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Profª Ana Carolina de Almeida Azevedo

Introdução
▪ Zoonose Alto custo de investimentos das
▪ Doença de notificação compulsória indústrias farmacêuticas e a falta de um
mercado potencial e seguro nos países
▪ Doença negligenciada em desenvolvimento.

Carlos Justiniano Ribeiro Chagas


1º caso de Doença de Chagas: Berenice (morreu aos 72
1909 – Doença de Chagas
anos) – Lassance/MG
Trypanosoma cruzi
Há 6 milhões de pessoas infectadas em 21 países da América Latina, de
6 a 7 milhões no mundo e calcula-se que 70 milhões de pessoas estejam
em risco de contrair a doença.

Calcula-se que causa 14.000 mortes por ano na região.

Múmias de mais de 5 mil anos no deserto do Atacama (Chile), com traços do protozoário.

Fonte: DNDi (iniciativa Medicamentos para Doenças Neglicenciadas)


Disponível em: https://www.dndial.org/
O que é a Tripanossomíase?

•O tripanossoma é também um hematoflagelado, e que pode causar dois


tipos de doença: tripanossomíase africana e americana.

•Agente etiológico:
Há 3 espécies de tripanossomas: T. brucei gambiense, T. brucei rhodesiese
(responsáveis pela tripanossomíase africana) e o T. cruzi (responsável pela
tripanossomíase americana ou doença de Chagas).

• Vetores:

- insetos: triatomídeos

Obs.: os triatomídeos são popularmente chamados de barbeiro.


1. Aspectos biológicos do parasito (agente etiológico)

▪ Trypanosoma cruzi (espécie de importância médica)


✓ Precisa de um hospedeiro vertebrado.
✓ Grande variabilidade de hospedeiros vertebrados.
✓ Precisa de um hospedeiro invertebrado. Ex.: triatomíneos.
1. Aspectos biológicos do parasito (morfologia)
Membrana ondulante, flagelo e cinetoplasto)

▪ Epimastigota (cinetoplasto próximo ao núcelo)


▪ Tripomastigota (cinetoplasto na região subterminal)
▪ Amastigota (cinetoplasto próximo ao flagelo)
Cinetoplasto (estrutura composta de DNA mitocondrial/ kDNA)
Trato digestivo anterior e médio
Trato digestivo posterior
1. Aspectos biológicos do parasito (morfologia)
Forma Hospedeiro Multiplicação Localização

Epimastigotas Inseto Divisão binária Trato digestivo Principais células humanas


anterior e médio parasitas:

Tripomastigotas Inseto Não se multiplica Trato digestivo ▪ Células epiteliais


Metacíclicos posterior ▪ Fibras musculares
estriadas cardíacas
Amastigotas Mamífero Divisão binária Interior de ▪ Fibras musculares
estriadas
células nucleadas
esqueléticas
▪ Células nervosas
Tripomastigotas Mamífero Não se multiplica Sangue
Sanguíneos

Tripomastigota Amastigota Epimastigota


1. Aspectos biológicos do parasito (transmissão)

▪ Vetorial: picada do barbeiro e contaminação do ferimento


com fezes, contendo a forma tripomastigota metacíclica

▪ Via oral (triatomíneos infectados macerados junto com


alimentos, como caldo de cana e açaí)
PRINCIPAL CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO ATUAL

▪ Transfusão sanguínea (importante em área não endêmica)

▪ Acidentes laboratoriais

▪ Transmissão congênita

▪ Transplante
1. Aspectos biológicos do parasito (transmissão)

▪ Se a pessoa coça o local, colocando as fezes em contato com a


abertura na pele, ou as fezes são colocadas perto o suficiente de
uma mucosa ex. a do olho, os parasitas penetram através dela,
ocorrendo um sinal agudo neste local, um inchaço denominado
sinal de Romaña.
1. Aspectos biológicos do parasito (transmissão vetorial)
▪ Vetor biológico: insetos
hemípteros hematófagos
▪ Família dos triatomíneos
▪ Espécie importante: Triatoma
infestans
▪ Nomes populares: barbeiro,
chupança etc.
▪ Hábito noturno
▪ Encontrados em fendas de
parede não rebocadas, telhados
de palha, casas de pau à pique
▪ Vivem em região domiciliar e
peridomiciliar
▪ Tempo de vida: 9 a 20 meses
1. Aspectos biológicos do parasito (ciclo biológico)
Classificação do parasito
Classificação dos hospedeiros
▪ XXXXXXXX Forma ativa
Forma infectante p/ homem
Forma de resistência

metacíclicas

Tripomastigotas
sanguíneas
1. Aspectos biológicos do parasito (ciclo biológico)
▪ Após ou durante o repasto sanguíneo, o barbeiro contaminado defeca na pele ou
mucosa do ser humano (forma tripomastigota metacíclica presente nas fezes);
▪ O ser humano, ao coçar, permite a penetração do tripomastigota metacíclica no
local da picada, que interage com células do Sistema Fagocitário Mononuclear
(exemplo: macrófagos);
▪ No interior das células, os tripomastigotas se diferenciam em amastigotas, que se
reproduzem. Após sucessivas fissões binárias, diferenciam-se em tripomatigotas
novamente;
▪ Após o rompimento celular (devido à grande quantidade parasitária), os
tripomastigotas são liberados na corrente sanguínea e invadem células de
qualquer tecido ou órgãos;
▪ O barbeiro, após repasto sanguíneo, ingere a formas tripomastigotas sanguíneas;
▪ No intestino médio do barbeiro, os tripomastigotas se diferenciam em
epimastigotas;
▪ Ainda no intestino médio do barbeiro, os epimastigotas se reproduzem;
▪ No reto (porção final do tubo digestório) do barbeiro, os epimastigotas se
diferenciam em tripomastigotas metacíclicas, que são eliminadas nas fezes.
1. Aspectos biológicos do parasito (ciclo biológico)

Ciclo biológico do Trypanosoma cruzi no homen


https://www.youtube.com/watch?v=0N4eB1c2xI0

Ciclo biológico do Trypanosoma cruzi no barbeiro


https://www.youtube.com/watch?v=4gzjFbvCahY&t=5s

Ciclo biológico do Trypanosoma cruzi no barbeiro


https://sbpz.org.br/imagens/multimidia/
2. Aspectos clínicos (fase aguda)
Fase aguda
Assintomática (maioria) ou sintomática
Parasitemia
▪ Sinal de romaňa (edema na conjuntiva) ou
chagoma de inoculação (edema na pele)
▪ Febre
▪ Mal estar
Sinal de Romaňa
▪ Cefaleia
▪ Inflamação gânglios linfáticos
▪ Hepatoesplenomegalia sutil
▪ Miocardite aguda (menos comum). Coração
flácido, congesto e moderadamente aumentado
de volume
▪ Meningoencefalite (raro)
▪ Pode levar a óbito
Chagoma de inoculação
2. Aspectos clínicos (fase crônica)
Parasitemia
▪ Duração: meses ou muitos anos (em média 30 anos)
▪ 40% de indivíduos da fase aguda evoluem para fase crônica
▪ Forma indeterminada, cardíaca, digestiva ou mista (cardíaca e digestiva)

Infecção T. cruzi

Fase aguda

Assintomática Sintomática

Fase crônica

Forma indeterminada Forma clínica


(50 – 70 % dos casos) evolução (30 – 50 % dos casos)

cardíaca Digestiva
Positividade exames Mista 2-3%
80-90% 5-10%
sorológico/parasitológico
Ausência de outros sinais /sintomas
2. Aspectos clínicos
Fase crônica sintomática – forma cardíaca
▪ Insuficiência Cardíaca Congestiva – ICC (cardiomegalia discreta)
▪ Arritmias complexas (cardiomegalia significativa, coração dilatado e com
intensa hipertrofia)
2. Aspectos clínicos
Fase crônica sintomática
forma digestiva
▪ Destruição de células musculares

▪ Megaesôfago (regurgitação e dor


epigástrica)

Fase crônica sintomática – forma


digestiva
▪ Destruição de células musculares

▪ Megacólon (constipação intestinal


crônica e distenção abdominal)
3. Diagnóstico
▪ Exame sorológico (pesquisa indireta do parasito) – detecção de anticorpos
▪ Exame parasitológico (pesquisa direta do parasito) – detecção do patógeno
▪ Exame molecular (pesquisa direta do parasito) – detecção de antigeno

Fase aguda
▪ Sangue com tripomastigota em formato de “C”
▪ Hemocultura (demora)
▪ DNA do parasito (PCR)

Fase crônica
▪ Sorológico: pesquisa IgG

▪ Hemocultura
▪ DNA do parasito (PCR
5. Tratamento Acesse: http://chagas.fiocruz.br/tratamento/

Fase aguda
▪ Brasil: Benznidazol (60 dias) – 90% cura. Parece inibir a síntese
de RNA a proteínas.
▪ Nifurtimox
▪ Problemática: fase aguda na maioria das vezes é assintomática.
Fase crônica
▪ Assunto controverso (medicamento pouco eficiente em
estágios intracelulares do parasito)
▪ Controle de complicações cardíacas, digestivas ou cerebrais

Problemática do medicamento
▪ Sérios efeitos colaterais
▪ Tratamento demorado sob supervisão médica
▪ Alto custo
6. Profilaxia

▪ Combate ao vetor
▪ Melhoria das habitações
▪ Uso de mosquiteiros em habitações
▪ Triagem sanguínea
▪ Denúncia de focos de vetores, feita pela
população
▪ Inseticidas de uso residual nas paredes de
casas, depósitos, galinheiros, currais,
estábulos etc.
▪ Saneamento ambiental
▪ Cuidado com o consumo de alimentos de
risco, como açaí e caldo de cana.

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