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Epidemiologia e

Processo Saúde
Doença

Profª. Patricia Ferreira de Paula

Franciely Midori Bueno de Freitas Carvalho


Apresentação Geral da Disciplina
Caro aluno, seja bem-vindo à disciplina: Epidemiologia e processo saúde-
doença!

Nesta disciplina serão abordados os ressurgimentos de doenças previamente


consideradas como já extintas, como é o caso do sarampo, bem como o
recrudescimento de outras, como a tuberculose pulmonar, a febre amarela e a
malária. Será tratado também o aparecimento das recentes doenças na
humanidade, como o zika, o ebola e o novo coronavírus, surgido na China.

No Capítulo 1, serão apresentados e discutidos os conceitos de epidemiologia


relacionados às definições de saúde, doenças infecciosas e não infecciosas.
Serão também apresentadas doenças ou agravos à saúde que assolaram ou
assolam a humanidade.

No Capítulo 2, esta disciplina lhe permitirá compreender os principais conceitos


da epidemiologia e os seus diferentes e desafiantes aspectos relativos à saúde
da população mundial. Além disso, você conhecerá os principais marcos da
história da epidemiologia, permitindo, assim, compreender melhor a importância
ao longo dos períodos da história de vida da humanidade e do Brasil.

No Capítulo 3, serão apresentadas e discutidas as medidas de frequência de


diferentes doenças e agravos à saúde, os quais são relevantes no cenário da
saúde mundial atual. Haverá um destaque para se compreender de maneira
mais efetiva acerca dos diferentes fatores determinantes de uma doença ou
agravo à saúde.

Bons estudos!

Avançar

UNICESUMAR | UNIVERSO EAD


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UNIDADE 1
Caro Aluno, seja bem-vindo à etapa 1!

O primeiro capítulo abordará sobre o processo saúde-doença com a epidemiologia.

Entre as principais aplicações da epidemiologia podemos destacar:

Identificação, quantificação e caracterização de danos relacionados à saúde de


determinada população.

Identificação de fatores de risco para determinada doença ou agravo à saúde.

Ampliação da informação sobre a história natural de determinada doença ou agravo à


saúde (curso da doença desde o início até a sua resolução na ausência de
intervenção).

Estimativa da validade e confiabilidade de procedimentos de diagnóstico e


intervenção.
Avaliação da eficácia/efetividade de um procedimento terapêutico ou profilático
(prevenção).

A epidemiologia também apresenta uma série aplicações nos serviços de saúde. Uma
delas seria as repostas rápidas às diferentes epidemias que assolaram ou assolam o
mundo, como é o recente caso do novo coronavírus. Isto porque, ao identificar, por
exemplo, comportamentos de risco, fica mais fácil agir na prevenção da doença.

Após a leitura dos assuntos abordados anteriormente, sugerimos que faça a leitura do
artigo: Epidemiologia e serviços de saúde , do autor Moisés Goldbaum.

Recomendamos também a leitura deste material: Epidemiologia e Serviços de Saúde.


Revista do Sistema Único de Saúde do Brasil.

Você terá acesso a diversos artigos publicados sobre a Epidemiologia !

Vamos ao 1º capítulo do Livro -

Processo Saúde-Doença

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos
de aprendizagem:

Entender os conceitos de doença e de saúde e assim como se dá o processo


saúde-doença.
Correlacionar o processo saúde-doença com a epidemiologia.
Entender o processo saúde-doença e seus conceitos relacionados com sua
epidemiologia
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Durante muito tempo, ao longo da história da humanidade, diversas doenças
dizimaram milhares de pessoas, causando a devastação de várias cidades. Nesse
sentido, muitas dessas doenças foram fatais, como grandes epidemias retratadas
durante a Idade Média.

Epidemias doenças que se disseminam de forma inesperada e rápida, atingindo um


:

grande número de indivíduos simultaneamente (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003).

De acordo com relatos, é de conhecimento cada vez maior essa relação antiga entre
as diferentes doenças e o homem. Em 2010, por exemplo, pesquisadores do Egito, da
Alemanha e da Itália anunciaram que o jovem faraó Tutancâmon teria, em 1324 a.C.,
aos 19 anos de idade, tido uma infecção grave de malária (FOLHA DE SÃO PAULO,
2010).
A conclusão foi obtida através de uma pesquisa detalhada realizada na múmia do
jovem faraó (Figura 1) que incluiu a análise de seu DNA (ácido desoxirribonucléico),
sendo que esta análise possibilitou aos pesquisadores verificarem a presença de
genes do Plasmodium falciparum protozoário que é o agente biológico causador da
,

malária na África (FOLHA DE SÃO PAULO, 2010).

Agente biológico são todos os tipos de vírus, bactérias, fungos


: e parasitas.

Este relato, de acordo com os pesquisadores, constitui na mais antiga evidência


genética numa múmia com datação precisa (FOLHA DE SÃO PAULO, 2010). Dessa
forma, podemos concluir que convivemos com agentes biológicos há mais de 2000
anos. A forma como conduzimos estudos sobre a área da saúde está cada vez mais
sofisticada e específica, aprimorando conhecimentos sobre diferentes doenças e
permitindo ações de saúde mais efetivas e eficazes contra elas.

FIGURA 1 − DETALHE DO MINISSARCÓFAGO USADO PARA ABRIGAR AS VÍSCERAS DO


FARAÓ TUTANCÂMON
FONTE:
<https://m.folha.uol.com.br
/ciencia/2010/02/695068-
malaria-pode-ter-matado-
tutancamon-sugere-dna.shtml>.
Acesso em: 28 jun. 2020.

Na verdade, toda vez que se pensa em relações, a palavra evolução vem à tona,
junto ao célebre princípio formulado de que se não for à luz da evolução nada na
biologia terá sentido (SANT’ANNA et al. 2004). Pode se observar, então, uma
,

evolução, em que se pode constatar um processo dinâmico entre saúde e doença,


junto às transformações enormes e significativas que as sociedades sofreram e,
assim, os conceitos de saúde e de doença foram se modificando também.
Mas, afinal, o que é doença? Como ela se manifesta? Quais aspectos importantes são
necessários para isso? O que é saúde? Quais conceitos são importantes conhecer
para compreender melhor tanto a saúde quanto a doença? Quais medidas de
promoção à saúde, prevenção e controle podem ou devem ser tomadas para a
melhoria da saúde da população como um todo? Muitas questões levantadas já
podem ser respondidas através de avanços das ciências da saúde, principalmente
ciências básicas da área de Saúde Pública, como é o caso da epidemiologia que,
,

diferentemente da clínica, estuda o processo saúde e doença em nível populacional,


fornecendo, assim, ferramentas para o estudo de informações de saúde de uma
determinada população.
De acordo com a epidemiologia temos ainda vários conceitos importantes
,

relacionados ao estudo e à distribuição de fatores de risco, de proteção ou de


determinantes, que se caracterizam por influenciar ou não no desenvolvimento de
diferentes doenças ou agravos à saúde. Dessa forma, a epidemiologia se baseia num
raciocínio causal entre os diferentes fatores e as doenças, havendo ou não
associação entre eles.
Através dos estudos epidemiológicos, pode-se determinar quais são os grupos de
risco para determinada doença e, assim, permitir que sejam adotadas Medidas de
Promoção, Prevenção e Controle das doenças nesses grupos, bem como na
população como um todo.
Outro aspecto importante do uso da epidemiologia na Saúde Pública, de um modo
geral, é ser instrumento para a tomada de decisões em Políticas Públicas
relacionadas à saúde de uma determinada população. Dessa maneira, pode-se citar,
por exemplo, o acompanhamento diário pela Vigilância Epidemiológica da pandemia
do novo coronavírus; muitos estados brasileiros têm tomado a decisão de manter os
já conhecidos e identificados grupos de risco para o desenvolvimento da doença em
casa, como idosos, pacientes com comorbidades, como doenças cardiovasculares e
diabetes, e pacientes imunodeprimidos. Dessa forma, diminui-se a possibilidade de
contágio entre esses indivíduos, principalmente porque são os mais vulneráveis ao
desenvolvimento da forma mais grave da doença por terem o sistema imunológico
mais comprometido.

Pandemia tipo de epidemia que é caracterizada pela ocorrência em larga


:

distribuição espacial, atingindo vários países ao mesmo tempo.

Atualmente, a epidemiologia é a principal ciência de informações sobre dados de


saúde e doença de uma determinada população em uma casa, bairro, cidade, estado,
país e mundo.

2 INTRODUÇÃO
A epidemiologia é considerada o eixo da Saúde Pública, ou seja, a peça-chave no
estudo das informações de saúde (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003). Sobre aspectos
relacionados à Epidemiologia, podemos destacar o fato deste estudo:
proporcionar bases sólidas para a adoção de medidas de promoção, prevenção e
controle das doenças;
•fornecer pistas para o efetivo diagnóstico de doenças infecciosas ou não
infecciosas;
•verificar a consistência de hipóteses de causalidades entre diversos fatores e
doenças, ou seja, identificar se diferentes fatores (de risco, de proteção ou
determinantes da doença) estão associados efetivamente com as doenças ou não;
•estudar a distribuição da morbidade (doença) e mortalidade, objetivando traçar o
perfil do processo saúde-doença nas populações;
•realizar testes da eficácia e inocuidade de vacinas;
•desenvolver a Vigilância Epidemiológica;
•analisar fatores determinantes das doenças, como socioeconômicos e ambientais.

Essas funções permitem que a epidemiologia tenha um papel fundamental na Saúde


Pública, sendo muito útil às tomadas de decisões das autoridades de saúde. Já é
comprovado que os estudos epidemiológicos contribuíram muito para o
aperfeiçoamento da saúde e dos conceitos relativos às diferentes doenças.

3 DEFINIÇÃO DE DOENÇA
A letra da música “O Pulso”, do grupo musical Titãs, apresentada a seguir, foi
composta na década de 1980, no entanto, sua temática é extremamente atual. A
música constata o quanto diferentes doenças assolaram e assolam nossas vidas,
influenciando a história humana e a modificando ao longo dos tempos.

Analise a música do grupo Titãs chamada “O Pulso”, com composição de Arnaldo


Antunes, Toni Belloto e Marcelo Fromer.
Para ouví-la acesse ao link: https://www.youtube.com/watch?v=PH3kNbvjN9E
O Pulso
O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa
Peste bubônica, câncer, pneumonia
Raiva, rubéola, tuberculose e anemia
Rancor, cisticercose, caxumba, difteria
Encefalite, faringite, gripe e leucemia
E o pulso ainda pulsa (pulso)
(Pulso)
O pulso ainda pulsa (pulso)
(Pulso)
Hepatite, escarlatina, estupidez, paralisia
Toxoplasmose, sarampo, esquizofrenia
Úlcera, trombose, coqueluche, hipocondria
Sífilis, ciúmes, asma, cleptomania
E o corpo ainda é pouco
O corpo ainda é pouco
Assim
Reumatismo, raquitismo, cistite, disritmia
Hérnia, pediculose, tétano, hipocrisia
Brucelose, febre tifoide, arteriosclerose, miopia
Catapora, culpa, cárie, cãibra, lepra, afasia
O pulso ainda pulsa
E o corpo ainda é pouco
Ainda pulsa
Ainda é pouco
[...]

FONTE: <https://www.letras.mus.br/titas/48989/>. Acesso em: 28 jun. 2020.

Antes de falarmos sobre as diferentes doenças, é necessário compreender o conceito


dessa palavra. Doença vem do latim dolentia, padecimento e é definida como uma
,

condição anormal do organismo que interfere em suas funções corporais, estando


associada a sintomas específicos.
A doença também pode ser definida como um desajustamento ou falha nos
mecanismos de adaptação do organismo ou uma ausência de reação aos estímulos.
O processo conduz a uma perturbação da estrutura ou da função de um órgão, de
um sistema ou de todo o organismo e das funções vitais (ROUQUAYROL; ALMEIDA,
2003).
Temos ainda o conceito de doença quando geralmente tem causas conhecidas, sinais
e sintomas específicos bem característicos delas. É fato que há uma complexidade
inerente à definição de doença, visto que ela se apresenta de várias formas como
sendo apenas um determinado agravo à saúde, como alguma sequela devido a um
acidente ou às chamadas síndromes.
As síndromes podem ser classificadas como uma condição que ainda não tem causa
bem definida ou, ainda, por provocarem um conjunto de sinais e sintomas que
ocorrem ao mesmo tempo de causas variadas, assemelhando-se a uma ou várias
doenças. Apresentam-se aqui alguns exemplos de síndromes bem conhecidas como
Síndrome de Down e Síndrome de Turner.

Apesar da AIDS ter o nome de Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, ela não é


considerada uma síndrome propriamente dita, pois ela possui sinais e sintomas
específicos e causa bem definida.

Existem vários tipos de doenças e seus diferentes conceitos, neste Livro Didático
serão apresentados e discutidos alguns considerados importantes no ponto de vista
epidemiológico. Na perspectiva do mecanismo etiológico, ou seja, causador de
determinada doença, as doenças podem ser classificadas em dois tipos
(ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003):
•Doenças infecciosas: causadas por um agente biológico ou etiológico, como vírus,
bactérias, fungos ou parasitas.
Doenças não infecciosas: a priori, não são causadas por agentes biológicos ou
agentes etiológicos.

4 DOENÇAS INFECCIOSAS
A doença infecciosa é sempre resultado de interações entre o hospedeiro (local que
se desenvolve o agente biológico), o agente biológico ou infeccioso (por exemplo,
determinada bactéria) e do meio ambiente (por exemplo, água contaminada)
(GORDIS, 2017).

Hospedeiro homem ou outro animal vivo que ofereça, em condições naturais,


:

subsistência ou alojamento a um agente infeccioso (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003).

Dessa forma, temos algumas possibilidades de agentes biológicos, etiológicos ou


infecciosos que são todos referentes ao mesmo conceito, ou seja, podem ser
,

responsáveis por causar uma doença infecciosa. Os agentes biológicos conhecidos


são:
Vírus.
Bactérias.

Fungos.
Parasitas.
Os vírus são os únicos seres vivos que não possuem células, sendo considerados
seres intracelulares obrigatórios, ou seja, necessitam entrar em células dos diferentes
hospedeiros para se desenvolverem. Alguns autores nem os consideram seres vivos
por não possuírem células, mas há autores que os defendem como seres vivos
devido à capacidade intrínseca de multiplicar seu material genético. São seres
microscópicos e medem menos que 0,2 µm e são, basicamente, formados por uma
cápsula protéica e material genético, podendo ser DNA (ácido desexirribonucléico),
RNA (ácido ribonucléico) ou os dois juntos.
Temos vários tipos de vírus com importância na Medicina e na Saúde Pública por
causarem doenças bem conhecidas, como o vírus HIV, causador da AIDS (Síndrome
de Imunodeficiência Adquirida), ou o novo coronavírus, surgido recentemente na
história da humanidade e que é causador da COVID-19.

Conecte-se

Veja, a seguir, a sugestão de cinco filmes para fazer uma


reflexão sobre a COVID-19: https://atarde.uol.com.br/cinema
/noticias/2125155-confira-5-filmes-que-vao-te-fazer-refletir-
sobre-a-pandemia-do-coronavirus
Disponível aqui

Temos ainda inúmeros vírus causadores de doenças, tais como:


o vírus do sarampo;
•vírus de um resfriado comum Rinovírus );
(

•vírus da gripe Influenza );


(

•vírus da dengue;
•vírus do zika;
•vírus do ebola.
FIGURA 2 − VÍRUS CAUSADOR DE DOENÇA INFECCIOSA: SARAMPO
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/3d-illustration-measles-virus-1178059438>.
Acesso em: 28 jun. 2020

Já as bactérias são organismos unicelulares (apresentam uma única célula) e


microscópicos, ou seja, medindo cerca de 0,2 µm a 1,5 µm. Além disso, são seres
procariontes, ou seja, não possuem membrana nuclear envolvendo seu material
genético.
Temos bactérias que são benéficas ao meio ambiente, como as responsáveis pela
decomposição de nutrientes e algumas que vivem no interior de nossos intestinos, a
chamada flora intestinal, que auxilia na digestão de alimentos. No entanto, daremos
destaque às bactérias causadoras de doenças, as quais têm importância para o
processo saúde-doença, tais como:
Mycobacterium tuberculosis (causador da tuberculose).
Mycobacterium leprae (causador da hanseníase).
Clostridium tetani (causadora do tétano).
Vibrio cholerae (causador do cólera).
FIGURA 3 − BACTÉRIA CAUSADORA DE UMA DOENÇA INFECCIOSA

FONTE: <https://shutr.bz/2V9DECJ>. Acesso em: 28 jun. 2020

Os fungos são seres vivos eucariontes, ou seja, possuem membrana nuclear e


podem, ainda, ser uni ou pluricelulares. Especialistas apontam que existem cerca de
1,5 milhões de espécies de fungos no mundo, havendo tanto aqueles utilizados para
a culinária, como alguns cogumelos, como os que são considerados importantes para
a saúde, pois causam conhecidas doenças, tais como:

•Micoses: infecções causadas por fungos que atingem a pele, as unhas e o cabelo.
•Frieiras: caracterizadas pelo surgimento de bolhas e rachaduras na pele.
•Candidíase: infecção que ocorre geralmente na área genital, causando coceira,
secreção e inflamação no local atingido.
•Histoplasmose: infecção que afeta os pulmões causando inflamações.
FIGURA 4 − EXEMPLO DE UM FUNGO CAUSADOR DE DOENÇA INFECCIOSA

FONTE: <https://shutr.bz/37c3ZCw>. Acesso em: 28 jun. 2020.

Os parasitas são organismos que vivem na superfície ou no interior de outro


organismo o hospedeiro para poder se nutrir do metabolismo com o intuito de não
( )

levá-lo a óbito e, assim, viver às custas do hospedeiro, como muitos parasitas que
interagem com os seres humanos. Dessa forma, o parasita é beneficiado e o
hospedeiro é prejudicado.
FIGURA 5 − EXEMPLO DE PARASITA CAUSADOR DE DOENÇA INFECCIOSA

FONTE: <https://shutr.bz/2TJH2DH>. Acesso em: 28 jun. 2020

Existem inúmeros parasitas, mas aqui citaremos alguns com importância para a
saúde, tais como:
Carrapatos.

•Piolhos.
•Amebas.
•Lombrigas.
•Giardia.
•Tênia.
•Esquistossomo.
Os agentes biológicos apresentados, quando infectam, nem sempre interagem
diretamente com o hospedeiro sendo importante a interação com o meio
,

ambiente também, formando a chamada tríade epidemiológica (Figura 6).


FIGURA 6 − TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA MOSTRANDO A INTERAÇÃO DO AGENTE
BIOLÓGICO COM O HOSPEDEIRO E A POSSÍVEL NECESSIDADE DA INTERAÇÃO
COM O MEIO AMBIENTE

FONTE: A autora

A Tríade Epidemiológica leva em consideração o meio ambiente, que pode ser


fatores físicos, como temperatura, umidade, altitude; e os fatores sociais, como
aglomeração no domicílio, acesso à alimentação, água tratada, poluição do ar, entre
outros.
No entanto, para que essa interação resulte em doença, o hospedeiro deverá ainda
ser suscetível característica esta que, por sua vez, é resultante de uma série de
,

fatores que incluem desde fatores genéticos até características nutricionais e


imunológicas do hospedeiro (GORDIS, 2017).
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, 2010a), em 1983, a
doença infecciosa foi definida como a doença que se manifesta clinicamente no
homem ou em animais, resultante de uma infecção ou seja, penetração e
,

desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no organismo de um


indivíduo ou um animal. Por sua vez, agente infeccioso ou agente etiológico vivo é
aquele microrganismo capaz de produzir infecção ou doença infecciosa .

No entanto, a infecção não é sinônimo de doença, pois pode ocorrer infecção sem
que haja o desenvolvimento de doença (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003). Um bom
exemplo dessa condição é o que acontece no caso da infecção com o Mycobacterium
tuberculosis, em que aproximadamente 90% dos casos infectados não desenvolvem a
doença, ou seja, apenas 10% dos indivíduos infectados com o Mycobacterium
tuberculosis desenvolverão a tuberculose pulmonar (PAULA, 2008).
Dessa forma, fica claro que as interações entre diferentes agentes biológicos ,

hospedeiros e meio ambiente são resultadas das relações coevolutivas


estabelecidas e reestabelecidas entre eles ao longo do tempo, considerando assim
diversas gerações e levando em conta a hereditariedade também. Para melhor
entendimento dessa coevolução será apresentado um breve histórico das doenças
infecciosas com alguns conceitos importantes derivados da epidemiologia .

5 BREVE HISTÓRICO DAS DOENÇAS


INFECCIOSAS
As doenças infecciosas acompanham o homem desde o início de sua história, mas
provavelmente ele passou a ser reservatório natural de microrganismos e
parasitas, ou seja, passou a permitir que os agentes infecciosos vivessem e se
multiplicassem em seus organismos, de forma que possibilitasse a sua transferência
a um hospedeiro suscetível quando começou a viver em grupos, formando
,

aglomerados populacionais. Essa condição permitiu que os agentes infecciosos se


mantivessem em circulação contínua, sendo transmitidos de pessoa para pessoa
(SATCHER, 1995; WALDMAN, 2001).
A ampla disseminação das doenças infecciosas foi possível com o crescimento da
população humana e o desenvolvimento de diferentes civilizações (SATCHER, 1995;
WALDMAN, 2001). Desde então, existem vários relatos ao longo da história da
humanidade que revelaram a importância das doenças infecciosas na vida humana,
promovendo impactos não só na economia, como também em sua estrutura
demográfica (WALDMAN, 2000).
Existem muitos exemplos de epidemias que foram significativas na história humana,
mas aqui serão apresentadas algumas que merecem destaque. É possível citar as
pestes apresentadas na Bíblia e durante a Idade Média, a gripe espanhola, em 1918,
e, mais recentemente, a pandemia da AIDS e do novo coranavírus, doenças
infecciosas que têm aparecido e reaparecido de forma a desafiar a Saúde Pública e a
comunidade científica por todo o globo (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003).
Essas epidemias foram tão significativas ao longo da história humana que muitas
delas foram retratadas em obras de arte bem conhecidas e, assim, puderam ser
perpetuadas para não nos esquecermos desses eventos tão aterrorizantes e
devastadores. Além disso, muitos desses quadros retratam o quanto as epidemias
eram vistas como castigo dos deuses raivosos, isto devido ao ser humano não ter
agido de forma adequada de acordo com preceitos religiosos das épocas retratadas.
Durante a Idade Média, a Igreja Católica perseguiu muitas minorias religiosas, como
judeus, os quais foram levadas à Fogueira da Santa Inquisição devido à acusação de
que eram responsáveis pela Peste (BUSHEY; GINDER; O'SULLIVAN, 2000). Nesse
momento, então, a Igreja tinha o controle das epidemias ou pandemias e a ciência
em si teve pouca intervenção. A Figura 7 retrata a Peste Negra como martírio para os
seres humanos da época.
FIGURA 7 − PESTE NEGRA RETRATADA EM 1349 NA BÉLGICA POR ARTISTA
DESCONHECIDO

FONTE: <http://www.artcyclopedia.com/featuredarticle-2000-11-port4.html>. Acesso em: 28 jun. 2020.

A Peste Bubônica, a forma mais conhecida da chamada Peste Negra, é sempre


mostrada junto a sua imponência em devastar as cidades (Figura 8), uma vez que
durante o século XIV, entre o período de 1347 a 1350, essa doença foi uma
pandemia responsável por dizimar cerca de 1/3 da população europeia da época, ou
,

seja, aproximadamente 25-75 milhões de pessoas (BUSHEY; GINDER; O'SULLIVAN,


2000).
FIGURA 8 − PESTE NEGRA RETRATADA DEVASTANDO AS CIDADES PELO ARTISTA
FLEMISH EM 1562
FONTE: <http://rompedas.blogspot.com/2010/05/hell-brueghel.html>. Acesso em: 28 jun. 2020

A Peste Negra atingiu não só o continente europeu, mas também a China e o Oriente
Médio, bem como outras regiões do mundo (BUSHEY; GINDER; O'SULLIVAN, 2000). A
Peste Bubônica, responsável por tantas mortes na Idade Média, era causada pela
bactéria Yersinia pestis transmitida para os seres humanos através de pulgas
,

presentes em ratos (BUSHEY; GINDER; O'SULLIVAN, 2000). Dessa forma, as condições


insalubres de higiene da época, como a falta de saneamento básico, foram
determinantes para o desenvolvimento da doença.
Os primeiros sintomas dessa doença eram dor de cabeça, náuseas, vômito e dores
nas juntas, sendo que dentro de quatro dias após o desenvolvimento da Peste Negra
o indivíduo falecia (BUSHEY; GINDER; O'SULLIVAN, 2000). Atualmente, a Peste Negra
não se encontra totalmente erradicada, ou seja, a Yersinia pestis ainda persiste em
algumas regiões do mundo, havendo, por exemplo, em 1994, uma epidemia em
Surat, Índia. Vários casos anuais, também, são relatados nos EUA, principalmente no
Sudoeste do país, onde a doença é endêmica em esquilos e pode ser transmitida ao
ser humano através das pulgas. No entanto, nos dias de hoje, existem antibióticos
capazes de controlarem a Peste Negra, evitando a evolução ao óbito.
Outras doenças infecciosas que se destacavam até o século XIX, além da Peste Negra,
eram a tuberculose, a sífilis e a cólera, bem como a diarreia e a varíola, que foram
epidemias responsáveis por elevadas proporções de óbitos, mesmo em países
desenvolvidos (WALDMAN, 2001).
A Figura 9, a seguir, apresenta uma pintura famosa do pintor norueguês Edvard
Munch, na qual ele retratada a sua própria angústia diante da morte de sua irmã
Sophie, vítima de tuberculose.
FIGURA 9 − EDVARD MUNCH: MORTE NA ENFERMARIA
FONTE: <http://acorona48-melancoliayfelicidad.blogspot.com/2010/11/hola.html>. Acesso em: 28 jun. 2020

A varíola foi classificada como uma das doenças mais devastadoras da história da
humanidade, segundo a OMS (WALDMAN, 2010). Essa doença foi a causa de
inúmeras epidemias, atingindo e levando ao óbito populações inteiras, como diversas
tribos indígenas brasileiras (WALDMAN, 2010). Ainda no século XVIII, a varíola foi
responsável pela morte de um recém-nascido para cada dez (1/10) na Suécia e na
França e de um a cada sete (1/7) na Rússia. A letalidade ou seja, o número de óbitos
,

por indivíduos doentes, era tão elevado que era uma prática comum dar nome
apenas às crianças que sobrevivessem à varíola (WALDMAN, 2010).
A varíola é causada após a infecção pelo vírus Orthopoxvírus variolae, mas o
aparecimento dos primeiros sintomas clínicos da varíola ocorre, em média, após 17
dias da infecção (WALDMAN, 2010). Dessa forma, podemos dizer que o período de
incubação da varíola é de 17 dias.

Período de incubação período que vai desde o momento da infecção propriamente


:

dita até o aparecimento dos primeiros sintomas (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003).

Como principais sintomas da varíola podemos destacar: febre alta, mal-estar, dor de
cabeça, dor nas costas e abatimento. A varíola se apresentava de forma mais violenta
quando a febre baixava e surgiam erupções avermelhadas por todo o corpo do
paciente (WALDMAN, 2010). Com o tempo, tais erupções evoluíam para as chamadas
pústulas (pequenas bolhas repletas de pus) que provocavam coceira intensa e muita
dor (WALDMAN, 2010). Nesse estágio, o paciente poderia apresentar cegueira
decorrente da doença (WALDMAN, 2010).
Até aquele momento não se existia tratamento eficaz contra a varíola, mas o que já
se sabia na época é que os pacientes que contraíssem a forma mais violenta da
doença (varíola major) evoluíam para o óbito, enquanto que aqueles que contraíssem
a forma minor tendiam a sobreviver, mas com grande chance de apresentar alguma
sequela, como cegueira (WALDMAN, 2010).

Atualmente, a varíola é considerada uma doença erradicada, ou seja, extinta, após a


aplicação da vacina em massa por alguns anos e por todo o globo (WALDMAN, 2010).
Por outro lado, existe a ameaça real do uso do vírus Orthopoxvírus variolae como
arma biológica, preocupando os governos de diferentes países (WALDMAN, 2010).
No século XX, conhecido pelo século de significativas e rápidas transformações,
ocorreram diversas mudanças. Entre essas mudanças podemos destacar:
ampliação do saneamento básico;
•melhoria nas condições de nutrição;
•melhoria na área segurança do trabalho da população;
•desenvolvimento da ciência com maior conhecimento dos agentes infecciosos e
suas diferentes etiologias;
•desenvolvimento de novas vacinas e drogas eficazes.
Todos esses aspectos contribuíram para uma diminuição significativa da mortalidade
infantil e elevação da expectativa de vida que, por conseguinte, proporcionaram o
aumento do envelhecimento da população e a modificação na estrutura demográfica
da população, conhecida como transição demográfica .

Além disso, as transformações ocorridas no século XX proporcionaram uma


diminuição nas taxas de morbimortalidade pelas doenças infecciosas e, por sua vez,
uma elevação da importância relativa das taxas de morbimortalidade por doenças
crônico-degenerativas e neoplasias (cânceres), que são doenças não infecciosas ,

sendo essa mudança significativa nesses padrões. Tais modificações são conhecidas
como transição epidemiológica (WALDMAN, 2001).
A partir desse novo contexto, muitos pesquisadores e cientistas renomados
passaram a acreditar na chamada teoria da transição epidemiológica ou seja, que
,

as doenças infecciosas estavam praticamente eliminadas e poderiam até desaparecer


do cenário mundial, sendo totalmente erradicadas, principalmente quando os países
atingissem níveis mais elevados de desenvolvimento econômico e social. Essa teoria
estava muito focada na ideia de que as doenças infecciosas estavam relacionadas
quase que exclusivamente com a pobreza (TAYLOR; KARIM, 2004; WALDMAN, 2001).
Além disso, os cientistas que defendiam a teoria de transição epidemiológica
subestimaram bastante a capacidade de adaptação dos diferentes microrganismos
às mudanças do meio ambiente, incluindo as melhorias da medicina e de
procedimentos em saúde em geral.
Apesar disso, não se pode dizer que as doenças infecciosas sumiram do mapa. Entre
1918 e 1919, uma pandemia de influenza, mais conhecida como Gripe Espanhola,
atingiu aproximadamente 50% da população mundial, sendo responsável pela morte
de mais de 25 milhões de pessoas por todo o globo. Atualmente, um grande exemplo
disso é o surgimento do novo coronavírus, surgido em dezembro de 2019, na China,
que se espalhou por inúmeros países da Europa, América, África, Ásia e Oceania,
atingindo todos os continentes e sendo considerado, rapidamente, uma pandemia.

A transmissão é via aérea e pode ocorrer quando o indivíduo contaminado com a


COVID-19 fala (através de gotículas da saliva), tosse ou espirra, bem como poderá
ocorrer através de um aperto de mão ou ao ficar em contato próximo com outro
indivíduo. A contaminação poderá ocorrer através do toque em superfícies
contaminadas, como teclados de computador, celular, maçaneta, brinquedos, entre
outros. Como sintomas mais comuns da COVID-19 podemos destacar:
febre;
•tosse seca;
•cansaço;
•coriza.
Os sintomas menos comuns são:
dores e desconforto;
•dor de garganta;
•diarreia;
•conjuntivite;
•dor de cabeça;
•perda do paladar ou olfato;
•erupção cutânea na pele ou descoloração dos dedos das mãos e dos pés.
Os sintomas mais graves são:
dificuldade de respirar ou falta de ar;

•dor ou pressão no peito;


•perda de fala ou movimento;
•pneumonia;
•síndrome respiratória aguda grave;
•insuficiência renal.
A maioria dos indivíduos infectados são assintomáticos ou apresentam os sintomas
de leves a moderados da doença e, assim, não precisam ser hospitalizados.
As prevenções contra o coronavírus são principalmente:

•proteger com máscaras nariz e boca quando for sair de casa;


as mãos com frequência até o punho com água
•lavar e sabão por pelo menos 20
segundos e/ou higienizar com álcool 70%;
•higienizar com frequência superfícies muito utilizadas com possibilidade de
contaminação, como celulares, brinquedos, teclados etc.;
•manter ambientes limpos e bem ventilados;
•evitar abraços, beijos e apertos de mão;
•evitar sair de casa;
•evitar aglomerações;
•evitar tocar no nariz, boca e olhos;
•não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, toalhas, pratos e copos;
•manter distância segura entre os indivíduos (de dois metros ou mais);
•identificar os sintomas;
•se tiver sintomas graves, procure imediatamente o médico;
no Brasil, ligue antes para o número 136 para que seja possível uma breve
avaliação dos sintomas e se será necessário encaminhar para uma Unidade de
Saúde.

O número de casos da doença, bem como o de óbitos, vem aumentando


significativamente a cada dia por todo o mundo desde que foi identificado na China,
em dezembro de 2019. A rápida propagação desse vírus vem sendo uma
preocupação mundial. No dia 31 de janeiro de 2020, cinco países da Europa já haviam
identificado casos da doença.

Conecte-se

Leia a notícia a seguir sobre a doença causada pelo novo


coronavírus https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia
:

/2020/01/30/novo-coronavirus-e-emergencia-de-saude-
internacional-declara-oms.ghtml
Disponível aqui

A propagação do vírus foi tão rápida que, em 28 de fevereiro de 2020, o novo


coronavírus já estava espalhado por cinco continentes, afetando inclusive a economia
mundial com baixa nas principais bolsas econômicas.
De início, no Brasil, um grupo de 58 brasileiros que estavam em Wuhan (o epicentro
da doença), na China, foram resgatados e ficaram em quarentena na Base Aérea de
Anápolis, Goiás (VEJA, 2020). Esses brasileiros ficaram 14 dias isolados, considerando
o período de incubação médio da doença, e só foram liberados após três exames
resultarem negativo para o vírus.

Conecte-se

Leia na íntegra a notícia sobre a quarentena dos


brasileiros em Anápolis devido ao novo coronavírus :

https://veja.abril.com.br/brasil/brasileiros-que-vieram-da-
china-deixam-quarentena-em-anapolis/
Disponível aqui

No final de maio de 2020, tem-se a marca mundial de 5.400.608 de casos


confirmados de COVID-19, 2.165.782 de casos recuperados da doença e 344.760
óbitos. No Brasil, dados atualizados mostram um significativo aumento desde janeiro
de 2020 para final de maio de 2020, com 365.213 de casos confirmados, 149.911 de
casos recuperados e 22.746 óbitos (OPAS, 2020).

Conecte-se

Site da OPAS com informações atualizadas do novo


coronavírus https://www.paho.org
:

/bra/index.php?option=com_content&view=article&
id=6101:covid19&Itemid=875

Disponível aqui
Conecte-se

O site do Ministério da Saúde apresenta informações


importantes sobre o novo coronavírus:
https://www.saude.gov.br/

Disponível aqui

Convidamos você a fazer uma reflexão sobre os termos relacionados à epidemiologia


que foram usados no estudo das doenças infecciosas, tais como: agente biológico,
tríade epidemiológica, hospedeiro, período de incubação, entre outros. Vale ressaltar
que essas terminologias são específicas às doenças infecciosas. Verifique se você
encontrou algum outro termo não mencionado.

No cenário nacional, mais especificamente, outras doenças também se apresentam


em grande destaque atualmente, tais como:
sarampo;
dengue;
tuberculose pulmonar;
zika.
No Brasil, os casos de sarampo voltaram a surgir com grande impacto, causando
morte em crianças devido, principalmente, à falta de vacinação, que é de
responsabilidade dos responsáveis. Atualmente, o zika vírus tem sido considerado
uma pandemia por ter se espalhado de maneira rápida e constante pelo globo. No
,

Sul do Brasil, principalmente no Paraná, os casos de dengue têm aumentado muito


devido essencialmente à falta de cuidado em higienizar os criadouros das larvas do
mosquito, que levam o vírus que causa a dengue para os diferentes lugares. Dessa
forma, aumentaram também os casos de óbito por dengue.

Você sabia que os cientistas acreditam que o vírus responsável pela a gripe
espanhola esteja relacionado com o vírus H1N1 da gripe suína?
Você sabia que doenças como a tuberculose pulmonar ainda atingem
significativamente regiões de pobreza e de superlotação (grandes centros urbanos),
como Nova York, nos EUA, e São Paulo, no Brasil?

Você sabia que doenças como a tuberculose pulmonar ainda atingem


significativamente regiões de pobreza e de superlotação (grandes centros urbanos),
como Nova York, nos EUA, e São Paulo, no Brasil?

Conecte-se

Leia as indicações do site Agência de Notícias da AIDS sobre


filmes que tratam acerca da HIV: https://agenciaaids.com.br
/noticia/12-filmes-sobre-hiv-e-aids-para-abrir-a-mente/

Disponível aqui

Após a apresentação e a discussão de diferentes doenças infecciosas, serão


mostradas, a seguir, as doenças não infecciosas e seus mais significativos exemplos
de elevadas taxas e aumentos nos números de óbitos.

6 DOENÇAS NÃO INFECCIOSAS


As doenças não infecciosas ou não transmissíveis vêm crescendo no cenário
internacional e nacional; destacando-se a transição epidemiológica já apresentada.
,

As doenças não infecciosas não necessitam necessariamente de um agente


infeccioso para se desenvolverem. Nesse sentido, existem estudos científicos que
sugerem a participação do agente biológico de algum modo nas doenças não
transmissíveis também. Temos como exemplo o vírus HPV, que tem que estar
presente para ocorrer o câncer de colo de útero.
Entre essas doenças destacam-se as associadas ao coração, diabetes, doenças
psicossociais, como a depressão, e neoplasias (cânceres).
As doenças não infecciosas são muito mais comuns nos adultos, sendo
principalmente afetadas por fatores de risco como: ,

drogas ilícitas;

•álcool;
•tabagismo;
•dieta alimentar;
•fatores genéticos;
•radiação;
•poluição do ar;

•temperatura;
•estresse;
•viver em ambientes fechados, como presídios e casas de repouso;
•estilo de vida;
•hipertensão;
•raça;

•sexo;
•higiene;
•saneamento básico.
Nesse sentido, temos, por exemplo, o nível de colesterol elevado como fator de risco
para as doenças associadas ao coração. Para melhor entendimento do cenário de
evolução das doenças não infecciosas, será comentado sobre as principais.

6.1 DOENÇAS CARDIOVASCULARES


As doenças cardiovasculares são um grupo de doenças do coração e dos vasos
sanguíneos. Segundo a OPAS (2017), as doenças cardiovasculares são a principal
causa de óbito no mundo atualmente. Estima-se que 17,7 milhões de pessoas
morreram por doenças cardiovasculares em 2015, por exemplo, o que representou
cerca de 31% de todos os óbitos em nível global. Desses óbitos, estima-se que 7,4
milhões ocorreram devido às doenças cardiovasculares e 6,7 milhões devido a
acidentes vasculares cerebrais (AVCs).
Entre a população com alto risco de ter essas doenças, temos aqueles que possuem
um ou mais fatores de risco, como hipertensão, diabetes, cigarro, álcool,
sedentarismo, dietas inadequadas, sobrepeso, obesidade, glicemia elevada e fatores
hereditários, no entanto, pode-se citar também fatores socioeconômicos, como a
pobreza. Esse último fator de risco pode ser constatado com a informação de que
mais de três quartos de óbitos por doenças cardiovasculares ocorreram em países de
média ou baixa renda, isto, pois, diferentemente dos indivíduos que vivem em países
de alta renda, países de média ou baixa renda muitas vezes não têm o benefício de
programas integrados de promoção à saúde, prevenção e controle dessas doenças.
Além disso, os acessos aos serviços de saúde tendem a ser mais precários.
Através de estudos epidemiológicos, foi possível constatar medidas de prevenção
dessas doenças bem acessíveis à população, como não fumar, ter dietas alimentares
saudáveis, fazer exercícios físicos regulares, evitar o uso de álcool e de drogas ilícitas.
Desse modo, as Políticas Públicas de Saúde devem motivar as pessoas a adotarem e
manterem comportamentos saudáveis.

6.2 DIABETES
Diabetes é uma doença caracterizada pela não produção de insulina ou baixa
produção dela pelo pâncreas do indivíduo. A insulina é um hormônio que regula a
glicose no sangue. Dessa forma, a hiperglicemia, ou seja, o aumento de açúcar no
sangue, é o efeito mais comum do diabetes. Os principais sintomas do diabetes são:
Poliúria (urinar a toda hora).
•Polidipsia (excessiva sensação de sede).
•Cansaço e falta de energia.
•Perda de peso.
•Polifagia ou hiperfagia (fome frequente).
•Visão embaraçada.
•Cicatrização lenta.
•Infecções frequentes.
Segundo a OPAS (2010b), o diabetes é considerado uma doença crônica de maior
impacto nos gastos de saúde, com o gasto de cerca de 12% do total de recursos em
saúde no mundo todo. Quando mal controlado, o diabetes traz complicações muito
graves ao indivíduo, como cegueira e amputação de membros.
Alguns dados têm apontado para um número total de casos de diabetes cada vez
maior, sendo que o Brasil se apresenta na oitava posição mundial em quantidade de
pessoas com essa doença.
O diabetes é a causa de cerca de 5% de todos os óbitos globais por ano e, por isso, a
importância de se entender e estudar essa doença cada vez mais. Entre os fatores de
risco para essa doença se encontram:

Obesidade.
•Sobrepeso.
•Glicemia elevada.
•Fatores hereditários.
•Inatividade física.

•Dieta alimentar pouco saudável.


•Etnicidade.
•Hipertensão.
•Idade maior que 60 anos.

6.3 DOENÇAS PSICOSSOCIAIS


As doenças psicossociais ou ocupacionais (doenças associadas ao ambiente de
trabalho) são aquelas que se desenvolvem a partir da influência do contexto social e
que afetam diretamente o psicológico do indivíduo, refletindo no funcionamento do
seu organismo biológico.
Essas doenças têm sido apresentadas com um lugar expressivo entre as principais
causas de afastamento do trabalho por todo o mundo, com ascensão de seus dados
de morbidade e de mortalidade. No Brasil, dados levantados pela OPAS (2016)
apontam que cerca de 14% dos benefícios anuais de saúde utilizados ocorrem por
causa dessas doenças, como o auxílio-doença do INSS (Instituto Nacional do Seguro
Social).
Estudos científicos atuais têm apontado que o principal fator de risco para o
desenvolvimento das doenças psicossociais é o stress no trabalho. No entanto,
podemos destacar outros fatores, como:
Excesso de trabalho.
•Pressão no trabalho.
•Acúmulo no trabalho.
•Insegurança na permanência no trabalho.
•Ambiente de trabalho extremamente competitivo.
•Estilo de vida do trabalhador.
•Fatores genéticos do trabalhador.
Esses fatores demonstram que o maior número dessas doenças no cenário mundial
consistem em desafios desencadeados pelo avanço industrial, globalização,
desenvolvimento tecnológico, entre outros.
Segundo a OPAS (2016), para se ter medidas mais de efetivas de prevenção e controle
dessas doenças, a política de trabalho apropriada deve ser baseada nos seguintes
princípios éticos:
Cobrir todas as exposições perigosas dentro do ambiente de trabalho.
•Aplicar normas de bom comportamento, atenção e responsabilidade.
abordagens que impeçam comportamentos antiéticos, agindo sobre eles,
•Incluir
caso ocorram.
•Promover a responsabilidade e a prestação de contas de todos no local de
trabalho.
Um aspecto importante a ser ressaltado e que constitui um grande desafio para a
Saúde Pública, tanto no diagnóstico quanto no tratamento, é o preconceito que
muitas pessoas têm em lidar com essas doenças psicossociais, até mesmo de falar
sobre elas, tanto os próprios pacientes, como os familiares, os amigos e a sociedade.
Um bom exemplo dessas doenças é o esgotamento mental e físico proporcionado
pela Síndrome de Burnot que pode ainda levar à alteração no comportamento da
,

pessoa, tornando-a mais agressiva e ansiosa. Outros exemplos bem conhecidos


dessas doenças são a depressão e a síndrome do pânico.
Como essas doenças apresentadas têm cada vez mais números de casos, e até
mesmo de óbitos, como o acontecimento de suicídios, será feita uma breve
explanação delas a seguir.

6.3.1 Depressão
A depressão é uma doença considerada grave por ser caracterizada por alterações no
humor do indivíduo. Temos dois tipos conhecidos, de acordo com a OPAS (2018):
transtorno depressivo recorrente e transtorno afetivo bipolar. No caso do transtorno
depressivo recorrente, os principais sintomas são:
tristeza profunda;
•fadiga;
•falta de energia;
•sonolência excessiva;
•insônia;
•sensação de autodesvalorização;
•sentimento de culpa;

•falta de apetite;
•redução do interesse sexual;
•ansiedade.
Já o transtorno afetivo bipolar é caracterizado por alternância de episódios de
depressão propriamente dita e de mania, separados por períodos de humor normal.
Os episódios de mania são marcados por humor exaltado ou irritado, excesso de
atividades, pressão de fala, autoestima inflada, insônia, bem como a aceleração de
pensamento.
De acordo com a OPAS (2018), a depressão atinge cerca de 300 milhões de pessoas,
de todas as idades, pelo mundo. Com relação aos óbitos por depressão, 788 mil
pessoas se suicidaram no mundo em 2015 (G1, 2017). No Brasil, cerca de 5,8% da
população foram diagnosticadas com essa doença.

Conecte-se

Leia a seguir uma notícia sobre a depressão:


https://g1.globo.com/bemestar/noticia/depressao-cresce-
no-mundo-segundo-oms-brasil-tem-maior-prevalencia-da-
america-latina.ghtml

Disponível aqui

Ela é a principal causa de incapacidade do indivíduo pelo mundo, podendo causar um


grande sofrimento ao indivíduo e disfunção no trabalho, na escola, no núcleo familiar
ou, até mesmo, no ato de fazer atividades domésticas simples.
A depressão é resultado de uma complexa interação de fatores sociais, psicológicos e
biológicos. Como medidas de controle, indica-se sessões de psicoterapia frequentes
e, em casos moderados ou mais graves, o uso de medicamentos. Além disso,
atividade física e uma alimentação saudável contribuem para o tratamento adequado
dessa doença.
Conecte-se

Para mais informações sobre depressão acesse:


https://saude.gov.br/saude-de-a-z/depressao

Disponível aqui

6.3.2 Síndrome do pânico


A síndrome do pânico é um tipo de transtorno de ansiedade caracterizado por crises
inesperadas de medo, insegurança e desespero, aparentemente sem qualquer risco
real. Essas crises provocam sintomas físicos e psicológicos. Entre os sintomas físicos
temos:
palpitações de aceleramento cardíaco;
•suores intensos;
•calafrios ou ondas de calor;
•tremores;
•formigamentos;
•sensação de falta de ar ou asfixia;
•náuseas;
•dores ou desconforto no peito ou no tórax;
•tonturas e vertigens.
Os sintomas psicológicos mais comuns são:
medo de perder o controle;
•medo de enlouquecer;
•medo de morrer;
•sentimento de estar em perigo;
•sensação de bloqueio mental;
•desrealização e despersonalização das pessoas e coisas;
•angústia;
•sensação de transtorno de ansiedade generalizada;
•medo de ter outro episódio.
Estima-se que 280 milhões de pessoas no mundo sofrem com essa doença. No Brasil,
são cerca de 6 milhões de casos (PORTAL EXPANSÃO, 2017).

Conecte-se

Para mais informações a respeito da síndrome do pânico


acesse: https://zenklub.com.br/sindrome-do-panico/.

Disponível aqui

Acadêmico, foram apresentadas algumas das doenças psicossociais que são muito
expressivas no mundo, tanto em número de casos quanto de óbitos. No entanto,
temos muitas outras que têm surgido no cenário mundial.

6.4 NEOPLASIAS
A neoplasia, mais popularmente conhecida como câncer, é o nome dado a um
conjunto de mais de 100 doenças. Existem tipos de câncer para cada órgão do corpo,
como pulmonar, faríngeo, de bexiga, de cabeça, entre outros. Essas doenças têm em
comum o crescimento desordenado de células que invadem diferentes tecidos e
órgãos, podendo se tornar tumores malignos, se espalhando por outras áreas do
corpo através de metástase. Nesse sentido, há também os tumores benignos, que
são como uma massa de células que crescem em uma velocidade mais lenta que os
malignos.
Os fatores de risco para essas doenças são multifatoriais, desde fatores hereditários
(genéticos) até o estilo de vida, como o hábito de fumar e a dieta alimentar irregular.

7 DEFINIÇÃO DE SAÚDE
Atualmente, a saúde se apresenta como um conceito mais complexo, não sendo
apenas a ausência de doença e sim uma situação de completo bem-estar físico,
mental e social. Para tanto, são acoplados não só conceitos da área de saúde, mas da
área de exatas, como a estatística, e da área de humanas, como história, sociologia,
entre outras. No entanto, até chegar a esse conceito, a saúde passou a ser estudada
e tratada de forma mais ampla com o tempo, sendo estudada através da ciência
como um todo. Entre esses estudos temos a epidemiologia com seu papel
fundamental, uma peça-chave, visto que ela estuda o processo saúde-doença em
nível populacional.
O conceito de saúde tornou-se muito mais complexo ao acoplar o conceito de
qualidade de vida em sua definição. Se formos pensar sobre a história natural da
doença é possível analisar que no estado inicial de saúde há uma interação do
,

organismo sadio com agentes infecciosos ou fatores de risco (um fator que
aumenta a possibilidade de ocorrer determinada doença) que poderão perturbar a
normalidade ou contribuir para a mudança do estado sadio para a doença
propriamente dita (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003).
As primeiras inter-relações sucedem as primeiras perturbações leves, que podem ser
detectadas ao analisar as prevenções como é o caso do câncer de mama, que
,

através de seu exame periódico pode ser detectado o tumor e já se iniciar o


tratamento, aumentando a chance de cura.
O estágio inicial é seguido de outros até chegar na doença em estado avançado.
Nesse estágio, as alterações da morfologia são geralmente irreversíveis, podendo
evoluir para a invalidez total ou até para o óbito (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003).

8 EPIDEMIOLOGIA E AS DOENÇAS
A epidemiologia, como já abordado, é de grande valia para o estudo do processo
saúde-doença em nível populacional, e até agora já aprendemos diversos conceitos
ligados a ela. No entanto, no decorrer deste Livro Didático, você aprenderá outros
conceitos importantes.
A epidemiologia básica está muito associada a um pensamento causal, ou seja, que
existem fatores, como os de risco, que auxiliam para desencadear determinada
doença. Além disso, ela faz parte de uma disciplina de Saúde Pública e, com isso,
preocupa-se com o desenvolvimento de estratégias para as ações voltadas à
promoção e proteção da saúde da comunidade em geral.
Para uma definição mais precisa, podemos destacar o estudo da frequência, da
distribuição e dos determinantes dos estados ou dos eventos relacionados à saúde
em específicas populações, bem como a aplicação desses estudos no controle dos
problemas de saúde (GORDIS, 2017).
Estudo significa, para a epidemiologia, a vigilância epidemiológica, a observação,
: a
elaboração e o teste de hipóteses e diferentes estudos epidemiológicos.

Frequência e distribuição significam a análise dos dados obtidos segundo


:

características de tempo, espaço e classe dos indivíduos afetados.

Estados ou eventos relacionados à saúde incluem doenças, causas de óbito,


:

comportamento, como o uso de tabaco, adesão a condutas preventivas e ao uso de


serviços de saúde.

Entre as principais aplicações da epidemiologia podemos destacar:


Identificação, quantificação e caracterização de danos relacionados à saúde de
determinada população.
•Identificação de fatores de risco para determinada doença ou agravo à saúde.
•Ampliação da informação sobre a história natural de determinada doença ou
agravo à saúde (curso da doença desde o início até a sua resolução na ausência
de intervenção).
•Estimativa da validade e confiabilidade de procedimentos de diagnóstico e
intervenção.
•Avaliação da eficácia/efetividade de um procedimento terapêutico ou profilático
(prevenção).
•Avaliação do impacto potencial da eliminação de um fator de risco. Por exemplo, a
eliminação do tabagismo como medida de prevenção para o desenvolvimento de
tuberculose pulmonar (WALDMAN, 2010) ou câncer de pulmão.
A epidemiologia também apresenta uma série aplicações nos serviços de saúde. Uma
delas seria as repostas rápidas às diferentes epidemias que assolaram ou assolam o
mundo, como é o recente caso do novo coronavírus. Isto porque, ao identificar, por
exemplo, comportamentos de risco, fica mais fácil agir na prevenção da doença.
Outro item importante também é o monitoramento contínuo dos indicadores de
saúde, como mostra na Figura 10. Dessa forma, a análise da situação de saúde e de
indicadores demográficos permite elaborar diagnósticos das condições de vida de
uma comunidade, servindo de subsídios para o estabelecimento de Políticas Públicas
no setor de saúde e, assim, no caso do Brasil, para o Sistema Único de Saúde (SUS).
A avaliação epidemiológica dos Serviços de Saúde geralmente leva em conta o
acesso de determinada população aos serviços, bem como a cobertura oferecida, por
exemplo, a proporção de crianças vacinadas.
FIGURA 10 − A EPIDEMIOLOGIA APLICADA A SERVIÇOS DE SAÚDE

FONTE: Adaptado de Waldman (2001)

Em síntese, a Epidemiologia pode ser entendida como fundamentada em dois


propósitos:
I- A doença humana não ocorre aleatoriamente na população.
II-A doença humana tem fatores causais, prognósticos e preventivos que podem ser
identificados por meio de investigações sistemáticas de diferentes populações e
subgrupos de populações em diferentes pontos no tempo e/ou no espaço.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, vimos um pouco sobre a importância da epidemiologia e seus
diferentes conceitos que se aplicam para o desenvolvimento de doenças infecciosas e
não infecciosas.
Devido ao aumento dos casos das doenças se manifestando como epidemias, deu-se
ênfase nas doenças infecciosas, apresentando breve histórico de sua importância
através dos tempos, até chegar o que temos atualmente. No entanto, as doenças não
infecciosas também desempenham um papel importante no conceito saúde-doença,
aumentando suas taxas cada vez mais.
Gostou da primeira etapa? Espero que tenha aproveitado os conteúdos abordados até
aqui. Convido você a dar continuidade aos seus estudos acessando a Etapa dois. Vamos
lá?!
Avançar

UNICESUMAR | UNIVERSO EAD


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UNIDADE 2
Olá, Aluno!

Para darmos continuidade ao conteúdo da disciplina, estudaremos o capítulo dois.

Neste capítulo será apresentado sobre os tipos de epidemiologia. Epidemiologia


Descritiva realiza investigações mais específicas com estudos epidemiológicos mais
avançados, que testam as hipóteses a respeito de uma possível associação de um
determinado fator de risco e uma determinada doença, ou seja, a Epidemiologia Analítica.
Dessa forma, a Epidemiologia Analítica avalia diversas associações. O teste dessas
hipóteses é efetuado por esses estudos epidemiológicos da Epidemiologia Analítica e
incluem grupos apropriados de comparação. Os estudos epidemiológicos da
Epidemiologia Descritiva são efetuados mediante a coleta sistemática dos dados e
análises correspondentes, com o objetivo de se determinar ou não a existência da
associação entre uma exposição (fator de risco) e o desfecho de interesse (doenças).

Para complementar seus estudos, faça a leitura do artigo: Tipos de estudos


epidemiológicos: conceitos básicos e aplicações na área do envelhecimento , das autoras
Maria Fernanda Lima Costa e Sandhi Maria Barreto.
Recomendamos também a leitura deste material: Epidemiologia Descritiva: qualidade das
informações e pesquisa nos serviços de saúde .

Vamos ao cap í tulo 2 do Livro -

Epidemologia Básica

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos
de aprendizagem:
Reafirmar as definições de epidemiologia básica e sua aplicação na área de saúde e
no dia a dia.
Adquirir uma visão geral dos conceitos relacionados com a epidemiologia básica.
Compreender os principais marcos teóricos da epidemiologia básica.

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O conceito de Epidemiologia foi explanado no Capítulo 1, possibilitando a
visualização da relação da Epidemiologia com o processo saúde-doença, ou seja,
como eles estão intrinsicamente ligados. A Epidemiologia pode ser considerada como
o eixo da Saúde Pública no mundo e no Brasil, ou seja, ela é a base para a avaliação
de medidas preventivas e de profilaxia, fornecendo pistas para o diagnóstico de
doenças infecciosas e não infecciosas (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003).
A Epidemiologia também (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003):
Estuda a distribuição da morbidade e da mortalidade pelas diferentes doenças,
para traçar o perfil saúde-doença nas comunidades humanas.
Realiza testes da eficácia e da inocuidade de vacinas.
Desenvolve e aplica a Vigilância Epidemiológica sobre as diferentes doenças.
Analisa os fatores ambientais e socioeconômicos que possam ser considerados
fatores de risco para o desenvolvimento de doenças e nas condições de saúde.
Constitui um elo de ligação entre a comunidade e o governo, estimulando a prática
da cidadania através do controle, pelos cidadãos dos serviços de saúde.
Muitas doenças, cujas origens até recentemente não encontravam explicação, têm
tido suas causas esclarecidas através de uma metodologia epidemiológica, que tem
por base o método científico aplicado da maneira mais abrangente possível a
problemas de doenças que ocorrem em nível populacional (ROUQUAYROL; ALMEIDA,
2003).
A Epidemiologia é considerada uma disciplina viva, em fase de desenvolvimento e
transformação sempre, adaptando-se com o processo saúde-doença que vai se
modificando ao longo do tempo.
Neste capítulo, serão apresentadas mais informações sobre a epidemiologia com
toda a sua importância no contexto da Saúde Pública, bem como os principais
marcos da história da saúde e medicina, os quais se destacaram até termos a
epidemiologia moderna conhecida na atualidade. Além disso, serão também
discutidos seus principais conceitos no processo saúde-doença.
Para melhor entender a relação entre a epidemiologia e o processo saúde-doença,
em nível populacional, se faz importante estabelecer o conceito desse processo, que
se trata do modo específico pelo qual ocorre o processo biológico de desgaste e
reprodução, destacando os momentos em que há a presença de um funcionamento
biológico diferente (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003).
Ao analisar a distribuição de doenças em uma população e os fatores que
influenciam ou determinam essa distribuição, pensamos em epidemiologia (GORDIS,
2017). Dessa forma, a principal premissa da epidemiologia é que a doença não ocorre
ao acaso na população, pois cada indivíduo possui características genéticas, ou que
resultaram da interação com o meio ambiente ao seu redor, que podem predispô-lo
ou protegê-lo contra as diferentes doenças. Nesse sentido, existem indivíduos mais
suscetíveis a desenvolver determinada doença, como é o caso dos idosos, indivíduos
imunodeprimidos ou portadores de doenças crônicas, como diabetes ou pressão
alta, para o novo coronavírus. Devido ao sistema imunológico desse grupo de
indivíduos ser menos desenvolvido ou estar comprometido, essas suscetibilidades os
colocam no chamado grupo de risco. Dessa forma, temos também a premissa de que
a doença humana apresenta fatores causais, prognósticos e preventivos, que podem
ser identificados através de investigações sistemáticas de diferentes populações ou
subgrupos em diferentes pontos no tempo e/ou no espaço.
Indivíduo suscetível : aquele que tem determinada predisposição para desenvolver
determinada doença.

O estudo da epidemiologia considerando pessoa, tempo e espaço será explanado


mais para frente ao abordarmos a Epidemiologia Descritiva.

É preciso ressaltar que o principal papel da Epidemiologia é providenciar pistas ao


longo do tempo para problemas de Saúde em determinada comunidade, ou mesmo
grupos de indivíduos (GORDIS, 2017). Podemos dar vários exemplos com relação a
esse importante papel da epidemiologia, mas devido à emergência atual será
apresentado sobre o rápido desenvolvimento da pandemia do novo coronavírus ou
COVID-19 pelo mundo e pelo Brasil.
Antes de mais nada, é necessário relembrarmos os conceitos de epidemia e
pandemia apresentadas no Capítulo 1, nesse sentido, será apresentada, também,
,

uma nova definição: endemia .

Epidemias doenças que se disseminam, de forma inesperada


: e rápida, atingindo
um grande número de indivíduos simultaneamente.
Pandemias tipo de epidemia que é caracterizada pela ocorrência em larga
:

distribuição espacial, atingindo vários países ao mesmo tempo.


Endemias tipo de doença habitualmente presente entre os membros de um
:

determinado grupo, em uma determinada área, ou seja, em uma população definida.

2 EPIDEMIOLOGIA

Em pauta
Leia um trecho da notícia a seguir sobre a doença
causada pelo novo coronavírus :

Em 11 de março de 2020, a OMS declarou que o novo


coronavírus passou de ser uma epidemia para ser
considerada uma pandemia Nesses dias, são mais de 118.000
.

casos da doença em 114 países e 4.291 óbitos registrados pela


doença.
FONTE: <https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,oms-declara-
pandemia-de-novo-coronavirus-mais-de-118-mil-casos-foram-
registrados,70003228725>. Acesso em: 8 jul. 2020.

A mudança de epidemia para pandemia possui como ideia principal induzir os países
para que ajam rapidamente, no sentido de se detectar, testar, tratar, isolar e rastrear
os casos do novo coronavírus. No entanto, ainda é ressaltada a necessidade de a
população mundial não entrar em pânico ou terror com relação a essa doença,
mesmo sendo considerada uma pandemia.
As doenças endêmicas são aquelas que geralmente ocorrem em determinado lugar
ou população, como a febre amarela e a malária que são comuns na região Norte do
Brasil. A seguir falaremos mais um pouco sobre a epidemiologia e seus conceitos
básicos.
A palavra-chave da epidemiologia é a prevenção e, para tanto, apresenta como
objetivo identificar grupos da população em estudo e observação que se apresentam
com elevado risco de desenvolvimento de determinada doença. Caso seja possível
identificar esses grupos, deve-se identificar fatores ou características específicas que
provavelmente os colocaram no grupo de risco e tentar modificar esses fatores para
uma prevenção adequada (GORDIS, 2017).
É importante salientar que quanto antes for possível evitar o aparecimento de
doenças melhor será sua prevenção. Dessa forma, o grande desafio é ter a
prevenção primária ou seja, a ocorrência de uma medida de prevenção antes do
,

desenvolvimento de determinada doença aplicada geralmente na população sadia.


Temos como exemplo a imunização que promove o não desenvolvimento de
determinada doença, como é o caso da varíola. Outro exemplo que se pode destacar
é se a doença é induzida por algum fator do meio ambiente que o indivíduo vive,
podendo ser prevenida, como a radiação associada ao desenvolvimento de
neoplasias.
A prevenção primária pode ser ainda dividida em (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003):
1º Nível ou Promoção da Saúde são medidas de ordem geral, como moradia
:

adequada, construção de escolas e aprimoramento delas, investimento em áreas


de lazer, incentivo à alimentação adequada, promoção de saneamento básico à
população, entre muitas outras medidas de prevenção.
2º Nível ou Proteção Específica : essa medida de prevenção é específica, como
imunização, saúde ocupacional, higiene pessoal e do lar, proteção contra
acidentes, aconselhamento genético, controle de vetores, entre muitas outras
medidas de prevenção.
A prevenção primária é o objetivo maior da epidemiologia e dos epidemiologistas
que promovem essas medidas na área de Saúde.
Já é comprovado que a maioria dos cânceres de pulmão podem ser prevenidos
(GORDIS, 2017), pois, se for possível que os indivíduos parem de fumar, pode-se
eliminar cerca de 70% a 80% do início do desenvolvimento do câncer de pulmão nos
seres humanos (GORDIS, 2017). No entanto, mesmo que o objetivo seja evitar o
desenvolvimento de doenças através dessa prevenção primária não se tem a
,

informação necessária para que ocorra essa prevenção de forma efetiva para
inúmeras doenças.
É muito comum não se apresentar dados biológicos, clínicos e epidemiológicos que
sirvam de base para o programa da prevenção primária de muitas doenças e,
assim, se passa a ter enfoque no segundo tipo de prevenção: a prevenção
secundária .

A prevenção secundária constitui-se em um conjunto de medidas preventivas que


denotam na identificação de indivíduos que já desenvolveram determinada doença,
mas se encontram na fase inicial desse desenvolvimento. Um grande exemplo desse
tipo de prevenção é o diagnóstico precoce, como os exames periódicos, que é o caso
da mamografia para mulheres acima de 40 anos que facilitam na detecção dos casos
de câncer de mama logo no início da doença. Além disso, pode-se ter a medida de
isolamento domiciliar no caso dos idosos para COVID-19 atualmente, ou uma
quarentena dos casos suspeitos para evitar a propagação de doenças. No caso do
novo coronavírus, a quarentena tem sido de 14 dias conforme a recomendação da
OMS, ou seja, ocorre com o período máximo de incubação da COVID-19.

Quarentena é o isolamento social dos indivíduos pelo período máximo de


:

incubação de uma determinada doença, contado a partir da data do último contato


com um caso clínico ou portador ou a data em que o indivíduo sadio abandonou o
local em que se encontrava a fonte de infecção para as doenças infecciosas.
Período de incubação período que vai da infecção ao aparecimento dos
:

primeiros sintomas de determinada doença.

É na prevenção secundária também que se tem como medida preventiva o


tratamento para evitar a progressão de determinada doença (ROUQUAYROL;
ALMEIDA, 2003). São as ações da prevenção secundária que podem fazer a
diferença para que o indivíduo não desenvolva uma forma grave da doença, podendo
levá-lo ao óbito.
A prevenção secundária pode ser dividida em dois tipos (ROUQUAYROL; ALMEIDA,
2003):
3º Nível ou Diagnóstico Precoce :

o Inquéritos de Saúde para descoberta de casos em determinada comunidade.


o Exames periódicos e individuais para a detecção precoce dos casos.
o Isolamento para evitar a propagação de doenças.
o Tratamento para evitar a progressão de doenças.
4º Nível ou Limitação da Incapacidade :

o Evitar futuras complicações.


o Evitar sequelas.
Por fim, ainda se tem o 5º Nível ou Prevenção Terciária que se constitui em um
,

conjunto de medidas preventivas voltadas para a reabilitação do paciente, como a


fisioterapia e a terapia ocupacional que promovem a melhora nas condições de vida
dos pacientes, atenuando estados de invalidez. Dessa forma, a palavra-chave da
prevenção terciária é a reabilitação do paciente.
Na Figura 1 mostra-se um resumo dos tipos de prevenção apresentados.
FIGURA 1 − RESUMO DOS TIPOS DE PREVENÇÃO

FONTE: A autora

Além de existirem essas classificações das formas de prevenções das diferentes


doenças na população, elas podem ser divididas ainda em:
Medidas Universais.
Medidas Seletivas.
Medidas Individuais.
As Medidas Universais são recomendadas a toda população, como:
Dieta balanceada.
Higiene dental.
As Medidas Seletivas são recomendadas para subgrupos da população, como:
Faixa etária.
Sexo.
Ocupação.
As Medidas Individuais são recomendadas para o indivíduo com alto risco de
desenvolvimento de determinada doença, como:
Exames clínicos e laboratoriais específicos.
Controle da hipertensão.
Controle da hipercolesterolemia (colesterol elevado).
Quimioprofilaxia contra a tuberculose pulmonar.
A partir desses tipos de prevenção apresentados, pode-se determinar estratégias
para prevenção, tais como:
Diagnóstico e tratamento precoce das diferentes doenças.
Proporcionar uma melhoria nas condições de vida do paciente, caso não seja
possível a cura.
Prover adequação ambiental e social aos pacientes que estão deixando os
hospitais.
Trabalho dos profissionais da saúde considerando a multidisciplinaridade.
Identificar situações de risco.
Suporte e informações aos profissionais de saúde e à população em geral.
Até aqui foram apresentadas as medidas de prevenção estipuladas pela
epidemiologia mas devemos nos questionar sobre como o epidemiologista pode
,

identificar as causas das diferentes doenças (GORDIS, 2017). Para tanto, geralmente
se fala em etapas:
I- Identificação e determinação se existe associação entre um determinado fator
(como uma exposição ambiental) ou uma característica (como um aumento no nível
sérico de colesterol) e o desenvolvimento da doença em questão.
II-Tentar verificar inferências apropriadas se há uma possível relação causal relativa
às associações encontradas na primeira etapa.
Antes de mais nada é importante frisar que a epidemiologia se inicia através da
investigação de dados descritivos conforme propõe a Epidemiologia Descritiva que, ,

como o próprio nome diz, descreve os dados, sendo o início da análise


epidemiológica em que se avalia a frequência e a distribuição das diferentes doenças.
Os principais objetivos da Epidemiologia Descritiva são:
Descrever a magnitude da doença.
Examinar a distribuição da doença na população, usando dados da estatística vital
(Figura 2).
Analisar o comportamento das doenças segundo características de pessoas, do
tempo e do lugar.
FIGURA 2 − EXEMPLO DE UM TIPO DE GRÁFICO QUE PODE SER ANALISADO NA
EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA

FONTE: <https://shutr.bz/3xpuhMA>. Acesso em: 8 jul. 2020.

Nesse contexto, torna-se fundamental compreender como são organizados os dados


nessa fase inicial da investigação da epidemiologia. Dessa forma, são realizadas as
perguntas apresentadas na Figura 3:
FIGURA 3 − PERGUNTAS QUE DEVEM SER REALIZADAS PARA O ESTUDO DA
EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA
FONTE: Adaptado de Waldman (2006)

Para se organizar os dados segundo características das pessoas, tem-se como


exemplos (WALDMAN, 2006):
idade;
•sexo;
•raça;

•etnia/raça;
•estado conjugal e familiar;
•ocupação;
•educação;
•hábitos e costumes;
•atividades de lazer.
O exemplo da idade já foi apresentado anteriormente neste capítulo ao se considerar
o grupo de risco de idosos para o desenvolvimento da COVID-19. No entanto, pode-
se pensar nas doenças que ocorrem mais entre as crianças, como caxumba e
catapora.
No caso do sexo, existe um estudo que foi observado maior desenvolvimento de
tuberculose pulmonar entre os indivíduos do sexo masculino (PAULA, 2008). Outro
exemplo é demonstrado através da taxa de mortalidade por causas selecionadas por
sexo no Quadro 1 a seguir.
QUADRO 1 − TAXA DE MORTALIDADE POR CAUSAS SELECIONADAS, POR SEXO,
EPILÂNDIA, 2006
FONTE: Waldman (2006, s.p.)

No Quadro 1, é possível observar que a maior taxa de mortalidade por câncer


respiratório, por exemplo, é entre os indivíduos do sexo masculino no município de
Epilândia, em 2006. Já para a diabetes mellitus, a taxa de mortalidade é maior entre
os indivíduos do sexo feminino. Outra forma importante de descrever a relação entre
os sexos masculino e feminino é através da razão de taxas segundo sexo, como
mostra o Quadro 1. Observando essa razão, tem-se que para a maioria das doenças
elencadas, o sexo masculino apresenta-se com maior taxa de mortalidade se
comparado com o feminino.
Com relação à raça, através dos estudos epidemiológicos, pode-se observar que os
cânceres de pele são mais frequentes em caucasianos. Para melhor entendimento de
como é o estudo via Epidemiologia Descritiva apresenta-se o Quadro 2.
QUADRO 2 − TAXA DE MORTALIDADE POR CAUSAS SELECIONADAS, POR ETNIA,
EM EPILÂNDIA, NO ANO DE 2006

FONTE: Waldman (2006, s.p.)

De acordo com o Quadro 2, que compara diferentes taxas de mortalidade por causas
selecionadas por etnia branca e não branca no Município de Epilândia em 2006, tem-
se que para a maioria dessas doenças a taxa de mortalidade é maior para os não
brancos se comparado com os brancos; com exceção da úlcera gastroduodenal e
câncer do aparelho urinário que foram iguais para as etnias brancas e não brancas.
Além disso, para as enfermidades arteriosclerótica do coração, leucemia e suicídio, as
taxas de mortalidade foram maiores para os brancos se comparados com os não
brancos; essa comparação também é mostrada através da razão de taxa de não
brancos e brancos.
Com relação ao estado civil, por exemplo, já foi observado maiores casos de
depressão entre os indivíduos separados e solteiros.
Para a ocupação, pode-se observar através de gráficos, com os dados desta
característica vital, que os veterinários podem ter mais casos de raiva que outros
profissionais. Tem-se também vários estudos epidemiológicos de doenças
ocupacionais, como a observação e a investigação de maiores casos de depressão
entre bancários e motoristas de ônibus.
Já foiobservado taxas maiores de casos de diversas doenças relacionadas com o grau
de educação do indivíduo, sendo que os menos instruídos tendem a desenvolverem
mais doenças, como a tuberculose pulmonar (PAULA, 2008). Foi demonstrado
maiores taxas de casos de tuberculose pulmonar e câncer de pulmão entre os
indivíduos tabagistas (WALDMAN, 2006; PAULA, 2008). Outro exemplo de organizar
os dados, segundo as características de pessoas, é a observação de menos casos de
depressão entre os indivíduos que fazem lazer periodicamente.
Outros tipos de gráficos apresentados para análise da Epidemiologia Descritiva
possuem mais que uma característica no mesmo gráfico, como mostra a Quadro 3.

QUADRO 3 − TAXA DE MORTALIDADE POR SEXO E IDADE, EM EPILÂNDIA, 2006

FONTE: Waldman (2006, s.p.)

Esse quadro apresenta os dados de forma mais complexa, mas observando bem
pode-se verificar maiores taxas de mortalidade de determinada doença entre os
indivíduos do sexo masculino e com 65 ou mais anos de idade. Esses foram exemplos
de como a Epidemiologia Descritiva pode ser útil na investigação epidemiológica,
organizando os dados por características de pessoas.
Para se organizar os dados segundo características relacionadas ao tempo, tem-se as
variações regulares e irregulares (WALDMAN, 2006). Entre as variações regulares ,

que são variações com ciclos periódicos e regulares, podemos destacar:


Tendência Secular.
•Variação Sazonal.
•Variação Cíclica.
Como variações irregulares podemos destacar:
,

Epidemias.
2.1 VARIAÇÕES REGULARES
A Tendência Secular é uma variação na ocorrência de determinada doença
observada após longos períodos. Um exemplo dessa variação pode ser observado na
Figura 4 a seguir. Nesse exemplo, a maioria das doenças apresentadas foram
diminuindo ao longo do tempo, com exceção da doença meningocócica que foi
aumentando. Provavelmente, foram diminuindo porque através dos estudos
epidemiológicos foram obtendo-se informações sobre os dados epidemiológicos para
nortear as diferentes ações preventivas, evitando e diminuindo o aparecimento de
novos casos. Essas medidas preventivas já foram apresentadas anteriormente neste
capítulo.
FIGURA 4 − MORTALIDADE ENTRE MENORES DE CINCO ANOS, SEGUNDO A CAUSA
NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, ENTRE 1980 E 1998

FONTE: Waldman (2006)

A Variação Sazonal ocorre de acordo com algumas épocas, estações, meses, dias da
semana ou horas do dia. A Figura 5 mostra maiores casos de sarampo entre as
décadas de 1960 a 1969 com o pico entre os meses de julho a novembro, que são
meses que correspondem ao inverno e primavera. Para as outras décadas
apresentadas, os picos também correspondem principalmente durante o inverno.
Outro exemplo poderia ser a ocorrência de maiores casos de dengue nas épocas
quentes do ano.
FIGURA 5 − VARIAÇÃO SAZONAL DO SARAMPO EM DIFERENTES DÉCADAS NO
MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ENTRE O PERÍODO DE 1960 A 1989
FONTE: Waldman (2006)

A Variação Cíclica ocorre quando um dado padrão de variação é geralmente


repetido de intervalo a intervalo, alternando valores máximos e mínimos
(ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003). Como exemplo, temos a endemia da malária na
Região Norte do Brasil.
2.2 VARIAÇÕES IRREGULARES
A Figura 6 mostra como a Epidemiologia Descritiva pode auxiliar na Investigação
das epidemias. Nesta figura, mostra-se que os picos de casos de sarampo são
justamente as epidemias .

FIGURA 6 − CASOS DE SARAMPO DE MÊS A MÊS NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO DE


1950 A 1993

FONTE: Adaptado de Waldman (2006)

Outro exemplo é a investigação da cólera na Figura 7 a seguir. Esta figura mostra a


epidemia por transmissão de fonte comum, ou seja, a epidemia é de origem comum
e, assim, houve uma exposição simultânea de vários indivíduos suscetíveis a um
agente biológico aumentando o número de casos ao longo de um curto período de
,

tempo, aproximadamente o tempo de incubação da doença. Já a transmissão pessoa


a pessoa é de um indivíduo para o outro, como é o caso da COVID-19.

FIGURA 7 − CASOS DE ÓBITO DA CÓLERA POR DIAS EM LONDRES EM 1849


FONTE: Adaptado de Snow (1854)

Diferentemente das endemias variação cíclica ), que geralmente são ilimitadas


(

quando as ações de controle e prevenção não adequadamente efetivadas, as


epidemias são restritas a um intervalo de tempo marcado por um início e fim. No
entanto, no final os casos retornam aos patamares endêmicos observados antes da
ocorrência das epidemias. Este intervalo de tempo pode ser de poucas horas ou dias
ou pode estender-se por anos ou até mesmo décadas (ROUQUAYROL; ALMEIDA,
2003).
Esses foram exemplos de como a Epidemiologia Descritiva pode ser útil na
investigação epidemiológica organizando os dados por características de tempo. Por
fim, a Epidemiologia Descritiva pode ser organizada por características relativas ao
espaço, como mostram-se alguns exemplos a seguir (WALDMAN, 2006):
País.
•Estado.
•Cidade.
•Bairro.
•Endereço de Residência.
•Local de nascimento.
•Endereço de Emprego.
•Distrito Escolar.
•Unidade Hospitalar.
A Figura 8 apresenta casos de óbitos por cólera em um bairro de Londres em 1849:
FIGURA 8 − CASOS DE ÓBITO POR CÓLERA EM UM BAIRRO DE LONDRES EM 1849
FONTE: Waldman (2006, s.p.)

Como mostra a Figura 8, foi Dr. John Snow que realizou esse estudo. Adiante deste
capítulo será apresentada a importante participação desse pesquisador na história
da epidemiologia .

Na Figura 9, mostra-se a distribuição de casos de salmonela por local de residência,


Palmeira, em 2003. Nesse sentido, pode-se observar qual o local específico que serão
adotadas medidas de prevenção e de controle dessa doença.
FIGURA 9 − DISTRIBUIÇÃO DE CASOS DE SALMONELA POR LOCAL DE RESIDÊNCIA,
PALMEIRA, EM 2003

FONTE: Waldman (2006)

Na Figura 10 apresenta-se a distribuição da COVID-19 por todo o mundo em 2020,


caracterizando uma pandemia observada através dessa investigação realizada com
as ferramentas da Epidemiologia Descritiva A Figura 10 é representada como se
.

fosse uma “foto” da pandemia da COVID-19, pois como está ocorrendo a


disseminação ao redor do mundo de maneira muito rápida, aumentando muito o
número de casos a cada dia que se passa, é possível que agora já seja outro perfil
dessa distribuição de casos.
FIGURA 10 − DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CASOS DA COVID-19 POR TODO O
MUNDO EM 2020, CARACTERIZANDO UMA PANDEMIA
FONTE: <https://shutr.bz/37iDziJ>. Acesso em: 9 jul. 2020.

Épossível também ter gráficos que organizam os dados por tempo e espaço ao
mesmo tempo, como mostra a Figura 11 a seguir:
FIGURA 11 − DISTRIBUIÇÃO DE DETERMINADA DOENÇA NO BRASIL DE 1991 A
1998

FONTE: Waldman (2006, s.p.)

Na Figura 11, pode-se observar a diminuição do número de casos de determinada


doença no Brasil ao longo do período de tempo estudado.
Jána Figura 12 observa-se a distribuição de número de casos de incidência de
salmonela em um voo.
FIGURA 12 – INVESTIGAÇÃO DE SURTOS EM PASSAGEIROS DE UM VOO POR
TEMPO
FONTE: Adaptado de Waldman (2010)

Na Figura 12, apresenta-se o coeficiente de incidência que expressa o número de


,

casos novos de uma determinada doença durante um período definido em uma


população com risco de desenvolvimento, o qual será apresentado em detalhes no
Capítulo 3.

Após os estudos de Epidemiologia Descritiva podem ser realizadas investigações


,

mais específicas com estudos epidemiológicos mais avançados, que testam as


hipóteses a respeito de uma possível associação de um determinado fator de risco e
uma determinada doença, ou seja, a Epidemiologia Analítica Dessa forma, a .

Epidemiologia Analítica avalia diversas associações. O teste dessas hipóteses é


efetuado por esses estudos epidemiológicos da Epidemiologia Analítica e incluem
grupos apropriados de comparação.
É importante ressaltar que os estudos epidemiológicos da Epidemiologia Descritiva
são efetuados mediante a coleta sistemática dos dados e análises correspondentes,
com o objetivo de se determinar ou não a existência da associação entre uma
exposição (fator de risco) e o desfecho de interesse (doenças).
Existem inúmeros estudos, como os exemplos a seguir:
Associação da pressão alta com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Associação de tabagismo com o aumento de casos de câncer de pulmão.
Associação de consumo elevado de carboidratos com o desenvolvimento de
diabetes.
Associação de consumo de álcool com o desenvolvimento de cirrose.
Associação do uso de drogas ilícitas com o desenvolvimento de tuberculose
pulmonar.
Associação de sedentarismo com o desenvolvimento de depressão.
Para a Epidemiologia Analítica existe alguns estudos epidemiológicos, como:
Estudos ecológicos.
Inquéritos tipo corte transversal (seccionais).
Estudos de caso controle.
Estudos de coorte.

Ensaios clínicos.
Cada um desses estudos da Epidemiologia Analítica tem uma forma diferente de
estudar as possíveis associações entre os fatores de risco e as doenças. No entanto,
neste Livro Didático, não serão detalhados esses estudos epidemiológicos da
Epidemiologia Analítica pois a ementa propõe que sejam explanados conteúdos
,

mais básicos da epidemiologia.


A saúde no Brasil é considerada complexa por apresentar diversos desafios que
incluem a imensidão do país, bem como o aumento crescente da população de
idosos se comparados com outros grupos da população brasileira. O aumento da
expectativa de vida de nossa população é chamado de transição demográfica a ,

qual foi apresentada no Capítulo 1. Dessa forma, aumenta o número de usuários do


Sistema de Saúde, pois os pacientes idosos possuem maiores chances de adquirirem
doenças e comorbidades, aumentando os custos relativos à saúde. Considerando
esse cenário, pode-se observar a importância da atuação da epidemiologia que,

auxilia na efetiva alocação de recursos e no planejamento das ações de saúde, além


de ajudar na diminuição entre as diferenças regionais do Brasil (ABRASCO, 1997).
A epidemiologia deve buscar contribuições e estabelecer articulações com outras
disciplinas, como a clínica, a administração, as ciências sociais, entre outras,
efetivando a efetividade da multidisciplinaridade (ABRASCO, 1997). Existe também
todo um esforço para que a epidemiologia seja estudada mais e mais pelas
universidades do Brasil, sendo direcionada aos serviços de saúde para que se tenha
maiores conhecimentos dela na formação de nossos profissionais (ABRASCO, 1997).
Para cuidar da saúde no Brasil, temos, atualmente, o SUS (Sistema Único de Saúde),
criado pela Constituição Brasileira de 1988, que é gratuito e atende a toda população
brasileira. Nesse sistema, incluem diversos postos de saúde, UBSs (Unidades Básicas
de Saúde), hospitais, entre outros serviços. Uma ação já consolidada da
epidemiologia nos diferentes serviços de saúde é a Vigilância Epidemiológica .

Vigilância Epidemiológica de acordo com a Lei 8.080, de 1990, que organizou o


:

SUS, denomina-se Vigilância Epidemiológica o conjunto de ações que proporciona o


conhecimento, a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores
determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de
recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças e agravos
(ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003).

Atualmente, a Vigilância Epidemiológica não atua apenas nas doenças infecciosas,


mas também na nutrição, em medicamentos, em mortes por causas violentas e por
acidentes de trabalho e outros agravos à saúde (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003).

Conecte-se

Para maiores informações da Epidemiologia e Vigilância


Epidemiológica nos Serviços de Saúde do Brasil, incluindo
Boletins Epidemiológicos periódicos, acesse ao site do
Ministério da Saúde: https://www.saude.gov.br/vigilancia-em-
saude.
Disponível aqui

Conecte-se

Para maiores informações sobre a Vigilância Epidemiológica do


Estado de Santa Catarina (DIVE: Diretoria de Vigilância
Epidemiológica), acesse ao site: http://www.dive.sc.gov.br/.
Disponível aqui

A divulgação de dados epidemiológicos, não só para os profissionais de saúde como


também para a população, pode contribuir para a decisão sobre a alocação de
recursos humanos e financeiros para os diferentes Serviços de Saúde Brasileiros,
conferindo maior transparência ao processo decisório que deve alocar esses recursos
e aumentando o controle social sobre os Serviços de Saúde (ABRASCO, 1997).

Você sabia que agora com a pandemia do novo coronavírus, a Vigilância


Epidemiológica tem sido um instrumento fundamental com seu poder decisório para
promover medidas preventivas, de controle e de combate a essa nova doença?

Antes de todo esse desenvolvimento da epidemiologia no mundo e no Brasil, com


todos os seus conceitos e aplicações, se faz necessário apresentar e discutir os
marcos ao longo da História que foram importantes para o surgimento e
desenvolvimento dessa área Dessa forma, podemos entender melhor ainda a sua
.
importância para a humanidade.

3 MARCOS HISTÓRICOS DA EPIDEMIOLOGIA


Antes de ser utilizado o termo epidemiologia a humanidade foi modificando ao
,

longo dos tempos como tratar a saúde e como estudá-la. Para iniciarmos, é
importante ressaltar que, na mitologia grega, encontramos Panaceia e Higeia que se
relacionavam a esses conceitos voltados à área da saúde.
A Panaceia (Figura 13) era a deusa da cura, assim, era considerada a padroeira da
medicina curativa. Higeia era a deusa da saúde, da limpeza e da higiene. Desde o
início, já foi cultivado a dicotomia entre a medicina curativa e dos conceitos de
higiene e, assim, apesar de não termos ainda claro a denominação do conceito de
epidemiologia como estudo que considera a população e o processo saúde-doença,
naquela época, já era possível separar os conceitos de cura e higiene.
FIGURA 13 − FOTO DA ESTÁTUA DA DEUSA PANACEIA

FONTE: <https://shutr.bz/2TR6FTe>. Acesso em: 10 jul. 2020.

No entanto, muitos autores consideram o início da epidemiologia com o


considerado pai da medicina, o maior médico da Antiguidade: Hipócrates, que viveu
de 460 a 377 a.C. (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003).
De fato, a estrutura e o conteúdo dos textos hipocráticos sobre epidemias e sobre a
distribuição de enfermidades nos diversos ambientes, como malária e tuberculose;
com sua clara adesão à tradição higeica, sem dúvida, antecipam o chamado
raciocínio epidemiológico como apresentado por muitos estudiosos da área
,
(ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003). De acordo com Hipócrates, por exemplo, muitas
epidemias deveriam estar relacionadas com fatores climáticos, raciais, dietéticos e do
meio ambiente onde os indivíduos viviam.
Sua fama como clínico teria começado entre 430 a 429 a.C. Nessa época, Atenas
sofria com uma peste que assolava a população e essa epidemia foi derrotada após
Hipócrates mandar acender fogueiras pela cidade. Isto ocorreu porque Hipócrates
observou que os artesãos, obrigados devido a sua profissão a se manterem próximo
ao fogo, pareciam imunes ao contágio da doença (ALTMAN, 2014).
“Ares, Águas e Lugares” é considerado o primeiro e grande tratado sobre saúde
pública, climatologia e fisioterapia (ALTMAN, 2014). Do ponto de vista clínico, um dos
principais pontos do legado de Hipócrates são as descrições de inúmeros casos reais
de doenças (ALTMAN, 2014).
FIGURA 14 − ESTÁTUA REPRESENTANDO HIPÓCRATES

FONTE: <https://shutr.bz/3jd31Mb>. Acesso em: 10 jul. 2020.

Com a morte de Hipócrates, surgiram vários discípulos da tradição Panaceia de levar


em consideração mais as ações individuais. Já em 201 a 130 a.C., na Roma Antiga,
surge um seguidor importante na história dos ensinamentos de Hipócrates, Claudio
Galeno (Figura 15), que realizou censos periódicos e registros compulsórios de
nascimentos e óbitos. Além disso, Claudio Galeno estudou Anatomia, Fisiologia e
Patologia e foi o criador da Fisiologia Experimental.
FIGURA 15 − FOTO DA ESTÁTUA REPRESENTANDO O ROSTO DE CLAUDIO GALENO
FONTE: <https://shutr.bz/3yl8oPI>. Acesso em: 10 jul. 2020.

Durante a Idade Média, entre os séculos XV e XVI, as doenças eram consideradas


como castigo divino àqueles que não obedeciam às Leis Divinas, assim, com uma
elevada influência religiosa e mística, sendo um sinal da ira de Deus. Nessa época, as
doenças tinham, portanto, um caráter sobrenatural como explicação. Dessa forma, a
Igreja da época passou a controlar as práticas da medicina e, assim, o tratamento
geralmente envolvia tentativas de expulsar espíritos do mal do corpo das pessoas
doentes. Embora houvessem ainda seguidores de Hipócrates e Galeno promovendo
abordagens científicas, a maioria dos médicos medievais trabalhavam com a feitiçaria
e outras formas místicas de tratamento.

FIGURA 16 − IGREJA

FONTE: <https://shutr.bz/3AfhYnV>. Acesso em: 10 jul. 2020.

Hipócrates e Galeno foram também grandes influenciadores da criação da Teoria


Unicausal denominada Teoria dos Miasmas ou Teoria Miasmática a partir do
, ,

século XVIII, que se estendeu até o início do século XIX. Essa corrente de estudo
associava as doenças a certas impurezas existentes no ar, denominadas miasmas .

Um exemplo dessas doenças era a malária, que o nome sugere “mau ares”.

Miasmas os miasmas se originavam através de exalações de pessoas e animais


:

doentes, emanações dos pântanos, de dejetos e substâncias em decomposição.

De acordo com essa definição de miasmas a presença deles era detectada através
,

do mau cheiro e, assim, acreditava-se que se impedissem a propagação desses maus


odores seria possível prevenir ou até mesmo evitar as epidemias. Com essa teoria,
nas epidemias da Antiguidade, as pessoas evitavam se aproximar dos doentes para
não serem contaminadas e temiam, também, adoecerem respirando o ar que vinha
dos cadáveres ou de pessoas atingidas por essas doenças.
A Teoria Miasmática foi motivo para a preocupação com a qualidade do ar e da
água, que deveria ser inodora.
No final do século XVIII, iniciaram-se estudos sobre substâncias químicas capazes de
impedir a decomposição de substâncias orgânicas e de maus odores. Um exemplo
disso foi a descoberta do cloro como efetivo contra putrefação.
FIGURA 17 − A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE DO AR E DA ÁGUA PARA A TEORIA
MIASMÁTICA

FONTE: <https://shutr.bz/3iel2KB>. Acesso em: 10 jul. 2020.

A partir da década de 1835, inicia-se um avanço da ciência, surgindo especulações de


que o surgimento das doenças era devido a seres vivos invisíveis, mas, até então, sem
identificar o agente responsável.
Foi em meados de 1860 que temos os primeiros estudos de Loius Pasteur (Figura
18), o primeiro cientista a produzir uma vacina contra a raiva (vacina antirrábica).
Muitos de seus experimentos foram responsáveis pela criação da Teoria Microbiana
em que se trata acerca da relação entre as doenças e os diferentes microrganismos.
Complementando essa teoria, tem-se também os trabalhos de Robert Koch (Figura
19) com a descoberta e identificação do bacilo Mycobacterium tuberculosis como
responsável pelo desenvolvimento da tuberculose.
A Teoria Microbiana conviveu muito tempo com a Teoria dos Miasmas sendo,

muitas vezes confundidas. Somente no final do século XIX é que a Teoria dos
Miasmas foi abandonada e a ideia de que toda a doença tem um agente biológico se
estabelece.
FIGURA 18 − RETRATO DE LOIUS PASTEUR

FONTE: <https://shutr.bz/3yjPWqL>. Acesso em: 10 jul. 2020.

FIGURA 19 − RETRATO DE ROBERT KOCH


FONTE: <https://shutr.bz/3xnSN0d>. Acesso em: 10 jul. 2020.

Em 1864, tem-se os trabalhos realizados por John Snow (Figura 20), que mostrou a
relação da cólera com o consumo de água com materiais fecais. Dessa forma, Snow é
considerado o pai da epidemiologia desenvolvendo o método de estudo
,

epidemiológico durante epidemia de cólera em Londres, o qual é utilizado até hoje.


John Snow observou através do estudo das cartografias de Londres que havia um
poço em que o número de casos de cólera eram maiores quando as pessoas se
concentravam ao redor dele, assim, ele recomendou fechá-lo, ato que resultou na
diminuição do número de casos da doença.
FIGURA 20 − RETRATO DE JOHN SNOW

FONTE: <https://bit.ly/3rMdEJw>. Acesso em: 10 jul. 2020.

A partir do século XX, tem-se a Transição Epidemiológica e o surgimento de um


grande número de indivíduos da população com doenças não infecciosas. Dessa
forma, não se poderia considerar a Teoria Microbiana uma vez que se tem doenças
,

sem agentes biológicos Além disso, existem doenças que se tem a infecção, mas
.

não se apresenta a doença, como cerca de 80% dos casos de tuberculose pulmonar
(PAULA, 2008). É nesse cenário que surge a Teoria de Multicausalidade ou seja,
,

existem outros fatores envolvidos. Esses fatores sabemos, atualmente, que são os
chamados fatores determinantes ou de risco, que serão abordados e discutidos no
Capítulo 3.
No entanto, vale destacar que para as doenças infecciosas se tem um cenário
multicausal também, pois muitas dessas doenças têm uma relação entre o agente
biológico, o hospedeiro e o meio ambiente em que estão, a chamada Tríade
Epidemiológica como mostra a Figura 21.
,

FIGURA 21 − ESQUEMA DA RELAÇÃO ENTRE UM DETERMINADO AGENTE


BIOLÓGICO, O HOSPEDEIRO E O MEIO AMBIENTE
FONTE: A autora

Nesse contexto, temos ações que podem ser tomadas para intervir no processo
saúde-doença das doenças infecciosas. Entre os exemplos de ações para intervir no
processo saúde-doença com relação aos agentes biológicos podemos destacar:
Controle biológico dos vetores (intermediários entre o agente biológico e o
hospedeiro).
Vigilância Sanitária de um determinado alimento.
Utilização prudente de antibióticos.
Melhor conhecimento dos mecanismos que promovem a resistência dos
diferentes agentes biológicos frente aos diferentes medicamentos.
Eliminação de vetores na cidade.
Para o hospedeiro homem, podemos ter as seguintes ações para intervir no
processo saúde-doença com relação ao hospedeiro :

Com relação à herança genética: aconselhamento genético e diagnóstico pré-natal.


Com relação à anatomia e à fisiologia: imunização e manutenção do peso corporal
em níveis aceitáveis.
Com relação ao estilo de vida: não fumar, não beber e praticar esportes.
Já para o meio ambiente, podemos ter os seguintes exemplos de ações para intervir
no processo saúde-doença com relação ao hospedeiro :

Meio físico: saneamento de águas, saneamento de ar e saneamento de solos.


Meio social: provisão de empregos, construção de habitações, transportes públicos
adequados, construção adequadas de escolas públicas, promoção de lazeres e
melhor qualidade nos serviços de saúde.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, foram apresentadas inúmeras informações e conceitos importantes
da epidemiologia, como seus marcos históricos mais importantes ao longo da história
da humanidade desde a Grécia antiga até os dias de hoje. Dessa forma, foi possível
reafirmar as definições mais importantes da Epidemiologia Básica e sua aplicação
nos serviços de saúde. Além disso, apresentou-se os principais episódios da história
da humanidade até o surgimento da Epidemiologia propriamente dita.
Estamos quase no fim desta disciplina. Para finalizar nosso estudo, vamos prosseguir
para a Etapa Três?

Avançar

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UNIDADE 3
Aluno, para darmos continuidade ao conteúdo da disciplina, estudaremos o terceiro e
último capítulo do nosso livro.

Neste capítulo estudaremos sobre a distribuição, frequência e os fatores determinantes


dos diferentes problemas de saúde.

Os Indicadores de Saúde de Morbidade expressam o risco de adoecer. Dessa forma,


referem-se ao comportamento das doenças e dos agravos à saúde em uma população
exposta. É usada também para mensurar a frequência dos problemas de saúde na
população. Já os Indicadores de Saúde de Mortalidade medem o risco de morrer. Para se
medir morbidade e mortalidade e comparar as suas frequências brutas, deve-se
transformá-las em valores relativos, ou seja, devem ser expressos em frequências
relativas, permitindo ter alguma relação com outros dados, podendo ser expressos em
forma de coeficientes, taxas, índices ou razão. Assim sendo, surgem os conceitos de
morbidade e mortalidade relativas, de uso extensivo e intensivo em Saúde Pública.

Para ampliar seus conhecimentos sugerimos a leitura deste material: Medidas de


frequência: calculando prevalência e incidência na era da COVID-19 .
Contar os números de casos leves a graves e assintomáticos de COVID-19 é essencial
para descrever e interpretar as respostas epidêmicas locais. Nesse cenário, estimativas
repetidas de prevalência e incidência informam as tendências de trajetória da doença e
orientam o processo de tomada de decisões relacionadas às medidas de controle e de
alocação de recursos

Este coeficiente de morbidade transita entre os dois tipos de Indicadores de Saúde, de


Morbidade e de Mortalidade, por isso que, para alguns autores de Epidemiologia, ele
deve estar entre os Indicadores de Morbidade e, para outros, entre os Indicadores de
Mortalidade.

Vamos ao cap í tulo 3 do Livro -

Distribuição, frequência e
os fatores determinantes
dos diferentes problemas
de saúde

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos
de aprendizagem:
Realizar os diferentes cálculos relacionados com a frequência dos diferentes
problemas de saúde da população humana.
Realizar os diferentes cálculos relacionados com a distribuição dos diferentes
problemas de saúde da população humana.
Realizar cálculos para poder avaliar a situação de saúde – doença de determinada
população humana.
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A Epidemiologia Básica e seus principais marcos históricos foram apresentados e
discutidos no Capítulo 2. Neste capítulo, serão apresentados e discutidos diferentes
indicadores de saúde ou seja, medidas capazes de expressarem os processos
,

saúde-doença da população em estudo, servindo como base para a aplicação de


medidas preventivas e de controle de diversas doenças ou agravos à saúde, tais
como:
Doenças infecciosas.
•Doenças não infecciosas.
•Doenças psicossociais.
•Acidentes.
•Deficiências.
As Medidas de doenças ou agravos à saúde são chamadas de medidas de morbidade.
Dessa forma, geralmente, mede-se a “não saúde” e, assim, também é comum avaliar
indicadores relacionados à mortalidade (óbitos).
As medidas de morbidade e de mortalidade servem para quantificar as diferentes
informações disponíveis sobre o processo saúde-doença, tornando mais prática sua
respectiva avaliação (CAMPOS et al. 2006). Além dessas medidas, podem-se estudar
, e
investigar indicadores categorizados, como:
Demográficos.
•Socioeconômicos.
•Fatores determinantes ou fatores de risco.
•Recursos humanos.
•Recursos financeiros
•Cobertura vacinal.
Em termos gerais, os indicadores de saúde são medidas-síntese que contêm
informações relevantes sobre determinados atributos e dimensões do estado de
saúde, bem como o desempenho do SUS (CAMPOS et al. 2006). Nesse caso, visto em
,

conjunto, os diferentes indicadores de saúde devem refletir a situação sanitária de


uma determinada população e servir para a vigilância das condições de saúde, como
a vigilância epidemiológica (CAMPOS et al. 2006).
,
A seguir, serão apresentados os indicadores de saúde de morbidade e de
mortalidade mais usados no Brasil.

2 INTRODUÇÃO
Os Indicadores de Saúde de Morbidade expressam o risco de adoecer. Dessa
forma, referem-se ao comportamento das doenças e dos agravos à saúde em uma
população exposta. É usada também para mensurar a frequência dos problemas de
saúde na população (PAULA, 2008).
Já os Indicadores de Saúde de Mortalidade medem o risco de morrer (PAULA,
2008). Para se medir morbidade e mortalidade e comparar as suas frequências
brutas, deve-se transformá-las em valores relativos, ou seja, devem ser expressos em
frequências relativas, permitindo ter alguma relação com outros dados, podendo ser
expressos em forma de coeficientes, taxas, índices ou razão (CAMPOS et al ., 2006;
PAULA, 2008). Assim sendo, surgem os conceitos de morbidade e mortalidade
relativas de uso extensivo e intensivo em Saúde Pública (CAMPOS et al., 2006).
,

Nos coeficientes taxas, índices ou razão o número de casos de determinada


,

doença ou agravo à saúde é relacionado ao tamanho da população da qual eles


precedem (PAULA, 2008). Pode-se ainda apresentar a definição de coeficientes
taxas, índices ou razão como as relações entre o número de eventos reais e os que
poderiam acontecer (CAMPOS et al. 2006). Geralmente, é colocado no numerador o
,

número de casos detectados, sendo que o denominador é reservado para o tamanho


da população de risco, ou seja, o número de pessoas expostas ao risco de sofrer
determinado evento (PAULA, 2008).
Antes de apresentar os Indicadores de Saúde de morbidade e de mortalidade mais
usados no Brasil, será apresentada uma breve suposição: se esses coeficientes não
fossem relativos, como seria a interpretação dos dados se a frequência fosse
absoluta?
Observando a Figura 1, poderemos comparar o número de casos da Doença Y nas
diferentes cidades, sendo bem provável que as populações de cada uma dessas
cidades são diferentes entre si. Por isso, se faz necessário relativizar os números. A
frequência absoluta é importante para ações de planejamento e administração na
área de saúde, tais como:
Estimativa do número de leitos.
Estimativa do número de UTIs, como no caso do novo coronavírus.
Estimativa do número de medicamentos disponíveis.
Estimativas de material em geral.
FIGURA 1 − MAPA DE UMA DETERMINADO ESTADO MOSTRANDO O NÚMERO DE
CASOS DA DOENÇA Y EM FREQUÊNCIA ABSOLUTA EM DIFERENTES CIDADES
FONTE: Moura (2011, s.p.)

Agora, se for considerado a frequência relativa, como são nos casos de coeficientes,
taxas, índices ou razão pode-se observar o exemplo da Figura 2, que apresenta não
,

só o número de casos, mas também o número de habitantes de cada cidade em


estudo, permitindo a comparação real entre as cidades de acordo com a Doença Y
(PAULA, 2008).
FIGURA 2 − NÚMERO DE CASOS DA DOENÇA Y EM DIFERENTES CIDADES COM
SEUS RESPECTIVOS NÚMEROS DE HABITANTES

FONTE: Moura (2011, s.p.)

Jána Figura 3 mostra-se os resultados dos cálculos desses coeficientes, taxas,


índices ou razão Para realizar esses cálculos, seguiu-se a seguinte fórmula:
.

FIGURA 3 − COEFICIENTES RELATIVOS À DOENÇA Y NAS CIDADES A, B E C,


CONSIDERANDO AS DIFERENTES POPULAÇÕES DE CADA CIDADE
FONTE: Moura (2011, s.p.)

A Figura 4 mostra que se faz necessário multiplicar por uma constante da base 10, ou
seja, 10 n para que possa se entender melhor o resultado obtido do coeficiente em
estudo, no caso: 10 4 Na Figura 5, finalmente, podemos verificar o resultado final.
.

FIGURA 4 − COEFICIENTES RELATIVOS À DOENÇA Y NAS CIDADES A, B E C


MULTIPLICADOS POR 10 4

FONTE: Moura (2011, s.p.)

FIGURA 5 − RESULTADOS FINAIS DOS COEFICIENTES RELATIVOS À DOENÇA Y


PARA AS CIDADES A, B E C

FONTE: Moura (2011, s.p.)

Podemos, ainda, destacar outro exemplo apresentado em Campos et al. (2006), o


qual supõe que uma determinada taxa possui o resultado de 0,00035. Dessa forma,
está sendo afirmado que ela é igual a 35 por 100.000, ou seja, que haveria a
possibilidade de acontecer 100.000 eventos, mas que deles só aconteceram 35. Se
nesse exemplo os eventos ocorridos ( numerador ) forem o número de óbitos por
tuberculose na Capital X, no ano Y, e os eventos que poderiam ter ocorrido
(denominador forem os habitantes domiciliados na referida capital naquele ano,
)

então, a taxa seria 35 óbitos de tuberculose por 100.000 habitantes na Capital X no


ano Y. O cálculo desse exemplo será apresentado a seguir:

Para maior entendimento, ainda se tem o seguinte exemplo que compara o número
de casos de dengue em relação à população de cada cidade estudada:
I- 531 casos de dengue foram encontrados em Birigui/SP, de 1º a 20 de março de
2018, com a população de 104.138 habitantes.
II-480 casos de dengue foram encontrados em Araçatuba/SP, de 1º a 20 de março de
2018, com a população de 25.168 habitantes.
Ao realizar o cálculo das frequências relativas das duas cidades teremos:

Nesse último exemplo fica evidente que se as duas cidades com casos de dengue
fossem comparadas erroneamente através da frequência absoluta seria ,

considerado que o maior número de casos dessa doença seria em Birigui. No


entanto, como pôde ser observado, devemos considerar em relação à população de
cada cidade frequência relativa e, assim, o maior número de casos de dengue foi
( )

na verdade em Araçatuba, pois a população tem também um menor número de


habitantes se comparado com Birigui.
Até o presente momento, pode-se notar a importância de realizarmos as diferentes
investigações da Área da Saúde através dos coeficientes, taxas, índices ou razão A .

seguir, serão apresentados os mais importantes Indicadores de Saúde de


Morbidade e Mortalidade.
3 DISTRIBUIÇÃO E FREQUÊNCIA DOS FATORES
DETERMINANTES DOS DIFERENTES
PROBLEMAS DE SAÚDE
Primeiramente serão abordados os Indicadores de Morbidade As Estatísticas de
.

morbidade são geralmente utilizadas para a avaliação de saúde e adoção de medidas


de caráter abrangente, como ter água em determinado município, esgotos e medidas
gerais de saneamento básico (CAMPOS et al. 2006). Além disso, auxiliam na adoção
,

de medidas que visem à melhoria da qualidade de vida da população, ou mesmo


medidas específicas para garantir a correção de decisões na área de saúde, como
investigar a eficácia de vacinas ou apoiar ações específicas necessárias ao controle de
determinadas doença, como o tratamento da tuberculose pulmonar (CAMPOS et al. ,

2006; PAULA, 2008).


Os Indicadores de Morbidade mais utilizados no planejamento e na avaliação das
medidas de prevenção e controle de doenças e de agravos a saúde são:
Coeficiente de Prevalência .

Coeficiente de Incidência .

Coeficiente de Letalidade .

Para o estudo dos coeficientes apresentados a seguir ser mais efetivo, você deve
tentar resolver os exercícios apresentados nos exemplos primeiramente, ou seja,
antes de olhar as respostas em baixo de cada questão proposta.

4 COEFICIENTE DE PREVALÊNCIA
O Coeficiente de Prevalência descreve a força com que subsistem as diferentes
doenças ou agravos à saúde nas coletividades (CAMPOS et al. 2006). A medida mais
,

simples do Coeficiente de Prevalência seria a frequência absoluta .

A frequência relativa que representa o Coeficiente de Prevalência é o indicador de


saúde que permite estimar e comparar, no tempo e no espaço, a prevalência de
,

uma determinada doença ou agravo à saúde, segundo algumas variáveis, como


idade, sexo, ocupação, escolaridade, estado civil, entre outras (CAMPOS et al. 2006).
,

Esse Coeficiente pode ser considerado a Frequência de Casos de uma determinada


doença ou agravo à saúde, consistindo no número de casos existentes, ou seja, casos
novos e casos antigos juntos. O cálculo do Coeficiente de Prevalência

Operacionalmente, o Coeficiente de Prevalência pode ser definido como a relação


entre o número de casos conhecidos de uma determinada doença ou agravo à saúde
e a população exposta, multiplicando o resultado pela base referencial que, em geral,
é uma potência de 10, sendo usualmente: 1.000, 10.000 ou 100.000 (CAMPOS et al. ,

2006). Dessa maneira, o número de casos conhecidos mede os casos que subsistem,
ou seja, a soma dos casos anteriormente conhecidos e que ainda existem com os
casos novos (CAMPOS et al. 2006).
,

Exemplo 1 Em Guararapes/SP, no ano de 2019, haviam 10 casos novos de zika e, em


:

anos anteriores, eram 35 casos. Deve-se considerar uma população de 35.000


habitantes. Qual o Coeficiente de Prevalência de casos de zika para essa cidade?

Exemplo 2 No Quadro 1 são apresentados os números de casos novos e de casos


:

anteriores de tuberculose pulmonar para diferentes faixas etárias na Cidade X, entre


os anos de 2010 a 2020.
QUADRO 1 − POPULAÇÃO E NÚMERO DE CASOS NOVOS E ANTERIORES DE
TUBERCULOSE PULMONAR POR DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS (IDADE) NA CIDADE
X ENTRE 2010 E 2020
Fonte: a autora.

Questões relativas ao Quadro 1:

I- De acordo com a Quadro 1, qual o Coeficiente de Prevalência no caso de


tuberculose pulmonar da Cidade X, entre 2010 e 2020, para todas as faixas etárias
em estudo?
II-De acordo com a Quadro 1, se comparamos as faixas etárias de 0 a 5 anos com
maior de 71 anos, qual delas apresentou maior Coeficiente de Prevalência?
III- De acordo com a Quadro 1, qual o coeficiente de Prevalência da faixa etária de 36
a 50 anos?
Respostas relativas às questões para a análise do Quadro 1:

I- Coeficiente de Prevalência Geral:


Conclusão 1 O coeficiente de Prevalência geral para tuberculose pulmonar na
:

Cidade X entre 2010 e 2020 é de 43 casos para cada 1000 habitantes.


Coeficiente de Prevalência para a faixa etária de 0-5 anos:

Coeficiente de Prevalência para a faixa etária de > 71 anos:

Conclusão 2 O Coeficiente de Prevalência de casos de tuberculose pulmonar é de


:

65,9 casos para cada 1000 habitantes para a faixa etária > 71 anos; e para a faixa
etária de 0 a 5 anos: 3 casos para cada 1000 habitantes, sendo assim, o coeficiente de
prevalência é maior entre os idosos.
Coeficiente de Prevalência da Faixa Etária de 36 a 50 anos idade:

Conclusão 3 O Coeficiente de Prevalência de casos de tuberculose para


: a faixa etária
de 31 a 50 anos foi de 51 casos para cada 1000 habitantes na Cidade X.
Exemplo 3: Analise a Figura 6 e responda às questões a seguir:
I-Determine qual região da Cidade Z no ano de 2017 tem maior coeficiente de
prevalência no caso de câncer de estômago.
II- Qual a região de menor coeficiente de prevalência?
FIGURA 6 – COEFICIENTE DE PREVALÊNCIA
FONTE: A autora

Conclusão 1 De acordo com a figura,


: a Região Nordeste da Cidade Z no ano de 2017
que apresentou maior prevalência.
Conclusão 2 De acordo com a figura,
: a Região Sul da Cidade Z no ano de 2017 que
apresentou menor prevalência.

Como apresentado e discutido no Capítulo 2 desta disciplina, a apresentação de


dados epidemiológicos em forma de gráficos mostra uma análise que enquadra na
Epidemiologia Descritiva. A partir dessa análise, pode-se inferir que devem existir
fatores de risco ou fatores determinantes que permitem que haja diferenças no
comportamento do câncer de estômago entre os habitantes de cada Região. Dessa
forma, pode-se inferir, por exemplo, que a alimentação inadequada está associada a
uma maior prevalência para a Região Nordeste, onde sabemos que a alimentação é
muito condimentada e com muita carne defumada, enquanto que na Região Sul tem-
se o costume de tomar chá todo dia. No entanto, nesse caso, é só uma inferência,
tendo que haver estudos que usam a Epidemiologia Analítica para verificar se essa
associação pode ser verdadeira. No entanto, existem outros estudos na literatura
especializada que usaram da Epidemiologia Analítica para analisar os dados
obtidos, verificando a associação de alimentos defumados e carnes salgadas com um
maior desenvolvimento de câncer. Já para Região Sul, onde se toma mais chá,
poderia estar associado a sua mais baixa prevalência, pois existem trabalhos na
literatura que sugerem esse fator de proteção.

Conecte-se

Para mais informações sobre a associação de uma dieta


inadequada e o desenvolvimento de câncer de pulmão, veja o
site a seguir: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/como-
prevenir-o-cancer-de-estomago/11124/1137/
Disponível aqui

Até aqui foi apresentado e discutido, através de exemplos práticos, sobre o


Coeficiente de Prevalência A partir de agora, será apresentado e discutido sobre
. o
Coeficiente de Incidência destacando seu uso para as análises de epidemias e
,

pandemias .

5 COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA
O Coeficiente de Incidência traduz a ideia de intensidade com que acontece a
morbidade (risco de adoecer) em uma determinada população, enquanto que se
compararmos com o Coeficiente de Prevalência esse último descreve a força com
,

que subsistem as doenças nas coletividades CAMPOS et al. 2006).


( ,

O cálculo do Coeficiente de Incidência é o seguinte:

O Coeficiente de Incidência equivale ao crescimento ou mesmo a uma “velocidade”


de crescimento, ou seja, ele mede a velocidade com que os casos novos da doença
são agregados ao contingente dos que no passado adquiriram a doença e que até a
data do cálculo do referido coeficiente permanecem doentes (CAMPOS et al., 2006).
O Coeficiente de Incidência representa ainda o risco coletivo de adoecer (MOURA,
2011). Pode também avaliar o impacto epidemiológico de medidas de controle
adotadas, como a vacinação (MOURA, 2011). Para entender melhor sobre esse
coeficiente serão apresentados, a seguir, alguns exemplos.
Exemplo 1 :

FIGURA 7 − A INCIDÊNCIA DE DENGUE NA CIDADE W NO PERÍODO DE 1990 A 1993


FONTE: A autora

Questões sobre a Figura 7 de Coeficiente de Incidência :

I- Como interpretar os Coeficientes de Incidência encontrados?


Qual o Coeficiente de Incidência para
II- o ano de 1990? E para o ano de 1993? Como
podemos compará-los?
III- O que representa o resultado?
Respostas :

I- A partir da imagem apresentada, a maior incidência de casos de dengue


encontrada na Cidade W foi em 1993, mostrando que, ao longo dos anos, desde
1990, a tendência foi aumentar. O resultado para esse ano foi de 4,5 casos novos de
dengue para cada 10.000 habitantes.
II-Ano 1990: 3,3 casos novos de dengue para cada 10.000 habitantes na Cidade W.
Ano 1993: 4,5 casos novos de dengue para cada 10.000 habitantes. Assim, ocorreu
um aumento da incidência ao longo dos anos.
III-A cada 10.000 habitantes temos uma incidência diferente para cada ano estudado
na Cidade W.
Exemplo 2:

FIGURA 8 − HANSENÍASE NO BRASIL EM 2002: COEFICIENTES DE DETECÇÃO POR


REGIÕE
FONTE: Adaptado de Campos et al. (2006)

Questões :

I- Em qual Região do Brasil teve a maior Incidência? E a menor?


II- De acordo com a Epidemiologia Descritiva, o que os dados representam?
III-Qual inferência sobre os possíveis fatores de risco ou determinantes poderão
estar associados aos resultados encontrados?

Respostas :

I- A Região Norte. A menor: Sul.


II-O número de casos novos da doença para cada 10.000 habitantes para o Brasil em
2002, ou seja, o coeficiente de incidência.
III-Pode-se inferir vários fatores de risco para o maior desenvolvimento da
hanseníase na Região Norte, se comparado com a Sul do país. Podem ter sido:
fatores genéticos, hábitos, dietas diferentes, entre outros. No entanto, para verificar
as associações desses fatores com a doença estudada, tem que se fazer um estudo
epidemiológico analítico.
Exemplo 3 :

QUADRO 2 − CASOS DE DENGUE DE ACORDO COM AS ESTAÇÕES DO ANO NA


CIDADE Z COM UMA POPULAÇÃO DE 1200 HABITANTES, DE 2001 A 2004.

FONTE: A autora

Questões :

I- Calcule o Coeficiente de Incidência de casos de dengue na Cidade Z para cada


estação do ano.
II- Qual o maior Coeficiente de Incidência encontrado ao responder à questão 1?

III- Qual o menor Coeficiente de Incidência encontrado ao responder à questão 1?


IV-Quais inferências podem ser feitas quanto aos fatores de risco ou determinantes
que possam estar influenciando nos resultados obtidos? Justifique sua resposta.
Respostas :

I- Primavera: 16,60 para cada 1000 habitantes da Cidade C; verão: 65 para cada
1000 habitantes; outono: 27 para cada 1000 habitantes; inverno: 4,16 para cada 1000
habitantes.
II- Verão.
III- Inverno.
IV- O vetor responsável por transportar o vírus causador da dengue é o Aedes aegypt ,

sendo que ele vive bem em ambientes quentes e que tem água parada, condições
típicas do verão. Dessa forma, pode-se inferir que esses sejam fatores de risco ou
fatores determinantes para o desenvolvimento da dengue na Cidade Z. Se
eliminarmos o vetor, teremos medidas preventivas essenciais para o controle da
dengue ou até sua erradicação.

É importante ressaltar que mais para o final deste capítulo serão detalhados os
fatores de risco ou determinantes para diferentes doenças ou agravos à saúde.

Até agora, foi apresentado e discutidos os Coeficientes de Morbidade: Incidência e


Prevalência. Por último, será apresentado e discutido sobre o Coeficiente Letalidade.
Se faz importante ressaltar que esse coeficiente é considerado por alguns autores
como de morbidade e por outros como de mortalidade. Aqui será apresentado junto
aos coeficientes referentes a morbidades.

6 INCIDÊNCIA DE DOENÇAS: EPIDEMIA E


ENDEMIAS
No Brasil, a cólera apontou em abril de 1991, atingindo vários municípios do país,
com elevadíssima incidência, principalmente associada à precariedade do
saneamento básico e à presença da pobreza (CAMPOS et al. 2006). Dessa forma,
,

esses dois fatores foram e são considerados de risco ou determinantes para o


desenvolvimento da cólera no Brasil e também no mundo, como foi verificado a
partir de diversos estudos.

FIGURA 9 − EPIDEMIA DE CÓLERA NO BRASIL DE 1991 A 2001

FONTE: Adaptado de Campos et al. (2006)

De acordo com a Figura 9, o pico da epidemia da cólera foi entre 1991 e 1996 no
Brasil, atingindo o valor máximo de 39,8 casos novos de cólera para cada 100.000
habitantes no ano de 1993. Seguindo a linha de raciocínio da Epidemiologia
Descritiva, em 1993 e 1994, os maiores valores são apresentados devido a algum
fator de risco ou determinante no período, como saneamento básico precário e
maior nível de pobreza. A partir de 1995, esse índice de saúde melhorou muito,
caindo bruscamente, mostrando medidas preventivas e de controle da cólera mais
efetivas.
A definição de epidemias e pandemias, apresentadas e amplamente discutidas nos
Capítulos 1 e 2 deste Livro Didático, são consideradas restritas se comparadas com as
endemias, que são consideradas ilimitadas no decorrer do tempo (CAMPOS et al.,
2006).
FIGURA 10 − DENGUE EM FORTALEZA NO PERÍODO DE 1996 A 2003: NÚMERO DE
CASOS (EM MILHARES)
FONTE: Adaptado de CAMPOS et al. (2006)

A Figura 10 apresenta três epidemias (D1, D2 e D3) que se acumularam num mesmo
tempo e lugar (CAMPOS et al., 2006). Dessa maneira, é possível observar que
enquanto não se adotou medidas preventivas e de controle da dengue, ao longo do
tempo e de tempos em tempos, aparecerão novas epidemias, como a de Fortaleza.
As medidas seriam realmente efetivas se fosse, definitivamente, eliminado o vetor,
ou seja, o Aedes aegypti Isso seria possível se fossem adotadas algumas medidas, tais
.

como:
Coleta de lixo adequada.
•Drenagem.
•Eliminar água parada.
•Saneamento básico para todos.
•Educação sanitária da população.
•Conscientização coletiva de governo e população para o controle da dengue.
QUADRO 3 − CASOS CONFIRMADOS DE COVID-19 POR ALGUNS ESTADOS NO
BRASIL NO DIA 02/04/2020
FONTE: <https://covid.saude.gov.br/>. Acesso em: 2 abr.
2020

No caso da COVID-19, estão sendo analisadas a incidência e a prevalência por dia,


pois ainda estamos dentro da curva epidêmica e, assim, a cada dia esses números
tendem a se modificar abruptamente ou ficarem estagnados. Na verdade, os
números podem no mesmo dia, dentro de 24 horas, variarem muito.

7 COEFICIENTE DE LETALIDADE

O Coeficiente de Letalidade transita entre os dois tipos de Indicadores de Saúde, de


Morbidade e de Mortalidade, nesse sentido, para alguns autores de Epidemiologia,
ele deve estar entre os Indicadores de Morbidade e, para outros, entre os
Indicadores de Mortalidade. Aqui, serão apresentados entre os Indicadores de
Morbidade.
A Letalidade mede o “poder” da doença de levar à morte os indivíduos que estão com
essa doença e, assim, permite avaliar a sua gravidade.
Vamos a um Exemplo, para ficar mais claro para a COVID-19, sabe-se até agora
:

que sua letalidade está entre 2 a 3%. E aí virão as perguntas: Esse valor é alto ou
baixo? Como podemos definir isso? Como se interpreta a letalidade? A letalidade
poderá também informar sobre a qualidade de determinada Assistência em Saúde
ou de um determinado Serviço de Saúde relativos às ações contra uma determinada
doença ou agravo à Saúde.
O cálculo da Letalidade é:

O cálculo da Letalidade é medido em porcentagem.


O coeficiente de letalidade não mede o risco de adoecer ou de morrer, mas sim é
uma distribuição proporcional. Vamos aos exemplos sobre letalidade para melhor
compreensão:

Exemplo 1 : 2% de óbitos por COVID-19.

Resposta Para cada 100 indivíduos com COVID-19, dois morrem devido à doença.
:

No entanto, esse resultado é em média, ou seja, não significa que é dois óbitos
exatos, podendo ser um erro, por exemplo, de um ponto para mais ou para menos,
então, entre 1 a 3%.
Exemplo 2 :

QUADRO 4 − COEFICIENTE DE LETALIDADE DO NOVO CORANAVÍRUS POR


ESTADOS DO BRASIL EM 06/04/2020
FONTE: <https://covid.saude.gov.br/>. Acesso em: 6 abr.
2020

Analisando o quadro, responda às questões:


I- Quais as três maiores letalidades encontradas?
II- Quais as três menores letalidades encontradas?
III- Como interpretar os resultados obtidos?
IV- Qual inferência ou quais inferências podem ser realizadas dos fatores de risco ou
de proteção para o desenvolvimento da doença em questão?
Respostas :

I- As três maiores letalidades:


Piauí (17,4%).
Pernambuco (10,4%).
Sergipe (9,4%).
II- As três menores letalidades:
Acre e Tocantins (0%).
Pará (1,2%).
Rio Grande do Sul (1,7%).
A cada 100 indivíduos com
III- o novo coronavírus, 17,4 morreram da doença, e assim
por diante.
IV- Para o Piauí, provavelmente, o número de doentes é pequeno se comparado com
o Rio Grande do Sul. Além disso, pode-se inferir que houve um número maior de
pacientes com comorbidades ou mesmo pertencentes ao grupo de risco, como os
idosos.
Exemplo 3 :
QUADRO 5 − NÚMERO DE CASOS CONFIRMADOS, ÓBITOS E LETALIDADE DO
NOVO CORONAVÍRUS NO BRASIL EM 06/04/2020

FONTE: <https://covid.saude.gov.br/>. Acesso em: 6 abr.


2020

I- Refaça o cálculo da letalidade apresentada no quadro.


II- Como interpretar o resultado obtido?
III-Quais inferências podem ser feitas com relação ao resultado obtido quanto aos
fatores de risco para o desenvolvimento dessa doença?
Respostas :

II- A cada 100 pacientes com o novo coronavírus, 4,4 falecem.


III-Os óbitos podem ser do grupo de risco para a doença estudada ou apresentar
fatores de risco, como possuírem comorbidades, tais como: diabetes, pressão alta,
entre outras.
Esses foram alguns exemplos do Coeficiente de Letalidade. A partir de agora, serão
apresentados e discutidos sobre os Índices de Mortalidade, ou seja, os índices que
medem o risco de morte.

8 COEFICIENTE DE MORTALIDADE
Serão apresentados e discutidos aqui os seguintes Coeficientes de Mortalidade:
Coeficiente de Mortalidade Geral.

•Coeficiente de Mortalidade Infantil.


•Coeficiente de Mortalidade Neonatal (Precoce).
•Coeficiente de Mortalidade Pós-Neonatal (Tardia).
•Coeficiente de Mortalidade por causa.

8.1 COEFICIENTE DE MORTALIDADE GERAL


É a relação entre o total de óbitos (por todas as causas) de um determinado local pela
população exposta ao risco de morrer. Geralmente, é utilizado na avaliação do
estado sanitário de áreas determinadas e propicia a possibilidade de se avaliar
comparativamente o nível de saúde de localidades diferentes.
Por convenção, para calcular as Taxas de Mortalidade Geral e infantil, a base é
10 3 = 1000.
Cálculo do Coeficiente de Mortalidade Geral:

Exemplo 1 :

No município de São Paulo, em 1996, ocorreram 71.905 óbitos. A população


estimada em tal período era de 9.845.129 habitantes.
I- Calcule o Coeficiente de Mortalidade Geral.

Exemplo 2:

FIGURA 11 − MORTALIDADE GERAL NO BRASIL EM 2003: TAXAS REGIONAIS POR


1000 HABITANTES
FONTE: Adaptado de Campos et al. (2006)
Questões :

I- De acordo com a Figura 11, qual região do Brasil apresentou maior Mortalidade
Geral?
II-De acordo com a Figura 11, qual região do Brasil apresentou menor Mortalidade
Geral?
III- Interprete os resultados encontrados.
Respostas :

I- Sudeste, com 6,4 óbitos por todas as causas para cada 1000 habitantes.
II- Norte, com 3,8 óbitos por todas as causas para cada 1000 habitantes.
III- Pode-se inferir que a Região Norte apresentou menor taxa de mortalidade
geral devido a problemas de subnotificação.

8.2 COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL


Mede o risco de morte para crianças menores de um ano de idade. É um indicador de
nível de saúde e de desenvolvimento social de uma determinada região. Com esse
coeficiente, pode-se avaliar o estado sanitário geral de uma comunidade em
associação com outros indicadores de promoção de saúde, tais como o nível de
escolaridades e de renda, bem como a disponibilidade de água e de moradia
(CAMPOS et al ., 2006). Além disso, esse coeficiente pode servir de indicador
específico, como para orientar as ações de serviços especializados nas Unidades de
Saúde, com ações voltadas ao grupo materno-infantil (CAMPOS et al ., 2006).
Cálculo do Coeficiente de Mortalidade Infantil :
FONTE: Adaptado de Campos et al. (2006)

A partir do Figura 12, pode-se verificar que as taxas de mortalidade infantil vêm
declinando gradualmente de modo lento, mas persistente (CAMPOS et al., 2006).
O que é alto, médio ou baixo Coeficiente de Mortalidade Infantil? Como interpretar os
resultados? Geralmente, de acordo com a OMS (2020), são considerados os
seguintes:
Alto de 50 ou mais óbitos para cada 1000 nascidos vivos.
:

Médio de 20 : a 49 óbitos para cada 1000 nascidos vivos.


Baixo menos de 20 óbitos para cada 1000 nascidos vivos.
:

Nascidos Vivos o produto da concepção que, depois da expulsão ou extração


:

completa do corpo da mãe, respira ou dá qualquer outro sinal de vida, tais como:
Batimento cardíaco.
•Pulsação do cordão umbilical.
Movimentos musculares de contração voluntária.

Exemplo 2:

QUADRO 6 − MORTALIDADE INFANTIL NA CIDADE X, ENTRE 1980 A 1990


Questões :

I- De acordo com o Quadro 6, o que aconteceu com a mortalidade infantil ao longo


dos anos?
II-De acordo com o seu conhecimento prévio, quais fatores de riscos ou
determinantes podem inferir que estão influenciando os resultados obtidos?

Respostas:
I- Ocorreu um declínio da mortalidade infantil ao longo do tempo.
II-Nos anos 1980, ainda muitas pessoas morriam por diarreia, além disso, sofria-se
muito com a falta de saneamento básico e de alimentação adequada. Dessa forma,
esses podem ter sido fatores de risco ou determinantes para o alto coeficiente de
mortalidade infantil nesse período ao compararmos com o início da década de 1990.

8.3 COEFICIENTE DE MORTALIDADE NEONATAL


(PRECOCE)
Mede o risco de a criança morrer nas suas primeiras semanas de vida. Nesse período,
geralmente, o óbito está relacionado com agressões sofridas pelo feto durante a vida
intrauterina ou nas condições do parto. As principais causas de óbito são do tipo
endógenos, ou seja, anomalias congênitas e afecções neonatais.
Cálculo do Coeficiente de Mortalidade Neonatal (Precoce) :
Exemplo 1:

QUADRO 7 − COEFICIENTE DE MORTALIDADE NEONATAL (PRECOCE) E NÚMERO


DE NASCIDOS VIVOS (2300) NA CIDADE Y, DE 2000 A 2006

Fonte: a autora.

Questões :

I- De acordo com o Quadro 7, o que aconteceu com a Mortalidade Neonatal Precoce


na Cidade Y entre 2000 a 2006?
II- O que pode inferir como fator de risco ou determinante para o resultado obtido?
III- Como interpretar os dados?
Respostas :

I- Teve um declínio ao longo do período estudado.


II-Maiores cuidados com o parto no decorrer do tempo e, assim, em 2000, morriam-
se mais crianças. Isso é só uma hipótese, para testá-la, deve-se realizar estudos de
Epidemiologia Analítica.
III- Com cautela.
8.4 COEFICIENTE DE MORTALIDADE PÓS-
NEONATAL (TARDIA)
Esse Coeficiente mede o risco de a criança morrer após a quarta semana de vida e
até completar um ano de idade. Nesse período, geralmente, as causas são de
natureza ambiental e social (causas exógenas), tais como:
Gastroenterite.
•Infecções respiratórias.
•Desnutrição.
•Saneamento básico inadequado.
Cálculo do Coeficiente de Mortalidade Pós-Neonatal (Tardia) :

Exemplo 1:

QUADRO 8 − COEFICIENTE DE MORTALIDADE PÓS-NATAL PARA A CIDADE Z NO


PERÍODO DE 2010 A 2015

Fonte: a autora.
Questões :

I- Observando o Quadro 8, o que aconteceu com o Coeficiente de Mortalidade Pós-


Natal ao longo do tempo?
II-O que podemos deduzir que aconteceu para ocorrer o resultado obtido? Cite
possíveis fatores que possam estar interferindo para se ter esse resultado.
Respostas:
I-O Coeficiente de Mortalidade Pós-Natal foi, em geral, diminuindo ao longo do
tempo estudado.
II-Maior cuidado com essas crianças, como ações evitando desnutrição e tendo
cuidados redobrados com as gastroenterites.
Exemplo 2 :

QUADRO 9 −NÚMERO DE ÓBITOS DE CRIANÇAS ENTRE 28 DIAS A UM ANO DE


IDADE E DE NASCIDOS VIVOS PARA A CIDADE W EM 2020

Fonte: a autora.

Questão:
I- Calcule o Coeficiente de Mortalidade Pós-Natal.
Resposta:
I- 40 óbitos de crianças entre 28 a um ano de idade para cada 1000 nascidos vivos.
8.5 COEFICIENTE DE MORTALIDADE POR CAUSA
Mede o risco de morte por determinada causa, em um dado local e período. No
denominador deve conter a população exposta ao risco de morrer por essa mesma
causa.
Cálculo do Coeficiente de Mortalidade por Causa :
Exemplo 1:

QUADRO 10 − POPULAÇÃO E ÓBITOS POR AIDS POR FAIXA ETÁRIA (ANOS) E SEXO NO
MUNICÍPIO DE SÃO PAULO (SP) EM 1996

Fonte: a autora.

Questões :

I-Considerando o Quadro 10, calcule o coeficiente de mortalidade por AIDS de


acordo com a faixa etária para o Município de São Paulo em 1996.
Considerando o Quadro 10, calcule o coeficiente de mortalidade por AIDS de
II-
acordo com o sexo para o município de São Paulo em 1996.
Considerando o Quadro 10, relate o que ocorreu com o coeficiente de mortalidade
III-
por AIDS por faixa etária para o município de São Paulo em 1996.
IV-Considerando o Quadro 10, relate o que ocorreu com o coeficiente de
mortalidade por AIDS por sexo para o município de São Paulo em 1996.
V- Calcule o coeficiente de mortalidade por AIDS para a população total.
Respostas :

I- 0-14 anos = 3,16 óbitos por AIDS para cada 100.000 crianças.
15-19 anos = 2,09 óbitos por AIDS para cada 100.000 jovens.
20-49 anos = 55,04 óbitos por AIDS para cada 100.000 adultos.
≥ 50 anos = 14,58 óbitos por AIDS para cada 100.000 adultos ≥ 50 anos.
II-46,65 óbitos por AIDS para cada 100.000 homens do município de São Paulo em
1996.
III- Foi maior entre a faixa etária de 20 a 49 anos.
IV- Foi relativamente alto por considerar apenas os homens.
V- 9,86 para cada 100.000 habitantes do município de São Paulo em 1996.

Conecte-se

Como complemento dos estudos de diferentes indicadores


de saúde, verifique o site da Organização Pan-Americana de
Saúde:
https://bit.ly/3rLOXx0

Disponível aqui

Esses foram os principais índices de saúde utilizados em Epidemiologia. Na próxima


seção, serão apresentados e discutidos sobre os diferentes Fatores Determinantes,
de risco e de proteção.

9 FATORES DETERMINANTES, DE RISCO OU DE


PROTEÇÃO
Ao longo deste Livro Didático já foram apresentados alguns fatores determinantes ou
de risco, como idade, sexo, ocupação, estado civil, entre outros. No entanto, agora,
serão apresentados alguns estudos sobre fatores que auxiliam no desenvolvimento
de determinada doença ou agravo à saúde, sendo discutidos para se entender
melhor o processo saúde-doença.
Primeiramente, é importante entender que, nos fatores determinantes, de risco ou
de proteção, há uma multifatoriedade que está associada ao maior ou menor
desenvolvimento de determinada doença ou agravo à saúde. Esse desenvolvimento
apresenta diferentes classificações, podendo ser: endógenos ou exógenos, por
exemplo. Os endógenos podem ser fatores genéticos. Os exógenos são fatores
relacionados com o meio ambiente, como fatores socioeconômicos.
De acordo com a Epidemiologia Descritiva podemos inferir quais fatores poderiam
,

estar interferindo no desenvolvimento ou não de determinada doença ou agravo à


saúde. No entanto, através de estudos mais avançados, como os da Epidemiologia
Analítica podemos analisar se há associações entre tais fatores e as doenças
,

estudadas. Nesse sentido, apresentaremos resumos de artigos científicos ou notícias


nacionais como exemplos para melhor entendimento desses fatores.
9.1 FATOR DE RISCO: TABAGISMO
Fator de Risco bem conhecido na literatura especializada para doenças não
transmissíveis, tais como:
Câncer.
•Doenças pulmonares.
•Doenças cardiovasculares.
O hábito de fumar tem sido apontado por muitos autores como o fator de risco,
sendo considerado líder global entre as causas de morte evitáveis. Além dos
indivíduos fumantes, os passivos (que ficam próximos aos indivíduos fumantes)
também são considerados como aqueles que desenvolvem mais as doenças
apresentadas.

Conecte-se

Maiores Informações sobre o tabagismo como fator de risco


para o desenvolvimento de doenças crônicas não
transmissíveis no link: https://bit.ly/3C1fxXH
Disponível aqui

9.2 FATOR DE RISCO: SEDENTARISMO


O sedentarismo tem sido considerado fator de risco para as seguintes doenças não
transmissíveis:
Hipertensão.
•Obesidade.
•Doenças cardiovasculares.
•Depressão.
•Diabetes.

•AVC.
•Estresse.
A mortalidade por causa do sedentarismo só é menor se comparado com o
tabagismo para a diabetes e doenças cardiovasculares. A OMS (2017) recomenda que
um indivíduo adulto pratique ao menos 150 minutos de atividades físicas moderadas
ou 75 minutos de atividades físicas intensas por semana.
9.3 FATOR DE RISCO: ALCOOLISMO
Esse fator de risco ou fator determinante está associado às seguintes doenças ou
agravos à saúde, de acordo com a literatura especializada:
Tuberculose pulmonar.
•Câncer pulmonar.
•Cirrose.
•Hepatite.
•Violência doméstica.
•Acidentes de trânsito.
9.4 FATOR DE RISCO: IDADE
Esse fator de risco ou determinante se encontra associado às doenças a seguir:
Caxumba (para crianças).
•Catapora (para crianças).
•Coqueluche (para crianças).
•COVID-19 (para idosos).
•AVC (para idosos).
•Doenças cardiovasculares (para idosos).
9.5 FATOR DE RISCO: SEXO
Doenças com maior desenvolvimento de acordo com o sexo:
Tuberculose pulmonar (sexo masculino).
•Câncer de próstata (sexo masculino).
•Câncer de colo de útero (sexo feminino).
•Câncer de ovário (sexo feminino).
Câncer de mama (sexo feminino).

9.6 FATOR DE RISCO: POLUIÇÃO DO AR


Podemos citar alguns exemplos de doenças associadas à poluição do ar, como:
Câncer de pulmão.
•Doenças respiratórias.
Doenças pulmonares.
9.7 FATOR DE RISCO: GENÉTICO
Existem várias doenças em que o fator genético aumenta a chance de desenvolvê-las:
Diabetes.
•Tuberculose pulmonar.
•Doenças cardiovasculares.
•Síndrome de Down.
•Daltonismo.
Obesidade.
9.8 FATOR DE RISCO: DIETA ALIMENTAR INADEQUADA
Sabe-se que uma dieta alimentar inadequada pode acarretar uma série de doenças
ou agravos à saúde, tais como:
Obesidade.
•Diabetes.
•Doenças cardiovasculares.
Desnutrição.
9.9 FATOR DE RISCO: HIPERTENSÃO
A hipertensão é uma doença silenciosa que também é considerada fator de risco
para o desenvolvimento de outras doenças, tais como:
Doenças cardiovasculares.
•AVC.
Diabetes.
9.10 FATOR DE RISCO: RADIAÇÃO
A radiação é um fator de risco para o desenvolvimento de todos os tipos de
neoplasias (cânceres).
Conecte-se

Para maiores informações sobre a radiação como fator de


risco acesse: https://bit.ly/37cxofR
Disponível aqui

9.11 FATOR DE RISCO: COLESTEROL


O colesterol tem sido considerado fator de risco para as seguintes doenças:
Doenças cardiovasculares.
•AVC.
•Obesidade.
Até agora, foram apresentados fatores de riscos importantes para o maior
desenvolvimento de diversas doenças. A seguir, serão apresentados e discutidos
sobre fatores de proteção.

10 FATORES DE PROTEÇÃO
Existem fatores que podem ser considerados fatores de proteção e, assim, diminuem
a chance de desenvolver uma determinada doença ou agravo à saúde; tendo um
efeito contrário aos fatores de risco apresentados e discutidos anteriormente. São
exemplos importantes de fatores de proteção:
Variações genéticas.
•Atividade física regular.
•Alimentação equilibrada.
•Saneamento básico adequado.
•Educação adequada.
•Estado civil.

•Idade (por exemplo, ser criança apresenta certa vantagem comparado a uma
pessoa idosa para algumas doenças, como a aterosclerose).
•Sexo (por exemplo, ser do sexo feminino protege de ter câncer de próstata).

11 FATORES DETERMINANTES E A DEFINIÇÃO


ATUAL DE SAÚDE SEGUNDO A OMS
No Capítulo 1, foi apresentada a definição atual de saúde de acordo com a OMS, ou
seja, o completo bem-estar físico, mental e social. Para que se alcance essa definição,
devemos entender que existem fatores determinantes para a melhoria da saúde ou
para a piora da doença ou agravo à saúde.
Os fatores determinantes são um conjunto complexo de variáveis que influenciam o
processo saúde-doença e constam no artigo 3º da Lei 8080/90 da Constituição
Federal Brasileira. Estão entre eles:
Alimentação.
•Moradia.
•Saneamento Básico.
•Meio ambiente.
•Trabalho.
•Renda.
•Educação.
•Atividade Física.
•Transporte.
•Lazer.
•Acesso a bens e serviços essenciais.

12 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No Capítulo 3, foram apresentados e discutidos importantes Índices de Saúde, tanto
de morbidade como de mortalidade. Além disso, tratamos dos fatores de risco,
proteção ou determinantes, que são extremamente importantes para o
desenvolvimento ou não de determinada doença ou agravo à saúde.
Neste Livro Didático, aprendemos o quão importante é a Epidemiologia para a Saúde
Pública, bem como aos cidadãos. Ainda mais, atualmente, em meio a pandemia da
COVID-19, a Epidemiologia se torna uma ferramenta fundamental para o melhor
entendimento, prevenção e controle dessa doença, como de tantas outras que
assolam o Brasil e os demais países do mundo.

Encerramento da Disciplina

Foi muito bom contar com sua companhia durante nossa jornada do
conhecimento. Agora, para recordar o conteúdo desta disciplina,
escute este podcast.

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AGORA É COM VOCÊ

Este coeficiente de morbidade transita entre os dois tipos de Indicadores de


Saúde, de Morbidade e de Mortalidade, por isso que, para alguns autores de
Epidemiologia, ele deve estar entre os Indicadores de Morbidade e, para
outros, entre os Indicadores de Mortalidade.

Sobre o coeficiente citado, assinale a alternativa CORRETA:

a) Letalidade.

b) Prevalência.

c) Incidência.

d) Mortalidade Infantil.

É isso aí, você respondeu corretamente!

Este Coeficiente de morbidade mede o “poder” da doença de levar à morte


entre os indivíduos que estão com essa doença e permite avaliar a gravidade
dessa doença.

Sobre o coeficiente citado, assinale a alternativa CORRETA:


a) Letalidade.

b) Prevalência.

c) Incidência.

d) Mortalidade Infantil.

Desde dezembro de 2019, surgiu na China os primeiros casos confirmados da


COVID-19. Rapidamente essa doença se tornou uma epidemia, espalhando-se
por todo o mundo e no Brasil. O número de casos confirmados da COVID-19
no Brasil em 06/04/2020 foi de 11130 e de óbitos 486.

Sobre a Letalidade citada, assinale a alternativa CORRETA:

a) 4,4%

b) 5,3%

c) 10,1%

d) 0,5%

Este Indicador de Saúde é a relação entre o total de óbitos (por todas as


causas) de um determinado local pela população exposta ao risco de morrer.
Geralmente é utilizado na avaliação do estado sanitário de áreas determinadas
e propícia à possibilidade de se avaliar comparativamente o nível de saúde de
localidades diferentes.

Sobre o coeficiente citado, assinale a alternativa CORRETA:

a) Coeficiente de Mortalidade Geral.

b) Coeficiente de Mortalidade Infantil.

c) Prevalência.

d) Incidência.

Este Coeficiente mede o risco de morte para crianças menores de 1 ano de


idade. É um Indicador de Nível de Saúde e de desenvolvimento social de uma
determinada região. Com esse Coeficiente, podemos avaliar o estado sanitário
geral de uma comunidade em associação com outros indicadores de
Promoção de Saúde, tais como o nível de escolaridades e de renda, bem
como a disponibilidade de água e de moradia. Além disso, esse Coeficiente
pode servir de indicador específico como, por exemplo, para orientar as ações
de serviços especializados nas Unidades de Saúde, com ações voltadas ao
grupo materno-infantil (CAMPOS et al, 2006). FONTE CAMPOS GWS, MINAYO
:

MCS, AKERMAN, M, DRUMOND MJ, CARVALHO YM. Tratado de Saúde Coletiva. Editora
Hucitec e Editora Fiocruz, 2006.

Sobre o coeficiente citado, assinale a alternativa CORRETA:

a) Mortalidade Infantil.

b) Prevalência.

c) Mortalidade Geral.

d) Incidência.

Este Coeficiente mede o risco da criança morrer nas suas primeiras semanas
de vida. Neste período, geralmente, o óbito está relacionado com agressões
sofridas pelo feto durante a vida intra-uterina ou com condições do parto. As
principais causas de óbito são do tipo endógenos, ou seja, como anomalias
congênitas e afecções neonatais.

Sobre o coeficiente citado, assinale a alternativa CORRETA:

a) Mortalidade Neonatal (Precoce).

b) Prevalência.

c) Mortalidade Geral.

d) Incidência.

Este Coeficiente mede o risco de morte por determinada causa em um dado


local e período. No denominador deve conter a população exposta ao risco de
morrer por essa mesma causa.

Sobre o coeficiente citado, assinale a alternativa CORRETA:

a) Mortalidade por causa.

b) Prevalência.

c) Mortalidade Geral.

d) Incidência.
Uma das premissas da Epidemiologia é que as doenças não ocorrem ao
acaso, ou seja, existem fatores que influenciam no desenvolvimento de
diversas doenças. Esses fatores podem ser: de Risco, Protetores ou
Determinantes.

Sobre o que constitui um fator de proteção, assinale a alternativa


CORRETA:

a) Dieta alimentar adequada.

b) Tabagismo.

c) Obesidade.

d) Inatividade Física.

Uma das premissas da Epidemiologia é que as doenças não ocorrem ao


acaso, ou seja, existem fatores que influenciam no desenvolvimento de
diversas doenças. Esses fatores podem ser: de Risco, Protetores ou
Determinantes.

Sobre um fator de risco para diversas doenças, assinale a alternativa


CORRETA:

a) Vírus.

b) Fatores genéticos.

c) Alimentação Adequada.

d) Prática de Exercícios Físicos.

Uma das premissas da Epidemiologia é que as doenças não ocorrem ao


acaso, ou seja, existem fatores que influenciam no desenvolvimento de
diversas doenças. Esses fatores podem ser: de Risco, Protetores ou
Determinantes.

Sobre um fator de risco para diversas doenças, assinale a alternativa


CORRETA:

a) Obesidade.

b) Saneamento Básico.

c) Alimentação Adequada.
d) Moradia.

Orientação de resposta

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REFERÊNCIAS
ABRASCO. A Epidemiologia nos Serviços de Saúde. IESUS, v. 3, p. 7-14, 1997.

ALTMAN, M. Morre Hipócrates, considerado o “pai da Medicina”. 2014. Disponível em:


http://www.revistahcsm.coc.fi ocruz.br/hoje-na-historia-370-a-cmorre-hipocrates-considerado-
o-pai-da-medicina/. Acesso em: 10 jul. 2020.

BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e
dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso
em: 22 jul. 2020.

CAMPOS G. W. S. et al. Tratado de saúde coletiva. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2006.

GORDIS, L. Epidemiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2017.

MOURA, R. Notas de aula: aula de Epidemiologia dada para o curso de Farmácia. São Paulo:
UNINOVE, 2011.

OMS. Atividade física. 2017. Disponível em: https://www.saude.gov.br/component/content/article


/781-atividades-fi sicas/40390-atividadefisica#:~:text=A%20Organiza%C3%A7
%C3%A3o%20Mundial%20da%20Sa%C3%BAde,de%2010%20minutos%20por%20dia). Acesso
em: 22 jul. 2020.

OMS. Redução da mortalidade infantil indígena. 2020. Disponível em: https://www.paho.org


/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=1457:reducao-da-mortalidade-infantil-
indigena&Itemid=499. Acesso em: 22 jul. 2020.

PAULA, P. F de. Fatores associados à recidiva, ao abandono e ao óbito no retratamento da


tuberculose pulmonar. 2008. Tese (Doutorado em Epidemiologia) − Departamento de Epidemiologia,
Universidade de São Paulo, São Paulo.

ROUQUAYROL, M. Z.; ALMEIDA, N. F. Epidemiologia e saúde. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora


Guanabara, 2003.

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Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação


. a
Distância;
EPIDEMIOLOGIA E PROCESSO SAÚDE DOENÇA

Patricia Ferreira de Paula Franciely Midori Bueno de Freitas Carvalho


;

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2022.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Epidemiologia. 2. Saúde. 3. Interdisciplinaridade.

4. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 372

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

Head de pós-graduação Victor V. Biazon

Diretoria de Design Educacional

Equipe Recursos Educacionais Digitais

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:

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EPIDEMIOLOGIA E PROCESSO
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ESTUDO DE
CASO
SIGNIFICAÇÃO

Olá, estudante! Agora nós realizaremos um Estudo de Caso sobre “Medidas de


prevenção”. Vamos lá!?

Neste caso em especial, conheceremos a história de um município de pequeno porte

chamado Floriana do Norte, pertencente ao estado do Ceará e que possui 33 mil


habitantes. Esse município apresenta muitas fragilidades com relação à saúde da

população, pois por muitos anos a gestão municipal não investiu nesse setor. Somente
naquele ano houve um aumento de 152% de casos de dengue, Chikungunya e zika vírus

no estado. E o que causou muito impacto foi o número de notificações nesse município:
250 casos. Isso provocou um grande alarme para a nova gestão e para a população

como um todo.

Para esse caso, é importante que você procure recordar alguns elementos da nossa

disciplina, como os princípios fundamentais da epidemiologia e os tipos de prevenção.

O caso :
Agora, vamos entender o caso como um todo: Uma nova gestão municipal iniciou as

suas atividades com muitas propostas e estratégias para trazer melhorias para a cidade.
O primeiro desafio a ser enfrentado é a epidemia de dengue que está assolando a

população e que só no mês de janeiro houve 30 mortes e centenas de usuários


internados. A população está muito assustada e há a necessidade de se trabalhar

urgentemente nesse caso. Para isso, a secretaria de saúde junto com a vigilância

epidemiológica realizou um diagnóstico situacional para planejar a melhor conduta a ser


realizada no momento. E agora, quais foram as estratégias que eles utilizaram diante

desse contexto alarmante e que necessita de uma ação rápida?

Primeiramente, cabe ressaltar que quando falamos de epidemias estamos nos referindo
de doenças que se disseminam, de forma inesperada e rápida, atingindo muitos

indivíduos simultaneamente. No caso desse cidade, temos a dengue como uma doença
endêmica. A gestão decidiu adotar como estratégia as medidas de prevenção.

Inicialmente foi trabalhado a prevenção primária. Sendo assim, a prevenção primária é

voltada a evitar o surgimento e a consolidação de padrões de vida sociais, econômicos e


culturais que contribuem para elevar o risco de adoecer.

Nesse sentido, uma das primeiras medidas foi trabalhar fortemente com a limpeza dos

terrenos baldios em que há acúmulos de lixos, matos e de objetos que são possíveis
focos para criadouro do mosquito Aedes Aegypti . Outra frente que foi incentivada é dada

às ações de educação, comunicação e informação em saúde, com o intuito de


conscientizar a população para manter os seus quintais e observar se na residência não

há locais de prováveis focos para que o mosquito utilize como criadouro, como por

exemplos, os vasos de plantas, garrafas e utensílios com água parada. Para essa ação
eles utilizaram os Agente Comunitários de Saúde e os Agentes de Combate às Endemias

para conscientizar, sensibilizar e esclarecer as principais dúvidas que a comunidade


poderá ter sobre a dengue. Também se adotou a nebulização veicular aplicando

inseticidas nas ruas dos bairros que apresentam uma alta taxa de incidência da doença.
Ótimas estratégias não acham? Simples de serem aplicadas e que conseguem trazer

mudanças significativas nesse contexto.


Para os casos que já foram diagnosticados, os profissionais de saúde trabalharam com a

prevenção secundária, tentando orientar precocemente os usuários diagnosticados para


que eles não tenham piora no seu quadro clínico. Incentivando-os a procurar assistência

para que haja acompanhamento do caso pelos profissionais capacitados. Relembre


comigo, a prevenção secundária é a ação realizada com o intuito de detectar um

problema de saúde em estágio inicial no indivíduo e na população, facilitando o


diagnóstico definitivo, o tratamento e reduzindo ou prevenindo sua disseminação e os

efeitos à longo prazo. É um conjunto de medidas preventivas que denotam na

identificação dos indivíduos que já estão doentes, mas se encontram na fase inicial do
seu desenvolvimento.

E falando em prevenções, também houve um enfoque para a prevenção terciária. Esse

tipo de prevenção se constitui em um conjunto de medidas preventivas voltadas para a


reabilitação do paciente. Ou seja, para os casos mais graves, os profissionais de saúde

do município trabalharam levantando as necessidades e sequelas que os usuários que


tiveram a dengue e se precisam de algum tipo de reabilitação para voltar às atividades

desenvolvidas anteriormente. Nesse levantamento, foram observados que muitos

pacientes graves tiveram complicações neurológicas, pois o vírus da dengue pode causar
encefalopatia, encefalite e meningite. Essas complicações podem acontecer pois o vírus

da dengue pode passar para a corrente sanguínea e atingir o cérebro e o sistema


nervoso central, causando uma inflamação nesses locais.

Para esse caso em específico, a secretaria de saúde e a vigilância epidemiológica

tiveram um bom planejamento e uma ótima organização para atender a demanda sobre a
dengue nessa população. Agora, vamos torcer para que eles sejam resolutivos nos

outros desafios relacionados à saúde identificados no município de Floriana do Norte!

Espero que você tenha gostado.

Vamos ficando por aqui.


Até breve! Abraços!
Ouça com atenção esse estudo de caso.

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