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Epidemiologia

Distribuição das doenças no tempo e espaço

Cristiane Menezes de Pádua

Análise da distribuição das doenças

 Quem? - analisa características socioeconômicas/


demográficas, culturais, etc. (ex. o sarampo é mais
comum na infância)

 Onde? - analisa a existência de algum padrão espacial na


distribuição das doenças (ex. a malária é mais comum na
região amazônica, em áreas rurais e semi rurais)

 Quando? - avalia as tendências e os períodos de maior


ocorrência de doenças (ex. a mortalidade por câncer
gástrico vem declinando nos últimos 50 anos)

Pessoas
• Variáveis demográficas: idade / grupo etário, sexo,
variáveis étnicas, ...

• Variáveis sócio-culturais: renda, classe social,


escolaridade, ocupação, situação conjugal, variáveis que
expressam estilo de vida (fumo, bebida, alimentação, prática
de exercício, ...) ...

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Variáveis demográficas
Taxa de mortalidade (por 100 mil hab.) para a população de 25 a 44 anos de idade
segundo as causas e o sexo. Região Nordeste, 2001.

Var. demográficas e sociais


CLASSE SOCIAL COMO UMA VARIÁVEL EXPLICATIVA

Gogoy et al, 2007.

Var. demográficas e sociais


CLASSE SOCIAL COMO UMA VARIÁVEL EXPLICATIVA

Gogoy et al, 2007.

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Var. demográficas e sociais
CLASSE SOCIAL COMO UMA VARIÁVEL EXPLICATIVA

Gogoy et al, 2007.

Distribuição das doenças no espaço

 Hipócrates (460-377 a.C.) ressalta que “as investigações


médicas deveriam considerar as características da localidades
onde as doenças ocorriam (temperatura, posição em relação
ao vento e nascimento do sol)”.
 James Lind (1768) busca explicações para a distribuição
geográfica das doenças (precursor da geografia médica)
---> Séc. XVIII - surgimento de mapas na Europa e o mapeamento
de doenças
 John Snow (1834) demonstrou associação espacial entre
mortes por cólera e o abastecimento de água em Londres,
identificando a origem da epidemia (transmissão hídrica)

Distribuição das doenças no espaço

 TA Palm (séc XIX) afirma que a falta de luz solar era a maior
causa da variação geográfica da prevalência do raquitismo
 Pavlovsky (1830) formula a “teoria dos focos naturais”: a
modificação do espaço determinada por alterações do
espaço em que circula o agente infeccioso, altera a circulação
do agente infeccioso.
 Lancaster (séc. XX) analisou a distribuição espacial da
mortalidade por melanoma e concluiu que a maior causa
desta doença era o excesso de luz solar

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Análise espacial em saúde
 Estudo quantitativo da distribuição das doenças ou serviços
de saúde onde o objeto de estudo esta referenciado
geograficamente
 Na epidemiologia é usada para identificar padrões espaciais
de morbidade e mortalidade e fatores associados a esses
padrões, descrever processos de difusão das doenças e gerar
conhecimento sobre sua etiologia, visando sua predição e
controle

Estudos ecológicos ou de correlação

Estudos ecológicos ou de correlação

Relação
inversamente
proporcional
entre radiação
solar e taxas
de mortalidade
câncer de
ovário

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Distribuição das doenças no tempo

 O estudo da distribuição das doenças no tempo pode


fornecer informação para a compreensão, previsão, busca
etiológica, prevenção de doenças e avaliação dos impactos
das intervenções de saúde
 A evolução temporal da doença antes e depois de uma
intervenção também é útil para avaliar a efetividade desta
medida
 É necessário detectar variações na evolução temporal da
incidência das doenças

Tendência secular ou histórica

Tendência secular ou histórica

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Tendência secular ou histórica

Tendência secular ou histórica

 Necessidade do uso de taxas padronizadas


 Melhoria nos critérios diagnósticos e recursos terapêuticos
devem ser considerados na análise
 Mudanças na classificação das doenças (revisões da CID)

Variações cíclicas
 Flutuações na incidência em período > 1 ano

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Variações sazonais (sazo = estações do ano)
 Ciclos de incidência da doença coincidem com as estações do ano

Endemia
Endemia é entendida pela situação em que o
agravo à saúde apresenta uma distribuição de
sua frequência temporal - em um espaço e um
período de tempo delimitados, segundo seus
padrões regulares de variações.
Esses padrões regulares correspondem
somente às flutuações cíclicas e sazonais
“normais” para aquele espaço e tempo.

Variações irregulares

 Alterações inusitadas na incidência das doenças, diferente do que


seria esperado
 É necessário conhecer a evolução temporal da incidência de uma
determinada doença para saber se essa evolução está dentro do
que seria esperado (a partir de dados históricos) ou se há de fato
alguma variação regular

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Variações irregulares

 Epidemia
 Surto
 Pandemia

Epidemia
Epidemia são momentos em que essas variações
aumentam de forma irregular, ocorrendo um
excesso de casos em relação ao esperado quando
se toma por base as flutuações cíclicas e sazonais
normais para o agravo à saúde, no espaço e tempo
definidos.

As epidemias podem evoluir por dias, semanas, meses ou anos

Não necessariamente implicam na ocorrência de grande número de casos,


mas um excesso de casos quando comparada à frequência habitual de uma
doença em uma localidade

Tipo de epidemia

 Fonte única ou comum (explosiva) - a exposição da


população suscetível se dá em relação a uma fonte comum de
determinado patógeno. Os casos aparecem em curto período
de tempo.

 Progressivas ou propagadas - a progressão é lenta e a


transmissão do agente ocorre de pessoa a pessoa ou por
vetor. A multiplicação do agente pode se dar no hospedeiro,
sendo necessário sua eliminação para atingir um outro
indivíduo suscetível.

 Mistas - exposição de um grupo de suscetíveis a uma fonte


comum de um determinado agente infeccioso seguida da
propagação do surto por meio da transmissão pessoa a
pessoa.

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Classificação das epidemias ou surtos

 Fonte comum: o fator extrínseco (agente infeccioso, produtos do


metabolismo biológico ou fatores físico-químicos) é veiculado pela
água, ar e alimentos. É caracterizada como explosiva ou maciça.

Classificação das epidemias ou surtos

 Progressiva ou propagada: o mecanismo de transmissão é de


hospedeiro a hospedeiro. A progressão da epidemia é lenta.

Mistas

Início súbito e tendência a decréscimo lento.

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Surto

• Epidemia em espaço bem delimitado (ex.


bairro, instituições - hospital, escola, etc.)

Pandemia

• Epidemia com uma larga distribuição espacial,


atingindo nações, podendo passar de um
continente a outro.

• Sua limitação no tempo é clara, mas a limitação


espacial torna-se de proporções continentais

Pandemia de gripe asiática (1957): em seis meses,


a doença deu a volta ao mundo, como mostra o
mapa

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Período de incubação

 O intervalo entre a infecção e o aparecimento dos sintomas


clínicos da doença.

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Taxa de ataque

Doença
+ -
Exposição + a b a+b
- c d c+d

Taxa de ataque = incidência


Em surtos a taxa de ataque (da doença) deve ser determinada
entre expostos e não expostos para investigar o principal
agente suspeito.

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