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INFLUENZA

Diana Tota | Giovanna Tonisi | Juliana Miura


Introdução 2

• Infecção viral aguda de transmissibilidade elevada e distribuição global


• Fácil disseminação, epidemias sazonais e pandemias
• Anualmente, 5% a 10% adultos e 20% a 30% crianças infectadas, com 3 a 5 milhões de
casos graves e 290.000 a 650.000 de mortes
• Influenza A: potencial pandêmico, pela sua capacidade de rearranjo com outras
variantes
• Associação à descompensação de doenças crônicas de base e complicações bacterianas
secundárias
• Crianças: quando infectadas, excretam o vírus por tempo mais prolongado.
• Família Orthomyxoviridae
• divididos em quatro tipos (A, B, C e D), dependendo das
Virologia suas diferenças genéticas e antigênicas.
• A e B: principais responsáveis pelas infecções em
humanos. Infecções pelo vírus C são raras. Vírus D:
recentemente descobertos e infectam animais
(principalmente o gado), ainda sem evidências de
infecção em humanos.
• Os vírus A e B possuem genoma com oito segmentos de
RNA de fita única e polaridade negativa.
Cada novo vírus identificado recebe um nome de acordo com as seguintes
características: tipo de vírus (A, B, C ou D), espécie na qual o vírus foi isolado,
localização geográfica onde foi isolado, número da amostra e o ano de
isolamento. No caso dos vírus A, o subtipo de hemaglutinina e neuraminidase é
informado entre parênteses.

[Ex: vírus influenza A/Turkey/Ontario/6118/1968 (H8N4)]


• Os mecanismos de diversificação e transformação gênica
dos vírus influenza são responsáveis por sua perpetuação
Virologia ao longo das décadas, epidemias e pandemias.
• Principais mecanismos: mutação e rearranjo gênico.
⇨ Antigenic drift: mutações constantes nas proteínas de
superfície (HA e NA) dos vírus influenza 🡪 geram
alterações antigênicas que impedem o reconhecimento do
vírus pelos anticorpos do hospedeiro
⇨ Antigenic shift: alteração abrupta no vírus influenza A,
menos frequentes que os drift, resultando em novas
proteínas (HA e NA) 🡪 novo subtipo de influenza A
Atualmente, quatro subtipos do vírus influenza circulam em
humanos: dois do tipo A (H1N1 e H3N2) e dois do tipo B
(linhagens Victória e Yamagata).
• Capacidade da nova cepa em infectar humanos e de ser transmitida de
Influenza maneira sustentada, com rápida disseminação e impacto entre os
suscetíveis não imunes e grande repercussão social e econômica.
Pandêmica • 1889: “Gripe russa” (H3N8), seguida pela “gripe espanhola” (H1N1) de
1918, a “gripe asiática” em 1957 (H2N2), a “gripe de Hong Kong” em
1968 (H3N2) e a “gripe suína” de 2009 (H1N1).

• O vírus de 1918 infectou cerca de 1/3 da população mundial causou


morte de mais de 50 milhões de pessoas. A pandemia de 2009 afetou
entre 20 a 25% da população. No total, o vírus causou > 200.000
mortes por insuficiência respiratória e 80.000 por insuficiência
cardiovascular.

Diferente da influenza sazonal, as pandemias têm ocorrido a cada 20 a 30


anos
• 2017: OMS estimou que a cada ano ocorram 290.000 a 6
650.000 mortes associadas à doença por influenza
sazonal. Epidemiologia
• 2019: Palekar e colaboradores avaliaram as taxas de
hospitalizações associadas à influenza nas Américas entre
2010 e 2015, em 35 países, incluindo o Brasil. A taxa
média de hospitalização associada à influenza foi
90/100.000 habitantes entre crianças < 5 anos.

• 1982 a 2012: Lafond e colaboradores relataram que a


gripe foi associada a 10% das internações de causas
respiratórias em menores de 18 anos no mundo.
Estimaram, em média, aproximadamente 374.000
hospitalizações ao ano em < 1 ano, das quais 228.000
ocorrem em crianças < 6 meses, e 870.000 em < 5 anos.
Epidemiologia 7

Incubação e transmissibilidade
• Incubação: 1-4 dias.
• Transmissão: 1 a 2 dias antes do início de sintomas. Pico da excreção viral: 24 - 72 horas do
início da doença, e declina por volta do 5°dia após o início dos sintomas.
• Crianças excretam vírus mais precocemente, com maior carga viral e por períodos mais longos
(7 a 10 dias).
• Imunodeprimidos podem excretar por semanas-meses.

Transmissão
• Pessoa a pessoa, por meio de gotículas produzidas por tosse, espirros ou fala de uma pessoa
infectada para uma pessoa suscetível (contato próximo)
• Outro modo de transmissão é pela transferência manual do vírus das superfícies contaminadas
por gotículas, para as superfícies mucosas da face por auto-inoculação
Epidemiologia 8

Sazonalidade: ocorrência anual


• Geralmente durante a estação fria (hemisf. norte: dezembro a maio; hemisf. sul: maio a setembro
• Clima seco e frio: favorece tanto a capacidade do vírus sobreviver e se espalhar, quanto à
depressão do sistema imunológico do hospedeiro.
• Brasil: pico das epidemias de influenza em momentos distintos nas diferentes regiões do país .

Fatores de risco para complicações


• Idade < 2 anos
• Idade > 60 anos
• Doenças respiratórias crônicas
• Doenças cardiovasculares;
• Imunodeficiências
• Doenças renais crônicas;
• Hepatopatias
Vigilância de influenza no Brasil 9

• Objetivos: identificação dos vírus respiratórios para adequação da vacina sazonal; caracterização da
patogenicidade e virulência; isolamento de espécimes virais e envio ao Centro Colaborador de
influenza da OMS; garantia da mínima circulação viral e identificação precoce de novos subtipos
• Composta pela vigilância sentinela de Síndrome Gripal (SG) e de SRAG em pacientes hospitalizados.

2019
• 39.190 casos de SRAG, sendo 81,8% com pesquisa de vírus respiratórios. Destas, 17,8% foram por influenza e
23,6% por outros vírus respiratórios.
• Dentre os casos de influenza, 59,5% foram influenza A (H1N1); 13,5% influenza A não sub-tipado; 12,1%
influenza B e 14,9% influenza A (H3N2).
• 12,6% de óbitos por SRAG. Do total, 22,5% foram confirmados para influenza, sendo 71% influenza A (H1N1);
11,0% influenza A não sub-tipado; 7,3% influenza B e 10,7% influenza A (H3N2).
• O coeficiente de mortalidade por influenza no Brasil está em 0,5/100.000 habitantes.
• O estado com maior número de óbitos por influenza foi São Paulo, com 24,6% .
Vigilância de influenza no Brasil 10

• A vacinação contra influenza é realizada por campanhas anuais desde 1999.


• Os grupos prioritários para vacinação são selecionados obedecendo critérios técnicos e
científicos, além de dados de vigilância epidemiológica

• No Brasil, as coberturas vacinais, em geral,


têm atingido as metas estabelecidas, apesar
de se observar uma diminuição no grupo de
gestantes e crianças nos último anos.
Manifestações clínicas 11

Síndrome gripal
• Comprometimento de vias aéreas superiores (cavidade nasal- epiglote)+ pelo menos um sinal de
comprometimento sistêmico
• FEBRE: inicio súbito, com declínio por volta do 3° dia e normalização em 6d
• Sintomas respiratórios: tosse, coriza, tosse não produtiva, disfonia, odinofagia
• Sintomas sistêmicos: mialgia, calafrios, mal estar geral, apatia, fadiga e cefaleia. Na criança:
rouquidão e linfonodomegalia cervical
• Sintomas gastrointestinais ocorrem em torno de 10-30% das crianças
• Quadro autolimitado 3-5d

• Deve-se suspeitar de síndrome gripal em toda criança com FEBRE DE INICIO SUBITO,
ASSOCIADO A AOS SINTOMAS DE VIAS AEREAS SUPERIORES E UM DOS SINTOMAS
SISTEMICOS
• MENORES DE 2 ANOS: FEBRE DE INICIO SUBITO+ SINTOMAS RESPIRATORIOS
Manifestações clinicas 12

SRAG
SINDROME GRIPAL+ DISPNEIA OU SINAIS GRAVIDADE
• SATO2< 95%
• SINAIS DE DESCONFORTO RESPIRATORIO OU AUMENTO FR
• PIORA DAS DOENÇAS DE BASE OU
• INDIVIDUO DE QUALQUER IDADE COM INSUFICIENCIA RESPIRATORIA AGUDA

• EM CRIANÇAS: BATIMENTO ASA NASAL/ TIRAGEM INTERCOSTAL/ DESIDRATAÇÃO/


INAPETENCIA

• ACHADOS RADIOLOGICOS: INFILTRADO INTERSTICIAAL DIFUSO COM


ACOMETIMENTO PRINCIPAL DOS LOBOS MEDIOS E INFERIOR, ATÉ CONSOLIDAÇOES
NOS CASOS COMPLICAÇOES
Complicações 13

• A infecção viral facilita a adesão das bactérias devido as alterações do epitélio respiratório
provocadas pelo influenza
• Quando considerar quadro bacteriano- piora dos sintomas por volta do 5° dia ou persistência
dos sintomas por mais de 10 dias
• Sinais sugestivos de complicações bacterianas: rinorreia predominantemente unilateral, rinorreia
posterior purulenta, febre alta, dificuldade respiratória, toxemia
• Otite e sinusite mais frequentes
• Pneumonia (S. pneumoniae e S. aureus)
• Complicações graves: miocardite/ encefalite/ polirradiculoneurite/ miosite/ rabdomiolise
Diagnostico 14

Clinico
• Sinais e sintomas
• Dificultado pela similaridade com outras infecções respiratórias
virais

Testes • Sorologia
• Imunoflorescencia
• TR antigênicos

diagnósticos • Biologia molecular (PCR)- elevada sensibilidade e especificidade

O diagnóstico oportuno promove o uso racional de


antibióticos, melhorar a eficácia das medidas de prevenção e
controle de infecções e implementa o uso apropriado de
medicamentos antivirais.
Diagnostico 15

RT-PCR:
pacientes imunocomprometidos
hospitalizados- painel de
patógenos mais abrangentes
Tratamento 16

Medidas de suporte/ hidratação/ repouso/ sintomáticos

Antivirais específicos: fases precoces reduz duração e risco de


hospitalização e complicações.
Quanto mais precoce a adm do antiviral maior é a sua eficácia
Inibidores de neuraminidase: oseltamivir (administrado por via oral);
zanamivir (inalatório)
Tratamento 17

Uso do oseltamivir nas seguintes situações clínicas:


• Pacientes com condições e fatores de risco para complicações:
• Crianças < cinco anos (sendo que o maior risco de hospitalização é em menores de dois anos,
especialmente as menores de seis meses que apresentam maiores taxa de mortalidade); –
• População indígena aldeada ou com dificuldade de acesso;
• Indivíduos menores de 19 anos de idade em uso prolongado de ácido acetilsalicílico (risco de
Síndrome de Reye);
• Indivíduos que apresentem: pneumopatias, tuberculose de todas as formas, cardiovasculopatias,
nefropatias, hepatopatias, doenças hematológicas, distúrbios metabólicos, transtornos neurológicos
e do desenvolvimento que podem comprometer a função respiratória ou aumentar o risco de
aspiração, imunossupressão e obesidade

• Nos casos definidos como SRAG: O oseltamivir deve ser prescrito a qualquer momento da suspeita,
mesmo se iniciado após 48 horas do início dos sintomas.
Tratamento 18

• Doses para tratamento em recém-nascidos


• 1 mg/kg/dose 12/12 horas em
prematuros.
• 1 mg/kg/dose 12/12 horas de 37 a < 38
semanas de idade gestacional.
• 1,5 mg/kg/dose 12/12 horas de 38 a 40
semanas de idade gestacional.
• 3 mg/kg/dose de 12/12 horas em RN
com idade gestacional maior de 40
semanas.

LEMBRAR!
Disponibilidade do Oseltamivir: 30mg, 45mg e 75mg- para
crianças fazer diluição. Suspensão 10mg/ml.
Tratamento com zanamivir: autorizado em casos de intolerância gastrintestinal
grave, alergia e resistência ao fosfato de oseltamivir .
Quimioprofilaxia 19

O uso profilático dos inibidores de neuraminidase podem diminuir o risco de


desenvolver influenza em 70% a 90%

Deve ser administrado durante a potencial exposição à pessoa com influenza e


continuar por mais sete dias após a última exposição conhecida.

Pessoas com risco elevado de complicações, não vacinadas ou vacinadas há menos de duas
semanas, após exposição a caso suspeito ou confirmado de influenza;
Crianças <9a, primovacinadas, com fatores de risco, que foram expostas a caso suspeito
ou confirmado no intervalo entre a primeira e a segunda dose da vacina ou com menos
de duas semanas após a segunda dose;
Pessoas com graves deficiências imunológicas ou outros fatores que possam interferir na
resposta à vacinação contra a influenza, após contato com pessoa com infecção
Quimioprofilaxia 20

Menos de três meses: não é recomendado a menos que a situação


seja julgada crítica
Prevenção 21

• Evitar contato próximo com pessoas já infectadas;


• Lavar as mãos e uso de álcool em gel;
• Isolamento;
• Etiqueta da tosse: cobrir rosto ao tossir;
• Aleitamento materno;
Prevenção 22

• Lavas mãos e os brinquedos com água e sabão com frequência;


• Lavar as mãos, após contato com secreções nasais e orais das crianças;
• Observar se há crianças com sinais e sintomas de infecção respiratória;
• Notificar os pais;
• Evitar o contato da criança doente com as demais;
• Recomenda-se que a criança doente fique em casa.
Prevenção 23

• Higienização das mãos com água e sabão ou álcool em gel, antes e após contato com o paciente;
• Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) – avental e luvas, no contato com sangue e secreções;
• Uso de óculos e máscara se houver risco de respingos;
• Descarte adequado de resíduos;
• Uso de máscaras cirúrgicas (gotículas) e N95/PFF (aerossóis se intubação, sucção ou nebulização)
• Fricção de outras superfícies e objetos com álcool 70%
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• Inativadas;

• IM;

• Anual;
IMUNIZAÇÃO
• Duas doses anual se primovacinação e < 9 anos;

• PNI: extremos de idade (crianças de seis meses até menores de


seis anos e maiores de 55 anos), gestantes e puérperas,
portadores de doenças crônicas, profissionais da saúde e
educação, militares e indivíduos privados de liberdade;

• Na rede privada disponível para toda população acima de seis


meses de idade;

• Eficácia 40 – 60%.
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IMUNIZAÇÃO
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• Atualização: cada fevereiro para o Hemisfério Norte e a cada
setembro para o Hemisfério Sul.

• Hemisfério Sul IMUNIZAÇÃO


– Influenza A/Victoria/2570/2019 (H1N1)pdm09;

– Influenza A/Darwin/9/2021 (H3N2);

– Influenza B/Áustria/02/1359417/2021 (linhagem


B/Victoria);

– Quadrivalente (serviço particular): Influenza


B/Phuket/3073/2013 (linhagem B/Yamagata);
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• Reações adversas: 48 horas após:

• Local: dor, hiperemia e enduração no local de aplicação;


IMUNIZAÇÃO
• Sistêmico: febre primeiras 24hs, mialgia, cefaleia, letargia,
náuseas e astenia, irritabilidade, perda de apetite, fadiga
e sintomas gastrointestinais.
• Anafilaxia é rara.
• Alergia à ovo: não são consideradas contraindicações
Referências 28

• https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/nt-sbim-vacinacao-influenza-220401-v3.pdf
• https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22445f-Diretriz-
_Atualiz_Trat_e_Prev_Infecc_Virus_Influenza_2020.pdf
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OBRIGADA!

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