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Experiência de aprendizagem: Dengue.

Gabriela Grilli Delagostini, 1936944.

A doença, classificação e sorotipos


A dengue é uma doença infecciosa febril causada pelos arbovírus pertencentes à
família Flaviviridae, do gênero Flavivírus. Ela apresenta quatro sorotipos, sendo
DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, onde todos eles podem causar tanto as formas
clássicas como as mais graves da doença.

Morfologia e material genético


O vírus da dengue é um vírus envelopado de RNA. Ele é rodeado por uma
proteína central (proteína C), formando assim o nucleocapsídeo, que tem como função
proteger o material genético. Logo em seguida há a bicamada lipídica que contém as
proteínas M (membrana estrutural) e E (envelope), formando assim o envelope ou
envoltório da partícula viral.

Modo de transmissão e período de incubação


A fêmea do mosquito Aedes aegypti é a principal transmissora da dengue no
Brasil, sendo considera um vetor. Quando infectada pelo vírus, ele se multiplica no
intestino e infecta outros tecidos, chegando às glândulas salivares. O ciclo de
transmissão nos humanos se inicia com a picada do mosquito, sendo esse o único modo
de transmissão. Após a picada, se inicia o ciclo de replicação viral nas células,
ocorrendo viremia (disseminação do vírus no sangue) e assim dando início aos sintomas
após o período de incubação que tem em média de 5 a 6 dias, podendo variar de 3 a 15
dias.

Quadro Clínico, Patogenia e Complicações


A doença pode ser assintomática ou clássica, mas também pode evoluir a
quadros mais graves, como a dengue hemorrágica. Na dengue clássica, a primeira
manifestação é a febre alta com valores entre 39º e 40ºC. A febre é seguida de dor de
cabeça ou nos olhos, cansaço e fadiga, dores musculares ou ósseas, falta de apetite,
náuseas, vômitos, dor abdominal e erupções na pele. Possui duração média de 5 a 7
dias, mas a debilidade física pode se prolongar por algumas semanas.
A dengue hemorrágica é a forma mais grave da doença e tende a aparecer em
pacientes já tiveram quadros de dengue ou em idosos, pacientes com hipertensão
arterial, diabetes e doenças respiratórias. Os sintomas iniciais são semelhantes a dengue
clássica, porém no terceiro ou quarto dia de evolução, ocorre o agravamento do quadro
com o aparecimento de manifestações hemorrágicas, hepatomegalia e colapso
circulatório. Esse colapso ocorre por conta do aumento da permeabilidade vascular e
falência circulatória, sendo uma das complicações da dengue em sua forma mais grave,
já que pode levar ao óbito em até 12 a 24 horas se o paciente não sofrer efeito anti-
choque.
Estudos indicam que a dengue hemorrágica não tem relação com a baixa
imunidade do paciente e sim com a “excessiva” resposta imunológica do organismo ao
vírus, causando uma hipersensibilidade que pode acarretar na produção de substâncias
responsáveis pelo aumento da permeabilidade vascular, causando perde de líquidos,
queda da pressão arterial e o colapso circulatório.

Tratamento
Não há um remédio eficaz contra o vírus do dengue e sim medicamentos para
tratar os sintomas, como analgésicos e antitérmicos. Indica-se também hidratação com
aumento da ingestão de água, sucos, chás e soros caseiros. No caso da dengue
hemorrágica, o tratamento é realizado a partir da internação hospitalar.
Não devem ser utilizados medicamentos com derivados do ácido acetilsalicílico
(AAS) e anti-inflamatórios não hormonais, por esses aumentarem o risco de
hemorragias.

Imunidade adquirida e artificial


Estudos apontam que quando uma pessoa é infectada por um dos quatros
sorotipos, ela torna-se imune a todos os outros tipos durante alguns meses e
permanentemente imune ao tipo pela qual foi infectada, sendo essa a imunidade
adquirida pelo nosso organismo após sermos infectados pelo vírus.
A imunidade artificial é aquela imunidade estimulada através de uma vacina, e
atualmente não há uma vacina tetravalente disponível em larga escala. A vacina
disponível atualmente no Brasil é a Dengvaxia, indicada para prevenção aos 4 sorotipos
em indivíduos que possuem entre 4 e 45 anos e moram em áreas endêmicas ou foram
previamente infectados pela doença.
Estudos recentes, de 2019, informam que a companhia farmacêutica Takeda
anunciou uma nova vacina tetravalente para dengue já com resultados positivos na fase
3. A vacina seria baseada em um vírus do sorotipo 2 da dengue de forma atenuada, que
é capaz de gerar resposta imunológica eficaz para os outros 3 sorotipos da dengue. Foi
mostrado que a vacina é capaz de proteger contra a doença e sua hospitalização em
casos graves por 3 anos. A fabricante enviou um pedido à ANVISA para liberação e
aprovação da vacina em pessoas entre 4 e 60 anos que tiveram ou não dengue, podendo
ser aplicada em larga escala.

Prevenção
Algumas medidas de prevenção são necessárias e importantes para ajudar a
controlar e diminuir os casos de dengue, principalmente no verão, época em que os
casos são mais propensos a aumentar. Logo abaixo estão algumas medidas:
1. Remoção ou vedação de locais onde a fêmea pode por seus ovos, retirando a
água parada e limpando e armazenando esses objetos.
2. Uso de inseticidas e repelentes, sendo essa uma forma limitada, já que estudos
indicam que os vetores já se encontram resistentes a essas substâncias.
3. Conscientização da população sobre a doença durante a estação do verão, que
é quando ela tem mais propensão a ocorrer.
4. Monitoramento de terrenos baldios e casas abandonadas.

Dados epidemiológicos atuais


De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde,
foram notificados 987.173 casos prováveis de dengue entre o período de 29/12/2019 até
02/01/2021. A taxa de incidência foi de 469,8 casos por cada 100 mil habitantes, sendo
a região centro-oeste com maior incidência (1.212,1 casos/100 mil habitantes).
Nesse mesmo período foram confirmados 826 casos de dengue grave e 9.072
casos de dengue com sinais de alarme, sendo que ainda há 426 casos em análise. Foram
confirmados 554 óbitos, sendo 510 (92,1%) ocorreram entre as primeiras 26 semanas
concentrados nos estados da região sul (Paraná), sudeste (São Paulo) e Centro-Oeste
(Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás).

Curiosidades
É interessante ressaltar algumas características sobre o agente etiológico da
doença, sendo a fêmea do mosquito Aedes aegypti. Ela tem maior densidade no verão,
pois é nessa estação que temos maior pluviosidade e umidade, criando condições
favoráveis para as fêmeas deixarem seus ovos. Seu habitat é dentro das casas em
ambientes escuros e baixos, como sob mesas, cadeiras e armários, precisando de alta
temperatura e umidade que são favoráveis para seu desenvolvimento e sobrevivência.
Sobre os ovos, eles não são postos diretamente na água, mas sim em recipientes
como latas e garrafas vazias, pneus, calhas, caixa de água ou vasos, sendo objetos que
podem armazenar a água da chuva. As altas temperaturas da estação aceleram o
desenvolvimento do mosquito entre as fases ovo-larva e larva-adulto.
Em média cada mosquito vive em torno de 30 dias e nesse tempo, a fêmea chega
a colocar entre 150 a 200 ovos em cada ciclo (4 a 5 dias). Elas se acoplam com os
machos uma única vez, armazenando seus espermatozoides em reservatórios dentro de
seu aparelho reprodutor e pondo os ovos no decorrer da sua vida.

Referências Bibliográficas
FIOCRUZ MINAS. Dengue. 2021. Disponível em:
http://www.cpqrr.fiocruz.br/pg/dengue/. Acesso em: 18 nov. 2021.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Dengue - Aspectos Epidemiológicos, Diagnóstico e


Tratamento. 2002. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/dengue_aspecto_epidemiologicos_diagnosti
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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Boletim Epidemiológico. 2021. Disponível em:


https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/media/pdf/2021/fevereiro/01/
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HERMES PARDINI. Vacina Dengue. 2021. Disponível em:


https://www.hermespardini.com.br/lojavirtual/vacina/vacina-dengue. Acesso em: 18
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Pivotal Phase 3 Efficacy Trial. 2019. Disponível em:
https://www.takeda.com/newsroom/newsreleases/2019/takedas-dengue-vaccine-
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TAKEDA. Potential Impacto f Takeda’s Dengue Vaccine Candidate Reinforced by


Long-Term Safety and Efficacy Results. 2021. Disponível em:
https://www.takeda.com/newsroom/newsreleases/2021/potential-impact-of-takedas-
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Acesso em: 20 nov. 2021.

FIOCRUZ. Atlas of Dengue Viruses Morphology and Morphogenesis. 2010.


Disponível em: http://www.fiocruz.br/ioc/media/2010%20Atlas%20completo
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