risco a sua saúde
ou de sua descendência. São citadas as impotências coeundi masculina e feminina,
pois incapacita a cópula.
III - o defloramento da mulher, ignorado pelo marido.

Investigação da Paternidade
Provas de filiação
Não genéticas
Genéticas
Não sanguíneas – caracteres hereditários;
Sanguíneas – sistema ABO, MN, MNSs, Rh, HLA e atualmente o DNA

86
Direito Penal
Compreendem as perturbações da sexualidade que podem chegar a
constituir perversões, e não raras manifestações de alteração mental do
indivíduo que passa a ter comportamento imoral e cometer atos anti-sociais e até
cometer violência sexual com a prática de delitos como o estupro, o atentado
violento ao pudor, a corrupção de menores. É certo que existe uma correlação
entre os transtornos do instinto sexual e os delitos citados. Dessa forma iremos
mencionar os distúrbios da identidade sexual.
Perturbações da Sexualidade
 Transvestismo;
 Fetichismo;
 Homossexualismo;
 Transexualismo.
Outras perturbações: sadismo, masoquismo, sadomasoquismo, erotismo
(ninfomania e satiríase, priapismo), vampirismo (necrofilia, necrosadismo),
mixoscopia, zoofilia ou bestialidade,

DISTÚRBIOS DA IDENTIDADE SEXUAL

TRANSVESTISMO – transvestir significa transformar, disfarçar. Verifica-se a


roupagem cruzada, ou seja, o indivíduo faz uso de roupas do sexo oposto. Do
ponto de vista médico-legal interessa o estudo do transexualismo masculino, ou
seja, aquele que se transveste com roupas femininas, uma vez que está com
freqüência ligado à agressões sofridas por essas pessoas ou à agressão que estas
podem fazer a outras pessoas.
O transvestismos não é considerado uma entidade autônoma, estando ligado
ao homossexualismo ou de um estado intersexual.

87
HOMOSSEXUALISMO – é uma inversão sexual que se caracteriza pela atração
sexual por pessoas do mesmo sexo. Pode ser masculino ou feminino. O
homossexualismo é conhecido também como pederastia, sodomia e uranismo. O
homossexualismo feminino é conhecido como safismo, lesbianismo, tribadismo.
O homossexualismo.

FETICHISMO – indivíduo que apresenta desejos sexuais (que podem


desencadear orgasmo espontâneo ou masturbação) que surgem principalmente à
vista ou ao toque de determinados objetos ou de certas partes do corpo que não as
sexuais. Geralmente os objetos podem ser peças de roupas, sapatos, meias, ou
partes do corpo como pés, coxas, braços, cabelos, cicatrizes.

TRANSEXUALISMO - considerado o mais importante dos distúrbios sob o


ponto de vista individual, familiar, social e jurídico. Observa-se estados
intersexuais (hermafroditismo ou pseudo-hermafroditismo) que resultam em
alterações morfológicas, provocando perturbações funcionais e até mesmo
psíquicas. O pseudo-hermafrodita de um sexo é criado e educado segundo os
princípios que regem a criação e a educação de crianças do outro sexo.

PERTURBAÇÕES OU TRANSTORNOS DO INSTINTO SEXUAL


É uma modificação quantitativa ou qualitativa do instinto sexual, podendo
existir como sintoma numa degeneração psíquica ou como intervenção de
fatores orgânicos glandulares. Ex:
 Sadismo – a perversão deriva de ações depravadas de natureza erótica, em que
a satisfação sexual é atingida pelo sofrimento do parceiro. Podem resultar em
lesões corporais e até a morte.
 Masoquismo – o prazer erótico está na dependência do próprio sofrimento
físico ou moral. Podem resultar em lesões corporais e até a morte.
 Sadomasoquismo – perversão dupla: sofrer e fazer sofrer.

88
 Inversões – além do homossexualismo, exemplificamos:
Topo inversões - formas ectópicas de cópulas (felação, cunilíngua
(freqüentes em crimes de atentado violento ao pudor e corrupção de
menores).
Crono inversão – preferências sexuais por pessoas com diferença de idade
significativa.
Cromo inversões – preferência sexual por pessoas de outra cor. Não deve
ser considerada alteração a não ser que resulte em estupros.
 Erotismos – a freqüência com que se manifesta o desejo sexual depende de
fatores individuais, da idade, de condições de normalidade física e mental, da
fadiga, do estimulo que emana do parceiro, entre outros. Há situações
consideradas patológicas como o exagero da manifestação sexual:
Ninfomania – sexo feminino;
Satiríase – sexo masculino.
Priapismo – ereção persistente. Não há o desejo sexual. Os casos de
estupro resultante desta alteração resultam, muitas vezes, na necessidade
que o indivíduo tem de se livrar do sofrimento físico causado pela ereção,
bem como o leva a praticar seguidas masturbações, às vezes em público.
 Vampirismo – caracteriza o crime de vilipêndio ao cadáver.
 Necrofilia – quando há a cópula com cadáver;
 Necrosadismo – há a mutilação do cadáver para a excitação sexual.
Mixoscopia – satisfação sexual obtida pela contemplação do ato sexual.
 Zoofilia ou Bestialidade – prática sexual com animais. Poderá caracterizar
ultraje público.

CRIMES DECORRENTES DA VIOLÊNCIA SEXUAL


VIOLÊNCIA EFETIVA – há evidente superioridade de força ou pluralidade de
agressores, ou ainda, com o emprego de meios capazes de privar ou perturbar o
entendimento da vitima. Apresenta-se sob duas modalidades: violência efetiva

89
física e violência efetiva psíquica (vítima embriagada, anestesiada, ação de
drogas).
VIOLÊNCIA PRESUMIDA
Incapacidade de consentir – menor de 14 anos, alienações mentais,
oligofrenia;
Incapacidade de resistir – impossibilidade de oferecer resistência: perda
da consciência, embriaguez (alguns autores consideram violência efetiva
psíquica), deficiência motora.

DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL - CÓDIGO PENAL


Estupro

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter


conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
libidinoso:

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é


menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.

§ 2o Se da conduta resulta morte:

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos." (NR)

"Violação sexual mediante fraude

Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém,
mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de
vontade da vítima:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem


econômica, aplica-se também multa." (NR)

"Assédio sexual

90
Art. 216-A. ....................................................................

..............................................................................................

§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito)


anos." (NR)

"CAPÍTULO II

DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL

Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de


outrem:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Parágrafo único. (VETADO)." (NR)

"Ação penal

Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se
mediante ação penal pública condicionada à representação.

Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública


incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável."
(NR)

"CAPÍTULO V

DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE

PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE

EXPLORAÇÃO SEXUAL

.............................................................................................

Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual

Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração


sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

91
§ 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge,
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se
assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.

..................................................................................." (NR)

"Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que


ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do
proprietário ou gerente:

..................................................................................." (NR)

"Rufianismo

Art. 230. ......................................................................

.............................................................................................

§ 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o


crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge,
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem
assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

§ 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro


meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente


à violência." (NR)

"Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual

Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que


nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a
saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro.

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.

§ 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa


traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la,
transferi-la ou alojá-la.

92
§ 2o A pena é aumentada da metade se:

I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos;

II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário


discernimento para a prática do ato;

III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge,


companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se
assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
ou

IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.

§ 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se


também multa." (NR)

"Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual

Art. 231-A. Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território


nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

§ 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou comprar a


pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la,
transferi-la ou alojá-la.

§ 2o A pena é aumentada da metade se:

I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos;

II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário


discernimento para a prática do ato;

III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge,


companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se
assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
ou

IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.

§ 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se


também multa." (NR)

93
Art. 3o O Decreto-Lei no 2.848, de 1940, Código Penal, passa a vigorar
acrescido dos seguintes arts. 217-A, 218-A, 218-B, 234-A, 234-B e 234-C:

"Estupro de vulnerável

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de
14 (catorze) anos:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com


alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência.

§ 2o (VETADO)

§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.

§ 4o Se da conduta resulta morte:

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos." "Satisfação de lascívia


mediante presença de criança ou adolescente

Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou


induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
satisfazer lascívia própria ou de outrem:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos." "Favorecimento da prostituição


ou outra forma de exploração sexual de vulnerável

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de


exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade
ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato,
facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.

§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se


também multa.

§ 2o Incorre nas mesmas penas:

94
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de
18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste
artigo;

II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as


práticas referidas no caput deste artigo.

§ 3o Na hipotese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatorio da condenacao


a cassacao da licenca de localizacao e de funcionamento do estabelecimento." "

CAPITULO VII

DISPOSIÇÕES GERAIS
Aumento de pena

Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada:

I - (VETADO);

II - (VETADO);

III - de metade, se do crime resultar gravidez; e

IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima doença


sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador." "Art. 234-
B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em
segredo de justiça." "Art. 234-C. (VETADO)."

Art. 4o O art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, Lei de Crimes


Hediondos, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 1o ............................................................................

..............................................................................................

V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);

VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o);

...................................................................................................

..................................................................................." (NR)

Art. 5o A Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, passa a vigorar acrescida do


seguinte artigo:

95
"Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos,
com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas
ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de
bate-papo da internet.

§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no


caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei no
8.072, de 25 de julho de 1990."

Art. 6o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 7o Revogam-se os arts. 214, 216, 223, 224 e 232 do Decreto-Lei no 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, e a Lei no 2.252, de 1o de julho de
1954.

Brasília, 7 de agosto de 2009; 188o da Independência e 121o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Tarso Genro

Outros crimes:
Art. 215 - Posse sexual mediante fraude (honesta)
Art. 216 - Atentado ao pudor mediante fraude
Art. 216 – A - Assédio Sexual
Art. 217 – Sedução (revogado)
Art. 218 – Corrupção de menores
Art. 219 –Rapto violento ou mediante fraude (revogado) até Art. 222.

96
ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS DA CONJUNÇÃO CARNAL

Sinais da Conjunção Carnal


 Sinais Incertos ou Duvidosos – estão geralmente presentes após um
congresso sexual ex.
Hemorragias – decorrentes do rompimento do hímen (não é um dado seguro,
pois pode a mulher não ser mais virgem ou o rompimento não causar
hemorragia).
Dor - é um elemento subjetivo, não há como comprova-la;
sinais de violência – muito importantes: podem ser encontrados nas regiões
genitais, perivulvares e em outros lugares. São freqüentes as escoriações, as
equimoses, contusões (comum encontrar marcas de unhas e dentes);
contaminação venérea – alegação do contágio – pode não ser a realidade, pois
pode ter adquirido a moléstia em outra época, antes ou depois do evento
(exames clínicos e bacteriológicos).

 Sinais de certeza da conjunção carnal


Rotura do hímen – após a rotura inicia-se o processo de cicatrização. Se a rotura
é recente há sinais de traumatismos, estando os retalhos edemaciados, vermelhos
e sangrantes. Quando a rotura é antiga (mais de 3 semanas) há a cicatrização
completa.
Esperma na vagina – nem sempre é positivo, pois algum tempo após a cópula
pode não encontra-lo mais.
Gravidez –

97
ASPECTOS MÉDICO LEGAIS DA GRAVIDEZ

Para o diagnóstico da gravidez devem ser analisados:


a) anamnese e histórico do caso;

b) exame direto da paciente;


Pesquisa dos sinais precoces ou de probabilidade;
 Alterações morfológicas e funcionais do aparelho genital.
 Alterações uterinas: modificações de volume, forma, consistência e situação.
A altura do útero, medida desde a sínfise púbica, poderá estimar o tempo de
gravidez.
 Alterações pigmentares:
presença do cloasma gravídico, mancha castanho amarelada, de contornos
irregulares, localizada na face. Surge aproximadamente no terceiro mês de
gravidez e desaparece no puerpério (em alguns casos pode persistir).
Pigmentação da linha alba – linha que se estende da cicatriz umbilical até o
púbis, torna-se escura e acastanhada durante a gravidez.
 Alterações mamárias – aumento de volume, pigmentação da aréola, aumento
da circulação periférica, secreção de colostro (freqüente e precoce nas
multíparas).
 Cessação da menstruação – amenorréia.

c) exames complementares
 Método de imagem – ultra-som por ser inofensivo ao embrião (antigamente se
usava raios X). Permite a visualização do saco gestacional a partir da 5ª semana
e do embrião na 7ª ou 8ª semana.
 Métodos imunológicos – pesquisa de hormônios (gonadotrofina coriônica) na
urina e no sangue.

98
Não deve ser esquecida a necessidade desses exames nos casos de
simulação, dissimulação da gravidez, bem como nos casos de ignorância da
gravidez (ex. alienação mental).
A gravidez dura, sob o ponto de vista obstétrico 280 dias (40 semanas),
contados a partir do 1º dia da última menstruação, podendo ser considerada uma
gravidez normal de 37 a 42 semanas. Considera-se o prazo mínimo para para
que um feto seja considerável viável 196 dias e o máximo 294 dias (os limites
legais, conforme os art. 338 e 183, IX do CC são 180 e 300 dias,
respectivamente).
Parto e Puerpério
Parto - processo pela qual há a expulsão do feto. Pode ser prematuro quando o
feto não é considerado a termo e sim viável. A expulsão do feto antes da
viabilidade será o aborto.
Puerpério – é o período pós-partum até o útero voltar ao seu estado normal,
durando aproximadamente 45 dias.
Importância médico legal do diagnóstico do parto e do puerpério.
Parto recente - colo entreaberto (volta ao normal na 6ª semana), tamanho do
útero, coloração dos lóquios (secreção sanguinolenta que vai se tornando mais
clara, desaparecendo em torno do 12º dia.
Parto tardio – tamanho, forma do útero, forma do colo.
Mulher nulípara -
Mulher primípara e multípara

Aborto – exame pericial demonstra dificuldades na caracterização da


provocação do aborto. Nos casos que resultam em complicações graves, até com
a morte da gestante é que fica mais fácil penalizar os responsáveis.
Questionamento das autoridades em casos de aborto criminoso:
Se havia gravidez
Se houve aborto

99
Se foi provocado
Em que época ocorreu
Que outras lesões ocorreram

O estado puerperal poderá exercer influência sobre o estado mental da mulher,


podendo ocorrer psicoses puerperais, como a psicose maníaco depressiva ou
esquizofrenia, que se instalam por encontrar condições favoráveis como a
exaustão, alterações hormonais e psicológicas. Esse transtorno poderá durar
alguns minutos ou mais, nunca ultrapassando 36 e 48 horas. Regride sem
tratamento. Na perícia deve-se avaliar a recentidade do parto.

Infanticídio – ato de matar a mãe o próprio filho, sob a influência do estado


puerperal, durante o parto ou logo após (art 123 do CP). Faz-se provas de vida
no filho (prova mais freqüente: docimasia hidrostática de Galeno).

100
PSIQUIATRIA FORENSE
CONCEITOS BÁSICOS

MEDICINA LEGAL

É a parte normativa e não preventiva ou curativa da medicina, que


consiste basicamente no conhecimento médico e biológico do homem em tudo que
possa interessar à Justiça. Trata-se de uma ciência, que tem, exatamente porque é
uma ciência, linguagem própria, tecnicamente correta em relação às ciências e, ao
mesmo tempo acessível àqueles que das informações tem de servir-se para melhor
elaborar as normas e bem aplicá-las, visando a realização da justiça. Tem método
próprio, que se coaduna perfeitamente a um enfoque específico, diverso daquele que
caracteriza a Medicina curativa ou preventiva. Cabe ao médico legista colher e
interpretar dados relativos a fenômenos que se passam com o ser humano, que são
freqüentemente os mesmos de que cuida a patologia humana com o escopo de
fornecer subsídios, esclarecimentos adequados e pertinentes às solicitações
formuladas pela Justiça. (Prof. Dr. Armando Canger Rodrigues).

PSIQUIATRIA FORENSE

É um ramo da Medicina Legal que se propõe esclarecer os casos em


que alguma pessoa, pelo estado especial de sua saúde mental, necessita
consideração particular perante a Lei.

CRÍTICAS À PERITAGEM PSIQUIÁTRICA

1ª Subjetividade dos Juízos Clínicos

Não somente os juristas, como muitos médicos, criticam os psiquiatras pela subjetividade de

seus juízos clínicos já que não podem demonstrar, mediante determinados métodos de exploração, a

existência de sinais clínicos objetivos das psicoses.

101
2ª Valorização dos Testes Psicológicos

Independente da utilização clínica dos métodos psicológicos, no que


respeita à peritagem forense psiquiátrica, em alguns casos é indispensável,
atualmente, proceder ao estudo da personalidade mediante métodos que demonstrem
objetivamente sua estrutura e alterações. (principalmente a Prova de Rorschach
e o Exame Neuropsicológico de Luria) Entretanto, desde o ponto de vista clínico, no
diagnóstico psiquiátrico, tem muito maior importância a interpretação clínica da
conduta do sujeito que suas reações ante os métodos de investigação psicológica. O
que pode e deve preocupar o psiquiatra forense é a compreensão das respostas
mórbidas da personalidade aos agentes externos ou endógenos.

3ª Imprecisão do Diagnóstico

Tal crítica seria injustificada se os peritos fossem sempre autênticos


psiquiatras, dotados de profundo conhecimentos teóricos e de vasta experiência
clínica. Lamentavelmente não é o que ocorre. As perícias feitas por “ psiquiatras de
gabinete”, assim denominados A. Vallejo Nágera , são fatais, pois sua “ ignorância
teórica, unida à inexperiência clínica, lança-os ao fácil terreno da especulação e da
divagação” inadmissíveis em medicina legal, servindo seus laudos de base a
sentenças judiciais que causam grandes danos morais, sociais e econômicos em
muitos casos. Mais grave ainda são os laudos psiquiátricos elaborados por médicos
de outras especialidades.

4ª Obscuridade da linguagem

O perito deve ter em mente que fala a profanos em Psiquiatria e


Medicina, motivo pelo qual o relatório médico-legal deve expressar-se com clareza,
evitando, na medida do possível, o uso de termos técnicos.
A relação entre o perito e o sujeito, segundo pondera Laundry, fica comprometida em
razão de:
1º - O perito estar desligado do segredo médico para com a Justiça.

102
2º- O examinado se vê privado do direito da livre escolha, mesmo que ele próprio
tenha solicitado o exame..
3º - O exame médico é desviado de sua intenção habitual, terapêutica ou preventiva

ESQUEMA PROPOSTO PARA UM CURSO DE PSIQUIATRIA FORENSE

1 . HISTÓRICO.

2 . CONCEITOS BÁSICOS.

3 . A PERÍCIA PSIQUIÁTRICA.

a) Direta.

b) Indireta.

4 . A PERÍCIA PSIQUIÁTRICA NO:

A) Direito Penal.

B) Direito Civil.

C) Direito do Trabalho.

D) Direito Administrativo.

E) Direito Militar.

F) Direito Canônico.

G) Criminologia.

5 . MODALIDADES DE PERÍCIA PSIQUIÁTRICA:

103
1 - Direito Penal:

1.1 - Verificação da capacidade de imputação nos incidentes de


Insanidade Mental.

1.2 - Verificação da capacidade de imputação nos incidentes de


farmacodependência.

1.3 - Exames de Cessação de Periculosidade nos sentenciados à


medida de segurança.

1.4 - Avaliação de transtornos mentais em casos de lesão corporais e


crimes sexuais.

2 - Direito Civil :

2.1 - Avaliação da capacidade de reger sua pessoa e administrar


seus bens. Perícia nas ações de Interdição de direitos.

2.2 - Perícia nas ações de anulações de atos jurídicos.

2.3 - Avaliação da capacidade de testar.

2.4 - Anulações de casamentos e separações judiciais litigiosas.

2.5 - Perícia em ações de modificação de guarda de filhos.

2.6 - Avaliação da capacidade de receber citação judicial.

2.7 - Avaliação de transtornos mentais em ações de indenização


e ações securitárias.

3 - Direito do Trabalho :

104
3.1 - Avaliação da capacidade laborativa nos acidentes do traba-
lho com manifestações psiquiátricas.

3.2 - Classificação e caracterização das seqüelas psíquicas nos


traumatismos craneo-encefálicos para fins de indenização.

3.3 - Avaliação da capacidade laborativa nas doenças profissio-


nais com manifestações psiquiátricas.

3.4 - Avaliação da capacidade laborativa nas doenças decorren-


tes das condições do trabalho com manifestações psiquiátri- cas.

4 - Direito Administrativo :

4.1 - Avaliação psiquiátrica em faltas cometidas contra a Adminis-


tração pública ou privada.

4.2 - Avaliação psiquiátrica para concessão de licença para tra-


tamento de saúde ou aposentadoria por doença mental.

5 - Direito Militar :

5.1 - Reconhecimento prévio das pessoas incapazes de ingressar


nas Forças Armadas por alterações psiquiátricas.

5.2 - As reformas por doenças mentais.

5.3 - A perícia psiquiátrica nos crimes militares.

6 - Direito Canônico :

6.1 - Avaliação da capacidade de contrair matrimônio ou receber


sacramentos.

105
7 - Criminologia:

O psiquiatra como parte integrante da equipe multidisciplinar nos exames


criminológicos previstos na Lei de Execução Penal.

6 - A simulação, dissimulação, supersimulação e pré-simulação em Psiquiatria


Forense.

7 - Limites e Modificadores da Capacidade de Imputação e da Capacidade Civil.

LEGISLAÇÃO PENAL

Artigo 26

É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento


mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em


virtude de perturbação da saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto
ou retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

“ ..... a posição do agente perante a lei penal se define, então, nos três
momentos: imputabilidade, culpabilidade e responsabilidade penal.
Imputabilidade, que é a capacidade de entender e de querer; culpabilidade que é
aquele vínculo psíquico suficiente para prender o agente, imputável ao fato, como seu
autor; e responsabilidade, que é o dever jurídico que incumbe ao imputável, culpado
de determinado fato punível, de responder por ele perante a ordem de Direito.” Aníbal
Bruno

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Sequência do Processo Penal:

1 - Crime.

2 - Início do Processo Criminal.

3 - Existe suspeita sobre a sanidade mental do agente?

A) Não . O processo continua até a condenação e cumprimento da pena


ou absolvição.

B) Sim . Susta-se o andamento do processo e instau ra-se o Incidente de


Insanidade Mental requerendo- -se a

4 - Perícia Psiquiátrica que pode concluir pela:

A) Plena imputabilidade do agente - Processo conti- nua.(item 3A)

B) Semi - imputabilidade do agente - Processo conti - nua podendo,


em caso de condenação, o Juiz optar pela redução da pena de um a dois terços
ou, ab - solvição do réu com aplicação de Medida de Segu - rança.

C) Inimputabilidade do agente - O réu é absolvido e aplica-se a Medida de


Segurança.

ESQUEMA DE DESENVOLVIMENTO DE UM LAUDO DE SANIDADE MENTAL

1 - IDENTIFICAÇÃO.

2 - HISTÓRIA CRIMINAL: - Denúncia.

- Elementos colhidos nos Autos.

- Versão do acusado aos peritos.

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3 - ANAMNESE : - Antecedentes Pessoais.

- Antecedentes Heredológicos.

- Antecedentes Psicossociais.

4 - EXAME SOMÁTICO : - Geral.

- Especializado.

5 - EXAMES COMPLEMENTARES : - Eletroencefalografia.

- Tomografia computadorizada.

- Laboratório - Análises Clínicas.

- Radiologia.

- Exames Psicológicos.

- Outros exames.

6 - EXAME PSÍQUICO.

7 - DISCUSSÃO E CONCLUSÕES : Considerações Psiquiátrico-forenses.

Diagnósticos.

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8 - RESPOSTA AOS QUESITOS.

ESQUEMA DE DESENVOLVIMENTO DE UM LAUDO DE CESSAÇÃO DE


PERICULOSIDADE

1 - IDENTIFICAÇÃO .

2 - HISTÓRICO : PERÍCIAS ANTERIORES.

INTERNAÇÕES.

TRATAMENTOS REALIZADOS.

3 - ESTADO ATUAL : Descrição do estado mental do paciente.

4 - CONCLUSÕES : Considerações psiquiátrico-forenses.

Criminologia

Criminologia –► Ciência que estuda o crime e o criminoso como fenômeno


social e suas implicações jurídico penais.
Para Farias Júnior a Criminologia estuda:
 O homem criminoso, a natureza de sua personalidade e os fatores
criminógenos;

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 A criminalidade, suas diretrizes, o grau de sua nocividade social, a
insegurança e a intranqüilidade que ela é capaz de causar à sociedade e a
seus membros;
 Os meios capazes de prevenir a incidência e a reincidência no crime através
de uma política de erradicação do marginalismo, da profilaxia e da
recuperação do delinqüente para a sociedade.

Etiologia do crime (Fatores criminógenos):

● Causas exógenas ► influência do meio ambiente, fator sociológico, sócio-


econômico, entre outros.
Os fatores externos são aqueles que pela vida de relação, pela
situação ambiental da convivência, pelas manifestações
comportamentais e por outras circunstâncias evidentes, permitem
determinar as razões de um comportamento criminoso (Farias
Júnior).
● Causas endógenas ► Alterações de comportamento, fator biológico e
psicológico, defeitos cromossômicos que podem influenciar o comportamento.
Vários autores, entre eles César Lombroso os fatores biológicos ou
antropológicos são predominantes na influência do comportamento criminoso.

Na verdade não existe exclusividade de fatores endógenos ou exógenos, há


sempre a polifatoriedade da causa do comportamento criminoso.
Portanto:
O impulso criminoso ► Somatória das causas sociais, biológicas e psicológicas,
sendo diretamente vinculada a periculosidade do homem.
A criminologia se preocupa com os fatores endógenos e exógenos.

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Classificação de Delinqüentes (FERRI)

1. Natos ou Institivos – são aqueles que apresentam mais acentuadamente as


causas biológicas e psíquicas. São insensíveis moralmente, não
distinguindo a morte, o roubo, ou qualquer outro crime.

2. Loucos – são os alienados resultantes de estados patológicos.

3. Habituais – são aqueles que não tendo os caracteres do criminoso nato, são
dotados de fraqueza moral, começando pela prática de um crime ocasional
e por degenerescência mesológica (prisão, miséria, drogas) se corrompem,
praticando crimes semelhantes ao criminoso nato.

4. Ocasionais – estes se tornam delinqüentes por serem induzidos pelas


tentações das condições pessoais do meio físico e social. São pessoas que
não cometeriam crime se desaparecessem tais tentações.

5. Passionais – são indivíduos de conduta precedente honesta, mas são


arrebatados por um impulso que lhes tira a razão, em geral por motivo
amoroso ou por honra ferida. Confessam o delito com facilidade,
mostrando-se arrependidos e, nas prisões são pacíficos.

Os criminosos natos e os habituais formam a grande massa dos reincidentes.

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Para Hilário Veiga de Carvalho a terminologia dos criminosos corresponde à
seguinte denominação:

Mesocriminoso (puro)
Mesocriminoso preponderante;
Mesobiocriminoso;
Biocriminoso preponderante;
Biocriminoso (puro).

Vitimologia
É o campo da criminologia que estuda a figura da vítima na estruturação do
crime.
Para Farias Junior é a parte da Criminologia que estuda:
 O comportamento dos delinqüentes em relação às suas vítimas;
 O comportamento de suas vítimas em relação aos criminosos;
 Até que ponto a vítima concorreu para a produção do crime;

A vitimologia se destina a estudar a manifestação e o comportamento das


vítimas em relação aos delinqüentes e vice-versa, visando a análise, do ponto de
vista, biopsicossocial, na gênese do delito. Essa análise poderá ajudar a justiça no
julgamento da responsabilidade e culpabilidade e também da periculosidade.

Vitimizador ► autor do crime


Vitimizado ► vítima propriamente dita
►O vitimizado poderá ser o vitimizador de amanhã

Formas de vitimização:
Individual ► criminoso e vítima
Institucional ► esquadrão da morte

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Social ► linchamento
Infortunística ► auto mutilação nos acidentes do trabalho

Crime Organizado –► surge em decorrência da certeza de impunidade

Causas do Crime Organizado

▪ Falta de responsabilidade penal do menor infrator


▪ Morosidade da Justiça, desmoralização da Polícia e dos órgãos públicos, falência
do
▪ Sistema Penitenciário do Estado ( mecanismos de defesa em crise)
▪ Níveis de corrupção – Poder judiciário, Policiais, Políticos
▪ Falta de Eficácia da Lei Penal

Efeitos do Crime Organizado:


▪ Na vítima ► Sensação de insegurança, medo
▪ No criminoso ► Reitera a prática criminosa e especialização do crime

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