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MECANISMOS DE

AGRESSAO E DEFESA

PATOGENICIDADE MICROBIANA
Prof. Rodrigo Niskier
Refere-se à capacidade de um microrganismo
causar doenças em um hospedeiro.

É determinada pela presença de mecanismos


PATOGENICIDADE pelos quais o patógeno invade e coloniza o
hospedeiro, além de produzir toxinas e evitar a
resposta imunológica do hospedeiro.

A patogenicidade pode ser influenciada por


fatores genéticos, ambientais e imunológicos.
É a capacidade de um patógeno causar doenças graves
ou até fatais em um hospedeiro.

VIRULÊNCIA Essa característica está relacionada à intensidade dos


danos causados pelo patógeno no hospedeiro e à
rapidez com que esses danos ocorrem.

A virulência é influenciada pela variação de diversos


fatores, como a capacidade de invadir e proliferar em
tecidos, de produzir toxinas ou outros fatores de
virulência, de escapar da resposta imunológica do
hospedeiro, entre outros.
Compreender a patogenicidade é fundamental
para entender as causas das doenças infecciosas
e para desenvolver estratégias eficazes de
prevenção e tratamento.

A identificação de patógenos específicos e a


PATOGENICIDA compreensão de seus mecanismos de
patogenicidade são fundamentais para o
DE diagnóstico e tratamento adequados de
infecções.

A compreensão da patogenicidade também é


importante para desenvolver medidas de controle
de infecções e prevenção de surtos e epidemias.
VÍRUS
• Influenza (gripe)
PATÓGEN • HIV/AIDS
OS • Herpes simplex
• Hepatite B e C
• SARS-CoV-2 (COVID-19)
Fungos
• Candida spp. (causa
PATÓGEN candidíase)
OS • Aspergillus spp. (causa
aspergilose)
• Cryptococcus neoformans
(causa criptococose)
Bactérias
• Escherichia coli (E. coli)
• Staphylococcus aureus (S. aureus)
PATÓGEN • Streptococcus pneumoniae (S.
OS pneumoniae)
• Mycobacterium tuberculosis (M.
tuberculosis)
• Neisseria gonorrhoeae (N.
gonorrhoeae)
Parasitas
• Plasmodium spp. (causa
malária)
PATÓGEN • Entamoeba histolytica (causa
amebíase)
OS • Toxoplasma gondii (causa
toxoplasmose)
• Giardia lamblia (causa
giardíase)
Invasão de
Adesão e
células e
colonização
MECANISMOS tecidos
DE
PATOGENICIDA
DE Evitação da
resposta
Produção de
imunológica
toxinas
do
hospedeiro
ADESÃO E COLONIZAÇÃO
FATORES DE ADESÃO:
•São moléculas na superfície dos patógenos que permitem
que eles se liguem às células do hospedeiro, permitindo a
colonização e infecção.
•Streptococcus mutans: usa fatores de adesão para se
ligar aos dentes e causar cáries dentárias.
•Escherichia coli: usa fatores de adesão para se ligar às
células intestinais e causar infecções gastrintestinais.
ADESÃO E
COLONIZAÇÃO
BIOFILMES:
•São comunidades de microrganismos que
aderem à superfície de um tecido ou material
inanimado e formam uma camada complexa
de matriz extracelular e células.
•Podem proteger os patógenos da resposta
imunológica do hospedeiro, bem como de
agentes antimicrobianos, tornando-os mais
difíceis de eliminar.
BIOFILMES:
• Staphylococcus aureus: produz biofilmes que
permitem que ele se ligue a dispositivos
médicos implantados, como cateteres, e
cause infecções nosocomiais.
ADESÃO E • Pseudomonas aeruginosa: produz biofilmes
COLONIZAÇÃO que permitem que ele se ligue a tecidos
pulmonares em pacientes com fibrose cística
e cause infecções crônicas do trato
respiratório.
• Candida albicans: produz biofilmes que
permitem que ele se ligue às superfícies
mucosas, causando infecções fúngicas orais e
genitais.
É um mecanismo em que os patógenos
conseguem entrar nas células ou
tecidos do hospedeiro, permitindo a
colonização e infecção.
INVASÃO DE
CÉLULAS E
TECIDOS
Este processo pode envolver:
Manipulação dos
Produção de enzimas que Penetração direta nas processos celulares do
degradam os tecidos células hospedeiras hospedeiro para permitir
a entrada do patógeno
INVASÃO DE CÉLULAS E TECIDOS

Shigella spp.: Causa disenteria bacilar por invasão das células intestinais
e destruição da mucosa intestinal.

Salmonella spp.: Invade as células intestinais e é capaz de causar


infecções gastrointestinais.

Mycobacterium tuberculosis: Invade as células do sistema imunológico


do hospedeiro, evitando a resposta imune e causando a tuberculose.
Neisseria gonorrhoeae: invade as células
das membranas mucosas do trato genital,
INVASÃO causando a gonorréia.

DE Streptococcus pyogenes: invade as células


do sistema imunológico e os tecidos do
CÉLULAS hospedeiro, causando infecções como
faringite, escarlatina e celulite.

E TECIDOS Yersinia pestis: invade as células do


sistema imunológico, permitindo que a
bactéria se espalhe pelo corpo e cause a
peste bubônica.
ENDO E EXOTOXINAS

•São substâncias produzidas pelos patógenos que podem ser


liberadas no meio ambiente ou diretamente nas células do
hospedeiro.
•Essas substâncias podem causar danos aos tecidos, alterar as
funções celulares e interferir no sistema imunológico do
hospedeiro.
•As toxinas são classificadas em endotoxinas e exotoxinas.
ENDOTOXINAS

São lipopolissacarídeos que fazem parte


da parede celular de algumas bactérias.
Quando as bactérias são destruídas pelo sistema imunológico
do hospedeiro, as endotoxinas são liberadas na corrente
sanguínea, causando inflamação generalizada e sepse.
ENDOTOXINAS

Escherichia coli:
• Produz a endotoxina lipopolissacarídeo (LPS) em sua
parede celular. A LPS se liga a receptores específicos nas
células do hospedeiro, desencadeando a produção de
citocinas pró-inflamatórias que podem levar à febre,
hipotensão e choque séptico.
ENDOTOXINAS

Salmonella enterica: 
Produz LPS semelhante ao de E. coli e
também secreta uma proteína de porina A LPS e a proteína de porina também
que pode se ligar a receptores de lipídeos estimulam a produção de citocinas pró-
nas células do hospedeiro, permitindo a inflamatórias que podem causar danos
entrada da bactéria nas células aos tecidos e inflamação.
intestinais.
ENDOTOXINAS

Neisseria meningitidis:
A LPS também pode estimular a
Produz LPS com uma estrutura única que produção de citocinas pró-inflamatórias
pode levar à formação de coágulos e danificar as células endoteliais dos
sanguíneos e trombose. vasos sanguíneos, contribuindo para a
meningite meningocócica e a sepse.
ENDOTOXINAS
Pseudomonas aeruginosa: 
• Produz LPS que pode ser tóxico para as células do hospedeiro, causando
danos às membranas celulares e à função mitocondrial.
• A LPS também pode estimular a produção de citocinas pró-inflamatórias
que contribuem para a inflamação crônica e a degradação dos tecidos.
• Além disso, P. aeruginosa secreta uma série de toxinas exoenzimáticas
que podem danificar os tecidos e prejudicar o sistema imunológico do
hospedeiro.
EXOTOXINAS

Elas podem ter vários mecanismos


de ação, incluindo:
São proteínas produzidas por • Inibição da síntese proteica,
algumas bactérias e liberadas no • Alteração da permeabilidade das
meio ambiente ou diretamente nas membranas celulares,
células do hospedeiro. • Ativação ou inibição de enzimas celulares, e
• Interferência no sistema imunológico do
hospedeiro.
EXOTOXINAS

Clostridium tetani: produz a exotoxina


tetânica, que é uma neurotoxina que
Bacillus anthracis: produz a exotoxina
interfere na liberação de
antrotrax, que é uma toxina que afeta a
neurotransmissores inibitórios, levando
sinalização intracelular e leva à
a espasmos musculares generalizados,
destruição dos tecidos hospedeiros,
incluindo o trismo (rigidez na
necrose, edema e potencialmente
mandíbula), opistótono (arqueamento
choque séptico.
do corpo) e risus sardonicus (sorriso
sardônico).
EXOTOXINAS
Escherichia coli enterohemorrágica (EHEC): produz a toxina
Shiga, que é uma toxina que interfere na síntese proteica
das células do hospedeiro, causando lesão em células
endoteliais e podendo levar à síndrome hemolítica-urêmica
(SHU).

Streptococcus pyogenes: produz a toxina pirogênica


estreptocócica, que pode causar febre, rash cutâneo,
choque tóxico estreptocócico e potencialmente necrose da
pele e dos tecidos moles.
EXOTOXINAS

Vibrio cholerae: produz a toxina colérica, que


causa diarreia aquosa intensa em humanos.

Clostridium botulinum: produz a toxina


botulínica, que causa paralisia muscular
progressiva e pode ser fatal.
Corynebacterium diphtheriae: produz a
toxina diftérica, que causa inflamação da
garganta, danos aos nervos e morte
celular.
EXOTOXINAS
Staphylococcus aureus: produz várias
exotoxinas, incluindo a toxina da
síndrome do choque tóxico e a
enterotoxina estafilocócica, que podem
causar uma variedade de doenças,
incluindo infecções respiratórias e
gastrointestinais.
É um mecanismo
utilizado pelos
patógenos para escapar
EVITAÇÃO
do sistema imunológico (EVASÃO) DA
do hospedeiro e RESPOSTA
colonizar, se multiplicar
e persistir no IMUNOLÓGICA
organismo.
EVASÃO DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA

Escape físico: consiste na evasão física dos patógenos do sistema


imunológico, por exemplo, por meio da penetração em células
hospedeiras ou pela formação de biofilmes.

Mimetismo: os patógenos podem se camuflar para evitar o


reconhecimento pelo sistema imunológico, como por exemplo,
por meio da mudança constante de sua aparência ou por meio
da produção de moléculas que se assemelham às do hospedeiro.
•Escape físico: Mycobacterium tuberculosis é
capaz de evitar a ação do sistema imunológico ao
penetrar em células hospedeiras, como os
macrófagos.
•Quando os macrófagos fagocitam a bactéria, ela
EVASÃO DA é capaz de impedir a sua destruição e sobreviver
RESPOSTA no interior das células.
•M. tuberculosis possui uma série de fatores de
IMUNOLÓGICA virulência, incluindo a proteína de antígeno 85
(Ag85), que ajuda na formação de uma parede
celular resistente, e a proteína de secreção ESAT-
6, que desempenha um papel na penetração nos
macrófagos.
Camuflagem: Trypanosoma brucei é capaz de
mudar constantemente sua aparência para
evitar o reconhecimento pelo sistema
imunológico do hospedeiro.

EVASÃO DA Isso é possível porque o parasita possui uma


RESPOSTA grande variedade de genes que codificam para
proteínas de superfície variantes (VSGs), que são
IMUNOLÓGICA capazes de se ligar à superfície da célula
hospedeira.

Quando o sistema imunológico começa a


produzir anticorpos contra uma determinada
VSG, o parasita é capaz de mudar para outro
tipo de VSG para evitar a sua destruição.
EVASÃO DA RESPOSTA
IMUNOLÓGICA

Modulação da resposta
Inibição da resposta imunológica:
imunológica: os patógenos podem
os patógenos podem produzir
modificar a resposta imunológica
moléculas que inibem a resposta
do hospedeiro, por exemplo,
imunológica do hospedeiro,
induzindo uma resposta
impedindo a ação dos anticorpos e
imunológica inadequada ou
dos leucócitos.
suprimindo a resposta imunológica.
Inibição da resposta imunológica: Herpes
simplex vírus é capaz de inibir a resposta
imunológica do hospedeiro através da produção
de uma proteína chamada ICP47.
EVASÃO DA
RESPOSTA
IMUNOLÓGICA
Essa proteína é capaz de se ligar a uma molécula
chamada TAP (transportador associado ao
processamento), que é responsável por
transportar antígenos nas células para serem
apresentados aos linfócitos T.
EVASÃO DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA

•Modulação da resposta imunológica: Plasmodium falciparum, o parasita


causador da malária, é capaz de modificar a resposta imunológica do
hospedeiro para evitar a sua destruição.
•O parasita possui uma série de fatores de virulência que atuam na
modulação da resposta imunológica, incluindo a proteína circumsporozoíta
(CSP), que é capaz de inibir a resposta imunológica celular, e a proteína
PfEMP1, que pode ativar as células T regulatórias, que são responsáveis por
suprimir a resposta imunológica.

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