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Disciplina de Parasitologia

Professora: Daniella Barreto Santana


Monitoria: Joyce Azevedo e Letícia Menezes

Doença de Chagas
A doença de Chagas, também conhecida como Tripanossomíase Americana é uma doença
infecciosa causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, um parasito encontrado nas fezes do
vetor/hospedeiro intermediário, o triatomíneo chamado barbeiro.

Morfologia
amastigota: encontrado em macrófagos e nos tecidos do hospedeiro vertebrado;
epimastigota: encontrado no intestino do vetor;
tripomastigota: forma infectante, encontrado no sangue do hospedeiro vertebrado, e na urina e
fezes do vetor;
esferomastigota: forma semelhante a um “C”, encontrado no intestino do vetor.

Ciclo biológico

Formas de transmissão
Vetorial: pela picada do barbeiro / Oral: alimentos contaminados com triatomíneos ou seus dejetos
/ Transplacentária: ninhos de amastigotas na placenta que migram para o feto / Transfusão
sanguínea / Doação de órgãos infectados.

Curso clínico
Fase aguda: indivíduo pode estar sintomático ou assintomático. Sinal de Romaña – inchaço de um
dos olhos, o parasito penetra na conjuntiva, edema bipalpebral e unilateral. Chagoma de
Inoculação – parasito penetra na pele, há edema na região da picada.

Fase crônica: maioria se encontra na forma assintomática, também chamada de indeterminada,


com ausência de sintomas de 10-30 anos, ou até o fim da vida. Diagnóstico sorológico positivo, o
eletrocardiograma pode se encontrar normal ou não, há possibilidade de morte súbita. A forma
sintomática pode ser cardíaca: insuficiência cardíaca congestiva, destruição de fibras do SNA,
aneurisma de ponta; digestiva: megacólon e megaesôfago (dificuldade de deglutir alimentos
sólidos); e mista: forma cardíaca + digestiva.

Diagnóstico
Clínico: observação de sinais de porta de entrada, febre, hepatoesplenomegalia, taquicardia;

Parasitológico:

Tratamento
Benzonidazol: pode controlar parcialmente ou totalmente a doença na fase aguda. Em casos
crônicos, apesar da baixa eficácia, ainda é indicado o uso (crianças, pacientes com forma
indeterminada, cardíaca, ou digestiva leves).

Profilaxia
Melhoria de habitações rurais / Uso de inseticidas / Uso de mosquiteiros e telas / Combate ao
barbeiro / Controle de doadores de sangue / Educação em saúde.
Leishmaniose
É uma doença infecciosa transmitida ao homem através dos insetos flebotomíneos, do gênero
Lutzomyia sp. (Continente americano) e Phlebotomus sp. (África, Europa e Ásia) que inoculam
através da picada, o parasito do gênero Leishmania.

Podem ser encontradas nas seguintes formas:


Leishmaniose cutânea: produzem exclusivamente lesões cutâneas, ulcerosas ou não, limitadas;
Leishmaniose cutaneomucosa: aparecimento de lesões ulcerosas destrutivas nas mucosas do
nariz, boca e faringe;
Leishmaniose cutâneo difusa: formas disseminadas cutâneas, não ulceradas;
Leishmaniose visceral ou calazar: parasitos apresentam tropismo pelo sistema fagocitário
mononuclear (SFM) do baço, fígado, medula óssea e tecidos linfoides.

Morfologia
amastigotas: encontrados em macrófagos de hospedeiro vertebrado;
promastigotas: são extracelulares, são encontrados no intestino do hospedeiro invertebrado;
paramastigotas: ficam aderidas pelo flagelo ao trato digestivo do vetor invertebrado.

Ciclo biológico

Transmissão e Sintomas
Leishmaniose tegumentar (LTA): pela picada do flebótomo no momento do repasto no hospedeiro
vertebrado. Leishmania (V.) braziliensis: forma cutânea mais destrutiva, com ampla distribuição
geográfica, tem tendência a metástases, mas sem tendência de invadir as vísceras; Leishmania (V.)
guyanensis: úlcera única tipo “cratera de lua”, com nódulos subcutâneos móveis; Leishmania (L.)
amazonensis: lesões ulcerosas simples e limitadas, são raras no homem.
Leishmaniose cutânea: pode ocorrer hipertrofia e hiperplasia histiocitária, edema e infiltração
celular e até necrose. São restritas a pele, redondas, regulares; podem ser únicas ou múltiplas, com
bordas nítidas, endurecidas e talhadas.

Leishmaniose cutaneomucosa: formação de nódulos com infiltrados histiocitários, raros parasitos


e tendência à ulceração. Com a progressão em extensão e profundidade das úlceras, ocorre a
destruição das cartilagens e dos ossos do nariz ou região palatina, com perfuração do septo ou do
palato, estendo-se até a faringe e laringe.

Leishmaniose cutânea difusa: ocorre um crescimento exagerado da população parasitária, as


lesões não se tornam ulcerativas, e sofrem metástase pela pele. A reação inflamatória local é muito
reduzida ou ausente. Os parasitos de difundem pelo corpo, o que dificulta o tratamento.

Leishmaniose visceral ou calazar: transmitida pelo vetor: a fêmea de Lutzomyia longipalpis, por
transfusão sanguínea, compartilhamento de seringas; transmissão congênita, acidentes de
laboratório.

Diagnóstico
Pesquisa do parasito: LTA – punção do local afetado; Calazar – punção da medula óssea,
linfonodos, baço e fígado. Para LTA e Calazar: Cultura, intradermorreação de Montenegro, RIFI,
ELISA, PCR, Xenodiagnóstico.

Tratamento
Antimoniato de meglumina / Anfotericina B / Pentoxifilina / Limpeza das feridas.

Profilaxia
Uso de inseticidas e dedetização / Construção de casas à uma distância mínima de 500 m da mata;
Utilização de repelentes e mosquiteiros / Tratamento dos doentes / Controle dos animais
reservatórios.
Giardíase
A giardíase é uma infecção no intestino delgado causada pelo protozoário Giardia lamblia.

Morfologia
cisto: forma infectante;

trofozoíto: presente no intestino delgado e fezes diarreicas.

Ciclo biológico
O ciclo é monoxênico (ciclo com apenas um hospedeiro)

Transmissão
Água e alimentos contaminados / Moscas e baratas / Pessoa a pessoa (contato com mãos
contaminadas, aglomeração humana) / Contato com animais domésticos infectados.

Sintomas
Podem ser sintomáticos ou assintomáticos

Sintomáticos: fase aguda – crianças apresentam dor abdominal, irritabilidade, perda de apetite,
esteatorreia, emagrecimento, náuseas, vômitos; fase crônica – má absorção de gordura e de
nutrientes (vitaminas, Fe, lactose).

Pode ocorrer uma inibição física, pelo processo de atapetamento, e/ou química (proteases) da
absorção intestinal de gorduras, que podem levar à Síndrome da diarreia persistente; com o
achatamento e atrofia de vilosidades, mudanças na estrutura da mucosa e lesões nas
microvilosidades das células intestinais.

Diagnóstico
Clínico: adultos – a maioria são assintomáticos; crianças (8 meses – 10/12 anos) – diarreia com
esteatorreia (gordura as fezes), náuseas, vômitos, dor abdominal e perda de peso;

Parasitológico: fezes formadas – cistos (Faust ou MIFC); fezes diarreicas – trofozoítos (Método
direto);

Imunológico: Imunofluorescência direta; ELISA; PCR.

Tratamento
Nitazoxanida / Metronidazol / Tinidazol / Albendazol.

Profilaxia
Saneamento básico / educação em saúde / Higiene (creches, asilos, internatos) / Lavar bem
frutas e verduras / Para o tratamento da água é indicado que seja filtrada ou fervida, pois o
parasito apresenta resistência ao cloro / Tratamento dos portadores (assintomáticos).
Tricomoníase
A tricomoníase, também chamada tricomonose, é uma doença causada porprotozoário que
atinge principalmente as mulheres. O nome científico do agente etiológico causador da
doença é Trichomonas vaginalis.

Ciclo da Tricomoníase

Manifestações Patológicas
Varia de acordo com cada indivíduo, agressividade, sistema imunológico enúmero de parasitos
infectantes.

Sintomas gerais: Coceira, irritação local, dificuldade nas relações sexuais,prurido intenso,
ardor, dor ao urinar poliúria.

Complicações: Vulvovaginite, cervicite, prostatite,cistite

Diagnóstico
Parasitológico: encontro do parasito no corrimento(mulher), secreção prostática, sêmen ou urina
(homem) / ELISA (exame complementar).

Transmissão
A tricomoníase é transmitida por meio do contato sexual desprotegido, ou seja,sem o uso de
preservativos.

Tratamento
Metronidazol (oral ou local / 5 a 10 dias) ou Tinidazol;
- É necessário o tratamento concomitante do parceiro sexual (reinfecção);
- Pode apresentar efeitos colaterais sendo contraindicado durante a gravidez.
Profilaxia
Prevenção individual e coletiva / Prevenção DST (preservativos) / Promover a higiene sanitária e
pessoal / Evitar múltiplos parceiros / Urinar e realizar assepsia genital após a relação sexual /
Visitar ginecologista/urologista.
Toxoplasmose
A Toxoplasmose é uma infecção muito comum, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii,
que é um parasito intracelular obrigatório, e apresenta quadro clínico variado, desde infecção
assintomática a manifestações sistêmicas extremamente graves, geralmente não desencadeia
sintomas em pessoas que não estão com seu sistema imunológico muito comprometido.

A toxoplasmose é uma zoonose e a infecção é muito frequente em várias espécies de animais:


mamíferos (principalmente carneiro, cabra e porco) e aves. O gato e outros felinos são os
hospedeiros definitivos ou completos e o ser humano e os outros animais são os hospedeiros
intermediários ou incompletos.

Transmissão
As principais vias de transmissão são a oral e congênita. A via oral consiste na ingestão de oocistos
na carne contaminada, crua ou mal cozida,que não teve o processamento térmico adequado. A
congênita consiste na transmissão da doença adquirida pela mãe, durante a gestação, ao feto, via
transplacentária.

Morfologia

T. gondii pode ser encontrado em vários tecidos, células (exceto hemácias) e líquidos orgânicos.
Nos felídeos não imunes recém-infectados podem ser encontrados os estágios do ciclo sexuado
nas células do epitélio intestinal, formas evolutivas do ciclo assexuado em outros locais do
hospedeiro, e também formas de resistência no meio exterior junto com as fezes desses animais,
apóscompletar a fase intestinal.

Assim sendo, o parasito apresenta uma morfologia múltipla, dependendo do habitat e do estágio
evolutivo

Oocistos: contêm os esporozoítos e são estágios que se formam no trato intestinal dos felídeos,
sendo, portanto, dependes, obrigatoriamente, do hospedeiro definitivo;

Taquizoítos: são observados na fase aguda da infecção;

Bradizoítos: são observados nos cistos teciduais que se formam na fase crônica da doença.

Ciclo biológico
Os felinos se infectam, geralmente, quando consomem tecido de animais que foram infectados, como
quando comem um roedor que está com cistos com bradizoítos. Eles podem contaminar-se também
por meio de oocistos presentes no ambiente.

Quando se alimentam de tecido de um animal contaminado, os cistos rompem-se no tubo


digestório, liberando os bradizoítos. Estes invadem a mucosa do intestino, diferenciam-se e se
reproduzindo, sendo essa a fase sexuada do ciclo.

Nesse processo são formados os oocistos, os quais são eliminados nas fezes do animal e contaminam
o ambiente. Nesse período o oocisto é considerado imaturo e apenas se torna infectante quando
passa por um processo denominado esporulação.

Os oocistos, bem como tecidos contaminados, podem contaminar o hospedeiro intermediário.


Quando o hospedeiro intermediário o consome, tal forma libera esporozoítos. Já quando o hospedeiro
se alimenta de cistos teciduais, observa-se a liberação dos bradizoítos. Essas formas liberadas invadem
células nucleadas e, no interior das células, transformam-se em taquizoítos.

Os taquizoítos dividem-se várias vezes de maneira assexuada, desencadeando o rompimento da


célula que está sendo parasitada. Ostaquizoítos liberados migram e afetam vários órgãos do indivíduo.
Quando o hospedeiro intermediário começa a desenvolver imunidade, observa-se a transformação
dos taquizoítos em bradizoítos, os quais apresentarão divisão mais lenta e formarão cistos teciduais.

Prevenção
A toxoplasmose pode ser prevenida adotando-se medidas simples. Veja a seguiralgumas dicas
importantes para evitar-se a infecção por Toxoplasma gondii:

Lavar sempre as mãos antes das refeições e após manipular os alimentos;

Cozinhar bem os alimentos;

Evitar o consumo de carne crua ou malpassada;

Congelar a carne, uma vez que o congelamento ajuda a eliminar cistos teciduais;

Beber água tratada ou fervida;

Sempre higienizar frutas, legumes e verduras;

Ter cuidado com os utensílios domésticos, nunca utilizando os mesmos utensílios (facas e tábuas,
por exemplo) da preparação de carnes para a preparação de vegetais;

Ter cuidado ao manusear as fezes dos felinos e trocar a areia da caixinha dos gatos diariamente.
Mulheres grávidas não devem efetuar a limpeza;

Após manipular areia que teve contato com fezes de gato, lavar as mãos;

Utilizar luvas para fazer jardinagem;

Não deixar os gatos domésticos alimentarem-se de carne crua ou malpassada, para que eles não
corram o risco de ser infectados. É importantealimentar esses animais com ração.

Tratamento
A toxoplasmose é uma doença que tende a não apresentar tratamento para pessoas
imunocompetentes (pessoas com sistema imunológico respondendo normalmente). Mulheres
grávidas, no entanto, necessitam de tratamento, o qual é feito geralmente com espiramicina
ou sulfadiazina, pirimetamina e ácido fólico. Atenção especial é também dada a pacientes com
complicações ou com problemas relacionados à imunidade.

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