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-Transmissão direta: de pessoa a pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções
da nasofaringe, havendo necessidade de contato íntimo (residentes da mesma casa, pessoas que
compartilham o mesmo dormitório ou alojamento, comunicantes de creche ou escola, namorado)
ou contato direto com as secreções respiratórias do paciente (espirro, tosse, cuspe, beijo).
Os casos de tuberculose pulmonar com escarro positivo à baciloscopia constituem a
principal fonte de infecção, pois eliminam grande número de bacilos, com maior probabilidade de
desenvolvimento de formas graves da doença, como a meningite.
-Transmissão indireta: veículos de fomeio (objetos ou materiais contaminados)
-A transmissão fecal-oral é de grande importância em infecções por enterovírus
-Transmissão por alimento (moluscos e crustáceos) -> larva.
-Vetor (viral – arbovirus)
Algumas bactérias, como o S. pneumoniae, aderem às células endoteliais dos capilares cerebrais e,
migram através dessas células ou entre elas para atingir o LCS. As bactérias são capazes de se
multiplicarem rapidamente dentro do LCS em virtude da ausência de defesas imunes eficazes por
parte do hospedeiro.
-Agente etiológico:
-Neisseria meningitidis (Meningococo) (25%) Bactéria gram-negativa em forma de coco.
Possui diversos sorogrupos, de acordo com o antígeno polissacarídeo da cápsula. Os mais
frequentes são os sorogrupos A, B, C, W135 e Y. Podem também ser classificados em sorotipos e
subtipos, de acordo com os antígenos protéicos da parede externa do meningococo. Diminuiu com
a vacinação de 11-18 anos, glicoconjugada (sorogrupos A, C, W135 e Y), não contem sorogrupo B
(responsável 33% dos casos)
-Streptococcus pneumoniae (50%): Bactéria Gram-positiva com característica morfológica
esférica (cocos), disposta aos pares. Possui mais de 90 sorotipos capsulares. Causa mais comum
em adultos (> 20 anos), além da coexistência de rinossinusite, otite media, alcoolismo, diabetes,
esplenectomia, hipogamaglobulinemia. Crianças ate 2 anos são mais atingidas.
-Mycobacterium tuberculosis Bacilo não formador de esporos, sem flagelos e que não
produz toxinas. É uma espécie aeróbica estrita, necessitando de oxigênio para crescer e se
multiplicar. Tem a forma de bastonete, medindo de 1 a 4 micra.
-Haemophilus influenzae (<10%) Bactéria gram-negativa que pode ser classificada,
atualmente, em 6 sorotipos (a, b, c, d, e, f), a partir da diferença antigênica da cápsula
polissacarídica. Desprovido de cápsula, encontra-se nas vias respiratórias de forma saprófita,
podendo causar infecções assintomáticas ou doenças não invasivas, tais como: bronquite, sinusites
e otites, tanto em crianças como em adultos.
-Estreptococos do grupo B (15%) ou Streptococcus agalactiae, antigamente responsável
por meningite predominantemente em recém-nascidos, tem sido descrito com frequência cada vez
maior em indivíduos > 50 anos de idade, sobretudo naqueles com doenças subjacentes
-Listeria monocytogenes (10%), S. aureus
As citocinas inflamatórias suprarregulam a expressão das selectinas nas células endoteliais dos
capilares cerebrais e leucócitos, promovendo a aderência dos leucócitos às células endoteliais
vasculares e a sua subsequente migração para o LCS, aumentando a permeabilidade dos vasos
sanguíneos, levando ao extravasamento de proteínas plasmáticas para o LCS, o que intensifica o
exsudato inflamatório. A desgranulação dos neutrófilos resulta liberação de metabólitos tóxicos
que contribuem para o edema citotóxico, e lesão e morte celulares. Os leucócitos que se
acumulam no LCS provavelmente contribuem pouco para a resolução da infecção bacteriana do
LCS.
Durante os estágios bem iniciais da meningite, há aumento do fluxo sanguíneo cerebral, logo
seguido de redução do fluxo e perda da autorregulação cerebrovascular. O estreitamento das
grandes artérias na base do encéfalo, em razão da extensão do exsudato purulento pelo espaço
subaracnóideo, e a infiltração da parede arterial por células inflamatórias acompanhada de
espessamento da íntima (vasculite) também ocorrem, podendo acarretar isquemia e infarto,
obstrução de ramos da artéria cerebral média por trombose, trombose dos principais seios venosos
cerebrais e tromboflebite das veias corticais cerebrais. A combinação de edema intersticial,
vasogênico e citotóxico resulta em elevação da PIC e coma. A herniação cerebral resulta geralmente
dos efeitos do edema cerebral, focal ou generalizado; a hidrocefalia e a trombose dos seios durais
ou das veias corticais também podem estar implicadas.
-Manifestações clínicas (febre, cefaleia e rigidez de nuca): pode ser doença aguda fulminante que
evolui em horas ou infecção subaguda que piora progressivamente ao longo de vários dias. Podem
limitar a nasofaringe ou evoluir para septicemia ou meningite.
Caracteriza-se por febre, cefaléia intensa, náusea, vômito, rigidez de nuca, prostração e confusão
mental, fotofobia, sinais de irritação meníngea, acompanhados de alterações do líquido
cefalorraquidiano (LCR). No curso da doença, podem surgir delírio e coma. Dependendo do grau
de comprometimento encefálico, o paciente poderá apresentar também convulsões, paralisias,
tremores, transtornos pupilares, hipoacusia, ptose palpebral e nistágmo. Casos fulminantes, com
sinais de choque, também podem ocorrer
A irritação meníngea associa-se aos sinais (relacionados a gravidade e associados a idade):
Se for imunocompetente sem história conhecida de traumatismo craniano recente, com nível de
consciência normal e sem evidências de papiledema ou déficits neurológicos focais, é
considerado seguro realizar a PL sem exame de neuroimagem prévio
Bacterioscopia direta (liquor): pode ser realizada a partir do LCR e outros fluidos cosporeos. A
coloração do LCR pela técnica de gram permite com baixo grau de especificidade, caracterizar
morfológica e tintorialmente as bactérias presentes (diplococo gram negativo)
Cultura (liquor, sangue, petequias): pode ser realizada com diversos tipos de fluidos corporais,
principalmente com (LCR), sangue e raspado de lesões petequeais. É considerada padrão ouro para
diagnóstico da doença meningocócica, por ter alto grau de especificidade. Tem como objetivo o
isolamento da bactéria para identificação da espécie, e posteriormente o sorogrupo, sorotipo e
sorossubtipo do meningococo invasivo.
Aglutinação pelo látex (liquor e soro): detecta antígeno bacteriano em amostras de LCR e soro, ou
outros fluidos biológicos. Partículas de látex, sensibilizadas com antissoros específicos, permitem,
por técnica de aglutinação rápida (lamina ou placa), detectar o antígeno bacteriano nas amostras.
Pode ocorrer resultado falso-positivo, em indivíduos portadores de FR ou em reações cruzadas
com outros agentes.
PCR: detecta DNA de N. meningitidis presente nas amostras clínicas (LCR, soro e sangue total).
Também permite a genogrupagem dos sorogrupos do meningococo. Identifica o DNA alvo com
maior sensibilidade e especificidade e em menor tempo de reação.
-Razao glicoraquia/glicemia: se tiver elevada
proteína aumentada
-Tratamento:
Antibioticoterapia
administrada por via
venosa por um período
de 7 a 14 dias, ou até
mais, dependendo da
evolução clínica e do
agente etiológico.
Meningite viral (mais comum criança):
-Agentes etiológicos: enterovírus (incluindo vírus Echo, polio e vírus Coxsackie, além dos
numerosos enterovírus – crianças mais sucetiveis), vírus varicela-zóster (VZV), HSV (HSV-2 > HSV-
1), HIV e arbovírus (meio de vetor).
-Período de inbucao de 7 a 14 dias
-Transmissibilidade: por vias aéreas superiores por períodos de 10 a 15 dias.
Os sinais constitucionais podem consistir em mal-estar, mialgia, anorexia, náuseas e vômitos, dor
abdominal e/ou diarreia. Os pacientes com frequência têm letargia leve ou sonolência;
Alterações mais profundas da consciência, como estupor, coma ou confusão mental acentuada,
não ocorrem na meningite viral e sugerem a presença de encefalite ou de outros diagnósticos
alternativos. Crises convulsivas, sinais ou sintomas neurológicos focais ou anormalidades da
neuroimagem indicativas de envolvimento do parênquima cerebral não são típicos da meningite
viral e sugerem a presença de encefalite ou de outros processos infecciosos ou inflamatórios do
SNC.
-Diagnostico:
Exame LCS: O perfil típico consiste em pleocitose (aumento leucócitos), concentração normal ou
ligeiramente elevada de proteína (0,2-0,8 g/L [20-80 mg/dL]), nível normal de glicose e pressão de
abertura normal ou discretamente elevada (100-350 mmH2O). Não são observados
microrganismos na coloração pelo Gram do LCS. A contagem celular total do LCS na meningite
viral é de 25-500/μL, embora às vezes se observem contagens celulares de vários milhares/μL, em
especial nas infecções devidas ao vírus da coriomeningite linfocitária (VCML) e ao vírus da caxumba.
Normalmente, os linfócitos constituem as células predominantes. Raramente, há o predomínio de
PMNs nas primeiras 48 horas da doença.
-Amplificação do acido nucleico viral pela reação em cadeia de polimerase: mais sensível que
culturas
-Cultura viral: sensibilidade baixa
-Teste sorológicos: continuam sendo um importante instrumento diagnóstico. A determinação de
anticorpos séricos é menos útil para vírus com altas taxas de soroprevalência na população geral,
como o HSV, VZV, CMV e EBV.
-Hemograma completo com contagem diferencial; provas de funções hepática e renal; velocidade
de hemossedimentação (VHS) e proteína C-reativa, eletrólitos, glicose, creatina-quinase, aldolase,
amilase e lipase. Os exames de neuroimagem (de preferência RM, em lugar da TC) não são
absolutamente necessários em pacientes com meningite viral não complicada, porém devem ser
realizados em pacientes com alteração da consciência, crises convulsivas, sinais ou sintomas
neurológicos focais, perfis atípicos do LCS ou tratamentos ou condições subjacentes que causem
imunocomprometimento.
-Manifestações clinicas: cefaleia inexorável, rigidez de nuca, febre baixa e letargia durante dias a
várias semanas antes de se apresentarem para avaliação. Pode haver anormalidades dos nervos
cranianos e sudorese noturna.
A combinação de cefaleia inexorável, rigidez de nuca, fadiga, sudorese noturna e febre com
pleocitose linfocitária e redução leve da concentração de glicose do LCS é altamente suspeita de
meningite tuberculosa.
A PCR para detecção do DNA do M. tuberculosis deve ser realizada com LCS e cultura
O aspecto do líquor, embora não considerado um exame, funciona como um indicativo. O líquor
normal é límpido e incolor, como “água de rocha”. Nos processos infecciosos, aumento de
elementos figurados (células), causando turvação, cuja intensidade varia de acordo com a
quantidade e o tipo desses elemento.
Meningite fungica:
-Manifestações clinicas: assintomática ou febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, dor ao
flexionar o pescoço, sensibilidade à luz (fotofobia), alucinações e alterações da consciência.
Meningite crônica ou subaguda, progressiva e que oferece risco de vida. Acomete mais
imunossuprimidos. Pode ter sintomas de infecção pulmonar.
-Diagnostico: O teste do antígeno polissacarídeo criptocócico é altamente sensível e específico
para a meningite criptocócica. Um antígeno criptocócico reativo no LCS estabelece o diagnóstico. A
detecção do antígeno polissacarídico de Histoplasma no LCS estabelece o diagnóstico de meningite
fúngica, porém não é específica da meningite por H. capsulatum. Pode-se obter um resultado falso-
positivo na meningite por Coccidioides. Foi relatado que a detecção de anticorpos fixadores do
complemento no LCS tem especificidade de 100% e sensibilidade de 75% na meningite por
Coccidioides.
LCR: pleocitose linfocitica (aumento numero de leucócitos), proteína elevada e glicose baixa. Na
meningite por C. immitis, pode haver eosinófilos no LCS.
Meningite parasitaria:
-Sinais e sintomas: febre, dor de cabeça, rigidez de nuca, náusea, vomito, fotofobia, estado mental
alterado.
LCR: pleocitose linfocitica
RN ate 3 meses: protegido pelos anticorpos maternos, transferidos por via transplacentaria, contra
pneumococo meningocócico e hemófilos
Etiologia mais frequente no período neonatal são: Streptpcocus sp e outras espécies de
estreptococos do grupo B, E coli, outros espécies gram-negativos enterobacterias
Em situações clinica e de berçário o S. aureus
Crianças de baixo peso: S. agalactiae ou Listeria monocytogenes
Meningite bacteriana:
Meningite viral: as meningites virais não estão associadas a complicações, a não ser que o
indivíduo seja portador de alguma imunodeficiência.
Meningite parasitaria: a presença de larvas no humor aquoso pode causar perda parcial ou total
da visão. Perda de coordenação e controle muscular, fraqueza/paralisia, coma, deficiência
permanente e morte.
A meningite é uma síndrome que pode ser causada por diferentes agentes infecciosos. É possível,
para alguns, dispor de medidas de prevenção primária, tais como: quimioprofilaxia e vacinas
Imunização: vacinas contra meningite são específicas para determinados agentes etiológicos.
Algumas fazem parte do calendário básico de vacinação da criança, outras estão indicadas apenas
em situações para controle de surto e algumas são indicadas para grupos especiais.
Vacina contra difteria, tétano, coqueluche e H. influenzae tipo b - DTP + Hib (tetravalente)
DTP + Hib previne contra difteria, tétano, coqueluche e as infecções causadas pelo H. influenzae
tipo b, como: meningite, pneumonia, septicemia, otite e outras. Faz parte do Calendário de
Vacinação da Criança. É recomendada para crianças < 1 ano de idade, com esquema de 3 doses,
com intervalo de 60 dias entre as doses (esquema: 2, 4 e 6 meses de idade).
A vacina BCG
Previne contra as formas graves de tuberculose (miliar e meningea). É uma vacina composta de
cepas atenuadas do bacilo Mycobacterium tuberculosis bovis. O esquema recomendado é uma
dose ao nascer, devendo ser administrada o mais precocemente possível, na própria maternidade
ou na sala de vacinação da rede pública de saúde. Se recebeu e não possui cicatriz, indica-se a
revacinação, sem necessidade de realização prévia do teste tuberculínico (PPD).
A quimioprofilaxia, muito embora não assegure efeito protetor absoluto e prolongado, tem sido
adotada como uma medida eficaz na prevenção de casos secundários. Está indicada para os
contatos íntimos de casos de doença meningocócica e meningite por H. influenzae, e para o
paciente, no momento da alta, no mesmo esquema preconizado para os contatos, exceto se o
tratamento da doença foi com ceftriaxona, pois essa droga é capaz de eliminar o meningococo da
orofaringe.
A droga de escolha para a quimioprofilaxia é a rifampicina, que deve ser administrada em dose
adequada e simultaneamente a todos os contatos íntimos, preferencialmente até 48 horas da
exposição à fonte de infecção, sendo considerados o prazo de infectibilidade e o período de
incubação da doença. O uso restrito da droga visa evitar a seleção de estirpes resistentes de
meningococos.
Em < de 1 ano, atualmente é utilizada a vacina Tetravalente e não mais a Hib. Portanto, nas
meningites por H. influenzae, para crianças contato não vacinadas menores de 1 ano, vacinar, e
quimioprofilaxia para todos os contatos domiciliares adultos. Gestantes, rifampicina utilizada para
quimioprofilaxia, pois não há provas que a rifampicina possa apresentar efeitos teratogênicos.
Notificação:
Compulsória, sendo os surtos e os aglomerados de casos ou óbitos de notificação imediata. Todos os casos
suspeitos ou confirmados devem ser notficados às autoridades competentes, por profissionais da área de
assistência, vigilância e pelos de laboratórios públicos e privados, por intermédio de contato telefônico, fax,
e-mail ou outras formas de comunicação. A notificação deve ser registrada no Sistema de Informação de
Agravos de Notificação (Sinan), por meio do preenchimento da Ficha de Investigação de Meningite.
Isolamento: prevenir casos secundários entre contatos próximos de um ssuspeito e entre crianças e
adolescentes. Isolamento do paciente indicado apenas nas primeiras 24h do tratamento com antibiótico
adequado.