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Vigilância

EscolaEpidemiológica
de Ensino técnico Irmã Sheila
Enfª Bianca Araújo
Vigilancia Epidemiológica
Definição da Epidemiologia:
Epidemiologia pode ser definida como a “ciência que estuda o
processo saúde-doença em coletividades humanas,
analisando a distribuição e os fatores determinantes das
enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde
coletiva, propondo medidas específicas de prevenção,
controle ou erradicação de doenças, e fornecendo
indicadores que sirvam de suporte ao planejamento,
administração e avaliação das ações de saúde”
(ROUQUAYROL e GOLDBAUM, 2003).
Vigilancia Epidemiológica
O que é Incidência:
Incidência é a qualidade daquilo que é referente à frequência
ou à quantidade com que algo ocorre. Está diretamente
relacionada à regularidade com que determinada ação
acontece ou que seja incidente.
A incidência diz respeito à frequência com que surgem novos
casos de uma doença num intervalo de tempo, como se fosse
um “filme” sobre a ocorrência da doença, no qual cada
quadro pode conter um novo caso ou novos casos
(PEREIRA, 1995).
Vigilancia Epidemiológica
Exemplo:
• A incidência de casos de dengue hemorrágica no Brasil
aumentou.

• A incidência dos raios solares aumentou aproximadamente


50% no último ano.
Vigilancia Epidemiológica
Já a PREVALÊNCIA se refere ao número de casos existentes
de uma doença em um dado momento; é uma “fotografia”
sobre a sua ocorrência, sendo assim uma medida estática.
Os casos existentes são daqueles que adoeceram em algum
momento do passado, somados aos casos novos dos que
ainda estão vivos e doentes (MEDRONHO, 2005, PEREIRA,
1995).
Vigilancia Epidemiológica
Existem três tipos de medidas de prevalência:
1.Prevalência pontual ou instantânea: Frequência de casos
existentes em um dado instante no tempo (ex.: em
determinado dia, como primeiro dia ou último dia do ano).

2.Prevalência de período: Frequência de casos existentes em


um período de tempo (ex.: durante um ano).

3.Prevalência na vida: Frequência de pessoas que


apresentaram pelo menos um episódio da doença ao longo
da vida.
Vigilancia Epidemiológica
Quem são os epidemiologistas, que área são estes
profissionais?
Epidemiologistas são médicos, enfermeiros, dentistas,
estatísticos, demógrafos, nutricionistas, farmacêuticos,
assistentes sociais, geógrafos, dentre outros profissionais. Os
epidemiologistas trabalham em salas de aula, serviços de
saúde, laboratórios, escritórios, bibliotecas, arquivos,
enfermarias, ambulatórios, indústrias e também nos mais
variados locais de realização de trabalhos de campo.
Vigilancia Epidemiológica
Início da Epidemiologia:

Alguns autores indicam que a epidemiologia nasceu com


Hipócrates na Grécia antiga. Numa época em que se atribuía
as doenças, as mortes e as curas a deuses e demônios, o
médico grego se contrapôs a tal raciocínio e difundiu a ideia
de que o modo como as pessoas viviam, onde moravam, o
que comiam e bebiam, enfim, fatos materiais e terrenos eram
os responsáveis pelas doenças. Foi uma proposta
revolucionária de se pensar o processo saúde-doença.
Vigilancia Epidemiológica
Início da Epidemiologia:

Outros nomes importantes na história da epidemiologia foram o


de John Graunt (1620-1674), pioneiro em quantificar os padrões
de natalidade e mortalidade; Pierre Louis (1787-1872),
utilizando o método epidemiológico em investigações clínicas
de doenças; Louis Villermé (1782-1863), que pesquisou o
impacto da pobreza e das condições de trabalho na saúde das
pessoas; e William Farr (1807-1883), na produção de
informações epidemiológicas sistemáticas para o planejamento
de ações de saúde (ROSEN, 1994; PEREIRA, 1995).
Vigilancia Epidemiológica
Com o surgimento da pandemia do COVID-19 no ano de
2020, percebemos a importância de praticamente todo o
arsenal de ferramentas da saúde coletiva e da epidemiologia
tanto para compreendermos esse fenômeno, quanto para
sabermos como superá-lo.
Mas, afinal, o que é vigilância epidemiológica? De
maneira simplificada, como o próprio nome diz, esse é o
conceito de um conjunto de procedimentos que servirá para
vigiar algo.
Vigilancia Epidemiológica
• Assim como a profissão de vigilante normalmente alguém
contratado para observar movimentações suspeitas na
rua à procura de perigo, a vigilância epidemiológica terá
um objetivo semelhante.

• Porém, em vez de vigiar o risco de violências pontuais na


rua, ela se preocupa em vigiar a ocorrência de doenças
na população à procura de anormalidades que possam
indicar riscos epidemiológicos.
Vigilancia Epidemiológica
“Vigilância epidemiológica é o processo sistemático e contínuo
de coleta, análise, interpretação e disseminação de informação
com a finalidade de recomendar e adotar medidas de
prevenção e controle de problemas de saúde”.

A Vigilância Epidemiológica é definida pela Lei n° 8.080/90


como “um conjunto de ações que proporciona o conhecimento,
a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores
determinantes e condicionantes de saúde individual ou
coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas
de prevenção e controle das doenças ou agravos”.
Vigilancia Epidemiológica
Ainda que originalmente o termo ‘vigilância epidemiológica’
tenha focalizado as doenças infecciosas, em especial
aquelas que provocam grandes epidemias, hoje em dia o
conceito se ampliou de forma a incluir também outros
problemas de saúde, como a doenças crônico-
degenerativas, os acidentes e violências, os fatores de riscos
e os riscos ambientais”.
Vigilancia Epidemiológica
Originalmente, a vigilância epidemiológica significava a
“Observação sistemática e ativa de casos suspeitos ou
confirmados de doenças transmissíveis e de seus contatos”.
Tratava-se, portanto, da vigilância de pessoas, através de
medidas de isolamento ou de quarentena, aplicadas
individualmente, e em alguns casos de forma coletiva.

Posteriormente, na vigência de campanhas de erradicação


de doenças - como a malária e a varíola, a vigilância
epidemiológica passou a ser referida como uma das etapas
desses programas.
Vigilancia Epidemiológica
Na qual se buscava detectar, ativamente, a existência de
casos da doença alvo, com visitas ao desencadeamento de
medidas urgentes, destinadas a bloquear a transmissão.

A estrutura operacional de vigilância, organizada para esse


fim específico, deveria sempre ser desativada, após a
comprovação de que o risco de transmissão da doença
havia sido eliminado.
Vigilancia Epidemiológica
O objetivo principal é fornecer orientação técnica
permanente para os profissionais de saúde, que têm a
responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de
controle de doenças e agravos, tornando disponíveis, para
esse fim, informações atualizadas sobre a ocorrência
dessas doenças e agravos, bem como dos fatores que a
condicionam, numa área geográfica ou população definida.
Vigilancia Epidemiológica
Vigilância epidemiológica passou, então, a ser definida
como “o conjunto de atividades que permite reunir a
informação indispensável para conhecer, a qualquer
momento, o comportamento ou história natural das
doenças, bem como detectar ou prever alterações de seus
fatores condicionantes, com a finalidade de recomendar
oportunamente, sobre bases firmes, as medidas indicadas e
eficientes que levem à prevenção e ao controle de
determinadas doenças”.
Vigilancia Epidemiológica
O processo de vigilância das doenças na população é tão
relevante que até mesmo a Constituição Federal do Brasil de
1988 prevê essa ação como uma das atribuições
fundamentais do sistema de saúde, como descrito abaixo:

“Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de


outras atribuições, nos termos da lei:[...]II - Executar as
ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as
de saúde do trabalhador;”.
Qual é a importância da vigilância
epidemiológica?
É somente por meio dessa estratégia que poderemos ter
acesso às informações de saúde de uma população para
direcionar a alocação de esforços e recursos, tanto públicos
(no SUS, por exemplo), como privados (planos de saúde,
indicadores hospitalares etc).

Alguns dos objetivos da vigilância epidemiológica, cada


objetivo, exemplificamos como essas ações foram
executadas na pandemia.
Qual é a importância da vigilância
epidemiológica?
• I‍dentificar e descrever o comportamento epidemiológico de
doenças (monitorar tendências, identificar grupos e fatores de
riscos);
Ex: A descrição do aumento e diminuição na incidência de
COVID-19, a identificação de 2ª onda.

• Detectar epidemias e descrever o seu processo de


disseminação;
‍Ex.: A monitorização de que não havia casos descritos de
doenças pelo SARS-COV-2 e o seu surgimento na província
de Wuhan, na China.
Qual é a importância da vigilância
epidemiológica?
• Avaliar
‍‍ o impacto de doenças na mortalidade e na
incapacidade na população;
‍Ex.: A descrição dos indicadores de mortalidade, tempo de
internação, tempo de incubação e tempo de transmissão da
doença.

• Recomendar
‍‍ a adoção oportuna de medidas para prevenir ou
controlar agravos à saúde;
‍Ex.: Recomendar o aumento do número de leitos
hospitalares e de CTI conforme o avanço da doença na
população.
Qual é a importância da vigilância
epidemiológica?
• Avaliar o impacto de medidas de intervenção.
‍Ex.: Avaliar a incidência de casos de COVID-19 após a
adoção de medidas de uso de máscaras e distanciamento
social.

Perceba, portanto, que a vigilância epidemiológica é


simplesmente responsável por toda a coleta de dados que
servirá de apoio para toda a epidemiologia. É somente a
monitorização contínua da saúde da população que poderá
fornecer informações que fundamentam toda a tomada de
decisão em saúde.
Qual é a importância da vigilância
epidemiológica?
Qual é a importância da vigilância
epidemiológica?
Sua operacionalização compreende um ciclo completo de
funções específicas e intercomplementares que devem ser,
necessariamente, desenvolvidas de modo contínuo, de modo
a possibilitar conhecer, a cada momento, o comportamento
epidemiológico da doença ou agravo que se apresente como
alvo das ações, para que as medidas de intervenção
pertinentes possam ser desencadeadas com oportunidade e
eficácia.
Qual é a importância da vigilância
epidemiológica?
• Todos os níveis do sistema de saúde têm atribuições de
vigilância epidemiológica, compreendendo o conjunto das
funções mencionadas.
• Quanto mais eficientemente essas funções forem realizadas
no nível local, maior será a oportunidade com que as ações
de controle tenderão a ser desencadeadas.
• Além disso, a atuação competente no nível local estimulará
maior visão do conjunto nos níveis estadual e nacional,
abarcando o amplo espectro dos problemas prioritários a
serem enfrentados, em diferentes situações operacionais.
Qual é a importância da vigilância
epidemiológica?
• Ao mesmo tempo, os responsáveis técnicos no âmbito
estadual e, com maior razão, no federal, poderão dedicar-se
seletivamente a questões mais complexas, emergenciais ou
de maior extensão, que demandem a participação de
especialistas e centros de referência, inclusive de nível
internacional.
Coleta de dados e informações

• O cumprimento das funções de vigilância epidemiológica


depende da disponibilidade de INFORMAÇÕES que sirvam
para subsidiar o desencadeamento de ações,
INFORMAÇÃO PARA A AÇÃO.

• A qualidade da informação, por sua vez, depende da


adequada coleta dos dados gerados no local onde ocorre o
evento sanitário (dado coletado).
Coleta de dados e informações

• A coleta de dados ocorre em todos os níveis de atuação do


sistema de saúde. A força e o valor da informação (o dado
analisado) dependem da qualidade e fidedignidade com que
o mesmo é gerado.
• O envio do dado, para os diversos níveis, deverá ser
suficientemente rápido para permitir o desencadeamento
oportuno de ações, particularmente quando for necessário
que estas sejam desenvolvidas por um outro nível.
Tipos de dados
Os dados e informações que alimentam o Sistema de Vigilância
Epidemiológica são os seguintes:

• Dados demográficos, socioeconômicos e ambientais:


Permitem quantificar a população e gerar informações sobre
suas condições de vida: Número de habitantes e
características de sua distribuição, condições de saneamento,
climáticas, ecológicas, habitacionais e culturais.
Tipos de dados
• Dados de morbidade: Podem ser obtidos mediante a
notificação de casos e surtos, de produção de serviços
ambulatoriais e hospitalares, de investigação
epidemiológica, de busca ativa de casos, de estudos
amostrais e de inquéritos, entre outras formas.
Tipos de dados
• Dados de mortalidade: São obtidos através das
declarações de óbitos, processadas pelo Sistema de
Informações sobre Mortalidade. Mesmo considerando o sub-
registro, que é significativo em algumas regiões do país, e a
necessidade de um correto preenchimento das declarações,
trata-se de um dado que assume importância capital entre
os indicadores de saúde. Esse sistema está sendo
descentralizado, objetivando o uso imediato dos dados pelo
nível local de saúde.
Tipos de dados
• Notificação de surtos e epidemias: A detecção precoce de
surtos e epidemias ocorre quando o sistema de vigilância
epidemiológica local está bem estruturado, com
acompanhamento constante da situação geral de saúde e
da ocorrência de casos de cada doença e agravo de
notificação. Essa prática possibilita a constatação de
qualquer indício de elevação do número de casos de uma
patologia, ou a introdução de outras doenças não incidentes
no local e, consequentemente, o diagnóstico de uma
situação epidêmica inicial, para a adoção imediata das
medidas de controle.
Tipos de dados
Em geral, deve-se notificar esses fatos aos níveis superiores
do sistema, para que sejam alertadas as áreas vizinhas e/ou
para solicitar colaboração, quando necessário
Então, como é feita a vigilância
epidemiológica?
O grande pilar da vigilância epidemiológica são os sistemas
de informação e como eles são alimentados.
Por exemplo, (a) quando há um nascimento, é emitida a
declaração de nascido vivo; (b) quando um paciente vai a
óbito, é preenchida uma declaração de óbito; (c) quando um
paciente é internado em um hospital, é preenchida a
autorização de internação hospitalar (AIH); (d) quando uma
doença de notificação compulsória ocorre, é preenchida a
ficha individual de notificação.
Então, como é feita a vigilância
epidemiológica?
Todos estes documentos irão para órgãos e sistemas
específicos para a vigilância dessas estatísticas, a saber, o
Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC), o
Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), o Sistema
de Informações Hospitalares (SIH/SUS) e o Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (SINAN),
respectivamente.
Então, como é feita a vigilância
epidemiológica?
Esses quatro sistemas, embora não sejam os únicos, são os
mais importantes na vigilância epidemiológica no Brasil.
Além disso, quando situações excepcionais acontecem,
como é o caso da pandemia de COVID-19, novos sistemas
são alimentados, como aqueles criados pelos governos
estaduais, que monitoram o número de respiradores
hospitalares, entre outros.
Sobre notificação compulsória
Um dos pontos mais importantes da vigilância
epidemiológica é a notificação de doenças e agravos de
notificação compulsória, este é também um dos pontos que
mais são cobrados em provas.
Essas doenças e agravos são, na verdade, uma lista de
condições que os gestores da vigilância julgam ser de
importância pública, de acordo com critérios pré-
estabelecidos. Em geral, os critérios das condições que
devem ser notificadas são os seguintes:
Sobre notificação compulsória
• M
‍ agnitude: Doenças com alto impacto na mortalidade ou
impacto na expectativa de vida;

• P
‍ otencial de disseminação: Doenças altamente
contagiosas ou com populações muito suscetíveis,
podendo levar a epidemias;

• T
‍ ranscendência: A percepção social (p. ex.: medo ou
estigmatização) e econômica de uma doença;
Sobre notificação compulsória
• C
‍ ompromissos internacionais: Acordos do governo
brasileiro com organismos internacionais visando
eliminação ou erradicação de doenças;

• E
‍ pidemias e eventos inusitados: Situações que possam
caracterizar emergências em saúde.
Sobre notificação compulsória
• C
‍ ompromissos internacionais: Acordos do governo
brasileiro com organismos internacionais visando
eliminação ou erradicação de doenças;

• E
‍ pidemias e eventos inusitados: Situações que possam
caracterizar emergências em saúde.
Sobre notificação compulsória
• Nem todas as doenças preencherão todos os critérios para
entrar na lista de notificação, mas o preenchimento de
alguns deles, muitas vezes, já é suficiente.

• De forma a facilitar a população de quais são as doenças de


notificação, uma lista é atualizada periodicamente, a cada 2
ou 3 anos aproximadamente, com as novas condições que
devem ser notificadas.
Sobre notificação compulsória
• A última versão até o presente momento foi publicada em
fevereiro de 2020, quando as condições de doença de
Chagas crônica, entre outras integradas à lista.

• Saber o que é vigilância epidemiológica, a sua importância,


como ela funciona e quais são as doenças de notificação
obrigatória é um conhecimento fundamental para os
profissionais de saúde.
Exercícios
1. Explique com suas palavras o que você entendeu sobre
vigilância epidemiológica, em um breve resumo de 15 linhas.
2. Qual objetivo da vigilância epidemiológica?
3. De alguns exemplos de Vigilância.
4. Quais são os dados e informações que alimentam o Sistema
de Vigilância Epidemiológica. Fale um pouco sobre cada um
deles.
5. Quais são os 4 sistemas mais importantes de Vigilância
Epidemiológica no Brasil.
Obrigada!
VOCÊ TEM ALGUMA DUVIDA ?

Email: biancaarauj0@yahoo.com
Whatsapp: 71 987868660

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