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CENTRO UNIVERSITÁRIO FACEX - UNIFACEX

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
ENFERMAGEM NAS AÇÕES INTEGRADAS DE SAÚDE DO ADULTO E IDOSO

Raízes históricas
da epidemiologia
Profa. Me. Flávia Barreto Tavares Chiavone
Dinâmica de apresentação

Uma curiosidade O que espero da


Quem eu sou?
sobre mim... disciplina...
“Eu já e eu nunca na Epidemiologia”

Hipertensão Covid 19 Zyka Dengue


Objetivos
• Compreender o conceito a epidemiologia;
• Refletir sobre os aspectos epidemiológicos do contexto brasileiro;
• Conhecer a historia da epidemiologia;
• Identificar os modelos dos processos de saúde e doença;
• Entender os aspectos da epidemiologia descritiva.
O que é
epidemiologia?
Conceito de Epidemiologia
• Conceito Medieval:
• Dos médicos eruditos (formados nas escolas) – atribuía o adoecer aos humores do corpo e do
ambiente (teoria humoral);
• Do clero – atribuía o adoecer à vontade divina, castigo a um pecador, ou penitência purificadora
imposta a uma pessoa de bem, que assim se tornaria santo.

• Conceito da Teoria da unicausalidade:


• Adoecimento através da transmissão das doenças.
Conceito de Epidemiologia
• Ciência que estuda a distribuição de eventos relacionados à saúde e seus
determinantes na população (Last JM:A Dictionary of Epidemiology; 1988).

Epi = sobre
Demos = população
Logos = estudo

• Conceito atual:
• É o estudo da distribuição, da frequência e dos determinantes dos problemas de
saúde e das doenças nas populações humanas. Ou seja, é o estudo do processo
saúde-doença das indivíduos.
“Doença e saúde não são
aleatoriamente distribuídos na
população”
Avalia medidas de profilaxia;

Busca pistas para diagnósticos de doenças;

Realiza distribuição da morbimortalidade;


O que faz a Avalia a eficácia de vacinas;
epidemiologia?
Avalia fatores ambientais e socioeconômicos;

Incentiva a prática da cidadania;

Realiza a Vigilância Epidemiológica.


História da
Epidemiologia
Antiguidade
Quando surgiu os primeiros conceitos?
• Não se tem certeza de quando e quem foi o primeiro a definir a
epidemiologia, mas sabemos que a história dessa ciência acompanha a
história da medicina.

Hipócrates (460 a.C - 377 a.C),


considerado o pai da medicina
científica → sugeri que as causas
das doenças estavam relacionadas
a características ambientais
Hipócrates (Século 50 a.C.)

“Afastando-se do sobrenatural, doenças como produto


da relação complexa entre a constituição do individuo
e o ambiente. Adoecimento - clima, maneira de viver,
hábitos de beber e de comer.”
História da
Epidemiologia
Idade Média
História do Processo de Saúde e Doença
• Idade Média: Peste Negra (peste bubônica) matou 1/3 da população
europeia, em meados do século XIV.
• Teoria do Clero (Igreja):
• A teoria apocalíptica, explicou a epidemia como punição divina pelos pecados
humanos e intensificou a prática de procissões, ladainhas e penitências para
serenar a ira divina;
• A ideia de apocalipse permitia explicar o fato de o mal atingir a todos.
História do Processo
de Saúde e Doença
• Teoria Humoral (“Científica”):
• Atribuiu a epidemia à conjunção entre três planetas
(fatores de natureza astrológica):
• Saturno – sinal de infortúnio e crise;
• Júpiter – condição quente e úmida que favorecia a
formação de vapores no ar;
• Marte – condição quente e seca que inflamou os
vapores, corrompendo o ar e provocando a doença.
História da
Epidemiologia
Fase Renascentista, Iluminista e Revolução Industrial
Louis Pasteur (1822-1895)

Considerado o “Pai da
Bacteriologia”, pois
identificou inúmeras bactérias
e tratou diversas doenças.
John Graunt
(1662)
• Considerado Pai da estatística;
• Quantificou os padrões da ocorrência de
mortes nas populações de Londres
segundo sexo e região;
• Foi pioneiro na utilização de coeficientes
de mortalidade (óbitos/população).
William Farr
(1839)
• Responsável pela compilação rotineira dos
números e causas de óbitos na Inglaterra, por
mais de 40 anos;
• Estabeleceu a lei de Farr (classificação das
doenças);
• Estudos traçavam as desigualdades e perfis
sociais de saúde.
O inglês John Snow (Pai da Epidemiologia) → pioneiro na
procura sistemática dos determinantes das epidemias.
John Snow
(1849-1854)
• Formulou e testou a hipótese sobre a
epidemia de Cólera na Inglaterra;
• Comparou a água distribuída para diferentes
residências;
• Observou a mortalidade predominante de
águas oriundas do Rio Tamisa;
• Descreveu o agente etiológico em 1883.
John Snow (1855) –

“........ Cada empresa oferta água para ricos e pobres,


grandes e pequenas casas, não existe diferenças nas
condições ou na ocupação das pessoas recebendo água
das diferentes empresas ...... mas um grupo vem sendo
servido com água contendo detritos de Londres, e nela o
que mais tenha vindo dos pacientes com cólera, e outro
vem recebendo água livre de impurezas. Para confirmar
esse experimento, tudo o que é necessário é saber qual é
a fonte de água de cada casa onde um caso fatal de cólera
tenha ocorrido........”
Florence
Nightingale (1854)
• Teoria Ambientalista:
• Em 1854, durante a Guerra da Criméia,
Florence percebera que o desfecho
clínico dos pacientes era diretamente
influenciado pelo ambiente em que os
cuidados eram prestados..
Florence Nightingale → Dimensão ambiental na enfermagem.

“[...] emprego apropriado de ar puro, luz, calor, limpeza, quietude (...)


significa saúde”
História da epidemiologia
• Doll & Hill (1952):
• primeiro importante estudo de caso-controle (hábito de fumar e câncer de pulmão) e
demonstrou sua utilidade na pesquisa epidemiológica: informações sobre historia de tabagismo e
outras variáveis relacionadas a saúde de 700 pessoas.

• Dawber (1949):
• primeiros e mais importantes estudos de longo seguimento (coorte) nos EUA.

• McKEE et al. (1971):


• os fatores de risco das doenças cardiovasculares. Acompanhou cerca de 5.200 residentes de
Framingham (Massachusetts - EUA) por mais de 35 anos para explorar a relação entre uma
variedade de fatores de risco e doenças cardiovasculares.
Apenas recentemente (anos
50) a Epidemiologia passa a
existir como disciplina, com a
publicação dos primeiros livros
especificamente sobre esse
tema e o emprego de
consistentes definições de
conceitos e métodos.
Objetivos e aplicações da epidemiologia

“Controlar os problemas de saúde das populações” (Last, 1988)


1) Identificar a etiologia ou causa de uma doença e seus fatores de risco.
(Prevenção e medidas específicas).
Ex: Qual(is ) a(s) causa(s) da obesidade?
2) Determinar a extensão de uma doença em uma determinada população.
Ex: Qual o impacto de determinada doença na comunidade?
Qual a prevalência de obesidade entre jovens de Ribeirão Preto?
(Medidas preventivas e terapêuticas)
Objetivos e aplicações da epidemiologia
3) Estudar a história natural e o prognóstico de doenças
Ex: Como é a evolução da Diabetes tipo I?
Como é a evolução da Hipercolesterolemia?
Como se comporta a AIDS?
4) Avaliar medidas de prevenção e tratamento (novas e já existentes) e os modos de
assistência à saúde das populações.
Ex: Grupos de reeducação alimentar têm reduzido a ocorrência de obesidade?
Ingerir menos açúcar diminui o nível de colesterol?
Rastrear câncer de colo uterino pela realização de Papanicolau, melhora o
prognóstico da doença?
Objetivos e aplicações da epidemiologia

5) Fornecer fundamentos e subsídios para o desenvolvimento de políticas públicas e


decisões regulatórias aos problemas ambientais.
Ex: A radiação emitida por torres de telefonia interferem na saúde das
pessoas?
Altos níveis de poluição causam quais doenças nas populações expostas?
Que tipos de exposições ocupacionais provocam doenças?
Modelos do processo
saúde-doença
Teoria Unicausal ou Unicausalidade

Indivíduo
Indivíduo Agente
infecioso
suscetível a
infectado
infecção

Indivíduo
Indivíduo Agente Vetor Agente
infecioso suscetível a
infectado infecioso intermediário
infecção
Modelo de multicausalidade: Tríade
.

epidemiológica
Modelo da História Natural da Doença
• Curso da doença desde o início, até sua resolução, na ausência de
intervenção.

Leavell e Clark (ORGA NIZ A Ç Ã O PAN-AMERICANA D A SAÚDE, 2010)


Modelo de Produção Social da Saúde ou dos
determinantes de saúde
• Fatores que podem levar a doença.

Artigo 196 da Constituição


Federal de 1988: “A saúde é
direito de todos e dever do
Estado”.
Áreas de Epidemiologia
Epidemiologia clínica

Epidemiologia investigativa

Epidemiologia nutricional

Epidemiologia de campo

Epidemiologia analítica

Epidemiologia descritiva
Epidemiologia
descritiva
• examina como a incidência (casos novos)
ou a prevalência (casos existentes) de
uma doença ou condição relacionada à
saúde varia de acordo com determinadas
características, como sexo, idade,
escolaridade e renda, entre outras.

ROUQUAYROL, 2013, p. 65
Dado x Informação x Conhecimento
• 1) Dado: valor quantitativo referente a um fato ou circunstância + número bruto +
matéria - prima da informação. Eles devem ser coletados o mais próximo possível da sua
fonte geradora;
• 2) Informação: conhecimento obtido dos dados + análise combinação de
vários dados.
Coleta e Fontes de
dados
• Coleta de dados: pode ser realizada através das fichas
construídas por um Sistema de Informação em Saúde +
instrumentos utilizados em pesquisa, como o
questionário.
• Fonte de dados: podem ser classificadas em dois tipos:
• Primária: a coleta de dados é realizada diretamente
pelo usuário das informações a serem geradas
(através, por exemplo, de inquéritos e entrevistas).
• Secundária: quando utilizamos dados de rotina
coletados por outros serviços.
Tipos de Dados
PROCESSAMENTO DOS DADOS
5. Resumir os dados:
• taxas, indicadores, etc.

Papel do município
• 4. Tabulados

↓ cobertura: subnotificação +
sub-registro +sintomatologia
• 3. Classificados

“Ponta do Iceberg” =casos


diagnosticados e informados • 2. Codific aç ão

1. Coleta de dados
Na
epidemiologia...
Divulgação dos dados

• São instrumentos para a


tomada de decisão de
profissionais de saúde, gestores,
membros da comunidade, etc.

URL:http://datasus.saude.gov.br/
Os dados são apresentados através de tabelas e
gráficos

PALMEIRA; MIYASHIRO; CHAIBLICH, 2017


“O maior papel da epidemiologia é fornecer alternativas de
mudança daquilo que mais ocupa espaço, daquilo que é mais
importante, através do tempo, como problemas de saúde
presentes na comunidade”. (Gordis, 2008)
Referências
ROUQUAYROL, M.Z.; GURGEL, M. Epidemiologia & Saúde. 7.ed. Rio de Janeiro: MedBook, 2013.
GONDIM, M.M. (Org.) Técnico de vigilância em saúde: fundamentos: volume 2. Rio de Janeiro: EPSJV,
2017.
CRUZ, M. M. Concepção de saúde-doença e o cuidado em saúde. Disponível em: http://
http://www5.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/txt_14423743.pdf. Acesso em: 12 dez 2013.
GOMES, E.C.S. Conceitos e ferramentas da epidemiologia. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2015.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO. Epidemiologia: conceitos e aplicabilidade no Sistema Único
de Saúde. São Luís: EDUFMA, 2017.
Franco LJ & Passos ADC (Orgs). Fundamentos de Epidemiologia. São Paulo, Manole, 2005.
Obrigada!
flaviatavares@unifacex.edu.br

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