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CUIDADO INTEGRAL AO PACIENTE NAS DOENÇAS INFECTO-PARASITÁRIAS: DOENÇAS

PARASITÁRIAS: DENGUE, FEBRE AMARELA, MALÁRIA, MENINGITES, HEPATITES, HIV,


LEPTOSPIROSE E TUBERCULOSE
1 Dengue:
A dengue é uma infecciosa febril aguda, que pode ser curada com tratamento
sintomático ou até apresentar situações mais graves. Ela se apresenta de três formas
específicas, que são:
a) Infecção inaparente.
b) Dengue clássica.
c) Febre hemorrágica da dengue ou síndrome de choque da dengue.

1.1 Características da dengue


Uma característica muito importante sobre a dengue clássica é que, em geral, o
primeiro sinal é a febre alta (39°C a 40°C) e de forma abrupta, seguido dos sintomas de
cefaleia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor retro orbitária, náuseas, vômitos,
exantema, prurido cutâneo, hepatomegalia (ocasional), dor abdominal generalizada
(principalmente em crianças).
Pequenas manifestações hemorrágicas (petéquias, epistaxe, gengivorragia,
sangramento gastrointestinal, hematúria e metrorragia) também podem ocorrer (Brasil, 2004).
Na febre hemorrágica da dengue ou síndrome de choque da dengue, os sintomas
iniciais são bastante semelhantes aos da dengue clássica, mas a gravidade se manifesta por
volta do terceiro ou quarto dia. Os sinais que o paciente apresenta variam, tais como: dor
abdominal, agitação, palidez, taquicardia, hipotensão, petéquias, equimoses, sangramento
gastrointestinal, cianose e hipotermia.
A dengue também é conhecida popularmente pela sinonímia de febre de quebra
ossos, isto pelo fator da forte dor muscular nas articulações nos ossos que a doença tem como
característica dos sintomas.
O agente etiológico é o vírus da dengue, um arbovírus da família Flaviviridae possuindo
quatro sorotipos conhecidos. Todos podem desenvolver a doença, o que significa que a
suscetibilidade é universal. No entanto, a imunidade é homóloga, ou seja, permanente para
um mesmo sorotipo do vírus. A dengue necessita de vetor para sua transmissão que são os
mosquitos do gênero Aedes aegypti.
Quando pensamos em hospedeiro para essa doença, a fonte da infecção e hospedeiro
vertebrado é o homem.
A dengue ocorre por meio da picada da fêmea infectada do mosquito Aedes aegypti. A
transmissão acontece quando a fêmea do mosquito deposita seus ovos em recipientes com
água, gerando as larvas, que vivem na água por cerca de uma semana. Passado esse período,
as larvas transformam-se em mosquitos adultos, prontos para picar as pessoas.
O período de incubação da doença é de 3 (três) a 15 (quinze) dias. Já o período de
transmissibilidade, aquele em que o indivíduo infectado pode passar a doença adiante com a
ajuda do vetor permanece quando o homem infecta o mosquito durante o período de viremia,
começa um dia antes da febre e dura aproximadamente até o sexto dia de doença.
A principal forma de diagnóstico da dengue é o laboratorial. Nesse sentido, teremos:
EXAMES ESPECÍFICOS: A comprovação laboratorial das infecções pelo vírus da dengues
se faz pelo isolamento do agente ou pelo emprego de métodos sorológicos - demonstração da
presença de anticorpos da classe IgM em única amostra de soro ou aumento do título de
anticorpos IgG em amostras pareadas (conversão sorológica).
ISOLAMENTO: É o método mais específico para determinação do sorotipo responsável
pela infecção. A coleta de sangue deverá ser feita em condições de assepsia, de preferência no
terceiro ou quarto dia do início dos sintomas. Após o término dos sintomas não se deve coletar
sangue para isolamento viral.
SOROLOGIA: Os testes sorológicos complementam o isolamento do vírus e a coleta de
amostra de sangue deverá ser feita após o sexto dia do início da doença (Vasconcelos, 2002).
A dengue não tem tratamento específico. O paciente diagnosticado recebe medicação
apenas sintomática, como analgésicos e antitérmicos (paracetamol e dipirona). Devem ser
evitados os salicilatos e os anti-inflamatórios não hormonais, já que o seu uso pode favorecer o
aparecimento de manifestações hemorrágicas e acidose, o que favorece o sangramento em
casos de dengue hemorrágica. O paciente deve ser orientado a permanecer em repouso e
iniciar hidratação oral.
Vale lembrar que a dengue tem cura na maioria dos casos, depois de iniciado o
tratamento por volta do décimo dia.
Por ser uma doença de notificação compulsória, todo caso suspeito deve ser
comunicado pela via mais rápida. Se for confirmado diagnóstico de dengue hemorrágica, essa
notificação deve ocorrer em 24 horas ao Serviço de Vigilância Epidemiológica mais próxima.

2 Febre amarela.
A febre amarela é uma doença infecciosa, não contagiosa, transmitida ao homem
através da picada de insetos hematófagos após um período de incubação extrínseco, para que
o vírus se reproduza em seus tecidos.
A doença pode ocorrer por duas modalidades epidemiológicas: a silvestre e urbana. A
diferença entre elas está na forma dos transmissores e dos hospedeiros vertebrados. Já sob o
aspecto clínico, a infecção é a mesma e pode se apresentar como assintomática,
oligossintomática, moderada e grave. A letalidade global varia de 5% a 10%, no entanto, nos
casos em que evoluem com as formas graves da enfermidade, apresentam as síndromes
ictero-hemorrágica e hepato-renal, podendo chegar à 50% dos casos.
A febre amarela urbana foi eliminada da América em 1942, mas ainda hoje é existente
na África, os dois continentes endêmicos da arbovirose (Vasconcelos, 2002).

2.1 Características da febre amarela.


O agente etiológico da febre amarela é um vírus RNA. Vírus amarílico, arbovírus do
gênero Flavivírus e família Flaviviridae. O reservatório da doença na forma Febre Amarela
Urbana (FAU) é o homem, já na Febre Amarela Silvestre (FAS) são os macacos, que quando
infectados e morrem em áreas próximas as urbanas servem de alerta para investigação do
vírus que se aproxima do meio urbano, e no caso da febre amarela silvestre o homem é um
hospedeiro acidental.
A transmissão da febre amarela urbana se faz através da picada do Aedes aegypti e a
febre amarela silvestre, pela picada de mosquitos silvestres do gênero Haemagogus e
Sabethes, o período de transmissibilidade varia de 24 a 48 antes dos aparecimentos dos
sintomas e vai até 3 (três) a 5 (cinco) dias depois que também são os dias em que podemos
chamar de período de incubação. O período de incubação no Aedes aegypti, que se mantém
infectado por toda a vida, é de 9 (nove) a 12 (doze) dias (Brasil, 2004).
Os principais sinais e sintomas da febre amarela são:
a) Febre.
b) Dores musculares em todo o corpo, principalmente nas costas.
c) Dor de cabeça.
d) Perda de apetite.
e) Náuseas e vômito.

f) Olhos, face ou língua avermelhada.


g) Fotofobia.
h) Fadiga e fraqueza.
i) Icterícia.

O da febre amarela é baseado nos achados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais. Em


relação ao diagnóstico laboratorial, destacam-se:

ESPECÍFICO: Sorológico: Ensaio imunoenzimático para cultura de anticorpos corpos IgM


(Mac-Elisa): esse exame é realizado a partir de amostras de sangue coletados após o 5º dia de
infecção, e na maioria dos casos requer somente uma amostra de soro sendo possível realizar
o diagnóstico presuntivo de infecção recente ou ativa. Este é o método de escolha utilizado na
rotina diagnóstica da febre amarela.
INESPECÍFICO: Alterações laboratoriais: As formas leves e moderadas apresentam quadro
clínico autolimitado, não há alterações laboratoriais importantes, salvo por leucopenia,
discreta elevação das transaminases (nunca superior a duas vezes os valores normais
encontrados) com discreta albuminúria.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: As formas leves e moderadas são de difícil diagnóstico
diferencial com as doenças febris. As formas graves clássicas ou fulminantes devem ser
diferenciadas das hepatites graves fulminantes, leptospirose, malária, dengue hemorrágica e
septicemias (Ministério da Saúde, 2004).
A internação por febre amarela tanto nos quadros clássicos quanto nos fulminantes é
necessária para o tratamento de dos sintomas e também de suporte.
Na história do Brasil, conforme cita Romano (2014) a última epidemia urbana ocorreu no
ano de 1929 na cidade do Rio de Janeiro, onde 738 pessoas foram diagnosticadas com a
doença, destas 78 foram á óbito. Depois disso, o último caso suspeito de febre amarela foi
registrado no Estado do Acre em 1942.
A forma mais eficiente de prevenção da febre amarela e controle da doença é a
imunização. A vacina é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por meio do
Programa Nacional de Imunização (PNI) e consiste em uma dose única a partir dos 9 meses de
idade, sendo administrada de forma subcutânea com o volume da dose de 0,5 mL.
A febre amarela é uma doença de notificação compulsória e deve ser imediata, em 24
horas o órgão de vigilância epidemiológica deve ser comunicado por meio do preenchimento
da Ficha de Investigação de Febre Amarela, disponibilizado pelo Sistema de Informações de
Agravos de Notificação (SINAN).

3 Malária.
A doença da malária é uma doença infecciosa aguda e febril. Ela é causada por um parasita
e se caracteriza pelos sinais e sintomas citados a seguir:
a) Hipertermia.
b) Calafrios.
c) Sudorese.
d) Cefaleia.
e) Cansaço.
f) Mialgia.
3.1 Características da malária.
O agente etiológico causador da malária é o Plasmodium malariae e Plasmodium vivax, e
as causas graves são causadas pelo Plasmodium falciparum. Quando se apresenta de forma
grave o paciente apresenta cefaleia intensa, êmese, sonolência, convulsões, insuficiência renal
aguda, edema agudo de pulmão, hipoglicemia, disfunção hepática e choque cardiogênico.
O alto potencial de viremia dessa doença no Brasil está na Região Amazônica, o que
caracteriza um importante fator epidemiológico, já que essa região apresenta um elevado
potencial de disseminação da doença, colocando a população que lá vive em vulnerabilidade
social e econômica.
A malária também é conhecida popularmente por outros nomes como: febre palustre,
maleita, sezão, tremedeira e batedeira.
O único reservatório é o homem. Já o vetor da doença são mosquitos que pertencente à
ordem dos dípteros, família Culicidae, gênero Anopheles. Em nosso país, o mosquito
transmissor da doença, principal vetor da doença, são os mosquitos (fêmeas) conhecidos como
“muriçoca”, carapanã, “sovela”, “mosquito – prego” e “bicuda”, todos pertencentes da família
Anopheles darlingi.
Por não se tratar de uma doença contagiosa, a malária não pode ser transmitida de pessoa
para pessoa. Para o indivíduo se tornar doente é necessário a participação dos vetores que
foram citados acima. Esses mosquitos têm hábitos diurnos, mas também picam a noite, só que
em menor quantidade.
As formas de diagnóstico da malária são feitas a partir de análise sanguínea. São elas:
a) Gota espessa: Oficialmente adotado no Brasil, é um método simples, eficaz, de baixo
custo e de fácil realização. Sua técnica baseia-se na visualização do parasito por meio
de microscopia óptica.
b) Testes rápidos.
c) Técnicas moleculares.
d) Malária mista.
e) Esfregaço delgado.
O paciente inicia o tratamento imediatamente após a confirmação da malária, o que se dá
em regime ambulatorial com medicações via oral, comprimidos, fornecidos gratuitamente em
unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Somente em casos graves devem ser
hospitalizados de imediato. É importante destacar que não existe vacina contra a malária, por
isso medidas de prevenção devem ser tomadas como profilaxia da doença, por exemplo:
a) Uso de mosquiteiros.
b) Roupas que protejam pernas e braços.
c) Telas em portas e janelas.
d) Uso de repelentes.
A malária é uma doença de notificação compulsória e, portanto, todos os casos suspeitos
ou confirmados devem ser obrigatoriamente notificados às autoridades de saúde. No entanto,
temos que levar em consideração que a notificação tem tempo diferente para os casos
ocorridos na Região Amazônica e fora dela, veja:
a) Se houver casos na Região Amazônica, mesmo que sejam suspeitas, devem ser
notificados em até 7 (sete) dias à vigilância epidemiológica.
b) Casos em que acontecem nas demais regiões do Brasil, mesmo que suspeitos, a
notificação compulsória deve ser imediata, em 24 horas, para a vigilância
epidemiológica.
4 Meningites.
A meningite é caracterizada basicamente por uma inflamação nas membranas que
envolvem o cérebro e a medula espinal. São elas dura-máter, aracnoide e pia-máter. No Brasil,
a meningite é considerada uma patologia endêmica.
A doença de meningite pode se apresentar de várias formas através do agente
etiológico causador da patologia, no entanto as formas virais e bacterianas são as que
acontecem com maior frequência. A forma mais grave da doença é a meningococcemia.

4.1 Características da meningite.


No caso das meningites bacterianas, o agente etiológico Neisseria meningitidis
(meningococo) que é um diplococo gram-negativo, aeróbio, imóvel, pertencente à família
Neisseriaceae é o que apresenta maior importância. Já nas meningites virais o agente
etiológico são os vírus do gênero Enterovírus.
4.2 Meningite bacteriana.
O reservatório das bactérias causadores da meningite é o homem, sendo a região da
via aérea, mais especificamente a nasofaringe, a área de colonização desse patógeno.
O modo de transmissão é direto, ou seja, de pessoa para pessoa, por meio das
secreções respiratórias com presença do micro-organismo, mesmo as pessoas infectadas ainda
estando assintomáticas.
O período de incubação na forma bacteriana é em média de 3 (três) a 4 (quatro) dias,
mas pode se estender até 10 (dez) dias. O período em que a pessoa contaminada pode
transmitir a doença permanece até que o meningococo seja eliminado da via aérea, o que
costuma acontecer após 24 horas de início do tratamento com antibiótico adequado.
Todas as pessoas estão suscetíveis a contrair a meningite bacteriana, porém existe um
grupo de maior vulnerabilidade que são as crianças, especialmente as menores de um ano de
idade.
Os sinais e sintomas apresentados por pacientes acometidos pela bactéria N.
Meningitidis permeiam desde uma febre transitória até os quadros de septicemia, o que pode
levar o paciente ao óbito em poucas horas depois do início dos sintomas. São eles:
a) Febre.
b) Dor de cabeça.
c) Rigidez no pescoço.
d) Náusea.
e) Vômito.
f) Falta de apetite.
g) Irritabilidade.
h) Sonolência ou dificuldade para acordar do sono.
Conforme o Ministério da Saúde (2017), o diagnóstico pode ocorrer pela forma
laboratorial. Os principais exames para o esclarecimento diagnóstico de casos suspeitos são:
CULTURA: Pode ser realizada com diversos tipos de fluidos corporais, principalmente
líquido cefalorraquidiano (LCR), sangue e raspado de lesões petequeais. É considerada padrão
ouro para diagnóstico da doença meningocócica, por ter alto grau de especialidade.
EXAME QUIMIOCITOLOGICO: Permite a contagem e o diferencial das células; e as
dosagens de glicose e proteínas do LCR. Traduz a intensidade do processo infeccioso e orienta
a suspeita clínica, mas não deve ser utilizado para conclusão do diagnóstico final, pelo baixo
grau de especificidade.
A forma preventiva mais eficaz para a meningite bacteriana ocorre por meio da
imunização. A vacina disponibilizada pelo SUS por meio do Programa Nacional de Imunização
para prevenção da meningite é a Meningococo C, que deve ser aplicada em duas doses, umas
aos 3 meses e a segunda aos 5 meses, sendo o reforço aos 12 meses de idade. Vale ressaltar
que crianças não imunizadas na idade recomendada pelo Ministério da Saúde podem ser
vacinadas até os 4 anos de idade.
A meningite é uma doença de notificação compulsória e deve ser imediata, em 24
horas. O órgão de vigilância epidemiológica deve ser comunicado por meio do preenchimento
da Ficha de Investigação Meningites, disponibilizado pelo Sistema de Informações de Agravos
de Notificação (SINAN).

4.3 Meningite viral.


Esse tipo de afecção, assim como na forma bacteriana, causa um processo inflamatório
das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, só que de
origem viral.
O agente etiológico é um vírus, sendo o principal causador da doença os que
pertencem a família do Enterovírus. O reservatório é o homem e a principal forma de
contaminação é pela via fecal-oral. Em alguns casos também pode ser pela via respiratória.
O período de incubação do vírus é em média de 7 (sete) a 14 (quatorze) dias. Quanto à
vulnerabilidade, as crianças são o grupo mais atingido, porém a doença é de suscetibilidade
universal.
As manifestações clínicas mais frequentes, em se tratando de Enterovírus, são:
a) Febre.
b) Mal-estar geral.
c) Náusea e dor abdominal na fase inicial do quadro.
d) Irritação meníngea, com rigidez de nuca geralmente.
e) Vômito.

Diferentemente da meningite bacteriana, a recuperação desse tipo de infecção viral é


quase que completa. Alguns pacientes posteriormente podem apresentar espasmos
musculares, surdez, atraso mental, insônia e mudança de personalidade. O quadro geral de
duração da doença costuma ser de 1 (uma) semana ou menos.
Em casos de surtos, os casos suspeitos são de extrema importância sua investigação.
As principais formas de identificar o agente etiológico são:
a) Sorologia (pesquisa de anticorpos IgG e IgM).
b) Isolamento viral em cultura celular (liquor e fezes).
c) PCR (Reação em cadeia da Polimerase), LCR, soro e outros tipos de amostra.
d) Exame quimiocitológico do LCR.

O tratamento antiviral específico não tem sido amplamente utilizado. Em geral, opta-
se pelo tratamento dos sinais e sintomas e tratamento de suporte, com avaliação criteriosa e
acompanhamento clínico.
Assim como na meningite bacteriana, no caso da viral todos os casos suspeitos ou
confirmados devem ser notificados às autoridades competentes por profissionais da área da
saúde no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).

5 Hepatites virais.
As hepatites virais são doenças causadas por diferentes vírus hepatotrópicos, que
apresentam características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais distintas e possuem
distribuição universal. É uma doença conhecida popularmente por tiriça ou amarelão.

5.1 Características da hepatite.


O agente etiológico são os vírus A (HAV), B (HBV), C (HCV), D (HDV) e E (HEV). Esses
vírus pertencem, respectivamente, às seguintes famílias: Picornaviridae, Hepadnaviridae,
Flaviviridae, Deltaviridae e Hepeviridae (Brasil, 2017). O homem é o reservatório de maior
importância na epidemiológica.
HEPATITES A e E: São transmitidas ou adquiridas quando há má condições de
saneamento básico, má higiene pessoal, água tratada de forma duvidosa e alimentos
contaminados, portanto é adquirida pela via fecal-oral.
HEPATITE B, C e D: São transmitidas por sangue (vertical, parenteral e percutânea) via
sexual e secreções.
O compartilhamento de objetos contaminados é uma das formas de transmissão,
assim como a realização de tatuagens, o uso de instrumentos injetáveis, os acidentes com
material biológico em procedimentos cirúrgicos, odontológicos, hemodiálise, transfusão
sanguínea (aos profissionais da saúde), entre outros.
No entanto, para esse grupo de risco, que são os trabalhadores da saúde, o
cumprimento adequado das normas de biossegurança pode evitar esses acidentes passíveis de
contaminação. A imunidade aos vírus da hepatite é conferida pelo próprio quadro infeccioso
na hepatite A e B, sendo duradoura e específica.
A manifestação da hepatite pode acontecer também de duas formas, aguda e crônica.
Na hepatite aguda, temos:
PERÍODO PRODRÔMICO OU PRÉ-ICTÉRICO: Os sintomas são inespecíficos como
anorexia, náuseas, vômitos, diarreia (ou raramente constipação), febre baixa, cefaleia, mal-
estar, astenia e fadiga, aversão ao paladar e/ou olfato, mialgia, fotofobia, desconforto no
hipocôndrio direito, urticária, artralgia ou artrite e exantema papular ou maculopapular.
FASE ICTÉRICA: Com o aparecimento da icterícia, em geral há diminuição dos sintomas
prodrômicos. Existe hepatomegalia dolorosa, com ocasional esplenomegalia. Ocorre
hiperbilirrubinemia intensa e progressiva, com aumento da dosagem de bilirrubinas totais,
principalmente à custa da fração direta.
FASE DE CONVALESCENÇA: Período que se segue ao desaparecimento da icterícia,
quando retorna progressivamente a sensação de bem-estar.

Na hepatite crônica, destacam-se:


PORTADOR ASSINTOMÁTICO: Indivíduos com infecção crônica que não apresentam
manifestações clínicas, que têm replicação viral baixa ou ausente e que não apresentam
evidências de alterações graves à histologia hepática. Em tais situações, a evolução tende a ser
benigna, sem maiores consequências para a saúde.
HEPATITE CRÔNICA: Indivíduos com infecção crônica que apresentam sinais
histológicos de atividade da doença e que do ponto de vista virológico caracterizam-se pela
presença de marcadores de replicação viral. Podem ou não apresentar sintomas na
dependência do grau de dano hepático já estabelecido. Apresentam maior propensão para
uma evolução desfavorável, com desenvolvimento de cirrose e suas complicações.
A forma de diagnósticos das hepatites virais se dá por meio da presença de vírus no
sangue, no soro, no plasma ou fluido corporal da pessoa infectada. As formas para fazer essa
detecção são:
a) Imunoensaios.
b) Ensaio imunoenzimático (ELISA).
c) Testes rápidos (geram resultado em até 30 minutos).
As medidas preventivas, no caso da Hepatite A e B, a mais eficiente é a imunização,
disponibilizada pelo Ministério da Saúde por meio do Programa Nacional de Imunização.
Contudo, as hepatites A e E visam como pedida profilática os cuidados com a água de
consumo, manipulação de alimentos e com as condições de higiene e saneamento básico.
Na hepatite C não há imunização, mas assim como na B e D, as medidas profiláticas são
as mesmas para evitar o contágio: não fazer compartilhamento de objetos cortantes pessoais,
cuidado com a esterilização dos materiais para colocação de piercing e realização de
tatuagens, além de fazer uso de preservativo em todas as práticas sexuais.
As hepatites são doenças de notificação compulsória que devem ser encaminhadas ao
órgão de vigilância epidemiológica sendo comunicada por meio do preenchimento da Ficha de
Investigação Hepatites, disponibilizado pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação
(SINAN).

6 Infecção por HIV e AIDS


A infecção causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) até seu
desenvolvimento da doença, ou seja, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é
considerada um problema de saúde pública importante, uma vez que se trata de uma doença
pandêmica.
As pessoas que infectadas pelo HIV que não realizam tratamento apresentam uma
grave disfunção no sistema imunológico, a partir da destruição das células, alvos do vírus que
fazem parte do sistema de defesa os Linfócitos T CD+.
6.1 Características do HIV e AIDS
Os agentes etiológicos são o HIV-1 e HIV-2, que fazem parte da família Lentiviridae. O
reservatório é o homem.
O período de incubação do HIV até o surgimento dos sintomas na fase aguda é de 1
(um) a 3 (três) semanas. Já o período que determina o desenvolvimento dos sinais e sintomas
da AIDS, conhecido como período de latência, é de em média 10 anos.
A suscetibilidade é universal, porém existem populações-chave que estão mais
vulneráveis à exposição do vírus que são, os homossexuais, as mulheres profissionais do sexo,
os travestis, os transexuais e os usuários de drogas injetáveis.
As manifestações clínicas ocorrem da seguinte forma:
INFECÇÃO AGUDA: Os sintomas dessa fase, que acontecem no pico da viremia, são
muito semelhantes à de um estado gripal, apresentando febre, faringite, mialgia, artralgia,
lesões exantemáticas, ulcerações nas mucosas, cefaleia, fotofobia, anorexia náuseas e
vômitos.
As pessoas que desenvolvem a AIDS se tornam expostas às doenças oportunistas. Isso
significa que doenças que são causadas por micro-organismos usualmente comuns ao meio
ambiente podem desencadear situações de infecções graves em portadores da doença.
Formas de diagnóstico do HIV:
a) O imunoensaio enzimático (ELISA).
b) Western Blot.
c) Teste de imunofluorescência indireta.
d) Testes rápidos.
JANELA IMUNOLÓGICA: É definida como o tempo que decorre entre a infecção e o
aparecimento ou identificação dos marcadores da infecção. A duração desse período vai
depender do tipo de método e teste escolhido para identificar o marcador.

Muitos fatores podem contribuir para que o tempo de soroconversão nas pessoas seja
diferente. Nesse período só os testes de biologia molecular são capazes de detectar partículas
virais, como a carga viral.
Existem duas formas de realizar o diagnóstico diferencial, um na fase aguda e outro na
fase sintomática.

FASE AGUDA: Nesse momento, geralmente a infecção pelo HIV é negativa, e a


pesquisa é para eliminar doenças virais exantemáticas ou não, como é caso do herpes.
FASE SINTOMÁTICA: Nessa fase, o diagnóstico diferencial investiga eliminar suspeita
de meningite bacteriana, outras infecções do sistema nervoso e pneumonia, por exemplo

O tratamento da AIDS\HIV ocorre por meio de medicamentos antirretrovirais (ARV).


Esses medicamentos surgiram na década de 80 e auxiliam no fortalecimento do sistema
imunológico. O seu uso de forma regular é fundamental para que os indivíduos portadores do
vírus tenham um tempo maior de vida, assim como qualidade de vida. Consequentemente,
eles diminuem o tempo de internações desses pacientes e diminuem a chance de adquirir
doenças oportunistas. Os ARV são distribuídos pelo SUS desde 1966.
Atualmente são 22 tipos de ARV distribuídos no país em 38 formas de apresentação
farmacêutica. As formas mais indicadas e eficientes de se evitar o HIV e o desenvolvimento da
AIDS é a proteção com o uso de camisinhas durante as relações sexuais, além da restrição no
compartilhamento de objetos de drogadição, além de seguir as normas de biossegurança pelos
profissionais da saúde. Algumas delas são:
INTERVENÇÕES BIOMÉDICAS: São ações voltadas à redução do risco de exposição,
mediante intervenção na interação entre o HIV e a pessoa passível de infecção.
INTERVENÇÕES COMPORTAMENTAIS: São ações que contribuem para o aumento da
informação e da percepção do risco de exposição ao HIV e para sua consequente redução,
mediante incentivos a mudanças de comportamento da pessoa e da comunidade ou grupo
social em que ela está inserida. Como exemplos, podem ser citados: incentivo ao uso de
preservativos masculinos e femininos.
INTERVENÇÕES ESTRUTURAIS: São ações voltadas aos fatores e condições
socioculturais que influenciam diretamente a vulnerabilidade de indivíduos ou grupos sociais
específicos ao HIV, envolvendo preconceito, estigma, discriminação ou qualquer outra forma
de alienação dos direitos e garantias fundamentais à dignidade humana. Podemos enumerar
como exemplos: ações de enfrentamento ao racismo, sexismo, LGBTfobia e demais
preconceitos.

É importante ressaltar que o teste para detecção do HIV deve ser feito regularmente e
sempre que a pessoa tenha vivido uma situação de risco, como é o caso do sexo sem
camisinha. Quanto mais brevemente souber do diagnóstico, mais rápido se iniciara o
tratamento e a qualidade de vida será melhor, mesmo se tratando de uma doença que não
tem cura.
HIV é uma doença de notificação compulsória tardia, até sete dias, que deve ser
encaminhada ao órgão de vigilância epidemiológica sendo comunicada através do
preenchimento da Ficha de Investigação Hepatites, disponibilizado pelo Sistema de
Informações de Agravos de Notificação (SINAN).

7 Leptospirose
Trata-se de uma doença infecciosa febril de início abrupto, cujo espectro clínico pode
variar desde um processo assintomático até formas graves.

7.1 Características da leptospirose


O agente etiológico da leptospirose é uma bactéria aeróbicado tipo Leptospira,
existem 14 espécies dessa bactéria, mas a mais importante desse gênero é a Leptospira
interrogans.
O reservatório dessa bactéria são os animais, domésticos e selvagens. Entre o principal
reservatório estão os roedores, as ratazanas ou rato de esgoto, ratos de telhado e os
camundongos, pertencentes as espécies, Rattus norvegicus, Rattus rattus e Mus musculos,
respectivamente. Esses animais não desenvolvem a doença quando infectados, mas fazem o
alojamento da bateria em seus rins, que posteriormente são eliminadas vivas no ambiente por
meio da diurese no ambiente o que ocasiona a contaminação do solo, água e alimentos.
Contudo, outros animais podem ser reservatórios dessa bactéria, como os cães, os porcos, os
bovinos, cabras e equinos. O homem nessa cadeia é um hospedeiro acidental e terminal.
A forma de contrair a doença, ou seja, o modo de transmissão, ocorre por meio da
exposição direta ou indireta com a urina desses animais infectados. A bactéria penetra na pele
por meio de lesões existentes ou a exposição mesmo com pele íntegra por longo tempo em
água contaminada, o que pode ocorrer também pelas mucosas.
O período de incubação da doença costuma ser de 1 (um) a 30 (trinta) dias. Já a
situação de transmissibilidade preocupa os órgãos de saúde, uma vez que os animais
infectados podem eliminar a bactéria leptospira por meses ou até por toda a vida dependendo
a espécie do animal infectado e o sorovar envolvido. E a suscetibilidade a doença é universal.
As manifestações clínicas da doença podem se apresentar de duas formas:
FASE PRECOCE: Hipertermia que aparece de forma abrupta, cefaleia, mialgia, anorexia,
náuseas e vômito, se assemelhando a outras doenças infecciosas febris, o que dificulta o
diagnóstico e notificação da doença nessa fase. Também nessa fase o paciente pode
apresentar diarreia, artralgia, hiperemia e hemorragia conjuntival, fotofobia e tosse. Algumas
pessoas podem apresentam lesões exantemáticas na região do tronco e região tibial.
FASE TARDIA: A situação mais grave que pode ocorrer nessa fase é Síndrome de Weil,
que é composta por uma tríade: icterícia, insuficiência renal e hemorragia. O aparecimento de
hemoptise de forma franca indica gravidade extrema da infecção e pode ocorrer subitamente,
levando o paciente a insuficiência respiratória grave e ao óbito.
O diagnóstico laboratorial pode ser feito pelos exames específicos e inespecíficos.
Exames específicos na fase precoce:
a) Exame direto.
b) Cultura.
c) Detecção do DNA pela reação em cadeia da polimerase (PCR).

Exames específicos na fase tardia:


a) Cultura.
b) ELISA-IgM.
c) Microaglutinação (MAT).
Esses exames por recomendação do Ministério da Saúde devem ser realizados pelos
Lacens, laboratórios pertencentes à Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública.
E quanto aos exames inespecíficos contamos com os seguintes para diagnóstico:
a) Hemograma.
b) Bioquímico.
c) Radiografia de tórax.
d) Eletrocardiograma (ECG).
e) Gasometria arterial.
O tratamento para leptospirose deve ser de hospitalização imediata dos casos graves,
visando evitar complicações e diminuir a letalidade. Nos casos leves, o atendimento é
ambulatorial com tratamento dos sinais e sintomas.
A leptospirose é uma doença de notificação compulsória imediata, inclusive nos casos
suspeitos, que devem ser encaminhados ao órgão de vigilância epidemiológica sendo
comunicado através do preenchimento da Ficha de Investigação Hepatites, disponibilizado
pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN).

8 Tuberculose
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa que atinge principalmente os pulmões. Ela
existe desde a Antiguidade e até em múmias do Antigo Egito foram encontradas lesões
características da TB. Mas só em 1882 o médico alemão Robert Koch conseguiu identificar o
tipo de micróbio que causa esta doença.
8.1 Características da tuberculose
O agente etiológico pela tuberculose é uma bactéria em forma de pequenos bastões.
Seu nome científico é Mycobacterium tuberculosis, porém é popularmente conhecida e
chamada de Bacilo de Koch (B.K.), em homenagem ao seu descobridor. Na maioria dos casos,
as lesões da TB se localizam nos pulmões, mas a doença também pode ocorrer nos gânglios,
rins, ossos, meninges ou outros locais do organismo (CVE, 2000).
O reservatório principal é o homem, no entanto bovinos, primatas e aves podem se
tornar reservatórios da bactéria também. A tuberculose é de transmissão aérea, ocorrendo
através da inalação de aerossóis expelidos pela fala, espirro ou tosse. Objetos que se
depositam os bacilos, como roupas, copos e talheres não são importantes na cadeia de
transmissão á que se dispersam facilmente.
A transmissibilidade do bacilo dura enquanto a pessoa estiver eliminando bacilo, mas
com o início da medicação adequada a transmissão diminuía gradativamente, e de forma
geral, em 15 (quinze) dias iniciado o tratamento não é mais possível a identificação do micro-
organismo. A suscetibilidade da doença é universal.
A forma mais eficiente de imunização é vacina, que é preparada através de bacilos
vivos atenuados, a partir da cepa do Mycobacterium bovis, atingindo alto grau de imunidade
nas formas de tuberculose miliar e meníngea. A vacina é distribuída pelo SUS no Programa
Nacional de Imunização e deve ser aplicada em dose única de 0,1 ml em via intradérmica.
O principal sintoma da doença nas pessoas infectadas de tuberculose é a tosse seca ou
produtiva. Nesse sentido, é recomendado que em todas as pessoas sintomáticas, com episódio
de tosse por três semanas ou mais, seja feita uma investigação clínica para tuberculose.
Existem outros sintomas que a doença apresenta, como:
a) Febre vespertina.
b) Sudorese noturna.
c) Emagrecimento.
d) Cansaço/fadiga.
O diagnóstico para a tuberculose pode ser feito de duas formas, pelos seguintes
exames:
BACTERIOLÓGICOS:
a) Baciloscopia.
b) Teste rápido molecular para tuberculose.
c) Cultura para microbactéria.

POR IMAGEM (EXAME COMPLEMENTAR)


a) Radiografia de tórax.

A tuberculose se tratada adequadamente tem cura, isso inclui as doses corretas pelo
tempo determinado, que costuma ser de seis meses. O esquema terapêutico, disponibilizado
pelo SUS, são a Isoniazida, a Rifampicina, a Pirazinamida e o Etambutol.

A tuberculose é uma doença de notificação compulsória imediata. Os casos suspeitos


devem ser encaminhados ao órgão de vigilância epidemiológica sendo comunicado por meio
do preenchimento da Ficha de Investigação de Tuberculose, disponibilizado pelo Sistema de
Informações de Agravos de Notificação (SINAN).

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