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ANTIPARASITÁRIOS

Helmintos

Nematelmintos:

– Ascaris lumbricoides (ascaridíse) - é o helminto mais prevalente no mundo e o de maior


letalidade no Brasil, devido às suas complicações graves. no intestino o quadro é assintomático, ou há
sintomas inespecíficos. Quando ocorre infestação média, ou maciça (mais de 100 vermes) as
manifestações são perigosas: ação espoliadora, obstrução instestinal, migração do verme para o
apêndice, pâncreas, fígado ou vias aéreas.
– Ancilostoma duodenale ou Necator americanus (ancilostomíase) – se fixam no duodeno e
jejuno, suga o sangue da mucosa. A infecção pode se assintomática ou ocorrer dermatite larvária (N.
Americanus) anorexia, fraqueza, cefaleia, palpitações, sopro cardíaco, hipoproteinemia e edema por
enteropatia perdedora de proteínas (A. duodenale).

– Strongyloides stercoralis (estrongiloidíase) - Causa doença grave em indivíduos


imunossuprimidos. pode ser assintomática, oligossintomática ou com formas graves.

– Enterobius vermiculares (enterobíase ou oxiuríse) - pode provocar inflamação superficial na


mucosa colônica. Mas o sintoma predominante é o intenso prurido anal.

– Trichuris trichiura (trichiuríase ou tricocefalíase) - o verme adulto introduz a extremidade


anterior na mucosa intestinal para se fixar. Diariamente muda de lugar e assim provoca erosões e
ulcerações múltiplas. Cada verme ingere até 0,005ml de sangue por dia.

Platelmintos:

– Taenia saginata e Taenia solium (teníase) - muitas vezes assintomática. O grande problema
da T. solium é quando o homem se torna o hospedeiro intermediário. Isto ocorre pela ingestão dos
ovos do meio externo ou pela autoinfestação, na qual as proglotes refluem ao estômago e liberam os
ovos e estes liberam o embrião, ocorrendo então a migração por via circulatória até os tecidos. Assim
é gerada a neurocisticercose e suas complicações.

– Hymenolepis nana (himenolepíase) - conhecida como “tênia anã”, parasita habitual do


homem e sem hospedeiro intermediário. geralmente a himenolepíase é assintomática. No entanto,em
crianças que sofrem grande contaminação e que são desnutridas ou imunodeficientes, a
autoinfestação se acelera e assim se dá a hiperinfestação. No local infectado ocorre processo
inflamatório na mucosa e podem surgir sintomas gerais, associados a cólicas abdominais e diarreia
crônica.

– Diphylobothrium latum (difilobotríase) - tênia do peixe”. É o maior parasita intestinal humano


e pode chegar a 10 metros de comprimento. O hábito de ingerir peixe defumado ou cru (sushi, sashimi,
ceviche) favorece a transmissão.

As helmintíases transmitidas pelo solo (HTS) são causadas por um grupo de parasitas intestinais compreendendo
Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Necator americanus e Ancylostoma duodenale, transmitidos por contaminação
fecal do solo. As infecções por HTS são mais prevalentes nas áreas tropicais e subtropicais, diretamente ligadas à falta
de saneamento e baixas condições socioeconômicas, vinculadas à pobreza.

No Brasil há uma tendência para o declínio na prevalência de HTS. A partir de 2016, saiu da situação endêmica de
HTS, não necessitando mais de administração em massa de medicações anti-helmínticas. Atualmente, nosso país se
encontra em vigilância para garantir que os níveis de infecção permaneçam abaixo dos limiares de eliminação
comunitária.

A OMS não recomenda o rastreamento individual, já que o custo deste é de quatro a dez vezes maior do que o
tratamento em si. Recomenda que haja tratamento comunitário empírico anual somente em áreas onde a prevalência
de HTS esteja entre 20% e 50% da população, e tratamento duas vezes por ano em áreas com mais de 50%. Nesses
casos, os medicamentos recomendados são albendazol (400 mg – dose única) e mebendazol (500 mg – dose única) -
são eficazes, baratos e fáceis de administrar.

Os fármacos anti-helmínticos podem ser amplamente classificados nas seguintes categorias:


1) Ligantes de beta-tubulina (benzimidazólicos):

Mebendazol

Albendazol

Tiabendazol (uso tópico – Larva migrans cutânea)

Ao se ligarem seletivamente à beta-tubulina dos nematoides, inibem a formação dos microtúbulos, causando a ruptura
do citoesqueleto, bem como má captação intestinal de glicose, e determina então inanição do verme.

2) Agente espástico paralisante:

Praziquantel (Fonte: Bula Farmanguinhos)

Praziquantel é a primeira escolha no tratamento da esquistossomose causada por todas as espécies de Schistosoma
(Platelminto – trematoda). Estudos apontam resultados positivos no uso de praziquantel em combinação com
albendazol no tratamento da cisticercose, após ressecção cirúrgica. Nas infecções intestinais por tênia, o praziquantel
é eficaz em dose única. Tratamento de longa duração (15–20 mg/kg três vezes ao dia, durante 15 dias) mostra-se
eficaz na neurocisticercose.

O praziquantel desregula os mecanismos que controlam o fluxo de cátions das membranas celulares dos vermes,
inibindo as enzimas que mantêm os gradientes de íons inorgânicos. Estimula a entrada de sódio e inibe a de potássio,
ocasionando despolarização nas células do parasita. Parece ativar, de maneira direta ou indireta, a contração cálcio-
dependente da musculatura do parasita; há rápido aumento da passagem de cálcio para o interior do parasita, com
elevação do tônus muscular. Além, disso, o praziquantel perturba o metabolismo glicídico dos vermes, ocasionando
redução na captação de glicose e liberação aumentada de lactato.

3) Nitrotiazol benzamida

Nitazoxanida

É um novo composto de com atividade no tratamento de várias infecções intestinais por protozoários e helmintos. No
Brasil, está aprovada em bula pela ANVISA para crianças maiores de 12 meses de idade.

Inibe a enzima piruvato ferredoxina oxidoredutase (PFOR) - indispensável à vida do parasita.

4) Ivermectina

A ivermectina imobiliza os parasitos expostos induzindo paralisia tônica da musculatura. Induz paralisia por ativação
de uma família de canais de Cl– ativados por ligandos, principalmente os canais de Cl– controlados por glutamato,
que estão presentes apenas nos invertebrados, causando hiperpolarização em consequência do aumento da
concentração intracelular do cloreto, levando à paralisia do parasito.

5) Medicamentos com registro cancelado no Brasil:

Niclosamida

Palmoato de pirantel

Levamisol

Piperazina – agente indutor de paralisia flácida, agonista de GABA


Fonte:

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