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Queridos alunos, o texto a seguir “Vírus emergentes” foi retirado do livro Biologia de

Campbell dos autores Reece et al. (2015). O assunto está relacionado com o momento atual de
quarentena devido ao COVID-19 que estamos vivendo.
Leia o texto com atenção e responda às seguintes questões:

1) Como os vírus podem surgir nas populações?


2) Como um vírus que só ocorre em animais poderia ser transmitido para humanos? Qual o
experimento que os cientistas fizeram que comprovam a teoria?
3) Quais os fatores que aumentam a circulação dos vírus?
4) Você será responsável por atualizar esse texto. Faça um texto de até 4 parágrafos com as principais
informações atuais do COVID-19: quando e onde surgiu o vírus, modo de infecção e prevenção,
número de infectados e mortos, tipo de processo de transmissão, países afetados, entre outros.
ATENÇÂO: Utilize informações de fontes confiáveis para a elaboração do seu texto.

Vírus emergentes*
*texto retirado do livro Biologia de Campbell, Reece et al. 2015

Os vírus que surgem repentinamente que são novos para os cientistas médicos são, muitas
vezes, chamados de vírus emergentes. O HIV, o vírus da AIDS, e um exemplo clássico. Esse vírus
apareceu em São Francisco, no inicio da década de 1980, sem origem determinada, embora mais tarde
outros estudos tenham descoberto um caso no Congo Belga, ocorrido no inicio de 1959. O vírus letal
Ebola, reconhecido inicialmente em 1976 na África Central, é um entre vários vírus emergentes que
causa febre hemorrágica, síndrome (série de sintomas) frequentemente fatal caracterizada por febre,
vômito, intenso sangramento e colapso do sistema circulatório. Vários outros vírus emergentes
perigosos causam encefalite, inflamação do cérebro. Um exemplo é o vírus do Oeste do Nilo, que
apareceu na América do Norte pela primeira vez no final de 1999 e se disseminou nos 48 estados
contíguos dos Estados Unidos, resultando em mais de 5 mil casos e 300 mortes em 2012.
Em 2009, a disseminação descontrolada, ou epidemia, de uma doença semelhante à gripe
surgiu no México e nos Estados Unidos. O agente infeccioso foi rapidamente identificado como vírus
influenza, relacionado aos surtos sazonais de gripe (Figura 19.9a). Esse vírus foi denominado H1N1
por razões que serão explicadas resumidamente. A doença espalhou-se rapidamente, levando a
Organização Mundial da Saúde a declarar uma epidemia global, ou pandemia. Seis meses depois, a
doença já havia atingido 207 países, infectando mais de 600 mil pessoas e matando quase 8 mil.
Agências de saúde publica atuaram rapidamente, orientando o fechamento de escolas e outros locais
públicos, acelerando os esforços para o desenvolvimento de vacinas e métodos de detecção (Figura
19.9b).

Como que esses vírus surgem na população humana, dando origem a doenças nocivas
previamente raras ou até mesmo desconhecidas? Três processos contribuem para a emergência de
doenças virais. O primeiro, e talvez o mais importante, é a mutação nos vírus existentes. Os vírus de
RNA tendem a apresentar altas taxas de mutação devido aos erros na replicação de seu genoma de
RNA não corrigidos pela verificação de erros. Algumas mutações transformam os vírus existentes em
novas variedades genéticas (cepas) que podem causar doenças, mesmo em indivíduos imunes ao vírus
ancestral. Por exemplo, as epidemias de gripe sazonais são causadas por novas cepas do vírus
influenza, diferentes geneticamente das cepas anteriores o suficiente para que as pessoas apresentem
pouca imunidade contra eles.
Um segundo processo que pode levar a emergência de uma doença viral é a disseminação de
uma doença viral de uma pequena população isolada. Por exemplo, a AIDS permaneceu desconhecida
e não detectada por décadas ate começar a se espalhar pelo mundo. Nesse caso, fatores tecnológicos e
sociais, incluindo o baixo custo das viagens internacionais, transfusões sanguíneos, atividade sexual
sem proteção e abuso de drogas intravenosas, permitiram que uma doença humana antes rara se
tornasse um problema global.
Uma terceira fonte de novas doenças virais no ser humano é sua disseminação a partir dos vírus
existentes nos animais. Os cientistas estimam que cerca de três quartos das novas doenças humanas se
originam dessa maneira. Animais que portam e transmitem determinado vírus, sem serem afetados por
ele atuam como reservatórios naturais. Por exemplo, o H1N1 que causou a pandemia de gripe em
2009, supramencionada, provavelmente passou para a espécie humana a partir dos porcos. Por essa
razão, a doença causada por esse vírus foi originalmente denominada de “gripe suína”.
As epidemias de gripe fornecem um exemplo educativo dos efeitos do movimento dos vírus
entre as espécies. Há três tipos de vírus influenza: tipo B e tipo C que infectam somente o ser humano
e nunca causaram epidemias, e o tipo A que infecta muitos animais, incluindo pássaros, porcos,
cavalos e seres humanos. As cepas de influenza A causaram as quatro maiores epidemias de gripe no
ser humano nos últimos cem anos. A pior delas foi a pandemia de “gripe espanhola” (epidemia global)
que matou, entre 1918 e 1919, 40 a 50 milhões de pessoas, incluindo muitos soldados da Primeira
Guerra Mundial.
Diferentes cepas de influenza A têm recebido nomes padrão: por exemplo, as cepas que
causaram a gripe de 1918 e a que causou a pandemia de gripe em 2009 foram denominadas H1N1. O
nome identifica as formas das duas proteínas presentes na superfície viral: hemaglutinina (H) e
neuraminidase (N). Há 16 tipos diferentes de hemaglutinina, uma proteína que auxilia o vírus da gripe
a atacar a célula hospedeira e nove tipos de neuraminidase, uma enzima que auxilia a liberação das
novas partículas virais da célula infectada. As aves aquáticas têm vírus com todas as combinações
possíveis de H e N.
Um cenário provável para a pandemia de 1918 e outras pandemias é que elas iniciam quando o
vírus sofre mutação ao passar de uma espécie para outra. Quando um animal, como um porco ou um
pássaro, é infectado com mais de uma cepa do vírus da gripe, as diferentes cepas podem sofrer
recombinação genética caso as moléculas de RNA de seu genoma se misturem e se unam durante a
montagem do vírus. Provavelmente, os porcos foram os principais hospedeiros para a recombinação
que levou a formação do vírus da gripe de 2009, o qual, por sua vez, continha seqüência dos vírus de
pássaros, porcos e seres humanos. Juntamente com a mutação, esses rearranjos podem levar ao
surgimento de uma cepa viral capaz de infectar células humanas. Seres humanos nunca expostos a essa
determinada cepa não terão imunidade, e o vírus recombinante torna-se potencialmente patogênico. Se
esse vírus da gripe recombinar-se com os vírus que circulam amplamente entre os seres humanos, ele
pode adquirir a capacidade de se disseminar facilmente de pessoa para pessoa, aumentando o potencial
de uma importante epidemia humana.
Uma potencial ameaça a longo prazo é a gripe aviária, causada pelo vírus H5N1, que infecta
aves domésticas e selvagens. A primeira transmissão documentada de aves para a espécie humana
ocorreu em Hong Kong em 1997. Desde então, a taxa de mortalidade devido ao H5N1 tem sido acima
de 50% dos indivíduos infectados, um número alarmante. Igualmente, a variedade de hospedeiros do
H5N1 vem crescendo, proporcionando maior oportunidade para que as diferentes cepas do vírus
recombinem seu material genético e promovam o surgimento de novas cepas. Se o vírus da gripe
aviária H5N1 evoluir a ponto de se disseminar facilmente de pessoa para pessoa, poderá representar
uma ameaça global semelhante à pandemia de 1918.
Com que facilidade isso pode ocorrer? Há pouco tempo, cientistas trabalhando com furões
(pequenos mamíferos usados como modelos animais para a gripe humana) observaram que poucas
mutações no vírus da gripe aviária seriam suficientes para permitir a infecção de células humanas da
cavidade nasal e da traqueia. Alem disso, quando os cientistas transferiram as amostras nasais de um
furão para outro, o vírus tornava-se transmissível pelo ar. Essa descoberta surpreendente foi divulgada
em uma conferência científica em 2011, iniciando um debate acirrado a respeito da publicação ou não
desses resultados. Recentemente, a comunidade científica e vários grupos governamentais
identificaram os potenciais benefícios da compreensão da prevenção das pandemias, que superam os
riscos do uso da informação para propósitos prejudiciais, e o estudo foi publicado em 2012.
Em geral, como já vimos, os vírus emergentes não são novos. Eles são vírus já existentes que se
mutaram e disseminaram mais amplamente nas espécies hospedeiras normais ou se espalharam para
novas espécies. Alterações no comportamento dos hospedeiros ou no ambiente podem aumentar o
tráfego viral responsável pelas doenças emergentes. Por exemplo, novas estradas para áreas remotas
podem permitir a disseminação dos vírus entre populações humanas previamente isoladas. Igualmente,
a destruição das florestas para expandir áreas de plantações pode colocar as pessoas em contato com
outros animais hospedeiros de vírus capazes de infectar o ser humano.

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