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Epidemiologia e

Saúde Pública
Vigilância Epidemiológica, Notificação
Compulsória, Registro de Doenças, CID-10

• Vigilância Epidemiológica
• Aspectos Epidemiológicos das Doenças Transmissíveis
• Doenças Transmissíveis de Notificação Compulsória
• Aspectos Epidemiológicos das Doenças e Agravos não
Transmissíveis (DANT)
• Programa Nacional de Imunizações
• Registros da Vigilância Epidemiológica
• CID- 10 – Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados com a Saúde

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Compreender o contexto histórico no qual surgiu a vigilância
epidemiológica no Brasil.
· Conhecer alguns dos principais conceitos, as fontes de dados e in-
formações que são necessários para o estabelecimento da Vigilân-
cia Epidemiológica.
· Reconhecer as principais doenças e agravos passíveis de vigilância,
bem como os principais registros que devem ser realizados em
sistemas de informação de saúde competente.
· Refletir sobre a importância das imunizações no controle epidemio-
lógico de algumas doenças transmissíveis.
· Conhecer a Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados com a Saúde e aprender a utilizar os códigos
de maneira correta.
UNIDADE Vigilância Epidemiológica, Notificação Compulsória,
Registro de Doenças, CID-10

Vigilância Epidemiológica
Para definir Vigilância Epidemiológica é preciso entender antes sobre a Vigilância
em Saúde que foi definida em 1973, por Alexander Langmuir, como:
“observação contínua da distribuição e tendências da incidência de
doenças mediante coleta sistemática, consolidação e avaliação de informes
de morbidade e mortalidade, assim como de outros dados relevantes, e
a regular disseminação dessas informações a todos os que necessitam
conhecê-la”.

Portanto, a vigilância em saúde está relacionada com atenção, promoção da


saúde e prevenção de doenças e está distribuída em elementos: epidemiológica,
sanitária, ambiental e saúde do trabalhador. Tem por objetivo observar e analisar
constantemente a saúde da população, bem como promover ações para controlar
risco e danos à saúde da população, garantindo um dos princípios do SUS que é
o de integralidade.

Vigilância da Vigilância do
Saúde do Trabalhador Meio Ambiente

Vigilância
em Saúde

Vigilância Vigilância
Sanitária Epidemiológica

Destaque será dado a Vigilância epidemiológica, que é conceituada pela Lei Orgânica
da Saúde 8080/90 como: “Conjunto de ações que proporcionam o conhecimento,
a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e
adotar medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.
https://goo.gl/KsNKKe

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Histórico
A Vigilância Epidemiológica tem como antecedentes remotos os cuidados com a
circulação de pessoas nos portos, exemplos desses cuidados foram a quarentena que
os escravos eram submetidos antes de entrarem no país; a vacinação antivariólica
obrigatória, por um decreto do Imperador em 1846 e, no início do século XX,
também foi notado um isolamento de portadores da febre amarela, na tentativa de
controlar a epidemia.

As intervenções limitavam-se à grandes campanhas sanitárias com vistas ao


controle de doenças que comprometiam a atividade econômica, como a febre
amarela, malária e varíola; cessado o risco a estrutura da vigilância epidemiológica
era desativada.

Apenas na década de 60 que a expressão Vigilância Epidemiológica ganhou


força com a campanha de erradicação da varíola, que foi considerada o marco da
institucionalização das ações de vigilância no país, contribuindo para organização
do sistema de notificação e investigação de casos suspeitos da doença, em todo
o território nacional. Em 1969, no Brasil já existia um sistema de notificação
semanal de doenças selecionadas e as informações eram divulgadas em um boletim
epidemiológico de circulação quinzenal, essa campanha de erradicação da varíola
(CEV) culminou com a erradicação da doença no mundo em 1977.

Nesse cenário foi realizado em 1968, a 21ª Assembleia Mundial de Saúde que
teve como tema central a Vigilância Epidemiológica, onde foram abordados além
das doenças transmissíveis outros problemas de saúde como: riscos ambientas,
doenças relacionadas ao trabalho, acidentes dentre outros.

Estava surgindo as primeiras ideias de:


Explor

Semana Epidemiológica
Doenças de Notificação Compulsória
Disseminação de informação

E nesse mesmo ano, a Fundação SESP criou o Centro de Investigações


Epidemiológicas (CIE), considerado o primeiro órgão federal na área de
epidemiologia, na sequência em 1975, por recomendação da 5ª Conferência
Nacional de Saúde, foi instituído o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica
(SNVE), por meio de legislação específica (Lei nº 6.259/75 e Decreto nº 78.231/76).
E, em 1977, foi disponibilizado pelo Ministério da Saúde o primeiro Manual de
Vigilância Epidemiológica.

Em 1990, pela lei 8080, o Sistema Único de Saúde (SUS) incorpora o SNVE e
amplia o conceito das ações de vigilância epidemiológica levando em consideração
a descentralização de responsabilidades e integralidade das ações, com o objetivo
principal de estabelecer sistemas de informações e análises que culminem com a
prevenção e controle das doenças.

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UNIDADE Vigilância Epidemiológica, Notificação Compulsória,
Registro de Doenças, CID-10

Um grande avanço aconteceu em 1999, quando o governo federal criou a


Programação Pactuada Integrada – Epidemiologia e Controle de Doenças (PPI-
ECD), o que possibilitou o financiamento da vigilância epidemiológica, com repasse
direto aos fundos municipais e estaduais de saúde.

Em 2003, as atividades da Vigilância Epidemiológica e de controle de doenças


passam a ser responsabilidade Secretaria de Vigilância da Saúde (SVS) e não
mais da FUNASA, objetivando instituir medidas capazes de eliminar, diminuir ou
prevenir riscos à saúde.

Na atualidade, há um projeto Vigilância em Saúde no Sistema Único de Saúde


(VIGISUS) onde deve ser priorizado as pessoas e os território e não mais as doenças,
agrupando a Vigilância Epidemiológica, a Vigilância Ambiental e a Vigilância
Sanitária, denominado como Vigilância em Saúde.

Presentemente, o panorama é de mudanças no perfil epidemiológico da


população, nota-se um declínio das taxas de mortalidade por doenças infecciosas
e parasitárias e crescente aumento das mortes por doenças crônico-degenerativas,
violência, acidentes de trânsito, o que tem sido motivo de constantes discussões
tanto pelo Ministério da Saúde como pelas secretarias estaduais e municipais a
incorporação desses itens à vigilância epidemiológica.

Trocando ideias...Importante!
A Vigilância Epidemiológica acompanha as ocorrências de doenças e suas causas, tanto
na coletividade humana quanto na animal com objetivo de prevenir sua disseminação.

Funções
A Vigilância Epidemiológica é responsável por fornecer informação para que
sejam analisadas e tenham como produto final ações de controle das doenças e dos
agravos. Suas funções específicas são:
·· Coletar dados;
·· Processar os dados coletados;
·· Analisar e interpretar os dados processados;
·· Recomendar medidas de controle apropriadas;
·· Promover ações de controle indicadas;
·· Avaliar a eficácia e efetividade das medidas adotadas;
·· Divulgar as informações pertinentes.

As coletas de dados devem ser realizadas em todos os níveis do sistema de saúde:


municipal, estadual e federal, por profissionais de saúde que devem ser preparados
permanentemente pela Vigilância Epidemiológica, pois serão responsáveis pela
execução de ações de controle de doenças e agravos da população.

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A SNVE preconiza o fortalecimento dos sistemas municipais de vigilância
epidemiológica, para que seja possível enfatizar ações sobre os problemas de
saúde da sua própria área de abrangência, porém é necessária uma harmonia
entre todos os níveis de saúde para que seja possível uma compreensão do quadro
epidemiológico estadual e nacional.
Fluxograma do Sistema de Vigilância

Diagnóstico Suspeito do Caso

Notificação à Vigilância Epidemiológica

Disseminação da
Informação

Nível Local
Secretaria Municipal da Saúde

Investigação
Epidemiológica

Nível Estadual
Secretária Estadual de Saúde

Nível Nacional
Secretaria de Vigilância em Saúde
Ministério da Saúde

Fonte: Ministério da Saúde

Dados e Informações
A Vigilância Epidemiológica precisa de uma qualidade de informação, com
coleta de dados fidedigna para que possa propiciar uma decisão que subsidie o
planejamento, avaliação e aprimoramento das ações. Esse processo é conhecido
como Informação para Ação.


ÃO
DECISÃO

O
A ÇÃ
O RM
INF

Quanto maior o número de fontes geradoras de informação que sejam


confiáveis, maior a possibilidade de acompanhamento das doenças ou agravos
de uma população. Com as tecnologias de comunicação e informação eletrônicas

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Registro de Doenças, CID-10

cada vez mais disseminadas, a atualização passa a ter uma nova dinâmica o que
possibilita uma rapidez na tomada de decisões e consequente agilidade na adoção
de medidas de controle.

A principal fonte de dados é a notificação compulsória de doenças, de onde


se desencadeia o processo de informação-decisão-ação. Mas existem também
outras fontes de dados, como: resultados de exames laboratoriais, declarações
de óbitos, maternidades (nascidos vivos), hospitais e ambulatórios, investigações
epidemiológicas, estudos epidemiológicos especiais, sistemas sentinela, Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e, ainda, a imprensa e a população.
Após serem tratados e estruturados, os dados transformados em informações irão
desencadear as ações em vigilância epidemiológica.

A Lei 10.083 de 23/09/98 que dispõe sobre o Código Sanitário do Estado de


São Paulo define em seu artigo 64 a obrigatoriedade da notificação para:
I – médicos que forem chamados para prestar cuidados ao doente, mesmo
que não assumam a direção do tratamento;

II – responsáveis por estabelecimentos de assistência à saúde e instituições


médico-sociais de qualquer natureza;

III – responsáveis por laboratórios que executem exames microbiológicos,


sorológicos, anatomopatológicos ou radiológicos;

IV – farmacêuticos, bioquímicos, veterinários, dentistas, enfermeiros,


parteiras e pessoas que exerçam profissões afins;

V – responsáveis por estabelecimentos prisionais, de ensino, creches,


locais de trabalho ou habitações coletivas em que se encontre o doente;

VI – responsáveis pelos serviços de verificação de óbito e institutos


médico-legais e

VII – responsáveis pelo automóvel, caminhão, ônibus, trem, avião,


embarcação ou qualquer outro meio de transporte em que se encontre
o doente.

Pelo site da Secretária de Saúde do estado de São Paulo pode ser feita a notificação imediata
por um dos seguintes meios de comunicação: - Telefone 0800-555466, com funcionamento
Explor

em tempo integral; - E-mail: notifica@saude.sp.gov.br; ou pelos links, disponibilizados no


endereço: https://goo.gl/n1eCzC

Fonte de Dados
Os parâmetros para a inclusão de doenças e agravos na lista de notificação
compulsória devem obedecer aos seguintes critérios:
·· Magnitude – Dependente diretamente da incidência, prevalência,
mortalidade, anos potenciais de vida perdidos.

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· Potencial de disseminação – representa o quanto a doença é disseminada,
seja por meio de vetores ou demais fontes de infecção, colocando sob
risco a saúde coletiva.
· Transcendência – representa as características que conferem relevância
à doença ou agravo, como: severidade (medida pela letalidade,
hospitalidade), relevância social (medo e indignação) e relevância
econômica (perda de vida, custos previdenciários).
· Vulnerabilidade – representa o quanto há de disponibilidade na
prevenção e controle da doença, propiciando a atuação efetiva dos
serviços de saúde sobre os indivíduos e coletividades.
· Compromissos internacionais – relativos ao cumprimento de metas
continentais ou mundiais, especificadas no Regulamento Sanitário
Internacional (RSI), que visam à adoção de controle, eliminação ou
erradicação de doenças previstas em acordos firmados pelo governo
brasileiro com organismos internacionais.
· Ocorrência de epidemias, surtos e agravos inusitados à saúde – são
situações emergenciais em que se impõe a notificação imediata de todos
os casos suspeitos, devem ser usados mecanismos próprios de notificação
com base na apresentação clínica e epidemiológica do evento.

Os dados e informações que alimentam o Sistema Nacional de Vigilância


Epidemiológica são os seguintes:

Dados demográficos, ambientais e socioeconômicos


· Os dados demográficos permitem quantificar grupos populacionais, como exemplo: número de habitantes, de nascimentos
e de óbitos, situação do domicílio, escolaridade, ocupação, condições de saneamento, fatores climáticos, ecológicos,
habitacionais e culturais.
Dados de morbidade
· São os mais utilizados em vigilância epidemiológica, por permitirem a detecção imediata ou precoce de problemas
sanitários, permitem descrever os agravos, identificar suas causas, tendências e comportamento por meio de diversos
atributos, como: idade; gênero; profissão; entre outros. Podem ser obtidos através do Sinan, do Sistema de Informação
Hospitalar – SIH; Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB; inquéritos; e por levantamentos do Sistema de Vigilância
Epidemiológica
Dados de mortalidade
· São de fundamental importância como indicadores da gravidade do fenômeno vigiado, podem ser advindos de declarações
de óbitos, padronizadas e processadas nacionalmente. O Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) é a principal fonte
desses dados.
Dados de ações de controle de doenças e de serviços de saúde
· Dados como o número de doses de vacinas aplicadas (Programa Nacional de Imunização -PNI), dados de do Programa
Nacional de Controle de Dengue – PNCD, como o percentual de residências visitadas e outros.
Dados de laboratório
· Confirmação diagnóstica obtida pelos laboratórios podem detectar doenças e agravos.

Dados de uso de produtos biológicos, farmacológicos, químicos


· As intoxicações exógena pelo uso de medicamentos, vacinas, soros, agrotóxicos complementam as informações de morbidade.

Investigação Epidemiológica
· Muitas vezes, é necessário recorrer às investigações epidemiológicas para obter dados adicionais. Esses estudos epidemiológicos
podem ser coletados através de: inquérito epidemiológico, levantamento epidemiológico ou investigação epidemiológica.

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Registro de Doenças, CID-10

Imprensa e população
·· Informações vindas da comunidade e da imprensa devem ser levados em consideração pelos profissionais de saúde, pois,
podem ser o primeiro alerta de uma epidemia.
Sistemas sentinelas
·· Para intervir em determinados problemas de saúde utiliza-se muitas vezes, sistemas sentinelas de informações, que são
capazes de monitorar indicadores-chave na população que sirvam de alerta precoce para o sistema de vigilância. Como por
exemplo, o monitoramento de grupos-alvos, através de exames periódicos na prevenção de doenças

Você Sabia? Importante!

Você sabia que é possível acessar um boletim epidemiológico pelo site do portal da
saúde? Confira acessando: https://goo.gl/EtXYXp

Aspectos Epidemiológicos das


Doenças Transmissíveis
As doenças transmissíveis apesar de se encontrarem em declínio ainda são
consideradas um problema de saúde pública e estão diretamente relacionadas com
as taxas de morbidade.

Nota-se que muitas das doenças transmissíveis foram erradicadas, como a


varíola e a poliomielite, outras estão em acentuado declínio na busca pela sua
erradicação, como o sarampo, os tétanos neonatais. Porém outras dessas doenças
ainda são presentes em grande frequência e demandam criação de estratégias para
sua interrupção.

Segundo o Plano Nacional de Saúde 2016- 2019 as doenças transmissíveis em


destaque são:

Doença
Sífilis Tétano Tétano Rubéola
Tuberculose Hanseníase Aids meningo-
Congênita acidental neonatal congênita
cócica
2004
1990 2005 incidência
incidência de incidência de inferior
2001 2001 2001 2001
51,7 casos 1,48 casos a 2 casos
579 casos 39 casos 108 casos 4164 casos
por 100.000 por 10.000 Estabilização por 1.000
habitantes habitantes de 20,5 nascidos
casos para vivos
cada 100 mil 2013
2013 2014 habitantes. incidência
incidência de incidência de
de 4,7 casos 2013 2013 2013 2013
35,4 casos 1,27 casos
por 1.000 280 casos 3 casos 3 casos 2109 casos
por 100 mil por 10.000
nascidos
habitantes habitantes
vivos

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Um fato que merece destaque é que as sociedades modernas assistem a
emergência de novas doenças transmissíveis e a reemergência de agravos que
pareciam controlados. Sendo assim, é necessário que haja uma detecção o mais
precoce possível para prevenir a propagação da doença para a população.

Alguns exemplos também citados no Plano Nacional de Saúde 2016- 2019 são:
· 2014 – elaboração de um documento em preparação a uma possível
entrada de Chikungunya no Brasil.
· 2015 – foi declarado Emergência em Saúde Pública Nacional e foi
instalado o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública
devido a identificação de diversas ocorrências de microcefalias no Brasil.
Em dezembro de 2015 foi divulgado o “Plano Nacional de Enfrentamento
ao Aedes e suas Consequências”, organizado em três eixos: “Mobilização
e Combate ao mosquito”, “Cuidado” e “Desenvolvimento Tecnológico,
Educação e Pesquisa”.
· A influenza teve um expressivo nível de vacinação em 2014. Foram
administradas 35,6 milhões de doses da vacina contra influenza. De 2012
a 2014 foram distribuídos 3,49 milhões de tratamentos para a doença.

Doenças Transmissíveis de
Notificação Compulsória
COMPULSÓRIA

Comunicar uma ocorrência de Todo o cidadão tem o dever de


determinada doença à comunicar a ocorrência ou a
autoridade de saúde suspeita de alguma doença que
competente. esteja na lista.

NOTIFICAÇÃO

Importante! Importante!

É importante saber que: todo cidadão deve notificar até mesmo a suspeita, não é
necessário à certeza do agravo ou da doença, quem se responsabilizará em confirmar
a veracidade é a Vigilância Epidemiológica. Além disso, a notificação é sigilosa, o que
tranquiliza o cidadão a dar informações.

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UNIDADE Vigilância Epidemiológica, Notificação Compulsória,
Registro de Doenças, CID-10

De acordo com o capítulo II, artigo 3O da Portaria No- 204, de 17 de Fevereiro


de 2016, que define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças,
agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em
todo o território nacional:
·· A notificação compulsória é obrigatória para os médicos, outros
profissionais de saúde ou responsáveis pelos serviços públicos e privados
de saúde, que prestam assistência ao paciente, em conformidade com o
art. 8º da Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975.
·· A notificação compulsória será realizada diante da suspeita ou confirmação
de doença ou agravo.
·· A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de
notificação compulsória à autoridade de saúde competente também será
realizada pelos responsáveis por estabelecimentos públicos ou privados
educacionais, de cuidado coletivo, além de serviços de hemoterapia,
unidades laboratoriais e instituições de pesquisa.
·· A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de
notificação compulsória pode ser realizada à autoridade de saúde por
qualquer cidadão que deles tenha conhecimento.
·· A notificação compulsória imediata deve ser realizada pelo profissional
de saúde ou responsável pelo serviço assistencial que prestar o primeiro
atendimento ao paciente, em até 24 (vinte e quatro) horas desse
atendimento, pelo meio mais rápido disponível.
·· A autoridade de saúde que receber a notificação compulsória imediata
deverá informá-la, em até 24 (vinte e quatro) horas desse recebimento, às
demais esferas de gestão do SUS, o conhecimento de qualquer uma das
doenças ou agravos constantes na lista.
·· A notificação compulsória semanal (em até 7 dias) será feita à Secretaria
de Saúde do Município do local de atendimento do paciente com suspeita
ou confirmação de doença ou agravo de notificação compulsória.
·· No Distrito Federal, a notificação será feita à Secretaria de Saúde do
Distrito Federal.
·· A notificação compulsória, independente da forma como realizada,
também será registrada em sistema de informação em saúde e seguirá o
fluxo de compartilhamento entre as esferas de gestão do SUS estabelecido
pela SVS/MS.

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Notificação compulsória negativa (NCS) é uma comunicação semanal rea-
lizada pelo responsável pelo estabelecimento em saúde, informando que na se-
mana epidemiológica não foi identificada nenhuma doença ou agravo passível
de notificação

Será que no Brasil todas as enfermidades passíveis de notificação são realmente notificadas?
Explor

Ou, há tanto uma falta de conhecimento dos profissionais de saúde sobre essas doenças de
notificação compulsória, como também um descrédito do sistema de saúde?

Acesse a Portaria No- 204, De 17 De Fevereiro De 2016, que define a Lista Nacional de
Explor

Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de


saúde públicos e privados em todo o território nacional: https://goo.gl/JG3Av9
E fique de olho no site do governo, pois a portaria das doenças de notificação pode ser
atualizada ou pode ser emitida uma nova.

Aspectos Epidemiológicos das Doenças e


Agravos não Transmissíveis (DANT)
Nos dias de hoje as doenças e agravos não transmissíveis são considerados
notáveis problemas de saúde pública, em contraste à diminuição das doenças
infecciosas e parasitária o quadro de mortes por doenças crônicas degenerativas
é preocupante e deve ser incorporado às atividades da Vigilância Epidemiológica.

Alguns fatores que podem ter favorecido o aumento dos agravos não transmis-
síveis são:
· Aumento na expectativa de vida, favorecendo doenças crônicas degenerati-
vas como as cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias.
· Aumento de pessoas com sobrepeso e obesidade.
· Aumento da violência, acidentes e envenenamentos.

Alguns programas específicos são utilizados na tentativa de minimizar os


fatores de risco associados às doenças crônicas degenerativas, como: Programa de
Controle do Tabagismo, Programa de Controle do Câncer e seus Fatores de Risco
e o Programa de Avaliação e Vigilância do Câncer.

Essa tabela abaixo, publicada no Plano Nacional de Saúde 2016- 2019, elenca
algumas das doenças e agravos não transmissíveis:

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Registro de Doenças, CID-10

Taxas padronizadas de mortalidade prematura (30 a 70 anos) por DCNT (doenças do aparelho circulatório, câncer,
diabetes e doenças respiratórias crônicas), corrigida por causa mal definida e sub-registro (x 100 mil habitantes)
e variação percentual. Brasil, 2000 e 2013.

Grupos de DCNT Total Variação


2000 2013 %
4 DCNT 499,86 359,46 -28,0
Doenças Cardiovasculares 265,03 170,07 -35,8
Neoplasias 147,95 131,9 -10,8
Doenças Respiratórias
46,24 26,68 -42,3
Crônicas
Diabetes Melitus 40,64 30,75 -24,3
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)

Programa Nacional de Imunizações


Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi instituído em 1973, após o êxito
obtido pela campanha de erradicação da varíola, anteriormente a essa data as
ações de imunizações eram descontínuas e de reduzida área de cobertura. Em
1975 esse PNI foi institucionalizado e passou a coordenar as imunizações do país,
que é considerado um dos melhores programas de saúde do mundo, além de ter a
universalidade garantida pelo SUS.

Sua função é de distribuir vacinas e aprimorar os processos de controle de


qualidade e produção de vacinas pelos laboratórios públicos nacionais. A Portaria
nº 1602, de 17 de julho de 2006, instituiu em todo o território nacional os
calendários de vacinação da criança, do adolescente, do adulto e do idoso.

Algumas das doenças como Difteria, Coqueluche e Tétano acidental, Hepatite B,


Meningites, Febre Amarela, formas graves da Tuberculose, Rubéola e Caxumba, a
manutenção da erradicação da Poliomielite e a tentativa de erradicar o sarampo e o
tétano neonatal são englobadas pela PNI.
Explor

É possível visualizar o calendário de vacinação atualizado no site: https://goo.gl/KuKC5F

O Ministério da Saúde disponibiliza aos usuários de smartphones e tablets um apli-


cativo gratuito chamado: VACINA EM DIA, que é capaz de gerenciar cadernetas de vaci-
Explor

nação cadastradas pelo usuário, além de abrigar informações completas sobre as vacinas
disponibilizadas pelo SUS e uma função com lembretes sobre as campanhas sazonais
de vacinação.

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Registros da Vigilância Epidemiológica
Os principais sistemas de registros ou sistemas de informação da Vigilância
epidemiológica estão representados no diagrama abaixo:

SI-PNI - Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações

PNI/API/EDI
Imunizações

SINAN
Estatística
Vital
Doenças
Transmissíveis SININTOX
e Agravos de
Notificação

Intoxicações SIM/ SINASC

SI-PNI - Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações


Formado por um conjunto de sistemas dentre eles: Avaliação do Programa
de Imunizações – API, Estoque e Distribuição de Imunobiológicos – EDI, Eventos
Adversos Pós-vacinação – EAPV.
Explor

http://pni.datasus.gov.br/

SINAN
Sistemas de informação de agravos de notificação que são alimentados,
principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos
que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória (PORTARIA
Nº 204, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2016), mas os estados e municípios podem
incluir outros problemas de saúde importantes em sua região. Sua utilização efetiva
permite a realização do diagnóstico dinâmico da ocorrência de um evento na
população, podendo fornecer subsídios para explicações causais dos agravos de
notificação compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais as pessoas estão
sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da realidade epidemiológica de
determinada área geográfica.
Explor

http://portalsinan.saude.gov.br/

SININTOX
O Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) tem como
principal atribuição coordenar a coleta,  a compilação,  a análise e a divulgação
dos casos de intoxicação e envenenamento notificados no país. Os resultados do
trabalho são divulgados anualmente.

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UNIDADE Vigilância Epidemiológica, Notificação Compulsória,
Registro de Doenças, CID-10

Explor
http://sinitox.icict.fiocruz.br/

SIM/ SINASC
O Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) e de Nascidos Vivos (SINASC)
é um sistema informatizado de coleta, processamento  e consolidação de dados
quantitativos e qualitativos, referentes aos óbitos e nascimentos  informados em
todo território nacional.
Explor

http://sim.saude.gov.br/default.asp e http://sinasc.saude.gov.br/default.asp

CID- 10 – Classificação Estatística


Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados com a Saúde
A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde
(também conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID 10) é
publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa padronizar a codificação
de doenças e outros problemas relacionados à saúde. A CID 10 é a décima revisão
da Classificação Internacional de doenças, que se iniciou em 1893 e fornece
códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais,
sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas
para ferimentos ou doenças. As afecções são agrupadas de forma a torná-las mais
adequada aos objetivos de estudos epidemiológicos gerais e para a avaliação de
assistência à saúde.

Apresenta-se em três volumes, porém o de maior interesse para a utilização dos códigos
Explor

é o volume 1, que está disponível eletronicamente, no site: https://goo.gl/Nk88c8 onde


deverá ser escolhido o formato mais adequado para o equipamento utilizado antes de fazer
o download.

Você Sabia? Importante!

Você sabia que não há nenhuma obrigatoriedade para colocar o CID nos atestados
médicos a não ser em condições: de justa causa, exercício de dever legal ou solicitação
do próprio paciente ou de seu representante legal. A resolução 1.819/2007 do
Conselho Federal de Medicina veda a colocação do CID em atestados em certas situações,
especialmente quando a doença puder vir a ser alvo de qualquer espécie de preconceito.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Reportagem: Conheça o trabalho do Centro de Vigilância em Saúde, que em 2016 completa 10 anos
https://youtu.be/HpthwEQfJ50
Vídeo: Conceitos e Ferramentas da Epidemiologia - Sistema de Informações em Saúde (SIS)
https://youtu.be/nACSaI4fEK4

Leitura
Mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis no Brasil e suas regiões, 2000 a 2011
https://goo.gl/D3a1YC
Guia de Vigilância em saúde, atualizado em 2016
https://goo.gl/kgNCqQ
Guia de Vigilância Epidemiológica, atualizado em 2012
https://goo.gl/R20Osv
Reportagem:Vigilância epidemiológica: a perspectiva de quem é responsável
https://goo.gl/gnQ3WE

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