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Faculdade Pitágoras

Trabalho de Graduação – MEDICINA VETERINÁRIA

Grupo: Ana Cecília, Emilly Costa e Rafael Santos – 6º Período

Leishmaniose Visceral - Prevenção e Controle de Zoonoses

DIVINÓPOLIS

2022
Introdução

A leishmaniose é uma doença muito importante pelo seu impacto na


medicina veterinária e também na saúde humana, sendo uma doença zoonótica.

Se refere às doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania.


Sua forma de transmissão é pela picada da fêmea do mosquito flebótomo
(Lutzomyia longipalpis) ou mosquito palha. De acordo com a região do Brasil ou
do mundo, o animal ou o homem podem atuar como reservatório da doença.

As manifestações clínicas da doença leishmaniose, se diferenciam de


acordo com a patogenicidade do parasita e a resposta imune celular pelo
hospedeiro cão ou humano, podendo ser assintomáticas em cães ou apresentar
comprometimento da pele e mucosas do indivíduo.

Etiologia

O agente etiológico da leishmaniose visceral e cutânea em cães e em


humanos em países do sul da Europa é a Leishmania
infantum (sinónimo Leishmania chagasi). O flebotomíneo vetor da doença
pertence à ordem Diptera, família Psychodidae, subfamília Phlebotominae,
gênero Lutzomyia. Ao picar o cão ou outro reservatório como humano, se infecta
com promastigotas de leishmania, que ao adentrarem na superfície da pele tem
a capacidade de invadir a corrente sanguínea e infectar os macrófagos (células
de defesa do organismo) e se multiplicar dentro deles.

Quando atingem essas células de defesa são fagocitadas pelos


macrófagos, a forma promastigota da leishmania passa para a forma amastigota,
eles por meio da fissão binária, e se multiplicam e ficam na parte posterior,
ocupando uma grande parte do citoplasma e em seguida a membrana do
macrófago que se rompe, causando a lise dessa célula liberando os amastigotas
para corrente sanguínea e tecidos e até mesmo nos monócitos e posteriormente
infectando outros macrófagos.

Quando o mosquito flebótomo realiza o repasse sanguíneo e ingere


sangue de um reservatório infectado, pela Leishmania, as formas amastigotas
são então conduzidas para a região anterior do trato digestório, se unindo e
ficando na região peritrófica, nesse local começa o surgimento de transformação
de amastigotas para promastigotas procíclicos. Os parasitos e o sangue
ingeridos ficam retidos no interior da matriz peritrófica, e começa a se romper na
região anterior, e as formas promastigotas migram para o epitélio do trato
digestório, eles danificam a válvula e migram para probóscide e são regurgitadas
sendo transmitidas a um novo hospedeiro vertebrado através da picada,
recomeçando o ciclo novamente.

Epidemiologia

A Leishmaniose Visceral é endêmica em 76 países e, no continente


americano, está descrita em pelo menos 12. Dos casos registrados na América
Latina, 90% ocorrem no Brasil, o maior número de casos registrados foi em
Minas Gerais (750 casos no ano de 2017). Em média, cerca de 3.500 casos são
registrados anualmente e o coeficiente de incidência é de 2,0 casos/100.000
habitantes. Nos últimos anos, a letalidade vem aumentando gradativamente,
passando de 3,1% em 2000 para 7,1% em 2012.

Em tempos de calor e muita chuva em regiões, os riscos de surtos de


leishmaniose aumentam. O principal transmissor do protozoário o mosquito-
palha é mais suscetível a se multiplicar em climas com temperaturas mais altas
e ambientes úmidos.

1. Leishmaniose Visceral

Leishmaniose Visceral é endêmica em 88 países, sendo eles a Europa,


Ásia, países da África e América Latina.

No Brasil, animais selvagens do meio rural eram mais acometidos, porém


na parte urbana os animais domésticos de pequeno porte, os estados com
maiores prevalências de Leishmaniose Visceral são Minas Gerais, Bahia, Ceará,
Piauí e Maranhão.
2. Leishmaniose Tegumentar

A forma tegumentar é endêmica na América Latina, sendo 90% dos casos


na Bolívia, Peru e Brasil, sendo responsáveis pelo maior número de casos. No
Brasil, a maior incidência é na região Norte e Nordeste.

Patogenia

A patogenia das leishmanioses é fortemente influenciada por fatores


peculiares ao hospedeiro, como suas características genéticas e resposta
imunológica; por fatores inerentes ao parasito, como a virulência da espécie de
Leishmania infectante e por fatores inerentes ao vetor, como sua capacidade
vetorial. Como resultado dessa interação entre as diferentes espécies do
parasito, do vetor e os mecanismos da resposta imunológica do hospedeiro
vertebrado, um espectro de manifestações clínicas, histopatológicas e
imunopatológicas é observado no homem.

Em relação aos elementos celulares que participam da resposta


inflamatória aguda inicial, os leucócitos polimorfonucleares mostram-se
importantes na fagocitose dos parasitos, com o auxílio de imunoglobulinas e do
sistema.

A interação de Leishmania com sua célula hospedeira, o macrófago,


envolve uma interação ligante-receptor entre as moléculas de superfície de
ambos, seguida por uma série de reações bioquímicas que pode levar à ativação
ou à inibição das funções microbicidas da célula hospedeira complemento. Os
agentes da LV são protozoários tripanosomatídeos do gênero Leishmania,
parasita intracelular obrigatório sob forma aflagelada ou amastigota das células
do sistema fagocítico mononuclear. Dentro do tubo digestivo do vetor, as formas
amastigotas se diferenciam em promastigotas.

Ressalta-se que a sobrevida dos parasitos na célula hospedeira depende


da sua capacidade de evasão dos mecanismos de defesa do hospedeiro
vertebrado. Uma das principais defesas do vertebrado à infecção por Leishmania
refere-se aos mecanismos microbicidas do macrófago, cuja principal função é
matar o parasito
Transmissão

A Leishmaniose Visceral é transmitida através da picada de um inseto


chamado flebotomíneo (Lutzomyia longipalpis), popularmente conhecido por
mosquito palha e que pode atingir pessoas e animais, principalmente o cão. O
mosquito se contamina picando um cão infectado e posteriormente uma pessoa.
Não há transmissão direta entre pessoas e pessoas e cães com cães.

Sinais clínicos

Os sinais clínicos podem ou não aparecerem, cães que são


oligossintomáticos vão apresentar alguns sinais clínicos comuns, como
moderada perda de peso, lesões de pele e/ou pelos opacos. Cães sintomáticos
podem ter todos ou alguns sinais mais comuns da doença. Os cães
assintomáticos não apresentarão sinais clínicos referente a doença acometida.

LVC (Leishmaniose Visceral canina):

O quadro clínico da leishmaniose visceral no cão, pode apresentar : Perda


de peso / Caquexia, Onicogrifose , Alterações dermatológicas (alopecia,
descamação), Ulcerações dérmicas , Necrose de pina de orelha, Hiperqueratose
nasal, Linfoadenomegalia, Esplenite/Esplenomegalia, hepatomegalia, Aplasia
de medula, IRA ( Insuficiência renal) nefrite, Oftalmopatias (blefarite, uveíte,
conjuntivite, ceratite), paresia, convulsão, atrofia muscular, linfonodo poplíteo,
pré-escapular e submandibular reagentes, mucosas palidas, epistaxe, vômito,
diarreia, artrose.

LT (Leishmaniose Tegumentar):

Os sintomas da Leishmaniose Tegumentar são lesões na pele e/ou


mucosas. Podem ser únicas, múltiplas, disseminada ou difusa. As lesões
possuem aspecto de úlceras, com bordas elevadas e fundo granuloso, pode ser
indolor o não. As lesões em mucosas mais acometidas são no nariz, boca e
garganta. Podem ocorrer entupimentos; sangramentos; coriza; aparecimento de
crostas; feridas quando as mucosas são atingidas.

Leishmaniose em humanos (calazar):


Lesões de pele em formatos de ulceras (elevação na pele) no nariz e
boca, febre irregular, prolongada; anemia; indisposição; palidez da pele e ou das
mucosas; falta de apetite; perda de peso; inchaço do abdômen devido ao
aumento do fígado e do baço (hepatoesplenomegalia)

Diagnóstico

Existem diversas formas para realizar o diagnóstico da doença, além um


bom exame clínico realizado pelo médico veterinário os exames
complementares como hemograma, bioquímico, ultrassom, raspados de pele,
entre outros, são essenciais para a confirmação da patogenia. Não existe um
único método que seja simples, de baixo custo, que ofereça especificidade e
sensibilidade (100%) para diagnosticar a doença.

Em cães que são assintomáticos, muitos casos nos quais as formas


amastigotas estão presentes, podem ocorrer resultados falso-negativos devido
ao Longo período de incubação do parasita.

Os exames para o diagnóstico da doença são:

O diagnóstico sorológico: baseia- se na detecção de anticorpos anti-


Leishmania circulantes. Os animais doentes desenvolvem resposta imune
humoral e produzem altos títulos de IgG anti-Leishmania. A soroconversão
ocorre aproximadamente três meses após a infecção e os títulos permanecem
elevados por, pelo menos, dois anos. São recomendados pelo Ministério da
Saúde os testes rápidos DDP e ELISA.

Sorológico: Ensaio Imunoenzimático (ELISA); Imunofluorescência Indireta


(RIFI). O ELISA é recomendado para a triagem de cães sorologicamente
negativos e a RIFI para confirmação de cães sororreagente ao teste de ELISA
ou como uma técnica diagnóstica de rotina.

Molecular: PCR que permite identificar e ampliar seletivamente


sequências de DNA do parasito.

Parasitológico: (sempre deve ser o de 1ª escolha), esse exame é o padrão


ouro. Realiza-se a punção com esfregaços de linfonodo, medula óssea,
sanguíneo, baço, biópsia de pele. E é realizado microscopia do esfregaço onde
será possível visualizar formas amastigotas do parasita.

Tratamento

O tratamento é específico para cada tipo de leishmaniose através de


drogas também especificadas.

Até no ano de 2012, o diagnóstico de Leishmaniose era uma das piores


notícias que um tutor poderia receber. Isso porque não havia cura para a
zoonose, a recomendação destinada ao tutor era que todos os pets confirmados
com a doença fossem eutanasiados.

Mesmo havendo remédios para o tratamento na época. No entanto, uma


determinação de 1953 proibia o uso desses medicamentos em cães. A
justificativa era que esses fármacos poderiam tornar o protozoário da Leishmania
mais resistente, dificultando o tratamento em seres humanos.

A partir de 2018, graças a um medicamento de uso exclusivo para pets, a


Leishmaniose deixou de ser uma doença sem tratamento. “Hoje em dia, é
possível tratá-la com um medicamento chamado Milteforan (miltefosina).

Ainda assim, é importante que o pet seja acompanhado de perto por um


veterinário durante toda sua vida, já que o tratamento de Leishmaniose canina
não elimina completamente a doença. No entanto, impede a progressão da
doença e diminui a carga do parasita, fazendo com que o cachorro deixe de ser
um transmissor.

Os aminosidinas, anfotericina B, pentamidinas, azóis (cetoconazol,


miconazol) também são utilizados no tratamento dos sintomas da doença.

ALOPURINOL: Mecanismo de ação consiste na incorporação ao RNA do


parasita, modificando sua síntese proteica, tornando sua multiplicação falha.

MILTEFORAN 30ML – 60ML – 90ML

Descrição: FÓRMULA

Miltefosina 20 mg

Veículoq.s.p 1,00 mL
Posologia:

Após pesar precisamente o animal, administrar por via oral 1 mL de


Milteforan™ para cada 10 kg de peso, o que corresponde à dose de 2 mg/kg de
peso, uma vez ao dia, durante 28 dias consecutivos.

Propriedades:

Após a administração oral, a absorção da droga é completa no trato


gastrintestinal, com biodisponibilidade absoluta de 94% em cães, atingindo a
concentração máxima entre um período de 4 a 48 horas e tem meia-vida de 159
horas para a sua eliminação.

Seus efeitos secundários podem incluir transtornos digestivos como vômito,


diarreia e anorexia em alguns animais, e por isto deve ser administrado durante
a alimentação.

Vantagens:

Administrado por via oral em dose diária única, por 28 dias, o que torna o
tratamento mais fácil de ser realizado pelo proprietário, evitando falhas
terapêuticas.

Possui ação imunomoduladores, estimulando a resposta celular e diminuindo a


carga do parasito.

Biodisponibilidade absoluta de 94% em cães, atingindo a concentração máxima


entre um período de 4 a 48 horas.

Tem ampla distribuição nos tecidos, alcançando os tecidos-alvo.

Meia-vida de eliminação lenta.

Não é prejudicial ao fígado, sofre uma lenta degradação metabólica hepática em


colina, um componente natural.

Não possui excreção renal, sendo seguro para os rins.


Controle e Prevenção

O controle da doença é feito através do combate aos insetos por meio de


inseticidas, vacina em cães e higiene externa. Além disto, deve-se evitar os
locais já sabidamente frequentados pelos flebótomos ao entardecer e ao
diagnosticar os animais domésticos, tratá-los logo que se suspeite dos sintomas
da doença. Deve- se realizar tratamento de animais positivos para leishmaniose
para que ele não seja fonte de reservatório.

Proteção individual:

 Usar de mosquiteiro com malha fina


 Telar de portas e janelas com malha fina
 Usar repelentes
 Não se expor nos horários de atividade do vetor (crepúsculo e noite)

Manejo ambiental para controle do vetor:

 Limpar quintais, terrenos e praças públicas (recolhendo folhas e galhos)


 Eliminar resíduos sólidos orgânicos e dar destino adequado a este lixo
 Evitar sombreamento excessivo do pátio e eliminar fontes de umidade
 Medidas de controle da população canina

Manejo de cães em situação de rua:

 Estímulo da posse responsável de animais domésticos


 Canis telados com malha fina que evite acesso de insetos
 Coleiras impregnadas com deltametrina a 4% (como medida auxiliar de
prevenção da doença nos cães)

Manejo de animais domésticos:

 Leish-Tec é a única vacina do mercado reconhecida pelo ministério da


saúde e o Mapa. Com 96% de proteção individual. Para que o animal seja
vacinado é obrigatório a realização do exame sorológico e que seja
negativo e exame clínico antes da vacinação, certificando que o animal
não apresenta nenhum sintoma clínico da doença. A primeira dose pode
ser ministrada após 4 meses de idade do animal, com 3 doses da vacina
com intervalo de 21 dias entre elas, por via subcutânea, e após a terceira
dose, e depois ser repetida uma dose a cada ano.
 Vectra 3D produto de uso tópico para cães com uma formulação sinérgica
inovadora.
 Coleira Repelente com deltametrina 4%.

REFERENCIAS

file:///D:/Meus%20Documentos/Downloads/AULA9LEISHMANIOSE_201905
07201450%20(1).pdf

http://www.funed.mg.gov.br/leishmaniose-visceral-
canina/#:~:text=O%20quadro%20cl%C3%ADnico%20da%20leishmaniose,
das%20unhas%2C%20dentre%20outros%20sinais.

https://www.crmv-pr.org.br/uploads/publicacao/arquivos/Manual-tecnico-
de-leishmanioses-caninas.pdf

http://www.rbac.org.br/artigos/leishmaniose-tegumentar-americana-perfil-
epidemiologico-diagnostico-e-tratamento/

https://labvet.com.br/laboratorio-veterinario/41/2/19/Leishmaniose-canina-
%E2%80%93-desafios-diagnosticos,-tratamento-e-prevencao

file:///D:/Meus%20Documentos/Downloads/hLiCcdxDWPWIHKK_2013-6-
25-17-18-5.pdf

https://www.ceva.com.br/Produtos/Lista-de-Produtos/LEISH-TEC

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