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DISTRIBUIÇÃO DAS DOENÇAS NO

TEMPO

Profª. Msc. Lays Pereira Machado


Disciplina: Epidemiologia e Saúde Pública
DISTRIBUIÇÃO
DAS DOENÇAS
NO TEMPO
Fornece informações importantes
para a compreensão, previsão, busca
etiológica, prevenção de doenças e
avaliação do impacto de intervenções
em saúde.
• Elevação na incidência de certa
doença em determinada época do
ano.
DISTRIBUIÇÃO DAS
DOENÇAS NO TEMPO

• Identificação da elevação da incidência ou


prevalência de uma doença para além do que se
espera num dado período;
• O conhecimento sobre os principais tipos de
evolução temporal de uma doença é fundamental
para se compreender as variações esperadas e não
esperadas para a ocorrência de uma dada doença.
TIPOS DE EVOLUÇÃO
TEMPORAL DE UMA DOENÇA

• Tendência secular ou histórica;


• Variações cíclicas não sazonais;
• Variações sazonais;
• Variações irregulares.
• Análise das mudanças na frequência de uma doença (Ex:
incidência e mortalidade) por um longo período de tempo, em
geral, décadas;
• Com o aperfeiçoamento do registro de informações em saúde
TENDÊNCIA (Ex: acessibilidade através da internet) essas análises de
tendência histórica tem ficado cada vez mais representativas.
SECULAR OU
Evolução histórica da tuberculose na Inglaterra (1830–
HISTÓRICA 1970):
• Tem como enfoque o impacto de medidas de
diagnóstico, tratamento e prevenção da doença sobre
sua mortalidade.
TENDÊNCIA
SECULAR OU
HISTÓRICA

Histórico da taxa de
mortalidade por tuberculose
na Inglaterra entre 1830 e
1970, com destaque para
momentos importantes na
história do combate à
doença.
Tuberculose – considerada atualmente uma doença
reemergente.
• Nas últimas décadas, tem-se observado uma
tendência ascendente na incidência e na
TENDÊNCIA mortalidade ocasionada pela forma
multirresistente dessa doença.
SECULAR OU
HISTÓRICA Doença reemergente: doença causada por
microrganismo bem conhecido que estava sob
controle, mas tornou-se resistente às drogas
antimicrobianas utilizadas para o seu tratamento ou
está se expandindo rapidamente em incidência ou em
área geográfica.
VARIAÇÕES CÍCLICAS

• Determinadas pelas flutuações na incidência de uma doença ocorridas em


um período maior que um ano;
• Muito associadas as doenças virais;
• Pico de incidência – ocasionado pelo elevado número de susceptíveis e um posterior
declínio, até que uma nova cepa eleve novamente a incidência.
VARIAÇÕES CÍCLICAS

Cobertura vacinal – SARAMPO


• Apresenta variações cíclicas de 3 anos no
Brasil – fato diretamente influenciado
pelo aumento de susceptíveis
(nascimento de crianças).
Cobertura vacinal 2022– SARAMPO
VARIAÇÕES SAZONAIS

• Variação da incidência de uma doença que ocorre em sintonia com as


estações do ano;
• Doenças infecciosas - gripe, dengue, malária;
• Doenças crônicas - asma e da doença pulmonar obstrutiva crônica;
• Aumento da incidência de acidentes ofídicos nos meses mais quentes do
ano (dezembro - fevereiro) em comparação aos meses frios;
• Relacionado à maior atividade humana nos trabalhos de campo durante os períodos
quentes, o que facilita o encontro acidental entre homem e serpente.
Número de acidentes ofídicos registrados por mês durante o período de 2010-2012, Brasil
Acidentes ofídicos notificados no Sinan segundo o mês e a região de ocorrência – Brasil, 2022 (N = 29.543)
VARIAÇÕES IRREGULARES

Variações não esperadas para a ocorrência de uma doença,que pode ser


verificada através de técnicas estatísticas que levam em consideração a
distribuição normal ou já conhecida da doença no tempo (baseada em dados
históricos).

ENDEMIA EPIDEMIA
ENDEMIA
• Dá-se o nome de endemia à ocorrência coletiva de determinada doença que, no
decorrer de um largo período histórico, acomete sistematicamente grupos
humanos distribuídos em espaços delimitados e caracterizados, mantendo sua
incidência constante, permitidas as flutuações de valores, tais como as variações
sazonais.
• Note-se que o termo endemia refere-se à doença habitualmente presente entre os
membros de determinado grupo, numa determinada área, isto é, presente
numa população definida.

“Presença constante de uma doença dentro dos limites esperados, em uma


determinada área geográfica, por um período de tempo ilimitado”
FAIXA ENDÊMICA

• A definição de endemia só é possível após o estabelecimento prévio de uma faixa


endêmica com base no comportamento verificado no passado, associando-a a
outros critérios discriminatórios, inclusive à variável lugar. Portanto, a distinção
entre comportamento endêmico e epidêmico de uma dada doença fica
estabelecida com base em critérios relativos.
• Análise estatística - Avaliar e identificar a frequência média dos casos (média ou
mediana).
• É necessário o comportamento da doença ao longo dos anos anteriores, definindo
uma série histórica.
FAIXA ENDÊMICA
Frequência média ou incidência média no período: comportamento mensal de uma doença, ao
longo de um período de vários anos, dado por meio da média da incidência no período.
FAIXA ENDÊMICA
• Desvio padrão: É a medida de variabilidade de dados de uma distribuição de
frequências que é útil para medir a dispersão dos valores individuais em torno da
média.
• Quanto mais próximo de 0 for o desvio padrão, mais homogêneo são os dados.

Incidência normal
Limite superior da incidência normal
Limite inferior da incidência normal FAIXA ENDÊMICA
Frequências
FAIXA ENDÊMICA
Faixa endêmica – é o espaço nos limites do qual as medidas de incidência podem flutuar sem
que delas se possa inferir ter havido qual quer alteração sistêmica na estrutura epidemiológica,
condicionante do processo saúde-doença considerado.
FAIXA ENDÊMICA
A faixa endêmica é também denominada canal endêmico (PEREIRA,1995). Na maioria dos
estudos epidemiológicos, adota-se convencional mente a faixa de incidência normal esperada,
com 95% de probabilidade, para funcionar como a faixa endêmica da doença.
Alteração espacial e cronologicamente
delimitada, do estado de saúde-doença de uma
população, caracterizado por uma elevação
EPIDEMIA progressiva, inesperada e descontrolada dos
coeficientes de incidência de determinada
doença ou agravo, ultrapassando valores do
limiar endêmico estabelecido.
As epidemias foram e continuam sendo temas relevantes
no cenário global, uma vez que nos dias atuais ainda
convivemos com epidemias de doenças infecciosas
emergentes e reemergentes, a exemplo da COVID-19
(pandemia), AIDS, da influenza por H1N1, da cólera e da
dengue;

EPIDEMIA Vale realçar as recentes manifestações epidêmicas de


Chikungunya e de Zicavírus, cujos primeiros casos
autóctones (caso oriundo do mesmo local onde ocorreu a
doença) surgiram no Brasil, respectivamente, em 2014 e
2015; no caso do Zica, como agravante da associação do
vírus ao surto de microcefalia e outras malformações
congênitas. Somam-se a essa realidade a concomitância
atual de causas externas e a obesidade como exemplos de
agravos não transmissíveis na configuração epidêmica.
PANDEMIA
É o nome dado à ocorrência
epidêmica caracterizada por larga
distribuição espacial, atingindo
várias nações. Em outras palavras,
a pandemia pode ser tratada como
a ocorrência de uma série de
epidemias localizadas em
diferentes regiões e que ocorrem
em vários países ao mesmo tempo.
Exemplo: COVID-19.
SURTO
EPIDÊMICO

Uma ocorrência epidêmica restrita a


um espaço extremamente
delimitado: colégio, quartel, edifício
de apartamentos, bairro etc.
Exemplo: Intoxicação alimentar.
DETECÇÃO DA
EPIDEMIA

O diagrama de controle é um dispositivo


gráfico destinado ao acompanhamento no
tempo – semana a semana, mês a mês – da
evolução dos coeficientes de incidência com
o objetivo de estabelecer e implementar
medidas profiláticas que possam manter a
doença sob controle.
DIAGRAMA DE CONTROLE
Abrange dois conjuntos de informações: um gráfico de controle
e um gráfico de acompanhamento.
Gráfico de controle é a própria representação gráfica da faixa
endêmica convencionada.
Gráfico de acompanhamento é o conjunto de pontos ou a
linha poligonal que resulta do registro sistemático dos
coeficientes de incidência semana a semana, mês a mês.
• Quando o gráfico de acompanhamento iguala ou ultrapassa
o limiar epidêmico, o sistema de vigilância epidemiológica
deve ser colocado em alerta, pois possivelmente a incidência
está passando do nível endêmico para o nível epidêmico.
DIAGRAMA DE
CONTROLE

Quando o gráfico de
acompanhamento iguala ou
ultrapassa o limiar epidêmico, o
sistema de vigilância
epidemiológica deve ser colocado
em alerta, pois possivelmente a
incidência está passando do nível
endêmico para o nível epidêmico.
DIAGRAMA DE CONTROLE
DIAGRAMA
DE
CONTROLE
Coeficientes dentro da
faixa endêmica significa
que : Estatisticamente
ANÁLISE são estáveis.
DO
DIAGRAMA
DE NÃO SIGNIFICA que
CONTROLE não se deva
implementar medidas
para diminuir ainda
mais a incidência.
MECANISMOS QUE DESENCADEIAM UMA
EPIDEMIA
• Importação e incorporação de casos alóctones (caso de uma doença importada de
uma outra localidade) e populações formadas por grande número de suscetíveis, com
os quais a transmissão seja uma possibilidade real;
• Ingressos de casos alóctones em áreas cujas condições ambientais são favoráveis à
propagação da doença;
• Contato acidental como patógeno;
• A doença no hospedeiro favorece a dispersão do agente patogênico;
• Intencional (bioterrorismo).
Quanto às doenças erradicadas ou inexistentes até então, o coeficiente de
incidência que fixa seu limiar epidêmico é igual a zero. Nessa situação,
apenas um caso poderá ser considerado uma ocorrência epidêmica.
CURVA EPIDÊMICA
Progressão:
• Incidência crescente, acima do limiar epidêmico.
• Sugere ocorrência de um desequilíbrio na estrutura
epidemiológica.
• Evento inesperado e fora de controle.

Regressão:
• Retorno dos valores iniciais de incidência.

Egressão:
• Inicia no surgimento dos primeiros casos e termina quando
a incidência for nula ou quando ocorrer estabilização
endêmica.

Incidência máxima:
• Diminuição dos suscetíveis.
• Diminuição dos expostos.
• Ação efetiva de vigilância e controle.
• Processo natural de controle.
Não é classificatória, mas apenas didática.

Epidemia explosiva: refere-se a velocidade do processo na


primeira etapa, que de progressão. A incidência máxima é
alcançada logo após ter-se inicia do a progressão.
ASPECTOS Epidemia lenta: a velocidade com que a incidência
máxima é atingida é lenta. (Ex.: doenças de longo período
DIFERENCIAIS de incubação, hanseníase).
DAS Epidemia progressiva: o critério diferenciador é a
transmissão hospedeiro-a-hospedeiro, pessoa a pessoa,
EPIDEMIAS: por via respiratória, anal, oral, genital, ou por vetores; sua
progressão é lenta. (Ex.: doenças transmissíveis
respiratórias, DSTs, por insetos e artrópodes).
Epidemia por fonte comum: inexistência de um
mecanismo de transmissão hospedeiro-hospedeiro. O
fator extrínseco(ag. Infeccioso, fatores físico-químicos ou
produtos do metabolismo biológico) é veiculado pela água,
alimento, ar ou introduzido por inoculação.
OBRIGADA!

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