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Tratamento

das Doenças
Periodontais
UM GUIA PRÁTICO Periodontite
Estádio I - III

ORGANIZADORES

Guilherme Castro Lima Silva do Amaral


Nathalia Vilela Souza
Aldrin André Huamán-Mendoza
Marinella Holzhausen
Giuseppe Alexandre Romito
Claudio Mendes Pannuti
Cristina Cunha Villar
2023
AUTORES

Aldrin André Huamán-Mendoza ¹ Luciana Saraiva ²


Bruna di Profio ¹ Mariane Cristina Sloniak ¹
Claudio Mendes Pannuti ² Marina Clemente Conde ¹
Cristina Cunha Villar ² Marina Nogueira de Castro Galvão Corrente ¹
Emanuel da Silva Rovai³ Marinella Holzhausen ²
Emerson Ricardo Santiago ¹ Milena Quesada Passos ¹
Estela Sanches Rebeis ¹ Mohamed Ahmed Hassan ¹
Fabiola Pantigozo-Morán ¹ Nathalia Vilela Souza ¹
Gabriel Bittencourt Damin ¹ Nayara Toledo de Lucena ¹
Guilherme Castro Lima Silva do Amaral ¹ Rafael de Oliveira Lazarin ¹
Guilherme da Costa ¹ Rafaella Nigro ¹
Giuseppe Alexandre Romito ² Renata Mamprim Stopiglia ¹
Isabella Neme Ribeiro dos Reis ¹ Thaís Emília da Silva ¹
João Batista de César-Neto ² Thiago Ramos Reis Reina ¹
José Carlos Silva ¹ Thomaz Henrique de Moura Santos ¹
Laís Yumi Souza Nakao ¹ Vitor Mota Freitas ¹
Yasmin Teixeira das Graças ¹

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

Guilherme Castro Lima Silva do Amaral


Rafaella Dotta

FILIAÇÕES
1- Discente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas da FOUSP
2- Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas da FOUSP
3- Docente do Programa de Pós-Graduação da UNESP São José dos Campos
FICHA CATALOGRÁFICA

Catalogação da Publicação

A485t Amaral, Guilherme Castro Lima Silva do.


Tratamento das doenças periodontais: um guia prático:
periodontite estádio I-III / Guilherme Castro Lima Silva do Amaral ...
[et al.], org. -- São Paulo : FOUSP, 2023.
E-book.

ISBN: 978-65-5787-047-1

1.Doenças periodontais. 2. Periodontite. 3. Gengivite. 4. Tratamento


periodontal. I. Amaral, Guilherme Castro Lima Silva do. II. Souza,
Nathalia Vilela. III. Huamán-Mendoza, Aldrin André. IV. Holzhausen,
Marinella. V. Romito, Giuseppe Alexandre. VI. Pannuti, Claudio
Mendes.VII. Villar, Cristina Cunha. VIII. Título.

CDD 617.632

Ficha catalográfica elaborada por Fábio Jastwebski – CRB8/5280


SUMÁRIO

Prefácio

01 Classificação das doenças periodontais

02
Tratamento das doenças periodontais:
Primeiro passo

03 Tratamento das doenças periodontais:


Segundo passo

04 Reavaliação

05 Terceiro passo: Terapia de sítios não


respondentes - Abordagem cirúrgica

06 Terapia Periodontal de Suporte

07 Árvore de decisão clínica


Prefácio
É com grande satisfação que apresentamos o e-book "Tratamento das
Doenças Periodontais: um guia prático para estádios I a III", uma fonte
completa de conhecimento baseada nas diretrizes clínicas da Federação
Europeia de Periodontia (EFP). Este e-book é uma jornada pelo universo do
tratamento das doenças periodontais, abordando com destaque os estádios I
a III, trazendo à tona as mais recentes recomendações para uma abordagem
eficaz e abrangente. A periodontite estádio IV, por seu turno, abrange outras
condutas, essas envolvendo reabilitação, ortodontia e implantodontia e será
abordada em outro material dedicada para todas suas particularidades.

As doenças periodontais, que abrangem a gengivite e a periodontite,


representam desafios significativos para a saúde bucal e o bem-estar da
população global. Estas enfermidades são caracterizadas por processos
inflamatórios crônicos que afetam os tecidos de suporte e proteção dos
dentes. No entanto, seus efeitos ultrapassam os limites anatômicos da
cavidade bucal, comprometendo não apenas a saúde, funcionalidade e
estética, mas também estendendo-se para complicações sistêmicas. A perda
dentária, que é a manifestação mais visível das doenças periodontais
negligenciadas, representa apenas a ponta visível do iceberg, uma vez que
suas implicações podem projetar-se em questões de saúde mais amplas,
como doenças cardiovasculares, diabetes e até complicações durante a
gravidez.

Neste cenário, é fundamental destacar a importância do diagnóstico precoce


e da implementação de tratamentos eficazes para as doenças periodontais. É
neste ponto que nosso e-book desempenha um papel de destaque. Baseado
nas diretrizes clínicas elaboradas pela EFP, este guia oferece um panorama
das abordagens mais contemporâneas para a terapia periodontal nos
estádios I a III. Ao longo dos capítulos deste e-book, exploraremos temas
essenciais, como o diagnóstico das doenças periodontais, a motivação e a
mudança de comportamento, a instrumentação subgengival, a reavaliação,
a terapia cirúrgica e a terapia de manutenção periodontal.

Cordialmente,
Cristina Cunha Villar
Guilherme Castro Lima Silva do Amaral
Ao longo de todo o e-book os marcadores abaixo indicarão a as
recomendações relacionadas ao tratamento de doenças
periodontais.

Grade de recomendações

RECOMENDADO
FORTE
RECOMENDAÇÃO
NÃO RECOMENDADO

SUGERIDO
RECOMENDAÇÃO
NÃO SUGERIDO

PODE SER CONSIDERADO


RECOMENDAÇÃO
ABERTA
NÃO HÁ EVIDÊNCIAS SUFICIENTES

Adaptado de Sanz, 2020*


*Sanz M, Herrera D, Kebschull M, Chapple I, Jepsen S, Beglundh T, Sculean A,
Tonetti MS; EFP Workshop Participants and Methodological Consultants.
Treatment of stage I-III periodontitis-The EFP S3 level clinical practice
guideline. J Clin Periodontol. 2020 Jul;47 Suppl 22(Suppl 22):4-60. doi:
10.1111/jcpe.13290.
CAPÍTULO 1

CLASSIFICAÇÃO
DAS DOENÇAS
PERIODONTAIS

AUTORES

Fabiola Pantigozo-Morán
Emanuel da Silva Rovai
Aldrin André Huamán-Mendoza
José Carlos Silva
Estela Sanches Rebeis
Marinella Holzhausen
Introdução
É de suma importância o reconhecimento dos sinais e sintomas das
doenças periodontais, pois dessa forma conseguiremos fazer um
diagnóstico correto e um tratamento com sucesso. Portanto,
realizaremos uma exploração abrangente dessas condições
intrincadas e multifacetadas que desafiam constantemente nosso dia
a dia clínico.

COMO CLASSIFICAR A CONDIÇÃO DE SAÚDE PERIODONTAL?

Na prática clínica, um caso de saúde gengival em um periodonto


íntegro considera a ausência de perda de inserção clínica e menos de
10% de sítios com sangramento à sondagem. Por outro lado, pacientes
podem mostrar sinais de saúde periodontal mesmo com perda de
inserção clínica. Essa condição pode surgir de duas formas distintas: a)
em pacientes com histórico de periodontite, que podem ter um
periodonto reduzido, mas apresentam sinais de saúde periodontal; b)
em pacientes sem histórico de periodontite, onde a perda de inserção
pode ser causada por outros fatores que o biofilme bacteriano.
Compreender essa diferença é crucial, pois pacientes com saúde
gengival que anteriormente tiveram periodontite possuem um risco
aumentado de progressão da doença, comparado àqueles sem
histórico de periodontite. Dessa forma, saúde periodontal pode ser
classificada de acordo com os critérios da tabela abaixo:

SAÚDE EM PERIODONTO SAÚDE EM PERIODONTO


SAÚDE EM PERIODONTO
REDUZIDO REDUZIDO
ÍNTEGRO
(COM PERIODONTITE PRÉVIA) (SEM PERIODONTITE PRÉVIA)

Profundidade de Sondagem (PS) Profundidade de Sondagem (PS) Profundidade de Sondagem (PS)


≤ 3 mm ≤ 3 mm ≤ 3 mm

Sangramento à Sondagem (SS) Sangramento à Sondagem (SS) Sangramento à Sondagem (SS)


<10% dos sítios <10% dos sítios <10% dos sítios

Sem perda de inserção Com perda de inserção Com perda de inserção

Sem perda óssea radiográfica Possível perda óssea radiográfica Possível perda óssea radiográfica

Adaptado de Chapple¹; Murakami, 2018²; Trombelli, 2018³.


INDICADORES DE SAÚDE PERIODONTAL

Sangramento à Ausência ou menos de 10% dos sítios com sangramento à


Sondagem (SS) sondagem.

Profundidade de A PS de até 4 mm é considerada compatível com saúde


Sondagem (PS) periodontal, na ausência de sangramento.

Junção cemento -
esmalte (JEC) – crista É avaliada radiograficamente e pode variar entre 1 – 3 mm.
óssea

Adaptado de Murakami, 2018², Steffens e Marcantonio, 2018.⁴.

COMO CLASSIFICAR A
GENGIVITE INDUZIDA POR BIOFILME?

A gengivite é uma lesão inflamatória que resulta da interação entre o


biofilme dental e a resposta imune do hospedeiro que afeta apenas a
gengiva. Essa doença é reversível quando se reduz os níveis de
biofilme dental¹ e pode se apresentar em um periodonto íntegro ou
reduzido. A gengivite pode ser classificada de acordo com a sua
extensão e vários fatores podem modifica-la. ⁵‘ ⁶

Classificação

Em relação à sua extensão, a gengivite pode ser localizada ou


generalizada.⁵
EXTENSÃO DA GENGIVITE
LOCALIZADA GENERALIZADA

SS ≥10% - ≤ 30% dos sítios SS > 30% dos sítios

Para acessar um conteúdo mais completo


sobre o tema acesse o código QR
POTENCIAIS MODIFICADORES DA GENGIVITE INDUZIDA POR BIOFILME

Fumo;
Fatores metabólicos (ex: hiperglicemia);
Fatores Hormônios esteróides sexuais;
modificadores Condições hematológicas (ex: leucemia,
Fatores sistêmicos mielodisplasia);
sistêmicos Fatores nutricionais (ex: deficiência grave
1, 2
ou locais de vitamina C ou escorbuto).

Fatores
Fatores de retenção de biofilme;
predisponentes 1, 2
Xerostomia.
locais

Antiepilépticos (ex: fenitoína e valproato


de sódio);
Aumento gengival
Bloqueadores dos canais de cálcio (ex:
influenciado por
nifedipina, verapamil, diltiazem,
medicamento amlodipina, felodipina);
1, 2
Imunorreguladores (ex: ciclosporina).

Figura 1. Gengivite induzida pelo biofilme.


COMO CLASSIFICAR A PERIODONTITE?

A periodontite é uma doença inflamatória crônica multifatorial que


afeta o periodonto e tem como principais características a perda
do osso alveolar, presença de bolsas periodontais e sangramento
gengival. Ela está associada a diversas doenças sistêmicas,

6, 7
impactando negativamente a saúde geral do paciente.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

A periodontite deve ser diferenciada das seguintes condições clínicas:

Gengivite Lesões endo-perio Cáries cervicais

Reabsorção radicular Fratura vertical da Abscesso


externa raiz Periodontal

Tumores ou outras Doenças


Recessão gengival
condições sistêmicas que se periodontais
induzida por trauma
estendem até o periodonto necrosantes

Adaptado de Sanz, 2020.⁷

*
COMO ESTABELECER O ESTÁDIO DA PERIODONTITE?

O estádio depende em grande parte da gravidade, complexidade no


manejo clínico e extensão da doença. É preciso enfatizar que o estádio
é um atributo baseado no paciente em um determinado momento e
a sua modificação pode ficar a critério do profissional que avalia caso
a caso.⁸

* No Dicionário de Termos Técnicos de Medicina e Saúde,9 a palavra "Estádio" significa as fases de evolução de uma doença.
Por outro lado, a palavra "Estágio" significa período de aprendizagem, treinamento para um cargo ou profissão. No
entanto, dada a influência das publicações de língua inglesa na área médica, o termo "Stage" foi traduzido para o português
"Estágio" e ganhou o mesmo sentido de "Estádio". Por isso, ambas palavras (Estádio e Estágio) atualmente podem ser
utilizadas como significado de fases de evolução de uma doença. Neste e-book consideraremos o termo Estádio para a
classificação das doenças periodontais.
CRITÉRIOS PARA ESTABELECER O
ESTÁDIO SEGUNDO A SEVERIDADE

S
E
V
E
R
I
D
A
D
E

CRITÉRIOS PARA ESTABELECER O


ESTÁDIO SEGUNDO A COMPLEXIDADE

C
O
M
P
L
E 9

X
I
D
A
D
E
POR QUE ESTABELECER O ESTÁDIO?

Para classificar a severidade e a extensão da


doença baseada na extensão mensurável de
tecido destruído que é atribuída à periodontite.

Para avaliar a complexidade que nos permitirá


determinar a dificuldade de controlar a doença,
assim como os desafios a longo prazo com
respeito à função e estética do paciente.

FLUXOGRAMA DE ESTABELECIMENTO DO ESTÁDIO

Legenda:
PICI: Perda de Inserção Clínica Interproximal; PO : Perda Óssea radiográfica; PS: Profundidade de Sondagem
Grau

O grau é empregado como um indicador de progressão da


periodontite, fornece informações complementares sobre a
possibilidade de insucesso na terapia periodontal e avaliação de risco
de que a doença possa afetar negativamente a saúde geral do
paciente.⁸

CRITÉRIOS

Evidência direta e indireta.

D
I
E R Inicialmente, a escolha escolha
E doença é definida
V
T
I pelo grau B (taxa de
A
D progressão
Ê I moderada) e, à
N N medida que
C D apresenta
I I evidências
R
A específicas, o grau
E
T pode ser alterado
A para A ou C.¹

F D Eles são modificadores


A E do grau. Estāo
T associados com um
O R maior risco de
R I progressão da
E S periodontite. Geram um
S C impacto negativo na
O resposta ao tratamento
periodontal.⁸
POR QUE ESTABELECER O GRAU?

Para determinar a probabilidade de o caso progredir a uma


taxa maior do que a típica ou de responder de forma menos
previsível à terapia padrão.

Para estimar o risco futuro da progressão da periodontite e a


capacidade de resposta aos princípios terapêuticos padrões e
assim atingir as orientações necessárias que o caso requeira.

Para reconhecer o impacto da periodontite na saúde e nas


doenças sistêmicas e vice-versa.

PROGRESSÃO GRAU A GRAU B GRAU C

Perda óssea Nenhuma


Evidência < 2mm em ≥ 2mm em 5
ou perda do perda em
direta 5 anos anos
NCI: 5 anos

Critérios
primários % Perda
< 0.25 0.25 – 1.0 > 1.0
óssea/idade:
Evidência
indireta
Fenótipo do Biofilme = Biofilme Biofilme
caso destruição = destruição destruição

Não <10 ≥ 10
Fumo:
fumante cigarros/dia cigarros/dia
Modificadores Fatores de
do grau risco
Normoglic HbA1C < HbA1c ≥
Diabetes:
êmico 7.0% 7.0%

Risco de
Carga PCR de alta
impacto
inflama- sensibilidade < 1 mg/L 1 – 3 mg/L > 3 mg/L
sistêmico na
tória (hsCRP):
periodontite

Saliva, fluido crevicular


Biomarcadores Indicadores de NCI/perda óssea
gengival, soro
10
Adaptado de Holzhausen, 2019; Tonetti, 2018⁸.
NCI: Nível clínico de inserção
PCR: Proteína C Reativa
Em relação à sua distribuição, a periodontite pode ser localizada,
generalizada ou padrão incisivo molar.⁵

Distribuição da periodonte

PADRÃO INCISIVO
LOCALIZADA GENERALIZADA
MOLAR

Quando a periodontite
Até 30% dos dentes Maior ou igual a 30%
atinge apenas os
afetados dos dentes afetados
molares ou incisivos

Figura 2. Paciente do sexo masculino de 43 anos de


idade. Apresenta clinicamente perda dos dentes pelo
avanço da doença periodontal, sinais de inflamação e
presença de biofilme. A correlação da quantidade do
biofilme e a perda clínica de inserção interproximal é
equivalente ao grau de destruição.
Figura 3. Paciente do sexo feminino de 22 anos de
idade. Apresenta clinicamente sinais de inflamação e
presença de biofilme. A correlação da quantidade do
biofilme e a perda clínica de inserção interproximal
não é equivalente ao grau de destruição.

É importante destacar e esclarecer que o grau pode mudar com o


tempo, caso a porcentagem de perda óssea/pela idade aumente
substancialmente ou o perfil de risco do paciente se deteriore com o
tempo. Em contrapartida, o rebaixamento também é possível, se os
determinantes do grau, quando foi originalmente atribuído, não forem
3,6
mais predominantes e importantes. Cabe ressaltar que o
conhecimento e julgamento clínico serão
‘ indispensáveis para a
classificação em todos os casos, pois ficará a critério do profissional
chegar a um diagnóstico correto após avaliar a totalidade dos dados
do paciente. Prevê-se que no futuro seja possível integrar mais
informações fazendo os tratamentos mais específicos para cada
paciente e, dessa forma, conseguir atingir os objetivos primários do
tratamento.
REFERÊNCIAS
1.Chapple ILC, Mealey BL, Van Dyke TE, Bartold PM, Dommisch H, Eickholz P et al.
Periodontal health and gingival diseases and conditions on an intact and a reduced
periodontium: Consensus report of workgroup 1 of the 2017 World Workshop on the
Classification of Periodontal and Peri-Implant Diseases and Conditions. J Periodontol.
2018 Jun; 89 Suppl 1:S74-S84.

2.Murakami S, Mealey BL, Mariotti A, Chapple ILC. Dental plaque-induced gingival


conditions. J Periodontol. 2018 Jun;89 Suppl 1:S17-S27.

3.Trombelli L, Farina R, Silva CO, Tatakis DN. Plaque-induced gingivitis: Case definition
and diagnostic considerations. J Periodontol. 2018 Jun;89 Suppl 1:S46-S73

4.Steffens, João Paulo & Marcantonio, Rosemary. Classificação das Doenças e


Condições Periodontais e Peri-implantares 2018: Guia Prático e Pontos-Chave.
Revista de odontologia da UNESP / Universidade Estadual Paulista (UNESP). 2018; 47.
189-197.

5.Lang NP, Bartold PM. Periodontal health. J Periodontol. 2018 Jun;89 Suppl 1:S9-S16.
Sanz M, Herrera D, Kebschull M, Chapple I, Jepsen S, Beglundh T, Sculean A, Tonetti
MS; EFP Workshop Participants and Methodological Consultants. Treatment of stage I-
III periodontitis-The EFP S3 level clinical practice guideline. J Clin Periodontol. 2020
Jul;47 Suppl 22(Suppl 22):4-60. doi: 10.1111/jcpe.13290. Erratum in: J Clin Periodontol.
2021 Jan;48(1):163. PMID: 32383274; PMCID: PMC7891343.

6.Lindhe J, Karring T, Lang NP. Lindhe’s Clinical Periodontology and Implant Dentistry.
7th ed. Copenhagen: Wiley Blackwell; 2022.

7.Sanz M, Herrera D, Kebschull M, Chapple I, Jepsen S, Beglundh T, Sculean A, Tonetti


MS; EFP Workshop Participants and Methodological Consultants. Treatment of stage I-
III periodontitis-The EFP S3 level clinical practice guideline. J Clin Periodontol. 2020
Jul;47 Suppl 22(Suppl 22):4-60. doi: 10.1111/jcpe.13290. Erratum in: J Clin Periodontol.
2021 Jan;48(1):163. PMID: 32383274; PMCID: PMC7891343.

8.Tonetti MS, Greenwell H, Kornman KS. Staging and grading of periodontitis:


Framework and proposal of a new classification and case definition. J Periodontol.
2018 Jun;89 Suppl 1:S159-S172. doi: 10.1002/JPER.18-0006. Erratum in: J Periodontol.
2018 Dec;89(12):1475.

9. Rey L. Dicionário de termos técnicos de medicina e saúde. Rio de Janeiro,


Guanabara Koogan SA, 1999.

10.Holzhausen M, França BN, Gasparoni LM, Rebeis ES, Saraiva L, Villar CC, Pannuti
CM, Romito GA. Sistema de classificação das doenças e condições periodontais
[Internet]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2019.
CAPÍTULO 2

TRATAMENTO DAS
DOENÇAS
PERIODONTAIS:
PRIMEIRO PASSO
AUTORES

Nathalia Vilela Souza


Marina Nogueira de Castro Galvão Corrente
Milena Quesada Passos
Thaís Emília da Silva
Thomaz Henrique de Moura Santos
Guilherme Castro Lima Silva do Amaral
Claudio Mendes Pannuti
Cristina Cunha Villar
Introdução
O primeiro passo da terapia periodontal é essencial para todos os
pacientes com diagnóstico de periodontite, independente do estádio
e grau da doença, mas também é importante para pacientes com
saúde ou gengivite induzida por biofilme. Seu objetivo é motivar o
paciente a remover eficazmente o biofilme supragengival e
controlar os possíveis fatores de risco.
As estratégias discutidas neste capítulo abordam ações no contexto
desse primeiro passo. Elas incluem:

Engajamento do paciente no controle do biofilme supragengival


Intervenções que aprimoram a eficácia da higiene bucal
Remoção profissional do biofilme supragengival
Controle dos fatores de risco à doença periodontal

A utilização de adjuvantes químicos para o controle da inflamação gengival


também é parte integrante do primeiro passo da terapia periodontal. No entanto,
os detalhes dessa abordagem serão explorados no Capítulo 4.

Controle do biofilme supragengival pelo paciente

Como deve ser realizada a HIGIENE BUCAL durante o tratamento das


doenças periodontais?

Recomendação
RECOMENDADO

A higiene bucal é crucial em todas as fases do tratamento, incluindo à


terapia periodontal de suporte.
A Orientação de Higiene Bucal desempenha um papel
significativo na diminuição dos níveis de biofilme dental e
gengivite, resultando em impactos positivos no tratamento
1, 2
periodontal.
MÉTODOS DE ESCOVAÇÃO

Existem diversos tipos de técnicas de escovação. A melhor técnica é


aquela que possibilita a MAIOR REMOÇÃO DE BIOFILME, no MENOR
período de TEMPO sem causar traumas aos tecidos duros e moles.

A técnica mais comumente recomendada é a técnica de Bass


modificada.3 Entretanto, independentemente da técnica, devemos
sempre buscar o meio de escovação que leve a remoção de biofilme
associado a saúde gengival.

Frequência e duração da escovação

Não há um consenso quanto à frequência


ideal da escovação.³ A remoção do biofilme a
cada 24 horas através da escovação em
combinação com utilização de métodos de
limpeza interdental é capaz de prevenir a
gengivite.⁸ No entanto, a recomendação é de
que a escovação seja realizada ao menos
duas vezes ao dia para melhores resultados.⁴

Preconiza-se que a escovação tenha duração


de ao menos 2 minutos, independente do tipo
de escova e método utilizados.³

Frequência e duração da escovação

É amplamente aceito que as escovas devem ser substituídas a cada


três meses. No entanto, mais importante que o TEMPO de troca é
atentar-se ao DESGASTE das cerdas da escova, já que o desgaste
influencia diretamente na eficácia da remoção do biofilme. ³
ESCOVAÇÃO COM ESCOVAS MANUAIS

~42% DO BIOFILME
É removido em um único episódio de escovação com
escovas manuais.⁵ No entanto, a eficácia depende do
tipo de cerda utilizada e da duração da escovação.

Escovas com cerdas anguladas removem maior porcentagem do biofilme


em comparação àquelas que possuem cerdas retas.³

ESCOVAÇÃO COM ESCOVAS ELÉTRICAS

Reduzem ~ 46% DO BIOFILME


A eficácia varia de acordo com:
• Tipo de bateria (recarregável ou pilhas substituíveis)
• Modo de funcionamento (oscilatória/rotatória versus
sônica)
• Duração da escovação
• Orientação fornecida para seu uso.³

As escovas elétricas com baterias recarregáveis e movimentos


oscilatórios/rotatórios demonstram maior eficácia na remoção do biofilme.⁶

Eficácia dos diferentes tipos de escovas


elétricas:

Há alguma evidência de que escovas do


tipo oscilatórias/rotatórias são mais
Estes estudos revelam que uma única eficazes na redução do biofilme e da
sessão de escovação não consegue gengivite quando comparadas às escovas
eliminar completamente o biofilme do tipo sônica.⁷ No entanto, mais estudos
supragengival. Por isso, é essencial são necessários.
manter uma rotina de escovação mais
frequente, no mínimo duas vezes ao
Eficácia das escovas manuais em
dia, para atingir níveis adequados de
comparação com as escovas elétricas:
controle do biofilme compatíveis com
1
saúde gengival.
As escovas elétricas são mais eficazes na
redução do biofilme e inflamação gengival
1, 2, 8
quando comparadas às escovas manuais.
Efeitos adversos do uso das escovas
manuais e elétricas

A escovação pode O impacto da escovação no


influenciar no desenvolvimento e progressão das
recessões gengivais não é
desenvolvimento
conclusivo. Enquanto alguns estudos
e progressão de
demonstram uma associação entre
recessões
frequência da escovação e a
gengivais?
recessão gengival, outros não
observaram tal relação. Estudos
adicionais são necessários para
avaliar fatores como duração da
escovação, força, tempo de
substituição das escovas, tipo e
dureza das cerdas, além da técnica
de escovação, com o objetivo de
esclarecer essa questão.

As escovas Sim. As escovas elétricas,


elétricas são especialmente do tipo
oscilatórias/rotatórias, são
seguras para os
consideradas seguras em
dentes e gengiva?
comparação com as escovas
manuais, não apresentando efeitos
adversos clinicamente relevantes
para os tecidos duros e moles. ²
MÉTODOS DE REMOÇÃO DE BIOFILME COM DISPOSITIVOS
INTERDENTAIS

A limpeza interproximal é fundamental na manutenção da saúde


gengival e pode ser realizada por meio de diversos dispositivos¹. Entre
eles, destacam-se as escovas interdentais, o fio dental e os
irrigadores orais (Figura 1).

Há evidência moderada que sugere que a combinação de escovas


interdentais com escovação convencional resulta em uma remoção
significativamente maior de biofilme do que somente a escovação
dos dentes.¹

Qual dispositivo interdental utilizar?

Quando há inflamação gengival, a limpeza interdental, de preferência


com a utilização de escovas interdentais, deve ser preconizada e
ensinada profissionalmente aos pacientes.

Alternativamente,
outros dispositivos de
limpeza interdental
como fio dental,
suprefloss, forquilha e
irrigadores podem
ser recomendados
quando o uso de
escovas interdentais Figura 1: Dispositivos de limpeza interdental
não for indicado.¹

ATENÇÃO: Em pacientes que possuem periodonto


saudável, sem perda de inserção (ou seja, sem
retração da papila interdental), a recomendação de
escovas interdentais deve ser feita com cautela, de
acordo com o tamanho do espaço interdental
adequado para cada paciente para que não ocorra
traumas nos tecidos de suporte.¹
DISPOSITIVOS PARA HIGIENIZAÇÃO DA LÍNGUA

A higiene da língua pode ser incorporada


aos cuidados bucais diários. Dispositivos
como raspadores de língua ou até mesmo
escovas de dentes convencionais podem
ser utilizados. No entanto, as evidências
atuais não são conclusivas quanto ao
dispositivo mais eficaz, nem quanto à
duração e frequência ideais para essa
higienização.³

Controle do biofilme supragengival


pelo profissional

RECOMENDADO

A remoção do biofilme supragengival pelo profissional, assim


como a adequação/remoção dos fatores retentivos de biofilme,
devem ser incorporados como parte do primeiro passo da
terapia periodontal.

Apesar de ser considerada uma


etapa fundamental do tratamento,
somente o controle do biofilme
supragengival pelo cirurgião-
dentista não é suficiente para tratar
um paciente com doença
periodontal.
Quais são os O controle do biofilme supragengival
procedimentos realizado pelo profissional inclui
procedimentos mecânicos, como a
realizados pelo
remoção do biofilme e cálculo
profissional para
supragengivais por meio de
o controle do
raspagem manual ou ultrassônica,
biofilme
polimento coronário e eliminação de
supragengival? fatores retentores de biofilme. A
abordagem por quadrantes/
sextantes ou por toda a boca pode
variar conforme o caso.

REMOÇÃO DO BIOFILME E CÁLCULO


SUPRAGENGIVAIS
Não foram observadas diferenças
significativas entre o uso de
instrumentos ultrassônicos ou
manuais para a instrumentação
supragengival.⁹ Idealmente, a
combinação de ambos os tipos de
instrumentos é recomendada, uma
vez que cada um possui vantagens
e desvantagens.
Instrumento Ultrassônico

A escolha entre instrumentos ultrassônicos ou manuais dependerá


dos seguintes fatores:

Presença de grandes depósitos de cálculo


Habilidade do operador
Presença de regiões de difícil acesso como furcas e concavidades
Sensibilidade do paciente
Polimento coronário:

O polimento coronário é fundamental para proporcionar uma


superfície lisa e pode ser realizada com pó de eritritol ou glicina, entre
outros. Além disso, o polimento coronário deve também ser realizado
10
durante a fase de terapia periodontal de suporte.

O uso de bicarbonato de
sódio não é sugerido
devido à alta abrasividade
na superfície radicular e no
11
esmalte dentário.

Remoção de fatores retentores de biofilme:

São considerados fatores de retenção do biofilme: variações


anatômicas em determinados dentes (como sulcos e concavidades
radiculares) e próteses ou restaurações com sobrecontorno
marginal e/ou desadaptações. Todos esses elementos estão
associados ao aumento do acúmulo do biofilme.

Controle dos fatores de risco

QUAL É A EFICÁCIA DO CONTROLE DOS FATORES


DE RISCO NO TRATAMENTO PERIODONTAL?

O tratamento periodontal eficiente deve abordar aspectos que vão


além da remoção do biofilme dentário. É crucial abordar e gerenciar
os fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento e a
11
progressão da doença periodontal. O tabagismo e a diabetes são
fatores de risco estabelecidos para a periodontite e são utilizados
12
para classificar o grau da doença.

Por exemplo, pacientes que fumam 10 ou mais cigarros por


dia ou que apresentam diabetes com níveis de hemoglobina
glicada (HbA1c) acima de 7.0% têm maior probabilidade de
progressão de periodontite.
QUAL É O OBJETIVO DAS INTERVENÇÕES VISANDO
O CONTROLE DE FATORES DE RISCO?

Seu objetivo é educar, aconselhar e motivar os pacientes a adotar


mudanças comportamentais capazes de eliminar ou reduzir os
fatores de risco associados à periodontite (Figura 2). 11, 12

O aconselhamento do paciente sobre cessação do tabagismo deve


ser personalizado para atender às necessidades individuais dos
pacientes, o que pode variar desde um conselho breve até o
encaminhamento do paciente para aconselhamento avançado e
12
intervenção farmacológica.

O aconselhamento e a adesão do paciente aos comportamentos


necessários para a manutenção da saúde periodontal são
reconhecidos como elementos fundamentais para o sucesso do
11
tratamento.
Intervenção de fatores de risco
Intervenção de outros fatores
críticos para a resposta ao
relevantes relacionados a estilos
tratamento periodontal e para a
de vida saudáveis
estabilidade a longo prazo

Cessação do Orientação
tabagismo dietética

Benefícios Prática de
periodontais exercícios físicos

Controle do
Perda de peso
diabetes

Impacto benéfico
relevante na saúde

Referências: Ramseier, 2020 e Sanz, 2020.

Figura 2: Intervenções de fatores de risco

QUAL É A EFICÁCIA DAS INTERVENÇÕES


PARA CESSAÇÃO DO TABAGISMO NA
TERAPIA DA PERIODONTITE?

RECOMENDADO

As intervenções para cessação do tabagismo devem ser


implementadas em pacientes submetidos ao tratamento
periodontal, pois fumantes podem apresentar diversos agravos
à saúde bucal, principalmente à saúde periodontal. Nesse
sentido, a cessação do tabagismo traz grandes benefícios.
Alguns benefícios estão exemplificados na Figura 3.
CONSEQUÊNCIAS DO TABAGISMO SOBRE A SAÚDE PERIODONTAL

Incidência e PS, perda


4x maior Prevalência Perda óssea
progressão do NCI e
risco de ter de da recessão
e perda
periodontite periodontite periodontite gengival dentária

Prevalência PS e risco Risco de Melhora nos


e incidência de Ganho de parâmetros
da
perda imuno
recorrências inserção
periodontite de bolsas dentária inflamatórios

BENEFÍCIOS DA CESSAÇÃO DO TABAGISMO

Figura 3: Consequências do tabagismo e benefícios da cessação

Em pacientes periodontais que também são tabagistas, a cessação


do tabagismo é considerada uma parte crucial do tratamento
periodontal, juntamente com a higiene oral. As intervenções para
controlar este fator de risco têm se mostrado eficazes quando
realizadas em consultório odontológico, o que demonstra que o
cirurgião-dentista pode exercer um papel fundamental na cessação
11
do tabagismo.

11, 12
Estratégias para promover a cessação do tabagismo:

Aconselhamento breve
Entrevista motivacional
Aconselhamento estruturado através das estratégias dos 5A´s, 5R´s
Terapia cognitivo comportamental (TCC) (Tabela 1)
Encaminhamento do paciente para aconselhamento avançado
Farmacoterapia (se necessário)
TABELA 1: ESTRATÉGIAS PARA ACONSELHAMENTO
ESTRUTURADO

INTERVENÇÃO DESCRIÇÃO

Perguntar (Ask)
Perguntar amigavelmente: “Você fuma?” “Há quanto tempo?”
“Quantos cigarros por dia?”. Documentar rotineiramente a
condição do tabagismo.

Avaliar (Asses)
Identificar a vontade de parar de fumar: “Você gostaria de deixar
de fumar?”.

Aconselhar (Advice)
5A´s Estimular todo fumante a parar de fumar: o conselho deve ser claro,
forte e personalizado.

Auxiliar (Assist)
Ajudar o paciente a desenvolver um plano. Explicar os sintomas de
abstinência e sugerir estratégias para controlar a vontade de fumar.

Acompanhar (Arrange)
Fumante em processo de cessação deve retornar para
acompanhamento.

Importância (Relevance)
Mostrar que parar de fumar é pessoalmente importante para o
paciente.

Riscos (Risks)
Mostrar para o paciente as consequências do tabagismo.

Recompensas (Rewards)
5R´s Identificar benefícios relevantes de parar de fumar.

Obstáculos (Roadblocks)
Pedir para o paciente identificar em sua rotina o que o impede de
parar de fumar.

Repetições (Repetitions)
Se o paciente ainda não estiver pronto para tentar parar de fumar,
repetir esse protocolo em todas as consultas.

Fonte: Adaptado da PORTARIA CONJUNTA N°10. Ministério da saúde - Brasil.


A TCC tem como objetivo a reestruturação cognitiva e
comportamental, para auxiliar o paciente a monitorar,
identificar e mudar padrões prejudiciais de emoções,
Terapia Cognitivo pensamentos, crenças e comportamentos por meio do
Comportamental desenvolvimento de maior autoconsciência e
promoção de pensamentos e comportamentos
(TCC)
funcionais.14 A TCC possui efeito positivo na cessação
do tabagismo, podendo aumentar a taxa de
15
cessação.

QUAL É A EFICÁCIA DAS INTERVENÇÕES PARA


PROMOÇÃO DO CONTROLE DO DIABETES NA
TERAPIA DA PERIODONTITE?

RECOMENDADO

É aconselhável implementar intervenções para controlar o


Diabetes Mellitus em pacientes sob tratamento periodontal, uma
vez que essas intervenções podem aprimorar os resultados do
12
tratamento e da manutenção da saúde periodontal (Figura 4).

Três intervenções são indicadas para os dentistas que


buscam o controle do diabetes mellitus a fim de
melhorar os desfechos periodontais de seus pacientes:

Breve aconselhamento Encaminhamento


Educação em dietético para mudanças para o médico para
11
saúde bucal alimentares e de o controle do indíce
11
estilo de vida glicêmico 12

Figura 4: Intervenções recomendadas para o controle do Diabetes Mellitus


A educação em saúde bucal é uma prática rotineira para os
dentistas, mas vale lembrar que o tratamento periodontal em fase
inicial com motivação e instrumentação subgengival em pacientes
com Diabetes tipo 2 pode resultar em um melhor controle metabólico
16
do Diabetes.

Por fim, é crucial que o controle do índice glicêmico seja


supervisionado pelo médico, uma vez que já foi demonstrada uma
17
ligação direta entre a resistência à insulina e a periodontite.

Em 2022 a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e


Metabologia e a Sociedade Brasileira de Periodontologia
lançaram as diretrizes de tratamento conjunto do
paciente diabético. Nelas, há sugestões de manejo
clínico de referência e contra-referência entre médicos
(endocrinologistas) e dentistas (periodontistas) visando
tratamento global da diabetes.

Para acessar o artigo original


acesse o código QR

Manejo clínico da inter-relação


diabetes e periodontite: diretrizes
conjuntas da Sociedade Brasileira
de Periodontologia (SOBRAPE) e da ou visite:
Sociedade Brasileira de
https://sobrape.com.br/manejo-
Endocrinologia e Metabologia
(SBEM)
clinico-da-inter-relacao-
diabetes-e-periodontite/
QUAL É A EFICÁCIA DO AUMENTO DA
ATIVIDADE FÍSICA E MODIFICAÇÕES NO
ESTILO DE VIDA COM O OBJETIVO DE PERDA
DE PESO NA TERAPIA DA PERIODONTITE?

NÃO HÁ EVIDÊNCIAS SUFICIENTES

Não há evidências suficientes que sustentem um impacto


positivo direto da atividade física na terapia periodontal.

Embora a literatura médica sugira que a promoção do exercício físico


pode melhorar o manejo das doenças crônicas não transmissíveis a
12
longo prazo, a evidência científica ainda é limitada para garantir que
as intervenções realizadas para aumentar a prática de exercício físico
11
possam efetivamente impactar positivamente na saúde periodontal.

Vale ressaltar que diversos fatores de risco associados à periodontite


estão interligados e podem amplificar uns aos outros. Por exemplo, a
relação da diabetes com dietas ricas em açúcar e baixa atividade
física. Além disso, a proximidade entre esses fatores de risco pode ter
impacto na causalidade da doença periodontal. No entanto, é
importante observar que as intervenções direcionadas para atividade
física, modificações na dieta, redução do consumo de carboidratos e
perda de peso podem estar inter-relacionadas.

De acordo com as evidências atuais, apesar das abordagens


multidisciplinares e colaborativas de mudanças no estilo de vida
serem promovidas por diretrizes de saúde amplamente aceitas para
promoção da saúde, seu impacto é limitado ou não completamente
11
estabelecido em pacientes com periodontite.
Fluxograma

PRIMEIRO PASSO

Orientações individualizadas
aos pacientes sobre
remoção do biofilme
supragengival e
modificação Motivar paciente quanto aos
comportamental hábitos de higiene bucal

Controle mecânico: escova


manual ou elétrica e dispositivos
de limpeza interproximal
Controle do biofilme
supragengival em faces
livres e interproximais Controle químico: enxaguatórios e
(pelo paciente) dentifrícios com ação antimicrobiana
(vide Segundo Passo)

Remoção do cálculo
Controle do biofilme supragengival
supragengival
(pelo profissional)
Remoção de outros fatores
retentores de biofilme

Fatores de risco estabelecidos:

Cessação do
tabagismo
Controle dos
fatores de risco
Controle do
diabetes

Relembre o significado dos marcadores no fluxograma


Grade de recomendações

RECOMENDADO
FORTE
RECOMENDAÇÃO
NÃO RECOMENDADO

SUGERIDO
RECOMENDAÇÃO
NÃO SUGERIDO

PODE SER CONSIDERADO


RECOMENDAÇÃO
ABERTA
NÃO HÁ EVIDÊNCIAS SUFICIENTES

REFERÊNCIAS

1.Chapple, I. L. C., Van der Weijden, F., Doerfer, C., Herrera, D., Shapira, L., Polak,
D., … Graziani, F. (2015). Primary prevention of periodontitis:
Managing gingivitis. Journal of Clinical Periodontology, 42(Suppl 16), S71–S76.
https://doi.org/10.1111/jcpe.12366

2.Van der Weijden, F. A., & Slot, D. E. (2011). Oral hygiene in the prevention of
periodontal diseases: The evidence. Periodontology 2000. 55(1),
104–123. https://doi.org/10.1111/j.1600-0757.2009.00337.x

3.Van der Weijden, F. A., & Slot, D. E. (2015). Efficacy of homecare regimens for
mechanical plaque removal in managing gingivitis: A metareview.
Journal of Clinical Periodontology, 42(Suppl 16), S77–S91.
https://doi.org/10.1111/jcpe.12359

4.Axelsson, P. (1994) Mechanical plaque control.In: Lang, N. P. & Karring, T.


(eds).Proceed-ings of the 1st European workshop on periodon-tology, pp. 219–243,
London: Quintessence

5.Slot, D. E., Wiggelinkhuizen, L., Rosema, N.A. M. & Vander Weijden, G. A.


(2012)The efficacy of manual toothbrushes followinga brushing exercise:a
systematic review.International Journal Dental Hygiene10. 187–197.
6.Rosema, N. A. M., Slot, D. E., Van PalensteinHelderman, W. H., Wiggelinkhuizen, L.
& Vander Weijden, G. A. (2014) The efficacy ofpowered toothbrushesfollowing a
brushingexercise:–a systematic review.InternationalJournal of Dental Hygiene.

7.Deacon, S. A., Glenny, A. M., Deery, C., Robin-son, P. G., Heanue, M., Walmsley,
A. D. &Shaw, W. C. (2010) Different powered tooth-brushes for plaque control and
gingival health.Cochrane Database of Systematic Reviews8,CD004971.

8.Yaacob, M., Worthington, H. V., Deacon, S. A.,Deery, C., Walmsley, A. D.,


Robinson, P. G.& Glenny, A. M. (2012) Powered versus man-ual toothbrushing for
oral health.CochraneDatabase of Systematic Reviews6, CD00228

9.Krishna R, De Stefano JA. Ultrasonic vs. hand instrumentation in periodontal


therapy: clinical outcomes. Periodontol 2000. 2016 Jun;71(1):113-27. doi:
10.1111/prd.12119. PMID: 27045433.

10.Martins O, Costa A, Silva D. The efficacy of air polishing devices in supportive


periodontal therapy: Clinical, microbiological and patient-centred outcomes. A
systematic review. Int J Dent Hyg. 2023 Feb;21(1):41-58. doi: 10.1111/idh.12635.
Epub 2022 Nov 7. PMID: 36300683.

11.Ramseier CA, Woelber JP, Kitzmann J, Detzen L, Carra MC, Bouchard P. Impact
of risk factor control interventions for smoking cessation and promotion of healthy
lifestyles in patients with periodontitis: A systematic review. J Clin Periodontol.
2020;47:90-106. DOI: 10.1111/jcpe.13240.

12.Sanz M, Herrera D, Kebschull M, Chapple I, Jepsen S, Berglundh T, et al.


Treatment of stage I–III periodontitis—The EFP S3 level clinical practice guideline. J
Clin Periodontol. 2020;47:4-60. DOI: 10.1111/jcpe.13290.

13.Papapanou PN, Sanz M, Buduneli N, Dietrich T, Feres M, Fine DH, et al. Consensus
report of workgroup 2 of the 2017 World Workshop on the Classification of
Periodontal and Peri-Implant Diseases and Conditions. J Periodontol. 2018;89(Suppl
1):S173-S182. DOI: 10.1002/JPER.17-0721.

14.Beck A T. Cognitive Therapy and the Emotional Disorders. New York: Penguin;
1976.

15.Fiore MC, Jaén CR, Baker TB, Bailey WC, Bennett G, Benowitz NL, et al. A clinical
practice guideline for treating tobacco use and dependence: 2008 update. A U.S.
Public Health Service report. Am J Prev Med. 2008;35(2):158–176. doi:
10.1016/j.amepre.2008.04.009.
16.Stewart JE, Wager KA, Friedlander AH, Zadeh HH. The effect of periodontal
treatment on glycemic control in patients with type 2 diabetes mellitus. J Clin
Periodontol. 2001 Apr;28(4):306-10. doi: 10.1034/j.1600-051x.2001.028004306.x. PMID:
11314885.

17.Pérez CM, Muñoz F, Andriankaja OM, Ritchie CS, Martínez S, Vergara J, Vivaldi J,
López L, Campos M, Joshipura KJ. Cross-sectional associations of impaired glucose
metabolism measures with bleeding on probing and periodontitis. J Clin
Periodontol. 2017 Feb;44(2):142-149. doi: 10.1111/jcpe.12662. Epub 2017 Jan 13.
PMID: 27978601; PMCID: PMC5385925.
CAPÍTULO 3

TRATAMENTO DAS
DOENÇAS
PERIODONTAIS:
SEGUNDO PASSO

AUTHORS

Guilherme Castro Lima Silva do Amaral


Mariane Cristina Sloniak
Marina Nogueira de Castro Galvão Corrente
Fabiola Pantigozo-Morán
Lais Yumi Souza Nakao
Mohamed Ahmed Hassan
Marinella Holzhausen
Cristina Cunha Villar
Introdução
No segundo passo do tratamento das doenças periodontais, a terapia
direcionada à causa ganha destaque. Aqui, o foco está na remoção
do cálculo e do biofilme subgengival por meio da instrumentação
subgengival. O sucesso dessa etapa está ligado à implementação
efetiva das medidas descritas no primeiro passo do tratamento
periodontal.¹

Reduzir a profundidade de

OBJETIVOS
1 sondagem das bolsas periodontais

DO SEGUNDO
PASSO: 2 Reduzir a inflamação gengival

3 Reduzir número de sítios


doentes

INSTRUMENTAÇÃO SUBGENGIVAL

RECOMENDADO

É recomendado o uso de
instrumentos MANUAIS ou ELÉTRICOS
(sônicos/ ultrassônicos), tanto
individualmente quanto em
combinação.²

Atenção: A habilidade técnica é crucial ao usar esses instrumentos.


Existem duas abordagens para a
instrumentação subgengival:

SUGERIDO

Instrumentação subgengival em várias sessões


a ser realizada em hemiarcada, quadrantes ou
sextantes com sessões distribuídas em dias
distintos.²

Quadrante/Sextante

ou Boca toda

SUGERIDO

Instrumentação subgengival de boca toda Risco de


concluída em uma ou duas sessões, dentro eventos
de até 24 horas.² sistêmicos
adversos.
TABELA 1:
INSTRUMENTAÇÃO SUBGENGIVAL
Aspectos básicos sobre a instrumentação subgengival:

A instrumentação subgengival é realizada usando instrumentos manuais ou


sônicos/ultrassônicos, seja isoladamente ou em combinação, visando
remover depósitos duros e moles das superfícies radiculares.
O tratamento visa eliminar as bolsas periodontais, resultando em sítios com
profundidade de sondagem ≤4 mm e ausência de sangramento à
sondagem.

Eficácia das curetas manuais em comparação com as pontas


sônicas/ultrassônicas.

Recomenda-se que a instrumentação subgengival seja realizada utilizando


instrumentos manuais ou elétricos (sônicos/ultrassônicos), tanto
individualmente quanto em combinação.
A habilidade técnica é crucial ao usar esses instrumentos, manual ou
sônico/ultrassônico, mas o tipo escolhido não afeta os resultados.²

Eficácia das diferentes abordagens clínicas:

Existem duas abordagens para a instrumentação subgengival:

1.Instrumentação subgengival em várias sessões (por exemplo, por quadrante):


sessões distribuídas em dias distintos.

2.Instrumentação subgengival de boca toda: concluída em uma ou duas


sessões, dentro de um período de até 24 horas.

A instrumentação subgengival pode ser realizada utilizando tanto a


abordagem tradicional por quadrantes como a abordagem completa da
boca, no intervalo de 24 horas.²

ANESTESIA LOCAL DURANTE INSTRUMENTAÇÃO SUBGENGIVAL

20% a 76%
dos pacientes ou não apresentam dor, ou apresentam
apenas uma dor leve, durante a instrumentação
7, 8
subgengival sem anestesia local.

No entanto, quando necessário, a anestesia local convencional deve ser


utilizada, pois apresenta melhores resultados no controle da dor e menor
necessidade de complementação anestésica durante a instrumentação
9, 10
subgengival, quando comparada com anestesia tópica em gel.
Antissépticos locais

PODE SER CONSIDERADO

Uso de enxaguatórios contendo clorexidina


pode ser considerado por tempo limitado
durante a terapia periodontal.

Porém, antes de adotar essa prática, é


essencial otimizar o controle mecânico do
biofilme e considerar o estado de saúde do
paciente, possíveis efeitos adversos e custos
financeiros. 1

Laser e Terapia Fotodinâmica


Antimicrobiana

NÃO SUGERIDO

Uso do laser e da terapia antimicrobiana


fotodinâmica (comprimento de onda: 660-
670nm ou 800-900nm) em pacientes com
periodontite não é sugerido.

POR QUÊ?

Evidência científica com dados inconsistentes.³


Sem benefícios clínicos adicionais à raspagem.³
Custo financeiro não justificado.³
USO ADJUNTO DE ANTIBIÓTICOS E
ANTISSÉPTICOS LOCAIS

Antibióticos Adjuntos
químicos

Minociclina (Atridox ®) Clorexidina


Doxicilina (Ligosan ® e Arestin®) (Periochip ® e Chlosite ®)

Promovem uma redução Promove uma redução


adicional na adicional na
Profundidade de Profundidade de Sondagem
Sondagem de: de:

10 a 30% 10%
5 5

PODE SER CONSIDERADO

Antibióticos (minociclina e doxiciclina) e antissépticos (clorexidina)


podem ser considerados como adjuntos de aplicação local durante a
instrumentação subgengival.

NOTA!
Os antibióticos Minociclina (Atridox ®) e Doxiciclina (Ligosan ® e
Arestin®) e os produtos à base de Clorexidina (Periochip ® e Chlosite ®)
sugeridos como adjuntos à instrumentação subgengival pelo
1
guideline NÃO estão disponíveis e aprovados no Brasil.
Antibióticos sistêmicos

NÃO RECOMENDADO

Uso de antibiótico ROTINEIRO como


adjunto ao debridamento mecânico
é contra-indicado.

POR QUÊ?
Preocupações com a saúde do paciente e o impacto do uso
indiscriminado na saúde pública são fatores que fundamentam a não
recomendação de seu uso rotineiro.

ASSOCIAÇÃO DE ANTIBIÓTICOS *
O Metronidazol é eficaz contra as bactérias do complexo vermelho (P.
gingivalis, T. forsythia, e T. denticola), enquanto que Amoxicilina é
eficaz contra anaeróbios facultativos (A. actinomycetemcomitans). A
associação de ambos promove reduções adicionais na profundidade
de sondagem de 40% a 50% com estabilidade em 12 meses de
acompanhamento.6

METRONIDAZOL AMOXICILINA
250 ou 400 mg 500 mg
A cada 8 horas
Durante 7 ou 14 dias

PODE SER CONSIDERADO

O uso adjunto de antibióticos sistêmicos pode ser considerado


em perfis específicos de pacientes (exemplo: Periodontite
Generalizada Estádio III e IV em adultos jovens).

* A associação dessas
11
medicações pode apresentar eventos adversos como diarréia, alteração no paladar e cansaço
excessivo.
O USO ADJUNTO DE AGENTES
MODULADORES DO HOSPEDEIRO PODE
MELHORAR OS RESULTADOS CLÍNICOS DA
INSTRUMENTAÇÃO SUBGENGIVAL?

Diversos agentes têm sido investigados nesse contexto, incluindo


estatinas, probióticos, doxiciclina sub-antimicrobiana, bisfosfonatos,
anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), ácidos graxos poli-
insaturados ômega-3 e metformina, no entanto, até o momento,
nenhum deles obteve a recomendação de uso (Figura 1).

Estatinas

As estatinas possuem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias


e de promoção da formação óssea. A utilização de géis de estatinas
em conjunto com a instrumentação subgengival pode resultar em
melhorias clínicas adicionais. Contudo, é crucial observar que a
magnitude desses benefícios varia consideravelmente entre
diferentes pacientes e sítios.⁴

NÃO RECOMENDADO

A administração local de géis de estatina (atorvastatina,


sinvastatina, rosuvastatina) não é recomendada como
complemento à instrumentação subgengival devido à grande
variabilidade nos resultados observados.
Probióticos
Probióticos têm um papel na correção de desequilíbrios microbianos,
promovendo o reestabelecimento de uma comunidade microbiana
saudável. No entanto, a inclusão de probióticos como suplemento à
instrumentação subgengival resulta em uma redução adicional muito
modesta de apenas 0.38 mm na profundidade de sondagem. ⁴

NÃO RECOMENDADO

Não se recomenda o uso de probióticos como complemento


à instrumentação subgengival devido ao aumento de custos,
visto que não proporcionam uma melhora clínica significativa.

Doxiciclina em dose sub-


antimicrobiana sistêmica
A doxiciclina, devido à sua ação anti-colagenolítica, proporciona uma
redução adicional significativa na profundidade de sondagem
quando usada em conjunto com a instrumentação subgengival. Para
bolsas moderadas, a redução é de 0.22 mm, enquanto para bolsas
profundas, chega a 0.68 mm.⁴ Entretanto, o uso de doxiciclina
promove o aumento das enzimas hepáticas.

NÃO RECOMENDADO

O uso da doxiciclina em doses sub-antimicrobianas


sistêmicas como complemento à instrumentação
subgengival não é recomendado, uma vez que pode
promover o aumento das enzimas hepáticas.
Bisfosfonatos
Os bisfosfonatos desempenham um papel importante na prevenção
da reabsorção óssea, inibindo a atividade dos osteoclastos e
metaloproteases de matriz por eles secretadas. O uso adjunto do gel
de bisfosfonatos resulta em uma redução extra de 2,15 mm na
profundidade de sondagem em defeitos intra-ósseos.⁴ No entanto, a
utilização sistêmica de bisfosfonatos no tratamento da periodontite
tem sido pouco explorada. Devido aos riscos graves associados, como
o desenvolvimento de osteonecrose da mandíbula, não é
recomendável incorporar os bisfosfonatos como parte do tratamento
periodontal.

NÃO RECOMENDADO

Recomenda-se não administrar géis de bisfosfonato


localmente ou sistematicamente como complemento à
instrumentação subgengival.

Anti-inflamatórios não esteróides (AINEs)

A adição local de AINEs não demonstrou benefícios claros, e a


incorporação sistêmica adjunta traz vantagens limitadas nos
resultados do tratamento periodontal.⁴ A diversidade nos tipos de
AINEs utilizados e nos regimes terapêuticos adotados dificulta a
obtenção de conclusões definitivas.

NÃO RECOMENDADO

Recomenda-se não administrar AINEs sistêmicos ou locais


como adjunto à instrumentação subgengival.
Ácidos graxos poli-insaturados ÔMEGA-3

Os ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 são precursores de


mediadores pró-resolutivos que auxiliam na resolução e controle dos
processos inflamatórios, contribuindo para a manutenção da
homeostase e da saúde geral. Contudo, a escassez de estudos
abrangentes e a elevada heterogeneidade das pesquisas dificultam a
formulação de conclusões definitivas sobre seu uso.⁴

NÃO RECOMENDADO

Devido à escassez e heterogeneidade dos estudos, o uso de


ÔMEGA-3 como adjunto à instrumentação subgengival não é
recomendado.

Metformina

A metformina desempenha um papel relevante na redução da


inflamação e do estresse oxidativo, além de promover o crescimento
ósseo ao estimular a proliferação de osteoblastos e inibir a atividade dos
osteoclastos. A aplicação tópica de gel de metformina a 1% durante a
instrumentação subgengival promove uma redução adicional de 2,07 mm
na profundidade de sondagem.⁴ Por outro lado, a suplementação
sistêmica não apresenta vantagens nesse contexto. Importante notar que
a utilização não autorizada da metformina, conhecida como "off-label",
não é recomendada para o tratamento periodontal, devido à ausência de
formulações seguras e de qualidade para essa finalidade específica.

NÃO RECOMENDADO

O uso de metformina como adjunto à instrumentação


subgengival não é recomendado.
Efeitos
antioxidantes,
antiinflamatórios
Estatinas , estimulação
da angiogênese
e regulação
positiva das vias
de formação
óssea

Microorganismos
vivos
Probióticos administrados em
quantidades
adequadas, que
beneficiam a
saúde do
hospedeiro
Não há
evidências
suficientes
para apoiar o
Doxiciclina em Propriedades uso destes
Agentes dose antiinflamatórias agentes
Moduladores submicrobiana e atividade anti- moduladores
sistêmica colagenolítica do hospedeiro
do Hospedeiro como
adjuvantes à
instrumentação
subgengival
Bifosfonatos Agentes anti-
reabsortivos

Anti- Usados em
inflamatórios doenças
não-esteróides inflamatórias

Produzem
Ômega-3 mediadores lipídicos
pró-resolutivos

Favorecem a
Metformina diferenciação
osteoblástica

Figura 1. Agentes moduladores do hospedeiro passíveis de serem


empregados como complemento à instrumentação subgengival,
porém não respaldados por recomendações.
Fluxograma

SEGUNDO PASSO

Instrumentação
subgengival
Por sextantes
Com ultrassom, curetas ou quadrantes
uso combinado
Boca toda

Agentes adjuvantes

Moduladores do Sistêmicos
Agentes físicos
hospedeiro

Laser e/ou Terapia


Estatinas Antibióticos e Fotodinâmica
Probióticos antissépticos Antibacteriana (aPDT)
Bifosfonatos
AINEs
Omega-3

Locais Sistêmicos

Antibióticos Antissépticos Antibióticos


(Na bolsa periodontal) (Na bolsa periodontal)

Minociclina
Clorexidina Rotina Apenas em casos
Doxicilina específicos:

Periodontite
Antissépticos Estádio III ou IV
(Enxaguatório)
em adultos jovens

Clorexidina

Relembre o significado dos marcadores no fluxograma


Grade de recomendações

RECOMENDADO
FORTE
RECOMENDAÇÃO
NÃO RECOMENDADO

SUGERIDO
RECOMENDAÇÃO
NÃO SUGERIDO

PODE SER CONSIDERADO


RECOMENDAÇÃO
ABERTA
NÃO HÁ EVIDÊNCIAS SUFICIENTES

REFERÊNCIAS

1.Sanz M, Herrera D, Kebschull M, Chapple I, Jepsen S, Beglundh T, Sculean A,


Tonetti MS; EFP Workshop Participants and Methodological Consultants. Treatment
of stage I-III periodontitis-The EFP S3 level clinical practice guideline. J Clin
Periodontol. 2020 Jul;47 Suppl 22(Suppl 22):4-60. doi: 10.1111/jcpe.13290. Erratum in:
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2.Suvan, J., Leira, Y., Moreno, F., Graziani, F., Derks, J., & Tomasi, C. (2020).
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3.Salvi, G. E., Stahli, A., Schmidt, J. C., Ramseier, C. A., Sculean, A., & Walter, C.
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4.Donos N, Calciolari E, Brusselaers N, Goldoni M, Bostanci N, Belibasakis GN. The
adjunctive use of host modulators in non-surgical periodontal therapy. A systematic
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5.Herrera D, Matesanz P, Martín C, Oud V, Feres M, Teughels W. Adjunctive effect


of locally delivered antimicrobials in periodontitis therapy: A systematic review and
meta-analysis. J Clin Periodontol. 2020 Jul;47 Suppl 22:239-256. doi:
10.1111/jcpe.13230. PMID: 31912531.

6.Teughels W, Feres M, Oud V, Martín C, Matesanz P, Herrera D. Adjunctive effect


of systemic antimicrobials in periodontitis therapy: A systematic review and meta-
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7.Jeffcoat, M.K., Geurs, N.C., Magnusson, I., MacNeill, S.R., Mickels, N., Roberts, F.,
Robinson, P., Salamati, A. and Yukna, R. (2001), Intrapocket Anesthesia for Scaling
and Root Planing: Results of a Double-Blind Multicenter Trial Using Lidocaine
Prilocaine Dental Gel. Journal of Periodontology, 72: 895-900.
https://doi.org/10.1902/jop.2001.72.7.895

8. Donaldson D, Gelskey SC, Landry RG, Matthews DC, Sandhu HS. A placebo-
controlled multi-centred evaluation of an anaesthetic gel (Oraqix) for periodontal
therapy. J Clin Periodontol. 2003 Mar;30(3):171-5. doi: 10.1034/j.1600-
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9. Derman, SHM, Lowden, CE, Hellmich, M, Noack, MJ. Influence of intra-pocket


anesthesia gel on treatment outcome in periodontal patients: a randomized
controlled trial J Clin Periodontol 2014; 41: 481–488. doi: 10.1111/jcpe.12239

10. Wambier LM, de Geus JL, Boing TF, Chibinski ACR, Wambier DS, Rego RO,
Loguercio AD, Reis A. Intrapocket topical anesthetic versus injected anesthetic for
pain control during scaling and root planing in adult patients: Systematic review
and meta-analysis. J Am Dent Assoc. 2017 Nov;148(11):814-824.e2. doi:
10.1016/j.adaj.2017.06.019. Epub 2017 Aug 23. PMID: 28843499.

11. Retamal-Valdes B, Tavares APL, Monique S, Pereira da Silva HD, Mestnik MJ,
Duarte PM, Miranda TS, Borges I, Soares GMS, Faveri M, Castro Dos Santos N,
Graças YTD, Souto MLS, Giudicissi M, Romito GA, Saraiva L, Pannuti CM, Figueiredo
LC, Feres M. Adverse events of metronidazole and amoxicillin: Retrospective
analysis of a large data set of five randomized clinical trials. J Clin Periodontol. 2022
Nov;49(11):1121-1132. doi: 10.1111/jcpe.13704. Epub 2022 Aug 5. PMID: 35851689.
CAPÍTULO 4

REAVALIAÇÃO
PERIODONTAL

AUTORES

Yasmin Teixeira das Graças


Cristina Cunha Villar
Guilherme Castro Lima Silva do Amaral
Bruna di Profio
Luciana Saraiva
Introdução
Após a conclusão da fase inicial da terapia periodontal, os resultados
alcançados são submetidos a uma reavaliação crítica em relação à
eliminação ou controle da doença, momento que é denominado de
REAVALIAÇÃO. Os resultados obtidos constituem a base para a
seleção, se necessário, de medidas corretivas adicionais a serem
realizadas¹.

Checar presença de bolsas


1 residuais (PS > 3mm)
OBJETIVOS DA
REAVALIAÇÃO:
2 Checar presença de
inflamação gengival

3 Controlar os fatores
de risco

É importante lembrar que o sucesso da terapia periodontal não-


cirúrgica depende de, pelo menos, cinco fatores:

Natureza do defeito
periodontal
Controle dos fatores
de risco

Tipo de dente

Gravidade da doença

Envolvimento da
furca
Quando reavaliar?

Um intervalo de reavaliação de 4 a 8 semanas é geralmente


considerado adequado para avaliar a resposta inicial à terapia
periodontal não cirúrgica.³

No entanto, é importante destacar


que fatores relacionados à resposta 4 a 8 semanas é
dos tecidos periodontais, fatores de considerado adequado
risco e contra indicações para para avaliar a resposta
terapias cirúrgicas devem ser inicial à terapia não
considerados no momento da cirúrgica
reavaliação periodontal. ²

NOTA! É importante observar que o restabelecimento da


microbiota subgengival disbiótica pode ocorrer em
aproximadamente 2 meses após a instrumentação
subgengival, na ausência de um adequado controle da
higiene bucal. No entanto, aguardar um período maior que 2
meses para a reavaliação pode ser excessivo, pois as
bactérias patogênicas já podem ter recolonizado as bolsas
periodontais nesse período.

O intervalo para a reavaliação dos efeitos do tratamento periodontal


não-cirúrgico deve ser cuidadosamente determinado, levando em
consideração vários fatores:

1 a 2 semanas é o tempo médio de restabelecimento do


epitélio juncional

4 a 8 semanas é o tempo médio de reparo do tecido conjuntivo

Portanto, uma reavaliação antes de 4 semanas é considerada


prematura.
Quais os fatores a serem observados
na reavaliação periodontal?

1. Aspectos clínicos:
Perda clínica de inserção periodontal
Profundidade de Sondagem
Lesões de furca
Recessão gengival
Nível ósseo radiográfico

2. Medidas de inflamação gengival e higiene oral:


Sangramento à Sondagem (%)
Supuração
Índice de biofilme (%)

3. Outros fatores relevantes:


Mobilidade dentária
Além disso, durante a
reavaliação periodontal, é
essencial observar
cuidadosamente os fatores
de risco, como tabagismo e
diabetes, que podem
influenciar significativamente
a saúde periodontal.

É importante considerar
fatores contribuintes, como
trauma oclusal, pontos de
contato inadequados e
deformidades
mucogengivais. Aspectos
anatômicos, como desgaste
de cemento, entrada estreita
da furca, pérola de esmalte,
concavidade radicular,
projeção cervical do esmalte
e posicionamento do dente
devem também ser
cuidadosamente avaliados⁴.

Essa avaliação abrangente


garante uma compreensão
completa da saúde bucal do
paciente e orienta as
decisões terapêuticas
adequadas.
Caso os resultados esperados não
sejam alcançados, o que fazer?

A terapia periodontal pode não eliminar completamente todas as


bolsas periodontais. Caso os resultados esperados não sejam
alcançados é necessário considerar medidas adicionais adaptadas
de acordo com as necessidades individuais de cada paciente²,
conforme descrito no quadro abaixo:

ACHADO CLÍNICO NA
INDICAÇÃO CLÍNICA
REAVALIAÇÃO

Nova instrumentação subgengival


Sítios residuais moderados dos sítios residuais com ou sem
(PS = 4-5mm)* métodos adjuvantes (vide
capítulo 3)

Sítios residuais profundos Cirurgia periodontal a retalho de


(PS ≥ 6mm) e defeitos acesso
intraósseos (vide capítulo 5)

Lesões de furca classe II ou III,


Cirurgia periodontal ressectiva
sítios residuais moderados ou
(vide capítulo 5)
profundos

Sítios residuais associados a


defeitos intraósseos > 3mm ou Cirurgia periodontal regenerativa
lesões de furca classe II em (vide capítulo 5)
faces livres

* Sítios residuais com PS= 4mm, sem sangramento e/ou supuração e não associado a furcas, podem ser mantidos em
saúde sem necessidade de reinstrumentação subgengival. 5
Deste modo, o fluxograma abaixo é sugerido a partir dos achados
clínicos do exame de reavaliação.

Fluxograma

Reavaliação
periodontal

Sítios não Sítios não


Saúde
respondentes respondentes
Periodontal
PS 4-5 mm PS ≥ 6 mm

TERAPIA
REINSTRUMENTAÇÃO ABORDAGEM
PERIODONTAL DE
SUBGENGIVAL CIRÚRGICA
SUPORTE
(Capítulo 4) (Capítulo 6)
(Capítulo 7)
REFERÊNCIAS

1.LINDHE J. Tratado de periodontia clínica e implantologia oral / Niklaus P. Lang,


Jan Lindhe; tradução Maria Cristina Motta Schimmelpfeng. -6. ed. - Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2018.

2.Sanz M, Herrera D, Kebschull M, Chapple I, Jepsen S, Beglundh T, Sculean A,


Tonetti MS; EFP Workshop Participants and Methodological Consultants. Treatment
of stage I-III periodontitis-The EFP S3 level clinical practice guideline. J Clin
Periodontol. 2020 Jul;47 Suppl 22(Suppl 22):4-60. doi: 10.1111/jcpe.13290. Erratum in:
J Clin Periodontol. 2021 Jan;48(1):163.

3.Cobb CM, Sottosanti JS. A re-evaluation of scaling and root planing. J


Periodontol. 2021 Oct;92(10):1370-1378. doi: 10.1002/JPER.20-0839. Epub 2021 Mar
16. PMID: 33660307.

4.Kwon T, Lamster IB, Levin L. Current Concepts in the Management of Periodontitis.


Int Dent J. 2021 Dec;71(6):462-476. doi: 10.1111/idj.12630. Epub 2021 Feb 19. PMID:
34839889; PMCID: PMC9275292.

5.Loos BG, Needleman I. Endpoints of active periodontal therapy. J Clin


Periodontol. 2020 Jul;47 Suppl 22(Suppl 22):61-71. doi: 10.1111/jcpe.13253. PMID:
31912527; PMCID: PMC7670400.
CAPÍTULO 5

TERCEIRO PASSO:
Terapia de sítios não
respondentes -
Abordagem cirúrgica

AUTORES

Rafael de Oliveira Lazarin


Emerson Ricardo Santiago
Nayara Toledo de Lucena
Rafaella Nigro
Vitor Mota Freitas
João Batista de César Neto
Introdução
Os sítios inicialmente diagnosticados com bolsas profundas e/ou
lesões de furca grau II e III tendem a responder pior às primeiras fases
do tratamento periodontal (etapas não cirúrgicas) devido à maior
dificuldade de acesso durante a instrumentação subgengival e maior
dificuldade para higienização pelo paciente. Além disso, a presença
de sangramento à sondagem, bolsas residuais e lesões de furca grau
II e III estão relacionados com a progressão da doença periodontal e
perda dentária com o passar do tempo.1-3

Dessa forma, é exatamente para os sítios que não respondem bem às


primeiras fases, que a terceira etapa do tratamento, a terapia
cirúrgica, está recomendada.

Obter acesso às bolsas


1 periodontais profundas

OBJETIVOS DA Regenerar ou remover


TERAPIA
CIRÚRGICA: 2 lesões que aumentam a
complexidade do
tratamento

3 Favorecer o controle de biofilme


por parte do paciente e do
profissional durante a Terapia
Periodontal de Suporte (TPS)

SUGERIDO

A terceira etapa do tratamento periodontal pode incluir


cirurgias periodontais de acesso, cirurgias ressectivas e
cirurgias regenerativas. A recomendação é que os
procedimentos sejam sempre executados por profissionais
especialistas ou com treinamento específico.
INDICAÇÕES:

Pacientes com periodontite estádio III e bom controle de


biofilme supragengival

Que tenham bolsas residuais com Profundidade de


Sondagem ≥ 6 mm

Ou com características anatômicas complexas, como


concavidades radiculares, lesões de furca e bolsas infra-ósseas

Cirurgia de acesso

O QUE É E QUAL O OBJETIVO DE UMA


CIRURGIA PERIODONTAL DE ACESSO?

Cirurgia de acesso é uma das modalidades de cirurgia periodontal


que envolve pouca ou nenhuma remoção de osso e de tecido mole.
Seu objetivo é ganhar visualização e acesso direto às áreas que não
foram possíveis de serem acessadas com a instrumentação
subgengival não cirúrgica.

DEVO EMPREGAR NOVAMENTE A


INSTRUMENTAÇÃO SUBGENGIVAL OU OPTO
POR UMA CIRURGIA DE ACESSO?

SUGERIDO

A terapia cirúrgica a retalho é sugerida em sítios com PS ≥ 6mm


com sangramento à sondagem.
Benefícios em bolsas profundas (≥6mm)

Maior redução Menor perda


da PS 6,7 dentária 6,7
TERAPIA
CIRÚRGICA
Menor taxa de em bolsas
Menor necessidade
progressão
4, 5
profundas de reintervenção 6,7
da periodontite

Desvantagem

Pode-se esperar maior porcentagem de recessão gengival


após a cirurgia, principalmente nos casos que apresentam fenótipo fino.

Vale relembrar que


pacientes não
colaboradores ou em
sítios com bolsas
moderadas (4-5mm) é
indicado implementar
mais sessões de
raspagem subgengival.⁵
QUAIS SÃO OS PRINCÍPIOS QUE
DEVEM SER CONHECIDOS PARA
EMPREGAR A CIRURGIA DE ACESSO?

A cirurgia de acesso consiste em incisões que fornecem acesso à


lesão, seguida da remoção da biofilme, cálculo e de fatores de
retenção.
Existem três tipos de incisões que podem ser
implementadas para essa técnica:⁴

Incisões paramarginais
Incisões (como o retalho de Técnicas de
intrassulculares Widman modificado) preservação de papila

NÃO HÁ EVIDÊNCIAS SUFICIENTES

Uma vez que não existem evidências


para afirmar que uma técnica pode ser
superior à outra, a escolha deve ser
baseada de acordo com cada cenário
clínico. Independente da técnica
empregada, é fundamental garantir
uma completa visualização e acesso
à superfície radicular durante o
procedimento, e que isso seja feito
minimizando o dano nos tecidos
adjacentes.
Portanto, a escolha das incisões deve
ser baseada em um procedimento
que seja adequado para atingir o
objetivo pretendido, enquanto
promova a menor quantidade
possível de destruição dos tecidos.

Cirurgia de acesso - Caso 1

Figura 1. Exemplo de uma cirurgia de acesso no dente 25. a) Após


etapas iniciais do tratamento, nota-se a persistência de uma
bolsa periodontal de 7mm na região lingual. b) Na radiografia
periapical fica evidente uma perda óssea interproximal, sugerindo
um defeito ósseo vertical na mesial do dente 25. c) Após retalho
total, nota-se presença de cálculo residual na palatina e mesial
do dente associado a um defeito ósseo. d) Região limpa após
raspagem e alisamento corono-radicular. e) Suturas realizadas.
Cirurgias ressectivas

Alguns casos de bolsas residuais profundas e com grande


complexidade anatômica necessitam de estratégias cirúrgicas
complementares ao acesso à raspagem, como por exemplo as
cirurgias ressectivas.

QUAL O OBJETIVO DAS


CIRURGIAS RESSECTIVAS?

Uma cirurgia ressectiva tem como principal objetivo, além do acesso


para o desbridamento mecânico, a eliminação ou diminuição das
bolsas periodontais residuais através do estabelecimento de um
novo contorno gengival e/ou ósseo. Outra finalidade é a alteração da
anatomia do tecido mole e/ou do osso, dente e complexo radicular,
de forma a possibilitar a higiene da região, manutenção periodontal e
maior sobrevivência de um dente em boca.

O QUE ESPERAR CLINICAMENTE


APÓS A REALIZAÇÃO DAS
CIRURGIAS RESSECTIVAS?

Clinicamente, após tal procedimento


espera-se a redução da profundidade
de sondagem e ganho clínico de
inserção no sítio operado, associado a
um aumento da recessão gengiva. 16
SUGERIDO

Procedimentos ressectivos devem ser realizdos somente em


casos de bolsas residuais profundas (PS ≥ 6mm) em
periodontite estadio III, após uma bem executada segunda fase
do tratamento periodontal.

QUAL A RECOMENDAÇÃO CLÍNICA ENTRE A


CIRURGIA DE ACESSO E UM PROCEDIMENTO
RESSECTIVO?

A escolha do melhor tratamento deve se basear principalmente na


necessidade de mudança de anatomia do sítio cirúrgico.A
modificação anatômica pode facilitar o acesso para a
instrumentação subgengival, melhorando a descontaminação da
superfície radicular. Além disso, pode facilitar a higienização realizada
pelo paciente, contribuindo para uma melhor manutenção da saúde
bucal. Outros parâmetros relacionados ao profissional (habilidade e
experiência) e ao paciente (preferências, sítios, envolvimento estético
e aspectos restauradores) também devem ser considerados.

QUAIS SÃO OS PROCEDIMENTOS RESSECTIVOS?

Os procedimentos ressectivos mais comumente empregados nessa


etapa do tratamento são a gengivectomia, gengivoplastia, ou cirurgias
à retalho que podem envolver osteotomia, osteoplastia, tunelização,
hemissecção e ressecção radicular. Eles podem ser empregados de
forma isolada ou combinada.7, 8
7, 9
Fatores determinantes para a escolha da(s) melhor(es) técnica(s):

Características Presença ou não Quantidade


anatômicas dos de lesão de furca remanescente de
Comprimento e
dentes tecido
divergência dos
Profundidade de cones radiculares periodontal
sondagem Altura do tronco Experiência do
Anatomia óssea radicular profissional
Cirurgias ressectivas - Ressecção radicular

Figura 2. Exemplo de cirurgia ressectiva (ressecção radicular)


no dente 16 com lesão de furca grau III envolvendo a raiz
mésio-vestibular. a – b) Condição clínica e radiografia
periapical inicial. c – d) Acompanhamento de seis anos após
remoção da raiz em questão. Durante a terapia de
manutenção nota-se a estabilidade da condição clínica
devido ao excelente controle de placa por parte do paciente e
dos níveis ósseos.
Cirurgias ressectivas - Ressecção radicular

Figura 3. Exemplo de cirurgia ressectiva (ressecção radicular)


no dente 16. a - c) Radiografia periapical e condição clínica
inicial demonstrando extensa recessão gengival associada à
lesão de furca grau III envolvendo as raízes vestibulares e
presença de uma prótese fixa na região. d – g) Resseção das
raízes vestibulares seguido do aplainamento e alisamento do
remanescente radicular. h – i) Após cinco meses de
cicatrização, nota-se a cicatrização dos tecidos periodontais
ao redor do dente 16, assim como manutenção da prótese
fixa em questão.
Cirurgias ressectivas - Tunelização

Figura 4. Exemplo de pós-operatório de uma cirurgia


ressectiva (tunelização) em molar superior com lesão de
furca grau III. Nota-se que após procedimento, a escova
interdental pode ser utilizada para higienização local entre
as raízes.

Cirurgias regenerativas

A cirurgia regenerativa é empregada para restaurar estruturas


perdidas com a progressão da doença periodontal, de forma que a
arquitetura e função dos tecidos perdidos (cemento radicular,
ligamento periodontal e osso) sejam totalmente restaurados.
O QUE ESPERAR CLINICAMENTE
APÓS A REALIZAÇÃO DAS
CIRURGIAS REGENERATIVAS?

Pode-se esperar maior diminuição da profundidade de sondagem e


ganho no nível clínico de inserção quando comparado às demais
alternativas de tratamento. Nas áreas de furca, uma redução no
componente vertical, horizontal ou até mesmo um fechamento
completo da lesão de furca pode ocorrer.

QUANDO DEVEMOS REALIZAR AS


CIRURGIAS REGENERATIVAS?

SUGERIDO

Sugere-se realizar cirurgias regenerativas


em casos de bolsas profundas, associadas
a defeitos intraósseos (também
chamados de defeitos ósseos “verticais”)
com profundidade de sondagem ≥ 3mm,
assim como em casos de lesão de furca
grau II em faces livres (vestibular/lingual
de molares inferiores e vestibular de
molares superiores).

APÓS SELECIONADO O CASO, QUAL


O MELHOR DESENHO DE RETALHO
PARA CIRURGIAS REGENERATIVAS?

A escolha do retalho é um fator importante para o sucesso da terapia,


devendo ser baseada na anatomia, localização e morfologia do
defeito periodontal. Sempre que possível, são recomendados retalhos
com menor amplitude e que preservem ao máximo tecidos moles e
duros, como os retalhos de preservação de papilas.
QUAIS BIOMATERIAIS PODEM SER
UTILIZADOS E QUANDO UTILIZAR
CADA UM DELES?

Baseado em diferentes conceitos e propriedades, três diferentes


biomateriais podem ser utilizados para cirurgias regenerativas: 10

Membranas
Sua utilização baseia-se no conceito de
manutenção do espaço e exclusão celular

Substitutos ósseos
Atuam na manutenção do espaço e na
atividade de osteocondução e osteoindução

Biológicos ativos
Possuem capacidade de induzir e acelerar a diferenciação
celular. Ex.: proteínas derivadas da matriz do esmalte

O material utilizado
deve ser capaz de
garantir a estabilidade
do coágulo sanguíneo
no sítio cirúrgico

Esses biomateriais podem ser aplicados isolados ou em combinação e


a escolha deve ser baseada na morfologia do defeito ósseo, onde
defeitos menores e/ou verticais mais retentivos se beneficiam dos
biológicos ativos com ou sem enxerto ósseo, enquanto defeitos maiores
e/ou pouco retentivos, a utilização de membranas reabsorvíveis com ou
10. 11
sem enxerto ósseo tem sido a primeira escolha.
Cirurgias regenerativas - Defeito vertical

Figura 5. Exemplo de cirurgia regenerativa no dente 43. a – c)


Condição clínica e radiografia periapical inicial, onde se
observa uma bolsa periodontal de 10mm. d) Após retalho total,
observa-se extenso defeito ósseo acometendo a região mesial
e apical do canino, justificando a realização de uma
apicectomia. e - g) Após descontaminação do defeito, devido
à morfologia do defeito ósseo, optou-se pela utilização de
enxerto ósseo e uma membrana reabsorvível. h – i) Pós-
operatório clínico e radiográfico de 10 meses demonstrando
uma profundidade de sondagem de 5mm sem sangramento à
sondagem.

Manejo de dentes com


envolvimento de furca

Os sítios com lesão de furca são considerados regiões de difícil


acesso para descontaminação pelo profissional.
E o controle do biofilme pelo paciente também é um desafio. Mesmo
assim, o diagnóstico de lesão de furca em molares superiores e/ou
inferiores não é razão para extração dentária e o tratamento
periodontal é recomendado nestas condições.

Fatores que devem ser considerados


para a escolha do tratamento:

Características Fatores do paciente


(fatores de risco e
anatômicas do dente
controle de biofilme)
Características
Complexidade e
anatômicas do
severidade da
complexo radicular doença periodontal

RECOMENDADO

O tratamento deve ser realizado por especialistas ou


cirurgiões-dentistas com treinamento específico e
executado somente em pacientes capazes de manter
um bom controle de biofilme bacteriano durante o
tratamento periodontal como um todo. O fluxograma ao
final deste capítulo indica as possíveis condutas para
cada situação clínica.

O QUE O CLÍNICO PODE FAZER


PARA TRATAR UMA
LESÃO DE FURCA GRAU I?

Independentemente do dente, lesões de furca grau I podem ser


mantidas apenas com terapia não cirúrgica, incluindo a
instrumentação subgengival e a terapia de manutenção.12
QUAL O TRATAMENTO PARA BOLSAS
RESIDUAIS EM MOLARES COM LESÃO DE
FURCA GRAU II EM MANDÍBULA OU LESÃO DE
FURCA GRAU II VESTIBULAR EM MAXILA?

A cirurgia regenerativa é o tratamento mais indicado. Apesar do


maior custo, os benefícios adicionais são justificados e seu resultado é
mais favorável do que cirurgias a retalho.

Cirurgias regenerativas - Furca Grau II

Figura 6. Exemplo de cirurgia regenerativa em um molar


inferior com lesão de furca grau II na face vestibular. a)
Radiografia periapical inicial. b) Após retalho total, verifica-se
perda óssea na região de furca, assim como um defeito ósseo
vertical a mesial do dente. c - d) Biomaterial de escolha foi o
enxerto ósseo, que foi coberto por uma membrana
reabsorvível. e) Pós-operatório imediato. f) Pós-operatório de
um ano. g – h) Pós-operatório de dois anos, demonstrando
total cicatrização do sítio, assim como ausência de bolsa
periodontal e defeito ósseo radiográfico.
QUAL O BIOMATERIAL REGENERATIVO
MAIS ADEQUADO PARA O
TRATAMENTO DESSAS LESÕES?

Assim como descrito na seção de cirurgias regenerativas, os


biomateriais empregados podem ser as proteínas derivadas da
matriz do esmalte ou enxerto ósseo, associado ou não com
membranas reabsorvíveis. Entretanto, é difícil apontar a
superioridade de um material em relação aos outros.

Cirurgias regenerativas - Furca Grau II

Figura 7. Exemplo de cirurgia regenerativa em um molar


inferior com lesão de furca grau II na face vestibular. a - b)
Condição clínica e radiografia periapical inicial evidenciando
perda óssea entre as raízes. c - d) Extensa perda óssea vertical
e horizontal confirmada após retalho total. e - f) Biomaterial de
escolha foi o enxerto ósseo, o qual foi coberto por uma
membrana reabsorvível. g) Pós-operatório imediato. h – i)
Pós-operatório clínico e radiográfico de 18 meses,
demonstrando total cicatrização do sítio.
Cirurgias regenerativas - Furca Grau II

Figura 8. Exemplo de cirurgia regenerativa em um molar


superior com lesão de furca grau II na face vestibular. a)
Condição clínica inicial. b) Presença de uma lesão cervical
exigindo a realização de odontoplastia na região supracrestal.
Essa manobra permitiu uma adequada realização de uma
restauração transcirúrgica. c) Aspecto clínico após
restauração cervical transcirúrgica. d - e) Mensuração da
extensão do defeito vertical e horizontal em região de furca. f -
g) Biomaterial de escolha foram as proteínas derivadas da
matriz do esmalte. h) Pós-operatório imediato. h – i) Pós-
operatório clínico de um mês, demonstrando excelente
cicatrização local.
EM MOLARES SUPERIORES COM PRESENÇA
DE LESÃO DE FURCA GRAU II UNITÁRIAS OU
MÚLTIPLAS EM REGIÃO INTERPROXIMAL, O
QUE PODE SER UTILIZADO COMO
ALTERNATIVA DE TRATAMENTO?

Por ser uma região mais complexa que uma furca vestibular, além da
regeneração, nesses sítios o cirurgião-dentista também pode
considerar o tratamento não cirúrgico, cirurgia a retalho ou cirurgia
ressectiva (hemissecção, ressecção radicular ou tunelização).

COMO UMA LESÃO DE FURCA GRAU III EM


MAXILA OU EM MANDÍBULA PODE SER TRATADA?

O cirurgião-dentista também pode considerar o tratamento não


cirúrgico, cirurgia a retalho ou cirurgia ressectiva (hemissecção ou
ressecção radicular ou tunelização).

COM RELAÇÃO ÀS CIRURGIAS RESSECTIVAS,


QUAIS AS CARACTERÍSTICAS E INDICAÇÕES
CLÍNICAS DE CADA TÉCNICA?

Tunelização:
Objetivo: Ampliação clínica da área de
furca através de recontorno ósseo e
posicionamento apical da margem
gengival com relação a furca, de forma a
possibilitar a higienização futura da região.

Limitação: Sua principal limitação


Indicação: Molares inferiores, com é com relação ao risco de uma
tronco radicular curto e maior lesão de cárie se desenvolver na
divergência entre os cones região devido à higienização
radiculares. inadequada.
Hemissecção ou ressecção radicular:

Objetivo: Separação total


de um dente e do seu
complexo radicular em
duas partes
(hemissecção) ou
remoção de apenas uma
das raízes (ressecção
radicular).

Indicação: A maior indicação é a eliminação de lesões de furca


grau II e grau III.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente capítulo abordou as indicações cirúrgicas para os sítios


não respondentes às primeiras etapas do tratamento periodontal.
Tais procedimentos devem ser realizados somente em pacientes
capazes de manter bons hábitos de higiene bucal, caso contrário o
dano é maior que benefício almejado.

Além disso, essas cirurgias devem ser realizadas por profissionais


capacitados, uma vez que podem ser consideradas complexas e
técnico-sensitivas. Caso o paciente não atinja um nível de
higienização em que o procedimento possa ser realizado,
recomenda-se a realização de repetidas instrumentações
subgengivais e que o paciente seja incluído em um rígido programa
de manutenção a fim de diminuir o risco de progressão da doença
periodontal e consequente perda dentária.
Fluxograma
CIRURGIA PERIODONTAL EM MOLARES COM LESÃO DE
FURCA (GRAU II E III) E BOLSAS RESIDUAIS

Profissionais com Experiência/habilidade do profissional Recomendamos não


treinamento específico e hábitos de higiene do paciente realizar cirurgia periodontal
ou especialistas devem (ou implante) em pacientes
conduzir esta etapa incapazes de alcançar e
do tratamento manter níveis adequa-
Lesão de furca dos de higiene oral

Grau II Grau III

TERAPIA NÃO CIRÚRGICA, CIRURGIA


RESSECTIVA, CIRURGIA A RETALHO,
Maxila Mandíbula Maxila Mandíbula

TUNELIZAÇÃO
Tratamento não cirúrgico,
Múltipla no Múltipla cirurgia de acesso,
Unitária mesmo dente Unitária no mesmo tunelização, separação ou
dente ressecção radicular
podem ser considerados

Inter- Vestibular e Vestibular e


proximal inter-proximal lingual Lesão de
furca NÃO é
Tratamento não cirúrgico, Tratamento não cirúrgico, Tratamento não cirúrgico, razão para
cirurgia de acesso,
cirurgia de acesso, cirurgia de acesso,
cirurgia regenerativa,
extração
cirurgia regenerativa, separação ou ressecção
separação ou ressecção radicular podem ser separação ou ressecção dentária
radicular podem ser considerados radicular podem ser
considerados considerados

Vestibular Vestibular ou lingual


Sugerimos tratar molares superiores com Sugerimos o tratamento de molares
CIRURGIA REGENERATIVA

bolsas residuais associadas à lesão de inferiores com bolsas residuais


furca vestibular grau II com terapia associadas à lesão de furca grau II com
regenerativa periodontal terapia regenerativa periodontal

Enxertos ósseos associados Derivado de matriz de


ou não com membranas esmalte
absorventes

Recomendamos o tratamento de molares superiores ou


inferiores com bolsas residuais associadas à lesão de furca de
grau II com terapia regenerativa periodontal usando
derivados de matriz de esmalte sozinho ou enxerto derivado
de osso com ou sem membranas reabsorvíveis

Relembre o significado dos marcadores no fluxograma


Grade de recomendações

RECOMENDADO
FORTE
RECOMENDAÇÃO
NÃO RECOMENDADO

SUGERIDO
RECOMENDAÇÃO
NÃO SUGERIDO

PODE SER CONSIDERADO


RECOMENDAÇÃO
ABERTA
NÃO HÁ EVIDÊNCIAS SUFICIENTES

REFERÊNCIAS

1.Matuliene G, Pjetursson BE, Salvi GE, Schmidlin K, Brägger U, Zwahlen M, et al.


Influence of residual pockets on progression of periodontitis and tooth loss: results
after 11 years of maintenance. Journal of clinical periodontology. 2008;35(8):685-
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2.Salvi GE, Mischler DC, Schmidlin K, Matuliene G, Pjetursson BE, Brägger U, et al.
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access flap procedures compared to subgingival debridement in the treatment of
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periodontology. 2020;47 Suppl 22:282-302.

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treatment of furcation involvement: A systematic review. Journal of clinical
periodontology. 2020;47 Suppl 22:375-91.

9.Carnevale G, Pontoriero R, Lindhe J. Tratamento de dentes com envolvimento de


furca. In: Jan Lindhe, Thorkild Karring, Niklaus P. Lang; "Tratado de Periodontia
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Editora; 2005.p.684 - 708.

10.Cortellini P, Tonetti MS. Clinical concepts for regenerative therapy in intrabony


defects. Periodontology 2000. 2015;68(1):282-307.

11.Nibali L, Koidou VP, Nieri M, Barbato L, Pagliaro U, Cairo F. Regenerative surgery


versus access flap for the treatment of intra-bony periodontal defects: A systematic
review and meta-analysis. Journal of clinical periodontology. 2020;47 Suppl 22:320-
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12.Huynh-Ba G, Kuonen P, Hofer D, Schmid J, Lang NP, Salvi GE. The effect of
periodontal therapy on the survival rate and incidence of complications of
multirooted teeth with furcation involvement after an observation period of at least
5 years: a systematic review. Journal of clinical periodontology. 2009;36(2):164-76.
CAPÍTULO 6

TRATAMENTO DAS
DOENÇAS PERIODONTAIS:
terapia periodontal
de suporte
AUTORES

Aldrin André Huamán-Mendoza


Gabriel Bittencourt Damin
Renata Mamprim Stopiglia
Thiago Ramos Reis Reina
Guilherme Costa
Guilherme Castro Lima Silva do Amaral
Marina Clemente Conde
Giuseppe Alexandre Romito
Cristina Cunha Villar
Introdução
Após a conclusão bem sucedida da terapia periodontal ativa, os
pacientes diagnosticados com periodontite podem ser categorizados
de acordo com duas condições distintas: aqueles que possuem um
periodonto reduzido, porém saudável, e aqueles que mantêm a
presença de inflamação gengival juntamente com a periodontite.
Para ambos os grupos, há uma persistente ameaça de recorrência e
progressão da doença, sendo, portanto, essencial a administração de
uma terapia periodontal de suporte (TPS).¹

Assegurar a estabilidade
periodontal
OBJETIVOS DA
TERAPIA
PERIODONTAL Prevenir possíveis
DE SUPORTE: recorrências

A TPS envolve medidas


preventivas e terapêuticas
adaptadas a cada paciente

Intervenções comumente executadas


durante a TPS

Orientações de
higiene bucal
Controle dos
fatores de risco

Remoção do
biofilme
supragengival

Instrumentação
subgengival de
sítios
reinfectados
Imagem: Oswaldo Villa

QUAL É A FREQUÊNCIA IDEAL PARA AS


CONSULTAS DE TERAPIA PERIODONTAL
DE SUPORTE?

RECOMENDADO

Recomenda-se agendar as consultas em intervalos de 3 a no máximo 12


meses, personalizando-as de acordo com o perfil de risco do paciente e
suas condições periodontais após a terapia ativa.²

A avaliação do risco de recorrência da periodontite em um paciente é


um processo multifacetado que requer a consideração de várias
condições clínicas, sem que qualquer parâmetro singular se destaque
de maneira isolada.³
Com o objetivo de atender a essa necessidade, um diagrama
funcional foi desenvolvido e está disponível para consulta em
https://www.perio-tools.com/pra/pt/. Esse diagrama abrange os
seguintes aspectos (Quadro 1, Figura 1): ³

QUADRO 1: FATORES DO DIAGRAMA FUNCIONAL DA


AVALIAÇÃO DO RISCO PERIODONTAL

A porcentagem de sangramento à
1) Porcentagem de sítios com sondagem reflete a habilidade do paciente
sangramento à sondagem em controlar o biofilme supragengival e sua
resposta a ele, refletindo sua aderência aos
(%SS) cuidados.³
Pacientes com um baixo percentual de
sangramento à sondagem (SS <10%) são
geralmente categorizados como tendo um
baixo risco de recorrência da periodontite⁴,
enquanto aqueles com um percentual de SS
>25% são classificados como pacientes de
alto risco.

2) Prevalência (número) de Pacientes com até 4 bolsas residuais de


≥5mm são considerados de baixo risco,
bolsas residuais (PS ≥5mm) enquanto aqueles com mais de 8 bolsas
após terapia periodontal ativa residuais são classificados como alto risco.³

O número de dentes reflete a


3) Perda de dentes funcionalidade da dentição. Pacientes com
até 4 dentes perdidos têm baixo risco,
enquanto aqueles com mais de 8 dentes
perdidos apresentam alto risco.³

O IPOA é determinado no pior sítio do dente


4) Índice de perda óssea mais afetado pela periodontite por meio de
alveolar (IPOA) radiografias periapicais.³

IPOA = % perda óssea alveolar / idade do


paciente. Exemplo de um paciente de 40
anos e com 60% de perda óssea:
IPOA= 60/40 = 1.5 (alto risco).

5) Condições sistêmicas e
Condições sistêmicas como Diabetes Tipo I
genéticas ou II⁵, fatores genéticos como o polimorfismo
da IL-1 e o estresse⁶ aumentam a
suscetibilidade à recorrência e progressão
da periodontite.³
O hábito de fumar cigarro afeta a
suscetibilidade e o resultado do tratamento
em pacientes com periodontite. Além disso,
a ligação entre tabagismo e periodontite é
influenciada pela quantidade de tabaco
consumida, demonstrando uma relação
6) Fatores ambientais como dose-dependente.⁷
tabagismo
Cessação de
Ex-fumante (ExF) tabagismo ≥ 5 anos
(baixo risco)

Fumante casual (FC) ≤ 10 cigarros / dia

Fumante (F) ≤ 20 cigarros / dia

Fumante Pesado > 20 cigarros / dia


(FP) (alto risco)

Figura 1. Diagrama funcional da Avaliação


do Risco Periodontal

Para acessar a ferramenta


on-line acesse o código QR
A ADESÃO À TERAPIA PERIODONTAL
DE SUPORTE É IMPORTANTE?

RECOMENDADO

Recomenda-se que a adesão à TPS seja fortemente promovida, uma


vez que a TPS desempenha um papel crucial na manutenção da
estabilidade periodontal a longo prazo e pode resultar em melhorias
adicionais no estado periodontal.1,8

Controle do biofilme supragengival


pelo paciente

A manutenção da saúde bucal depende do controle adequado do


biofilme supragengival por parte do paciente. Ainda que a escovação
dental costumeiramente seja eficaz em remover 42% a 46% desse
biofilme, é importante reconhecer que algumas áreas interproximais
podem permanecer inacessíveis para as cerdas das escovas de
dente convencionais.

Para abordar essa questão, foram


desenvolvidos vários dispositivos, A manutenção da
incluindo escovas interdentais, palitos de saúde bucal
borracha, palitos de madeira, irrigadores
depende do
orais e fio dental. No entanto, é essencial
acompanhar o uso dessas ferramentas controle
de higiene bucal. adequado do
Isso implica não apenas avaliar quão biofilme
eficazes são na remoção do biofilme, mas supragengival por
também levar em consideração possíveis parte do paciente.
efeitos colaterais, como o
desenvolvimento de lesões traumáticas.
QUAL É A IMPORTÂNCIA DAS
INSTRUÇÕES DE HIGIENE ORAL E COMO
ELAS DEVEM SER REALIZADAS DURANTE A
TERAPIA PERIODONTAL DE SUPORTE?

RECOMENDADO

Recomenda-se fornecer orientações personalizadas e frequentes


sobre higiene oral mecânica, abrangendo a limpeza interdental. Essa
abordagem tem como objetivo controlar a inflamação gengival e
evitar potenciais danos.⁹

COMO SELECIONAR DE FORMA ADEQUADA


O DESIGN DE ESCOVAS DE DENTES MANUAIS
E ELÉTRICAS, ASSIM COMO DISPOSITIVOS DE
LIMPEZA INTERDENTAL?

RECOMENDADO

Recomenda-se considerar as necessidades e preferências individuais


dos pacientes ao escolher o design de escovas de dentes manuais ou
10
elétricas, bem como dos dispositivos de limpeza interdental.

A eficácia das escovas


interdentais está intimamente
ligada à correspondência
entre o diâmetro da escova e
o tamanho e formato do
espaço interdental. Portanto, a
seleção das escovas
interdentais deve ser
específica para os espaços
individuais de cada paciente.¹
DEVEMOS RECOMENDAR ESCOVAS DE
DENTE ELÉTRICA OU MANUAL?

PODE SER CONSIDERADO

O uso de uma escova de dentes elétrica pode ser considerado como


uma alternativa à escovação manual, especialmente para pacientes
9,11
em TPS.

COMO DEVE SER REALIZADA A LIMPEZA


INTERDENTAL EM PACIENTES SOB TPS?

RECOMENDADO

Quando possível de acordo com a anatomia, recomenda-se


complementar a escovação dentária com escovas interdentais
(Figura 2).⁹

O uso inadequado das escovas


interdentais está associado a um
risco moderado de traumatismo. É
crucial que os profissionais não se
restrinjam à avaliação da mera
eficácia desses dispositivos.
Também é de suma importância
monitorar os pacientes em relação
a possíveis efeitos colaterais,
como os primeiros indícios de
traumatismo. De forma geral, os
benefícios resultantes do uso das
escovas interdentais superam de
maneira significativa os riscos
associados (Figura 2).
QUAL É A EFICÁCIA DO FIO DENTAL PARA A
LIMPEZA INTERDENTAL EM PACIENTES SOB TPS?

NÃO RECOMENDADO

O uso do fio dental não é aconselhado como a primeira escolha para


a higienização interdental em pacientes em TPS (Figura 2). Escovas
interdentais demonstram uma maior eficácia na limpeza dos
espaços interdentais em comparação ao fio dental. Portanto, o fio
dental não é a escolha primária recomendada em pacientes em TPS.

QUAL É A EFICÁCIA DE OUTROS DISPOSITIVOS


INTERDENTAIS NA LIMPEZA INTERDENTAL EM
PACIENTES EM TPS?

SUGERIDO

Em áreas interdentais inacessíveis às escovas interdentais, é


aconselhável empregar outros dispositivos de limpeza interdental
como complemento à escovação, em pacientes sob TPS (Figura 2).

Nem sempre é viável alcançar todos os espaços


interdentais com escovas interdentais, mesmo
com as opções pequenas e finas disponíveis no
mercado. Em situações em que essas escovas
não se encaixam, alternativas como palitos de
borracha, irrigadores orais e fio dental podem
ser mais apropriadas.¹ O uso adjunto de
irrigadores orais tem um efeito significativo na
redução da inflamação gengival, embora não
10
tenha impacto no índice de biofilme. Novos
dispositivos, como os palitos de borracha, têm
surgido, porém, há poucas evidências para
pacientes com gengivite. 11, 12
Figura 2. Limpeza das áreas interdentais com
escova interdental

Imagem: Oswaldo Villa

Terapia adjunta para controle da


inflamação gengival

Durante a TPS, o uso


complementar de agentes
adjuntos, principalmente
antissépticos, tem sido sugerido.
Eles podem ser aplicados como
dentifrícios, enxaguatórios bucais
ou em ambas as formas.
QUAL O VALOR DOS AGENTES
ANTISSÉPTICOS/ QUIMIOTERAPÊUTICOS
ADJUNTOS PARA O MANEJO DA
INFLAMAÇÃO GENGIVAL?

PODE SER CONSIDERADO

A base primordial para o gerenciamento da inflamação gengival é a


remoção mecânica do biofilme supragengival, realizada pelo próprio
paciente. Em casos específicos, como parte de uma abordagem de
tratamento personalizada, medidas complementares, incluindo o uso
de antissépticos, podem ser consideradas.13

DEVE-SE RECOMENDAR AGENTES


QUIMIOTERAPÊUTICOS ADJUNTOS PARA
PACIENTES EM TPS?

PODE SER CONSIDERADO

O uso adjunto de antissépticos pode ser considerado como


complemento para auxiliar no controle da inflamação gengival.

No entanto, a eficácia de outros


agentes adicionais, como
probióticos, prebióticos,
agentes anti-inflamatórios e
antioxidantes micronutrientes,
no controle da inflamação
gengival ainda não está
plenamente estabelecida no
contexto da TPS.13
QUAIS ANTISSÉPTICOS SÃO MAIS EFICAZES EM
DENTIFRÍCIOS?

SUGERIDO

Para o controle da inflamação gengival em pacientes sob TPS é


sugerido o uso de dentifrícios que contenham clorexidina, triclosan-
copolímero ou fluoreto de estanho-hexametafosfato de sódio.13 - 15

Substâncias sugeridas

CLOREXIDINA TRICLOSAN

FLUORETO DE ESTANHO-
HEXAMETAFOSFATO DE SÓDIO

QUAIS ANTISSÉPTICOS SÃO MAIS EFICAZES EM


ENXAGUANTES BUCAIS?

SUGERIDO

Se a opção for adotar um enxaguante bucal com antisséptico,


produtos que contenham clorexidina, óleos essenciais e cloreto de
cetilpiridínio (CPC) são recomendados para o controle da inflamação
13 - 16
gengival em pacientes em TPS.

Substâncias sugeridas

CLOREXIDINA ÓLEOS ESSENCIAIS

CLORETO DE CETILPIRIDÍNIO
Terapia de controle supragengival do
biofilme pelo profissional

QUAL A IMPORTÂNCIA DA REMOÇÃO


MECÂNICA PROFISSIONAL DO BIOFILME COMO
PARTE DA TPS?

SUGERIDO

Sugere-se a realização rotineira da


remoção mecânica profissional do
biofilme como parte integral da TPS.
Esse procedimento auxilia na
contenção da perda dentária e na
promoção da estabilidade ou melhora
17
periodontal. Sítios com profundidade
de sondagem maior que 4 mm devem
receber instrumentação subgengival. É
crucial salientar que a instrumentação
repetitiva de áreas saudáveis pode
ocasionar perda de inserção devido a
trauma mecânico.18, 19

MÉTODOS ALTERNATIVOS PODEM SUBSTITUIR


A REMOÇÃO MECÂNICA PROFISSIONAL DO
BIOFILME NA TPS?

NÃO RECOMENDADO

Durante a TPS, não é recomendável substituir a remoção profissional


mecânica do biofilme por tratamentos alternativos, como o laser de
20
Er:YAG ou a terapia fotodinâmica (PDT).
DEVEM SER UTILIZADOS MÉTODOS
ADJUNTOS À REMOÇÃO MECÂNICA
PROFISSIONAL DO BIOFILME NA TPS?

NÃO RECOMENDADO

Não é recomendável utilizar métodos complementares, como terapia


medicamentosa (doxiciclina em dose sub-antimicrobiana) ou terapia
fotodinâmica, como parte do procedimento de remoção mecânica
20 - 22
profissional do biofilme durante a TPS.

Controle dos fatores de risco

É IMPORTANTE INTERVIR PARA CONTROLAR OS


FATORES DE RISCO NA TPS?

RECOMENDADO

Recomenda-se
implementar intervenções
para o controle dos
fatores de risco durante a
TPS. Isso permite que os
pacientes reduzam os
riscos de progressão das
doenças periodontais e
aumentem a estabilidade
do tratamento
periodontal. 23
A CESSAÇÃO DO TABAGISMO PODE AJUDAR
NA TPS?

RECOMENDADO

Recomenda-se realizar intervenções visando a cessação do


tabagismo¹. Pacientes que abandonam o tabagismo podem
apresentar menor perda de inserção em comparação com
23
fumantes,
bem como uma redução na profundidade de sondagem.

COMO O CONTROLE DA
DIABETES PODE AJUDAR NA TPS?

RECOMENDADO

Recomenda-se a aplicação de medidas direcionadas ao controle do


diabetes, incluindo a educação do paciente, orientação dietética e
encaminhamento para monitoramento glicêmico 1, 24 . Em pacientes
com diabetes sob controle adequado, é possível notar uma melhora
nos indicadores de saúde gengival, bem como uma diminuição do
23
sangramento à sondagem.

QUAL É O PAPEL DO EXERCÍCIO FÍSICO (ATIVIDADE),


ACONSELHAMENTO DIETÉTICO OU MODIFICAÇÕES NO
ESTILO DE VIDA VISANDO A MELHORA DA SAÚDE GERAL
NA TPS?

NÃO HÁ EVIDÊNCIAS SUFICIENTES

Apesar de não existirem as evidências sobre a eficácia do exercício


físico, aconselhamento dietético e modificações no estilo de vida no
tratamento da periodontite, tais condutas são comprovadamente
eficazes para saúde geral. Por isso, é aconselhável estimular
modificações no estilo de vida e dietético visando melhorias da saúde
1, 23
geral.
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Efficacy of adjunctive anti-plaque chemical agents: A systematic review and
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22.Carvalho VF, Andrade PV, Rodrigues M, Hirata MH, Hirata RD, Pannuti CM, et al.
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23.Ramseier CA, Woelber JP, Kitzmann J, Detzen L, Carra MC, Bouchard P. Impact
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CAPÍTULO 7

Árvore de
Decisão Clínica no
Tratamento das
Doenças Periodontais
Estádios I - III

AUTORES

Cristina Cunha Villar


Guilherme Castro Lima Silva do Amaral
Isabella Neme Ribeiro dos Reis
Mohamed Ahmed Hassan
Claudio Mendes Pannuti
Giuseppe Alexandre Romito
Introdução
O desenvolvimento de um plano de tratamento adequado é essencial
para o sucesso da terapia periodontal. O plano de tratamento serve
como um guia para direcionar as ações a serem tomadas durante o
tratamento, levando em consideração as necessidades individuais de
cada paciente. Neste capítulo, vamos explorar a criação de uma
árvore de decisão clínica para orientar a abordagem terapêutica das
periodontites nos estádios I a III.

A abordagem terapêutica para o tratamento da periodontite é uma


jornada estruturada, composta por várias etapas, cada uma delas
desempenhando um papel crucial no alcance do sucesso clínico. Esta
árvore de tomada de decisões clínicas é a bússola que guia os
profissionais de saúde bucal no tratamento da periodontite e é
delineada da seguinte forma:

FASES DO PLANO DE TRATAMENTO

1.1. Adequação Comportamental e Controle de Biofilme

Na fase de adequação comportamental e controle de biofilme o foco


é preparar o paciente para o tratamento subsequente.

Aqui, é essencial fornecer


orientações personalizadas, A preparação do
aconselhando o paciente de
forma individualizada sobre como
paciente é essencial para
controlar efetivamente o biofilme otimizar resultados e
supragengival, tanto por meio de assegurar a base para a
métodos mecânicos, como
terapia subsequente
escovação, uso de fio dental e
escovas interdentais,
quanto por meio de intervenções químicas, quando necessário
(consulte o fluxograma ao final deste capítulo). Nesta etapa,
identificamos e controlamos com atenção os fatores de risco
específicos relacionados à doença periodontal.

Além disso, eliminamos os fatores retentivos de biofilme, que


podem dificultar o controle do biofilme pelo paciente, e
realizamos uma remoção profissional do biofilme. Isso
estabelece uma base de saúde bucal sólida para as próximas
fases do tratamento. A preparação detalhada do paciente é
essencial para otimizar os resultados do tratamento e assegurar
uma base robusta para a terapia periodontal subsequente,
tornando-se, portanto, um passo indispensável em todos os
casos de periodontite.

1.2. Fase Ativa da Terapia Periodontal

A fase ativa da terapia


Periodontal, fundamental em
todos os casos de periodontite,
representa a etapa decisiva na
abordagem terapêutica. Neste
estágio, é realizada a
intervenção direta no
tratamento. A instrumentação
subgengival é meticulosamente
executada, empregando-se
pontas de ultrassom, curetas
manuais ou uma combinação
de ambas, para eliminar o
biofilme e os depósitos de
cálculos subgengival. Além
disso, quando se faz necessário,
são implementados adjuntos
terapêuticos, como
Imagens: Oswaldo Villa antissépticos e antibióticos (vide
fluxograma).
1.3. Reavaliação Periodontal

Após a fase ativa, uma reavaliação é realizada aproximadamente


dois meses depois. Profundidades de sondagem e sangramento à
sondagem são verificados, e sítios residuais são abordados por meio
de reinstrumentação, seja ela cirúrgica ou não.

1.4. Fase Cirúrgica

Uma abordagem cirúrgica é indicada para sítios que não respondem


às primeiras fases do tratamento periodontal (vide fluxograma).
Após uma reavaliação periodontal, os locais com profundidade de
sondagem igual ou superior a 6 mm, bem como aqueles com
características anatômicas complexas, tais como concavidades
radiculares, lesões de furca e bolsas infraósseas, tornam-se
candidatos a intervenções cirúrgicas.

É importante ressaltar que tais


procedimentos devem ser
Locais com profundidade
realizados somente em pacientes
de sondagem igual ou capazes de manter uma higiene
superior a 6 mm, bem bucal adequada, pois, do
contrário, os riscos superam os
como concavidades
benefícios esperados.
radiculares, lesões de
furca e bolsas Caso o paciente não alcance um
infraósseas, tornam-se nível de higiene bucal adequado
para realizar o procedimento,
candidatos a
recomenda-se a realização de
intervenções cirúrgicas múltiplas instrumentações
subgengivais e a inclusão do
paciente em um rigoroso
programa de suporte, com o
objetivo de reduzir o risco de
progressão da doença periodontal
e, consequente, a perda dentária.
Essas intervenções abrangem cirurgias de acesso, ressectivas e
regenerativas e seus principais objetivos são obter acesso às bolsas
periodontais profundas, promover a regeneração dos tecidos
periodontais, eliminar lesões que influenciam na complexidade do
tratamento e/ou facilitar o controle do biofilme realizado tanto pelo
paciente quanto pelo profissional durante a fase de manutenção. As
cirurgias devem ser conduzidas por profissionais qualificados, dado
que requerem habilidades técnicas sensíveis.

1.5. Terapia Periodontal de Suporte

A terapia periodontal de suporte representa uma etapa contínua e


crucial para assegurar o êxito a longo prazo do tratamento
periodontal, sendo indicada para todos os pacientes com
periodontite (vide fluxograma). Nesse estágio, o intervalo entre as
consultas é cuidadosamente adaptado, variando de 3 a, no máximo,
12 meses, e essa adaptação é feita com base no risco individual de
progressão da doença periodontal de cada paciente. Essa
abordagem personalizada desempenha um papel fundamental na
manutenção dos resultados obtidos nas fases anteriores e na
preservação da saúde periodontal ao longo do tempo.

Na terapia periodontal de suporte, a ênfase recai sobre a adoção de


uma abordagem de cuidado contínuo e altamente personalizado.
Isso implica em fornecer orientações personalizadas e frequentes
sobre higiene oral mecânica, incluindo instruções detalhadas sobre a
limpeza interdental, para garantir uma remoção eficaz do biofilme. A
consideração do uso complementar de antissépticos pode ser valiosa
para auxiliar no controle da inflamação gengival, especialmente em
pacientes com maior risco.

Outros componentes essenciais


da terapia de suporte incluem a
remoção mecânica profissional do A abordagem completa e
biofilme e o controle de fatores de personalizada na TPS tem
risco, como tabagismo e diabetes,
um papel crítico na
que devem ser conduzidos de
maneira rotineira (fluxograma garantia de resultados
para consulta ao final do capítulo). duradouros e na saúde
bucal a longo prazo
Essa abordagem completa e
personalizada na terapia
periodontal de suporte
desempenha um papel crítico na garantia de resultados duradouros e
desempenha
na manutenção da saúde bucal a longo prazo.

Conclusão
A árvore de decisão clínica no tratamento periodontal para estágios I
a III é um guia estruturado que considera as características individuais
do paciente e as necessidades específicas de cada estágio da
doença.

A abordagem terapêutica é baseada em evidências, priorizando a


adequação comportamental, o controle de biofilme e a reavaliação
constante para garantir resultados satisfatórios e a saúde periodontal
a longo prazo. Mais uma vez destaca-se que a colaboração ativa do
paciente é fundamental para o sucesso do tratamento.
Árvore de
Decisão Clínica no Tratamento
das Doenças Periodontais
Estádios I - III

Legenda
PRIMEIRO PASSO
Saúde Periodontal
Gengivite
Periodontite estádios I - II
Orientações individualizadas Periodontite estádio III
aos pacientes sobre
remoção do biofilme
supragengival e
modificação
comportamental Motivar paciente a
hábitos de higiene bucal

Controle mecânico: escova manual ou


elétrica e dispositivos de limpeza interproximal
Controle do biofilme
supragengival em faces
livres e interproximais Controle químico: enxaguatórios e
(pelo paciente) dentifrícios com ação antimicrobiana
(vide Capítulo 4)

Remoção do cálculo
supragengival
Controle do biofilme
supragengival
(pelo profissional)
Remoção de fatores
retentores de biofilme

Fatores de risco estabelecidos:

Cessação do
tabagismo
Controle dos fatores
de risco
Controle do
diabetes

Indicadores de risco:

Hábitos alimentares
inadequados e ausência
de exercícios físicos
SEGUNDO PASSO

Instrumentação
Subgengival Boca toda ou por sextantes/quadrantes

Com ultrassom, instrumentos Locais (antissépticos e antibióticos)


manuais ou combinados
Sistêmicos (antibióticos) apenas para
casos específicos: Periodontite
Agentes adjuvantes estádio III ou IV em adultos jovens

TERCEIRO PASSO

Reavaliação periodontal para identificar


a necessidade de tratamentos adicionais

Sítios não respondentes PS 4-6 mm:


Cada caso pode ter
Reinstrumentação mais de uma
subgengival indicação cirúrgica,
Cirurgias de acesso conforme o grau e
localização.
Sítios não respondentes PS ≥ 6 mm: Aprofunde-se
Cirurgias ressectivas consultando o
Abordagem cirúrgica fluxograma do
Cirurgias regenerativas capítulo 6.

TERAPIA PERIODONTAL DE SUPORTE

Avaliação e Reforço das Estímulo Remoção profissional


monitoramento orientações contínuo ao do biofilme
da saúde para higiene paciente para supragengival e
sistêmica e oral a vigilância dos instrumentação
periodontal fatores subgengival das
de risco bolsas residuais

Adaptado de Sanz, 2020 e Herrera, 2022

Relembre o significado dos marcadores no fluxograma


Grade de recomendações

RECOMENDADO
FORTE
RECOMENDAÇÃO
NÃO RECOMENDADO

SUGERIDO
RECOMENDAÇÃO
NÃO SUGERIDO

PODE SER CONSIDERADO


RECOMENDAÇÃO
ABERTA
NÃO HÁ EVIDÊNCIAS SUFICIENTES

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