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Protozoários Teciduais e

Sanguíneos vinculados por


vetores I - Leishmanioses

Prof. Dr. Rafael Santana


- Parasita de insetos
ESPÉCIES DO GÊNERO LEISHMANIA
Mais de 20 espécies patogênicas ao homem

Evolução clonal- spp separadas há 15–50 milhões de anos, 2,5% genes espécie-
específicos

Espécies morfologicamente semelhantes (exceções)

Transmitidos por diferentes espécies de vetores - compatibilidade vetorial

Infectam diferentes hospedeiros vertebrados

Diferem quanto as moléculas de adesão, fatores de virulência e formas clínicas

Identificadas por métodos moleculares


Morfologia do parasita
(formas evolutivas)

Amastigota
(no hospedeiro vertebrado)

• intracelular, arredondada,
cinetoplasto em forma de bastão e
ausência de flagelo livre

• parasitas exclusivos de células do


sistema fagocítico mononuclear
(macrófagos)

•reprodução divisão binária


Morfologia do parasita
(formas evolutivas)

Paramastigotas
(no inseto vetor)
cinetoplasto
• ovais ou arrendodados
núcleo

• pequeno flagelo livre

•Ficam aderidas no trato digestivo


do vetor através dos flagelos.
Mecanismo de Transmissão

➢ No Brasil são conhecidos como:


asa-branca, birigui, mosquito palha,
cangalhinha ……

Ocorre através da inoculação de formas promastigotas metacíclicas


pela fêmea do flebotomíneo durante o hematofagismo.

gêneros Lutzomya – Brasil


Phlebotomus
Ciclo Biológico - Reservatórios

• Reservatório silvestre: roedores, edentados (tatu, tamanduá,


preguiça), marsupiais (gambá), canídeos (lobo e raposa) e
primatas. INFECÇÃO BENIGNA E INAPARENTE

• Reservatório doméstico: cães, equinos

• Hospedeiro acidental: Homem

Reservatório silvestre da LT Reservatório domiciliar da LV


CICLO BIOLÓGICO

Divisão no intestino e LPG


migração
para probóscide gp63
maxadilan
Promastigota

Promastigotas metacíclico
Paramastigotas

Amastigota
Leishmaniose Tegumentar
Formas clínicas

Leishmaniose cutânea

Leishmaniose mucocutânea

Leishmaniose cutânea difusa


Leishmaniose Cutânea - LC
Auto-cura
Lesões primárias
Nódulos (histiocitoma) Úlceras únicas ou
múltiplas
Disseminação hematogênica

Lesões disseminadas - não ulcerativas


Resultado do processo de metástase do parasita
(Leishmaniose Cutânea Difusa - LCD)

Lesões secundárias Comprometimento de mucosas e cartilagens


(Leishmaniose Mucocutânea - LCM)
Leishmaniose Cutânea

Úlceras crostosas com bordas salientes


(alta densidade de parasitas no inicio da
infecção) e formato circular.
Leishmaniose Cutânea Difusa

• Formação de lesões difusas não ulceradas em toda a pele, contendo grande número de
parasitas.
• Começa com uma lesão cutânea que propaga como lesões difusas (40%).
• Intimamente ligada à deficiência imunológica do paciente (resposta celular diminuída).
• Doença de curso crônico e progressivo, não respondendo aos tratamentos
convencionais.

Causada por L. amazonensis


Leishmaniose Mucocutânea

• Processo lento de curso crônico.


• 70% das manifestações surgem dentro dos primeiros 5 anos da lesão primária.
• As regiões afetadas são o nariz, faringe, boca e laringe, sendo de caráter progressivo,
podendo apresentar complicações respiratórias.
• Principal causa da metástase é a ineficácia do esquema de tratamento.
Espécie responsável no Brasil: L. braziliensis
Diagnóstico - LTA
Exame Parasitológico:

1. Exame direto de esfregaço corado:

-Escarificação (bordas de lesões ulceradas ou na superfície de lesões


não ulcerativas)
-Biópsia *É considerado exame direto quando utilizado para
“imprint” em lâminas
2. Exame indireto:

-Histopatológico: utiliza fragmento de pele obtido da biópsia.

-Cultura (identificação da espécie) o material pode ser obtido de fragmentos


do tecido ou de aspirados das bordas.
Cultivo das Leishmania são feito em meios apropriados contendo antibiótico.

✓ Métodos Imunológicos:

1. Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI):

✓ método para detecção de anticorpos.

✓não é espécie-específica :

(reatividade cruzada com outros tripanossomatídeos).


2.Teste de Montenegro (IDRM): avalia a resposta de hipersensibilidade celular
tardia.
Vantagens: boa aplicabilidade clínica e baixo custo.
Técnica de Aplicação: antígeno de formas promastigotas são injetados na
epiderme na face interna do braço.

Leitura de 48 a 72 hs

Interpretação dos resultados:

*Negativo: ausência de qualquer sinal no local de inoculação ou presença de uma


pápula com < de 5 mm de diâmetro.
➢Forma cutânea difusa

*Positivo: pápula ou nódulo > ou = 5 mm de diâmetro.


➢ Pacientes tratados permanecem por longo tempo com o teste positivo.
Leishmaniose Visceral
Leishmaniose Visceral - Calazar

• É uma doença de evolução crônica, grave e de alta letalidade se


não tratada.

• A nível mundial são notificados 500.000 novos casos cada ano, e no


Brasil o Ministério da Saúde relata a ocorrência de 3.100 novos
casos por ano, 54% em crianças menores de 10 anos.
• Co-infecção por HIV, desnutrição, condições imunosupressoras e uso
de drogas injetáveis atuam como fatores de risco.
• No Brasil o principal agente causador é a L. (L.) chagasi sendo o
principal vetor L. longipalpis.
• Visceralização dos amastigotas para órgãos linfóides.
Ciclo Epidemiológico do Calazar

* antropozoonose
SINTOMATOLOGIA

➢ Febre de longa duração, perda de peso, astenia, adinamia,


hepatoesplenomegalia e anemia, dentre outras

➢ Infecção inaparente ou assintomática

➢ Infecção oligossintomática

➢ Infecção sintomática
SINTOMATOLOGIA

Forma aguda: manifestações gerais que fazem confundir com outras doenças
infecciosas, sendo essas: febre alta, palidez de mucosas e
hepatoesplenomegalia discreta. Acompanhado de tosse e diarreia. Altos níveis
de IgG anti- Leishmania.

* Hiperplasia e hipertrofia das células do SMF altamente parasitadas.


* Fibrose de fígado.
SINTOMATOLOGIA
Forma crônica ou Calazar clássico: manifestações mais graves,
emagrecimento progressivo desnutrição caquexia, edema generalizado,
manifestações digestivas, dores musculares, hepatoesplenomegalia associada
a ascite (aumento do abdômen) Podem existir infecções secundárias que
agravam o quadro.

* Extravasamento do plasma sanguíneo para cavidade abdominal


DIAGNÓSTICO - LV

Parasitológico:
1.Análise de material obtido de punção de medula óssea, fígado e baço.
• Pesquisa de formas amastigotas em esfregaços corados.

Punção de medula: técnica simples de pouco risco para o paciente.

Punção esplênica: apresenta alta sensibilidade – risco ao paciente.

Métodos Imunológicos: altos níveis de anticorpos (hipergamaglobulinemia)


ELISA, RIFI
Diagnóstico - LV

Métodos Laboratoriais Complementares:


- Hemograma revelando anemia (alterações de medula óssea)
- Altos dos níveis de bilirrubina, uréia e creatinina - casos
terminais.
- Aumento das globulinas – depleção de linfócitos T e presença
de plasmócitos
- Métodos moleculares (PCR)
Tratamento
Antimoniais pentavalentes - Glucantime®
LV: 20 dias ou máximo de 40 dias.
LC: tratamento por 10 dias consecutivos, com intervalos de mesma duração
seguindo o mesmo protocolo até a cura total da lesão
LMC: outros tipos de cuidados podem ser aplicados para evitar infecções
secundárias
LCD: não responde ao tratamento.

Via de administração: endovenosa ou intramuscular

Efeitos colaterais: arritmias


Atenção: ultrapassar barreira placentária.

Tratamentos alternativos (casos de não melhora ou cura clínica)

Anfotericina B (Ambisome, Amphotec e Abelcet)


Droga de escolha: gestantes
Controle e Profilaxia

Estudos de reservatórios silvestres da região, principalmente em áreas


rurais.

Combate aos flebotomíneos com uso de inseticidas de ação residencial.


Evitar acúmulo de lixo orgânico

Diagnóstico e Tratamento dos doentes.

Eliminação dos cães com sorologia positiva.

Profilaxia de cães
- uso de coleiras ou aplicação de
inseticidas de uso tópico.
- Vacinação de cães sadios (2 vacinas caninas)

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