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UC Saúde Pública

2º A, 1º S - CLE 2022/2023

Epidemiologia

Sessão Teórica n.6 e n.7


Dias: 17 e 24.11.2022
Professoras: Mª Fátima Rodrigues e Sandra Xavier

2 Aulas Teóricas de Epidemiologia


• Aula I (2h) • Aula II (2h)
Conteúdos Conteúdos

Epidemiologia - a ciência básica da Métodos de estudo da epidemiologia.


saúde pública e a sua importância no
contexto da saúde.
Tipos de estudo em epidemiologia,
quanto :
História, conceitos, aplicabilidade, - Unidade de estudo
objetivos da epidemiologia - Intervenção do investigador
- Tempo em que decorre o estudo
- Propósito da investigação
A epidemiologia no estudo do risco em
saúde.
Vantagens e inconvenientes dos estudos

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Aula I - Introdução à Epidemiologia

Objetivos a aula:

• Compreender a importância da epidemiologia como


disciplina básica da saúde pública;
• Conhecer a história da epidemiologia;
• Identificar as finalidades da epidemiologia;
• Descrever os objetivos da epidemiologia;
• Identificar a utilização da epidemiologia em saúde.

Sumário da aula I
• Epidemiologia a ciência básica da Saúde Pública.
• História da epidemiologia
• Finalidades, objetivos da epidemiologia
• Utilidade da epidemiologia
• A epidemiologia no estudo da morbilidade
• Avaliação do risco em epidemiologia:
 Incidência
 Prevalência
 Taxa de ataque
 Distribuição proporcional
 Risco relativo
 Odds Ratio

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Epidemiologia
Epi + demio + logia
• Origem do grego: EPI – sobre, DEMOS – povo,
LOGOS – estudo, ou seja, a ciência das epidemias.

• Propõe estudar quantitativamente a distribuição


dos fenómenos de saúde ou de doença, e os
fatores condicionantes e determinantes, nas
populações.

Epidemiologia e Saúde Pública


•A Epidemiologia oferece à Saúde Pública (SP) explicações
• Epidemiologia é uma para os problemas de saúde das populações.
ciência fundamental
para a saúde pública. • Permite à SP saber sobre o quê agir.
•Quais os cenários de possível evolução dos problemas.
• É essencial no •Permite aos decisores optarem em função de diferentes
processo de
identificação e pressupostos, sobre como agir.
descrição de doenças •Permite ajuizar sobre os resultados das ações
emergentes.
empreendidas, em simultâneo com a elevação do nível de
consciência, de compreensão e de intervenção quanto ao
que se está a passar, tanto pelos profissionais, como pela
população.

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Origem da Epidemiologia
Hipócrates (séc V - A.C.) na sua obra “Tratado dos ares, águas e lugares
….conselho a um médico antes de entrar numa localidade nova:
primeiro observe o local…locais virados a sul são menos húmidos e mais
solarengos, depois saiba de onde vem a água para abastecimento… as águas
ferrosas são más para a digestão.
Finalmente observe as pessoas e os seus hábitos…os agricultores e os
pescadores são mais magros e mais ágeis, enquanto que os habitantes das
cidades tendem a ser mais gordos e a sofrer de males”.

• James Lind (1753) estuda o efeito dos citrinos na prevenção do escorbuto.

• Percival Pott (1775) faz um dos primeiros estudos epidemiológicos


conhecidos sobre o cancro. Descrição da carcinogénese ocupacional,
verificando uma grande incidência de cancro do escroto em limpa chaminés.

Factos históricos
• 1796: Jenner usa a primeira vacina contra a varíola.

• 1854: Snow identifica e interrompe a transmissão da cólera através da origem


da água de abastecimento em Londres.

• 1882: Koch descobre os organismos responsáveis pela cólera e tuberculose.

• 1978: Erradicação da varíola.

• Anos 80: Doenças transmissíveis emergentes (HIV)

• Século XXI: erradicação da poliomielite, sarampo, lepra?

• Novos desafios e velhas doenças (malária, cólera, tuberculose, legionária, ébola,


covid …

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EPIDEMIOLOGIA - Conceitos
“Ciência e técnica do diagnóstico da situação, do estabelecimento
de prioridades dos problemas de saúde de pesquisa de fatores
determinantes desses problemas, do planeamento e de orientação
científica das medidas apropriadas de intervenção (no sentido da
sua redução, controlo e eliminação ou da sua prevenção) e
finalmente da avaliação de eficácia e eficiência dessas medidas”.
(OMS Conselho Europa, 1991 )

EPIDEMIOLOGIA - Conceitos
• Epidemiologia é o estudo da distribuição e dos determinantes
dos estados ou eventos (incluindo doenças) relacionados com a
saúde, e a aplicação desse estudo para o controle de doenças e
de outros problemas de saúde.

Vários métodos podem ser utilizados para realizar investigações


epidemiológicas:

• vigilância e estudos descritivos pode ser usado para estudar


a distribuição das doenças;

• estudos analíticos são utilizados para estudar os


determinantes de saúde. (OMS, 2013)

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Princípios da Epidemiologia

• Causalidade múltipla dos Fenómenos Biológicos.

• Conceito Ecológico da Saúde.

• História Natural da Doença.

• A Comunidade como Unidade de Investigação.

• Necessidade de Tratamento Estatístico e informático dos dados.

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Propósitos da Epidemiologia
Epidemiologia Descritiva
• Estuda a ocorrência da doença ou de outros fatores relacionados com a saúde
numa comunidade, da sua evolução no tempo e da sua distribuição numa
comunidade em função das suas características geográficas e demográficas.

Epidemiologia Causal ou Explicativa


• Estuda as causas dos problemas de saúde, avaliando o risco da sua ocorrência
em função da presença ou ausência de determinados atributos

Epidemiologia de Intervenção
• Estuda o impacto num determinado problema de saúde da comunidade de
uma intervenção, visando modificar a exposição a potenciais fatores de risco
ou expondo a fatores protetores

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FINALIDADE DA EPIDEMIOLOGIA
• Identificação dos fatores determinantes da saúde e da doença.

• Descrever a história natural e o prognóstico das doenças.

• Identificar dados necessários para o planeamento e avaliação


dos cuidados de saúde.

• Avaliar métodos de controlo da doença e problemas de saúde,


relacionados com os determinantes.

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Objetivos da Epidemiologia
• Identificar a etiologia ou causa de uma doença e os fatores
de risco relevantes (aumentam o risco individual de uma
doença)

• Intervenção para reduzir a mortalidade e morbilidade


causadas por uma doença

• Base racional para PROGRAMAS de PROMOÇÃO e PREVENÇÃO

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Objetivos da Epidemiologia
• Estudar a descrição, associação de fatores de risco ou
protetores, o prognóstico da doença e medidas de intervenção
de um determinado problema de saúde.

Tendo em conta que:


• Há doenças mais graves do que outras.
• Umas mais letais e outras com maior períodos de sobrevivência.
• Novas formas de intervenção, novos tratamentos, novos meios
de prevenir complicações.

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Objetivos da Epidemiologia
• Diagnosticar o nível de saúde da Comunidade.

• Identificar e hierarquizar os principais problemas de


saúde da Comunidade.

• Contribuir para a elaboração de programas de controlo/


prevenção e para a sua avaliação.

• Contribuir para a avaliação das necessidades em


cuidados de Saúde da Comunidade.

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Epidemiologia Estuda:

as doenças,
o risco de adoecer,
a prevalência de se manter doente.
As causas e distribuição da
mortalidade

através do cálculo de indicadores


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Exemplo da Distribuição da Mortalidade Infantil

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Epidemiologia e o estudo das doenças
Três variáveis a observar na Epidemiologia
Estuda a etiologia das Descritiva:
doenças e identifica os
fatores predisponentes e
desencadeantes.
• Avalia a probabilidade de
ocorrência da doença e a
associação à exposição a
um fator.
• Explicar as características  Quando surgiu o problema de saúde?
locais de saúde e doença. (tempo)
 Onde vive? (lugar)
 Qual o vetor? (agente)
 Quem são os casos? (pessoas)

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Fases da História Natural da Doença


• PERÍODO-PRÉ-PATOGÊNICO - É o período em que ocorre a interação preliminar entre agentes potenciais,
hospedeiros e fatores ambientes no processo da doença.
• PERÍODO DE INCUBAÇÃO - Período durante o qual ocorre a instalação, e eventual multiplicação dos
agentes etiológicos no hospedeiro, sem que seja verificada sintomatologia da doença (doenças
transmissíveis).
• PERÍODO DE EXPOSIÇÃO OU CARÊNCIA – doenças não transmissíveis.

• PERÍODO PATOGENICO – Processo resultante da reação desencadeada no organismo do hospedeiro em


consequência ao estabelecimento do estímulo-doença.
•Podemos sugerir que ocorra dois tios de relacionamento:
•Relacionamento Harmónico : evolução inaparente ou subclínica
•Relacionamento Desarmónico : incompatibilidade entre o hospedeiro e o parasita – forma aparente da doença .

A evolução da doença pode ser :


• Convalescença: recuperação total ou parcial do hospedeiro.
• Cronicidade: quase sempre prejudicial ao hospedeiro.
• Morte

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10
Tríade
epidemio
lógica

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Níveis de prevenção de acordo com a história


natural da doença (Revisão)

Recordando
os 5 níveis de
prevenção:

Primordial
Primária
Secundária
Terciária
Quaternária

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Avaliação do Risco em
Epidemiologia:
Incidência
Prevalência
Taxa de ataque
Distribuição proporcional
Risco relativo
Odds Ratio

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Epidemiologia Avalia o risco de adoecer


• Risco - probabilidade estatística de ocorrência de um acontecimento (doença
ou morte) no decurso de um período de tempo.
• Fator de risco - qualquer característica demográfica, genética, ambiental,
comportamental ou social que contribui para a maior probabilidade de
ocorrência futura de alteração do estado de saúde.
• Fatores protetores (menor probabilidade de ocorrência do acontecimento)
podem ser condições sociais, económicas, biológicas, comportamento ou
ambientes que estão associados a uma doença, ou causam a diminuição da
suscetibilidade.
Avaliação de fatores que influenciam ou condicionam os fenómenos permitem
evidenciar as ações necessárias à promoção da saúde e à prevenção da
doença.
• Os fatores de risco e de proteção devem ser tratados como variáveis
independentes, podem afetar o comportamento sem que haja,
necessariamente, uma complementaridade entre eles (Jessor et al., 1995).

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12
Qual a diferença entre prevalência e
incidência de doença?
• Quando falamos em morbilidade, referimo-nos aos que adoeceram num
dado intervalo do tempo, neste território.

A morbilidade é estudada segundo quatro indicadores básicos:


• incidência, prevalência, taxa de ataque e distribuição proporcional.
• Incidência e prevalência são medidas de frequência de ocorrência de
doença.
• Prevalência mede quantas pessoas estão doentes, naquele espaço de
tempo.
• Incidência mede quantas pessoas se tornaram doentes, isto é, o número
de casos novos surgidos naquele período de tempo. (geralmente um ano).
• Ambos os conceitos envolvem espaço e tempo – quem já está doente ou
quem ficou doente num determinado lugar numa dada época.

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Fatores que influenciam a Prevalência


Casos novos
INCIDÊNCIA

Casos existentes
PREVALÊNCIA

Casos
Óbitos Curados

Fonte: Adaptado de: Pereira, MG (1995) Epidemiologia..Ed Guanabara, p. 77 26

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O que é a Incidência?
Taxa de = nº de casos novos de determinada doença em dado local e período x 10n na
Incidência (TI) população do mesmo local e período

• A incidência de uma doença, num determinado local e


período, é o número de casos novos surgidos no mesmo local
e período de tempo (ano).
• Revela a intensidade com que acontece uma doença numa
população.
• Mede a frequência ou probabilidade de ocorrência de casos
novos de doença na população.
• Alta incidência (ou Taxa de incidência elevada) significa risco
coletivo elevado de adoecer.

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Incidência (número de novos casos) de tuberculose


na região OMS Europa (2001)

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14
Taxa de Incidência de tuberculose na região OMS Europa (2001)

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O que é a prevalência?
= nº de casos de determinada doença em um dado local e período x 10n
população do mesmo local e período

O coeficiente de prevalência (Taxa de Prevalência) é mais utilizado para


doenças crónicas de longa duração, como tuberculose, SIDA ou
diabetes.
Casos prevalentes são os anteriormente diagnosticados (casos antigos)
mais aqueles que foram descobertos posteriormente (casos novos).
Prevalência é o número total de casos de uma doença, novos e antigos,
existentes num determinado local e período.
A prevalência, como ideia de acúmulo, de stock, indica a força com que
subsiste a doença na população.

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15
Prevalência pontual e no período (lápsica)
• A prevalência pode ser pontual • Os casos prevalentes num
instantânea ou prevalência período de tempo, ou lápsica,
momentânea.
é a prevalência que abrange
• A prevalência pontual é medida um lapso de tempo mais ou
pela frequência da doença ou menos longo e que não
pelo seu coeficiente num ponto concentra a informação num
definido no tempo, seja o dia, a dado ponto desse intervalo.
semana, o mês ou o ano.

• No intervalo de tempo definido • A prevalência lápsica incluí


da prevalência pontual, os casos todos os casos prevalentes,
prevalentes excluem aqueles que
evoluíram para cura, para óbito inclusive os que curaram,
ou que migraram. morreram ou emigraram.

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Taxa de Ataque:
Taxa de ataque = n.º de casos da doença em um dado local e período x 100
população exposta ao risco

Taxa de Ataque é expressa em percentagem, é uma forma especial de


incidência.

• É usada quando se investiga um surto de uma doença num local onde


há uma população bem definida como creche, escola, quartel, pessoas
que participaram de um determinado evento como um almoço, etc.
• Essas pessoas formam uma população especial, exposta ao risco de
adquirir a referida doença, num período de tempo bem definido.

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Distribuição Proporcional
Distribuição Proporcional = N.º parcial de casos x 100
N.º total de casos

A distribuição proporcional indica, do total de casos (ou mortes) os que


ocorreram por determinada causa.
Exemplo: como se distribui a doença entre homens ou
quantos casos ocorrem nos diferentes grupos etários.

• O resultado sempre é expresso em %.

• A distribuição proporcional não mede o risco de adoecer ou morrer, só


indica como se distribuem os casos entre as pessoas afetadas, por
grupos etários, sexo, localidade e outras variáveis.

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Calcular o Risco Relativo (RR)


Realiza-se o cálculo RR da seguinte forma:
• IE = incidência nos expostos
• IE = (133 casos de cancro do pulmão) / (102.600 expostos ao risco) = 1,30
• INE = incidência nos não-expostos
• INE = (3 casos de cancro do pulmão) / (42.800 não-expostos ao risco) =
0,07
• RR = IE/INE =1,3/0,07 = 18,6

• A interpretação dos valores do risco relativo é a seguinte:


• * Quando o RR é menor que 1, a associação sugere que o fator
estudado teria uma ação protetora;
• * Quando o RR apresenta valor igual a 1, temos ausência de
associação;
• * Quando o RR é maior que 1, a associação sugere que o fator
estudado seria um fator de risco; quanto maior o RR, maior a
força da associação entre exposição e o efeito estudado
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Como interpretar o Risco Relativo?
Risco nos expostos/ Risco não expostos
• Exemplo: para avaliar a incidência de
cancro de pulmão sobre o tabagismo, a/a+b
ou seja, entre fumadores e não c/c+d
fumadores deve-se saber:
Dados face a exposto Não
exposição
• Na população total de fumadores tabaco
exposto
(grupo de expostos, n = 102.600) os
que tiveram cancro do pulmão (n = doente 133 3
133) e os que não tiveram cancro de
pulmão (n = 102.467). saudável 102.467 42.797

• No total da população de não- a


fumadores (não-expostos, n = RR= a+b =18,6
42.800) os que tiveram cancro do c
pulmão (n = 3) e os que não tiveram
cancro de pulmão (n = 42.797). c+d

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Odds Ratio (OR)


Odds Ratio pode ser traduzido como razão de chances (odds)
Mas chance (odds) é diferente de probabilidade (risco)
Embora se usem as 2 palavras como o mesmo significando.

Qual a probabilidade (risco) de morte no caso de uma doença em que ocorrem 60 mortes a cada 100 doentes,
durante 1 ano?
Resposta = 60% (60 / 100),
Qual a Odds Ratio (chance de morte)?
O Odds Ratio é 1.5, que pode ser expresso também como 1.5 / 1 ou (1.5 para 1).
Para cada 1 pessoa que sobrevive, ocorrem 1.5 mortes. Ou para cada 2 doentes que sobrevivem, 3 morrem.

Chance = probabilidade / 1 – probabilidade; ou

Chance = probabilidade / complemento da probabilidade; ou

Probabilidade de morrer / probabilidade de não morrer = 60 / (1 – 60%) = 60% / 40% = 1.5

EX: significa que em cada 1 pessoa que sobrevive , 1,5 morreu ou melhor : Para cada 2 sobreviventes

morreram 3 pessoas

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Qual a diferença entre Risco Relativo (RR)
e Odds ratio?
ratio?
• Risco relativo (RR) e odds ratio são medidas de associação entre
variáveis que comparam ocorrências de eventos (ex doenças, morte).
• O risco relativo mede quantas vezes a frequência relativa de um
evento é maior numa e noutra situação.
• O odds ratio mede quantas vezes o odds de um evento é maior numa e
noutra situação.
• Para entender risco relativo e odds ratio há que estudar as medidas de
ocorrência de eventos que cada um considera.

Frequência relativa é a razão entre o número de eventos observados e o total de


observações realizadas. Ex da observação de 50 pessoas encontra-se 10 com
deficit auditivo, a frequência relativa é 10 em 50, ou 1 em 5, ou 20% (20 em 100).

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Orientação para
Trabalho Autónomo (TA)

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Orientação ao Trabalho
Autónomo (TA)

1. Leitura de textos para consolidação dos conceitos de


epidemiologia e revisão dos objetivos da saúde pública.

2. Exercícios para consolidação do cálculo do risco em


epidemiologia

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TP - Como interpretar o Risco Relativo?


Relativo
• Exemplo: para avaliar a incidência Risco nos expostos/Risco não expostos
de cancro de pulmão sobre o
tabagismo, ou seja, entre a/a+b
fumadores e não fumadores c/c+d
deve-se saber:
Dados da exposto Não
exposição
exposto
• Na população total de fumadores tabaco
(grupo de expostos, n = 102.600) doente 133 a) 3 c)
os que tiveram cancro do pulmão
(n = 133) e os que não tiveram saudável 102.467 b) 42.797 d)
cancro de pulmão (n = 102.467).
a
RR= a+b =18,6
• No total da população de não-
fumadores (não-expostos, n = c
42.800) os que tiveram cancro do c+d
pulmão (n = 3) e os que não
tiveram cancro de pulmão (n = 133: 102600 / 3: 42800 =12,96 /0,7= 18,6
42.797).
Doentes expostos / doentes não exposto
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Como interpretar a razão Odds?
• Odds é a razão entre Dados colhidos exposto Não
número de eventos face a exposição
exposto
tabaco
observados e o número de
eventos não observados doente 133 (a) 3 (b)
saudável 102.467 (c) 42.797 (d)
(os ‘sim’ contra os ‘não’).
OR = (a/b)/ (c/d) = (axd)/(bxc)
• Odds é uma palavra inglesa para
designar as possibilidades a favor
versus contra.
• É usada na forma original por falta
de um equivalente aceitável em OR = 133:3 / 102467: 42797=
português. 44,33/2,39 = 18,5
• A literatura Brasileira designa por
Razão de chances
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Exercício 1 para calculo de risco


• Numa festa com 108 convidados, 98 comeram marisco e 10 não
comeram. Tiverem perturbações intestinais 53 pessoas, distribuídos
conforme a tabela.
• Calcular a diferença de risco para quem comeu marisco e não comeu
• Calcular o risco relativo
• Calcular o odds Ratio (ou odds racio)

Exposição ao fator doente Sem total


alimentar doença
Comeu marisco 49 a) 49 b) 98
EXPOSTO
Não comeu 4 c) 6 d) 10
NÃO EXPOSTO

odds racio = (49/4) : (49/6) = 12,25 / 8,16 = 1.5


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Exercício 2 a resolver em TA
• Cálculo do risco
Ex: Na freguesia de S. Mamede • Cálculo e justificar os
ocorreram no ano de 2020: seguintes riscos:
- 15 óbitos por coronariopatias
por mil adultos com colesterol
sérico elevado • Risco absoluto
- 5 casos de coronariopatias por • Risco relativo
mil adultos com colesterol sérico
baixo • Risco atribuível (à
exposição)

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Esquema de operacionalizar
óbitos saudáveis Total

Colesterol elevado 15 a) 985 b) 1000

Colesterol baixo 5 c) 995 d) 1000

total 20 1980 2000

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Exercício resolvido
• Cálculo do risco • Cálculo do risco
Ex: Na freguesia do • Risco absoluto (ou taxa de incidência)mostra
quantos casos novos da doença aparecem no
Campo ocorreram no grupo, no ano 2020.
ano de 2022:
15 óbitos por • Risco relativo: informa quantas vezes o risco é
maior num grupo, quando comparado a outro. É a
coronariopatias por razão entre duas taxas de incidências.
mil adultos com • Interpretação: risco 3 vezes maior de mortalidade
colesterol sérico por coronariopatia entre os que têm colesterol
sérico elevado, quando comparado aos que tem
elevado. colesterol sérico baixo
5 casos de • Risco atribuível (à exposição): indica a diferença de
incidência entre dois grupo (ou seja, entre duas
coronariopatias por taxas de incidência)
mil adultos com • Interpretação: são os óbitos em excesso, atribuídos
colesterol sérico a presença de colesterol sérico elevado, nas
pessoas integrantes no grupo considerado
baixo.
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óbitos saudáveis Total • RR = 15/1000 : 5/1000


= 0,015 :0, 005 = 1,5%
Colesterol 15 a) 985 b) 1000 : 0,5% = 3
elevado

Colesterol 5 c) 995 d) 1000 • OR = (15x995) /


baixo
(5x985) = 14995 /4925
total 20 1980 2000 =3

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23
4
7

Fim da 1ª
aula

AULA - II
TIPOS DE ESTUDOS EM EPIDEMIOLOGIA

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Objetivos da aula - II de epidemiologia

• Identificar os principais tipos de estudos epidemiológicos.

• Identificar as carateristicas dos dois principais tipos de estudos:


Os observacionais e os experimentais.

• Descrever as vantagens e desvantagens dos diferentes estudos


epidemiologicos.

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Sumário da aula II - Epidemiologia


Métodos de estudo da epidemiologia
Tipos de estudo em epidemiologia, quanto :
- Unidade de estudo,
- Intervenção do investigador,
- Tempo em que decorre o estudo,
- Propósito da investigação,

Indicações, vantagens e desvantagens dos estudos


epidemiológicos

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25
Estudo em epidemiologia, quanto a:

Unidade de estudo: Tempo em que decorre o


- Centrado no individuo estudo
- Centrado num grupo - Transversais
(estudos ecológicos) - Longitudinais

Intervenção do investigador Propósito da investigação


- Observa - Descrever
- Experimenta - Analisar

51

Tipos de estudos epidemiológicos


quanto ao propósito
Descritivos:
Ecológicos
Transversais

Observacionais Analíticos:
Tipos de
Coorte
estudos
Caso controlo
epide-
miológicos

Ensaios:
Experimentais
ou
clínico
Intervencionais de campo
ou comunitário
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Epidemiologia
Estudos observacionais

Estudo em que as diferenças estabelecidas entre


os grupos resultam da observação e análise dos
mesmos.

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Epidemiologia
Estudos observacionais

Estudos descritivos
A epidemiologia descritiva permite determinar a
associação com as características específicas da
exposição ou da suscetibilidade ao risco de forma a
gerar hipóteses para serem posteriormente
testadas.

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27
Epidemiologia
Estudos Ecológicos

Caracterizam populações e exploraram correlações entre o


ambiente e as doenças.
Podem ser momentâneos ou longitudinais

A população ou grupo é a unidade de observação


A área geográfica que ocupam é bem definida

Ex, cancro do esófago e gástrico duma população (taxas de


mortalidade) e padrões de consumo de sal e fumados …

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Estudos Ecológicos

INDICAÇÕES
INCONVENIENTES
Estão sujeitos a falácia ecológica. Fornece informação que permite
Difícil selecionar grupos de tamanho formular hipóteses explicativas de
adequado. doenças ou fatores causais
Apenas permitem determinar relativamente raros.
prevalências.
VANTAGENS
VIEZES
Ao comparar a existência de
Erros sistemáticos de seleção
associação causal a nível
Confundimento que pode conduzir a
populacional, entre a exposição e a
erros de extrapolação do grupo para
doença é provável que exista a nível
o indivíduo.
individual - facilita a determinação
de estratégias de intervenção e é
importante geradora de hipóteses.

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28
Epidemiologia
Estudos Transversais

Caracterizam indivíduos INDICAÇÕES

São planeados para a Pesquisar efeitos súbitos de


observação e descrição de que é pouco provável haver
acontecimentos registos
epidemiológicos nos
indivíduos. Identificar e explicar
determinadas associações
“fatores-efeitos” múltiplos
Podem ser momentâneos
ou longitudinais.

Permitem determinar
prevalências.
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Epidemiologia
Estudos Transversais
VANTAGENS INCONVENIENTES

Delineamento simples - Registos Alguma dificuldade em recordar ou no


sistemáticos e inquéritos registo de acontecimentos passados

Económico Não permite determinar incidência ou


risco e não se podem fazer referências a
Permitem estudar várias associações ao fatores que antecedem o estudo
mesmo tempo.
Apenas se avaliam os presentes e
Contextualizam a pessoa, lugar e tempo. sobreviventes

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29
Epidemiologia
Estudos Transversais
Vieses

Estudos de prevalência - o intervalo de tempo entre


a exposição ao fator presumível etiológico e a
ocorrência da doença não é conhecido.

Não é possível determinar o risco e não é possível


extrapolar resultados.

Erro de memória, seleção.


59

Estudos Analíticos (controlados)

Permitem uma estimativa da relação causa-efeito


entre um fator de risco ou protetor de uma
determinada doença.

Admitem grupos de controlo.

60

30
Epidemiologia
Estudos casos e controlos

Estudam-se casos com determinada doença ou acontecimento

Faz-se uma história retrospetiva para comparar os antecedentes


com um testemunhos que não tenham a doença – controlos.

Encontra-se em ambos os expostos e os não expostos

Grupo e controlos muito bem definidos

Mais importante a validade do que a generalização dos dados

61

Epidemiologia
Estudos casos e controlos
decorrer normal do Tempo

Direção da Investigação

Expostos
CASOS
Não Expostos
População

Expostos
CONTROLOS
Não Expostos

62

31
Epidemiologia
Estudos casos e controlos
VANTAGENS INCONVENIENTES
Fornece resultados rápidos. Dificuldade em obter grupos de
controlo verdadeiramente
É mais económico do que um estudo de representativos dos casos.
coorte e pode repetir-se o estudo.
Não permite identificação de risco
Requer menos tempo. relativo nem incidência.

Não são precisos muitos casos. Distorções na colheita de dados -


informação incompleta - memória e
Permite identificar mais do que um registos existentes.
fator de risco e estimar o risco - Odds-
ratio

63

Epidemiologia
Estudos casos e controlos
Indicações Vieses

Estudo de doenças raras, Erros sistemáticos - incorreta


quando o período de classificação da “exposição” ou
latência é muito longo e a “doença” por confundimento
eventual associação é fraca. introduzido por outras variáveis -
idade, grau de instrução, nível
Urgência na obtenção dos socioeconómico.
dados.
Seleção incorreta de casos e
controlos.

64

32
Epidemiologia
Estudos casos e controlos
Casos Controlos Odds ratio

Expostos 50 20 4
a b
Não 50 80
expostos

c d
Total 100 100 OR= (a/c) / (b/d)
= ad / bc
Odds de 50/50 20/80
exposição = (50x80) / (20x50)
=4
65

Estudos de Coortes

Estudo de folow up ou de incidência


Inicia-se com um grupo de pessoas ou “cohorte”.
Dividem-se em subgrupos expostos e não expostos a
determinado fator de risco em estudo em ambos se vai
estudos os doentes e não doentes.

A intensidade da avaliação é avaliada antes do inicio da doença


e pode ser determinada em momentos sucessivos da
observação.
Grupos de controlo ou taxas da população geral.

66

33
Epidemiologia
Estudos de Coortes
Tempo

Direcção da investigação

Com doença
Expostos
Pessoas Sem doença
População sem
doença
Com doença
Não Expostos
Sem doença

67

Epidemiologia
Estudos de Coortes
Vantagens

Estimam diretamente o risco relativo e a incidência


- melhor substituto da experimentação, quando
esta não é possível

Não distorce a informação

A colheita de dados não tem vieses

68

34
Quadro síntese

69

Epidemiologia
Estudos de Coortes
Inconvenientes
Requerem grande número de casos.

É dispendioso.

Dados não estão disponíveis por muito tempo e não se pode


repetir o estudo.

Muito demorados.

Perdem-se elementos ao longo do estudo.

Critérios e métodos de classificação alteram-se no tempo.


70

35
Epidemiologia
Estudos de Coortes

Indicações Vieses
Estuda causas raras, em que o Classificação da doença.
período de latência é muito Seleção de casos e
longo. controlos- não
Quando a associação se representativos.
supõe forte. Perda de casos .
Dados de estudo retrospetivo,
insuficientes.

71

Epidemiologia
Estudos Experimentais

Esclarecer e verificar relações causais

O investigador controla a variável em estudo

Num estudo experimental, o investigador determina


o nível de exposição para cada pessoa (ensaio
clínico) ou comunidade (estudo comunitário) a uma
intervenção.

72

36
Epidemiologia
Ensaio clínico
Destina-se a avaliar aspetos clínicos ou um ou mais
tratamentos aplicados a um determinado grupo de
doentes.

Admite-se aleatoridade na seleção dos casos e dos


controlos.

Várias fases.

Os grupos devem fazer o consentimento informado.

73

Epidemiologia
Ensaio clínico

Vantagens Inconvenientes
Permite extrapolar dados
com segurança Difícil em populações humanas
permite validar devido a limitações éticas -
hipóteses. fatores provocam doença ou
supressão a fatores
protetores.

74

37
Ensaio Clínico - caraterísticas
• Estudo prospectivo

• Participantes humanos

• Intervenção bem definida

• Efeito da intervenção vs controlo

• “Estratégias de intervenção”

• “intervenções” eficácia vs efetividade

75

Bibliografia
• Beaglehole, R. et al (2010). Epidemiología Básica – Washington, D.C.- Organização Mundial de Saúde.
• Bonita, R. (2010). Epidemiologia Básica. Santos: Gen.
• Henriques, M. A. (2003). Principais estudos epidemiológicos – vantagens, inconvenientes, indicações e viezes.
Sinais Vitais, 50, pag. 13-15.
• Hernández-Aguado, I. (2018). Manual de epidemiología y salud pública para grados en ciencias de la salud.
Editorial Medica Panamericana S.A.
• Gordis, L. (2011). Epidemiologia (4º ed) Loures. Lusodidacta 2011.
• Lima-costa, M. F. & Sandhi, S. M. (2003). Tipos de estudos epidemiológicos: conceitos básicos e aplicações na
área do envelhecimento. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 12(4), pag.189-201.
• Merchán-Hamann, E. & Tauil, P.L. (2021). Proposta de classificação dos diferentes tipos de estudos
epidemiológicos descritivos. Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 30(1):e2018126. doi: 10.1590/S1679-
49742021000100026
• Nita, M. E., Secoli, S.R., Nobre, M., & Ono-nita, S.K. (2009). Métodos de pesquisa em avaliação de tecnologia
em saúde. Arq Gastroenterol. 46(4), pag. 252-255.
• Pearce, N. (1998). The four basic epidemiologic study types. Journal of Epidemiology and Biostatistics, 3(2),
pag. 171-177.

76

38
Vídeos de orientação ao estudo da
Epidemiologia
• Introdução aos Estudos Epidemiológicos
https://www.youtube.com/watch?v=Jl18GmGOyiI
• Tópicos abordados no vídeo:
1) Conceito de Estudos Epidemiológicos
2) Classificação dos Estudos Epidemiológicos

• Introdução aos Estudos Epidemiológicos - Resumo - Epidemiologia


• https://www.youtube.com/watch?v=Jl18GmGOyiI

• Estudos Observacionais - Resumo - Epidemiologia


• https://www.youtube.com/watch?v=3CzK4IqjwjI&t=623s

• Estudos Epidemiológicos parte 1


• https://www.youtube.com/watch?v=ycsK1PL9_Kw

Sites
• www.cdc.gov
http://www.bmj.com/about-bmj/resources-readers/

77

Vídeos que contribuem para clarificar medidas em epidemiologia

Serie de Vídeos com o prof Heitor Marques Honório Aula prevalência e incidência, risco relativo e absoluto completa
https://www.youtube.com/watch?v=XvfCY2lTi70
MEDIDAS DE ASSOCIAÇÃO para Estudos Observacionais Medidas de força de associação: Risco absoluto, risco relativo,
(Conceitos Fundamentais)- PARTE 1 prof Heitor Marques risco atribuível...
Honório
https://www.youtube.com/watch?v=XmtpmHfGp8I
https://www.youtube.com/watch?v=NihOtn-4jdE
RAZÃO DE PREVALÊNCIA (O que é? Para que serve? Quando
usar?) - Estudos Observacionais (PARTE 2) prof Heitor Marques Introdução aos Estudos Epidemiológicos - Resumo -
Honóri Epidemiologia
https://www.youtube.com/watch?v=N8EDwQSuOp8 https://www.youtube.com/watch?v=Jl18GmGOy iI
ODDS RATIO (O que é? Para que serve? Quando usar?) - Estudos
Observacionais (PARTE 3) prof Heitor Marques Honório
Estudos Observacionais - Resumo - Epidemiologia
https://www.youtube.com/watch?v=Esv7Ecok1Bk
https://www.youtube.com/watch?v=3CzK4IqjwjI&t=623s
DIFERENÇA DE RISCO (O que é? Para que serve? Quando usar?)
- Estudos Observacionais (PARTE 5) prof Heitor Marques
Honório
Estudos Epidemiológicos parte 1 Manuel Sobrinho
https://www.youtube.com/watch?v=YBu9f0ZkmcU
https://www.youtube.com/watch?v=ycsK1PL9_Kw
-------------------------------------------------------------------------
O que é Odds Ratio? Aula para iniciantes.
https://www.youtube.com/watch?v=xioiLW2hDMA
Probabilidade: Risco Relativo | Estatística
https://www.youtube.com/watch?v=nVqlcgkwzeM

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