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DOENÇA DE CHAGAS

Prof.ª Pricila Cordeiro Alves


Fisioterapeuta - CREFITO 96898 1
Pós-graduação em Fisioterapia Pneumofuncional e Cardiovascular - UNL
Didática do Ensino Superior -UNL
Educação em Saúde para preceptores SUS - Sírio Libanês
Manaus - 2022
História

• A história da doença de Chagas se inicia com uma tripla descoberta, no interior de


Minas Gerais;

• Em abril de 1909, Carlos Chagas (1878-1934), pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz
(IOC), comunicou ao mundo científico a descoberta de uma nova doença humana.
Seu agente causal (o protozoário que denominou de Trypanosoma cruzi, em
homenagem ao mestre Oswaldo Cruz) e o inseto que o transmitia (triatomíneo
conhecido como “barbeiro”) também haviam sido por ele identificados, ao final de
1908;

• O “feito” de Chagas, considerado único na história da medicina, constitui um marco
decisivo na história da ciência e da saúde brasileira.
Carlos Ribeiro Justiniano Chagas

Nasceu no dia 9 de julho de 1878;

No dia 14 de abril de 1909, o cientista Carlos


Chagas encontrou o protozoário
Trypanossoma cruzi no sangue de uma
menina febril de 2 anos de idade, chamada
Berenice, moradora da cidade de Lassance
(MG);

Carlos Chagas faleceu em 8 de novembro de


1934, vítima de morte súbita.
• A doença de Chagas (DC) é uma das consequências da infecção humana
produzida pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi;

• Duas fases clínicas: uma AGUDA, que pode ou não ser identificada, podendo
evoluir para uma fase CRÔNICA;

• No Brasil, atualmente predominam os casos crônicos decorrentes de infecção
por via vetorial, com aproximadamente três milhões de indivíduos infectados;

• A ocorrência de doença de Chagas aguda (DCA) tem sido observada em


diferentes estados, em especial na região da Amazônia.
Etiologia

• A doença é causada pelo protozoárioT. cruzi, caracterizado pela presença de


um flagelo;

• No sangue dos vertebrados, o T. cruzi se apresenta sob a forma de
tripomastigota, que é extremamente móvel, e, nos tecidos, como amastigotas;

• No tubo digestivo dos insetos vetores, ocorre um ciclo com a transformação
do parasito, dando origem as formas infectantes presentes nas fezes do inseto.
Epidemiologia

● 16-18 milhões pessoas cronicamente infectadas;

● 100 milhões de pessoas residem nas áreas de risco (25% da população da América
Latina);

● 100-200 mil novos casos por ano;

● No Brasil, existem cerca de 5 milhões de pessoas infectadas;

● Risco de transmissão em áreas não endêmicas.


Epidemiologia Brasil

Fonte: SVS/MS *Até 02/10/2010 - Dados preliminares sujeito a revisão


Morfologia T. cruzi

Amastigota – fase
intracelular, sem organelas de
locomoção, com pouco
citoplasma e núcleo grande.
O cinetoplasto fica ao lado do
núcleo e é um pouco menor
que ele. Está presente na fase
crônica da doença.

Figura : formas amastigotas intracelulares


do Trypanosoma cruzi
Epimastigota – é a forma
encontrada no tubo digestivo do
vetor, não é infectante para os
vertebrados. Tem forma fusiforme
e apresenta o cinetoplasto junto
ao núcleo. Possui flagelo e
membrana ondulante.

Figura : formas epimastigotas do


Trypanosoma cruzi
Tripomastigota – fase
extracelular, que circula no
sangue. Apresenta flagelo e
membrana ondulante em toda a
extensão lateral do parasito. O
cinetoplasto se localiza na
extremidade posterior do
parasito.

Figura :Tripomastigota de Trypanosoma cruzi.


Seta preta- cinetoplasto; vermelha - núcleo;
azul - membrana ondulante; verde - flagelo.
Doença de Chagas

Agente Etiológico: Trypanosoma cruzi

Vetores Barbeiros hematófagos


Protozoário flagelado

Triatoma infestans

Panstrongylus Rhodnius
Vetor

● A Doença de Chagas é transmitida por insetos hemípteros hematófagos


● Estes insetos são popularmente conhecidos como barbeiros, chupões, procotós
(sertão da Paraíba), vum-vum (Bahia), chupança (Mato Grosso), vinchucas (países
andinos), chincha voladora (México), kissing bugs (Estados Unidos).

Vetor

● Hábitos noturnos;
● Durante o dia, são encontrados nas fendas das paredes de casas não
rebocadas, telhados de palha;
● Vivem no domicílio e região peridomiciliar;
● Longevidade do adulto: 9 a 20 meses.
● Aproximadamente 80% da transmissão é vetorial;
● Durante a picada o inseto alimenta-se do sangue do hospedeiro e
defeca
● próximo ao local da picada;
● Nas fezes do vetor estão presentes as formas infectantes.
Outras formas de transmissão
● Transfusão sanguínea (~16%)
● Congênita (<1%)
● Acidentes de laboratório ( culturas de T. cruzi, manejo de animais em
experimentação)
● Oral (triatomíneos infectados macerados junto com alimentos, p. ex. açaí,
caldo de cana)
● Transplante de órgãos.
Transmissão por via oral
Transmissão por leite materno
Transfusão Sanguínea
Transmissão por acidentes laboratoriais
Transmissão por transplante de órgãos
Transmissão

O parasita só é transmitido através do sangue, órgãos


ou placenta.
A maioria dos indivíduos com infecção pelo T. cruzi
alberga o parasito nos tecidos e sangue, durante toda a
vida, o que significa que devem ser excluídos das
doações de sangue e de órgãos.
Período de incubação

• Transmissão vetorial – de 4 a 15 dias;

• Transmissão transfusional – de 30 a 40 dias ou mais;

• Transmissão vertical – pode ser transmitida em qualquer período


da gestação ou durante o parto;

• Transmissão oral – de 3 a 22 dias;

• Transmissão acidental – até, aproximadamente, 20 dias.


Aspectos clínicos - Fase Aguda
● Duração 3-4 meses
● Sintomática ou Assintomática
● Manifestações locais:
● Sinal de Romana (edema na região da pálpebra)
● Chagoma de inoculação (resposta inflamatória no local da entrada do parasito)

● Outros sintomas
● Febre, mal estar, cefaléia e anorexia;
● Mal-estar;
● Inflamação e dor nos gânglios linfáticos
● Miocardite aguda com alterações eletrocardiográficas (raramente);
● Meningoencefalite (raramente).
Sinal de Romana
● Percebe-se uma região com edema e eritema em local de picada de
inseto, é dado à lesão inflamatória com edema e eritema no local da
picada causando o chagoma de inoculação.
● Este edema decorre de uma reação de hipersensibilidade local e
demora uma semana para se resolver;

●Chagoma de inoculação
● O chagoma de inoculação é uma formação cutânea, ligeiramente saliente,
arredondada, eritematosa, dura, incolor, quente e circundada por edema
elástico, assemelhando-se a um furúnculo que não supura, mas que às vezes
pode exulcerar. É acompanhado de linfonodos satélites.


Fase crônica

Existem raros parasitas circulantes na corrente sanguínea.


Inicialmente, esta fase é assintomática e sem sinais de
comprometimento cardíaco e/ou digestivo.
Pode apresentar-se como uma das seguintes formas:

• Forma indeterminada;
• Forma cardíaca;
• Forma digestiva;
• Forma associada (cardiodigestiva).
Fase Crônica

● Duração 5 a 30 anos;
● O caso crônico permanece assintomático durante cinco a trinta anos.
● No entanto neste período de bem-estar geral, o parasita está a reproduzir-se continuamente em
baixos números, causando danos sérios a órgãos como baço, intestino, sistema nervoso,
coração, e causa também pequenos danos no pulmão. O fígado também é afetado mas como é
capaz de regeneração, os problemas são raros.
● O resultado é apenas aparente após uma ou duas décadas de progressão, com aparecimento
gradual de:
● Demência (3% dos casos iniciais)
● Cardiomiopatia (em 30% dos casos), ou dilatação do trato digestivo, conhecidas como
megaesôfago ou megacólon (6% dos casos iniciais), devido à destruição da inervação e das
células musculares destes órgãos, responsável pelo seu tônus muscular.
● No cérebro há frequentemente formação de granulomas. Neste estágio a doença é
frequentemente fatal, mesmo com tratamento, geralmente devido à cardiomiopatia
(insuficiência cardíaca).

Cardiopatia chagásica crônica – CCC
● Aparecimento cerca de 15-20 anos após a infecção inicial;

● É a mais importante forma de limitação ao doente chagásico e principal


causa de morte;

● Pode apresentar-se sem sintomatologia, mas com alterações eletrocardiográficas;

● Caracterizada por miocardite crônica progressiva, dilatação de cavidades


e hipertrofia ventricular, distúrbios de condução elétrica, arritmias e IC.
Formas digestivas (megas)

● Caracterizam-se por alterações ao longo do trato digestivo:
● Destruição de neurônios dos plexos mioentéricos
(parassimpático);
● Esfíncteres em contração permanente (simpático)
● Dificuldade de trânsito de alimentos e fezes:
● Cárdia: acúmulo de alimentos – megaesôfago;
● Reto-sigmóide: acúmulo de fezes – megacólon.
DIAGNÓSTICO
Exames Parasitológicos

Pesquisa a fresco do trypanossoma;


Lâmina Corada de gota espessa ou esfregaço;
Xenodiagnóstico.

* xenodiagnostico é um processo muito valioso para o diagnostico etiológico da moléstia de


Chagas. Consiste em alimentar-se barbeiros normais em portadores da infecção e determinar-
se, depois, si eles adquirem ou não o parasitismo
Exames sorológicos

Anticorpos IgG;
Anticorpos IgM;
Hemoaglutinação;
Elisa

ELISA
Diagnóstico molecular

PCR ( reação em cadeia da polimerase).


DOENÇA DE CHAGAS
TEM CURA?
A doença de chagas tem cura durante a fase aguda, quando o
protozoário ainda circula pelo sangue do indivíduo.

São utilizados medicamentos que têm como objetivo matá-lo e impedir


sua reprodução, para que a doença possa regredir.

O mesmo medicamento pode ser usado na fase crônica, mas com menos
chances de sucesso.
Critérios de Cura
Não existem critérios clínicos que possibilitem definir com exatidão a
cura de pacientes com DC.

Conforme o critério sorológico, a cura é a negativação sorológica,


que ocorre, na maioria dos casos, em até 5 anos após o tratamento.

Recomenda-se realizar exames sorológicos convencionais (IgG) a


cada 6 meses ou anualmente, por 5 anos, devendo-se encerrar a
pesquisa quando dois exames sucessivos forem não reagentes.
PREVENÇÃO
Construção de casas apropriadas;

Educação sanitária da população;

Exposição dos colchões ao sol;

Manter o quintal limpo;

Não manter dentro de casa animais de sangue quente.


Proteger portas e janelas com telas
Destruição das casas de
pau-a-pique
(criadouro dos
barbeiros)

Proteger camas com cortinado Combate ao


TRATAMENTO
MEDICAMENTOSO
*Nifurtimox
*Benzonidazol

O tratamento específico dos casos leves, sem complicações, e das formas


indeterminadas, pode ser feito em unidade ambulatorial (unidade básica de
saúde, unidade de saúde da família, centros de saúde) por médico
generalista que conheça as particularidades do medicamento e da doença de
Chagas, sendo referenciados para unidades de saúde de maior complexidade
os casos que apresentam complicações, como: cardiopatia aguda grave,
sangramento digestivo, intolerância ou reações adversas ao Beznidazol
(dermopatia grave, neuropatia, lesões em mucosa, hipoplasia medular).
■ O remédio é fornecido pelo Ministério da Saúde, gratuitamente, às
Secretarias Estaduais de Saúde, e deve ser utilizado em pessoas que
tenham a doença aguda assim que ela for identificada.

■ O tratamento tem duração de 60 dias. Para os portadores da doença
crônica a indicação desse medicamento é para aqueles pacientes que não
apresentam sintomas (forma indeterminada), devendo ser avaliada caso
a caso.
TRATAMENTO
FISIOTERAPÊUTICO
Fórmula de Lange e Andersen
Freqüência Cardíaca Máxima = [ 210 - (idade x 0,65) ] bpm

Fórmula de Karvonen

Freqüência Cardíaca Máxima = ( 220 - idade) bpm


■ Exercícios ativos e assistidos (cinesioterapia...);
■ Treino de marcha;
■ Mecanoterapia (bicicleta, esteira...);
■ Fisioterapia respiratória;
Obrigada!!!

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