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Tripanosomíase

Tripanosomíase Americana
Americana
Trypanosoma cruzi
Ordem
Ordem Kinetoplastida,
Kinetoplastida,
Família
Família Trypanosomatidae
Trypanosomatidae

Triatomíneos
Vetores
Vetores :: barbeiros
barbeiros
Doença
Doença de
de Chagas
Chagas

Carlos Chagas - 1909

Distribuição - sul dos EUA ao sul da Argentina

População exposta ao risco de infecção: 100 milhões

Número de óbitos/ano: aproximadamente 70.000 indivíduos

T. cruzi
Estágios evolutivos de Trypanosoma cruzi
Agente etiológico

Descoberto em 1909 por


Carlos Chagas.
Carlos Chagas
- Parasita
- Vetor
- Modo de transmissão

(1879-1934)
Distribuição geográfica da doença de Chagas em
humanos e seus quatro principais vetores

Distribuição:
47oN (América do Norte) à Patagônia

Trypanosoma cruzi

Filo: Sarcomastigophora
Classe: Zoomastigophora
Ordem: Kinetoplastida
Família: Trypanosomatidae
Epidemiologia

• America Latina (México-Argentina)


-16-18 milhões de casos (WHO, 1995)
-100 milhões de pessoas em áreas de risco

• EUA: aumento gradativo de casos devido à


imigração latina.
Transmissão:

1. Vetorial
2. Transfusional
3. Congênita
4. Acidentes de laboratório, Caldo de cana e açaí
Surto de Chagas em SC já tem 31 casos confirmados

Brasília - O número de casos confirmados de doença


de Chagas em Santa Catarina já chegou a 31. Outros
14 estão sob observação, com suspeita da doença, e a
Secretária de Saúde do Estado já faz uma estimativa
de que cerca de
50 mil pessoas podem ter contraído a doença após ingerir
caldo de cana contaminado.
Tripomastigoto
metacíclico – Repasto sanguíneo –
1 trypomastigota metacíclico nas
Porção posterior do
trato digestivo fezes 2
8

Tripomastigoto
metacíclico –
penetra várias multiplica no
7 celulas interior das
células
multiplicação
Infective stage musculares,

3 Amastigoto
Pode infectar
outras células
- amostigotas e
Epimastigotos – no novos focos de
6
trato digestivo infecção

4
pequena e em
forma de ovo
Diagnostic stage

5
Tripomastigoto
Repasto sanguíneo
Tripomastigoto metacíclico Amastigota

Invertebrado Vertebrado
Tripomastigota
Epimastigota
Ciclo infectivo

Por H. Meyer e A. Barroso. Editado por M. J. M. Alvez, R. I. Schumacher e W. Colli.


Vários T. cruzi no momento em que se
aderem a uma fibra muscular cardíaca
Forma digestiva
-Megaesôfago
-Megacólon

Podem ocorrer formas


mistas em que se
associam sintomas
cardíacos e digestivos
triatomas (barbeiros)
triatomas (barbeiros)
triatomas (barbeiros)
• Triatoma infestans: principal vetor na América do Sul

• Clima temperado e seco

• Hábitat doméstico ou peridomiciliar

• Cada repasto sangüíneo desencadeia a produção de ovos pela fêmea (fecundada ou


não)
Mecanismos
Mecanismos de
de Transmissão
Transmissão

•Natural - vetor (manutenção da endemia);


•Transfusão Sangüínea - urbanização;
•Congênita – tripomastigotas originados de ninhos de amastigotas na
placenta, podem alcançar a circulação fetal;
•Outros Artrópodes - cimicídeos, pulgas, culicídeos, ácaros (picada);
•Acidente de Laboratório;
•Transplante de Órgãos;
•Via oral: amamentação (fase aguda), animais ingerem triatomíneos
infectados, canibalismo, e ingestão de alimentos contaminados com
fezes ou urima;
•Secreções e Excreções Orgânicas - leite, esperma, saliva, urina,
glândulas;
Vetores e o ciclo silvestre

• Ciclo silvestre:

- ciclo primitivo: natureza enzoótica; protozoário circulando


entre vetores e reservatórios silvestres

- ecótopos primitivos do T. cruzi : -desertos norte-


americanos

-altiplanos andinos

-floresta amazônica, mata atlântica

-caatinga, cerrado, pampa úmido

- Ambientes ecologicamente “fechados” ou semi-abertos

- T. cruzi em mamíferos silvestres de pequeno e médio portes e


em insetos vetores.
Vetores e o ciclo silvestre

• Ciclo silvestre:

-Triatomíneos podem formar colônias em ecótopos naturais: palmeiras,


ocos e cascas de árvores, ninhos de animais silvestres (passáros,
roedores, marsupiais, quirópteros), pedregais, etc.

- T. cruzi causa pouca ação patogênica sobre seus hospedeiros naturais:


estado de equilíbrio desenvolvido por longa adaptação evolutiva.
Vetores e o ciclo silvestre

• Ecótopos naturais:

- Palmeiras (no Brasil: macaubeira, buriti, babaçu):

- Ambiente predileto para R. prolixus e negletus, P.


mesgistus e T. sordida

- Outros habitats de vertebrados: cavernas, tocas, etc.

- Reservatórios silvestres: marsupiais (gambás), tatus, roedores,


morcegos, gatos e cachorros selvagens, coelhos, raposas e
primatas.
Vetores e o ciclo silvestre

• Ecótopos naturais:
- Primatas: ponte fundamental à adaptação de cepas silvestres
(zimodema 1) ao ciclo doméstico do T. cruzi

- Vetores estritamente silvestres: Psammolestes tertius, Cavernicola


pilosa, etc.

- Vetores estritamente domiciliares: Triatoma rubrofasciata

- Vetores de comportamento ubiquista: T. brasiliensis, T.


pseudomaculata, T. sordida, P. megitus
Vetores e o ciclo doméstico
• Ciclo doméstico:
- Situação mais recente no contexto histórico, definida por fatores
antrópicos
- Homem é um dos últimos reservatórios naturais do T. cruzi
- Fatores bioecológicos e político-sociais aproximaram o homem do ciclo
ezoótico na América Latina

- Causas principais:
1- Alterações radicais no meio ambiente
2- Habitações e construções peridomiciliares precárias (galinheiro,
chiqueiro, curral, depósitos)
3- Grandes migrações e deslocamentos populacionais, carreadores da
infecção e de vetores de alta capacidade de domiciliação (por exemplo, T. infestans)
Vetores da doença de Chagas
•Insetos hemípteros: provavelmente evoluídos a
•partir de predadores

Classe: Insecta
Ordem: Hemiptera
Família: Reduviidae
Subfamília:Triatominae
Gêneros: Triatoma
(15) Panstrogylus Mais importantes na trasmissão
Rhodnius da doença de Chagas
Espécies: 123

•Hábitos distintos, mas todos potenciais vetores do T. cruzi


•Nomes vulgares:
- Brasil: barbeiro, bicho-de-parede, bicudo, chupança, chupão,
fincão, percevejo-do-sertão, piolho-de-piaçava, procotó,
vum-vum, etc.
- Países Hispano-americanos:chepito, chinche-bebesangre, pelados,
quipito, talaje, vinchuca, etc.
Triatomíneos mais importantes na transmissão da
doença de Chagas
Triatoma infestans Panstrongylus megistus Rhodnius prolixus Triatoma dimidiata

Triatoma pallidipennis Triatoma sordida Triatoma brasiliensis


fêmea

macho

Estampa de um barbeiro, no caso uma fêmea (1 ou 4), que pode


ser identificada pela diferença de sua parte traseira em relação
ao macho (3).
Também, em destaque, a cabeça (2) do inseto.
hematófago predador fitófago

 hemíptero hematófago

hemíptero predador 

 hemíptero fitófago (sugador de seiva)


• aparelho bucal do tipo picador-
sugador
• o rostro (probóscida ou tromba) é
triarticulado

• Triatoma infestans
• Rhodnius prolixus
• Panstrongylus megistus
• principais espécies transmissoras da
tripanossomose americana

• permanece debaixo da cabeça e é


distendido no momento da picada
Morfologia dos vetores

Morfologia Externa:

• Triatomíneos adultos: 1,6 – 44 mm

• Fases ninfais sempre menores que os adultos; às vezes microscópicas

• Cor geral: negro ao palha-claro, com combinação de manchas e desenhos


variados

• Cabeça coniforme, conectada ao tórax por meio do pescoço, possuindo


assim movimentos livres
História natural da doença de Chagas

Forma aguda clinicamente


aparente ou assintomática:
altas parasitemias, extensa
lesão tecidual.

Forma crônica indeterminada


(assintomática) e forma
crônica determinada
(comprometimento cardíaco,
digestivo ou misto): baixas
parasitemias, raros ninhos de
amastigotas nos tecidos.
Fases da doença

-Aguda: parasitemia elevada e ação do sistema imunológico;

-Crônica: número de parasitos reduzidos na circulação

Sistema
Imune

Fase
Aguda Período Fase
Indeterminado Crônica
•Fase Aguda:

- Sintomática ou assintomática

- Estado imunológico

- Manifestações locais

chagoma

sinal de Romaña
Fase
Fase aguda
aguda

••Sintomas
Sintomas
-- Febre
Febre
-- Edema
Edema
-- Hepatomegalia
Hepatomegalia
-- Esplenomegalia
Esplenomegalia
-- Insuficiência
Insuficiência cardíaca
cardíaca
Fase Crônica

Assintomática (forma indeterminada):


- 10 a 30 anos;
- positividade de exames sorológicos ou parasitológicos

Sintomática
-Forma Cardíaca:
- insuficiência cardíaca : destruição de fibras e do SNA
aneurisma e infartos;
- Mecanismos compensatórios
Fase
Fase crônica
crônica

Forma
Forma Digestiva:
Digestiva:
-- megaesôfago:
megaesôfago: dor,
dor, regurgitação,
regurgitação, soluço
soluço ee tosse;
tosse;
-- megacólon:
megacólon: obstrução
obstrução intestinal
intestinal ee perfuração
perfuração
Diagnóstico

Fase aguda

- Microscopia – detecção de tripomastigotas sanguíneos


– gota espessa
- esfregaço
- após centrifugação em tubos de micro-hematócrito

-Sorologia – níveis elevados de IgM (sensibilidade baixa)


- imunoflorescência indireta
- ELISA
Diagnóstico

Fase crônica

- Sorologia – níveis elevados de IgG


- imunofluorescência indireta
- hemaglutinação
- ELISA

- PCR – alta sensibilidade – fase de desenvolvimento


Xenodiagnóstico

Fase aguda – pode detectar baixas parasitemias – 15 dias

Fase crônica – sensibilidade relativamente baixa, mas pode


confirmar o diagnóstico
Prevenção
Profilaxia

(medidas que impedem que indíviduos sadios adoeçam)

1 - medidas específicas: luta antivetorial e cuidados


para evitar a tranmissão transfusional

2 - medidas inespecíficas: melhoria da qualidade de vida


da população
Profilaxia - Medidas

1. Educação sanitária.
2. Luta contra o vetor.
a) Inseticidas.
b) Reboque das paredes.
c) Vigilância e manutenção constantes de áreas tratadas.
3. Melhoramento ou substituição de moradias precárias.
4. Prevenção da transmissão vetorial.
5. Detecção dos casos agudos, congênitos e crônicos assintomáticos.
6. Assistência aos doentes chagásicos agudo indeterminado e crônico.
7. Cuidado no manejo de animais silvestres ou de laboratório
contaminados ou suspeitos de contaminação.
8. Ensino e pesquisa em doença de Chagas.
Profilaxia
Controle específico (controle químico):

- Borrifação com inseticidas: casa e peridomicílio.

- Institucionalizado no Brasil em 1950, pelo Serviço Nacional de


Malária.

- Inseticidas:

- Usados inicialmente:

- clorados: BHC (hexacloro-ciclo-hexano) e Dieldrin

- fosforados: fenitrohion

-Atuais: piretróides: cyfluorina, cypermetrina, deltametrina


• Vacinas de 1a Geração

Tentativas de vacinação com organismos vivo

• pré-inoculações com doses sub-letais de T. cruzi ou


com cepas de baixa virulência

• pré-inoculações com Trypanosoma spp. não patogênicos


para o homem, particularmente T. lewisi

• pré-inoculações com tripanosomatídeos de outros


gêneros, particularmente Leptomonas
• Vacinas de 1a Geração

Tentativas de vacinação com organismos vivo

• pré-inoculações com cepas atenuadas de T. cruzi

• pré-inoculações com parasitas vivos não proliferantes,


sejam irradiados sejam com a capacidade de
reprodução bloqueada por diferentes agentes

Resultados: Apenas proteções parciais em


camundongos
• Vacinas de 1a Geração

Tentativas de vacinação com organismos mortos


-Primeira tentativa: Emile Brumpt, em 1913.

-Tripomastigotas ou epimastigotas de T. cruzi mortos pelo calor,


por formolização, com ácido perclórico, por irradiação ou com
anti-sépticos, particularmente o mertiolato, e inoculados em
camundongos com ou sem coadjuvantes.

-A mortalidade dos animais após o desafio tenha sido nula, a


parasitemia sempre esteve presente.

-Avaliação da evolução crônica nunca foi feita.


• Vacinas de 1a Geração

Tentativas de vacinação com organismos mortos

• Em macacos Rhesus inoculados com tripanosomas inativados com mertiolato:


a) os macacos não eram protegidos contra o posterior desafio
b) controles apenas vacinados desenvolviam lesões miocárdicas.

• Tentativas de vacinação com frações celulares

Resultados: Apenas proteções parciais ou


nenhuma proteção
• Vacinas de 2a Geração

Tentativas de vacinação com antígenos purificados

As frações celulares cederam lugar a componentes celulares purificados


como antígenos vacinantes.

-Purificações químicas de sacarídeos e lipossacarídeos:

•Notória chagastoxina uma fração fenólica de formas produziu apenas


proteção parcial além de toxicidade.

•Uma fração lipopolissacarídea de formas tripomastigotass, em vez de


induzir proteção, levou a uma exacerbação das infeções).

-Antígenos purificados de metacíclicos

Resultados: Apenas proteções parciais ou nenhuma


proteção
• Vacinas de 3a Geração

Tentativas de vacinação com genes do parasita

-As primeiras tentativas de proteção de murinos contra o T. cruzi


utilizando seus próprios genes começaram em 1998.

-A primeira delas utilizou o gene codificante para o segmento


catalítico do gene da enzima transialidase

-proteínas de superfície (TSA-1) epitopos desencadeantes de


resposta humoral e celular:

-A vacina foi eficaz em produzir resposta humoral e citotóxica, mas


apenas produziu parasitemias mais baixas e sobrevidas mais longas dos
camundongos vacinados.

Resultados: Apenas proteções parciais


Controle
do Vetor

Quimioterapia Vacina?

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