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Introdução
Os vírus Influenza pertencem à família Orthomyxoviridae e são classificados em 7 gêneros.
Dentre esses gêneros, três têm a capacidade de infectar humanos: Influenza A, B e C (este último
é menos diagnosticado e pode não causar doença grave devido à dificuldade de diagnóstico).
Embora o Influenza A e B não apresentem diferenças clínicas significativas, o Influenza B tem
maior relevância epidemiológica em termos de número de casos.
Variação Genética
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Toda vez que um vírus novo infecta a população humana ele passa por espécies intermediárias, principalmente os
suínos.
Existem duas formas de evolução genética do vírus influenza. Por ser um vírus de RNA, o
influenza possui uma alta taxa de acumulação de mutações ao longo do tempo, sendo ainda mais
pronunciado do que no caso do SARS-CoV-2. Essas mutações ocorrem principalmente nas
glicoproteínas de superfície, enquanto outras mutações, como aquelas que afetam os genes da
polimerase e proteases, são deletérias. Portanto, com o passar do tempo, os anticorpos que temos
podem não ser mais eficazes contra as variantes do vírus da gripe em circulação, o que explica a
necessidade de vacinação anual contra a doença.
Uma das formas de evolução do vírus influenza é conhecida como deriva genética, que envolve o
acúmulo de mutações ao longo do tempo, também chamado de "drift". Além disso, outra forma
de evolução genética é o rearranjo entre os segmentos genéticos do vírus, conhecido como "shift"
Epidemiologia
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O perfil epidemiológico e pandêmico revela que pandemias ocorrem aproximadamente a cada
década, enquanto epidemias de vírus influenza de maior ou menor impacto ocorrem a cada 1 ou 2
anos. Isso depende do momento em que o vírus sofre mutações e da capacidade da imunidade da
população em conter a circulação do vírus.
Os vírus sazonais por si só já causam um grande impacto na saúde humana. Anualmente, eles
afetam entre 5% a 20% da população mundial, resultando em cerca de 1 bilhão de casos por ano.
Isso leva a 3 a 5 milhões de casos de doença grave e ocasiona entre 290 mil a 650 mil mortes
anualmente. É importante ressaltar que epidemias têm um alto custo, com aumento nas consultas
médicas, hospitalizações, excesso de mortalidade e absenteísmo no trabalho, o que
consequentemente leva a uma queda na produtividade.
Ao longo do século XX, ocorreram três grandes pandemias. Em 1918, tivemos a gripe espanhola
A (H1N1), que causou entre 25 a 50 milhões de mortes. Em 1957, ocorreu a gripe asiática A
(H2N2) com 1 a 4 milhões de mortes. Já em 1968, foi registrada a gripe de Hong Kong A
(H3N2), que também resultou em 1 a 4 milhões de mortes.
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adultos jovens. H1N1, que causou a pandemia em
2009, e o H3N2, que surgiu em
1968. Além disso, existem duas
linhagens do vírus Influenza B.
Desde o final do último século, tem havido muita discussão sobre a gripe aviária, que refere-se à
transmissão do vírus influenza de aves domésticas para humanos. O principal vírus envolvido
nesse contexto foi o H5N1, que demonstrou ser altamente letal. Inicialmente, acredita-se que este
vírus poderia se tornar pandêmico, mas o que acabou ocorrendo foi o surto do vírus H1N1. A
origem precisa desse vírus ainda não é totalmente compreendida.
O H1N1 foi inicialmente identificado na Califórnia, mas sua origem é mexicana. Rapidamente,
tornou-se uma pandemia. No Brasil, o estado do Pará foi o único a enfrentar duas ondas da
pandemia em 2009. Em janeiro de 2010, já estava disponível uma vacina contra o vírus. A
fabricação da vacina contra a Influenza é relativamente simples devido à familiaridade com o
vírus, porém sua capacidade de produção é limitada devido ao uso de ovos no processo.
A gripe
A gripe apresenta um curto período de incubação de aproximadamente 2-3 dias, manifestando-se
com um início abrupto e uma série de sintomas, incluindo febre (38-40ºC), calafrios, mialgia,
astenia, artralgia, cefaleia, anorexia e mal-estar. Posteriormente, surgem os sintomas respiratórios
(1-3 dias), como tosse, faringite, rinite, conjuntivite, pneumonia, bronquite e broncopneumonia.
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Além disso, alguns pacientes podem apresentar sintomas gastrointestinais, como diarreia e
vômitos, especialmente crianças e idosos.
No caso de pacientes com gripe, é possível observar precocemente um padrão extenso em vidro
fosco nos exames de imagem. Já nos primeiros cinco dias da doença causada pela COVID-19,
não é observado nada nesse tipo de exame. Em pacientes com gripe, é possível identificar uma
extensa alveolite, inflamação na membrana hialina, deposição de colágeno, hemorragia
intralveolar, edema intersticial e infiltrado inflamatório. Portanto, em casos graves, o uso da
ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea) pode ser considerado como uma opção de
tratamento.
Assim como ocorreu na pandemia da gripe espanhola, a pandemia de H1N1 em 2009 também
afetou principalmente adultos jovens.
Isso provavelmente ocorre devido ao fato de que os idosos que viveram a pandemia da gripe
espanhola tiveram contato com o vírus H1N1 naquela época. Portanto, é sabido que a imunidade
mais eficaz é desenvolvida durante o primeiro contato com o vírus, conhecida como "imprinting
imunológico".
Complicações
1. Superinfecções
a. Pneumonia
b. Otite
c. Sinusite
d. Meningites
i. Agentes etiológicos:
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1. S. pneumoniae Epitélio respiratório normal/infectado por influenza.
2. S. aureus
3. H. influenzae
2. Relacionadas ao vírus
a. Pneumopatia viral
d. Miosites
f. Glomerulonefrites
g. Parotidite
h. Hepatite
i. Iridociclite
j. CIVD
Insuficiências renais
Grávidas
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Obesidade mórbida
Imunodeprimidos
Mortalidade
Adultos sadios: 2/100.000
Transmissão
A transmissão ocorre principalmente por meio de gotículas. É relevante ressaltar que as gotículas
são relativamente pesadas e não permanecem suspensas no ar por muito tempo. Elas têm um
deslocamento horizontal de até 1,5 metros. Portanto, a transmissão da gripe geralmente requer
aglomeração, o que explica por que a doença é sazonal. Durante o inverno, ou no caso específico
do Pará, durante a temporada de chuvas, há maior propensão a aglomerações, o que favorece a
disseminação do vírus.
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Mecanismo de entrada do vírus nas células.
Os ácidos siálicos são encontrados no final das cadeias de açúcar presentes em todas as células.
Existem duas formas moleculares desses ácidos, acetil e glicolil. No caso dos seres humanos,
apenas a forma acetil está presente, o que impede que vírus de outras espécies, como os de
cavalos, infectem os humanos, pois esses vírus se ligam à forma glicolil.
Outro aspecto importante no reconhecimento viral para a ligação celular é a orientação da
molécula do ácido siálico. Os vírus que infectam seres humanos são aqueles que se ligam aos
ácidos siálicos com ligação galactose na orientação 2,6. Já os vírus aviários se ligam na
orientação 2,3. Os suínos possuem receptores para ambas as orientações, o que significa que eles
podem ser infectados por vírus de diferentes origens.
No entanto, é importante ressaltar que os seres humanos possuem receptores na orientação 2,6 no
trato respiratório superior e receptores na orientação 2,3 no trato respiratório inferior. Portanto,
existe a possibilidade de uma infecção direta por vírus aviários não ser transmitida entre
humanos, mas causar pneumonia.
O H1N1 possui duplo tropismo, o que significa que ele pode causar
pneumonia viral e ser transmitido entre humanos.
Diagnóstico
A detecção do vírus é realizada por meio de cultura ou biologia molecular, utilizando swab ou
aspirado nasofaríngeo.
No caso da detecção molecular, o teste RT-qPCR (reação em cadeia da polimerase em tempo real
com transcriptase reversa) é utilizado. Esse teste é empregado devido ao fato de o vírus possuir
um genoma de RNA, exigindo uma etapa de transcriptase reversa para a conversão em DNA, que
posteriormente é amplificado pelo teste PCR.
Vacinação
A vacina contra a gripe existe desde a década de 40 e não proporciona uma proteção total contra
a doença. Sua produção é realizada em ovos embrionados, seguindo rigorosos critérios
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microbiológicos.
É importante destacar que a maioria das vacinas contra gripe não contém vírus vivo atenuado,
sendo geralmente compostas por vírus inativados e fragmentados, contendo apenas as proteínas
hemaglutinina e neuraminidase. Portanto, a vacina contra gripe não causa a própria doença.
Existem duas formulações principais da vacina contra a gripe:
2. Vacina tetravalente:
É interessante observar que, para a produção da vacina contra a febre amarela, um ovo é capaz de
gerar 200 doses, enquanto que para a vacina contra a gripe, 1,5 ovos são necessários para a
produção de 1 dose.
Uma questão relevante é que há uma tendência de As campanhas nacionais de vacinação contra a gripe
erro com relação ao tipo B do vírus da gripe, o que são realizadas em abril e maio, com o objetivo de
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torna a vacina quadrivalente mais adequada. No preparar as regiões sul e sudeste para o outono e
entanto, é importante mencionar que essa opção está inverno. No entanto, observa-se que o aproveitamento
disponível apenas na rede privada. máximo não é alcançado no norte e em parte do
nordeste. Seria ideal, portanto, que a vacinação nessas
regiões ocorresse em dezembro, visto que,
atualmente, os picos de gripe já passaram quando
ocorre a vacinação nessas regiões.
Tratamento
Não há evidência comprovada da eficácia do uso de vitamina C, mel de abelha e alho como
tratamento para influenza (sendo que o alho apresenta poucos estudos randomizados e efeitos
colaterais consideráveis, como rash e odor forte).
Em relação aos xaropes para tosse, em geral, eles não são eficazes. Na verdade, a tosse pode ser
benéfica, pois ajuda a expelir o vírus do organismo. No entanto, em casos de tosse irritativa,
pode-se considerar o uso de xarope de codeína.
É importante destacar que os salicilatos, como o AAS, são contraindicados em casos de suspeita
de dengue, varicela, influenza e outras doenças infecciosas devido ao risco de Síndrome de Reye,
uma hepatopatia que pode evoluir para encefalopatia.
Os antivirais são desenvolvidos para inibir o vírus influenza de diferentes maneiras. No entanto,
os inibidores das polimerases não estão disponíveis no Brasil. Aqui, os inibidores da
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neuraminidase (NA) são os mais comumente utilizados, sendo o Oseltamivir (Tamiflu) o mais
acessível. Ele é recomendado para pacientes de risco, incluindo mulheres grávidas, e seu uso é
controlado pelo Ministério da Saúde.
COVID-19
A primeira grande pandemia do século 21 superou em número de mortes as três últimas
pandemias de gripe ocorridas em 1957, 1968 e 2009. O vírus responsável pelo COVID-19 é o
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SARS-CoV-2. É importante mencionar que, durante o século 21, houve o surgimento de três
coronavírus emergentes. O SARS-CoV-1, identificado em 2003, é responsável pela SARS. O
MERS-CoV, identificado em 2012, é responsável pela MERS, uma doença com alta letalidade.
No caso do COVID-19, a proteína Spike do vírus interage com o receptor ECA 2, encontrado nos
pulmões, coração, rins, intestinos e endotélio vascular. Assim como a hemaglutinina, a proteína
Spike também requer clivagem por proteases, como a serinoprotease transmembranar ou a furina.
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uma carga viral mais elevada e podem estar
associadas a uma maior virulência.
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As formas mais graves da doença COVID-19 estão associadas à hiper-inflamação. O quadro
grave da COVID-19 é dependente do hospedeiro, sendo influenciado por fatores como
comorbidades associadas e predisposições genéticas. Por esse motivo, o uso de corticosteroides é
indicado apenas a partir da segunda semana da doença e quando há sinais de progressão para
hiper-inflamação, a fim de evitar a prolongação da fase viral iniciando o uso de corticosteroides
precocemente.
Sinais gastrointestinais podem estar presentes em 2-40% dos indivíduos, manifestando-se através
de náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal e até mesmo abdômen agudo. Esses sintomas
geralmente têm duração média de apenas um dia. É importante destacar que, na forma leve da
COVID-19, a manifestação gastrointestinal pode ser o único sintoma observado.
Em relação às manifestações neurológicas, são observados sintomas como anosmia (perda do
olfato), ageusia (perda do paladar), miopatia (comprometimento muscular) e AVC (acidente
vascular cerebral). Além desses sintomas, podem ocorrer manifestações neurológicas
inespecíficas, tais como cefaleia, delirium, diminuição do nível de consciência, tontura ou
convulsão. Outras manifestações neurológicas incluem encefalite, síndrome de Guillain-Barré e
encefalopatia necrotizante.
É importante ressaltar que a letalidade da COVID-19 é mais elevada em idosos, principalmente
em homens e na presença de comorbidades, como doença cardiovascular, diabetes, DPOC,
hipertensão arterial, câncer, obesidade, doença renal crônica, entre outras.
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A síndrome inflamatória multissitêmica está
principalmente relacionada a crianças e adolescentes,
porém adultos também podem apresentar este quadro.
Indivíduos que desenvolvem formas graves da doença tendem a apresentar níveis mais elevados
de anticorpos, enquanto os assintomáticos geralmente têm níveis mais baixos.
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No diagnóstico radiológico, a tomografia é considerada o padrão-ouro, sendo que o raio-x pode
apresentar uma dissociação entre os achados clínicos e radiológicos. Na tomografia
computadorizada (TC), é comum encontrar opacidades em vidro fosco na região periférica dos
pulmões, consolidações e alterações reticulares.
Em relação aos exames laboratoriais, em pacientes de risco, a partir do quinto dia de doença,
costuma-se solicitar hemograma, d-dímero, ferritina, PCR, DHL (desidrogenase lática) e
troponina (em casos suspeitos de acometimento cardíaco). O IL-6 (interleucina-6) também pode
ser solicitado, embora não faça parte da rotina.
No que diz respeito ao tratamento, são utilizados corticosteroides, como medida anti-
inflamatória, e profilaxia com anticoagulantes durante a fase inflamatória da doença. Na fase
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viral, o único antiviral aprovado é o remdesivir. Além disso, existem os anticorpos profiláticos ou
terapêuticos e imunomoduladores, originalmente utilizados no tratamento da artrite reumatoide.
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