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Doenças Infecciosas

Sistema de Vigilância Epidemiológica


Notificação Compulsória, Epidemiologia Hospitalar
. Doenças infecciosas → principal causa de morte da espécie humana por milênios;
. Varíola, peste, pneumonia, meningite e tuberculose mataram provavelmente mais
pessoas do que qualquer guerra já travada por diferentes povos e nações;
. Mesmo em tempos de guerra, aqueles que sobreviviam a ferimentos traumáticos
frequentemente sucumbiam às infecções secundárias e à sepse;

Três últimos séculos → melhoria lenta, mas progressiva das condições de vida e
trabalho → diminuiu o impacto das doenças infecciosas sobre o adoecer e morrer do
ser humano, levando a um aumento progressivo da expectativa de vida;

. Nos últimos dois séculos → advento das vacinas e, posteriormente, dos antibióticos
consolidou nosso poder de enfrentamento dessas doenças, influenciando fortemente
o fenômeno da transição epidemiológica;

“The time has come to close the book on infectious diseases.


We have basically wiped out infection in the United States”.
Será?
Expectativa não se confirmou:

. Doenças antigas como tuberculose, malária, meningite, pneumonia e diarreia aguda


infecciosa continuam a ceifar a vida de milhões de pessoas anualmente,
predominantemente nos países em desenvolvimento;

. novas doenças infecciosas com extraordinária capacidade de disseminação e


letalidade surgiram nos últimos séculos, como as infecções pelos vírus HIV e Ebola,
SARS-COV-2;

Nos últimos cinco anos → vultoso aumento das doenças cardiovasculares,


respiratórias crônicas, cânceres e traumas que resultou em aumento da incidência
das infecções relacionadas à assistência à saúde → matam +/- 16 milhões de
pessoas, anualmente, em todo o mundo.
Epidemiologia das doenças infecciosas importante para a saúde coletiva.

Para estudar a dinâmica das doenças infecciosas é necessária a compreensão de


alguns conceitos básicos:

≠ entre colonização e infecção


. no processo de colonização → microrganismo e ser humano convivem em uma
relação comensal ou simbiótica, sem haver elicitação do sistema imune do
hospedeiro;
. na infecção, ocorre dano celular ou tecidual e elicitação da resposta imune inata e/ou
adaptativa do hospedeiro;

(elicitar – expulsar, fazer sair)


Do ponto de vista clínico, uma infecção pode ser assintomática, de onde vem o
conceito de portador, como portador de Neisseria meningitidis na orofaringe, ou
sintomática, como meningite meningocócica);

Quando a infecção produz sinais e sintomas clínicos, associados a dano tissular ou


alteração da fisiologia orgânica → chamada doença infecciosa;

Período de incubação → intervalo de tempo existente entre a exposição ao agente


infeccioso e o início dos sintomas;
Eventualmente, a apresentação clínica inicial de uma doença infecciosa é marcada
por sintomas inespecíficos como mal-estar, inapetência e estado subfebril, o que
caracteriza o período prodrômico da doença.
Espectro clínico de uma infecção → da cor branca à preta, passando por mais de 50
tons de cinza;

Exemplo → infecção da febre amarela


Infecção e Contaminação

Contaminação → transmissão de impurezas ou de elementos nocivos capazes


de prejudicar a ação normal de um objeto.

Infecção → invasão de tecidos corporais de um organismo hospedeiro por parte de


organismos capazes de provocar doenças.

Quando descrevemos o processo de transmissão do vírus de uma pessoa para


outra, devemos dizer que a pessoa foi infectada, por exemplo com HIV e não
contaminada.

Contaminação deve ser utilizado somente ao se referir a objetos e equipamentos.


Uma seringa usada, por exemplo, pode estar contaminada com sangue com HIV.

O recomendado para se referir a pessoas que têm o HIV é pessoa vivendo com HIV.
Reservatórios de um agente infeccioso → seres vivos ou locais inanimados
onde o microrganismo é capaz de viver e se multiplicar, podendo, a partir dali, ser
transmitido aos seres humanos suscetíveis;

Nas doenças infectocontagiosas, como a tuberculose e a hepatite B, o


reservatório principal de infecção é o próprio indivíduo infectado, podendo ele
estar doente ou não, dependendo do agente em questão;

Antropozoonoses, têm reservatório em animais domésticos ou silvestres,


afetando apenas esporadicamente os seres humanos;

Exemplos de principais reservatórios silvestres ou urbanos:


raiva → morcegos;
febre amarela → primatas não humanos;
leishmaniose visceral → cães;
esquistossomose → lagos infestados com caramujos;
Conceito de fonte de infecção está ligado ao veículo de transmissão de um agente
infeccioso;

Em doenças infectocontagiosas, muitas vezes reservatórios e fontes de infecção


são coincidentes, como é o caso da infecção pelo HIV/AIDS;

Em outras, esses papéis se separam, como no caso da paracoccidioidomicose, cujo


reservatório é o solo e a fonte de infecção é o ar contaminado pela poeira, que
leva o fungo do solo ao parênquima pulmonar.
Classificação de processos de transmissão de um agente infeccioso

. Transmissão inter-humana direta → doenças infectocontagiosas;

. Doenças com fonte de infecção na natureza → doenças infecciosas não


contagiosas;
Estas últimas podem ser transmitidas:
*pelo ar (aspergilose);
*pela água (esquistossomose);
*pelo contato com animais (toxoplasmose);
* por meios de vetores (dengue);
Doenças infectocontagiosas podem ser transmitidas por diferentes vias:

. respiratória (tuberculose);

. sexual (sífilis);

. fecal-oral (salmonelose);

. sanguínea (hepatite C);

. transplacentária (citomegalovirose);

. contato direto pele a pele (escabiose).


Período de transmissibilidade de uma doença infecciosa → aquele, no qual o
agente em questão pode ser encontrado em forma viável nos tecidos ou fluidos
biológicos do indivíduo infectado, podendo então ser transmitido diretamente a um
indivíduo suscetível ou indiretamente a um vetor ou reservatório natural;

Em algumas doenças, como as infecções virais exantemáticas (com erupções


avermelhadas - varicela, sarampo, caxumba, rubéola), esse período antecede o
início das manifestações clínicas, propiciando a transmissão do agente viral
antes mesmo que o indivíduo se perceba doente;

É o período de transmissibilidade que determina o tempo de isolamento de um


doente, na eventualidade de sua internação;

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