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Trypanosoma cruzi

Profª. Drª. Caliandra Luna Lima


Introdução
• Carlos Ribeiro Justiniano das
Chagas:

• Médico sanitarista e cientista

• Estudos sobre a malária


Carlos Chagas

• Integra a equipe de Oswaldo Cruz


em Minas Gerais

Oswaldo Cruz
Introdução

Berenice, primeiro caso descrito por Carlos Chagas


Introdução
Berenice
• 1909- primeiro caso
descrito
• Berenice:
• 2 anos de idade;
• Sinais clínicos da doença;
• Morre em 1982: 73 anos
de infecção
Introdução

Doença de Chagas:
antropozoonose
“É uma antropozoonose de elevada prevalência e
expressiva morbimortalidade”
(Brasil, 2019)
Introdução

Ciclo
silvestre
Reservatórios silvestres:
• gambás, tatus, etc.
Introdução

Ciclo
silvestre

Estudo do vetor
Introdução
Hematófagos: com rostro
curto e reto – se alimentam
exclusivamente de sangue,
por isso têm grande
importância médica;

Entomófagos ou
Ordem: Hemiptera. predadores: com rostro
Percevejos em geral curto e curvo – se
alimentam de insetos;
(fitófagas, hematófagas
e predadoras)
Fitófagos: com rostro longo
(ultrapassando bastante a
região do pescoço) e reto,
se alimentam de seiva
Introdução
Triatomíneos
Triatomíneos
(Subfamília:
Triatoma Panstrongylus Rhodnius
Triatominae) -
Percevejos
T. infestans P. megistus R. prolixus
hematófagos

T. dimidiata,

T. sordida,

T. brasiliensis,

T.
pseudomaculata
Introdução

Ciclo
doméstico

mamíferos
Introdução
• O que permitiu o ciclo
doméstico?
• Invasão do homem no
ambiente silvestre
• Condições para o
desenvolvimento do
“barbeiro” no domicílio
• Alimento fácil
• Abrigo
• Sinantropia
• Domicialização de uma
espécie silvestre
Quais os avanços e desafios?

Redução das áreas de dispersão do T. infestans no Brasil, no período


compreendido entre 1983 e 1999.
Quais os avanços e desafios?

Fonte: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Pesquisa_Saude/grafico17.jpg
Estudo do agente
etiológico
Trypanosoma cruzi
Classificação e morfologia
• Filo: Sarcomastigophora Pseudópodes ou flagelos
• Subfilo: mastigophora flagelos
• Ordem: Kinetoplastida
• Família:Trypanosomatidae
• Gênero:Trypanosoma
• Espécie:Trypanosoma cruzi
Classificação e morfologia

• Ordem Kinetoplastida
• Presença de cinetoplasto
• mitocôndria modificada, rica
em DNA;
• Utilizado como parâmetro
para a caracterização
molecular de diferentes
cepas de T. cruzi
Classificação e morfologia
Amastigota Epimastigota Tripomastigota
Classificação e morfologia
Amastigota: forma intracelular no hospedeiro vertebrado
Classificação e morfologia
Região posterior Tripomastigotas:
3 formas extracelulares no
5
4 hospedeiro vertebrado
5
2 1
5
Região anterior
Classificação e morfologia
Epimastigotas de cultura
1
corados pelo Giemsa

Região anterior
2

Região posterior
Como ocorre a
transmissão?
vetorial

transplante oral

Transmissão

Acidentes
de congênita
laboratório

Transfusão
sanguínea
Transmissão vetorial
“Acontece pelo contato do homem suscetível com as excretas contaminadas dos
triatomíneos, que, ao picarem os vertebrados, costumam defecar após o repasto,
eliminando formas infectantes do parasito, que penetram pelo orifício da picada,
mucosas ou por solução de continuidade deixada pelo ato de coçar”( Brasil, 2019)
Transmissão oral
Problema do passado?
• A ocorrência de transmissão do T. cruzi por meio de alimentos é fato
comprovado em diferentes modelos experimentais e em observações de seres
humanos;
• Evidências experimentais sugerem que a transmissão oral pode ocorrer a partir
de formas tripomastigotas, epimastigotas e, provavelmente, de amastigotas e
massas celulares, originárias de mamíferos ou vetores contaminados, assim
como, acidentalmente, de cultivos artificiais do parasita;
• A transmissão oral por alimentos da doença humana, tanto pode depender de
ingestão de material contaminado com triatomíneos infectados ou suas fezes
(maiores probabilidades), como pela ingestão de carne crua ou mal cozida de
mamíferos portadores do parasita (situações muito mais raras), ou, ainda, pelas
secreções de alguns mamíferos infectados;
• Em alimentos como o leite ou caldo de cana, à temperatura ambiente, o parasita
pode manter-se viável por vinte e quatro horas ou mais, em estudos
experimentais;
• Resfriamento ou congelamento de alimentos não previne a transmissão oral
pelo T. cruzi , mas a cocção acima de 45ºC, a pasteurização e a liofilização o
fazem.
Estudo do ciclo
biológico
Tipo: heteroxênico
Presença de hospedeiro
vertebrado e invertebrado
Ciclo biológico

Hospedeiro invertebrado
Hospedeiro vertebrado
Ciclo biológico
• A infecção- repasto sanguíneo
Ciclo biológico

Penetração das formas


tripomastigotas metacíclicas através
da solução de continuidade da pele

Interação com a célula hospedeira???


Ciclo biológico

Fase aguda:
ciclo com grande intensidade
Fase crônica:
Ciclo com menor intensidade Ferreira, 2003
Ciclo no Hospedeiro invertebrado
Patogenia e aspectos
clínicos
Patogenia e aspectos clínicos
Fatores que atuam direta ou indiretamente no aparecimento das lesões

parasito hospedeiro
• eventos iniciais na • constituição genética,
relação parasito- sexo,
hospedeiro • idade,
• polimorfismo, • raça,
• tropismo celular, • resposta imunitária,
• cepa do parasita, • nutrição,
• reinfecção, • tipos de células que
• infecções mistas interagem com o
parasito
Patogenia e aspectos clínicos
• Rompimento celular:
• Restos celulares
• Parasitos sem diferenciação (amastigotas)
• tripomastigotas

Novo ciclo
Resposta
inflamatória
focal
Patogenia e aspectos clínicos
• Ciclos repetidos
• Processos patológicos
básicos:
• Resposta inflamatória
• Lesões celulares
• Fibrose
Patogenia e aspectos clínicos

Período de incubação
Transmissão vetorial 4 a 15 dias
Transmissão oral 3 a 22 dias.
Transmissão transfusional 30 a 40 dias ou mais
Transmissão por acidentes até 20 dias após exposição
laboratoriais
Outras formas de não existem períodos de
transmissão incubação definidos
Fonte: Brasil, 2019
Patogenia e aspectos clínicos
Contaminação pelo
T. cruzi

Fase aguda Fase


Morte crônica

Forma Forma crônica


Sintomático assintomático
indeterminada sintomática

Toda a
Cardíaca Digestiva
vida?

mista
Patogenia e aspectos clínicos
Fase aguda: características gerais
Parasitemia: elevada
Manifestação clínica predominante: a febre constante, inicialmente elevada
(38,5 a 39°C), podendo persistir por até
12 semanas
Casos graves: Pode evoluir para o óbito
Sinais de porta de entrada sinal de Romaña ou o chagoma de
inoculação
Sintomas gerais: prostração, diarreia, vômitos,
inapetência, cefaleia, mialgias,
aumento de linfonodos
Sintomas mais específicos: miocardite difusa, manifestações
sindrômicas de insuficiência cardíaca,
tosse, dispneia, dor torácica,
palpitações, arritmias, hepatomegalia
e/ou esplenomegalia
Patogenia e aspectos clínicos
Sinais de porta de entrada: Quando considerar?

Lesão Primária ou Chagoma de Inoculação


Patogenia e aspectos clínicos
parasitemia é
Contaminação pelo
T. cruzi baixa e
intermitente.
Fase aguda Fase
Morte crônica

Forma Forma crônica


Sintomático assintomático
indeterminada sintomática

Toda a
Cardíaca Digestiva
vida?

mista
Patogenia e aspectos clínicos
• Fase crônica Indeterminada:
• Ausência de sintomas e/ou sinais;
• Duração de 10 a 30 anos
• Eletrocardiograma normal;
• Coração, esôfago e cólon radiologicamente normais.
• Apresentam positividade de exames sorológicos;
• Pode ocorrer morte súbita

Esse quadro poderá perdurar por toda a vida do indivíduo


infectado ou pode evoluir tardiamente para a forma
cardíaca, digestiva ou associada (cardiodigestiva/mista).
Patogenia e aspectos clínicos
Contaminação pelo
T. cruzi

Fase aguda Fase


Morte crônica

Forma Forma crônica


Sintomático assintomático
indeterminada sintomática

Toda a
Cardíaca Digestiva
vida?

mista
Patogenia e aspectos clínicos
• Fase crônica sintomática:

Formas clínicas
Forma cardíaca • miocardiopatia dilatada e
insuficiência cardíaca congestiva
(ICC).
• cerca de 30% dos casos crônicos
• Responsável pela maior frequência
de óbitos na doença de Chagas
crônica (DCC)
Forma digestiva • Megaesôfago/megacólon
Forma mista • ocorrência concomitante de lesões
compatíveis com as formas cardíacas
e digestivas
Diagnóstico
Diagnóstico
• Fase aguda:
• Diagnóstico parasitológico:
• pesquisa a fresco de
tripanossomatídeos
• lâmina corada de gota espessa
ou de esfregaço
• Diagnóstico sorológico:
• • Detecção de anticorpos anti-T.
cruzi
Diagnóstico
• Fase crônica:
• Devido à parasitemia pouco
evidente nesta fase, os métodos
parasitológicos convencionais
possuem baixa sensibilidade.
• Diagnóstico parasitológico
indireto:
• xenodiagnóstico
• Sorológico
Diagnóstico
• Xenodiagnóstico
Diagnóstico
Profilaxia
• Melhoria das habitações rurais
• Controle ao doador de sangue
• Combate ao barbeiro com: organização de campanha
(uso de inseticidas)
• Levantamento das espécies implicadas
• Controle da transmissão congênita
Tratamento
• Medicamentos:
• nifurtimox (Lampit):
• age contra as formas sanguíneas e parcialmente contra as formas
teciduais.
• É administrado via oral, sob a forma de comprimido na dose 8 a
12mg/kg por dia, até 90 dias.
• benzonidazol (Rochagan):
• possui efeitos apenas contra as formas sanguíneas.
• Deve ser empregado em comprimidos, por via oral, na dose de 5 a
8mgkg por dia, durante até 60 dias.
É indicado para todos os casos em fase aguda e de reativação da
doença. Para as pessoas na fase crônica, a indicação do tratamento
depende da forma clínica e deve ser avaliada caso a caso, tendo maior
benefício naqueles na forma indeterminada, especialmente crianças,
adolescentes e adultos até 50 anos de idade.

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