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Leishmania sp

Profa. Dra. Caliandra Luna Lima


Introdução

Leishmania sp

Leishmaniose tegumentar
americana

Leishmaniose visceral Leishmaniose tegumentar do


(calazar) velho mundo

Não existe no Brasil


Leishmaniose
 LTA:  LV:
 Doença infecciosa, não  Doença crônica e sistêmica
contagiosa, causada por que, quando não tratada,
protozoário, de pode evoluir para óbito em
transmissão vetorial, que mais de 90% dos casos.
acomete pele e mucosas.

Guia de vigilância epidemiológica, 2022


Introdução
Leishmaniose
“A manifestação clínica depende não
apenas da espécie envolvida, mas
também do estado imunológico do
indivíduo” (Brasil, 2014)

LTA Leishmaniose visceral


LV
(calazar)
Leishmania (V) brasiliensis Leishmania (L) donovani

Leishmania (V) guyanensis Leishmania (L) infantum


Leishmania (V) shawi Leishmania (L) chagasi (Brasil)
Leishmania (V) lainsoni
Leishmania (V) naiffi
Leishmania (L) amazonensis
Qual a importância da leishmaniose?

É um problema atual?
Introdução
 Pertencem ao grupo das Doenças Tropicais
negligenciadas;
 As leishmanioses são antropozoonoses consideradas um
grande problema de saúde pública e representam um
complexo de doenças com importante espectro clínico
e diversidade epidemiológica.
Introdução
 LTA ( Leishmaniose Tegumentar Americana)
 Constitui um problema de saúde pública em 85 países,
distribuídos em quatro continentes (Américas, Europa,
África e Ásia), com registro anual de 0,7 a 1,3 milhão de casos
novos;
 É considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como
uma das seis mais importantes doenças infecciosas,
pelo seu alto coeficiente de detecção e a capacidade de
produzir deformidades
Introdução

Brasil, 2019)
Introdução
• Leishmanioses são endêmicas em 88 países, distribuídos na
América, África, Ásia e na Europa, com cerca de 2 milhões de
casos novos a cada ano

• Na América Latina, a LV já foi descrita em pelo menos 12


países, sendo que 90% dos casos ocorrem no Brasil,
especialmente na Região Nordeste.

Atualmente: a LV está
registrada em 19 das 27
Unidades da Federação,
com aproximadamente
1.600 municípios
apresentando transmissão
autóctone.
Estudo do vetor

Hospedeiro invertebrado
Quais são os vetores?
 “Os vetores da LT são insetos denominados
flebotomíneos, pertencentes à ordem Diptera, subfamília
Phlebotominae, gênero Lutzomyia, conhecidos
popularmente como mosquito palha, tatuquira, birigui, entre
outros, dependendo da localização geográfica. (Brasil, 2022)
Estudo do vetor
 Hospedeiro invertebrado
 LTA
 Lutzomyia whitmani
 Lutzomyia wellcomei
 Lutzomyia intermedia
 Lutzomyia umbratilis
 Lutzomyia flaviscutellata
 Lutzomyia pessoai
 LV:
 Lutzomyia longipalpis
 Lutzomyia cruzi
 Apontado como possível transmissor
da LV no Mato Grosso do Sul
Estudo do vetor
 Hospedeiro invertebrado
 LTA
 Lutzomyia whitmani
 Lutzomyia wellcomei
 Lutzomyia intermedia
 Lutzomyia umbratilis
 Lutzomyia flaviscutellata
 Lutzomyia pessoai
Estudo do vetor
L. longipalpis
 Transmissão da LV  A espécie Lu. longipalpis
 insetos são pequenos, adapta-se facilmente
medindo de 1 a 3 mm de ao peridomicílio e a
comprimento variadas temperaturas:
 adapta-se facilmente ao
pode ser encontrada
peridomicílio e a variadas no interior dos
temperaturas, domicílios e em
abrigos de animais
 A atividade dos
domésticos (BRASIL,
flebotomíneos é
2006)
crepuscular e noturna
Estudo dos reservatórios
Hospedeiro vertebrado
Estudo dos reservatórios
 Considera-se “RESERVATÓRIO” a espécie ou o conjunto de
espécies que garantem a circulação de um determinado parasito
na natureza dentro de um recorte de tempo e espaço;
 Uma interação reservatório-parasito pode ser considerada um
sistema complexo na medida em que é multifatorial,
imprevisível e dinâmico: inclui o homem e/ou animal
doméstico, o parasito, o vetor e o animal reservatório
dentro de um determinado ambiente, este conjunto formando uma
unidade biológica;
 A unidade biológica estará em constante mudança em função
das alterações do meio ambiente e das interações que ligam
suas histórias de vida e modelam seu processo evolutivo
Estudo dos reservatórios
 Leishmaniose Tegumentar
 Reservatórios Silvestres
 algumas espécies de roedores,
marsupiais, edentados, canídeos
silvestres
Estudo dos reservatórios
 Leishmaniose visceral
 Na área urbana, o cão (Canis familiaris) é a principal fonte de
infecção
 No ambiente silvestre, os reservatórios são as raposas e os
marsupiais.
Estudo do agente etiológico
Leishmania sp
Estudo do agente etiológico
 A Leishmania é um protozoário pertencente à família
Trypanosomatidae, flagelado, parasito intracelular
obrigatório das células do sistema fagocítico mononuclear;
Estudo do agente etiológico
 Filo: Sarcomastigophora
 Subfilo: Mastigophora
 Ordem: Kinetoplastida
 Família:Trypanosomatidae
 Gênero: Leishmania
 Subgênero: Viannia e Leishmania

LTA LV
Leishmania (V) brasiliensis Leishmania (L) donovani
Leishmania (V) guyanensis Leishmania (L) infantum
Leishmania (V) shawi Leishmania (L) chagasi (Brasil)
Leishmania (V) lainsoni
Leishmania (V) naiffi
Leishmania (L) amazonensis
Estudo do agente etiológico-
morfologia
Hospedeiro vertebrado Hospedeiro invertebrado
 Amastigota  Promastigota
 Paramastigota
Estudo do agente etiológico-
morfologia
 Amastigota
 Tamanho:
 1.5-3.0 de comprimento x
3.0-6.5µm de largura

 Localização:
 Intracelular
 Hospedeiro vertebrado
Estudo do agente etiológico-
morfologia
 Promastigota
 São extracelulares
 16.0- 40.0 µm de
comprimento por 1.5-3.0 µm
de largura
 Multiplicação: hospedeiro
invertebrado
Estudo do agente etiológico-
morfologia
 Paramastigota:
 Ficam aderidas pelo flagelo
ao trato digestivo do
hospedeiro invertebrado.
 5.0-10.0µm de
comprimento x 4.0-6.0
µm de largura
Transmissão
Transmissão

Picada dos vetores –


Lutzomyia sp – infectados
LTA
por espécies de
Leishmania spp

Por meio da picada de


fêmeas de flebotomíneos
Transmissão infectadas. Não há
transmissão de pessoa a
pessoa

Picada dos vetores - L.


longipalpis ou L. cruzi –
LV
infectados pela Leishmania
(L.) chagasi.
Transmissão

• Espécie: Leishmania
amazonensis

• Vetores:Lu. flaviscutellata,
Lu. reducta e Lu. olmeca
nociva (Amazonas e
Rondônia). Estas espécies são
pouco antropofílicas, o que
justifica uma menor
frequência de infecção
humana por esta Leishmania
Transmissão

L. (Viannia) braziliensis:

• É a espécie mais importante, não só


no Brasil, mas em toda a América
Latina.

• Vetores: Lu. complexa , Lu.


wellcomei., Lu. Whitmani

• transmissão ocorre no ambiente


domiciliar

• Reservatórios: roedores silvestres,


equídeos, canídeos.
Estudo do ciclo biológico
Promastigota
metacíclica é
diferente de
promastigota
procíclica
Patogenia e aspectos clínicos
Patogenia e aspectos clínicos
Período de incubação
Leishmaniose tegumentar é, em média, de dois a três
meses, podendo variar de duas
semanas a dois anos.
Leishmaniose visceral
No homem 10 dias a 24 meses, com média
entre 2 a 6 meses
No cão bastante variável, de 3 meses a
vários anos com média de 3 a 7
meses.
Patogenia e aspectos clínicos

Inoculação das formas promastigotas/


saliva do vetor

Resposta inflamatória
Patogenia e aspectos clínicos
 Na fisiopatogenia das
leishmanioses, os macrófagos
são ao mesmo tempo células
hospedeiras, apresentadoras
de antígeno para o sistema
imune e efetoras para a
destruição do parasito
Patogenia e aspectos clínicos
 As células Th1 produzem
IFN-γ e são associadas à
proteção contra os patógenos
intracelulares, como as
Leishmanias, enquanto que as
células Th2 produzem
interleucina (IL)-4, IL-5 e IL-
10 e estão envolvidas nos
processos alérgicos e na
proteção contra agentes
extracelulares.
Patogenia e aspectos clínicos
 O que já está bem
estabelecido é que, para o
controle da infecção, é
necessária a predominância da
resposta imune celular com
características de tipo 1,
envolvendo linfócitos CD4 e
CD8 e citocinas como IL-12,
IFN-γ, fator de necrose
tumoral-alfa (TNF-α),
produzidas por macrófagos.
Aspectos clínicos da LTA
Aspectos clínicos da LTA
 Doença parasitária da pele e mucosas, causada por
protozoários do gênero Leishmania
 Lesão inicial: ocorre no local da picada do inseto.
 Pápulas pruriginosas e avermelhadas
 Pode regredir
 Permanecer estacionária
 evoluir
A úlcera típica da forma
cutânea é geralmente
indolor, com formato
arredondado ou ovalado,
com bordas bem
delimitadas e elevadas,
fundo avermelhado e
granulações grosseiras
Aspectos clínicos da LTA
Imunidade celular
preservada

Boa resposta ao
Leishmaniose cutânea
tratamento

Provocadas por todas as


espécies dermotrópicas da
leishamnia
Exagero da resposta
Leishmaniose cutâneo-
LTA

celular e escassez do
mucosa
parasito

Associada a espécie
L.amazonensis

Leishmaniose cutâneo- Ausência de resposta


difusa imune celular efetiva

Elevado nível de anticorpo


Patogenia e aspectos clínicos
LTA
Patogenia e aspectos clínicos
LTA
Patogenia e aspectos clínicos
LTA

O que
determina a
quantidade
de úlceras?
Patogenia e aspectos clínicos
LTA
Patogenia e aspectos clínicos
LTA
Aspectos clínicos da LV
Patogenia e aspectos clínicos LV
Local da picada
Local da picada: lesão transitória/pouco
Espécie: L. Chagasi descrita
Disseminação hematogânica/linfática

A febre é o primeiro sinal da presença de


amastigotas nas vísceras

Baço
Rins

Fígado Medula óssea Pulmão


Patogenia e aspectos clínicos LV

LV

Infecções Infecções
assintomáticas sintomáticas

Período de
Período inicial Período final
estado
Patogenia e aspectos clínicos LV

Brasil, 2019
Patogenia e aspectos clínicos LV

Brasil, 2019
Diagnóstico
Diagnóstico LTA

Diagnóstico

Parasitológico Imunológico

Teste intradérmico
Demonstração direta do (Intradermoreação de
Isolamento in vitro Exames histopatológico
parasito Montenegro ou da
leishmanina)
Diagnóstico LTA
 Métodos imunológicas:
 Teste de Montenegro- Avaliação da resposta celular:
 Técnica: inoculação de 0.1mL um extrato antigênico de promastigotas
 Leitura: após 48 horas medir o diâmetro da induração
 Interpretação:
o Reação Negativa: ausência de qualquer sinal no local de inoculação
o Reação Positiva: presença de nódulo com diâmetro variado
 Cutânea- resultado positivo
 Cutâneo-mucosa- resultado positivo-resposta exarcebada
 Cutâneo-difusa- resultado negtivo
Diagnóstico LTA

Teste intradérmico
(Intradermoreação de
Montenegro ou da
leishmanina)
Diagnóstico LTA
Diagnóstico LV
 Pesquisa do parasito:

Aspirado de medula óssea, baço,


fígado, linfonodos
•esfregaço corado com giemsa
•Inoculação em animais
Diagnóstico LV
 Diagnóstico imunológico:
 O exame imunológico mais utilizado no Brasil é a
imunofluorescência indireta (RIFI)
 ELISA
 Diagnóstico parasitológico:
 aspirado de medula óssea, biópsia hepática e a aspiração de
linfonodos
 Exame Direto
 Isolamento em meio de Cultura (in vitro)
LEISHMANIOSE CANINA
Tratamento
Tratamento
 A droga de primeira escolha é o antimonial pentavalente, com
exceção dos pacientes coinfectados com HIV e gestantes.
 Antimoniato de meglumina
 Estibogluconato de sódio

 Não havendo resposta satisfatória com o tratamento pelo antimonial


pentavalente, as drogas de segunda escolha são a anfotericina B e o
isotionato de pentamidina, conforme descrito no Manual de
Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana (2007)
e no Manual de recomendações para diagnóstico,
tratamento e acompanhamento de pacientes com a
coinfecção Leishmania-HIV (2011)
Tratamento LTA
Profilaxia
 LTA  LV
 Proteção individual  Tríade:
 Utilização de repelentes
 Diagnóstico e tratamento dos
 Utilização de mosquiteiros
doentes
 Construção de casas a uma
 Eliminação dos cães com
distância de 500m da mata sorologia positiva
 Engenheiros, topógrafos,
 Combate às fromas adultas do
geólogos, militares- contato com inseto vetor
área endêmica
 Medidas de proteção individual

Notificação dos casos confirmados é importante para a prevenção e


conhecimento epidemiológico das doenças

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