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DISCIPLINA DE PERIODONTIA

PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
Professores Responsáveis: Tatiana Miranda Deliberador, Carmen L. Mueller Storrer, Felipe
Rychuv Santos e Viviane Crivellaro.
Mestrandos: Cassiana Majewski e Rafael Cunali

SEQUÊNCIA CLÍNICA DE ATENDIMENTO DE PACIENTES PERIODONTAIS


1. ANAMNESE
2. EXAME CLÍNICO PERIODONTAL e EXAME RADIOGRÁFICO
3. PREENCHIMENTO DE PERIOGRAMA (quando necessário)
4. ESTABELECER UM DIAGNÓSTICO PERIODONTAL
5. ESTABELECER UM PLANO DE TRATAMENTO PERIODONTAL
a. REALIZAR O TRATAMENTO PERIODONTAL DO PACIENTE
DE ACORDO COM O DIAGNÓSTICO PERIODONTAL
6. REAVALIAÇÃO PERIODONTAL
7. TRATAMENTO PERIODONTAL CIRÚRGICO (quando necessário)
8. MANUTENÇÃO PERIODONTAL OU TERAPIA PERIODONTAL DE
SUPORTE
1. ANAMNESE
Fatores importantes a serem perguntados e observados na anamnese:
o Diabetes
 A diabetes pode influenciar a exacerbação da doença periodontal
 A doença periodontal pode influenciar no controle glicêmico do
paciente diabetes
o Fumo
 Pacientes fumantes apresentam vasoconstrição periférica. Desta
forma, o sangramento à sondagem PODE estar ausente. Mas isso não
caracteriza ausência de doença periodontal.
2
O fumo é fator de risco para as Doenças Periodontais (1998 ).
o Estresse
 A Academia Americana de Periodontia (19982) considera o estresse
como fator de risco para as Doenças Periodontais.
o Problemas hormonais
 Adolescência, período menstrual, uso de anticoncepcional e gravidez
podem influenciar na exacerbação das Doenças Periodontais.
o Doença periodontal prévia
 Pacientes que já tiveram Gengivites e Periodontites
o Fator genético
 Relacionada principalmente com a Fibromatose Gengival Hereditária e
Periodontite Agressiva
o Uso de medicamentos
 Anticonvulsivantes, imunossupressores e bloqueadores dos canais de
cálcio. Estes medicamentos podem causar hiperplasia gengival.
 Anticoagulantes devido o risco de hemorragias.
o Parafunção noturna e ou diurna
 Bruxismo; apertamento; onicofagia; mascar chicletes, bala; mordiscar
lábios e língua.
o Doenças sistêmicas

2. EXAME CLÍNICO PERIODONTAL e EXAME RADIOGRÁFICO


O exame clínico deve ser iniciado pela observação clínica.
2.1. Observação clínica
 Observar todas as estruturas da cavidade bucal (lábios, bochechas, língua, palato duro
e mole, assoalho de boca, dentes)
 Observar as características normais e alteradas do periodonto* (ver quadro
explicativo)

2
Maurizio S. Tonetti. Cigarette Smoking and Periodontal Diseases: Etiology and Management of Disease. Annals of
Periodontology July 1998, Vol. 3, No. 1: 88-101.
2
Robert J. Genco, Alex W. Ho, Jeffrey Kopman,Sara G. Grossi, Robert G. Dunford and Lisa A. Tedesco. Models to
Evaluate the Role of Stress in Periodontal Disease. Annals of Periodontology Jul 1998; 3(1), 288-302.
 Presença de freios e bridas

Observar a presença do freio labial superior com baixa inserção.

 Quantidade de gengiva inserida

Observar a característica do biótipo periodontal (fino) e a quantidade de gengiva inserida.

 Presença de retração ou recessão gengival

Presença de recessão gengival (migração apical da margem gengival) localizada nos dentes 23, 24 e 25.
 Presença de cálculo dental

Observar a presença de cálculo dental localizado nos dentes 31 e 41.

 Presença de apinhamento dental

Observar a presença apinhamento dental associado a gengivite.

 Presença de aparelho ortodôntico

Observar a presença hiperplasia gengival associada ao uso do aparelho ortodôntico.

 Presença de facetas de desgaste e abfrações


Observar a presença abfração, abrasão e facetas de desgaste nos dentes 13, 14, 15 e 16..

 Presença contenção dental


 Presença de cavidades cariosas
 Presença de raízes residuais e dentes condenados
 Ausência de ponto de contato
 Presença de restaurações mal adaptadas
 Presença de próteses com sob ou sobrecontorno
 Verificar se o paciente tem hipersensibilidade radicular
 Verificar se o paciente é respirador bucal

2.2. Sondagem Periodontal – Usar sonda periodontal milimetrada (Figura 1 e 2)


 A) Fazer uma SONDAGEM PERIODONTAL INICIAL (SONDAGEM DE PASSEIO) para
verificar ou não a necessidade do preenchimento do periograma.
 B) Medir o NÍVEL GENGIVAL (distância entre a união cemento esmalte (UCE) até a
margem gengival (MG). Avalia a presença de recessão gengival ou falsa bolsa).
 C) Medir a PROFUNDIDADE CLÍNICA DE SONDAGEM (distância entre a margem
gengival até a ponta da sonda periodontal durante o exame de sondagem periodontal.
A ausência de saúde do periodonto pode alterar essa medida.
 D) Verificar a presença de SANGRAMENTO À SONDAGEM (Índice de sangramento
gengival)** ver quadro explicativo
 E) Medir o NÍVEL DE INSERÇÃO CLÍNICA (distância entre a união cemento esmalte
(UCE) até a ponta da sonda periodontal durante o exame de sondagem periodontal. A
saúde do periodonto pode alterar essa medida.
 F) Medir o NÍVEL DE INSERÇÃO RELATIVO (distância entre um ponto de referência fixo
do dente ou da prótese até a ponta da sonda periodontal durante o exame de
sondagem periodontal. Esta medida deve ser utilizada quando o dente não apresenta
mais a UCE visível ou palpável).
 G) Sondar as Lesões de furca – usar sonda de nabers (Figura 3 e 4) (Classificação de
Hamp et al. 1975):
o Classe/ Grau I: perda óssea no sentido horizontal < que 3mm
o Classe/ Grau II: perda óssea no sentido horizontal ≥ que 3mm
mas não estende de lado a lado
o Classe/ Grau III: perda óssea no sentido horizontal que se
estende da lado a lado

(Figura 1 – Sonda periodontal milimetrada)

(Figura 3 – Sonda de Nabers)


(PCS) (UCM-MG) (NCI)

(Figura 2 – Foto ilustrativa das medidas de PCS, UCM-MG e NCI)

(Figura 4 – Foto ilustrativa das medidas de lesões de furca)

2.3.Verificar e anotar na ficha periodontal a presença dos fatores retentivos de placa.


Os principais seguem abaixo:
a. Restaurações e próteses mal adaptadas
b. Cálculo dental
c. Cavidades cariosas
d. Raízes residuais
e. Aparelho ortodôntico
f. Contenção dental
g. Apinhamento dental

2.4. Verificar a presença de Mobilidade Dental (Usar a classificação de Nyman e Lindhe


2005). Se estiver presente anotar na ficha periodontal.
a. Grau 1: mobilidade dental no sentido horizontal de 0,2 a 1mm
b. Grau 2: mobilidade dental no sentido horizontal > que 1mm
c. Grau 3: mobilidade dental no sentido horizontal e vertical

2.5. Realizar, se necessário, o Índice Periodontal.


a. Índice de Placa de O’Leary (no de faces coradas x 100/ no de dentes x 4)

2.6. Exame radiográfico


a. Levantamento periapical completo (quando houver necessidade)
b. Radiografia panorâmica

* Características normais e alteradas do periodonto:


Características Clínicas Periodonto Normal Periodonto com Gengivite
Coloração Rósea pálido Avermelhada
Contorno Arco côncavo regular Irregular
Superfície e textura Opaca e com aspecto de casca de Brilhante e sem aspecto de casca de
superficial laranja e laranja
Consistência Firme Flácida
Papilas Formato triangular ocupando Edemaciadas
todo espaço interproximal

**Índice de Sangramento Gengival:


Escores Critérios
Sem Ausência de sangramento
bolinha
Com Presença de sangramento
bolinha

3. PREENCHIMENTO DE PERIOGRAMA
O periograma só será preenchido quando o paciente apresentar bolsas
periodontais, sangramento à sondagem e perda de inserção periodontal
(Diagnóstico de Periodontite). Para obter essa informação o aluno deve realizar
uma sondagem de passeio. Para os pacientes que foram diagnosticados apenas
com gengivite, não será necessário preencher o periograma.

Parâmetros clínicos que devem ser anotados no periograma (Figura 5):


 NÍVEL GENGIVAL (UEC-MG)
 PROFUNDIDADE CLÍNICA DE SONDAGEM (PCS)
 SANGRAMENTO À SONDAGEM (SS)
 NÍVEL DE INSERÇÃO CLÍNICA (NCI)
 PRESENÇA DE LESÕES DE FURCA – usar a legenda abaixo e seguir o
modelo do periograma (foto abaixo)
 PRESENÇA DE MOBILIDADE DENTAL – usar a legenda abaixo e seguir o
modelo do periograma
o Grau 1
o Grau 2
o Grau 3

Figura 5 – Foto ilustrativa do periograma preenchido

4. DIAGNÓSTICO PERIODONTAL
O diagnóstico periodontal deve ser dado de acordo com a CLASSIFICAÇÃO DAS
DOENÇAS E CONDIÇÕES PERIODONTAIS da Academia Americana de Periodontia
(AAP) de 1999. Esta classificação está apresentada logo abaixo de uma forma
resumida.

CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS E CONDIÇÕES PERIODONTAIS (AAP 1999)


I. Doenças Gengivais
A. Doenças gengivais induzida por placa dental
1. Gengivite associada com placa dental somente
B. Lesões gengivais não induzida por placa
II. Periodontites Crônicas*
A. Localizada (  30% dos sítios envolvidos pela doença)
B. Generalizada ( 30 % dos sítios envolvidos pela doença)
III. Periodontites Agressivas
A. Localizada (doença envolvendo os incisivos e primeiros molares e não mais
que dois dentes permanentes além desses)
B. Generalizada (doença envolvendo mais que 3 dentes permanentes além dos
incisivos e primeiros molares)
IV. Periodontites como manifestações de doenças sistêmicas
V. Doenças Periodontais Necrosantes
A. Gengivite ulcerativa necrosante (GUN)
B. Periodontite ulcerativa necrosante (PUN)
VI. Abcessos do Periodonto
A. Abscessos gengivais
B. Abscessos periodontais
C. Abscessos pericoronais (pericoronarite)
VII. Periodontites associadas a lesões endodônticas
VIII. Deformidades e condições desenvolvidas ou adquiridas

* A Periodontite crônica pode ser classificada de acordo com a sua extensão em: leve
(1 a 2 mm de NCI), moderada (3 a 4 mm de NCI) ou severa ( 5 mm mm de NCI)

5. PLANO DE TRATAMENTO PERIODONTAL


O plano de tratamento periodontal deve ser estabelecido de acordo com o
diagnóstico periodontal encontrado. Logo abaixo será apresentado o plano de
tratamento periodontal das principais doenças periodontais (Gengivites,
Periodontite Crônica, Periodontite Agressiva, Doenças Periodontais Necrosantes e
Abscessos do Periodonto).

GENGIVITE

DEFINIÇÃO DA GENGIVITE: é uma inflamação resultante de bactérias localizada na


gengiva marginal (Mariotti A. Dental Plaque-Induced Gingival Diseases. Annals of
Periodontology, 4(1), 1999).

CARACTERÍSTICAS DA GENGIVITE ASSOCIADA COM A PLACA DENTAL SOMENTE


(INDUZIDA POR PLACA) (Figura 6)
 Sinais e sintomas confinados a gengiva
 Presença de placa bacteriana na gengiva marginal
 A doença inicia-se pela gengiva marginal
 Sinais clínicos de inflamação
 Alteração na coloração gengival (coloração avermelhada)
 Alteração do contorno gengival (por edema ou fibrose gengival)
 Aumento do exsudato gengival
 Presença de sangramento à sondagem
 Ausência de perda de inserção (níveis de inserção estáveis)
 Ausência de perda óssea
 Reversibilidade da doença após a remoção da placa bacteriana
 Possível precursor da perda de inserção

DIAGNÓSTICO DA GENGIVITE ASSOCIADA COM A PLACA DENTAL SOMENTE


(INDUZIDA POR PLACA)
O diagnóstico deste tipo de gengivite é um diagnóstico clínico, pois esta doença não
apresenta sinais radiográficos.
Para estabelecer o diagnóstico os itens abaixo devem ser observados:
 Presença de sangramento à sondagem (fundamental para o diagnóstico
clínico da gengivite. O sangramento à sondagem surge mais
precocemente que a alteração da cor ou outros sinais de inflamação)
 Aumento da produção do fluido crevicular gengival
 Alteração de coloração, textura, contorno e consistência gengival
 Pode ter a presença ou não de cálculo supragengival
 Pode ter presença de falsa bolsa periodontal (profundidade de
sondagem aumentada)
 Pode ter aumento de volume gengival
 Ausência de perda de inserção clínica

Figura 6 – Caso de Gengivite induzida por placa

TRATAMENTO DA GENGIVITE
Deve ser realizado através das seguintes etapas:
1) Procedimentos periodontais básicos:
 Orientação da higiene bucal
 Controle mecânico do biofilme dental pela técnica de Bass
Modificada3 (Figura 7 A, B, C e D) + uso do fio dental4 (Figura 8).
Se necessário, uso dos meios auxiliares de escovação (escovas
unitufo e escovas interproximais).
 Controle químico do biofilme dental#: só será indicado nos casos
em que o controle mecânico da placa dental não está sendo
efetivo e/ou quando o paciente apresentar ausência de
coordenação motora.

3
A técnica de Bass de Modificada tem como principal objetivo fazer com que as cerdas da escova
penetrem no sulco gengival ou na bolsa periodontal para desorganizar o biofilme dental da região. Por
este motivo, é que a escova deve ser posicionada em 45 graus em relação ao longo eixo do dente.
4
O fio dental deve penetrar dentro do sulco gengival ou da bolsa periodontal na região interproximal
com o objetivo de desorganizar o biofilme da região.
 Motivação da higiene bucal e motivação da mudança de hábitos
 Raspagem, alisamento e polimento (RAP) coronoradicular
SUPRAGENGIVAL (fazer apenas quando for diagnosticada a presença de
cálculo supragengival). Como realizar:
1. Pode ser realizada com aparelho de ultrassom (para raspagem) e com
curetas periodontais manuais (para alisamento).
2. Pode ser realizada somente com curetas periodontais manuais (para
raspagem e alisamento)
3. Pode ser utilizado o jato de bicarbonato (para remoção de manchas
dentais)
4. OBRIGATÓRIO fazer a profilaxia dental (com finalidade de polimento).
Este procedimento se faz com taça de borracha nas superfícies livres e
com escova de robson nas superfícies oclusais. Usando pasta profilática
ou pedra pomes + água.
 Remoção de fatores retentivos de placa (caso o paciente apresente).
Quais são os principais e como realizar:
1. Excessos de restaurações em áreas proximais: fazer com tiras de lixas
e/ou brocas de acabamento
2. Restaurações inadequadas com necessidade de recontorno e
repolimento
3. Cáries dentárias: fazer a adequação do meio bucal
4. Próteses com sobre ou sob contorno: fazer a remoção com uso de
brocas apropriadas
5. Raízes residuais: quando indicado realizar as extrações

2) Reavaliação Periodontal: após 30 a 45 dias dos procedimentos periodontais básicos


3) Terapia periodontal de suporte: acompanhamento do paciente a longo prazo.
Consultas de retorno a cada 3 meses, mas o tempo de retorno pode variar de caso
para caso.

# Como fazer a prescrição para o CONTROLE QUÍMICO DO BIOFILME DENTAL:

Para João da Silva, 32 anos

Uso Externo

Digluconato de clorexidina 0,12% ------------------------------------------------- 250ml

Fazer bochechos com 15ml da solução durante 1 (um) minuto, a cada 12 (doze) horas,
durante 7 a 14 dias. Fazer o bochecho 30 minutos após a escovação.

Data

Assinatura
PERIODONTITE

CARACTERÍSTICAS DAS PERIODONTITES

DEFINIÇÃO DA PERIODONTITE: Doença infecciosa que resulta em inflamação nos


tecidos de suporte dos dentes, perdas de inserção e óssea progressivas. É
caracterizada por formação de bolsa periodontal e/ou recessão gengival (FLEMMIG T.
Periodontitis. Annals of Periodontology, 4(1), 1999).

AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DAS PERIODONTITES INCLUEM:


- perda de inserção clínica
- presença de bolsa periodontal
- presença de inflamação gengival
- presença de sangramento à sondagem

OUTRAS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS INCLUEM:


- recessão ou aumento de volume gengival
- aumento da mobilidade dental podendo levar a perda do elemento dentário
- presença de migração dental

AS CARACTERÍSTICAS HISTOLÓGICAS:
- migração apical do epitélio juncional
- perda óssea
- aumento do número de leucócitos polimorfonucleares
- infiltrado inflamatório celular denso

DIAGNÓSTICO DA PERIODONTITE
O diagnóstico da periodontite é um diagnóstico clínico. O exame radiográfico é um
exame complementar, pois não se consegue verificar se tem doença periodontal ativa
apenas com o exame radiográfico.
Para estabelecer o diagnóstico da Periodontite os itens abaixo devem ser observados:
 Diagnóstico clínico
 Alteração de coloração e textura gengival
 Presença de sangramento à sondagem + Profundidade clínica de
sondagem > 3mm + perda de inserção clínica
 Pode ter a presença de cálculo subgengival
 Pode ter mobilidade dental e alteração na posição dos dentes
 Pode ter a presença de supuração
 Presença de sinais radiográficos
 Perdas ósseas verticais e/ou horizontais
 Pode apresentar o envolvimento de furca

CARACTERÍSTICAS DA PERIODONTITE CRÔNICA (Figura 9 e 10)


 Maior prevalência em adultos, mas pode ocorrer em crianças e adolescentes;
 Quantidade de destruição é consistente com a presença de fatores locais;
 Cálculo subgengival é um achado freqüente;
 Associada com um padrão microbiológico variável;
 Ritmo de progressão lento a moderado, mas pode ter períodos de rápida
progressão;
 Pode ser classificada com base na extensão e severidade;
o EXTENSÃO (É baseada no número de sítios envolvidos)
 Localizada: quando ≤ a 30% dos sítios são afetados pela
periodontite
 Generalizada: quando > que 30% dos sítios são afetados pela
periodontite
o SEVERIDADE (É baseada na quantidade de perda de inserção clínica.
Pode ser descrita para toda a dentição ou para um dente ou sítio
individual)
 Leve: quando a perda de inserção clínica é de 1 a 2mm
 Moderada: quando a perda de inserção clínica é de 3 a 4mm
 Severa: quando a perda de inserção clínica é ≥ 5 mm
 Pode estar associada com fatores locais predisponentes (por exemplo, fatores
relacionados ao dente ou iatrogênicos);
 Pode ser modificada por e/ou associada a doenças sistêmicas (por exemplo,
diabetes mellitus, infecção por HIV);
 Pode ser modificada por fatores diferentes das doenças sistêmicas tal como o
fumo de cigarro e estresse emocional.

Figura 9 – Caso de Periodontite Crônica Generalizada Avançada

Figura 10 – Profundidade de sondagem de 8mm na disto-vestibular do dente 12.


CARACTERÍSTICAS DA PERIODONTITE AGRESSIVA (Figura 11, 12, 13, 14 e 15)

CARACTERÍSTICAS COMUNS AOS PACIENTES COM PERIODONTITE AGRESSIVA:


 Os pacientes são clinicamente saudáveis (na maioria dos casos o paciente não
apresenta problemas sistêmicos envolvidos);
 Rápida perda de ligamento periodontal e destruição óssea;
 Agregação familiar (fator genético envolvido);

CARACTERÍSTICAS SECUNDÁRIAS AOS PACIENTES COM PERIODONTITE AGRESSIVA,


MAS NÃO UNIVERSAIS:
 Quantidade de depósitos bacterianos incompatíveis com a severidade e
destruição dos tecidos periodontais;
 Proporções elevadas de Agregatibacter actinomicetencomitans e em algumas
populações proporções elevadas de Porphilomonas gingivalis;
 Anormalidades nos fagócitos;
 Funções elevadas dos macrófagos, incluindo níveis elevados de Prostaglandinas
E2 (PGE2) e Interleucina 1 (IL-1);
 Pode ser classificada com base na extensão.
o EXTENSÃO
 Periodontite Agressiva Localizada: (doença envolvendo os
incisivos e primeiros molares e não mais que dois dentes
permanentes além desses)
 Periodontite Agressiva Generalizada: (doença envolvendo mais
que 3 dentes permanentes além dos incisivos e primeiros
molares)

PERIODONTITE AGRESSIVA LOCALIZADA


 Início da doença na fase da puberdade;
 Doença localizada no primeiro molar e/ou incisivo com perda de
inserção proximal em pelo mais menos dois dentes permanentes, um
dos quais, obrigatoriamente, o primeiro molar;
 Grave resposta de anticorpos sorológicos aos agentes infecciosos.

PERIODONTITE AGRESSIVA GENERALIZADA


 Geralmente afeta pessoas abaixo de 30 anos. Contudo, podem ser mais
velhos;
 Pouca resposta de anticorpos sorológicos aos agentes infecciosos;
 Pronunciada natureza episódica de destruição da inserção periodontal;
 Perda de inserção proximal generalizada afetando pelo menos 3 dentes
permanentes além doa primeiros molares e incisivos.

OBS: Existem fatores que modificam o risco da PERIODONTITE AGRESSIVA (fumo de


cigarro, estresse emocional e hormônios sexuais).
Figura 11 – Caso de Periodontite Agressiva Localizada. Paciente do sexo feminino com 28 anos de idade.

Figura 12 – Caso de Periodontite Agressiva Localizada. Profundidade clínica de sondagem de 7mm na mesio-vestibular do dente
13.

Figura 13 – Radiografia panorâmica do caso de Periodontite Agressiva Localizada.


Figura 14A – Caso de Periodontite Agressiva Localizada, observar a perda óssea nos incisivos centrais superiores.

Figura 14B – – Caso de Periodontite Agressiva Localizada, observar a sondagem clínica na mesio-vestibular do dente 36 e a perda
óssea vertical na mesial e distal do dente 36.

Figura 15A – Caso de Periodontite Agressiva generalizada em uma paciente com 30 anos de idade.

Figura 15B – Radiografia panorâmica do caso de Periodontite Agressiva generalizada em uma paciente com 30 anos de idade.

TRATAMENTO DAS PERIODONTITES (exceto Periodontite Agressiva):


Deve ser realizado através das seguintes etapas:
1) Procedimentos periodontais básicos:
 Orientação da higiene bucal
 Controle mecânico do biofilme dental pela técnica de Bass
Modificada (Figura 7) + uso do fio dental. Se necessário, uso dos
meios auxiliares de escovação (escovas unitufo e escovas
interproximais)
 Controle químico do biofilme dental: indicado para todos os
pacientes diagnosticados com Periodontite. A prescrição será
por 14 dias com a mesma posologia descrita acima.
 Motivação da higiene bucal e motivação da mudança de hábitos
 Raspagem, alisamento e polimento (RAP) coronoradicular
SUPRAGENGIVAL E SUBGENGIVAL divididos por sextantes ou
quadrantes. Como realizar:
1. Pode ser realizada com aparelho de ultrassom para raspagem supra e
subgengival e com curetas periodontais manuais para alisamento.
2. Pode ser realizada somente com curetas periodontais manuais para
raspagem supra e subgengival e alisamento.
3. Pode ser utilizado também o jato de bicarbonato para remoção de
manchas dentais.
4. OBRIGATÓRIO fazer a profilaxia dental (com finalidade de polimento)
após ser realizada a raspagem. Este procedimento se faz com taça de
borracha nas superfícies livres e com escova de robson nas superfícies
oclusais. Usando pasta profilática ou pedra pomes + água.
 Remoção de fatores retentivos de placa (caso o paciente apresente).
Quais são os principais e como realizar:
1. Excessos de restaurações em áreas proximais: fazer com tiras de lixas
e/ou brocas de acabamento
2. Restaurações inadequadas com necessidade de recontorno e
repolimento
3. Cáries dentárias: fazer a adequação do meio bucal
4. Adaptação de próteses provisórias: próteses com sobre ou sob
contorno: fazer a remoção com uso de brocas apropriadas ou confecção
de um novo provisório
5. Raízes residuais: quando indicado realizar as extrações
 Tratamento endodôntico prévio: se for diagnosticado lesão
endoperiodontal.
 Ajustes oclusais: realizar nos casos de migrações dentárias ou trauma
oclusal.
 Conteções provisórias: realizar nos dentes que apresentam mobilidade
dental grau 2 ou 3.

2) Reavaliação Periodontal: após 30 a 45 dias dos procedimentos periodontais básicos.


OBS. Dependendo do resultado encontrado na reavaliação periodontal o paciente
pode :
 Estar saudável e ser encaminhado para a Terapia Periodontal de Suporte
 Estar com doença periodontal ativa e ser encaminhado novamente para
os procedimentos básicos periodontais
 Estar com doença periodontal ativa e ser encaminhado para o
tratamento cirúrgico periodontal (Critérios para esta opção de
tratamento: Presença de sangramento à sondagem + Profundidade
clínica de sondagem  7 mm + Presença de lesão de furca Grau II ou III)

3) Terapia periodontal de suporte: acompanhamento do paciente a cada 3 meses.

TRATAMENTO DA PERIODONTITE AGRESSIVA LOCALIZADA E GENERALIZADA:


A periodontite agressiva necessita de um protocolo específico de tratamento por ser
uma doença diferente da periodontite crônica. Logo abaixo está o protocolo a ser
seguido:

1) Orientação da higiene bucal + Raspagem, alisamento e polimento (RAP)


coronoradicular SUPRAGENGIVAL de toda cavidade bucal
2) Raspagem, alisamento e polimento (RAP) coronoradicular SUBGENGIVAL divididos
em quadrantes ou sextantes + Antibióticoterapia## + prescrição de clorexidina 0,12%#
(NESTE CASO ESPECÍFICO A PRESCRIÇÃO DA CLOREXIDINA DEVERÁ SER POR 40 DIAS).
OBS. O tratamento completo da raspagem subgengival idealmente deverá ser
realizado no total de 14 dias. Tempo este em que o paciente vai tomar a medicação
antibiótica.

## Como fazer a prescrição da antibioticoterapia para a Periodontite Agressiva:

Para João da Silva, 32 anos

Uso Interno

Metronidazol 400mg ------------------------------------------------- 42 comprimidos

Tomar 1 comprimido a cada 8h por 14 dias.

Amoxicilina 500mg ------------------------------------------------- 42 cápsulas

Tomar 1 comprimido a cada 8h por 14 dias.

Data

Assinatura
DOENÇAS PERIODONTAIS NECROSANTES

AS PRINCIPAIS DOENÇAS PERIODONTAIS NECROSANTES SÃO:


 Gengivite ulcerativa necrosante (GUN): doença presente somente no
periodonto de proteção
 Periodontite ulcerativa necrosante (PUN): quando ocorre perda óssea,
envolvimento do periodonto de sustentação.

CARACTERÍSTICAS DA GENGIVITE ULCERATIVA NECROSANTE


 É geralmente uma doença aguda
 Paciente geralmente apresenta alterações nos hábitos de vida: estresse, má
nutrição e tabagismo

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS GENGIVITE ULCERATIVA NECROSANTE (Figura 16)


 Necrose da papila interproximal – inversão papilar
 Presença de peseudomembrana
 Dor intensa
 Sangramento intenso ao toque
 Odor fétido
 Gosto metálico
 Sialorréia (aumento da salivação)
 Pode ter alterações sistêmicas (febre, linfoadenopatia e mal-estar)

Figura 16 – Caso de Gengivite ulcerativa necrosante com inversão papilar entre os dentes 13 e 14.

DIAGNÓSTICO DA GENGIVITE ULCERATIVA NECROZANTE


 Através da anamnese com atenção especial ao modo de vida do paciente, hábitos e
alimentação
 Verificar a presença das características clínicas

TRATAMENTO DA GENGIVITE ULCERATIVA NECROZANTE


O tratamento será dividido em 3 consultas
1. Primeira consulta
 Realizar uma anamnese completa focando em:
o Doenças recentes
o Modo de vida
o Hábitos alimentares
o Tabagismo
o Horas de repouso
o Fatores de risco para o HIV

 Passar orientações ao paciente:


o Evitar tabaco, álcool e condimentos
o Fazer bochecho com clorexidina a 0,12%
o Fazer repouso
o Fazer a escovação dentária com escovas macias e com cuidado
o Prescrição de analgésico
o Para os pacientes com alterações sistêmicas (febre ou mal estar)
prescrever antobióticoterapia

2. Segunda consulta (1 a 2 dias após a primeira consulta)


 Avaliar se houve melhora dos sinais e sintomas
 Realizar raspagem supragengival se houver necessidade
 Permanece com a prescrição da clorexidina

3. Terceira consulta (5 dias após a segunda consulta)


 Avaliar se houve melhora dos sinais e sintomas
 Realizar raspagem supragengival se houver necessidade
 Permanece com a prescrição da clorexidina
 Realiza-se o tratamento convencional da gengivite

ABSCESSOS DO PERIODONTO

OS ABSCESSOS DO PERIODONTO SÃO:


 Abscesso gengival:
o Coleção purulenta localizada na gengiva marginal e papilar podendo
atingir gengiva inserida. Ocorre em áreas sem doença periodontal ou
gengival prévia e geralmente não apresenta imagem radiográfica (Figura
17).
 Abscesso Periodontal:
o Infecção aguda localizada dentro dos tecidos adjacentes a bolsa
periodontal e que pode levar a destruição do ligamento periodontal e do
osso alveolar. Apresenta aspecto radiográfico: Área radiolúcida discreta na
face lateral da raiz (Figura 18 e 19).

 Abscesso Pericoronário:
o Infecção aguda localizada na intimidade dos tecidos que rodeiam um
dente parcialmente irrompido.
Figura 17 – Abscesso gengival localizado no dente 34.

Figura 18 – Abscesso periodontal localizado no dente 33.

Figura 19 – Radiografia periapical do dente 33 diagnosticado com abscesso periodontal.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DO ABSCESSO GENGIVAL


 Instalação repentina, progressão rápida e curso breve
 Dor
 Tumefação de aparência lisa, flutuante e avermelhada
 Supuração
 Presença de corpo estranho dentro do sulco gengival

TRATAMENTO DO ABSCESSO GENGIVAL


1. Anestesia tópica ou inflitrativa local;
2. Raspagem e alisamento radicular supragengival, com objetivo de remover o fator
etiológico e realizar drenagem via sulco;
3. Em situações mais agudas recomenda-se fazer com pequena incisão na área flutuante;
4. Irrigação do sulco com solução salina morna ou clorexidina a 0,12%;
5. Acompanhamento após 24-48 horas, se tiver necessidade NOVA RASPAGEM;
6. Cuidados caseiros: bochechos com água morna e sal.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DO ABSCESSO PERIODONTAL


 Instalação repentina, progressão rápida e curso breve
 Dor intensa
 Inchaço (tumefação de aparência lisa, brilhante e avermelhada)
 Supuração
 Sangramento à sondagem no dente envolvido
 Tem sido relacionados principalmente com a remoção incompleta do cálculo
dental

DIAGNÓSTICO DO ABSCESSO PERIODONTAL


 Teste de vitalidade pulpar (geralmente +)
 Sondagem periodontal (presença de bolsa periodontal)
 Sangramento à sondagem
 Presença de dor e mobilidade
 Pode ter a presença de fístula na região lateral a raiz. Caso tenha fístula pode-
se fazer o rastreamento da mesma.

TRATAMENTO DO ABSCESSO PERIODONTAL


1. Anestesia tópica ou inflitrativa local;
2. Raspagem e alisamento radicular supra e subgengival, com objetivo de
remover o fator etiológico e realizar drenagem via sulco ou bolsa;
3. Em situações mais agudas recomenda-se fazer com pequena incisão na área
flutuante;
4. Irrigação do sulco com solução salina morna ou clorexidina a 0,12%;
5. Acompanhamento após 24-48 horas, se tiver necessidade NOVA RASPAGEM;
6. Se tiver necessidade fazer ajuste aclusal;
7. Cuidados caseiros: bochechos com água morna e sal.
8. Para pacientes debilitados sistemicamente prescrever antibioticoterapia
(Amoxicilina 500mg de 8/8hs por 7 dias)

DIAGNOSTICO DIFERENCIAL ENTRE ABSCESSO PERIODONTAL E PERIAPICAL:


CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DO ABSCESSO PERICORONÁRIO
 Eritema e Tumefação
 Traumatismo tecidual
 Sensibilidade à pressão
 Trismo
 Dor pulsátil e irradiada
 Gosto desagradável
 Pode ter: Febre, Mal-estar, Linfoadenopatia e Edema na região do ângulo
da mandíbula

TRATAMENTO DO ABSCESSO PERICORONÁRIO


O tratamento vai depender da severidade e extensão da infecção; complicações sistêmicas
e conveniência de conservar o dente ou não.
 Anestesia tópica ou inflitrativa local;
 Raspagem e alisamento radicular subgengival;
 Irrigação do sulco com solução salina morna ou clorexidina a 0,12%;
 Acompanhamento após 24-48 horas, se tiver necessidade NOVA RASPAGEM;
 Cuidados caseiros: bochechos com água morna e sal.
 Para pacientes debilitados sistemicamente prescrever antibióticoterapia (Amoxicilina
500mg de 8/8hs por 7 dias)
 Para pacientes com trismo prescrever miorelaxantes e analgésicos
 Após o paciente entrar na fase crônica devemos decidir em manter ou extrair o dente.

TÉCNICA OPERATÓRIA PARA RASPAGEM, ALISAMENTO E POLIMENTO (RAP)


CORONORADICULAR SUPRA E SUBGENGIVAL

PRINCIPAIS INSTRUMENTAIS PARA RASPAGEM E ALISAMENTO


 Curetas Gracey
o no 5-6 – dentes anteriores e pré-molares, todas as faces

o no 7-8 – dentes posteriores, faces vestibular e lingual

o no 11-12 – dentes posteriores, faces mesiais

o no 13-14 – dentes posteriores, faces distais

 Curetas McCall
o no 13-14 – todas as faces dos dentes anteriores

o no 17-18 – todas as faces dos dentes posteriores

 Pontas de Morse 0-00: todas as faces de todos os dentes


 Lima Hirschfeld nº 3-7 e 5-11: para remoção de cálculo sub e supragengival

 Pedra de afiação fina a média granulação

 Sugador cirúrgico (plástico descartável)


 Cuba metálica
 Seringa com agulha para irrigação da bolsa periodontal
 Aparelho de ultra-som

PRINCIPAIS INSTRUMENTAIS PARA O POLIMENTO


 escova de Robson tipo cônica
 taça de borracha
 pote do tipo Dappen
 pasta profilática

TÉCNICA OPERATÓRIA
 Lembre-se:
o Posicionamento correto do operador e paciente
o Apoio digital correto (intra ou extra-oral)
o Empunhadura correta e segura do instrumento (caneta modificada)

o Movimentos de raspagem e alisamento: oblíquo, vertical ou horizontal


o Movimento de mão, punho e antebraço.
o Instrumento afiado
o Perfeita iluminação da área
o Controle apropriado da saliva, sangue e eliminação de detritos (COM
SUGADOR CIRÚRGICO)
o Utilização do instrumento adequado para a superfície específica
o Acesso subgengival cuidadoso e suave
o Avaliação da área raspada com sonda exploradora ou periodontal e
visualmente: a superfície radicular deve estar LIMPA, LISA e DURA.
o Fazer a irrigação de bolsa

6. REAVALIAÇÃO PERIODONTAL
 É a fase do tratamento onde vamos analisar os resultados obtidos pelos passos
dos procedimentos periodontais básicos (TPB) realizados.
 É a fase onde vamos selecionar adequadamente uma terapia adicional, se
necessária, e a melhor possibilidade de prognóstico à longo prazo.
 Quando realizar?
o 30 a 45 dias após o término dos TPB
 Porque aguardar esse período?
o Cicatrização dos tecidos epitelial e conjuntivo
o Correção dos fatores retentivos de placa
o Tempo suficiente para prática das técnicas de Higiene bucal
 Como realizar?
o Novo exame clínico
o Novo preenchimento do periograma
o Comparação do periograma inicial e periograma da reavaliação
o Dispensa exame radiográfico na maioria dos casos
o Verificar a situação clínica do paciente (com saúde ou doença
periodontal)
o Tomar a decisão terapêutica (esquema 1)
 Paciente com saúde periodontal: encaminhar para a Terapia
periodontal de suporte
 Paciente com doença periodontal ativa: encaminhar novamente
para os procedimentos básicos periodontais OU encaminhar
para o tratamento cirúrgico periodontal (Critérios para esta
opção de tratamento: Presença de sangramento à sondagem +
Profundidade clínica de sondagem  7 mm + Presença de lesão
de furca Grau II ou III)
7. TRATAMENTO PERIODONTAL CIRÚRGICO

A fase cirúrgica do tratamento periodontal consiste em técnicas executadas


para terapia de redução da bolsa periodontal e correção de problemas
morfológicos mucogengivais ou estéticos.

As técnicas cirúrgicas para tratamento das doenças periodontais tem os


seguintes objetivos:
 Controlar ou eliminar a Doença Periodontal;
 Corrigir condições anatômicas que possam favorecer o controle da placa
dental;
 Corrigir condições que comprometam a estética;
 Corrigir condições que impeçam a instalação de uma prótese
corretamente.

Existem três tipos de técnicas cirúrgicas que se encaixam nesta proposta:


 Cirurgia ressectiva
 Cirurgia mucogengival
 Cirurgia regenerativa

Neste capítulo iremos descrever apenas as técnicas cirurgias ressectivas.

CIRURGIAS RESSECTIVAS
OBJETIVO GERAL:

 Eliminar ou reduzir bolsa periodontal;


 Melhorar o contorno gengival em relação ao osso alveolar;
 Manter a saúde periodontal.

OBJETIVO ESPECÍFICO:

 Promover acesso e visibilidade à raiz radicular para instrumentação


adequada;
 Proporcionar acesso ao osso alveolar se necessário;
 Manter quantidade suficiente, quando existir, de gengiva inserida;
 Promover rápida cicatrização, protegendo as estruturas adjacentes, não
deixando osso exposto;
 Evitar ou minimizar a perda em altura da crista alveolar como
consequência do procedimento realizado.

TÉCNICAS CIRÚRGICAS RESSECTIVAS:


1) GENGIVECTOMIA (Robicseck, 18845)

É uma das mais antigas técnicas cirúrgicas na periodontia. A gengivectomia foi


descrita como a técnica que tem por objetivo eliminar a parede da bolsa periodontal.
O resultado da gengivectomia deve incluir a erradicação da bolsa periodontal e
promover uma condição periodontal morfológica que favoreça a higienização.

OBJETIVO:

o Eliminar a bolsa periodontal, melhorando a anatomia do tecido gengival,


favorecendo a manutenção/controle de placa dental por parte do paciente;
o Favorecer a instrumentação radicular.

DESCRIÇÃO DA TÉCNICA:

A técnica é executada com a marcação da profundidade da bolsa com uma


sonda periodontal convencional. Ao nível do fundo da bolsa a gengiva é perfurada
com a sonda e um ponto sangrante é produzido na superfície externa do tecido
mole. As bolsas são sondadas e três pontos sangrantes são produzidos ao redor de
cada dente (um ponto na mesial, outro na vestibular e outro na distal – Figura 20 A)
da região a ser tratada.

A sequência desses pontos demarcará a profundidade das bolsas na área


indicada para o tratamento sendo usada como um guia para a incisão. Com uma
lâmina de bisturi n015c ou o gengivótomo de Kirkland 15/16, uma incisão contínua
com uma angulação de 45 graus em relação ao longo eixo do dente no sentido
coronário é realizada unindo os pontos sangrantes, na base da bolsa. Em seguida
uma incisão intra-sulcular deve ser realizada e o colarinho de gengiva deve ser
removido. Após uma gengivoplastia para regularizar os contornos gengivais deve ser
realizado (Figuras 20B, C, D, E, F e G).

5 st
Proceedings of the 1 European Workshop on Periodontology
Figura 20 A– Paciente de 16 anos diagnosticado com gengivite associado a hiperplasia gengival. O tratamento proposto
foi a eliminação da bolsa periodontal pela técnica da gengivectomia. Observar a marcação dos pontos sangrantes
utilizando uma pinça de Krane Kaplan.
Figura 20 B– Observar os pontos sangrantes, 3 pontos para cada dente. Estes pontos servem de guia para fazer a
incisão.

Figura 20 C– Incisão em bisel externo unindo os pontos sangantes utilizando o bisturi de Kirkland.
Figura 20 D– Complementação da Incisão em bisel externo utilizando o bisturi de Orban.

Figura 20 E– Colarinho de gengiva removido do lado direito da maxila. O mesmo procedimento será realizado no lado
esquerdo.
Figura 20 F– Pós-operatório de 30 dias.

2) CIRURGIA A RETALHO

Em 1918 L. Widman publicou uma das primeiras descrições detalhadas do uso


do procedimento a retalho para redução da bolsa. Widman descreveu o desenho de
um retalho mucoperiósteo com o objetivo de remover o epitélio da bolsa e o tecido
conjuntivo inflamado, facilitando, com isso, a correta higienização das superfícies
radiculares.

OBJETIVOS:

o Ganhar acesso ao osso e superfície da raiz;


o Reduzir profundidade clínica de sondagem;
o Preservar faixa adequada de gengiva inserida;
o Propiciar reparação por primeira intenção;
o Propiciar arquitetura gengival favorável.

TIPOS DE RETALHOS

o Retalho posicionado apicalmente;


o Retalho reposto ou reposicionado (Retalho de Widman modificado –
Ramfjord & Nissle, 1974; Ramfjord, 1977).

Os Retalhos Periodontais podem ser de:

o Espessura total ou Mucoperiosteal: quando o periósteo é deslocado


juntamente com o retalho (Figura 21).
o Espessura parcial ou dividido: quando o periósteo permanece aderido à
superfície óssea. Geralmente utilizado em cirurgias mucogengivais ou quando não há
a necessidade de acesso ao osso (Figura 22).
Figura 21– Retalho de espessura total.

Figura 22– Retalho de espessura parcial. Observar que parte do periósteo está aderido no tecido ósseo.
2.1) RETALHO POSICIONADO APICALMENTE:

Essa técnica cirúrgica pode ser utilizada em casos de cirurgias de aumento de


coroa clínica/ cirurgias pré-protéticas para recuperar espaço biológico ou tratamento
de furca (exceto em casos de Regeneração Tecidual Guiada (RTG)).

OBJETIVOS:

o Ganhar acesso ao osso e superfície da raiz;


o Preservar faixa adequada de gengiva inserida;
o Propiciar reparação por primeira intenção;
o Propiciar arquitetura gengival favorável.

DESCRIÇÃO DA TÉCNICA:

Uma incisão é feita em bisel interno usando um bisturi com lamina Bard-Parker
(n015C). Duas incisões verticais relaxantes, que se estendem além da linha
mucogengival, são realizadas em cada um dos pontos terminais da primeira incisão de
bisel interno. Desta forma, permitirá que o retalho seja deslocado apicalmente.
Um retalho de espessura total ou mucoperiósteo é levantado usando um
deslocador de periósteo (Molt) e deslocado apicalmete. O epitélio interno da bolsa e
tecido de granulação são removidos com as curetas de Gracey ou MaCall ou de Krane
Caplan . As superfícies radiculares expostas são raspadas e alisadas.
A crista óssea alveolar é recontornada com o objetivo de recuperar a forma
normal do processo alveolar. A cirurgia óssea é realizada apenas quando necessário e
pode ser com auxílio de brocas esféricas do tipo carbide montadas em contra-ângulo
ou com cinzeis.
As extremidades do retalho são posicionadas apicalmente e o retalho é
mantido com suturas nas incisões verticais relaxantes e na região interdental.

2.2) RETALHO REPOSTO OU REPOSICIONADO (WIDMAN MODIFICADO):

Procedimento cirúrgico utilizado no tratamento da periodontite para reduzir


bolsas periodontais nos casos em que o tratamento periodontal básico não obteve
resultado positivo para a cura da doença.

OBJETIVOS:

o Ganhar acesso ao osso e superfície da raiz;


o Preservar faixa adequada de gengiva inserida;
o Propiciar reparação por primeira intenção;
o Propiciar arquitetura gengival favorável;
o Reduzir Bolsa Periodontal
o Reduzir Profundidade clínica de Sondagem

DESCRIÇÃO DA TÉCNICA:
Neste procedimento cirúrgico é realizada uma incisão tipo bisel interno (ou
invertido) usando um bisturi com lamina Bard-Parker (n015C) nas faces vestibular e
lingual ou palatina estendendo-se nas direções mesial e distal dos dentes com bolsa
periodontal.
Um retalho geralmente de espessura total ou mucoperiósteo é levantado
usando um deslocador de periósteo (Molt). O epitélio interno da bolsa e tecido de
granulação são removidos com as curetas de Gracey ou MaCall ou de Krane Caplan .
As superfícies radiculares expostas são raspadas e alisadas.
A crista óssea alveolar é recontornada com o objetivo de recuperar a forma
normal do processo alveolar. A cirurgia óssea é realizada apenas quando necessário e
pode ser com auxílio de brocas esféricas do tipo carbide montadas em contra-ângulo
ou com cinzeis.
Após a eliminação da bolsa do epitélio, a raspagem e osteotomia, o retalho é
reposto (reposicionado) e mantido na sua posição original por suturas interproximais.

2.3) CIRURGIA DE AUMENTO DE COROA CLÍNICA OU RESTABELECIMENTO DAS


DISTÂNCIAS BIOLÓGICAS (RDB)

Os procedimentos cirúrgicos de aumento de coroa clínica ou restabelecimento


das distâncias biológicas são realizados para restabelecer as condições anatômicas
ideais do dente e o espaço biológico quando invadido.

O ESPAÇO BIOLÓGICO é definido como um espaço necessário para acomodar


dois tecidos: o epitélio Juncional (0,97 mm) e a inserção do tecido conjuntivo
(1,07 mm), segundo Gargiulo et al, 1961, somando um valor de 2, 07 mm. Autores
como Simring & Collins (1981) e Nevins & Skurow (1984) incluem o sulco gengival
como fazendo parte do espaço biológico, porém a disciplina de Periodontia da
Universidade Positivo acredita que uma restauração ou prótese possa ser inserida
no sulco gengival em até no máximo 0,7 mm (considerando que o sulco gengival
histológico mede 0,69 mm) motivo pelo qual não inclui o sulco gengival como
fazendo parte do espaço biológico (Figura 23).
Figura 23– Figura explicativa sobre os tecidos que fazem parte do espaço biológico, nos quais inclui o epitélio juncional e inserção
de tecido conjuntivo. Observar que o término da intersecção dente/restauração se encontra dentro do sulco gengival. O sulco
gengival não faz parte do espeço biológico, pois é um tecido que aceita preparos dentais, entre outros, em contato sem gerar
processo inflamatório.

Quando uma prótese ou restauração, cáries subgengivais, fraturas ou


perfurações subgengivias invadem o espaço biológico ocorre uma inflamação
gengival resultando na formação de bolsa e perda óssea alveolar. Para que a
margem restaurada não invada o espaço biológico e não acarrete prejuízo para o
periodonto, preconiza-se a cirurgia de Aumento de Coroa Clínica ou cirurgia de
Restabelecimento do Espaço Biológico.
Esta cirurgia tem como objetivo restabelecer a medida (espaço) do epitélio
Juncional e da inserção do tecido conjuntivo. Durante a cirurgia, não é possível
identificar essas estruturas histológicas. Desta forma, após rebater um retalho de
espessura total, remover o tecido de granulação com auxílio de curetas
periodontais e fazer a osteotomia da quantidade de osso necessária, medimos
com uma sonda periodontal milimetrada da crista óssea alveolar até o final do
preparo cavitário ou término sadio do dente. Essa medida deverá ter 3 mm,
considerando que clinicamente possa ocorrer variações das medidas histológicas e
além disso, pequenas correções na cavidade ou preparo protético (Figuras 24 A, B,
C, D, E e F).
Figura 24 A– Foto clínica de um dente com uma restauração fratura e com invasão do espaço biológico. Clinicamente para fazer o
diagnóstico de invasão do espaço biológico deve ser feito uma sondagem periodontal e esta medida deve dar menor que 3 mm.

Figura 24 B– Radiografia periapical mostrando a invasão do espaço biológico na mesial do dente 47. Radiograficamente para fazer
o diagnóstico de invasão do espaço biológico, deve ser feita uma medida do término sadio do dente até a crista óssea e esta
medida deve dar menor que 3 mm.
Figura 24 C– Cirurgia a retalho para restabelecer as distâncias biológicas. Após rebater um retalho de espessura total, ocorre um
sangramento da região devido ao processo inflamatório instalado e a presença de tecido de granulação. Por isso, deve-se fazer
uma raspagem/ curetagem para remover todo o tecido de granulação e somente depois realizar a sondagem para medir o quanto
de osso deverá ser removido pela osteotomia.
Figura 24 D– Osteotomia da região interproximal com auxílio de lima Schluger.

Figura 24 E– Medida clínica para observar se da crista óssea até o término sadio do dente tem os 3mm necessários para acomodar
os tecidos do espaço biológico.
Figura 24 F– Sutura com ponto simples oitavado. Imediatamente após o término da cirurgia o dente deve receber uma
restauração provisória. A restauração definitiva deve ser realizada de 30 a 40 dias de pós-operatório para não interferir na
cicatrização dos tecidos periodontais.

8. MANUTENÇÃO PERIODONTAL OU TERAPIA PERIODONTAL DE


SUPORTE

Manutenção periodontal é o termo formalmente utilizado para a terapia periodontal de


suporte ou “recall” periodontal e inclui também a manutenção dos implantes dentais.

Os principais objetivos são:


 Prevenir a progressão e a recorrência da Doença Periodontal (D.P.).
 Identificar a reativação da D.P. na fase inicial
 Reduzir a perda de dentes e implantes ao longo do tempo

Como realizar?
 Rever a anamnese
 Exame extra-bucal, intra-bucal completo e preenchimento de novo periograma se
necessário
 Exame radiográfico
 Reforço no controle de higiene bucal
 Nos casos de sítios ativos de D.P. realizar raspagem e alisamento radicular supra e
subgengival.
“Dados colhidos de diversos estudos clínicos de longo prazo mostraram que um programa de
manutenção baseado em consultas a cada 3 meses é, para a maioria dos pacientes, efetivo na
pevenção da recorrência da doença.” (Position Paper. Periodontal Maintenance. J Periodontol.
2003, v. 74, p. 1395-1401.)

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