Você está na página 1de 27

Saúde da comunidade

TÉCNICO DE FARMÁCIA
edmilsonluisdomingos@gmail.com
Lichinga 2024

Formador: Dr. Isac Luís Cariano Domingos


Cont: +258 866888828/846888828
A cadeia epidemiológica e factores determinantes das doenças transmissíveis:
 Conceitos e importância;
 O agente causal;
 A fonte ou reservatório;
 O hospedeiro;
 O ambiente;
 Mecanismo e vias de transmissão;
 Porta de entrada e de saída.

Cadeia epidemiológica

Para entender as relações entre os diferentes elementos que levam ao aparecimento de uma doença transmissível,
o esquema tradicional é a denominada cadeia epidemiológica ou cadeia de infecção.

A referida cadeia organiza os elos que identificam os pontos principais da sequência contínua da interacção entre
o agente, o hospedeiro e o meio.
1. Agente causal
É um factor que está presente para a ocorrência de uma doença; de modo geral, um agente é
considerado uma causa necessária, porém não suficiente para produzir a doença.

Pode ser um microorganismo, uma substância química ou forma de radiação, cuja presença,
presença excessiva ou relativa ausência é essencial para a ocorrência da doença.

Os agentes podem ser divididos em biológicos e não biológicos:


 Biológicos: são organismos vivos capazes de causar uma infecção ou doença no
ser humano e nos animais.
 Não biológicos: são os agentes químicos e físicos.

Agentes biológicos: Exemplo: Vírus: Sarampo, HIV, Ebola, Dengue, Raiva.


Bactérias: V. cholerae, S. aureus, M. tuberculosis. Outros.
 Químicos: Pesticidas , Aditivos de alimentos, Fármacos Industriais,
 Físicos: Força mecânica, Calor, Luz, Radiações, Ruído…

2. Fonte ou reservatório: Os germes, patógenos ou não, habitam, se multiplicam e


se mantêm em nichos naturais específicos denominados de reservatório.

Reservatório de agentes infecciosos é qualquer ser humano, animal, planta, solo


ou matéria inanimada, onde normalmente vive e se multiplica um agente infeccioso e
do qual depende para sobreviver, reproduzindo-se de forma que possa ser
transmitido a um hospedeiro suscetível.

Fonte ou reservatório: Reservatórios humanos: O fato de uma doença ter o ser


humano como reservatório é de importância prática, uma vez que as medidas de
controle que se adotam podem circunscrever-se ao mesmo ser humano.
Por exemplo, se uma doença pode ser tratada com um antibiótico adequado, a
acção direta é exercida sobre o sujeito como paciente e como reservatório.

O reservatório principal de doenças como as de transmissão sexual, hanseníase,


tuberculose, coqueluche, sarampo é o ser humano.

Reservatórios extra-humanos:
 Os animais podem ser infectados e também servir de reservatórios para várias
doenças do ser humano.
 São exemplos a brucelose, a leptospirose, a raiva e o tétano.

3. Portas de saída do agente (hospedeiro):


O caminho pelo qual um agente infeccioso sai do seu hospedeiro é, geralmente, denominado como porta de
saída. As principais são:
Respiratórias: as doenças que utilizam esta porta de saída são as de maior difusão e as mais difíceis de
controlar (tuberculose, influenza, sarampo, etc).
Genitourinárias: leptospirose, sífilis, Sida, gonorréia e outras DSTs.
Digestivas: próprias da febre tifóide, hepatite A e E, cólera e amebíase.

Pele: através de contacto direto com lesões superficiais, como na varicela, herpes
zoster e sífilis. Por picadas, mordidas, perfuração por agulha ou outro mecanismo
que tenha contacto com sangue infectado, como no HIV/Sida, sífilis, doença de
Chagas, malária, leis hmaniose,febre amarela, hepatite B, etc.
Placentária: em geral, a placenta é uma barreira efectiva de proteção do feto contra
infecções da mãe; no entanto, não é totalmente efectiva para alguns agentes
infecciosos, como os da sífilis, rubéola, toxoplasmose, Sida e Doença de Chagas.

4. Modo de transmissão do agente:


O modo de transmissão é a forma em que o agente infeccioso se transporta do
reservatório para o hospedeiro.
Modo de transmissão do agente:

Transmissão directa: é a transferência directa do agente


infeccioso por uma porta de entrada para que se possa
efectuar a infecção.

É também denominada transmissão de pessoa a pessoa.


Pode ocorrer através de dispersão de gotículas nas
conjuntivas ou mucosas do nariz e da boca ao espirrar,
tossir, cuspir, falar, cantar; e pelo contato directo como
tocar, beijar, ou ter relações sexuais.

No caso das micoses, a transmissão ocorre por exposição


directa de tecido suscetível a um agente que vive sob a
forma saprófita.
Transmissão indirecta - pode ocorrer por meio de:

Veículos de transmissão ou fômites: materiais contaminados, como brinquedos, lenços,


instrumentos cirúrgicos, água, alimentos, produtos biológicos, incluindo soro e plasma. O
agente pode ou não ter se multiplicado no veículo antes de ser transmitido.

Vector (inseto ou qualquer portador vivo que transporta um agente infeccioso de um indivíduo
ou suas excretas até um indivíduo suscetível, sua comida ou seu ambiente imediato). O agente
pode ou não se multiplicar no vector.

Mecânico: é o simples translado mecânico do agente infeccioso


por meio de um inseto terrestre ou voador, seja por contaminação
de suas patas ou tromba ou pela passagem em seu trato intestinal,
sem multiplicação ou desenvolvimento cíclico do
microorganismo.
Modo de Transmissão do agente

Biológico: o agente necessariamente deve


propagar-se (multiplicar-se), desenvolver-se
ciclicamente ou ambos (ciclopropagação) no
vector antes que possa transmitir a forma
infectante ao ser humano.
Através do ar: disseminação de aerossóis microbianos
transportados por uma porta de entrada, geralmente o trato
respiratório.

Os aerossóis são suspensões aéreas de partículas constituídas total ou parcialmente por


microorganismos. As partículas com diâmetro de 1 a 5 micros chegam facilmente aos alvéolos
do pulmão. Também podem permanecer em suspensão no ar por longo tempo; algumas
mantêm sua infectividade e outras a perdem. Partículas maiores se precipitam, o que pode dar
origem a uma transmissão directa.
Modo de transmissão do agente
Os aerossóis são suspensões aéreas de partículas constituídas total ou parcialmente por
microorganismos. As partículas com diâmetro de 1 a 5 micros chegam facilmente aos
alvéolos do pulmão. Também podem permanecer em suspensão no ar por longo tempo;
algumas mantêm sua infectividade e outras a perdem. Partículas maiores se precipitam, o que
pode dar origem a uma transmissão directa.

Núcleos goticulares: são pequenos resíduos da evaporação de gotículas emitidas por um


hospedeiro infectado. Esses núcleos também podem formar-se por aparelhos borrifadores,
em laboratórios, abatedouros industriais, salas de autópsias, etc. e geralmente se mantêm em
suspensão no ar durante tempo prolongado.

Pó: pequenas partículas de dimensões variáveis que podem proceder do solo (geralmente
inorgânicas ou esporos de fungos separados do solo seco pelo vento ou agitação mecânica),
vestidos, roupas de cama e pisos.
Fase patológica pré-clínica:
A doença ainda está no estágio de ausência de sintomas, mas o organismo
apresenta alterações patológicas.

Fase Clínica:
A doença se encontra em estágio adiantado, com diferentes graus de acometimento.

Fase de incapacidade residual:


A doença se estabiliza ou progride para óbito.

Mecânico: é o simples translado mecânico do agente infeccioso por meio de um


inseto terrestre ou voador, seja por contaminação de suas patas ou tromba ou pela
passagem em seu trato intestinal, sem multiplicação ou desenvolvimento cíclico do
microorganismo.
Biológico: o agente necessariamente deve propagar-se (multiplicar-se),
desenvolver-se ciclicamente ou ambos (ciclopropagação) no vector antes que possa
transmitir a forma infectante ao ser humano.

Através do ar: disseminação de aerossóis microbianos transportados por uma porta


de entrada, geralmente o trato respiratório.

Porta de entrada no hospedeiro:

A entrada do agente, biológico ou não biológico, no hospedeiro inicia o processo


de infecção ou o período de latência nas doenças não transmissíveis.
 Infecção: é a entrada, desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso
no organismo de uma pessoa ou animal.
As portas de entrada de um germe no novo hospedeiro são basicamente as mesmas
para a saída do hospedeiro prévio.
Por exemplo, nas doenças respiratórias, a via aérea é utilizada como porta de saída e
porta de entrada entre as pessoas.

Somente a presença de agentes infecciosos vivos nas superfícies do corpo ou em


peças de roupas de vestir, brinquedos, ou outros objectos inanimados ou substâncias
como água, alimentos, não constituem infecção, mas contaminação dessas
superfícies.

Hospedeiro: Ser vivo que oferece, em condições naturais, subsistência ou


alojamento a um agente infeccioso. Pode ser humano ou outro animal:
• Hospedeiro primário ou definitivo: É onde o agente atinge a maturidade ou passa
sua fase sexuada;
Hospedeiro intermediário ou secundário: É aquele onde o parasita se encontra em
forma assexuada ou larvária.

Um hospedeiro suscetível é qualquer pessoa ou animal que se supõe não possuir


resistência contra um agente infeccioso e, por esta razão, pode contrair a infecção ou
a doença sem entrar em contacto com este agente.

Factores determinantes das doenças transmissíveis


Endógenos: são factores que, no quadro geral da doença, são inerentes ao
organismo e estabelecem a receptividade do indivíduo.
Herança genética: alterações cromossómicas (hemofilia e anemia falciforme);
Anatomia e Fisiologia do organismo humano: imunidade natural e a adquirida,
idade, sexo, raça;
Estilo de vida: controle social e autocontrole, usuários de drogas injectáveis,
fumantes.
Exógenos: são factores do ambiente.
Ambiente biológico: seres vivos da terra. Podem constituírem agente, hospedeiro e
reservatório de doença.
Ambiente físico: clima, altitude, umidade relativa do ar, temperatura.
Ambiente Social: características sociais, económicas, políticas e culturais.

 Hospedeiro (homem)
Em relação a herança genética: aconselhamento genético, diagnóstico pré-natal,
aborto terapêutico.
Em relação à anatomia e fisiologia: imunização activa ou passiva, manutenção do
peso corporal em níveis aceitáveis.
Estilo de vida: não fumar, não consumir drogas, praticar actividade física, evitar a
promiscuidade sexual.
Prevenção terciária
 Engloba ações voltadas à reabilitação do indivíduo após a cura ou o controle da doença, a fim de
reajustá-lo a uma nova condição de vida.
 Fazem parte dessas medidas a Fisioterapia, a Terapia Ocupacional, a colocação de próteses.
 Lida com a recuperação funcional de sequelas, que muitas vezes são irreversíveis.

Quanto ao meio ambiente


Meio Físico: Saneamento das águas, do ar, do solo.
Meio biológico: controle biológico de vectores, vigilância sanitária dos alimentos,
eliminação de vectores.
Meio social: provisão de empregos, habitações, transportes, escolas, lazer,
qualidade nos serviços de saúde.
Meu muito obrigado pela atenção dispensada
Vigilância Epidemiológica
Entende-se por Vigilância Epidemiológica um conjunto de acções que
proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer
mudança nos factores determinantes da saúde individual ou colectiva, com a
finalidade de recomendar e adoptar as medidas de prevenção e controlo das
doenças ou agravos.

Algumas definições relevantes em Vigilância Epidemiológica

Caso: pessoa ou animal infectado ou doente apresentando características clínicas,


laboratoriais e epidemiológicas específicas.

Caso suspeito: pessoa cuja história clínica, sintomas e possível exposição a uma fonte de
infecção sugerem que o mesmo possa estar ou vir a desenvolver alguma doença
infecciosa.
Caso confirmado: pessoa na qual foi isolado e identificado o agente causal
ou foram obtidas outras evidências laboratoriais da presença do agente causal,
como, por exemplo, a conversão sorológica em amostras de sangue colhidas
nas fases aguda e convalescente. Esse indivíduo poderá ou não apresentar a
síndrome indicativa da doença causada por esse agente.

Caso-índice: primeiro entre vários casos de natureza similar e epidemiologicamente


relacionados. O caso-índice é muitas vezes identificado como fonte de infecção.

Caso autóctone: caso da doença que teve sua origem dentro dos limites do lugar em
referência ou sob investigação.

Caso alóctone: o doente, actualmente presente na área sob consideração, adquiriu a


enfermidade em outra região, de onde emigrou. Os casos alóctones são também chamados
de casos importados.
Importância da Vigilância Epidemiológica:
Sua importância está em oferecer condições para analisar a ocorrência e distribuição das
doenças, bem como os factores relacionados ao seu controlo, para a execução de acções.

A Vigilância Epidemiológica procura determinar quais doenças existem, que pessoas são
afectadas, em que lugar e em que momento.

Objectivos da Vigilância Epidemiológica:


Prevenir, controlar e eliminar ou erradicar as doenças.
Conhecer a dinâmica das doenças, ou seja, conhecer e prever a evolução do
comportamento das doenças. A Vigilância Epidemiológica permite identificar a tempo
surtos e epidemias;
Ajudar na planificação dos programas de saúde;
Avaliar os programas de controlo.
Sistema de recolha de informação e notificação

Sistema de Informação em Saúde (SIS) é um conjunto de instrumentos,


normas e actividades interrelacionadas, que produz informação para a tomada
de decisões na área de saúde.

Instrumentos: são os impressos (registos, livros de internamento e fichas) através dos


quais os dados são registados, recolhidos e enviados.

Normas: estas definem quais actividades devem ser realizadas, quem deve realizá-las,
como devem ser realizadas, qual a periodicidade de envio (semanal, mensal, anual) e qual
o fluxo que os impressos devem seguir.
 As normas permitem uniformizar o SIS nos diferentes pontos do país.
Actividades: compreendem o registo, a recolha, a elaboração, a apresentação, a
interpretação, o envio, a recepção, a retro-informação e o controlo de qualidade
do SIS.
Registo: consiste em tomar nota em um impresso de um caso diagnosticado,
uma actividade realizada ou um recurso recebido.
Exemplo: o clínico regista no livro de consulta um caso diagnosticado de
sarampo.

Recolha: é o acto de transferir os registos das fichas diárias para fichas de resumo. Este
passo permite organizar os dados em categorias com uma certa periodicidade.

Exemplo: no fim da consulta, o clínico regista um traço na folha de contagem


correspondente ao quadro da doença de notificação obrigatória que atendeu. O responsável
pelo Boletim Epidemiológico Semanal recolherá as folhas de contagem da unidade sanitária
para somar todas as notificações, preenchendo o Boletim Epidemiológico Semanal da
unidade.
Elaboração: consiste no agrupamento dos dados para transformá-los em
informação. Um dado isolado não permite interpretação e, portanto, não é útil
para tomada de decisões. Por outro lado, diferentes dados ligados de forma
lógica permitem conhecer uma realidade.
Assim, o responsável pela Vigilância Epidemiológica da unidade soma os
casos de diarreia notificados no Boletim Epidemiológico Semanal durante o
ano, e associa com a população estimada na área de saúde para calcular a taxa
de incidência das diarreias da área.

Apresentação: consiste na organização das informações em tabelas e gráficos. Estes meios


facilitam a análise e compreensão das informações. Assim os gráficos evidenciam
visualmente uma situação sobre a qual é talvez necessário tomar uma decisão.

No caso do Boletim Epidemiológico Semanal, por exemplo, o responsável da Vigilância


Epidemiológica do distrito deve actualizar o gráfico dos casos de sarampo e de diarreias
que foram notificados, mensalmente.
Interpretação: consiste na individualização dos factores determinantes de certa
realidade. É a tentativa de explicar determinado acontecimento e suas causas. Saber
interpretar é condição indispensável à escolha de medidas correctivas adequadas e
não tomar iniciativas irracionais.
Por exemplo, na análise anual, o núcleo de epidemiologia nota que o número de casos
de tétano neonatal notificado no distrito diminuiu e tenta definir os motivos: ausência
de notificação no Boletim Epidemiológico Semanal, ou melhoria da higiene dos
partos pelas Parteiras Tradicionais ou aumento da cobertura do VAT.

Envio: consiste na transmissão dos impressos de resumo para o nível superior, devendo
seguir os percursos prefixados e os prazos predefinidos, que podem não ser os mesmos para
os diferentes impressos.

Por exemplo, nas terça-feiras, o Boletim Epidemiológico Semanal correspondendo à semana epidemiológica
anterior da unidade deve ser enviado para o Distrito; o resumo da Lepra deve ser enviado trimestralmente;
enquanto que parece ser suficiente o envio da informação sobre os recursos humanos anualmente.
Recepção: é o acto de receber, no Sistema Nacional de Saúde, os impressos
enviados pelo nível inferior. A recepção deve ser controlada, pois é possível
requerer a informação em falta.

• Por exemplo, o Boletim Epidemiológico Semanal das diferentes unidades


devem ser recebidos na Direcção Distrital de Saúde (DDS) antes do sábado.
O controlo da recepção dos Boletins Epidemiológicos Semanais deve ser
feito com o mapa de recepção afixado na parede.

Controlo de qualidade: para cada uma das 8 actividades precedentes, o controlo de


qualidade deve ser realizado com o intuito de verificar se os dados estão completos,
correctos e atempados.
Por exemplo, o responsável pelo Boletim Epidemiológico Semanal da unidade verifica se
os casos recolhidos correspondem as definições de casos, se todos os casos registados foram
recolhidos (por exemplo, viu um caso de tétano neo-natal internado, que não aparece na
folha de contagem. Isto deve ser corrigido).
Retro-informação: a partir da Direcção Distrital de Saúde, em cada nível, as
mesmas etapas são repetidas: elaboração da informação, apresentação e
interpretação, seguidos pelo envio e recepção ao nível superior. Não obstante,
há mais uma actividade - a retro-informação que consiste em devolver aos
trabalhadores da base que enviaram os dados, a compilação do nível superior,
com as informações interpretadas e os comentários.

Por exemplo, a Direcção Provincial de Saúde deve enviar a todas as Direcções Distritais de
Saúde da Província, um resumo mensal do Boletim Epidemiológico Semanal provincial que
inclui os dados de cada distrito

Você também pode gostar