Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Introdução...................................................................... 3
2. O patógeno................................................................... 3
3. Epidemiologia............................................................... 6
4. Fisiopatologia............................................................... 7
5. Manifestações clínicas.............................................. 8
6. Diagnóstico.................................................................14
7. Tratamento..................................................................17
8. Conclusões..................................................................20
Referências bibliográficas .........................................21
LEISHMANIOSE VISCERAL 3
LOCAIS
DOENÇA CLASSIFICAÇÃO QUE PODEM
ACOMETER
Cutânea
Tegumentar
Mucosa
Leishmania
Baço
Visceral Fígado
Medula óssea
O PATÓGENO
CONCEITO! De forma simplificada, o
ciclo da vida da Leishmania é resumido
pela picada de um flebotomíneo infecta-
do a um ser humano ou outro reserva-
tório (mais comumente o cão),infectan-
do-o com promastigotas de Leishmania Cutânea localizada
que apresentam a capacidade de invadir
macrófagos e sobreviver dentro deles.
Nos macrófagos, a promastigota passa Cutânea disseminada
para a forma amastigota, se replicando
e posteriormente infectando outros ma- Apresentação Cutânea difusa
crófagos. Quando o flebotomíneo pica
um reservatório infectado pela Leishma-
nia, ingere macrófagos infectados por Mucocutânea
amastigotas, que são então liberadas no
intestino do flebotomíneo. As amastigo- Leishmaniose visceral
tas passam então novamente à forma
de promastigotas, e assim o ciclo da vida
da Leishmania se reinicia.
As fêmeas do gênero
Mosquitos Lutzomyia são os
principais vetores do
Novo Mundo
No cachorro
Período de
incubação No homem
10 dias a 1 ano
LEISHMANIOSE VISCERAL 6
Inoculação
Lesão Resposta Necrose
pelos Ulceração
cutânea granulomatosa na pele
flebotomíneos
INCUBAÇÃO/
LEISHMANIA/ PRINCIPAIS
INICIO/ SINAIS LABORATÓRIO
CARACTERÍSTICAS SINTOMAS
EVOLUÇÃO
• Anemia(normocíti-
ca-normocrômica);
• Trombocitopenia,
• Leucopenia (po-
Esplenomegalia,
dendo chegar
hepatomegalia.
à 1000/ml) às
Febre, mal-estar, Pode ter icte-
custas de neutro-
8-11 Meses anorexia, perda rícia, epistaxe,
penia (pode ter
VISCERAL Incidioso / ponderal e gengivorrafia,
eosinopenia).
Crônico. aumento do volume petéquias. Além
• Gama-GT (9-10
abdominal. de edema e asci-
• g/dl)
te, causados pela
• TGO, TGP (raro)
hipoalbuminemia.
• VHS e PCR
• Presença de au-
toanticorpos e
imunocomplexos
PACIENTE COM
ESPLENOMEGALIA ATENÇÃO! Fique atento! Em áreas
endêmicas, pacientes com quadro de
febre de evolução crônica, associada
a perda ponderal devem ter a leishma-
niose visceral listada como diagnósti-
PACIENTE COM co diferencial, além de suspeitas mais
ESPLENOMEGALIA comuns como tuberculose, neoplasias
hematológicas e HIV. A presença de
esplenomegalia aumenta significativa-
mente a probabilidade de diagnóstico
de Leishmaniose visceral.
Outros diagnósticos diferenciais para
Leucemias e linfomas pacientes com LV são esquistossomose,
Causas malária, linfoma e histoplasmose.
hematológicas
Mielofibrose
Causas auto-
LES
imunes
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR: O
período de incubação da Leishma- SE LIGA! O que define a manifestação
nia tegumentar é de 1-3 meses. A cutânea da Leishmaniose é principal-
mente a relação entre a resposta imuno-
leishmaniose cutânea inclui diversas
lógica do paciente e o grau de replicação
formas de variação pode ir desde cutâ- da Leishmania. Pacientes com doença
nea difusa, caracterizada por lesões localizada apresentam baixa replica-
cutâneas nodulares disseminadas, ção do protozoário, em virtude de uma
intensa resposta pró-inflamatória Th1,
contendo um grande número de ma- que ativa os macrófagos e reduz a pro-
crófagos infectados com amastigotas. liferação da Leishmania. Pacientes com
Essas lesões nodulares não evoluem lesões difusas, normalmente não apre-
para úlceras, uma vez que a resposta sentam lesões ulcerativas, e sim nódulos
nos quais há grande replicação dos pro-
Th1 protetora não se desenvolve de tozoários, em virtude de um predomínio
forma adequada e a síndrome persis- de resposta Th2 e liberação de citocinas
te indefinidamente; manifestando-se como o IL-4 e IL-10 que apresentam
ações que reduzem a inflamação crô-
na forma de lesões destrutivas crôni-
nica, através de diversos mecanismos,
cas. Nas lesões típicas, que são úlce- como por exemplo uma menor ativação
ras indolores únicas, há evidência de de macrófagos.
uma resposta Th1 intensa, produção Pacientes com imunodeficiências (a
de IL-10 diminuída e baixa resposta mais comum delas sendo em decorrên-
cia de coinfecção pelo HIV) costumam
exógena de IL-10. O mesmo paciente
apresentar resposta imunológica ina-
pode apresentar apenas uma ou múl- dequada, e apresentam riscos maiores
tiplas lesões cutâneas. de desenvolver a forma disseminada da
doença.
Nas lesões ulceradas, pode ocorrer
infecção bacteriana sobreposta, o
que pode dificultar o diagnóstico clíni-
co com base na morfologia da lesão.
O diagnóstico diferencial é bastante
extenso, por isso é muito importante
buscar na história do paciente se ele
mora em região endêmica da doença
e questionar sobre como foi a evolu-
ção da lesão. O diagnóstico diferen-
cial inclui miíase cutânea, pioderma
granuloso, impetigo, liquen simples
crônico, malignidades cutâneas, úlce-
ra tropical, tuberculose cutânea e di-
versas outras lesões cutâneas.
LEISHMANIOSE VISCERAL 13
FORMA CARACTERÍSTICAS
Lesões únicas ou múltiplas indolores, que variam com a espécie e resposta imunológica.
Começa como pápula eritematosa no local da picada dos flebótomos > nódulo > úlcera.
Essa evolução costuma durar algumas semanas. As lesões podem ser úmidas ou secas
CUTÂNEA
(com crosta central). Essas lesões persistem por meses/anos e se curam espontaneamen-
te. Alguns estudos sugerem que a L. braziliensis pode causar linfadenopatia regional,
febre e esplenomegalia antes da lesão aparecer.
CUTÂNEA Mais rara. Começa com uma pápula que não ulcera, formando múltiplos nódulos na face
DIFUSA e extremidade. Progride lentamente e pode persistir por décadas.
Pequena porcentagem dos infectados por L. braziliensis pode desenvolver essa forma.
Atinge nariz, boca, faringe ou laringe. Geralmente aparece após meses/anos da cicatri-
zação da primeira ulcera cutânea. As lesões se caracterizam por uma resposta granulo-
MUCOSA matosa crônica que pode destruir septo nasal ou palato. A leishmaniose mucosa pode
desenvolver formas mais graves da doença, passando a apresentar acometimento da
laringe, que é indicado pela presença de rouquidão, tosse, odinofagia e até mesmo dis-
túrbios ventilatórios obstrutivos.
Figura 2. Ilustração mostra paciente pediátrico apresentando forma mucosa da leishmaniose, associada a infecção
bacteriana superposta. Fonte: Velozo, D., Cabral, A., Ribeiro, M., Motta, J., Costa, I. and Sampaio, R. (2019). Leishmaniose
mucosa fatal em criança.
LEISHMANIOSE VISCERAL 14
Leishmania visceral
Faz-se uma suspeita diagnóstica pre-
suntiva com base na clínica do pa-
ciente, sendo mais difícil na fase ini-
cial e em pacientes com AIDS, que
apresentam quadro clínico atípico. Ou
seja, pensar sempre em calazar se:
Febre associada a esplenomegalia.
A confirmação é feita pela presença
dos amastigotas em tecidos ou com
o isolamento de promastigotas em
cultura. O aspirado do tecido pode
ser realizado no baço (padrão ouro),
medula óssea (menos sensível: 70%),
fígado e linfonodos (quando aumen-
tados). Para a cultura o meio mais uti-
lizado é o NNN, Schneider e LIT, sen-
Figura 3. Lesão Leishmania tegumentar curânea
do que leva cerca de 5-15 dias para
Cecil,2012. as formas promastigotas se prolifera-
ram e o exame positivar (sensibilida-
de de 60%).
6. DIAGNÓSTICO
Apesar de não ser utilizado para fins
REQUISITOS PARA REALIZAR
diagnósticos, o teste intradérmico de ASPIRADO ESPLÊNICO:
Montenegro é usado para triagem. Esplenomegalia > 3 cm
Ele é realizado com extrato de antí- TP > 60%
genos da Leishmania (é semelhante Plaquetopenia > 40 mil
ao PPD), que se baseia na “memó-
ria imunológica” dos linfócitos Th1. O
teste permanece positivo por anos, Pode-se eventualmente visualizar a
mesmo após a resolução do qua- Leishmania no esfregaço de sangue
dro. Entretanto, ele não é reativo em periférico, porém é pouco sensível
pessoas com Leishmaniose visceral. (30%).
Possui melhor resultado na Leishma- Os testes sorológicos são úteis para
nia tegumentar. triagem e apesar de muito sensíveis,
Abaixo, falaremos mais especifica- são pouco específicos, ou seja, sem-
mente sobre cada tipo: pre deve-se confirmar o resultado
LEISHMANIOSE VISCERAL 15
Hepatoesplenomegalia
Agente etiológico:
CLÍNICA
FISIOPATOLOGIA
Leishmania chagasi
Emagrecimento
progressivo e queda
do estado geral
LEISHMANIOSE
Vetor: flebotomíneo VISCERAL Pancitopenia
Anemias, infecções e
hemorragias
Imunoensaios
Sexo masculino Teste de enzimáticos e
Pobreza e baixo nível Montenegro imunofluorescência
socioeconômico
LEISHMANIA TRATAMENTO
Realizar internamento para terapia.
• - Primeira escolha: Anfotericina B (desoxicolato ou lipossomal), sendo a desoxi-
colato 1ª escolha em pacientes com HIV, e a lipossonal 1ª escolha em > 50 anos,
portadores de transplante hepático, renal e/ou cardíaco, portadores de insuficiência
renal crônica e nas gestantes. A dose da anfotericina lisossomal cumulativa deve ser
VISCERAL
de 20mg/kg, no entanto, existem diversos esquemas com diferentes durações, não
existindo evidência de aumento de eficácia entre eles desde que se mantenha a dose
final de 20mg/kg.
• - Segunda escolha: Antimoniais pentavalentes (Glucantime ou Pentostan) 20 mg/
Kg/dia, IV ou IM, por 20-30 dias.
Diagnóstico: Diagnóstico:
• Clínica compatível em Tratamento: • Clínica compatível em
localidade endêmica • Glucatime localidade endêmica;
• Biópsia da borda da lesão • Pentostan • Confirmação laboratorial
• Sorologias costumam ser • Anfotericina B lipossomal por aspirado de baço ou
negativas medula óssea.
LEISHMANIOSE VISCERAL 20
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Cecil, Tratado de Medicina Interna , 25ª Ed., 2016.
Cecil, Tratado de Medicina Interna , 24ª Ed., 2012.
Harrison Medicina Interna, 19ª Ed., 2015.
Gazeta médica da Bahia. 2005; 75:1(Jan-Jun):3-1
Nota Técnica nº 52/2011. Ministério da Saúde, Brasil.
Kumar Saha, A., Mukherjee, T. and Bhaduri, A. (1986). Mechanism of action of amphotericin
B on Leishmania donovani promastigotes. Molecular and Biochemical Parasitology, 19(3),
pp.195-200.
UptoDate, Aronson N.,Cutaneous leishmaniasis: Clinical manifestations and diagnosis.
UptoDate, Bern C., Visceral leishmaniasis: Epidemiology and control.
UptoDate, Bern C., Visceral leishmaniasis: Treatment.
LEISHMANIOSE VISCERAL 22