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Infecções estafilocócicas

Introdução
O gênero Staphylococcus constitui um dos principais grupos bacterianos
presentes na microbiota de seres humanos, sendo encontrado na pele
(GAO et al., 2010), conjuntiva (DONG et al., 2011), cavidades nasais (FRANK
et al., 2010), intestinos (SANNASIDDAPPA et al., 2011) e o trato urinário em
menor proporção (RUPP; SOPER; ARCHER, 1992). Esses micro-organismos
se apresentam como cocos Gram-positivos, distinguindo-se de outros
gêneros também presentes na microbiota com morfologia celular
semelhante (Streptococcus e Enterococcus) pela prova positiva da
catalase. Ao menos, 60 espécies e subespécies de Staphylococcus foram
descritos na literatura, além de apresentar 15 subgrupos
genealogicamente e filogeneticamente estritamente relacionados
(LAMERS et al., 2012).
O espectro de doenças causadas por representantes do gênero é
principalmente devido ao caráter oportunista das infecções. Apesar de
pertencer a microbiota, esses micro- organismos passam a expressar
potencial patogênico devido a sua translocação do sítio habitual de
colonização, acarretando em importantes processos infecciosos. A espécie
S. aureus é a mais virulenta do gênero, podendo acometer indivíduos
adultos imunocompetentes sem nenhum fator de risco, levando ao
desenvolvimento de abcessos, celulite, infecções de pele e tecidos moles,
osteomielite, fascite necrotizante entre outras doenças (DHANOA et al.,
2012). Esse patógeno detém um poderoso arsenal de virulência, que
permite que isolados bacterianos possam se ancorar, persistir, evadir e
destruir as defesas do hospedeiro. Além disso, a aquisição de genes de
resistência a diversas classes de antimicrobianos, especialmente aos beta-
lactâmicos pela aquisição do gene mecA que codifica uma proteína
ligadora de penicilina de baixa afinidade (do inglês penicillin-binding
protein PBP2A) (GORDON;
LOWY, 2008), tornou-se um problema de saúde pública, devido a escassez
de opções terapêuticas para o tratamento de infecções severas adquiridas
no meio hospitalar e comunitário (MERTENS et al., 2012).
Isolados bacterianos de S. epidermidis, a principal espécie do grupo dos
Staphylococcus coagulase-negativos (SCoN), se encontram amplamente
distribuídos como parte da microbiota normal de hospedeiros humanos,
podendo ser comumente encontrados colonizando axilas, cabeça e
narinas. Diferentemente de S. aureus, que apresenta mecanismos de
virulência específicos que permitem a infecção, S. epidermidis é descrito
como um patógeno oportunista que pode causar doenças significativas
quando a barreira epitelial do hospedeiro apresenta algum
comprometimento, principalmente pelo uso invasivo de dispositivos
médicos como próteses articulares e cateteres intravasculares.
Geralmente, essas infecções são de caráter crônico e relacionadas à
formação de biofilme, caracterizando o principal fator de virulência dessa
espécie (OTTO, 2012)

Staphylococcus saprophyticus
Dentre os cocos Gram-positivos, as infecções por S. saprophyticus é a
segunda causa de infecções de trato urinário adquiridas na comunidade,
afetando principalmente um grupo restrito de pacientes: mulheres jovens
e sexualmente ativas (MINARDI et al., 2011). Esse micro-organismo
apresenta características singulares que permitem que seja descrito como
um dos únicos representante do gênero Staphylococcus capaz de levar a
quadros de cistite por seus mecanismos de virulência. Outros isolados
bacterianos, principalmente do grupo dos SCoN, podem causar ITU,
entretanto, o processo infeccioso é freqüentemente correlacionado com
pacientes hospitalizados que estão em uso de dispositivos médicos, como
o uso de cateteres urinários (KURODA et al., 2005).
A espécie em questão é frequentemente isolada da região perianal, o que
faz com estes micro-organismos estejam mais envolvidos em infecções
do trato urinário, principalmente em mulheres jovens e sexualmente
ativas (WIDERSTRÖM et al., 2012). Além disso, é o segundo mais
importante, seguido somente por Escherichia coli, causador de ITU não
complicadas em mulheres. Algumas complicações mais severas podem
ocorrer, como pielonefrite aguda, septicemia, nefrolitíase e endocardite.
No sexo masculino, ITU por S. saprophyticus são menos frequentes,
entretanto, podem acometer homens de todas as idades. Nestes
pacientes, podem ocorrer uretrite, epididimite e prostatite (RAZ;
COLODNER; KUNIN, 2005).

P143c
Paim, Thiago Galvão da Silva
Caracterização fenotípica e análise de fatores de virulência em
Staphylococcus saprophyticus / Thiago Galvão da Silva Paim. – 2013.

Por 

Larry M. Bush
, MD, FACP, Charles E. Schmidt College of Medicine, Florida Atlantic
University;

Maria T. Vazquez-Pertejo
, MD, FACP, Wellington Regional Medical Center

Última modificação do conteúdo mar 2021


Doenças causadas por Staphylococus:

Os estafilococos causam doença por

 Invasão direta do tecido

 Algumas vezes, pela produção de exotoxina

Invasão tecidual direta é o mecanismo mais comum para a


doença estafilocócica, incluindo:
 Infecções cutâneas
 Pneumonia
 Endocardite
 Osteomielite
 Artrite infecciosa (séptica)
Múltiplas exotoxinas são algumas vezes produzidas
por estafilococos. Algumas agem localmente; outras
desencadeiam a liberação de citocinas por certas
células T, causando sérios efeitos sistêmicos,
incluindo lesões cutâneas, choque, falência de órgãos
e morte. A leucocidina de Panton-Valentine (LPV) é
uma toxina produzida por cepas infectadas por um
bacteriófago específico. LPV está normalmente
presente em cepas comunitáriasde S.
aureus resistentes à meticilina e (SARM-AC) e
acreditava-se que mediava a capacidade de provocar
necrose; mas esse efeito não foi comprovado.
As doenças estafilocócicas mediadas por toxinas são:

o Síndrome do choque tóxico


o Síndrome estafilocócica da pele escaldada
o Intoxicação alimentar por estafilococos
As doenças listadas abaixo são discutidas
em mais detalhes em outras partes deste
Manual.

Bacteremia estafilocócica
Bacteremia por S. aureus  , que frequentemente provoca focos
metastáticos de infecção, pode ocorrer com qualquer infecção
por S. aureuslocalizada, mas é particularmente comum com
infecção relacionada a cateteres intravasculares ou outros
corpos estranhos. Pode ocorrer também sem qualquer outro
local primário óbvio. S. epidermidis e outros estafilococos
coagulase-negativos provocam cada vez mais bacteremias de
aquisição hospitalar associadas a cateteres e a outros corpos
estranhos porque podem formar biofilmes nestes materiais.
Bacteremia estafilocócica é uma causa importante de
morbidade (especialmente prolongamento da hospitalização) e
mortalidade em pacientes debilitados.
Infecções cutâneas estafilocócicas
Infecções cutâneas são as formas mais
comuns da doença estafilocócica. Infecções
superficiais podem ser difusas, com
pústulas vesiculares e formação de crostas
(impetigo) ou, às vezes, celulite focal ou com
abscessos nodulares (furúnculos e
carbúnculos). Abscessos cutâneos
profundos são comuns. Podem ocorrer
graves infecções cutâneas necrosantes .

Os estafilococos estão habitualmente implicados em infecções


de feridas e queimaduras, infecções em incisões cirúrgicas
e mastite ou abscesso de mama em mulheres que amamentam.
Infecções neonatais estafilocócicas
Infecções neonatais geralmente aparecem 6 semanas após o
nascimento e incluem:

 Lesões cutâneas com ou sem esfoliação

 Bacteremia
 Meningite
 Pneumonia
Pneumonia estafilocócica
A pneumonia comunitária não é comum, mas pode se
ocorrer nos pacientes que

o Têm influenza

o Estão recebendo corticoides ou


imunossupressores

o Têm doenças broncopulmonares crônicas


ou outras doenças de alto risco

A pneumonia estafilocócica  pode ser uma infecção


primária ou resultar da disseminação hematogênica
da infecção por S. aureus em outras partes do corpo
(p. ex., infecção do cateter IV endocardite, infecção de
tecidos moles) ou uso de drogas injetáveis.
Contudo, S. aureus é uma causa comum
de pneumonia intra-hospitalar , inclusive
na pneumonia associada à ventilação mecânica .
A pneumonia estafilocócica é caracterizada
ocasionalmente pela formação de abscessos
pulmonares seguidos de rápido desenvolvimento de
pneumatoceles e empiema. SARM-AC muitas vezes
provoca pneumonia necrosante grave.

Endocardite estafilocócica
A endocardite desenvolve-se particularmente em
usuários de drogas intravenosas e em pacientes com
próteses valvares. Devido ao uso de cateteres
intravasculares e ao aumento do implante de
dispositivos cardíacos, o S. aureustornou-se uma das
principais causas de endocardite bacteriana.
A endocardite por S. aureus é uma doença febril
aguda frequentemente acompanhada por abscessos,
fenômenos embólicos, pericardite, petéquias
subungueais, hemorragia subconjuntival, lesões
purpúricas, sopros cardíacos, abcesso perivalvular,
defeitos de condução e insuficiência cardíaca
secundária à lesão valvar cardíaca.
Osteomielite estafilocócica
Osteomielite ocorre mais comumente em crianças e
provoca calafrios, febre e dor sobre o osso envolvido.
Posteriormente, os tecidos moles sobrepostos
tornam-se eritematosos e edemaciados. Infecção
articular pode ocorrer e na maioria das vezes resulta
em derrame, sugerindo artrite séptica e não
osteomielite. A maioria das infecções dos discos
intervertebrais e vertebrais em adultos é por S.
aureus.
Artrite infecciosa estafilocócica
A infecção geralmente chega às articulações por via
hematogênica, mas a causa da infecção também pode
ser a extensão de uma infecção óssea, trauma ou
infecção direta durante cirurgia articular. Articulações
protéticas são particularmente propensas a infecções.
Em geral, infecção estafilocócica de uma articulação
protética nos meses após o implante foi adquirida
durante a cirurgia, e infecções que ocorrem mais de
12 meses após a cirurgia são provavelmente por
disseminação hematogênica. Entretanto, as infecções
ainda podem ser secundárias a organismos que
foram inadvertidamente introduzidos no momento
do implante e permaneceram inativos e então se
tornaram clinicamente evidentes alguns meses mais
tarde.
Síndrome do choque tóxico estafilocócico
Síndrome do choque tóxico estafilocócico  pode
resultar do uso de tampões vaginais ou complicar
qualquer tipo de infecção por S. aureus (p. ex.,
infecção da ferida pós-operatória, infecção de uma
queimadura, infecção da pele). Embora a maioria dos
casos tenha ocorrido por S. aureussuscetível à
meticilina (SASM), os casos decorrentes de SARM
estão se tornando mais frequentes.
Síndrome estafilocócica da pele escaldada
A síndrome estafilocócica da pele escaldada , que é
causada por várias toxinas chamadas de esfoliantes, é
uma dermatite esfoliativa de crianças, caracterizada
por grandes bolhas e descolamento da camada
externa da pele. Eventualmente, pode ocorrer
esfoliação. A síndrome da pele escaldada ocorre mais
comumente em lactentes e crianças < 5 anos.

Intoxicação alimentar por estafilococos


A intoxicação alimentar por estafilococos é causada pela
ingestão de uma enterotoxina pré-formada resistente ao calor.
Os alimentos podem ser contaminados por portadores de
estafilococos ou pessoas com infecções cutâneas. Em alimentos
malcozidos ou deixados à temperatura ambiente, os
estafilococos se multiplicam e produzem enterotoxina. Muitos
alimentos podem servir como meio de crescimento e, apesar da
contaminação, apresentam gosto e odor normais. Náuseas e
vômitos intensos começam de 2 a 8 horas após a ingestão,
seguidos de cólicas abdominais e diarreia. O episódio é breve,
com duração < 12 horas.

Prevenção:

Precauções assépticas (p. ex., mãos cuidadosamente lavadas


entre o atendimento dos pacientes e esterilização do
equipamento compartilhado) ajudam a diminuir a disseminação
em instituições. Procedimentos de isolamento estrito devem ser
utilizados em pacientes que alberguem micróbios resistentes
até que suas infecções sejam curadas. Um portador nasal
assintomático de S. aureus não necessita ser isolado, a menos
que a cepa seja SARM ou a fonte suspeita de uma epidemia. O
Centers for Disease Control and Prevention recomenda colocar
pacientes colonizados ou infectados por SARM em quartos
privados e tomar precauções de contato em ambientes de
cuidados hospitalares agudos e usar procedimentos rigorosos
de isolamento (ver Strategies to Prevent Hospital-onset
Staphylococcus aureus Bloodstream Infections in Acute Care
Facilities.)
O S. aureus recorre em até 50% dos portadores e
frequentemente se torna resistente. Para certos portadores de
SARM (p. ex., pacientes aguardando cirurgias ortopédicas,
vasculares e cardiovasculares), alguns especialistas
recomendam a descolonização nasal com pomada de
mupirocina 2 vezes ao dia por 5 a 10 dias e esquemas de
descolonização corporal tópicos com solução antisséptica
cutânea (p. ex., clorexidina) ou banhos diluídos com água
sanitária (cerca de 5 mL/L) durante 5 a 14 dias.
Em geral, só se recomenda terapia antimicrobiana oral para
tratamento da infecção ativa.
Diretrizes multidisciplinares para profilaxia antibiótica antes de
certos tipos de cirurgia sugerem que a maioria dos pacientes
pode ser tratada com uma dose única de um antibiótico
administrada um pouco antes da cirurgia (1). Mas se a
colonização recidivar apesar dos tratamentos tópicos, os
médicos devem considerar o uso rifampicina com cloxacilina,
dicloxacilina, sulfametoxazol-trimetoprima (SMX-TMP) ou
ciprofloxacino, dependendo da sensibilidade. Se SARM for
identificado por meio de cultura de swab nasal, deve-se utilizar
vancomicina.
A intoxicação alimentar por estafilococos pode ser prevenida
pela preparação adequada dos alimentos. Os pacientes com
infecções cutâneas por estafilococos não devem manusear
alimentos e estes, por sua vez, devem ser consumidos
imediatamente ou refrigerados, não devendo ser mantidos à
temperatura ambiente.

Referência sobre prevenção


 1. File TM Jr : New guidelines for antimicrobial prophylaxis
in surgery. Infect Dis Clin Pract21(3):185–186, 2013. doi:
10.1097/IPC.0b013e3182905630
 ASPECTOS MORFOLÓGICOS

 O Staphylococcus aureus é uma bactéria esférica, aeróbia ou


anaeróbia facultativa, gram positiva que cresce na forma de cachos
de uva. Essa bactéria é considerada pelos médicos um problema, já
que, além de provocar infecções, costumam ser encontradas na pele
de até 15% dos seres humanos.

 É comum termos em nosso organismo, como pele, boca, nariz,


intestino, colônias de bactérias que não nos causam doenças, mas é
importante frisar que essas bactérias não causam doenças somente
enquanto permanecem restritas a esses locais, pois as colônias são
verdadeiros reservatórios de bactérias prontas para invadir o corpo
todas as vezes que o sistema imunológico estiver fragilizado.
 MORAES, Paula Louredo. "Características da bactéria
Staphylococcus aureus"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/staphylococcus-aureus.htm.
Acesso em 04 de setembro de 2022.

Staphylococus epidermis

S. epidermidis – a espécie
Os estafilococos são colonizadores bacterianos comuns da pele e
membranas mucosas de humanos e outros mamíferos 4 . S. epidermidis em
particular é a espécie mais frequentemente isolada do epitélio
humano. Coloniza predominantemente axilas, cabeça e narinas 5 . A análise
do genoma de S. epidermidis indicou que a espécie está bem equipada com
genes que supostamente fornecem proteção contra as condições adversas
encontradas em seu habitat natural 9 , 10 . Por exemplo, para lidar com
extremos de concentração de sal e pressão osmótica, S. epidermidis possui
oito trocadores de íons/prótons de sódio e seis sistemas de transporte para
osmoprotetores 9 .
O S. epidermidis pertence ao grupo dos estafilococos coagulase-negativos
(CoNS), que se distingue dos estafilococos coagulase-positivos, como o S.
aureus , por não possuir a enzima coagulase. A espécie apresenta um alto
grau de diversidade com 74 tipos de sequência identificados (STs) 6 . A
maioria dos isolados pertence ao complexo clonal (CC) 2, que compreende
o ST2 mais frequentemente isolado. Possivelmente, o sucesso da
disseminação de ST2 pode ser devido ao fato de que todos os isolados de
ST2 contêm sequências de inserção IS256 e genes ica  7 , dois fatores
encontrados correlacionados com a invasividade de S.
epidermidis  13 – 16 . Além disso, a maioria dos isolados ST2 mostra in
vitrocapacidade de formar biofilmes 7 . A informação do genoma está
disponível para duas cepas de S. epidermidis : o biofilme negativo
ATCC12228 8 e o biofilme-positivo isolado clínico RP62A 9 . É importante
notar que nenhuma sequência genômica está disponível ainda para um
isolado do ST2 mais frequentemente encontrado e potencialmente mais
invasivo.

Um patógeno oportunista
Como parte da microflora epitelial humana, S. epidermidis geralmente tem
uma relação benigna com seu hospedeiro. Além disso, foi proposto que S.
epidermidis pode ter uma função probiótica ao prevenir a colonização de
bactérias mais patogênicas, como S. aureus  17 . No entanto, não há
evidências claras indicando que S. epidermidis secreta fatores que afetam a
colonização de outros microrganismos in vivo .
Em contraste com a informação relativamente escassa sobre o estilo de vida
não infeccioso de S. epidermidis , as infecções por S. epidermidis e os
mecanismos pelos quais S. epidermidispromove a doença ganharam muito
interesse. Entre os SCN, S. epidermidisclaramente causa o maior número
de infecções 2 , 9 . Na microbiologia clínica, os ECN muitas vezes não são
mais especificados, pois o principal interesse é fazer uma distinção entre S.
aureus e outros estafilococos. No entanto, com base em relatos que
realizaram a identificação de espécies 1 , 5 , pode-se supor que a grande
maioria das infecções não especificadas por ECN se deve aS.
epidermidis . Particularmente, o S. epidermidis representa o agente
causador mais frequente envolvido com infecções de qualquer tipo de
dispositivos médicos de longa permanência, como cateteres intravenosos
periféricos ou centrais (CVCs) 9 . Essas infecções geralmente começam
com a introdução de bactérias da pele do paciente ou do pessoal de saúde
durante a inserção do dispositivo e aumentaram em número provavelmente
devido ao aumento do uso desses dispositivos 1 , 18 . S. epidermidis agora é
responsável por pelo menos 22% das infecções da corrente sanguínea em
pacientes de unidade de terapia intensiva nos EUA, que ocorrem em pelo
menos 4-5/1.000 inserções de CVC 1 , 18. Além da abundância de S.
epidermidis na pele, essa alta frequência provavelmente se deve a
mecanismos elaborados para colonizar as superfícies dos cateteres, que
serão discutidos posteriormente neste artigo. Além disso, o S.
epidermidis pode estar envolvido em infecções de próteses articulares,
enxertos vasculares, sítio cirúrgico, shunt do sistema nervoso central e
dispositivos cardíacos 9 . Por último, mas não menos importante, perdendo
apenas para o S. aureus , o S. epidermidis causa ~ 13% das infecções por
endocardite de prótese valvar (EVP), com alta taxa de abscessos
intracardíacos (38%) e 24% de mortalidade 10 . No entanto, PVE e outras
complicações graves são raras entre S. epidermidisinfecções, que em
conjunto podem ser caracterizadas como predominantemente subagudas e
crônicas.
O fato de S. epidermidis geralmente não causar infecções graves levanta a
interessante questão de por que é vantajoso para essa espécie – em
oposição ao seu primo virulento S. aureus – manter um baixo nível de
virulência. Massey et ai. desenvolveram um modelo matemático
delineando que, para uma cepa com alto nível de transmissão
assintomática, como S. epidermidis , as cepas avirulentas superam as cepas
virulentas - em contraste com S. aureus , para a qual a transmissão
assintomática é baixa e as cepas virulentas superam as cepas virulentas.
cepas avirulentas 11 . Este modelo é baseado na suposição de que S.
epidermidis é mais facilmente transmissível do que S. aureus. Os autores
explicam isso por (i) a colonização generalizada de S. epidermidisno
epitélio humano, enquanto S. aureuscoloniza quase exclusivamente as
narinas, (ii) colonização de todos os humanos com S. epidermidis em
contraste com S. aureus , que é apenas encontrados em alguns indivíduos, e
(iii) fatores genéticos específicos envolvidos na colonização e interferência
bacteriana, como sinais de quorum-sensing de inibição cruzada ( Quadro
1 ). No entanto, embora a interferência de quorum-sensing favoreça pelo
menos um subtipo de S. epidermidissobre S. aureus in vitro  21 , 22 , não há
evidências de que ela desempenhe um papel in vivo  17.
Nat Rev Microbiol. Manuscrito do autor; disponível no PMC 2010 em 1º
de agosto.
Publicado na forma final editada como:
Nat Rev Microbiol. 2009 agosto; 7(8): 555-567.

doi:  10.1038/nrmicro2182 MICHAEL OTTO. Staphylococcus epidermidis –


o patógeno “acidental”

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