Você está na página 1de 21

Carolina Silva

Epidemiologia
Epidemiologia ao Longo da História
Conceito de demónio
Conceito pré-histórico, feitiçarias, encantamentos e mau-olhado.
Conceito da ira de Deus
Antigo testamento.
Conceito Medicina Metafísica
Magia (cantar do galo).
Teoria Hipocrática (460 A.C.)
Fatores ambientais:
• “Ares, água e lugares”;
• “Quente, frio, humidade”;
• “Sangrias (humores).”
Teoria Miasmática (idade média)
Os miasmas (odores, gases ou resíduos nocivos).
Ex. Malária = Mala aria (maus ares).
Teoria Microbiana
• Robert Kock (tuberculose);
• Louis Pasteur (raiva);
• J. Snow (cólera – Londres); Figura 1- Modelo da Tríade
• F. Nightingale (Guerra da Crimeia).
Modelo Epidemiológico

Figura 3 - Modelo da Teia Figura 2 - Modelo da Roda

Hipócrates (Séc. V A.C.)


A epidemiologia originou-se das observações de Hipócrates feitas há mais de 2000 anos de que fatores
ambientais influenciam a ocorrência de doenças.
“Nos Ares, nas Águas e Lugares” - As interações entre constituição e ambiente
Aquele que deseje estudar corretamente a ciência da medicina deverá proceder da seguinte maneira:
Primeiro, deverá considerar que efeitos pode produzir cada estação do ano, posto que as estações não
são todas iguais …

1
O ponto seguinte se refere aos ventos quentes e aos frios…
Deverá também considerar as propriedades das águas, pois tal como estas diferem em sabor e peso,
também as propriedades de cada uma diferem gradualmente das de qualquer outra.
Portanto, ao chegar a uma povoação que lhe seja desconhecida, o médico deverá examinar a posição da
mesma quanto aos ventos e às saídas do sol …
John Graunt
Realizou cálculos relativos às altas taxas de mortalidade infantil em Londres comparando os valores com os
de toda a Inglaterra.
Também realizou estimativas realistas sobre o tamanho da população de Londres mostrando que a
população estava a aumentar.
Ignáz Semmelweis
• Nasceu em 1818;
• Especializou-se em Obstetrícia e depressa se interessou por um importante problema clínico e
de saúde pública da época: a febre puerperal ou febre do parto;
• Estudou duas clínicas existentes na altura.

John Snow
• Clássico: “A cólera em Londres”
Na primeira semana de Setembro de 1854, cerca de
600 pessoas que viviam nos quarteirões mais
próximos da bomba de água da Broad Street, em
Londres, morreram de cólera.
Farr tinha aderido à então conhecida teoria
miasmática.
Na altura, a doença era transmitida por um miasma, ou nuvem, que pairava baixo à superfície da terra.
Desde:
• Observação clínica e descrição;
• Testar de hipóteses e intervenção (experimentação).
Marcos históricos
Sociedade Epidemiológica de Londres (1850) – A valorização e importância da Epidemiologia
William Budd (1839) - Base contagiosa da Febre Tifóide.
Louis Pasteur (1822) – Bases da prevenção infeciosa e da vacinação.
“Confesso que ao pensar numa doença, nunca tive a intenção de lhe encontrar um remédio, mas, pelo
contrário de encontrar um remédio capaz de a prevenir.”

2
J. Goldberger (1914) – pelagra: não contagiosa e ensaios
comunitários.
Ricardo Jorge (1853-1939) – a peste no Porto.
Richard Doll e Bradford Hill (1950) – estudos caso-controlo
(tabaco e cancro do pulmão).
Ricardo Jorge
Se (a Peste) o é clinicamente também o é epidemiologicamente.
Richard Doll
Fumo do tabaco e cancro do pulmão nos médicos britânicos.

O que é a Epidemiologia?
A Epidemiologia é o estudo da distribuição da doença nas populações e dos fatores que influenciam ou
determinam essa distribuição.
Porque é que uma doença se desenvolve nalguns indivíduos e não noutros?
A premissa subjacente à Epidemiologia é a de que a doença, o mal-estar e a falta de saúde não se
distribuem aleatoriamente nas populações humanas.
Antes, cada um de nós tem certas características que nos predispõem para, ou nos protegem contra,
uma variedade de diferentes doenças.
Estas características podem ser primariamente genéticas na sua origem, ou podem ser o resultado da
exposição a certos perigos ambientais. Talvez, no desenvolvimento de doença, estejamos, com grande
frequência, a lidar com a interação entre fatores genéticos e ambientais.
A epidemiologia foi definida por Last como “o estudo da distribuição e dos determinantes de estados ou
eventos relacionados à saúde em populações específicas, e sua aplicação na prevenção e controle dos
problemas de saúde”
A palavra “epidemiologia” é derivada das palavras gregas:
• Epi “sobre”;
• Demos “povo”;
• Logos “estudo”.
“É a ciência dos fatores que exercem os seus efeitos no, sobre ou para o povo”
Durante vários anos a epidemiologia foi definida como sendo a ciência ou doutrina médica das epidemias.
“O estudo dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coletividades.”
“A Epidemiologia é uma maneira de aprender a fazer perguntas e a colher respostas que levam a novas
perguntas.. Empregada no estudo da saúde e das doenças das populações.”
Sendo aplicada a uma variedade de problemas, releva-se quando nos serviços de saúde.
“Epidemiologia é a descrição e explanação das diferenças na ocorrência de acontecimentos médicos em
subgrupos de uma população, tendo sido dividida a população de acordo com qualquer característica,
suposta de influenciar a ocorrência do acontecimento”
“Enquanto que a clínica se dedica ao estudo da doença no indivíduo, analisando caso a caso, a
epidemiologia debruça-se sobre os problemas de saúde em grupos de pessoas, às vezes grupos pequenos,
mas na maioria das vezes envolvendo grupos numerosos.”
“Epidemiologia é o estudo da distribuição de uma doença ou estado psicológico em populações humanas,
e dos fatores que influenciam essa distribuição”
“Epidemiologia é o estudo da prevalência e dinâmica dos estados de saúde em populações”
“Ciência que estuda o processo saúde doença na Comunidade analisando a distribuição e os fatores
determinantes das enfermidades e dos agravos à saúde coletiva, propondo medidas especificas de
prevenção de controlo e erradicação”

3
“Epidemiologia é o estudo da distribuição e dos determinantes de estados ou acontecimentos de saúde
em populações especificados, bem como a aplicação deste estudo ao controlo dos problemas de saúde”

Usos da Epidemiologia
Quais são os objetivos específicos da Epidemiologia?
Primeiro, identificar a etiologia ou causa da doença e os fatores que aumentam o risco individual de uma
doença.
Segundo, determinar a extensão da doença na comunidade.
Terceiro, estudar a história natural e o prognóstico da doença.
Quarto, avaliar, tanto as medidas preventivas e terapêuticas e as formas de prestação de cuidados de
saúde já existentes, como aquelas desenvolvidas recentemente.
Quinto, fornecer os fundamentos para o desenvolvimento de Políticas públicas em relação aos problemas
ambientais, às questões genéticas, e a outros assuntos relacionados com a prevenção da doença e a
promoção da saúde.
Investigava-se uma epidemia para:
• Descobrir as suas fontes de eclosão;
• Limitar a sua propagação;
• Introduzir medidas de controlo;
• Evitar a sua futura ocorrência.
Modernamente a epidemiologia é um campo da ciência que trata dos vários fatores e condições que
determinam a ocorrência e distribuição de saúde, doença, defeito, incapacidade e morte entre grupos de
indivíduos.
A sua aplicação a doenças específicas depende da premissa de que os desvios da saúde dependem de
inter-relações dos agentes patológicos, animados e inanimados, do homem e do meio ambiente total, nos
seus aspetos: físico, económico, social e biológico.
Entre outras funções, a epidemiologia, coleciona uma variedade de dados de diversas fontes, constrói
cadeias de inferência lógica, para explicar os múltiplos fatores de causalidade, da doença e desta forma
colabora com a medicina preventiva.
COLAR GRÁFICOS (PAGINA À PARTE)
Para quê identificar grupos de risco elevado?
Uma das principais aplicações da evidência epidemiológica é a identificação de subgrupos da população
que têm elevado risco de doença.
• Podemos dirigir esforços preventivos, tais como programas de rastreio para a deteção precoce
da doença;
• Identificar os fatores específicos, ou as características, que os colocam em risco elevado e depois
tentar modificar esses fatores.
Abordagem Comunitária
• Com base populacional;
• Através de grupos de alto risco.
Usos da Epidemiologia
Diagnóstico de Saúde
Consiste em gerar dados quantitativos, corretos, sobre a saúde do conjunto da população ou de seus
segmentos.
Pode versar uma única condição ou um grupo de condições.
Em alguns casos também aborda eventos subordinados que podem agravar a saúde da população.
Investigação etiológica

4
Visa a descoberta das causas através de variações que ocorrem de forma frequente na distribuição de
um evento.
Gerem resultados que apontam para riscos.
Determinação de riscos
Fornecem dados básicos para a quantificação da associação entre exposição a um determinado fator e o
surgimento de uma subsequente doença. (nível de colesterol vs. doença cardíaca)
Aprimoramento na descrição do quadro clínico
Normalmente apoiado em evidências laboratoriais mas que alguns detalhes são só depois esclarecidos
recorrendo a estudos populacionais.
Determinação de prognósticos
Assenta na etiologia e na história clínica mas visa indicar a probabilidade de apresentar uma determinada
complicação ou menor tempo de sobrevida.
Identificação das síndromes e classificação de doenças
Reconhecimento de padrões (grupos homogéneos de características, sinais e sintomas e de prognósticos).
Visa distinguir uma condição de outra que, até ao momento, eram consideradas da mesma categoria
clinico-patológico.
Verificação do valor de procedimentos e diagnósticos
A incorreção dos diagnósticos realizados leva a diagnósticos subsequentes também errados.
Planeamento e organização de serviços
As decisões das fases de planeamento deviam ser baseados em dados epidemiológicos para beneficiar a
adequação e correta afetação dos recursos.
Avaliação das tecnologias, programas e serviços
Análise crítica de trabalhos científicos.

História Natural da Doença


A epidemiologia está, também, preocupada com a evolução e o desfecho (história natural) das doenças
nos indivíduos e nos grupos populacionais
Que elementos são envolvidos neste “sistema”?
Tríade Epidemiológica da doença

Agente
Elemento ou substância que atinge o hospedeiro e influencia o seu comportamento, provocando reações
anormais especificas ou não.
Agentes Patológicos
São substâncias ou elementos, cuja presença ou ausência, pode iniciar ou perpetuar um processo
patológico no homem.
Podem ser:
• Nutritivos – sais minerais, glúcidos, prótidos, vitaminas, etc.;

5
• Físicos – temperatura atmosférica, humidade, ruídos, radiações, etc.;
• Químicos – gases nocivos, drogas inaláveis;
• Biológicos – (animados), fungos, bactérias, vírus;
• Mecânicos - Automóveis, objetos cortantes, feridas e fraturas.
A sua contribuição para a produção da doença depende:
• Das suas características;
• Das reações que produzem;
• Das suas reservas na natureza;
• Dos veículos e condições para a contaminação do homem.
Hospedeiro
É o indivíduo que sofre a ação do agente e reage de maneira mais ou menos especifica e com
consequências mais ou menos graves para a saúde.
Ambiente
Agregado de todas as condições e influências externas que afetam a vida e o desenvolvimento de um
organismo.
As doenças que afetam os humanos não surgem do nada.
Resultam da interação entre o hospedeiro (uma pessoa), o agente (por exemplo, uma bactéria), e o meio
ambiente (por exemplo: um abastecimento de água contaminada).
Embora algumas doenças sejam maioritariamente de origem genética, virtualmente toda resultam de uma
intervenção de fatores genéticos e ambientais. Sendo que o equilíbrio entre estes dois fatores vai diferindo
de doença para doença.
História Natural da Doença
É a combinação de dois períodos isto é:
• O processo no meio ambiente – pré-
patogénese;
• O processo no homem – patogénese.
A HND compreende todas as interações:
• Do agente;
• Do hospedeiro;
• Do meio ambiente.
Que afetam processo global e seu desenvolvimento desde as primeiras forças que criam o estimulo
patológico, passando à resposta do homem, ao estimulo, até às alterações que levam a um defeito nulo, que
levam a defeito, invalidez, recuperação ou morte.
Período de Pré-patogénese
É a interação preliminar dos fatores relacionados com o agente potencial, o hospedeiro, o meio ambiente,
na produção da doença.
Fatores:
• Sociais;
• Meio ambiente e o estímulo;
• Hereditariedade;
• Económicos
Podem atuar muito antes que o homem comece a interagir para produzir doença.

6
Período de Patogénese (curso natural)
É a evolução de um distúrbio no homem, desde a primeira interação com estímulos que provocam a
doença, até às mudanças no homem de forma e função que daí resultam, antes que o equilíbrio seja
alcançado ou restabelecido, ou até que surja um defeito, invalidez ou morte.
Depois disto seguem-se sinais e sintomas e um processo mais ou menos típico até que o distúrbio seja
extinto pelo:
• Tempo;
• Tratamento.
Fatores que influenciam o hospedeiro humano
• Idade;
• Raça;
• Sexo;
• Hábitos e costumes;
• Hábitos individuais;
• Costumes sociais;
• Fatores ocupacionais;
• Fatores genéticos;
• Personalidade.
Doença Clínica e Não Clínica
À medida que os conhecimentos clínicos e
biológicos foram aumentando ao longo dos anos,
também a nossa capacidade de distinguir entre
as diferentes fases da doença o foi. Estas fases
abrangem a doença clínica e a não clínica.
Doença Clínica
A doença clínica caracteriza-se por sinais e
sintomas.
Doença Não Clínica
1. Doença Pré-clínica – doença que
ainda não é clinicamente evidente
mas que vai progredir para doença clínica;
2. Doença Subclínica – doença que não é clinicamente evidente e que não vai evoluir para doença
clínica. Este tipo de doença é frequentemente diagnosticado através de resposta serológica
(anticorpos) ou cultura do organismo;
3. Doença Persistente (Crónica) – o individuo não consegue “ver-se livre” da infeção e esta persiste
durante anos, por vezes para toda a vida;
4. Doença Latente – uma infeção sem uma multiplicação ativa do agente.

7
Estado de saúde das populações

Mecanismos de Transmissão
As doenças podem ser transmitidas direta ou indiretamente.
Transmissão direta
É transmitida pessoa a pessoa e através de contato direto.
Transmissão indireta
Pode ocorrer através de um veículo comum, o ar contaminado ou a água da rede pública, ou ainda um
veículo como o mosquito.
Mecanismos de defesa
Gerais externos
• Pele;
• Mucosas;
• Secreções;
• Pestanas.
Internos:
• Cílios na passagem do ar;
• Secreções internas;
• Complexo celular;
• Fatores hormonais.
Fatores que influenciam a saúde

Fatores Sanitários/Biológicos:
• Hereditariedade;
• Estado dos conhecimentos médicos;
• Possibilidade de aplicação-pessoal e equipamento sanitário;
• Condições de vida: afetiva, alimentar e educação;
• Higiene do domicílio.
Fatores demográficos:
• Equilíbrio dos grupos etários;
• Política de planeamento familiar;

8
• Concentração urbana e disseminação rural;
• Migrações.
Fatores geográficos:
• Riquezas naturais;
• Clima;
• Água-utilização;
• Vias de comunicação.
Fatores políticos:
• Legislação de saúde e coordenação dos setores;
• Ajuda internacional-colaboração.
Fatores socioeconómicos:
• Habitação;
• Urbanismo e ruralismo;
• Profissões;
• Situação de emprego.
Fatores psico-culturais:
• Família – Igreja;
• Escolarização;
• Mentalidade das populações face aos problemas de saúde;
• Costumes, crenças e tradições.

Níveis de Prevenção em Saúde


Epidemiologia
Evidenciar a necessidade e urgência da primazia das ações de promoção de saúde e prevenção de
doença
Do perceber ao aprender
1. O melhor investimento em saúde da sociedade é fortalecer a capacidade de vida, isto é, de mais
saúde;
2. A intervenção em saúde, mesmo que sectorial, reforça-se em dimensão global;
3. A prevenção da doença é uma estratégia assistencial disponível, mais eficiente que o
investimento no tratar;
4. Ser saudável é um dever comunitário cujo capital, fruto das contribuições individuais, potencializa
a saúde de cada membro.
Níveis de Prevenção
Níveis de Fase da Doença Alvo
prevenção
Primordial Condições subjacentes que conduzem à Toda a população e grupos específicos.
casualidade.
Primária Fatores causais e específicos. Toda a população, grupos específicos e
indivíduos saudáveis.
Secundária Estádio precoce da doença. Doentes.
Terciária Estádio avançado da doença (tratamento e Doentes.
reabilitação).

9
“A prevenção primordial e a
prevenção primária representam o
contributo máximo para a saúde e
para o bem-estar da população no
seu todo.”
O objetivo da prevenção primordial
é evitar a emergência e a
consolidação de padrões de vida
social, económica e culturais que são
conhecidos como contribuindo para
um risco elevado de doença.
A prevenção primordial,
estreitamente associada às doenças
crónico degenerativo (noncommunicable diseases — NCD), visa evitar a emergência e o estabelecimento
de estilos de vida que se sabem contribuir para um risco acrescido de doença.
Deverá incluir políticas e programas de promoção de determinantes «positivos» de saúde, como a
abstinência tabágica, a nutrição adequada e a prática regular do exercício físico.
Todos os países têm necessidade de evitar a difusão generalizada de estilos de vida e os padrões de
consumo não saudáveis antes que eles se enraízem na sociedade e na cultura.
Perceção do estado de saúde

Saúde Comunitária

10
Pobreza e Doença

Saúde e Classe Social

Atender, programar e avaliar as políticas de saúde associadas a, nomeadamente:


• Plano Nacional de Saúde;
• Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil;
• Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável.
Quanto mais precoces as intervenções, menor será o seu custo e maior a sua efetividade.
“As pessoas geralmente estão motivadas apenas quando pressentem um benefício que é visível, próximo
e provável.
Os benefícios em saúde raramente preenchem estes critérios, podem ser reais, mas é provável que
demore a sentirem-se e venham apenas para poucos daqueles que os procuram.”
Na realidade, não basta saber optar de uma forma saudável.
Também não basta querer optar de uma forma saudável. Torna-se necessário poder optar de forma
saudável.

11
Perceção da Saúde

Níveis de prevenção

Promoção da Saúde/Prevenção da doença


Áreas prioritárias no dobrar do século
Promoção da Saúde:
• Tabaco;
• Nutrição;
• Álcool e outras dependências;
• Acidentes de viação;
• Atividade e aptidão física;
• Saúde mental;
• Programas de educação baseados na comunidade;
• Planeamento familiar e reconversão demográfica;
• Comportamentos aberrantes e violentos.
Prevenção (ação sobre os serviços):
• Saúde materno-infantil;
• Doenças cardiovasculares;
• Tumores malignos;
• Diabetes;
• Doenças osteoarticulares;
• Epidemias emergentes (Tuberculose, Hepatites, Sida);
• Doenças sexualmente transmissíveis
Proteção da Saúde
• Ambiente saudável;
• Ocupação segura (laboral e tempos livres) 0 Alimentos e fármacos de confiança;
• Lesões não intencionais diminuídas;
• Comportamento sexual;

12
Informação e colheita de dados
Prevenção primária

Os estudos revelam que embora a estratégia de alto risco individual (proteção de indivíduos suscetíveis)
seja mais eficiente para os indivíduos com elevado risco de doença específica, estes indivíduos pouco
podem contribuir para a redução do peso global da doença na população.

A grande vantagem da estratégia populacional é


que não requer a identificação de um grupo de
alto risco
A sua grande desvantagem é que oferece
pouco benefício individual porque os seus riscos
absolutos de doença são muito baixos.
A prevenção primária inclui o conjunto das
atividades que visam evitar ou remover a
exposição de um indivíduo ou de uma população
a um fator de risco ou causal antes que se
desenvolva um mecanismo patológico. Inclui a
imunização, que visa aumentar a resistência do
hospedeiro a um determinado microorganismo.
Desta forma, a finalidade deste nível de prevenção é reduzir a incidência da doença, através do controlo
dos fatores de risco ou causais, ou ainda reduzir o risco médio na população.
Primária
Educação para a saúde sobre alimentação saudável, o incentivo à prática de exercício físico e à
promoção do aleitamento materno.
Por ex. a alimentação nas cantinas escolares e incentivar genericamente os hábitos de alimentação
saudável.
Prevenção secundária
A prevenção secundária tem como finalidade a deteção de um problema de saúde num indivíduo ou
numa população numa fase precoce, por forma a condicionar favoravelmente a sua evolução — isto
pressupõe, entre outros, o conhecimento da história natural da doença e a existência de um período de
deteção precoce (incluído no período pré-clínico) suficientemente longo.
É neste nível de prevenção que se enquadram os rastreios e os achados de caso ambos visam identificar
indivíduos presumivelmente doentes, mas assintomáticos relativamente à situação em estudo.
Secundária
Avaliação do IMC em diversas ocasiões (consultas CSP, Aulas de educação física, AES, etc), avaliar hábitos
alimentares.
Promover a correção imediata com vista ao rápido restabelecimento da saúde ou redução das
consequências.
Rastreios: oportunidade e recomendações
Definição e pressupostos:
• É o processo pelo qual os défices não reconhecíveis são identificados por testes que podem ser
realizados rapidamente e em larga escala.;

13
• Separam os provavelmente saudáveis dos que podem ter a doença.
Tipo Finalidade
Massas Dirigido a toda a população
Múltiplo e/ou multifásico Envolve diferentes testes na ou para a mesma situação.
Dirigido Visa grupos com exposições específicas.
Oportunista Restrito a utentes que consultem o clínico por diferentes razões.
Critérios para a implantação de um rastreio
Doença Grave, prevalência elevada dos estádios pré-clínicos,
história natural conhecido, período longo entre os
primeiros indícios e a manifestação da doença.
Teste de deteção Sensível e específico, simples e barato, inócuo e aceite,
reprodutível e fiável.
Intervenção subsequente Acessibilidade adequada, tratamento disponível efetivo e
(diagnóstico e tratamento) acete e inócuo.
Rastreio e cuidados de saúde primários
Cancro
• Colo do útero;
• Mama;
• Próstata;
• Cólon;
• Reto;
• Pele e orofaringe;
• Hipertensão Arterial;
• Obesidade / Diabetes;
• Doenças emergentes e epidémicas;
• Alcoolismo e outras dependências;
• Doença mental
Prevenção terciária
Já a prevenção terciária tem como finalidade reduzir os custos sociais e económicos dos estados de
doença na população através da reabilitação e reintegração precoces e da potenciação da capacidade
funcional remanescente dos indivíduos.
Atendendo à associação entre incapacidade e doença crónica, a prevenção terciária implica o tratamento
(e controlo) das doenças crónicas.
Terciária
Reintegração das crianças obesas em diferentes grupos, criação de grupos de partilha de experiência,
promover programas adequados de atividade física com base nas limitações associadas.
Prevenção Quaternária
A prevenção quaternária visa «evitar ou atenuar o excesso de intervencionismo médico» associado a atos
médicos desnecessários ou injustificados; por outro lado, pretende-se capacitar os utentes ao fornecer-lhes
a informação necessária e suficiente para poderem tomar decisões autónomas, sem falsas expectativas,
conhecendo as vantagens e os inconvenientes dos métodos diagnósticos ou terapêuticos propostos.
Este nível mais elevado de prevenção em saúde consiste na «deteção de indivíduos em risco de sobre
tratamento (overmedicalisation) para os proteger de novas intervenções médicas inapropriadas e sugerir-
lhes alternativas eticamente aceitáveis.

14
Quaternária
Melhorar a qualidade de vida, reduzir a dependência de fármacos para o controlo de apetite e procurar
progressivamente outras medidas para o controlo da sintomatologia e riscos de doenças e mortes
associados.

Diagnósticos da Situação: Demografia


Conceitos básicos
Populações - Uma das mais importantes características distintivas da epidemiologia é que ela lida com
grupos de pessoas mais do que com indivíduos sãos e/ou doentes.
Controlo
A Epidemiologia pode ser utilizada simplesmente como um instrumento analítico para estudar doenças e
seus determinantes
Os dados epidemiológicos também suportam as decisões de saúde pública fazendo e ajudando o
desenrolar de intervenções para controlar e prevenir problemas de saúde.
Investigação em Saúde - Estudos Epidemiológicos na Investigação
A epidemiologia é um desafio contínuo no horizonte do profissional da saúde:
• Deverá converter-se em inconsciente da sua prática;
• Na vertente de investigação que lhe dá suporte, a epidemiologia é um estímulo à crítica
permanente e escrutinadora da ação concertada do profissional;
• É uma garantia da qualidade do trabalho empreendido, é um fator decisivo na melhoria da saúde
para a comunidade que serve.
A epidemiologia - ciência
A Epidemiologia tem:
1. Um objeto (população);
2. Um método de análise (quantitativo);
3. Um corpo de saber autónomo.
A Epidemiologia faz a análise quantitativa dos
1. Processos que propiciam saúde, originam doença e ocorrem em grupos populacionais;
2. Fatores que afetam a sua distribuição e incidência, assim como das respostas dos indivíduos
afetados;
3. Métodos com vista ao uso destes conhecimentos na prevenção e controlo
Epidemiologia e
Cuidados de Saúde
“A Epidemiologia, o estudo de
acontecimentos numa população
apontando caminhos para a sua
compreensão e controlo, é a disciplina
básica para os cuidados de saúde
comunitários.
“Utilizando instrumentos ou técnicas
vindas da estatística, da demografia
e das ciências clínica e social,
a Epidemiologia relaciona os
acontecimentos com a população,
espaço e tempo.”

15
“Como uma disciplina básica para os cuidados de saúde na
comunidade, a epidemiologia deve ser conhecida e aplicada pelos
trabalhadores da saúde..
O uso apropriado dos métodos epidemiológicos pelos
trabalhadores de primeira linha implementará sem dúvida a
qualidade e a fidelidade das estatísticas vitais e de saúde.”
“.. quanto melhor for a informação recebida tanto melhor os
níveis mais elevados do sistema estarão em condições de intervir
oportunamente.
O efeito na comunidade será recíproco: o trabalhador de saúde
participa com a comunidade e, enquanto ganha informação explica
o “porquê” dos acontecimentos.”
“A interpretação epidemiológica é uma capacidade para analisar
e não uma tarefa adicional. Aumentará o impacto e eficiência
daquilo que o trabalhador realiza.”
Diagnóstico Populacional
O crescimento de uma população é expresso pelo número de
“nascimentos” somado ao de “imigrantes”, descontando-se, do resultado, o número de “óbitos” e de
“emigrantes”.
Assim, o estudioso na matéria pode determinar o incremento demográfico, por simples cálculo, desde que
disponha:
• Do tamanho da população em um dado momento, conhecido através de recenseamento;
• Do número de nascimentos, óbitos e migrantes, ocorridos a partir de então.
Recenseamentos demográficos
Recenseamento, ou censo, significa contagem completa das que compõem ou retratam um dado
universo.
Objetivo do recenseamento demográfico
• O recenseamento demográfico fornece uma visão geral das características da população, ou
seja, das pessoas, das famílias e dos domicílios.
Precisão e uso das estatísticas da população
Os censos demográficos, embora visem a alcançar todas as pessoas, podem não atingir esse objetivo. As
eventuais omissões, no entanto, podem ser conhecidas e corrigidas, de modo que os resultados
encontrados ficam muito próximos da realidade.
Projeções para o futuro

16
Indicadores e Medidas em Saúde
Fontes de Informação
“Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência de
doença”
Quantificação da saúde e doença na população
Medidas Epidemiológicas
A medida epidemiológica fundamental é a frequência na qual o evento a estudar pode oscilar (doença,
lesão, morte, etc.)
Pode ser medida de forma diferente, normalmente designa-se por “Indicador de saúde”.
P – Base Populacional de Risco;
E – Sub – conjunto de exposição;
I – Sub – conjunto de infetados;
D – Subconjunto da Doença;
G – Subconjunto de casos graves;
O – Subconjunto de óbitos.
Indicadores de Saúde
Os indicadores de Saúde expressam a relação entre o subconjunto de doentes (ou óbitos por uma dada
doença, ou sujeitos portadores de uma condição relacionada à saúde) e o conjunto de membros da
população.
Esta relação equivale ao cálculo da probabilidade de uma ocorrência, ou seja, constitui a expressão mais
geral e simplificada do risco
Um indicador de saúde, ou melhor, um conjunto de indicadores de saúde serve para revelar a situação de
saúde de um indivíduo ou de uma população.
Um indicador pode ser expresso sob a forma de um número absoluto (frequência absoluta) ou como um
número relativo (frequência relativa coeficiente ou índice).
Tipos de indicadores
Macroindicadores – aqueles cujos denominadores se referem à base populacional plena P.
Microindicadores – aqueles que tomam como denominador qualquer dos subconjuntos hierarquicamente
inferiores a P.
Taxas - Razão específica em que o numerador está contido no denominador.
Um cuidado muito importante, em relação ao cálculo dos coeficientes, é o de excluir do denominador os
indivíduos que não estejam expostos àquele risco.
População em risco em um estudo sobre carcinoma do colo uterino

Incidência – indica o número de casos novos ocorridos em um certo período de tempo numa população
específica.

17
Prevalência – refere-se ao número de casos (novos e velhos) encontrados em uma população definida
num determinado ponto no tempo.
Incidência cumulativa
A incidência cumulativa é a maneira mais simples de medir a ocorrência de uma doença.
Diferente da densidade de incidência, o denominador na taxa de incidência cumulativa é a
população em risco no início do estudo.

Prevalência

Sem levar em conta a idade das pessoas acometidas (ou em risco), os principais fatores que determinam
a taxa de prevalência são:
• A severidade da doença (se muitas pessoas que desenvolvem a doença;
• Morrem, a prevalência diminui);
• A duração da doença (se uma doença é de curta duração, sua taxa prevalência é menor do que
a de uma doença com longa duração);
• O número de novos casos (se muitas pessoas contraírem a doença, sua taxa de prevalência será
maior do que se poucas pessoas a contraírem).
Fatores que podem influenciar a taxa de prevalência

Letalidade
A letalidade mede a severidade de uma doença e é definida como a proporção de mortes dentre aqueles
doentes por uma causa específica em um certo período de tempo.

Morbilidade
𝑛º 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑑𝑜𝑒𝑛ç𝑎
𝐼𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑟𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = × 10!
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜
Mortalidade

18
• Mortalidade = O/P
• Incidência (e prevalência) de doença =D/P
• Incidência (e prevalência) de infeção =I/P
• Patogenicidade = D/I
• Virulência = G/D
• Letalidade = O/D
Taxa de natimortalidade
𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑓𝑒𝑡𝑎𝑖𝑠 (> 22 𝑠𝑒𝑚)
𝑇𝑁𝑀𝑜𝑟𝑡 = × 10!
(𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠 − 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠) + (𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠 − 𝑚𝑜𝑟𝑡𝑜𝑠)
Mortalidade Perinatal
𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑓𝑒𝑡𝑎𝑖𝑠 (> 22 𝑠𝑒𝑚) + 𝑛º 𝑑𝑒 ó𝑏𝑖𝑑𝑜𝑠 < 8 𝑑𝑖𝑎𝑠
𝑇𝑀𝑃𝑒𝑟𝑖𝑁𝑎𝑡𝑎𝑙 = × 10!
(𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠 − 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠) + (𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠 − 𝑚𝑜𝑟𝑡𝑜𝑠)
Mortalidade Neonatal Precoce
𝑛º 𝑑𝑒 ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑜𝑠 0 𝑎𝑜𝑠 8 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑣𝑖𝑑𝑎
𝑇𝑀𝑁𝑒𝑜𝑁𝑎𝑡𝑎𝑙𝑃𝑟𝑒𝑐 = × 10!
𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠 − 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠
Mortalidade Neonatal Tardia
𝑛º 𝑑𝑒 ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 > 7 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑎𝑡é 28 𝑑𝑖𝑎𝑠
𝑇𝑀𝑁𝑒𝑜𝑁𝑎𝑡𝑎𝑙𝑇𝑎𝑟𝑑𝑖𝑎 = × 10!
𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠 − 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠
Mortalidade Neonatal
𝑛º 𝑑𝑒 ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 < 28 𝑑𝑖𝑎𝑠
𝑇𝑀𝑁𝑒𝑜𝑁𝑎𝑡𝑎𝑙 = × 10!
𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠 − 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠
Mortalidade Pós Neonatal
𝑛º 𝑑𝑒 ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 > 28 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑎 12 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠
𝑇𝑀𝑃𝑜𝑠𝑁𝑒𝑜𝑁𝑎𝑡𝑎𝑙 = × 10!
𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠 − 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠
Coeficiente de mortalidade infantil

Taxa de mortalidade materna

Taxa de natalidade
Geral
(𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠 − 𝑚𝑜𝑟𝑡𝑜𝑠) + (𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠 − 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠)
𝑇𝑁𝐺 = × 10!
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑚𝑒𝑖𝑜 𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑜
Efetiva
𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠 − 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠
𝑇𝑁𝐸 = × 10!
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑚𝑒𝑖𝑜 𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑜
Taxa de fertilidade
𝑛º 𝑛𝑎𝑠𝑐𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠
𝑇𝐹𝑒𝑟𝑡 = × 10!
𝑛º 𝑑𝑒 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟𝑒𝑠 𝑒𝑚 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑓é𝑟𝑡𝑖𝑙 (𝑒𝑥. : 15 − 49)

19
Uso da Epidemiologia

Figura 1 - Evolução da Mortalidade Infantil em Portugal (1960 - 1974)

Figura 2 - Taxas de mortalidade infantil segundo regiões, 2000/2001

Figura 3 - Evolução da taxa de mortalidade infantil nos países da União


Europeia (1985/2000)

Figura 4 - Taxa de mortalidade infantil


Figura 5 - Mortalidade infantil por região nos países da OCDE (2015)

Figura 6 - Mortalidade infantil em Portugal 2008

Você também pode gostar