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Bioética:
origens, desenvolvimento e perspectivas
Origens da Bioética
• Como abordado na aula passada, apesar do termo Bioética ter sido utilizado pela
primeira vez em 1971 pelo bioquímico e oncologista americano Potter, o tema
preocupa a humanidade desde a Antiguidade;
• Os primeiros regramentos disciplinado os limites da pesquisa são fruto de
acontecimentos terríveis, como os crimes cometidos nos campos de
concentração nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial e julgados em
Nüremberg;
• Retomando a aula passada:
Saúde pública X Direitos de todos os humanos
Subnutrição
Saúde pública X Direitos de todos os humanos
(igualdade de gêneros)
Os médicos Samuel Krugman e Joan Giles não sofreram qualquer tipo de punição pelo procedimento e
conseguiram desenvolver uma vacina, entretanto seu sucesso foi discreto devido a repercussão negativa do
experimento.
• Em 1962 no Swedish Hospital, em Seattle ocorre a instituição de uma Comissão (composta
na maioria de não médicos, “God Committee”) para indicar os critérios de seleção dos
pacientes para o acesso à diálise crônica, dado o número insuficiente de aparelhos;
• Em 1964 há a Declaração de Helsinki “Princípios éticos a respeito das pesquisas biomédicas
envolvendo sujeitos humanos”
A bioética: origens
• Finalmente em 1970-71 chegamos a POTTER que usa pela 1ª vez formalmente o termo
“BIOética”
• 1970 - artigo “Bioethics. The science of survival”
• 1971 – livro “Bioethics: Bridge to the future”
• A partir daí diversas instituições surgiram ou se fortalecem. Nos Estados Unidos duas
organizações são referência:
1968: Hasting Center (New York, USA): D. Callahan e W. Gaylin ocupam-se de pesquisa e formação
interdisciplinar em bioética e desde 1971 publica o Hasting’s Center Report
1971: Kennedy Institute of Ethics (Georgetown University; Washington DC) sob os cuidados do obstetra A.
Hellegers , junto com P. Ramsey, discutem problemas sociais de relevância bioética (p.ex.: o controle de
natalidade)
Declaração de Helsinque
• Como se observa a pesquisa médica envolvendo seres humanos foi e é uma prática
comum na evolução científica, e sem dúvida alguma contribuiu para melhorar a
qualidade de vida do homem;
• Entretanto, em função do desejo de desenvolvimento e justiça social crescentes na
evolução da sociedade, se sobressai a questão da experimentação abusiva,
desnecessária e sem critérios;
• Estas práticas ocorreram ao longo da história da humanidade pela falta de normas para
nortear tais experimentos, não sendo raras as práticas abusivas de experimentações
sem critérios, de forma aleatória e discriminativa, em prejuízo de grupos sociais
restritos ou minoritários, economicamente mais carentes e desamparados.
• Tais fatos mereceram da sociedade a atenção e a tentativa crescente de regulamentar a
pesquisa dentro da ética necessária à evolução social pretendida.
Declaração de Helsinque
• Assim, a partir do reconhecimento de algumas lacunas no Código de Nüremberg,
a Associação Médica Mundial elaborou a Declaração de Helsinque, em junho de
1964, durante a 18ª Assembléia Médica Mundial, em Helsinque, na Finlândia.
• A Declaração de Helsinque é considerada como sendo o 1º padrão internacional
de pesquisa biomédica e constitui a base da maioria dos documentos
subsequentes.
• O documento se tornou referência na maioria das diretrizes nacionais e
internacionais, defendendo em 1º lugar a afirmação de que "o bem estar do ser
humano deve ter prioridade sobre os interesses da ciência e da sociedade", e
dando importância especial ao consentimento livre e firmado em pesquisas
médicas que envolvam seres humanos.
• A Declaração desenvolveu os dez primeiros princípios defendidos no Código de
Nuremberg, e aliou-os à Declaração de Genebra (1948), uma declaração de
deveres éticos do médico.
• A Declaração de Helsinque foi revisada 6 vezes pela AMM, sendo sua última
revisão em outubro de 2008
Declaração de Helsinque
• Princípios da Declaração de Helsinque
• É missão do médico resguardar a saúde do Povo. Seu conhecimento e sua consciência são dedicados
ao cumprimento dessa missão.
• A declaração de Genebra da Associação Médica Mundial estabelece o compromisso do médico com as
seguintes palavras: "A Saúde do meu paciente será minha primeira consideração",
• O Código Internacional de Ética Médica declara: "Qualquer ato ou notícia, que possa enfraquecer a
resistência do seu humano, só pode ser usado em seu benefício".
• É essencialmente importante que os resultados de experiência de laboratório sejam aplicados aos
seres humanos para incremento do conhecimento científico e para ajudar a humanidade que sofre, a
Associação Médica Mundial preparou as seguintes recomendações, como um guia de todo médico que
trabalha na pesquisa clínica. É preciso acentuar que os padrões, como apresentados, são somente um
guia para os médicos em todo o mundo. Os médicos não são isentos das responsabilidades criminais,
civis e éticas de seus próprios países.
• No campo da pesquisa clínica, uma diferença fundamental deve ser reconhecida entre a pesquisa
clínica cujo propósito é essencialmente terapêutico para um paciente, e a pesquisa clínica cujo objetivo
principal é puramente científico e sem valor terapêutico para a pessoa submetida à pesquisa.
Declaração de Helsinque x Relatório de Belmont
• Principais disposições
• “O genoma humano é a base da unidade fundamental de todos os membros da família
humana e do reconhecimento de sua dignidade e diversidade intrínsecas(art.1)”
• “Em sentido simbólico, o genoma humano é patrimônio da humanidade. (art. 1)”
• “Ninguém poderá ser objeto de discriminações fundadas em suas características
genéticas, cujo objeto ou efeito seria atentar contra seus direitos e liberdades
fundamentais e o reconhecimento de sua dignidade”. Se insiste ainda que a expressão
genética está influenciada pelo entorno natural e social do ser humano.
• “O genoma humano em seu estado natural não pode dar lugar a benefícios pecuniários.”
Declaração Universal sobre o Genoma e os Direitos
Humanos
• Principais disposições
• Se reafirmam as condições habituais de definição do consentimento informado como
exigência para o início de uma pesquisa, diagnóstico ou tratamento.
• Se afirma o princípio da confidencialidade para a proteção dos dados genéticos
associados com pessoa identificável, conservados ou tratados com finalidade de
pesquisa ou qualquer outra.
• “Nenhuma pesquisa relativa ao genoma humano nem suas aplicações poderão
prevalecer sobre o respeito aos direitos humanos, às liberdades fundamentais e à
dignidade humana dos indivíduos ou, se procedente, dos grupos humanos.” (art. 10).
• Entre as práticas que se consideram atentatórias à dignidade humana se cita
expressamente a clonagem com o objetivo de reprodução de seres humanos (art.11).
• Chamamento à solidariedade internacional no sentido de que a pesquisa sobre doenças
não se restrinjam às do primeiro mundo e que o conhecimento e as técnicas genéticas
sejam amplamente comunicadas e divulgadas, de forma a garantir formas de acesso às
mesmas por parte dos países subdesenvolvidos.
Convênio de Oviedo (Europa)
• Convênio para a proteção dos Direitos Humanos e a dignidade do ser humano com
respeito às aplicações da Biologia e da Medicina.
• Aprovado pela Assembléia Parlamentar Européia em 26 de setembro de 1996.
• 7 capítulos dedicados à bioética e 7 a questões legais.
• Capítulos de bioética:
1. Disposições Gerais
2. O consentimento
3. Vida privada e direito à informação
4. Genoma Humano
5. Experiências científicas
6. Extração de órgãos e tecidos e doadores vivos para transplantes
7. Proibição de aproveitamento e utilização de partes do corpo humano.
Protocolos adicionais
• Sobre a proibição de clonar seres humanos. (2001) Se proíbe qualquer intervenção
que tenha por objetivo criar um ser humano geneticamente idêntico a outro, seja
vivo ou morto.
• A expressão ser humano "geneticamente idêntico" a outro ser humano significa
compartir com outro a mesma carga nuclear genética. Se decidiu deixar às leis
nacionais a definição do alcance da expressão "ser humano" para fins de aplicação
do Protocolo.