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John Snow [1813-1858 )

considerado o pai da
Epidemiologia.
• Epidemiologia é o estudo da frequência, da
distribuição e dos determinantes dos problemas
de saúde em populações humanas, bem como a
aplicação desses estudos no controle dos eventos
relacionados com saúde. É a principal ciência de
informação de saúde, sendo a ciência básica para
a saúde coletiva.

• Etimologicamente, “epidemiologia” significa o


estudo que afeta a população (epi= sobre; demio=
povo; logos= estudo).
Epidemiologia
• Histórico :
A trajetória histórica da epidemiologia tem seus primeiros
registros já na Grécia antiga (ano 400 a.C.), quando
Hipócrates, num trabalho clássico denominado “Dos Ares,
Águas e Lugares”, buscou apresentar explicações, com
fundamento no racional e não no sobrenatural, a respeito
da ocorrência de doenças na população.
Epidemiologia
• Histórico :
Já na era moderna, uma personalidade que merece destaque
é o inglês John Graunt, que, no século XVII, foi o primeiro a
quantificar os padrões da natalidade, mortalidade e
ocorrência de doenças, identificando algumas características
importantes nesses eventos, entre elas:
·Existência de diferenças entre os sexos e na distribuição
urbano-rural;
·Elevada mortalidade infantil;
·Variações sazonais.
Epidemiologia
• Objetivos:
O objetivo geral da epidemiologia é reduzir os
problemas de saúde na população. Na prática, ela
estuda principalmente a ausência de saúde sob as
formas de doenças e agravos.
Para isso, serve-se de modelos próprios aos quais
são aplicados conhecimentos já desenvolvidos pela
própria epidemiologia, mas também de outros
campos do conhecimento (clínica, biologia,
matemática, história, sociologia, economia,
antropologia, etc.),
Epidemiologia
A saúde pública tem na epidemiologia o mais útil instrumento para o
cumprimento de sua missão de proteger a saúde das populações. A
compreensão dos usos da epidemiologia nos permite identificar os
seus objetivos, entre os quais podemos destacar os seguintes
segundo Objetivos da epidemiologia (Adaptado de T. C. Timmreck,
1994):
• Identificar o agente causal ou fatores relacionados à causa dos
agravos à saúde;
• Entender a causa dos agravos à saúde;
• Definir os modos de transmissão;
• Definir e determinar os fatores contribuintes aos agravos à saúde;
Epidemiologia
• Identificar e explicar os padrões de distribuição geográfica
das doenças;
• Estabelecer os métodos e estratégias de controle dos
agravos à saúde;
Boa parte do desenvolvimento da epidemiologia como ciência
teve por objetivo final a melhoria das condições de saúde da
população humana, o que demonstra o vínculo indissociável
da pesquisa epidemiológica com o aprimoramento da
assistência integral à saúde.
• Atualmente, segundo a Associação Internacional de
Epidemiologia (IEA) a epidemiologia possui 3
propósitos principais:

1. Relatar a disseminação e a importância do agente


causador da doença em relação com as dificuldades
da saúde entre as populações humanas.
2. Gerar informações que sirvam de base para a
prevenção, moderação e tratamento das doenças,
estabelecendo prioridades.
3. Identificar a causa e origem da doença.
Epidemiologia no Brasil
 O Ministério da Saúde instituiu o Sistema Nacional de Vigilância
epidemiológica através da Lei n°6259/1975 e o Decreto n°78.231/76. O
SNVE tornou obrigatória a notificação de doenças transmissíveis.
 Em 1977 o MS elaborou o Manual de Vigilância Epidemiológica onde
definiu normas técnicas utilizadas para a vigilância de cada doença;
 O SUS incorporou o SNVE e definiu vigilância epidemiológica como
“conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou
prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes de saúde individual ou coletiva com a finalidade de
recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças
ou agravos” (Brasil, 2005).
 Portaria n° 204 de 17 de fevereiro de 2016 define a Lista Nacional de
Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde
publica nos serviços de saúde públicos e privados.
Ganhos da epidemiologia no Brasil e
no mundo.
• O avanço da epidemiologia gerou várias conquistas, diminuindo a
quantidade de doentes e promovendo soluções para causas
variadas de doenças como a varíola, envenenamento por
metilmercúrio, distúrbios por deficiência de iodo, tabagismo,
HIV/AIDS, síndrome da angústia respiratória aguda e até mesmo
em ocorrências de fraturas como a do quadril em idosos.

• No Brasil, o órgão responsável pelos os dados epidemiológicos e a


sua aplicação é a Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS, uma das
secretarias que compõem o Ministério da Saúde, prevista no
decreto nº 8065 de 7 de agosto de 2013. Os dados
epidemiológicos no Brasil são disponibilizados para a população
através dos sites do SVS e do DATASUS.
Epidemiologia
• Relações de causa e efeito:
• Causa, em epidemiologia, refere-se ao agente que dá
origem à doença; efeito relaciona-se com a consequência
da doença, que pode ocorrer na pessoa ou extrapolar e
atingir o seu grupo, comunidade, sociedade.
• Índices:
• Índice= Nível de incidência das doenças em
epidemiologia.
• Caso índice= Primeiro caso diagnosticado em um surto
ou epidemia.
Epidemiologia
• Incidência:
Número de casos novos de uma doença
ocorridos em uma particular população durante
um período específico.
• Prevalência:
Quantifica o número de casos novos e dos casos
antigos.
Epidemiologia
• Coeficiente (sinônimo: taxa)
Em epidemiologia, demografia e estatística vital, coeficiente
é uma expressão da frequência em que um evento ocorre
em uma dada população. Os coeficientes são essenciais
para a comparação de experiências entre populações
durante diferentes períodos, diferentes lugares, ou entre
diferentes variáveis sociais e econômicas da população.
Epidemiologia
• Coeficientes sanitários:
COEFICIENTE DE MORTALIDADE GERAL
COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL
COEFICIENTE DE MORTALIDADE NEONATAL
COEFICIENTE DE MORTALIDADE NEONATAL PRECOCE
COEFICIENTE DE MORTALIDADE NEONATAL TARDIA
COEFICIENTE DE MORTALIDADE PERINATAL
PROPORÇÃO DE NASCIDOS VIVOS DE BAIXO PESO AO NASCER
COEFICIENTE ESPECÍFICO DE FECUNDIDADE
COEFICIENTE BRUTO DE NATALIDADE
PROPORÇÃO DE IDOSOS NA POPULAÇÃO
Epidemiologia
• VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA:

É o processo sistemático e continuo de coleta,


analise, interpretação e disseminação de
informação com a finalidade de recomendar e
adotar medidas de prevenção e controle de
problemas de saúde.
• VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA:

No Brasil a Lei 8.080 que constituiu em 1990 o sistema único de


saúde SUS - Define a vigilância epidemiológica como um
Conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção
ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes de saúde individual ou coletivo, com a finalidade
de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle de
doenças e agravos.
Evolução natural das doenças e os
conceitos de epidemia
• Surto:
Acontece quando há o aumento repentino do
número de casos de uma doença em uma região
específica. Para ser considerado surto, o aumento
de casos deve ser maior do que o esperado pelas
autoridades. Em algumas cidades (como Itajaí-SC), a
dengue é tratada como surto (e não como
epidemia), pois acontece em regiões específicas
(um bairro, por exemplo)
Evolução natural das doenças e os
conceitos de epidemia
• Epidemia:
A epidemia se caracteriza quando um surto acontece
em diversas regiões. Uma epidemia a nível municipal
acontece quando diversos bairros apresentam uma
doença, a epidemia a nível estadual acontece quando
diversas cidades têm casos e a epidemia nacional
acontece quando há casos em diversas regiões do país.
Exemplo: no dia 24 de fevereiro, vinte cidades haviam
decretado epidemia de dengue.
Evolução natural das doenças e os
conceitos de epidemia
• Epidemia por fonte comum (sinônimos: epidemia
maciça ou epidemia por veículo comum):
Epidemia em que aparecem muitos casos clínicos
dentro de um intervalo de tempo igual ao período de
incubação clínica da doença, o que sugere a exposição
simultânea (ou quase simultânea) de muitas pessoas ao
agente etiológico. O exemplo típico é o das epidemias
de origem hídrica.
Evolução natural das doenças e os
conceitos de epidemia
• Epidemia progressiva: (sinônimo: epidemia por
fonte propagada):
Epidemia na qual as infecções são transmitidas de
pessoa a pessoa ou de animal a animal, de modo que
os casos identificados não podem ser atribuídos a
agentes transmitidos a partir de uma única fonte.
Evolução natural das doenças e os
conceitos de epidemia
• Pandemia:
Em uma escala de gravidade, a pandemia é o pior dos
cenários. Ela acontece quando uma epidemia se
espalha por diversas regiões do planeta. Em 2009, a
gripe A (ou gripe suína) passou de epidemia para
pandemia quando a OMS começou a registrar casos
nos seis continentes do mundo. A aids, apesar de estar
diminuindo no mundo, também é considerada uma
pandemia.
Evolução natural das doenças e os
conceitos de epidemia
• Endemia:
A endemia não está relacionada a uma questão
quantitativa. Uma doença é classificada como
endêmica (típica) de uma região quando
acontece com muita frequência no local. As
doenças endêmicas podem ser sazonais. A febre
amarela, por exemplo, é considerada uma
doença endêmica da região Norte do Brasil.
Evolução natural das doenças e os
conceitos de epidemia
• Epidemias e endemias atuais:
As doenças transmissíveis endêmico-epidêmicas ainda são relevante
problema de saúde pública no Brasil. Novas tecnologias na detecção
precoce e identificação de cepas de microrganismos explicam
melhor os caminhos da transmissão. Integração da sociedade civil na
corresponsabilidade de detecção de epidemias. Melhor formação
técnica do pessoal que atua em saúde.

Dengue, febre amarela, hanseníase, influenza, aids, tuberculose,


doença meningocócica, hepatites virais e malária. Exigem maior
atenção da sociedade civil.
Epidemiologia
• Investigação epidemiológica de campo (classicamente
é conhecida por investigação epidemiológica)
Estudos efetuados a partir de casos clínicos ou de
portadores com o objetivo de identificar as fontes de
infecção e os modos de transmissão do agente. Pode ser
realizada em face de casos esporádicos ou surtos.
Saúde e Doença
 Saúde é um estado de adaptação do organismo ao ambiente
físico, psíquico ou social em que vive, de modo que o indivíduo
se sinta bem e não apresente sinais ou alterações orgânicas
(Bogliolo, 2011).

 Doença é um estado de falta de adaptação ao ambiente físico,


psíquico ou social no qual o indivíduo se sente mal e ou
apresenta alterações orgânicas evidenciáveis Bogliolo, 2011).

Doença é a perturbação da saúde, isto é, um mal estar causado


por distúrbio orgânico, mental ou social e pode ter causas
exógenas (agentes químicos, físicos, biológicos ou distúrbios
nutricionais), endógenas (patrimônio genético, resposta imune
e fatores nutricionais) e idiopáticas.
Elementos de uma doença
 Uma doença é composta por vários elementos:
• Etiologia – é a origem e as causas da doença.
• Patogenia – são as etapas do desenvolvimento da doença, ela
descreve como os fatores etiológicos iniciam as alterações celulares
que caracterizam a doença.
• Alterações morfológicas – alterações morfológicas e/ou
moleculares nas
células e órgãos
• Desordem funcionais – alterações funcionais no organismo, ou em
parte dele, produzindo sinais e sintomas (manifestações clínicas).
Epidemiologia
• Medidas profiláticas:

 Profilaxia;

 Tratamento profilático;

 Imunoprofilaxia.
Epidemiologia
• Medidas profiláticas:
• Profilaxia:
Conjunto de medidas que têm por finalidade prevenir
ou atenuar as doenças, suas complicações e
consequências.
• Tratamento profilático: Tratamento de um caso
clínico ou de um portador com a finalidade de
reduzir o período de transmissibilidade.
Epidemiologia

• Imunoprofilaxia:
Prevenção da doença através da imunidade conferida
pela administração de vacinas ou soros a uma pessoa
ou animal.
• Desinfestação:
Destruição de metazoários, especialmente artrópodes e
roedores, com finalidades profiláticas.
Epidemiologia
• Doença quarentenárias:

Doenças de grande transmissibilidade, em geral graves,


que requerem notificação internacional imediata à
Organização Mundial da Saúde, isolamento rigoroso de
casos clínicos e quarentena dos comunicantes, além de
outras medidas de profilaxia, com o intuito de evitar a
sua introdução em regiões até então indenes. Entre as
doenças quarentenárias, temos o Ebola.
As grandes epidemias ao longo da história
PESTE NEGRA

• 50 milhões de mortos (Europa e Ásia) – 1333 a 1351


• História: A peste bubônica ganhou o nome de peste negra por
causa da pior epidemia que atingiu a Europa, no século 14. Ela foi
sendo combatida à medida que se melhorou a higiene e o
saneamento das cidades, diminuindo a população de ratos urbanos
• Contaminação: Causada pela bactéria Yersinia pestis, comum em
roedores como o rato. É transmitida para o homem pela pulga
desses animais contaminados
• Sintomas: Inflamação dos gânglios linfáticos, seguida de
tremedeiras, dores localizadas, apatia, vertigem e febre alta
• Tratamento: À base de antibióticos. Sem tratamento, mata em 60%
dos casos
As grandes epidemias ao longo da história

CÓLERA

• Centenas de milhares de mortos – 1817 a 1824


• História – Conhecida desde a Antiguidade, teve sua
primeira epidemia global em 1817. Desde então, o vibrião
colérico (Vibrio cholerae) sofreu diversas mutações,
causando novos ciclos epidêmicos de tempos em tempos
• Contaminação – Por meio de água ou alimentos
contaminados
• Sintomas – A bactéria se multiplica no intestino e elimina
uma toxina que provoca diarréia intensa
• Tratamento – À base de antibióticos. A vacina disponível é
de baixa eficácia (50% de imunização)
As grandes epidemias ao longo da história

TUBERCULOSE

• 1 bilhão de mortos – 1850 a 1950


• História – Sinais da doença foram encontrados em esqueletos de 7
000 anos atrás. O combate foi acelerado em 1882, depois da
identificação do bacilo de Koch, causador da tuberculose. Nas
últimas décadas, ressurgiu com força nos países pobres, incluindo o
Brasil, e como doença oportunista nos pacientes de Aids
• Contaminação – Altamente contagiosa, transmite-se de pessoa
para pessoa, através das vias respiratórias
• Sintomas – Ataca principalmente os pulmões
• Tratamento – À base de antibióticos, o paciente é curado em até
seis meses
As grandes epidemias ao longo da história

VARÍOLA

• 300 milhões de mortos – 1896 a 1980


• História – A doença atormentou a humanidade por mais de 3 000
anos. Até figurões como o faraó egípcio Ramsés II, a rainha Maria II
da Inglaterra e o rei Luís XV da França tiveram a temida “bixiga”. A
vacina foi descoberta em 1796
• Contaminação – O Orthopoxvírus variolae era transmitido de
pessoa para pessoa, geralmente por meio das vias respiratórias
• Sintomas – Febre, seguida de erupções na garganta, na boca e no
rosto. Posteriormente, pústulas que podiam deixar cicatrizes no
corpo
• Tratamento – Erradicada do planeta desde 1980, após campanha
de vacinação em massa
As grandes epidemias ao longo da história
GRIPE ESPANHOLA

• 20 milhões de mortos – 1918 a 1919


• História – O vírus Influenza é um dos maiores carrascos da humanidade. A
mais grave epidemia foi batizada de gripe espanhola, embora tenha feito
vítimas no mundo todo. No Brasil, matou o presidente Rodrigues Alves
• Contaminação – Propaga-se pelo ar, por meio de gotículas de saliva e
espirros
• Sintomas – Fortes dores de cabeça e no corpo, calafrios e inchaço dos
pulmões
• Tratamento – O vírus está em permanente mutação, por isso o homem
nunca está imune. As vacinas antigripais previnem a contaminação com
formas já conhecidas do vírus

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