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Antracnose do feijoeiro comum 357

12 Antracnose do feijoeiro comum


Adriane Wendland Ferreira, Murillo Lobo Junior

1. Introdução
A antracnose é historicamente uma das doenças mais impor-
tantes e cosmopolitas na cultura do feijoeiro. Devido a fácil dis-
seminação, os danos podem alcançar 100% em áreas com culti-
vares suscetíveis, uma vez que o cultivo do feijoeiro comum no
Brasil envolve desde pequenos cultivos para consumo próprio
até grandes áreas empresariais. Além disso, a doença causa man-
chas e lesões nos grãos, depreciando a qualidade do produto.
Dias nublados com temperaturas moderadas e alta umidade são
favoráveis à infecção das plantas pelo fungo, evidenciando a
maior ocorrência da doença em regiões de clima temperado e
subtropical. Por isso, no Brasil, os registros mais frequentes de
antracnose têm sido nos estados da região Centro-Sul e regiões
serranas onde se cultiva o feijão, apesar da doença ocorrer em
todas as regiões produtoras do País (WENDLAND, LOBO
JUNIOR; FARIA, 2018).

2. Importância econômica
A antracnose possui ampla distribuição pelo mundo, regis-
trada em diversos países da África, América, Ásia, Europa e
Austrália, onde provoca prejuízos de ordem econômica. No
Brasil, ela ocorre em diferentes regiões produtoras em todos os
estados do país em que se cultiva feijão sob condições favorá-
veis à doença.
Caso a cultivar seja suscetível e plantada em regiões com
ambiente favorável ao desenvolvimento da doença, a antracnose
pode ocorrer em qualquer época de plantio e causar redução de
produtividade em até 100%, além de comprometer a qualidade
dos grãos produzidos (SARTORATO; RAVA, 1994).
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O controle químico com a pulverização com fungicidas não deve ser o


único método de controle. Quando corretamente utilizado, o controle quí-
mico tem se mostrado eficiente. Porém, o seu uso excessivo, como ocorre
atualmente no país, onde são feitas de cinco a sete aplicações durante a
safra, faz com que o fungo aumente sua variabilidade e possa se tornar
resistente, reduzindo a eficiência de ingredientes ativos e aumentando so-
bremaneira o custo de produção a cada ano. Essa prática de pulverização
excessiva causa impactos negativos no ambiente e na saúde pública. Por-
tanto, não é sustentável usar fungicidas incluindo novas moléculas como
única estratégia de controle, tornando-se ineficiente em curto prazo, princi-
palmente em virtude da ampla variabilidade apresentada por C.
lindemuthianum.
O custo de uma aplicação de fungicidas varia em função do produto a
ser utilizado, mas fica, em média, em R$ 150,00 por hectare. Considerando
que são realizadas de cinco a sete pulverizações com fungicidas durante a
safra, e considerando os demais gastos com hora-máquina e hora-homem,
o controle químico da antracnose pode custar em média até R$ 900,00/ha
por safra.
O custo de aquisição de sementes de cultivares resistentes e certificadas
(de comprovada qualidade sanitária), é de R$ 8,00/kg. Como são utilizados
60 kg/ha em média, são gastos aproximadamente R$ 500,00/ha com a aqui-
sição de sementes sadias e resistentes à doença. Além da redução do custo
de produção, a sua adoção também contribui para a preservação do meio
ambiente.

3. Sintomas
A doença pode afetar toda a parte aérea da planta. Os sintomas sur-
gem inicialmente nas folhas, com lesões alongadas acompanhando as
nervuras principais, na face inferior das folhas, de cor escura. Nas fo-
lhas, as lesões ocorrem com maior frequência na face abaxial mas po-
dem ocorrer também na face adaxial. A presença de áreas necrosadas
nas nervuras é um sintoma característico da doença (Figura 1). A forma
e cor das lesões nas folhas variam, geralmente são alongadas ou angu-
losas, de coloração vermelha a marrom. Nas vagens a infecção ocorre
com lesões de forma arredondada como cancros deprimidos, que são
típicas e distinguíveis das demais doenças: deprimidas, circundadas por
um anel preto meio saliente e o centro mais claro, que pode apresentar
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uma coloração rosada onde ficam os acérvulos com os esporos, que são
os propágulos da doença (Figura 2). Em vagens recém-formadas, o ex-
cessivo número de lesões pode ocasionar o enrugamento e encurtamen-
to das vagens, levando-as à seca e queda. Em condições favoráveis,
podem aparecer sinais típicos do patógeno sobre as lesões, ou seja,
massas de conídios rosadas a alaranjadas visíveis a olho nu, facilitando
a diagnose da doença. No hipocótilo, as lesões ocorrem em forma de
manchas pontuais de aspecto ferruginoso e irregular que podem evoluir
para lesões deprimidas, ocasionando necrose e deformação do hipocótilo.
O patógeno também é capaz de infectar as sementes, provocando sinto-
mas como a descoloração e formação de lesões escuras no tegumento
ou mesmo nos cotilédones.

4. Etiologia
A antracnose do feijoeiro é causada pelo fungo Colletotrichum
lindemuthianum, cuja fase perfeita corresponde ao ascomiceto Glomerella
cingulata f. sp. phaseoli, raramente encontrado na natureza e desta forma a
contribuição da reprodução sexual na variabilidade genética deste fungo
em condições de campo deve ser pequena. Este fungo também é patogênico
a outras espécies de fabáceas como P. lunatus, P. acutifolius, P. coccineus,
Vigna unguiculata e Vicia faba (SARTORATO; RAVA, 1994).
Colletotrichum lindemuthianum é um fungo mitospórico, pertence à
classe dos Deuteromicetos, ordem Melanconiales e família
Melanconiaceae. Produz micélio septado e hialino e colônias com colo-
ração rosada na maioria dos casos, e à medida que envelhece, varia de
hialina a quase negra. Os conídios produzidos são unicelulares, hialinos e
geralmente de formato cilíndrico e oblongo, de dimensões que variam de
2,0 a 6,0 µm por 10-20 µm. Normalmente, apresentam na parte central
uma área clara semelhante a um vacúolo. Um conídio, ao germinar, pode
emitir de um a quatro tubos germinativos, sendo mais frequente dois, os
quais formam apressórios em seus ápices por ocasião da penetração no
hospedeiro. A produção de conídios ocorre em conidióforos dentro de
acérvulos setados, que são os corpos de frutificação do patógeno, e em
condições favoráveis à doença, o patógeno esporula abundantemente,
formando uma massa de conídios de cor rosada a alaranjada, típica da
doença. As setas presentes nos acérvulos apresentam setas e coloração
escura.
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5. Epidemiologia
A germinação dos conídios e infecção dos tecidos (cutícula e epiderme
do hospedeiro) é favorecida por temperaturas moderadas (15ºC a 22ºC) e
elevada umidade relativa do ar, acima de 95% e precipitação frequente,
com a presença de água livre sobre os tecidos suscetíveis. Temperaturas
superiores a 30oC e inferiores a 13oC limitam tanto a infecção como o de-
senvolvimento do fungo. Para que a antracnose ocorra, é necessário que as
condições ambientais sejam favoráveis por um período de pelo menos seis
horas (Dalla Pria et al., 2003), onde períodos contínuos de 18 a 24 horas
favorecem o progresso rápido da doença. Períodos alternados de umidade e
seca são prejudiciais ao desenvolvimento do patógeno (TU, 1983), mas
não tem efeito prático sobre infecções já iniciadas.
A sobrevivência de C. lindemuthianum ocorre em sementes, restos ve-
getais presentes no solo e hospedeiros alternativos. Estes meios de sobre-
vivência mantêm o inóculo primário da doença entre as épocas de culti-
vo. A associação de água de chuva e ventos é a principal forma de disse-
minação do patógeno a curtas distâncias e a semente, a principal via de
disseminação a longas distâncias. Máquinas e implementos agrícolas, in-
setos e a movimentação de pessoas dentro da lavoura também podem
disseminar o patógeno. O fungo sobrevive no solo associado a restos de
cultura por um a dois anos caso existam condições para sua degradação
lenta, mas a maior fonte de inóculo, do ponto de vista epidemiológico,
são as sementes contaminadas que constituem sua via de sobrevivência e
disseminação mais importante. O inóculo que sobrevive em restos cultu-
rais de um ano para o outro podem iniciar epidemias da antracnose
(DILLARD; COBB, 1993).
O fungo C. lindemuthianum apresenta ampla variabilidade genética, o
que dificulta a obtenção de variedades que possuem resistência durável no
campo, com mais de 90 patótipos já identificados no mundo e cerca de 60
somente no Brasil (ALZATE-MARIN; SARTORATO, 2004; MAHUKU;
RIASCOS, 2004; ARRUDA, 2009).
A doença pode ser quantificada em lavouras comerciais ou em experi-
mentos em campo por meio da escala diagramática que representa os sin-
tomas foliares com tecidos necrosados resultantes da ação do patógeno
nas nervuras até atingir um máximo de 24,0%. É possível encontrar ní-
veis de severidade acima deste valor, mas devido à senescência rápida e
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desfolha o fato não é comum. Com relação às vagens, SCHOONHOVEN;


e PASTOR-CORRALES (1987) recomenda que as avaliações sejam fei-
tas entre os estágios R6 e R8, com a seguinte escala: 1 = ausência de
sintomas; 3 = presença de poucas e pequenas lesões, em especial na nervura
principal das folhas ou na vagem, em +/- 1% da área; 5 = ocorrência de
várias lesões pequenas no pecíolo ou nervura principal e secundária, na
face inferior das folhas. Nas vagens, lesões pequenas menores que 2 mm
em diâmetro cobrem no máximo 5% da sua superfície; 7 = muitas lesões
grandes na face inferior das folhas e já visíveis na superior. Nas vagens
lesões de tamanho médio maiores que 2 mm e grandes com esporulação
cobrem cerca de 10% da área; 9 = necrose severa em mais de 25% dos
tecidos de folhas, pecíolos, hastes, ramificações e também de pontos de
crescimento, resultando em morte de tecidos. Muitas lesões grandes e
esporulando resultam em má formação de vagens, pequeno número de
sementes e morte da vagem.
Para avaliação de resistência à antracnose ou de tratamentos diversos
em ambientes controlados, uma escala de notas de 1 a 9 elaborada por
RAVA et al., (1993) pode ser aplicada considerando como plantas resisten-
tes as que recebem notas de 1 a 3, e moderadamente resistentes as avaliadas
com notas de 3,1 a 6. As plantas suscetíveis recebem 6,1 a 9.
Especificamente, a escala de Rava et al., (1993) atribui notas: 1 - Au-
sência de sintomas; 2 - Até 1% das nervuras apresentando mancha
necróticas, perceptíveis apenas na face inferior das folhas; 3 - Maior
frequência dos sintomas foliares descritos no grau anterior, até 3% das
nervuras afetadas; 4 - Até 1% das nervuras apresentando manchas
necróticas, perceptíveis em ambas as face das folhas; 5 - Maior frequência
dos sintomas foliares descritos no grau anterior, até 3% das nervuras afe-
tadas; 6 - Manchas necróticas nas nervuras perceptíveis em ambas as fa-
ces das folhas e presença de algumas lesões nos talos, ramos e pecíolos; 7
- Manchas necróticas na maioria das nervuras e em grande parte do teci-
do do mesófilo adjacente que se rompe. Há presença de abundantes le-
sões nos talos, ramos e pecíolos; 8 - Manchas necróticas na quase totali-
dade das nervuras, ocasionando rupturas, desfolha e redução do cresci-
mento das plantas. As lesões muito abundantes nos talos, ramos e pecíolos.
9 - Maioria das plantas mortas.
O grande número de patótipos evidencia a constante necessidade de
monitoramento das populações de C. lindemuthianum para direcionar os
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programas de melhoramento do feijoeiro visando o desenvolvimento e a


indicação de cultivares resistentes às raças do patógeno predominantes
no campo. Estratégias como a piramidação de genes de resistência e a
utilização de multilinhas podem ser empregadas com o objetivo de au-
mentar a durabilidade da resistência conferida pelos genes Co (ARRUDA,
2009). O conhecimento da variabilidade de C. lindemuthianum é essenci-
al para o desenvolvimento e recomendação de variedades resistentes a
este patógeno. Esta variabilidade patogênica pode ser monitorada utili-
zando-se uma série de cultivares diferenciadoras de raças. A determina-
ção de raças de C. lindemuthianum consiste na inoculação de isolados em
um conjunto de doze cultivares diferenciadoras em ordem pré-estabelecida,
no Primer Taller de Antracnosis del Frijol en América Latina, no CIAT
(PASTOR-CORRALES, 1992). Cada uma destas cultivares possui um
valor binário e, por meio da expansão binomial e da soma destes valores,
é determinada a raça. Tal sistema tem sido utilizado em todo o mundo até
os dias atuais. (Tabela 1).

Tabela 1 - Série de cultivares diferenciadoras de raças de Colletotrichum


lindemuthianum isolados de feijoeiro comum com seus respectivos genes de
resistência à antracnose.
Gene de Pool Posição N° binário
Cultivar resistência genético (n) (2n-1)
Michelite Co-11 MA* 1 1
Michigan Dark
Red Kidney Co-1 A** 2 2
Perry Marrow Co-1 A 3 4
Cornell 49242 Co-2 MA 4 8
Widusa Co-1 MA 5 16
Kaboon Co-1 A 6 32
Mexico 222 Co-3 MA 7 64
PI 207262 Co-4, Co-9 MA 8 128
TO Co-4 MA 9 256
TU Co-5 MA 10 512
AB 136 Co-6, co-8 MA 11 1024
G 2333 Co-4, Co-5, Co-7 MA 12 2048
* Genótipo Meso Americano ** Genótipo Andino
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Cada cultivar tem associado um número binário (2n-1) variando de 1 a


2048, onde n é a posição ocupada pela cultivar dentro da série
diferenciadora. Sete dias após a inoculação com uma suspensão de 1,2 x
106 conídios é feita a avaliação da série diferenciadora utilizando-se uma
escala de notas de 1 a 9. As notas de 1 a 3 correspondem à plantas que não
apresentam sintomas visíveis da infecção ou possuem poucas e pequenas
lesões, principalmente na nervura primária da face inferior das folhas.
Desta forma, cultivares cuja média da nota seja inferior a 3 são classifica-
das como resistentes. Cultivares cuja média das notas for superior a 3 são
classificadas como suscetíveis. A raça correspondente ao isolado inocu-
lado na série diferenciadora será identificada por um número obtido pela
somatória dos números binários de cada cultivar que for suscetível ao
isolado.
Adotando-se este sistema binário de classificação já foram identifica-
dos mais de 90 patótipos de C. lindemuthianum no mundo e cerca de 60
somente no Brasil (ALZATE-MARIN; SARTORATO, 2004; MAHUKU;
RIASCOS, 2004; ARRUDA, 2009). No Brasil os patótipos 65, 73, 81 e 87
são os mais frequentemente encontrados e principalmente nos estados do
Paraná (maior frequência), Santa Catarina, Goiás e Distrito Federal
(WENDLAND et al., 2012). O grande número de patótipos evidencia a
alta variabilidade do patógeno e a constante necessidade de monitoramento
das populações de C. lindemuthianum com o objetivo de direcionar os pro-
gramas de melhoramento do feijoeiro visando o desenvolvimento e a indi-
cação de cultivares que sejam resistentes às raças do patógeno predomi-
nantes no campo. As principais cultivares lançadas atualmente, possuem
moderada resistência à antracnose. Para consultar a lista das cultivares,
consulte a página da Embrapa (https://www.embrapa.br/cultivar/feijao).

6. Manejo integrado
A maior incidência da antracnose ocorre em áreas irrigadas e/ou chu-
vosas que proporcionam a umidade necessária para a dispersão dos
conídios que se desprendem dos acérvulos com as gotículas de água e
germinação em plantas adjacentes. Portanto, o manejo da água em áreas
sob irrigação é importante. Também há relatos de maior intensidade da
doença e transmissão do patógeno por sementes infectadas em condições
de monocultura, em comparação a cultivos intercalados com milho
(VIEIRA et al., 2009).
364 Antracnose do feijoeiro comum

O uso de sementes sadias e certificadas, cultivares resistentes,


fungicidas, rotação de culturas e eliminação de restos culturais são as
principais recomendações para o controle da antracnose. Como o
patógeno pode sobreviver por até cinco anos em sementes infectadas,
deve-se evitar ao máximo o plantio (TU, 1983). Na rotação de culturas,
recomenda-se o uso de gramíneas não hospedeiras como o milho. O uso
de cultivares resistentes se constitui numa das principais tecnologias
para a redução do custo de produção, porém a grande variabilidade
patogênica e ampla distribuição dos patótipos reduzem a vida de culti-
vares resistentes e novos materiais precisam ser lançados com frequência
para que a estratégia visando o controle da antracnose seja bem-sucedi-
da. Dentre as cultivares disponíveis no mercado temos a cada ano, no-
vas opções desenvolvidas pelo IAC, IDR-Paraná e Embrapa, com resis-
tência a antracnose. (ex. IPR Garça, IAC Diplomata, BRS Esplendor e
BRS Esteio (grão comercial preto), BRS FC406, BRS Ametista e BRS
Notável (grão comercial carioca), BRSMG Realce (grão comercial
rajado), BRS Marfim (grão comercial mulatinho), BRS Embaixador
(DRK – vermelho escuro grande).
Fungicidas à base de trifloxystrobin e propiconazole estão entre os mais
recomendados para o controle da doença. Quanto ao controle químico, deve-
se sempre buscar o auxílio de um engenheiro agrônomo, e seguir as reco-
mendações específicas dadas por esse especialista, para a correta utilização
e indicação dos melhores produtos, para cada situação e para cada safra.
Os detalhes dos ingredientes ativos registrados no MAPA para controle
químico da antracnose do feijoeiro constam na base Agrofit, site do MAPA
(http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons) e no
rótulo das embalagens.
Para a aquisição de sementes de cultivares resistentes, consulte os sites
como o da Embrapa Arroz e Feijão: https://www.embrapa.br/pt/arroz-e-
feijao, onde constam as informações técnicas sobre cada cultivar recomen-
dada e os locais de comercialização de sementes nas diferentes regiões do
Brasil.
Caso sejam empregados grãos salvos da safra anterior em cultivos de
subsistência, deve-se realizar uma análise da qualidade sanitária das se-
mentes em laboratório. Além disso, deve-se eliminar os restos culturais
contaminados e fazer rotação de culturas, que diminuem o inóculo inicial
do patógeno.
Antracnose do feijoeiro comum 365

Principais métodos de controle


1 - Uso de cultivares resistentes;
2 - Semente de boa qualidade sanitária e/ou tratamento químico de
sementes;
3 - Evitar trânsito nas primeiras horas do dia – orvalho (espalha os
esporos);
4 - Evitar época de alta umidade e baixa temperatura;
5 - Controle químico

7. Eficiência no controle
A medida de controle para a antracnose mais eficiente, segura e acessí-
vel aos produtores de diferentes níveis econômicos é o emprego de semen-
tes sadias e de cultivares resistentes à doença. Em períodos de alta umida-
de, temperaturas entre 13 e 25°C e ocorrência de chuvas prolongadas, prin-
cipalmente acompanhadas de ventos, não há controle químico que consiga
proteger a lavoura dessa doença, principalmente se as cultivares forem sus-
cetíveis. O controle químico só é eficiente se for usado de forma integrada
a outras medidas para evitar a disseminação da doença na lavoura.

8. Conclusões
• A antracnose é uma das doenças mais importantes da cultura do feijoeiro,
com fácil disseminação podendo alcançar 100% de danos.
• Temperaturas amenas a moderadas e alta umidade são favoráveis à infec-
ção das plantas pelo fungo, com maior ocorrência da doença em regiões
de clima temperado e subtropical.
• Há constante necessidade de monitoramento dos patótipos de C.
lindemuthianum para adoção de cultivares resistentes às raças do patógeno
predominantes no campo.
• O uso de sementes sadias, cultivares resistentes, fungicidas, rotação de
culturas e eliminação de restos culturais são as principais recomendações
para o controle da antracnose.
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Figura 1. Folhas com sintomas típicos Figura 2. Lesões circulares de


de antracnose acompanhando as antracnose com centro claro e halo
nervuras. negro.

Figura 3. Acérvulos de Colletotrichum Figura 4. Massa de conídios de


lindemuthianum com setas negras. Colletotrichum lindemuthianum .

Figura 5. Conídios de Colletotrichum Figura 6. Crescimento do fungo em


lindemuthianum ao microscópio ótico. meio de cultura.
Antracnose do feijoeiro comum 367

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