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MEDICINA LEGAL 👍

aula 19.04
introdução à disciplina e case
➡Bibliografia: não está disponível na biblioteca, porém, a professora recomendou alguns
livros que estão na biblioteca virtual:
-Medicina Legal - Genival França (aulas baseadas neste); Manual de Medicina Legal -
Dalton Croce.
➡Atividades avaliativas:
-Prova 1 (08/04): discursiva - 30%
-Prova 2 (17/06): alternativa - 30%
-AMC - 10%
-Aprova UNASP - 10%
-Resenhas críticas de filmes - 20% (Resenha de Documentário “Amanda Knox” e Filme “A
condenação”)

aula 26.02
introdução à medicina legal

➡Medicina Legal e Tecnologia


-Teste Genético: procedimento pago onde você passa um cotonete na bochecha para extrair
genes, e o laboratório competente pega esses genes para descobrir o percentual de chance
que você tem para adquirir doenças genéticas advindas de seus ancestrais.
-Proteção de dados no teste genético: será que esses dados dos pacientes podem ser
divulgados?
➡Conceito
• De acordo com Ambroise Paré, a Medicina Legal é a “arte de fazer relatórios em
juizo”.
• Para Adelon "é a medicina considerada em suas relações com a existência das leis a
administração da justica".
• Para Buchner "é a ciência do médico aplicada aos fins da ciência do direito.
• Genival França: “Em suma, a Medicina Legal é a contribuição da medicina, e da tecnologia e
outras ciências afins, às questões do Direito na elaboração das leis, na administração
judiciária e na consolidação da doutrina."
➡Realidades na Antiguidade
-Quem governava? Sacerdotes que usavam justificativas divinas, e eram ao mesmo tempo
legisladores, juízes e médicos.
-Quem ficava doente nessa época, era considerado pecador. Se já nascia com a doença, era
considerado filho de pecador
-O que se sabia sobre o corpo humano? Nada. Ninguém procurava explicações, tudo
acontecia porque os deuses queriam
-Vivissecção e necropsia eram proibidos. Quem mexia em cadáveres era considerado bruxo,
pois o único motivo conhecido para fazer isso, seria para rituais e etc
-Como se julgava crimes sexuais no Egito, por exemplo?
O suspeito era amarrado em uma cama dentro de uma sala do templo. Se ele apresentasse
ereção diante da visão de virgens dançando nuas ou com roupas transparentes, era
condenado.
-Mulheres criminosas, que estavam grávidas, não passavam pelo suplício (suplício era a
forma como a pena era aplicada, ou seja, no corpo. ex. cortava a mão do ladrão).
• Babilónia - =1772 a.C.
Código de Hamurábi
Legislação penal mais antiga.
• Normas de relação entre Medicina e Direito.
• Índia - Código de Manu (a.C.)
• Proibia que crianças, velhos, embriagados, débeis mentais e loucos pudessem ser ouvidos
como testemunhas.
ROMA = primeiro registro de um exame médico de uma vítima de homicídio
autópsia: morte de Júlio César, em 44 a.C. (aquele que foi morto com vários golpes de facada,
cada um deu um golpe)
Foi constatada a presença de 23 golpes, dos quais apenas um era mortal. César morreu por
hemorragia.
CHINA IMPERIAL - dinastia Song:
• Leis Imperiais do séc. IX = em casos de homicídios aparentes ou lesões causadas por
violência, era necessário conduzir uma investigação.
• Livro com informações importantes e descrição de casos.
Entomologia Forense - uso dos insetos para desvendar crimes
-Caso Interessante: um homicídio que ocorreu perto de um campo de arroz. Foi observado
que o corpo estava com golpes de foice, instrumento usado em campos de arroz. No dia após
o homicídio, o oficial que investigava o caso, reuniu todos os trabalhadores do campo, e
ordenou que todos colocassem suas foices no chão. Após um curto período de tempo, o
cheiro de sangue lavado atraiu moscas para uma foice específica. O dono da foice
prontamente confessou.
• IDADE MÉDIA = juízes passam a ouvir os médicos como testemunhas em casos de lesões
corporais, infanticídios, suicídios, estupros, impotências, etc. Porém, os juízes não eram
obrigados a ouvi-los.
• REALIDADE NA IDADE MÉDIA..
-Causas de Morte na Idade Média: a principal era Infecção. Pela falta de tecnologia para
tratar, e falta de higiene para evitar. Resfriadinhos, pestes, e partos também matavam muito.
• Período canônico (1200-1600)
-estabelecimento de perícias médico-legais
-Bula do Papa Inocêncio II, em 1219.
-Século XIV diversos casos na Europa envolvendo autópsias realizadas por médicos em casos
de mortes suspeitas.
➡Margarida de Portu
-Antigamente era muito comum homens mais velhos se casarem com mulheres mais novas.
Quando o homem morria, sempre culpava-se a mulher. Acusando de ter matado o marido, ou
envenenamento, ou bruxaria.
-Com o passar do tempo, passaram a chamar médicos para fazerem autópsia nos corpos. No
caso de Margarida, o médico constatou que seu marido não morreu por envenenamento. E
como essa era a suspeita, ela foi absolvida.
➡Caso Charles: o Audaz (Duque da Borgonha)
-Em casos de queda de avião, como os corpos e restos mortais se perdem, até mesmo
quando há incêndio, a única coisa que resiste é a arcada dentária. Existe um sistema
internacional que armazena dados dentários, então se a pessoa morta em um acidente onde
só resta a sua arcada dentária, já realizou algum Raio X na vida, ou procedimento que possa
identificar sua arcada, essa pessoa será identificada como vítima do acidente, e não morrerá
como indigente.
-No caso Charles, ele foi para uma batalha, morreu, e após 2 dias foram tentar encontrá-lo no
campo de batalha. Só conseguiram encontrá-lo porque ele era nobre, e portanto, tinha um
médico na família. esse médico conseguiu identificá-lo pois ele contava com a falta de alguns
dentes na arcada, e algumas cicatrizes de ferimentos tratados durante a vida.
Ambroise Paré - Considerado pai da Medicina Legal
• Idealizador de membros e olhos artificiais e do implante dentário em seus primórdios.
• Inventou instrumentos cirúrgicos e investigou a sífilis, indicando que esta poderia causar
aneurisma da aorta.
• Pioneiro na Homeostase em membros amputados (ligações de vasos). Esta técnica é
utilizada até hoje!
• IDADE MODERNA = 1602: Publicação de Fortunato
Fidelis, que destinava os estudos médicos a serviço da área jurídica. Fidelis fez autópsias em
afogados - afogamento acidental X criminoso.
• 1682 = Screyer cria o primeiro processo estandardizado na medicina legal: jogava pedaços
do pulmão na água, se afundasse tratava-se de natimorto, se boiasse, a criança teria nascido
viva.
-Docimasia Pulmonar Hidrostática - teste do pulmãozinho do bebê para saber se respirou
antes de morrer. Para fins jurídicos é necessário saber, para saber se adquiriu direitos, ou se
foi mero natimorto.

aula 04.03
-Caso Gouffé: Um certo médico achou um corpo, que, naquela época, não havia sido
armazenado e refrigerado da maneira correta, e ficou analisando-o durante 11 dias. Através
de algumas características do corpo, ele pôde identificar quem era o defunto, e como havia
morrido. Pela medida dos ossos, conseguiu definir a altura aproximada da pessoa, e por
lesões na parte superior da tireoide, constatou que a possível morte seria estrangulamento
violento. Verificou lesões na perna do corpo, e supôs que, pela lesão, a pessoa andava
mancando. Conseguiu identificar também a idade aproximada da pessoa, e todas as
informações bateram com os dados reais do soldado desaparecido, variando em
pequeníssimo grau.
- Dr. Lacassagne:
• Montou a cadeira de Medicina Legal na Universidade de Lyon, em 1880.
• Ele descobriu que as manchas que aparecem nos cadáveres eram devido ao sangue, por
gravidade, se deslocar para níveis inferiores. Pesquisou a fixação destas manchas, o rigor
cadavérico, o resfriamento cadavérico e várias técnicas para constatar a morte.
NOÇÕES HISTÓRICAS - Não cai na prova
a BRASIL = Primeira publicação apenas em 1814
Início dos estudos em 1832, com as faculdades de medicina no Rio de Janeiro.
-Agostinho José de Souza Lima - inaugura, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, o
primeiro curso prático de tanatologia forense.
-Raymundo Nina Rodrigues - inicia as fases da pesquisa científica médico-legal na Bahia.

OS DIAS ATUAIS
• A prática médico-legal brasileira é uma atividade oficial e pública, exercida nos Institutos
Médico-Legais (IML),
localizados nas capitais dos 26 Estados federativos e no DF, além de sua expansão no interior
do país nos chamados Postos Médicos-Legais.
• Vinculação aos órgãos de segurança pública.
-Discute-se que a prática da medicina legal precisa ser uma atividade autônoma que
se pautada na ciência e investigação, e desvinculada da polícia, para que não
interfiram.
• Movimentos a favor da autonomia da perícia médico-legal (Sociedade Brasileira de ML,
OAB, entidades de DH)

CLASSIFICAÇÃO DA MEDICINA LEGAL


-Histórico = fases evolutivas da ciência
Medicina Legal Doutrinária = temas subsidiários que sustentam e explicam certos institutos
jurídicos onde o conhecimento médico e biológico faz-se necessário.
d) Medicina Legal Filosófica = discute assuntos ligados à ética, moral e bioética médica.

Como era o teste de gravidez naquela época?


• Egito: não era apenas um teste de gravidez, era um teste de sexagem fetal! Disk
• As mulheres deveriam urinar em um saco de cevada e um saco de trigo farro e esperar. Se
crescer, está grávida. Se a cevada crescer, é menino. Se o trigo farro crescer, é menina. Se não
crescerem, não está grávida.
• Observação: O Instituto Nacional de Saúde dos EUA conduziu um estudo em 1963 e
verificou que este teste tem acurácia de cerca de 70%! Mas não em relação ao sexo do bebê.

PERÍCIA MÉDICO-LEGAL
• CONCEITO = conjunto de procedimentos médicos e técnicos que procuram esclarecer um
fato de interesse da Justiça. Pode ser:
a) Sobre um fato a ser analisado (perita percipiendi): Perícia Direta.
b) Sobre uma perícia já realizada (peritia deducendi): Perícia Indireta.
-Em ambos os tipos, teremos:
-Parte objectii = alterações ou perturbações encontradas nos danos avaliados. Vistos
por todos, não podem mudar. Fatos incontroversos.
-Isto pode levar a raciocínios divergentes e contraditórios, com o surgimento de
teorias e conceitos discordantes: Parte subjecti
Ex. (Caso Matsunaga) Temos certeza que o cara morreu, e que foi esquartejado. Portanto,
parte objetiva. Porém, não temos certeza se ele foi esquartejado ainda vivo, ou morto parte
subjetiva, o que pode levantar teses tanto pro lado da acusação quanto defesa.
A tese acusatória, poderia ser que ele ainda estava vivo, pois deu positivo o teste de água no
pulmão. A tese defensiva, poderia ser que uma pessoa morre quando acaba a atividade
cerebral, e não necessariamente quando o coração para de bater, ou outros órgãos falecem.
-Finalidade da Perícia:
-Produzir provas (elemento demonstrativo do FATO).
-Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será
assistido por PERITO.

A PROVA
SISTEMAS DE AVALIAÇÃO
• Sistema Legal ou Tarifado (usado antigamente)
- Cada prova tem seu valor, umas mais do que as outras, e dependendo de quais provas
estão presentes no processo, isso influenciava na decisão do juiz. A rainha das provas
era a confissão, a que valia mais que todas as outras.
- Julgamento por combate: também ocorria na época em que esse sistema era utilizado.
O réu e o acusado, ambos escolhiam alguém para lutar em seu favor, (ou si próprio), e
quem ganhasse, era considerado dono da verdade (considerando a parte religiosa, que
se ganhou, foi porque Deus deixou). Isso definia o processo
• Sistema da Livre Convicção
- O sistema do “decido de acordo com aquilo que eu me convenci”. Hoje em dia, o juiz
precisa fundamentar sua decisão .
- Hoje em dia ainda é usado, no Tribunal do Júri, o jurado tem sua livre convicção e não
precisa fundamentar isso.
• Sistema da Persuasão Racional
- A que vale atualmente

A PROVA - QUALIDADE!
o Disciplina Metodológica - Utilização de:
1. Técnicas médico-legais reconhecidas;
2. Meios subsidiários necessários e adequados para cada caso, com tecnologia atualizada.
- No caso Amanda Knox, as provas foram periciadas em laboratório com tecnologia
desatualizada.
3. Protocolo com roteiros objetivos e atualizados, tecnicamente garantidos pela prática
legispericial.

A PROVA - Médico-Legal
• Exigências - identificar e justificar!
• Quanto mais justificada, mais credibilidade.

• FUNDAMENTACÃO!
• Ou seja, o perito não deve apontar algo que não possa JUSTIFICAR!
- Regra que existe só na teoria, porque na prática, os laudos são bem diretos e não
justificam quase nada das alegações. Porém, há a chance de o advogado arrolar o
perito para ser ouvido na Audiência de Instrução, e explicar os motivos de ter chegado
em determinada conclusão que pôs no laudo.
• Problema no processo... Quem entende?

MATERIALIZAÇÃO DA PERÍCIA
• Laudos.
• Peças escritas, tendo por base material que foi examinado.
• Não é ATESTADO! O Atestado fornecido por médico particular não substitui o
LAUDO para comprovar materialidade em um processo criminal.

• Exceção: art. 77, I, Lei 9.099/95:


• § 1° Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência
referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do
corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova
equivalente

Corpo de delito = corpo DO delito.


Ou seja, esse exame não é realizado apenas no corpo (literalmente). Mas também na arma do
crime, ou qualquer outra coisa que componha o crime.

Perícias de Natureza Criminal


• Art. 20: No exercício da atividade de perícia oficial de natureza criminal, é assegurado
autonomia técnica, científica e funcional, exigido concurso público, com formação acadêmica
específica, para o provimento do cargo de perito oficial.

Art. 159, Código de Processo Penal:


O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de
diploma de curso superior
§1°: Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as
que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
-A lei traz essa brecha, porque não são todas as comarcas que possuem médico concursado
para a área, então, nesse caso, se aplica o dispositivo acima.

• As perícias podem ser realizadas nos VIVOS, NOS CADÁVERES, NOS ESQUELETOS, nos
ANIMAIS e nos OBJETOS.

VIVOS:
• Diagnóstico de lesões corporais;
• Determinação de idade, sexo; grupo étnico, paternidade, maternidade;
• Diagnóstico de gravidez, parto e puerpério;
- Para apurar crime de aborto ou infanticídio por ex.
• Diagnóstico de conjunção carnal ou atos libidinosos (crimes sexuais);
• Diagnóstico de doenças profissionais e acidentes do trabalho

CADÁVERES:
• Diagnóstico da causa da morte e da causa jurídica de morte;
• Diagnóstico do tempo aproximado de morte;
• Identificação do morto;
• Diagnóstico da presença de veneno em suas vísceras, retirada de projétil, etc.
ESQUELETOS:
• Identificação do morto;
• Causa da morte.

ANIMAIS: • Perícias mais raras. • Exemplo: animal que participe de uma luta pode
apresentar-se ferido ou morto, trazendo em seu corpo um projétil de arma de fogo,
tornando-se útil sua retirada para identificação da arma do agressor.
OBJETOS: • Identificação de pelos; exames de armas e projéteis; levantamento de impressões
digitais; pesquisas de esperma, leite, colostro, sangue, fezes, urina, saliva e mucosidade
vaginal, nas roupas, móveis ou utensílios.

Crime apresentado pela prof em sala, pelo YouTube.


“Submetidos à perícia, conclui-se que (os animais) apresentavam lesões perfurantes, bem
como hematomas subcutâneos e em parede torácica que causaram choque circulatório e
tamponamento cardíaco e, consequentemente, a morte dos animais, sendo descartada a
hipótese de causa natural. No mais, realizada análise toxicológica, comprovou-se que os
animais foram medicados com fármaco de uso controlado, sendo a morte, contudo,
decorrente da multiplicidade de perfurações dos grandes vasos e do coração.”
“O médico veterinário Paulo César Maiorka, responsável pela elaboração dos laudos periciais,
atestou que os animais, antes de serem mortos de forma lenta, dolorosa e cruel pela
hemorragia provocada por múltiplas perfurações (uma das cadelas apresentava 18
perfurações), foram inequivocamente submetidos a maus-tratos, sendo possível constatar
que passavam fome. Por outro lado, que as mortes ocorreram em momentos distintos, entre
24 horas e mais de uma semana.”

Noções de Corpo de Delito


Art. 158, CPP: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Art. 167, CPP: Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido
os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
• A falta ou omissão do exame de corpo de delito leva à NULIDADE do processo (art. 564, III,
b, CPP).
• Trata-se de um elenco de lesões, alterações ou perturbações e dos elementos causadores
desse dano.
• Representa os elementos físicos e todos os acessórios conectados a um fato delituoso
específico.
• “(...) é a base residual do crime, sem o que ele não existe” (FRANÇA, 2017).

TIPOS DE CORPO DE DELITO


• CORPO DE DELITO DIRETO: é aquele realizado por peritos sobre vestígios de infração
existentes.
• CORPO DE DELITO INDIRETO: é aquele realizado quando não há vestígios materiais. Neste
caso, a prova será suprida pela informação testemunhal.
Exemplo: Caso de aborto - a materialidade pode ser formada pela leitura da ficha hospitalar
da ré, onde se vê que ela deu entrada no pronto-socorro do hospital, no dia seguinte ao
crime, “com febre e dor abdominal. Apresentava colo uterino pérvio (aberto, dilatado),
escoriações na parede vaginal e no colo uterino. Laparotomia exploradora revelou abdômen
agudo perfurativo (perfuração do útero e da bexiga) e abortamento incompleto, que obrigou
à curetagem. A existência de restos placentários impondo curetagem, as lesões na vagina e
colo uterino, a perfuração do útero e da bexiga, revelando a introdução de objeto para
provocar o descolamento da membrana, constituem os chamados ‘sinais de certeza’ de
aborto provocado (C. Simonin, Medicina Legal Judicial, p. 461, ed. JIMS, 1962, A. Almeida
Júnior, Lições de Medicina Legal, 2. ed., p. 369-370, e Odon Ramos Maranhão, Curso Básico
de Medicina Legal, 4. ed., p. 192, 1989) e convenceram o juiz da pronúncia e o Conselho de
Sentença da materialidade do crime.

RESUMINDO...
1. Se os vestígios (o feto) desaparecerem, o fato deverá ser confirmado de forma indireta por
meio de prova testemunhal (pessoas que viram a mulher grávida) e/ou documental (CORPO
DE DELITO INDIRETO).
2. Quando houver vestígios, o exame pericial deverá ser realizado a partir destes (CORPO DE
DELITO DIRETO).

aula 18.03
antropologia forense

1. IDENTIDADE = conjunto de características que individualizam uma pessoa ou uma coisa.


Afrânio Peixoto: “É o conjunto de sinais ou propriedades que caracterizam um indivíduo entre
todos, ou entre muitos, e o revelam em determinada circunstância, e que estes sinais são
específicos e individuais, originários ou adquiridos.”

1. IDENTIDADE
• Identidade Objetiva = permite afirmar tecnicamente que determinada pessoa é ela mesma
por apresentar uma série de elementos que a faz distinta das demais.
Identidade Subjetiva = não faz parte do estudo da antropologia forense.
-Existem diversas características específicas que nos torna únicos. as características
objetivas, no estudo dessa disciplina, são características físicas. As subjetivas dizem respeito
à personalidade e etc.
História da Identificação
• Código de Hamurábi – identificação de criminosos através da amputação da orelha, nariz,
dedos, mãos, vazamento dos olhos.
• França (até antes da Revolução) – flor de lis marcada a ferro e fogo no rosto ou espáduas
dos ladrões e “vagabundos”.
-Ou seja, serviam para identificar o criminoso pra sempre, para mesmo após o
cumprimento da pena, todos saibam do que ele fez.
História da Identificação
• Humanização dos costumes.
• Recursos antropológicos e antropométricos;
• HOJE: avanços da hemogenética forense.
Processos Periciais de Identificação
• Vivo (desaparecidos, pacientes mentais desmemoriados, menores de idade, recusa de
identidade);
• Mortos (desastres de massa, cadáveres sem identificação, mutilados, estados avançados de
putrefação e restos cadavéricos);
• Esqueletos (decomposição em fase de esqueletização, esqueletos e ossos isolados).
FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS E TÉCNICOS:
1. UNICIDADE = individualidade, elementos específicos de determinado indivíduo.
2. IMUTABILIDADE = características que não mudam ao longo do tempo (tempo em vida). Ex.
digital e DNA
3. PERENIDADE = capacidade de certos elementos resistirem à ação do tempo,
permanecendo mesmo após a morte.
4. PRATICABILIDADE = processo não complexo, tanto para obter como para registrar os
caracteres. Ex. Digitais.
5. CLASSIFICABILIDADE = Metodologia no arquivamento, rapidez e facilidade na busca dos
registros. Ex. Digitais. Aqui no Brasil pelo menos, ainda é o método de identificação mais
rápido
• A identificação do vivo ou do cadáver é mais fácil!
• A identificação do esqueleto fundamenta-se em uma criteriosa investigação da espécie,
etnia, idade, sexo, estatura e, principalmente, das características individuais.
• Características individuais mais importantes = DENTES. Contanto que haja uma ficha
dentária bem assinalada, com o número de dentes, alterações, anomalias e restaurações.
Reconhecimento X Identificação
• Reconhecimento = ato de certificar, conhecer de novo, admitir como certo ou afirmar
conhecer. Afirmação de algum parente ou conhecido. Possibilidade de assinatura em termo
de reconhecimento.
-Ex. um avião caiu, e eu já sei quem são as possíveis pessoas donas dos corpos que
encontrei
• Identificação = conjunto de meios e técnicas científicas empregados para se obter uma
identidade. Afirmação, através de elementos antropológicos ou antropométricos. Partir do
zero
-Ex. foram encontrados alguns esqueletos de pessoas que morreram em 1500 na
peste bubônica
I. Identificação Médico-Legal:
Aspectos:
1. Espécie
2. Ossos
3. Reações Biológicas
4. Sangue
5. “Raça” (etnia)
I. Identificação Médico-Legal:
OSSOS:
1. Morfologia = exame de dimensões e caracteres que os tornam diferentes.
2. Microscopia = diferença pela análise da disposição do tamanho dos canais de Havers -
menor número e mais largos no ser humano.
OSSOS
Estudo Histológico
• Canais de Havers = série de tubos estreitos no interior dos ossos.
Função = passagem de vasos sanguíneos e células nervosas. Formados por lamelas
concêntricas de fibras colágenas. Encontradas na região mais compacta do meio de ossos
longos.

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