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UFCD 6562 - Prevenção e Controlo da Infecção – princípios básicos

Formadora: Elizabeth L C Silva


Formanda: Madalena Almeida

1. Defenir epidemiolgia 

Epidemiologia é o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos problemas de


saúde em populações humanas, bem como a aplicação desses estudos no controle dos eventos
relacionados com saúde. É a principal ciência de informação de saúde, sendo a ciência básica para
a saúde coletiva.
Etimologicamente, “epidemiologia” significa o estudo que afeta a população (epi= sobre; demio=
povo; logos= estudo).

Epidemiologia Descritiva
A epidemiologia descritiva estuda o comportamento das doenças em uma comunidade, em função
de variáveis ligadas ao tempo (quando), ao espaço físico ou lugar (onde) e à pessoa (quem).

O seu objetivo é responder onde, quando e sobre quem ocorre determinado problema de saúde,
fornecendo elementos importantes para se decidir quais medidas de prevenção e controle são mais
indicadas. Além de avaliar se as estratégias utilizadas diminuíram ou controlaram a ocorrência de
determinada doença.

2. Explicar o que entende por “cadeia da infeção”  

Para que seja possível o aparecimento de infeção é requerido que estejam presentes as seguintes
condições:
1. Número adequado de agentes patogénicos (inoculo microbiano), variável consoante a
espécie e o estado imunitário do hospedeiro
2. Existência de um reservatório ou fonte onde o microrganismo sobreviva e possa
multiplicar-se
3. Via de transmissão do agente para o hospedeiro
4. Porta de entrada do hospedeiro específica para o agente patogénico (há especificidade
entre microrganismos e capacidade de desencadear doença em órgãos ou sistemas
específicos do hospedeiro)
5. Que o hospedeiro seja suscetível ao agente microbiano, isto é, que não tenha imunidade ao
agente.

À ocorrência destes sucessivos acontecimentos denominamos “Cadeia da Infeção”. As estratégias


de controlo de infeção eficiente e eficaz têm que ter em conta esta sequência, prevenindo a
transferência dos agentes pela interrupção de uma ou mais das ligações desta “Cadeia de Infeção”.
Para determinar a abordagem epidemiológica é conveniente ter presente o tipo de história natural
das doenças, pois equaciona medidas diferentes de prevenção e controlo:
 Doença de evolução aguda, rapidamente fatal
 Doença de evolução aguda, mas de rápida recuperação
 Doença de evolução subclínica (sem sintomas nem sinais clínicos – só com repercussão
imunológica)
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 Doença de evolução crónica (que pode evoluir até à morte se não for tratada ou quando não
existe tratamento eficaz)
 Doença de evolução crónica com períodos assintomáticos alternados com exacerbações
clínicas
O espectro de ocorrência de infeção é também um dado epidemiológico na estratégia a
implementar para a prevenção e controlo.
Temos de considerar neste contexto que a infeção pode ocorrer de forma esporádica, sem um
padrão definido, de forma endémica, isto é, com uma frequência mais ou menos regular em
períodos de tempo definidos e ainda de forma epidémica, também denominada por surtos, em que
surge com aumento significativo de casos em relação ao habitual num período de tempo
determinado.

3. Enumerar os tipos de evolução de uma doença 

Evolui-se para uma doença quando:

 Estamos presentes a microrganismos e patogenicidade


 Contactamos com reservatórios ou fontes dos microrganismos
 Esta criada uma porta de entrada e de saída dos microrganismos
 Existem Vias de transmissão
 Nos tornamos hospedeiro / suscetibilidade
 Défice de resistências antimicrobianas

4. Como se podem classificar os tipos de ocorrência de uma infeção, explicando as diferenças 

Os tipos de ocorrências são treze, passando a citar:

 Infecção aérea – infecção microbiana adquirida através do ar e dos agentes nele contidos.
 Infecção critogénica – infecção de porta de entrada desconhecida.
 Infecção direta – infecção adquirida por contacto com um indivíduo doente.
 Infecção endógena – infecção devido a um micro-organismo já existente no organismo, e
que, por qualquer razão, se torna patogénico.
 Infecção exógena – infecção provocada por micro-organismos provenientes do exterior.
 Infecção focal – infecção limitada a uma determinada região do organismo.
 Infecção indireta – infecção adquirida através da água, dos alimentos ou por outro agente
infectante, e não de indivíduo para indivíduo.
 Infecção nosocomial – infecção adquirida em meio hospitalar.
 Infecção oportunista – infecção que surge por diminuição das defesas orgânicas.
 Infecção puerperal – infecção surgida na mulher debilitada e com defesas diminuídas, logo
após o parto.
 Infecção secundária – infecção consecutiva a outra e provocada por um micro-organismo da
mesma espécie.
 Infecção séptica (septicemia) – infecção muito grave em que se verifica uma disseminação
generalizada por todo o organismo dos agentes micro-orgânicos infecciosos.
 Infecção terminal – infecção muito grave que, em regra, é causa de morte.
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5. Explicar o que entende por reservatório de microrganismos 

Os microrganismos estão contidos habitualmente num reservatório que se define como o local onde
residem, têm a sua atividade metabólica habitual e se multiplicam (habitat natural). Em múltiplas
situações, estes agentes infeciosos são transferidos deste reservatório para um outro local
denominado fonte, do qual são transferidos depois para o hospedeiro.
Deste modo o reservatório e a fonte de um agente responsável por uma infeção podem ser os
mesmos ou não. Do ponto de vista epidemiológico o conhecimento deste facto é importante.
A fonte dos microrganismos pode ser exógena, portanto exterior ao hospedeiro, endógena,
proveniente da flora indígena do próprio hospedeiro ou ainda secundariamente endógena, este
conceito refere-se aos agentes que provêm do exterior e que colonizam pele, mucosas ou outro
local anatómico do hospedeiro, posteriormente tornar-se agente de infeção quando atinge um órgão
específico para o qual tenha capacidade de desencadear infeção.
Alguns exemplos de infeções exógenas são aqueles em que o agente é transportado a partir de
líquidos contaminados, através da formação de aerossóis (p.ex. aspiração de secreções) ou a partir
de pessoa colonizada ou infetada que pode emitir gotículas ou contaminar ambientes que entrem
em contacto com outros possíveis hospedeiros suscetíveis (p. ex. transmissão do vírus da gripe,
COVID19).
No caso das infeções endógenas, o reservatório e a fonte são geralmente coincidentes. Por
exemplo, a pneumonia associada à ventilação é causada por agentes da orofaringe do doente ou a
infeção associada ao cateter vascular é mais frequentemente causada pela flora cutânea ou, ainda,
os agentes da infeção urinária residem geralmente no intestino ou no períneo do próprio doente.

6. Enunciar os tipos de fonte de microrganismos, dando um exemplo para cada uma delas 

Os microrganismos são seres vivos de tamanho pequeno, cujas dimensões não permitem
que sejam observados a olho nu pelo homem. Assim, eles só podem ser visualizados ao
microscópio.
 Bactérias – seres unicelulares e procariontes (p ex. Bacilos, cocos e outros);
 Vírus – são organismos microscópicos que não possuem células. Por isso, são
considerados parasitas intracelulares (p. Ex. Hepatite B, Ebola e Influenza);
 Fungos - seres macroscópicos ou microscópicos, unicelulares ou pluricelulares,
eucariontes ou heterótrofos (p. ex. cogumelos);
 Parasitas - são organismos aquáticos que têm a capacidade de realizar
fotossíntese;
 Protozoários – são seres eucariontes, unicelulares e heterótrofos. (Esporozoarios,
Flagelados).

7. Quais são as portas de entrada e de saída dos microrganismos, exemplificando 

A via de eliminação é a porta de saída do microrganismo. Refere-se à topografia ou


material pelo qual o agente é capaz de deixar seu hospedeiro, com potencial de
transmissão para um suscetível. De grande importância nas infeções hospitalares
temos os exsudatos e as descargas purulentas.
As secreções da boca e vias aéreas são húmidas e são expelidas sob forma de
gotículas que incluem células descamadas e microrganismos colonizantes ou
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infetantes. Mais da metade da biomassa das fezes é composta de microrganismos,


além disso as fezes podem servir como mecanismo de transmissão dos parasitas
intestinais através da eliminação de ovos.
Na urina podemos encontrar os agentes das infeções génito-urinárias ou
microrganismos que apresentem uma fase septicémica, como é o caso da leptospirose
e febre tifóide.
O sangue é o meio natural de eliminação de doenças transmitidas por vetores
hematófagos, como a malária e febre amarela, onde também encontramos
microrganismos de infeções sistémicas e dos patógenos transmitidos pelo sangue,
como hepatite e HIV.
O leite materno, embora possa ser responsabilizado pela transmissão de patologias como
o HIV em bancos de leite, é juntamente com o suor, via de menor importância no ambiente
hospitalar.
Para que ocorra infeção é necessário que o agente entre em contacto com uma porta
de entrada específica no hospedeiro, para a qual o agente tenha afinidade e
capacidade de nesse local poder manifestar os seus mecanismos de infecciosidade,
desencadeando o processo infecioso.
Mas para que o microrganismo tenha a possibilidade de manifestar esta capacidade é
necessário que os mecanismos de defesa específicos (p. ex. a imunidade) e não
específicos (p. ex. resposta inflamatória, barreiras mecânicas, presença de flora
indígena) sejam ultrapassados pelo agente infecioso.
Com efeito, a resistência individual à infeção é muito variável, dependendo da idade, do
estado imunitário, da presença de doenças subjacentes ou ainda da prestação de
cuidados de saúde que podem interferir com os mecanismos de defesa do hospedeiro,
como são os procedimentos cirúrgicos, procedimentos invasivos de diagnóstico ou
terapêuticos, utilização de agentes terapêuticos como os antimicrobianos ou quimioterapia
para doenças neoplásicas, entre outros.

Em síntese, para que seja possível surgir um quadro infecioso, o microrganismo tem
que ter acesso a uma porta de entrada que lhe seja favorável, que tenha afinidade
para o tecido em causa e que o inoculo seja suficiente para desencadear a infeção.
Para que ocorra a infeção é necessário que exista um desequilíbrio entre o inoculo e
virulência do microrganismo e as defesas do hospedeiro.

8. Como podem ser classificadas as vias de transmissão, esclarecendo a diferença entre elas 

O mecanismo pelo qual um agente infecioso se propaga e difunde pelo meio ambiente
e atinge hospedeiros suscetíveis constitui a via de transmissão. Esta propagação ou
transmissão do reservatório ou fonte, pode ser direta ou indireta.
Na transmissão direta há o contacto imediato entre uma porta de entrada recetiva do
hospedeiro e o reservatório.
Na transmissão indireta o agente atinge a porta de entrada no hospedeiro através de um
veículo intermediário, por contacto físico com um veículo inanimado, por exemplo
equipamento contaminado, ou com um veículo animado, como as mãos, ou por gotículas,
partículas líquidas com diâmetro superior a 5 mm que devido ao seu peso se depositam
rapidamente e geralmente a uma distância não superior a um metro. A transmissão
indireta também se pode realizar por via aerogénea, através de aerossóis, de esporos
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microbianos, de poeiras contaminadas, entre outros.


É aceite por toda a comunidade científica que as mãos são o principal veículo de
transmissão. As gotículas constituem uma forma particular de transmissão por
contacto, pois, quando há proximidade excessiva (inferior a um metro), estas
partículas podem atingir diretamente uma porta de entrada dum hospedeiro recetor e
também ao depositarem-se no ambiente a curta distância do emissor, são indiretamente
transferidas para o recetor através de um veículo animado, o principal sendo as mãos
dos profissionais prestadores de cuidados de saúde ou dos próprios doentes.

9. Explicar em que consiste a imunidade específica e a inespecífica. 

A imunidade inespecífica, como o nome sugere, não é específica para um determinado grupo de
microrganismos. Esses mecanismos de defesa atuam contra todo e qualquer invasor do corpo. É
muito importante compreender que essa resposta imune inespecífica é tão formidável que apenas
uma pequena quantidade de infecções penetra nessa primeira linha de defesa.
A pele é a primeira barreira e o primeiro mecanismo de defesa inespecífica. A pele é uma estrutura
de várias camadas que contém células mortas na superfície externa e células vivas em camadas
mais profundas. Assim, muitos organismos acham impossível penetrar essa barreira física. As
células da pele são formadas por divisão celular na camada basal profunda. À medida que as
células alcançam a superfície externa, elas perdem sua vitalidade e, finalmente, se destacam e se
desprendem. Esta migração externa de células atua contra o influxo de organismos invasores. A
pele contém várias glândulas. As glândulas sebáceas secretam sebo com propriedades
antibacterianas. Além disso, o suor remove as infecções, pois o alto teor de sal do suor seca os
microorganismos.
Lágrimas e saliva são secreções que lavam continuamente a córnea e a boca. Muitas superfícies
epiteliais do corpo contêm cílios. Esses cílios batem ritmicamente para transportar matéria para fora
do corpo (epitélio respiratório). A saliva contém propriedades antibacterianas devido às lisozimas.
Alguns epitélios produzem muco que também atua como uma barreira contra infecções. Se e
quando os microrganismos penetram nesses sistemas de defesa, eles encontram os linfócitos,
macrófagos que fagocitam matéria estranha de forma não específica. Isso pode ou não levar à
geração de uma resposta imune específica.

Imunidade especifica é quando uma substância estranha é fagocitada por um macrófago, um


glóbulo branco ou uma célula apresentadora de antígeno, ela é processada dentro da célula
hospedeira. Existem receptores de ligação a antígenos chamados de complexos principais de
histocompatibilidade (MHC tipo 1 e 2). O MHC 1 reticula com linfócitos do tipo CD8 enquanto o
MHC 2 reticula com os linfócitos do tipo CD4. Existe uma enorme variação entre os receptores de
antígenos nas células T e B. Os linfócitos T CD4 são ativados por esta ligação cruzada do receptor
e produzem citocinas que promovem a proliferação de linfócitos selecionados, a formação de novos
linfócitos com tipos de receptores selecionados e a ativação de células B para formar anticorpos.
Esses mecanismos culminam na destruição dos organismos estranhos fagocitados anteriormente.
Os linfócitos T CD8 são ativados por ligação cruzada do receptor e produzem substâncias que são
altamente tóxicas para microorganismos estranhos. Para ser mais específico, a resposta imune
específica ocorre em duas ocasiões distintas. Quando um microrganismo entra no corpo pela
primeira vez, a resposta é um pouco atrasada até que todos esses processos mencionados
ocorram a ponto de qualquer efeito ser observável. Isso é chamado de resposta primária. A
imunoglobulina formada é IgM. A resposta primária é de menor magnitude do que a resposta
secundária. Após a resposta primária, algumas células T e B amadurecem em células de memória.
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Essas células atuam como um atalho; quando o antígeno entra no corpo uma segunda vez, todas
as etapas iniciais são ignoradas. Esta resposta secundária é muito maior e muito mais rápido. A
principal imunoglobulina é a IgG.

A imunidade específica e a não específica são dois tipos de respostas imunológicas.


Ambos atuam contra antígenos estranhos.
Ambos os sistemas protegem o corpo de microorganismos estranhos.

10. Identificar as condições para o surgimento de uma infeção 

As doenças infecciosas são geralmente provocadas por micro-organismos que invadem o corpo e
se multiplicam. Existem muitos tipos de organismos infecciosos .
Seguem alguns exemplos de como os micro-organismos podem invadir o corpo:
 Através da boca, olhos ou nariz
 Através de contato sexual
 Através de feridas ou picadas
 Através de dispositivos médicos contaminados
As pessoas podem ingerir micro-organismos ao tomar água contaminada ou consumir alimentos
contaminados. Elas podem inalar os esporos ou poeira contaminados ou inalar gotículas
provenientes da tosse ou dos espirros de outra pessoa. As pessoas podem manusear objetos
contaminados (como uma maçaneta) ou entrar em contato direto com uma pessoa contaminada e
depois levar as mãos aos olhos, nariz ou boca.
Alguns micro-organismos são transmitidos por líquidos corporais, tais como sangue, sêmen e fezes.
Dessa forma, eles podem invadir o corpo através do contato sexual com um parceiro infectado.
Eles também podem entrar por contato não sexual com líquidos do corpo, por exemplo, ao prestar
cuidados pessoais ou serviços médicos.
As dentadas de humanos e animais e outras feridas que rompem a pele podem permitir que os
micro-organismos invadam o corpo. Insetos e carrapatos infectados podem disseminar doenças ao
picar.
Os micro-organismos também podem aderir a dispositivos médicos implantados no corpo (como
cateteres, próteses articulares e valvulas cardíacas artificiais). Os micro-organismos podem estar
presentes nos dispositivos no momento em que estes são introduzidos no corpo, caso tenham sido
contaminados de forma acidental. Ou, então, os micro-organismos infecciosos provenientes de
outro lugar podem se disseminar pela corrente sanguínea e se alojar em um dispositivo já
implantado. Dado que o material implantado não dispõe de defesas naturais, é fácil para os micro-
organismos proliferarem e se disseminarem, causando doenças.
Uma vez invadido o corpo, os micro-organismos têm de se multiplicar para causar uma infecção.
Depois de se multiplicarem, verifica-se uma de três situações:
 Os micro-organismos continuam a multiplicar-se até ultrapassarem as defesas do corpo.
 Um estado de equilíbrio é atingido, dando origem a uma infecção crônica.
 O corpo, com ou sem tratamento médico, destrói e elimina o micro-organismo invasor.
A invasão pela maioria dos micro-organismos tem início quando eles aderem às células da pessoa.
A capacidade de ligação constitui um processo muito específico, que envolve uma ligação entre o
micro-organismo e as células do organismo, ligação semelhante à de uma chave e respectiva
fechadura. Conseguir aderir à superfície de uma célula possibilita aos micro-organismos
estabelecerem uma base a partir da qual eles invadem os tecidos.
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A permanência do micro-organismo próximo ao local de invasão ou sua disseminação para outros


locais, bem como a gravidade da infecção, dependem de fatores como os seguintes:

 Se o micro-organismo produz toxinas, enzimas ou outras substâncias


 Se ele desenvolve resistência a medicamentos antimicrobianos
 Se ele pode bloquear os mecanismos de defesa do organismo
Como o sistema imunológico da pessoa está funcionando
Muitos micro-organismos que causam doenças apresentam propriedades que aumentam a
gravidade das doenças que causam (virulência) e os ajudam a resistir aos mecanismos de defesa
do corpo. Essas propriedades incluem:
 Toxinas
 Enzimas
 Formas de bloquear as defesas do corpo

Produção de toxinas e enzimas


Alguns micro-organismos que invadem o corpo produzem toxinas. Por exemplo, a bactéria
Clostridium tetani, ao infectar uma ferida, produz uma toxina que causa o tétano. Algumas doenças
são causadas por toxinas produzidas por micro-organismos fora do corpo. Por exemplo, bactérias
estafilococos que vivem nos alimentos podem produzir uma toxina que causa intoxicação alimentar
quando o alimento é consumido, mesmo se os estafilococos tiverem sido mortos. A maioria das
toxinas tem componentes que se unem especificamente a moléculas de determinadas células
(células-alvo). As toxinas desempenham um papel importante em doenças como o tétano, a
síndrome do choque tóxico, o botulismo, o carbúnculo e a cólera.
Algumas bactérias produzem enzimas que rompem os tecidos, permitindo que a infecção se
propague pelos tecidos com maior rapidez. Outras bactérias produzem enzimas que lhes permitem
entrar e/ou passar pelas células.

Bloqueio das defesas do corpo


Alguns micro-organismos possuem maneiras de bloquear os mecanismos de defesa do corpo, tais
como as seguintes:
 Interferem na produção de anticorpos ou no aparecimento das células T (um tipo de glóbulo
branco do sangue) do corpo, preparadas de modo específico para atacar os micro-
organismos.
 Têm camadas de proteção externa (cápsulas) que impedem que os glóbulos brancos do
sangue engulam os micro-organismos (por exemplo, o fungo Cryptococcus, que na verdade
desenvolve uma cápsula mais grossa depois de entrar nos pulmões com o objetivo
específico de resistir às defesas do corpo).
 Possuem resistência ao rompimento por substâncias que circulam no fluxo sanguíneo.
 Produzem substâncias que contrariam os efeitos dos antibióticos.
Algumas bactérias podem produzir uma camada de secreção (chamada biofilme) que as ajuda a
colar em células e em material estranho, como cateteres intravenosos, material de sutura e
implantes e aparelhos médicos. O biofilme protege as bactérias de forma a não serem ingeridas
pelas células imunológicas e não serem mortas pelos antibióticos.
Os micro-organismos que primeiramente não possuem meios de bloquear as defesas do corpo, às
vezes desenvolvem o biofilme ao longo do tempo. Por exemplo, alguns micro-organismos, após
serem repetidamente expostos à penicilina, tornam-se resistentes a tal medicamento (o que é
chamado resistência ao antibiótico).
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Disfunção do sistema imunológico


Se o sistema imunológico não estiver funcionando bem (o que é chamado
imunocomprometimento), as pessoas ficam mais suscetíveis a infecções. O sistema imunológico
pode não funcionar bem devido ao seguinte:
 Pessoas que nascem com um distúrbio hereditário que prejudica o sistema imunológico (um
distúrbio de imunodeficiência).
 Um distúrbio que é adquirido mais tarde (tal como infecção por HIV ou cancro) o
enfraquece.
 Pessoas que precisam tomar um medicamento que suprima o sistema imunológico
(imunossupressores), como aqueles usados para prevenir a rejeição de um órgão
transplantado, ou corticosteroides, usados para reduzir inflamação.

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