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MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS DA CULTURA DO TOMATEIRO

(Lycopersicon esculentum Mill.)

1 Introdução
O tomate é um dos cinco produtos agrícolas mais importantes para a população
brasileira, em função do seu alto valor econômico e alimentar. A área produtora dessa
solanácea tanto em sistema de envaramento quanto industrial, no Brasil, é estimada em 50
mil hectares.
A cultura do tomateiro é uma das mais atacadas por insetos-praga, sendo a
infestação intensa e podendo ocorrer durante todo o ciclo do tomateiro, desde a sementeira
até a colheita dos frutos. Mesmo em cultivos protegidos (casas de vegetação) os ataques
podem causar danos consideráveis a depender da intensidade.
A grande área foliar e o micro-clima favorável criado pela planta de tomateiro,
propicia o desenvolvimento de pragas e doenças, as quais instalam-se nessa cultura
buscando a sua sobrevivência e, assim, o homem tem que buscar alternativas para manejá-
las de forma mais conveniente.
Desse modo, é de suma importância que os tomaticultores conheçam as principais
pragas que atacam essa solanácea, para que possam realizar um manejo racional e com
qualidade, com o intuito de minimizar os danos à cultura sem colocar em riscos ou
prejudicar o ambiente e a saúde humana.
O objetivo principal deste capítulo é transmitir algumas informações para os
profissionais que cultivam o tomateiro, para que os mesmos possam aprimorar o seu
sistema de produção, com redução dos custos de produção com melhor padrão de
qualidade.

2.1. Descrição, biologia e táticas de manejo das principais pragas do tomateiro

2.1.1 Pragas iniciais


As principais pragas que ocorrem na fase inicial da cultura são insetos vetores de
viroses, que podem durar até os 60 dias após a germinação, período em que as plantas são
mais suscetíveis, sofrendo danos severos.

2.1.1.1 Tripes: Frankliniella schultzei Trybom, 1920 (Thysanoptera: Thripidae)

Essa praga causa danos indiretos, pois transmite o principal complexo virótico do
tomateiro no Brasil, o vírus-do-vira-cabeça-do-tomateiro (TSWV, TCSV, GRSV). A
espécie F. schultzei é uma das mais freqüentes, podendo transmitir o vírus durante todo o
ciclo da cultura, mas o período mais crítico é até 60 dias após a emergência das plântulas de
tomate, pois a infestação do vírus nesta fase pode provocar a morte das mesmas.
São insetos pequenos, de coloração variável, de 1 a 3 mm de comprimento no
máximo, reconhecíveis com auxílio de lentes de aumento por apresentarem asas franjadas.
Os tripes têm reprodução sexuada, sendo os ovos colocados nas folhas e, após alguns dias,
surgem as formas jovens, que se distinguem das adultas porque possuem coloração mais
clara e não possuem asas (ápteras). Normalmente, o seu ciclo tem duração de 15 dias.
A proliferação dessa praga é favorecida com o clima quente e seco, mas podem
também surgir em condições de baixas temperaturas associadas à estiagem. São insetos
raspadores-sugadores que se contaminam pelo vírus-do-vira-cabeça-do-tomateiro ao se
alimentarem da seiva de plantas doentes e inoculam a doença em outras sadias ao se
locomoverem nelas. As plantas assim atacadas apresentam inicialmente as folhas prateadas
ou bronzeadas, passando depois para arroxeada e com crescimento paralisado (nanismo).
Posteriormente, o caule apresenta estrias negras, e os frutos verdes apresentam manchas
amareladas, culminando com o curvamento das extremidades dos ponteiros. Essa praga
causa maiores problemas quando o ataque ocorre em mudas, sendo que os sintomas já se
manifestam logo após o transplante, causando prejuízos ao produtor desde o início de
implantação da cultura.
Dessa forma, os prejuízos são considerados os mais sérios possíveis, podendo, de
acordo com a infestação da praga e conforme a época do ano, comprometer toda a produção
devido às deformações e intensa queda de folhas causadas pelo ataque.
Os tripes devem ser amostrados no terço superior das plantas, batendo-se os
ponteiros de cinco plantas por ponto amostral, numa bandeja branca, num total de 20
pontos por talhão. O nível de controle é 1 inseto adulto/ponteiro.
O controle deve ser preventivo, dando prioridade para a fase de produção de mudas.
As mudas devem ser produzidas em locais protegidos (casa de vegetação) e/ou com
controle químico deste inseto-vetor, quando for encontrado um inseto adulto por ponteiro,
em média. Normalmente, o controle desses vetores, na sementeira, é feito com o uso de
inseticidas sistêmicos granulados, no sulco de plantio, ou por meio da aplicação no colo da
planta de inseticidas do grupo dos neonicotinóides, como, por exemplo, imidaclopride
(Confidor 700 GRDA – 200 g/ha, com aplicação de 10 a 15 mL de calda/planta, na forma
de esguicho), forate (Granutox – 40 kg/ha) e carbofuran (Furadan 50 G - 15-20 kg/ha ou 3-
5 g/cova), ou pulverizações com piretróides cypermethrin + profenofos (Polythrin 400/40
CE - 0,75 L/ha) ou neonicotinóides como acetamiprid (Mospilan - 250 g/ha, com aplicação
de 1000 L de calda/ha).
É necessário que se evite plantios próximos de lavouras mais velhas de tomate e
também de plantas hospedeiras como, por exemplo, plantas de fumo, batata, berinjela,
tomate, pimentão e alface. Essas culturas são as plantas hospedeiras mais comuns de tripes
no Brasil, além de plantas daninhas, tais como a maria-pretinha (Solanum nigrum), caruru
(Amaranthus sp.), picão-preto (Bidens pilosa), beldroega (Portulaca oleracea), serralha
(Sonchos olaraceus), e datura (Datura stramonium); sendo que tais hospedeiros funcionam
como fonte de inóculos.
O controle cultural também deve ser adotado, por meio da formação de barreiras em
torno da área de plantio com Crotalaria, milho ou sorgo.
Usar cultivares de tomate resistentes, controlar plantas daninhas e fazer
pulverizações químicas na cultura adulta, também são maneiras de se evitar tal praga no
tomateiro.
Há poucas referências sobre parasitóides de tripes, e quase que nenhuma citação no
tomateiro.

2.1.1.2 Pulgões: Myzus persicae (Sulzer, 1776) e Macrosiphum euphorbiae (Thomas, 1878)
(Hemiptera: Aphididae)
A espécie M. persicae tem cerca de 2 mm de comprimento, sendo a forma áptera de
coloração verde-clara, enquanto a forma alada apresenta coloração verde, com cabeça,
antenas e tórax pretos.
O pulgão M. euphorbiae é maior, com cerca de 3 a 4 mm de comprimento e, tanto
as formas ápteras quanto às aladas são de coloração verde, sendo a cabeça e o tórax
amarelados, com as antenas escuras, maiores que o corpo. As formas ápteras são maiores
do que as formas aladas.
Os pulgões desenvolvem-se em aproximadamente dez dias, com quatro ecdises, e a
reprodução se dá por partenogênese telítoca, ou seja, sem o concurso do macho, gerando
cerca de 80 indivíduos por fêmea.
Normalmente essas pragas vivem em colônias, causando danos indiretos, por meio
da transmissão de viroses, e diretos sugando a seiva das plantas e fazendo com que as
folhas e ramos novos fiquem enrolados e engruvinhados. Durante todo o ciclo da cultura, os
pulgões ocorrem atacando tanto folhas e brotos terminais, quanto o caule. Eles são
responsáveis pela transmissão do vírus-do-topo-amarelo-do-tomateiro (PYPV), mosaico-
do-vírus Y ou vírus Y da batata (PVY) e do vírus-do-mosaico-do-tomateiro (ToMV) ou
mosaico-comum.
Outros danos indiretos são também observados quando ocorre a excreção das fezes
açucaradas desses insetos, pois as mesmas ao cair sobre as folhas formam um substrato
para o desenvolvimento da fumagina (fungo de revestimento preto), capaz de prejudicar o
processo de fotossíntese.
A amostragem dos pulgões deve ser realizada no topo das plantas, batendo-se os
ponteiros de cinco plantas por ponto amostral em uma bandeja branca, perfazendo um total
de 20 pontos por talhão. O nível de controle adotado para esses insetos-praga é de um
inseto adulto por ponteiro.
Preventivamente, o controle pode ser feito com o uso de inseticidas sistêmicos
granulados de solo aplicados no sulco de plantio, como, por exemplo, forate (Granutox - 40
kg/ha) e carbofuran (Furadan 50 G - 15-20 kg/ha ou 3-5 g/cova), que além dos pulgões,
também controlam tripes e nematóides fitopatogênicos; ou pulverizações com thiametoxam
(Actara 250 WG - 12-15 g/100 L de água), acephate (Orthene 750 BR - 100 g/100 L de
água, com aplicação de 500-750 L de calda/ha), ou acetamiprid (Mospilan - 250 g/ha, com
aplicação de 1000 L de calda/ha).
Outra alternativa de controle é por meio da utilização do imidaclopride (Confidor
700 GRDA - 200 g/ha, aplicando-se de 10-15 mL de calda/planta, na forma de esguicho), o
qual também tem eficiência no controle de tripes e mosca-branca, recomendado em
pulverizações, sendo uma aplicação na fase de produção de mudas e outra dez dias após o
transplante no campo ou em local definitivo.
O uso de telado no viveiro e de variedades resistentes às doenças são outras táticas
que devem ser adotadas no programa de manejo integrado dessa praga.
O parasitismo tem pouco efeito direto no controle de viroses transmitidas por
pulgões ao tomateiro, pois essas viroses são transmitidas durante a “picada de prova” do
alado que chega à planta proveniente de outras espécies vegetais infectadas, sem, contudo,
se estabelecer no tomateiro para formar colônias. Porém, existem no Brasil alguns
parasitóides de colônias de pulgões que se estabelecem em outras plantas hospedeiras,
como, por exemplo, Aphelinus mali Haldeman (Hymenoptera: Aphelinidae).

2.1.1.3 Ácaros: Tetranychus urticae Koch, 1836 (Acari: Tetranychidae) e Aculops


lycopersici (Massae, 1937) (Acari: Eriophyidae)

Ocorrem durante todo o ciclo do tomateiro, principalmente em condições de clima


seco e quente. Em ambientes de cultivo fechado (casas de vegetação) podem se tornar as
mais importantes pragas do tomateiro. São semelhantes a diminutas aranhas, indivíduos
com cerca de 0,2 a 0,3 mm de comprimento, com quatro pares de pernas na fase adulta.
A espécie T. urticae coloca ovo esférico e de tonalidade amarelada entre os fios de
teia que tecem na parte inferior da folha. Existe um acentuado dimorfismo sexual, sendo as
fêmeas ovaladas, e os machos com a extremidade posterior do abdome mais estreita, com
aproximadamente 0,3 mm de comprimento. Geralmente, as fêmeas apresentam duas
manchas verde-escuras no dorso, uma de cada lado.
Em época de veranico os ataques intensos são responsáveis pelo secamento das
folhas. Quando ocorrem semeaduras contínuas, esses ácaros facilmente passam de um
cultivo para o seguinte. Nota-se que as colônias desenvolvem-se na face inferior das folhas
e, quando o ataque está avançando, generalizam-se em ambas as superfícies, porém, há
preferência desse ácaro por folhas da parte mediana da planta e por condições de
temperatura elevada e clima seco.
O ácaro A. lycopersici é vermiforme com 0,2 mm de comprimento, de coloração
branco leitosa e invisível a olho nu, o qual se desenvolve nas folhas e nas hastes do
tomateiro. A postura é feita nas nervuras ou na base dos pêlos das folhas, e seu ciclo
biológico completa-se em seis dias. Normalmente, as infestações ocorrem em períodos
secos e quentes, sendo o vento considerado o seu principal agente de dispersão.
A infestação por esse eriofiídeo resulta inicialmente em bronzeamento das folhas e
da parte basal das hastes do tomateiro, as quais se tornam escuras e brilhantes.
Posteriormente, as folhas ficam amareladas, bronzeadas e secam sem murchar. Quando o
ataque ocorre antes da frutificação, as plantas não se desenvolvem e podem até morrer,
havendo, assim, uma proliferação exagerada de pêlos nas folhas. Já quando ocorre na fase
de frutificação, os frutos têm seu amadurecimento comprometido, com a pele áspera e
queimada pela exposição ao sol, em virtude da morte e queda das folhas, sintoma
conhecido como acronecrose do tomateiro.
Dessa forma, os ácaros provocam danos diretos raspando as folhas para sugar a
seiva, deixando-as bronzeadas e, posteriormente, necrosadas até caírem, fato este que
provoca a morte da planta.
O controle é feito com pulverizações de acaricidas específicos à base abamectin
(Vertimec 18 CE) na dosagem de 75 mL/100 L de água, aplicando-se de 500 a 1200 L de
calda/ha para controle de T. urticae e na dosagem de 80 a 100 mL/100 L de água, com
aplicação de 500 a 1200 L de calda/ha, no controle de A. lycopersici. Pode-se, também
realizar aplicações com os produtos tetradizon (Tedion 80 - 300 mL do produto comercial
por 100 L de água, utilizando-se de 700 a 1000 L de calda por hectare e lufenuron (Match
50 CE) na dosagem de 80 mL do produto comercial/100 L de água. Quando os tomateiros
estão estaqueados o tratamento químico é mais eficiente, pois é possível atingir todas as
partes das plantas em ambas as faces das folhas. No tomateiro rasteiro, no entanto, o
controle é mais complicado pela dificuldade de atingir todas as partes da planta.
2.1.1.4 Mosca-branca: Bemisia tabaci (Gennadius, 1889) e Bemisia argentifolii (Bellows &
Perring,1994) (Hemiptera: Aleyrodidae)

As moscas-brancas são insetos considerados pequenos com aproximadamente 1 mm


de comprimento. Os adultos possuem dois pares de asas membranosas, recobertas por uma
pulverulência branca, dando o aspecto de uma pequena mosca. Os ovos são colocados na
face inferior das folhas, ficando presos por um pedúnculo curto; eclodindo, as ninfas,
parecidas com as cochonilhas, sugam a seiva na parte inferior das folhas. Ninfas de
primeiro estádio são móveis. No entanto, tornam-se sésseis quando iniciam sua
alimentação. O ciclo completo é de cerca de 15 dias, sendo a longevidade das fêmeas de
aproximadamente 18 dias. B. tabaci é uma das espécies mais comuns de mosca-branca;
coloca, em média, 110 ovos/fêmea. No entanto, recentemente apareceu um novo biótipo
dessa espécie conhecido como B. tabaci biótipo B ou B. argentifolii, que causa maiores
problemas, ovipositando cerca de 300 ovos/fêmea.
Ao sugarem a seiva, os adultos fazem com que plantas demonstrem sintomas de
afilamento do ápice, folhas com aspecto coriáceo, enrolamento dos bordos e arqueamento
dos folíolos. Os danos diretos causados por essa praga também podem favorecer o
aparecimento da fumagina, provocando um amadurecimento irregular nos frutos, deixando-
os com aspecto esponjoso, que, para a indústria, afeta a qualidade da pasta de tomate.
Além disso, os adultos podem causar danos indiretos por meio da transmissão de
viroses do grupo geminivírus como, por exemplo, o mosaico-dourado-do-tomateiro
(TGMV). Atualmente, essas viroses representam um dos mais sérios problemas na cultura
do tomate no Brasil, devido à sua transmissão por Bemisia spp. e à sua ampla disseminação
de novos isolados do vírus nas áreas produtoras de tomate, provocando nanismo acentuado,
enrugamento severo das folhas terminais e amarelecimento completo da planta.
A aquisição do vírus pela mosca-branca pode ocorrer tanto na fase larval como na
adulta, durante o período de alimentação, que deve ser entre 15 e 30 minutos, no mínimo.
Estudos mostraram que se a aquisição do vírus ocorrer na fase larval, o inseto pode
transmiti-lo por um período de 25 a 50 dias. Porém, os insetos originados de indivíduos
infectados estão livres do vírus.
Essa praga é considerada como polífaga, atacando várias outras espécies de plantas,
dentre elas diversas hortaliças, frutíferas e grandes culturas. Sua amostragem deve ser
realizada no terço superior das plantas. Deve-se amostrar cinco plantas por ponto, em um
total de 20 pontos de amostragem por talhão, totalizando 100 plantas amostradas. O
controle dessa praga deve ser realizado quando se observar a ocorrência de um inseto
adulto por planta.
O controle fitossanitário dessa praga tem-se mostrado bastante difícil devido,
principalmente, à grande capacidade das populações desse inseto em desenvolver
resistência aos inseticidas e, também, à sua polifagia. Além disso, ultimamente esse inseto
tem atingido grandes níveis populacionais em nosso país, justificando a grande
preocupação registrada pelos produtores.
No entanto, algumas medidas preventivas podem ser adotadas com o objetivo de se
reduzir a disseminação dessa praga e também dos vírus por ela transmitidos. Entre elas
deve-se salientar o controle de plantas daninhas presentes nas bordaduras e entre as fileiras
da cultura, pois favorecem a multiplicação do inseto vetor.
Outras importantes medidas são eliminar restos de cultura com ou sem virose, além
da adoção de um intervalo mínimo de 15 dias para o início do plantio da próxima safra de
tomate, após o final do ciclo. Isso favorece o escape do vírus pela redução da infectividade
no vetor. A rotação de culturas reduz a disseminação da praga e do vírus.
Em relação ao cultivo do tomateiro em ambientes protegidos, a proteção de todas as
aberturas com tela fina; o controle de plantas daninhas, tanto no interior quanto no exterior
da casa de vegetação; evitar a utilização dos mesmos ambientes protegidos para cultivo de
plantas ornamentais; usar armadilhas adesivas de cor amarela para monitoramento e
diminuição da população de adultos; e utilizar plantas com sanidade comprovada e
variedades resistentes; são medidas de controle importantes, as quais devem ser realizadas
de forma rigorosa, a fim de se obter um alto nível de controle fitossanitário.
No caso do controle químico, fosforados como, por exemplo, acephate (Orthene 750
BR - 0,5 kg/ha) são recomendados para o controle dessa praga. Porém, novos produtos têm
surgido como alternativas. É o caso dos neonicotinóides, atuantes sobre adultos e formas
jovens, como, por exemplo, acetamipride (Sarus e Mospilan - 100 a 250 g p.c./ha),
imidaclopride (Confidor 700 GRDA - 250 g p.c./ha) ou thiametoxam (Actara - 100 a 200 g
p.c./ha), os quais também têm eficiência no controle de tripes e pulgões, recomendados em
pulverização com uma aplicação na fase de produção de mudas e outra dez dias após o
transplante em local definitivo.
Surgem também os reguladores de crescimento, os quais atuam somente sobre
formas jovens, como, por exemplo, piryproxifen (Cordial e Tiger - 1 L/ha) (mímico do
hormônio juvenil) e buprofezin (Applaud 250 PM - 1 kg/ha) (inibidor da síntese de
quitina).
É recomendável que se adote o tratamento de sementes, utilizando produtos como,
por exemplo, imidaclopride (Gaucho 700 PM - 200 g p.c./100 kg de sementes) e
thiametoxam (Cruiser - 150 g p.c./100 kg de sementes).
Misturas entre inseticidas como, por exemplo, acephate (Orthene 750 BR - 0,3 kg
p.c./ha) + fenpropathrin (Meothrin 300 CE - 0,1 L/ha) são recomendados para o combate à
mosca-branca.
Outra tática seria a integração entre o controle biológico e o químico como, por
exemplo, associação entre Beauveria bassiana (200 g de conídios puros/ha) em
pulverização + imidaclopride (Gaucho 700 PM - 200 g p.c./100 kg sementes, no tratamento
de sementes.
Não há relatos do parasitismo de mosca-branca no Brasil, talvez pela falta de
pesquisas nesse sentido. Entretanto, existem registros dos microhimenópteros Eretmocerus
paulistus Hempel e Prospaltella brasiliensis (Hempel) (Aphelinidae) em outras espécies de
aleurodídeos, dentre as quais a Trialeurodes vaporariorum (West., 1856) (Hemiptera:
Aleyrodidae), que também ocorre no tomate, na condição de praga secundária.

2.1.2 Traças: Tuta absoluta (Meyrick, 1917) (Lepidoptera: Gelechiidae), Phthorimaea


operculella (Zeller, 1873) (Lepidoptera: Gelechiidae)

Presente em todo o ciclo da cultura, a traça-do-tomateiro, T. absoluta é a espécie


responsável por ataques que se iniciam na sementeira. Suas lagartas são de coloração verde,
com uma mancha parda no dorso, medindo de 6 a 9 mm de comprimento. Atacam os
folíolos, brotos apicais, folhas, caule, botões florais, flores e até os frutos, formando
galerias transparentes nas folhas, ramos e, principalmente, nas gemas apicais, onde
destroem brotações novas, além dos frutos, que são depreciados para a comercialização.
Esses danos ocorrem, principalmente, quando o clima é seco.
Os adultos são pequenas mariposas de coloração cinza brilhante, com cerca de 10
mm de envergadura, que se movimentam ao entardecer. O ciclo completo é de
aproximadamente 40 dias e cada fêmea coloca em média 50 ovos.
A traça-da-batatinha, P. operculella é uma outra espécie de traça que também ataca
o tomateiro. Porém, abre galerias superficiais em frutos, atacando também o pedúnculo,
principalmente quando os frutos estão próximos à maturação. A mariposa é de coloração
acinzentada, com cerca de 10 a 12 mm de envergadura. Suas asas anteriores são mais
escuras do que as posteriores e apresentam manchas pretas irregulares.
Em média são colocados 300 ovos/fêmea nas folhas, os quais são de coloração
branca, lisos e globosos. Após a eclosão, as lagartas penetram nas folhas, minando-as.
Completamente desenvolvidas, medem 12 mm de comprimento; sua coloração é branca,
sendo a parte dorsal ligeiramente rosada; a cabeça, o protórax e o penúltimo segmento
abdominal apresentam manchas escuras. O período larval tem duração de 12 a 14 dias,
findo o qual, as lagartas abandonam as plantas para tecer um casulo com fios de seda,
transformando-se em pupa, sendo que após um período de 15 a 20 dias, emerge o adulto.
Ambas as traças ocorrem, com maior intensidade, em tomateiro rasteiro.
Táticas de controle cultural dessas pragas devem ser adotadas como, por exemplo,
eliminação de plantas hospedeiras das traças (pimentão, berinjela etc.), e de restos culturais,
rotação de cultura, plantio de sorgo gramíneo para atração de predadores com 30 dias de
antecedência e cumprimento de um calendário de plantio evitando o escalonamento para a
região, como é obrigatório por lei para a região do Vale do São Francisco (Decreto do
MAA no 53.192).
O controle biológico tem demonstrado eficiência acima de 80% em tomateiro
estaqueado, quando utilizado conjuntamente com o microbiano e o parasitismo. Isso foi
observado ao realizar liberações inundativas do parasitóide Trichogramma pretiosum Riley,
1879 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) para o parasitismo dos ovos da traça, na
quantidade de 400.000 parasitóides/ha. Adultos ou ovos parasitados podem ser liberados
semanalmente em 30 a 50 pontos/ha, de forma manual (sacos de papel ou copos plásticos)
ou mecanizada (presos ao pivô central). Independente da forma de liberação, iniciar entre
15 a 20 dias após o transplante e terminar com a colheita. No caso do controle microbiano,
recomendam-se aplicações ao entardecer ou à noite de Bacillus thuringiensis para controle
de lagartas da traça, durante o mesmo período da utilização do parasitóide, com
pulverizações semanais.
Táticas de controle mecânico como, por exemplo, a limpeza de caixas usadas na
colheita, bem como dos veículos de transporte de tomate, com jatos de elevada pressão, são
recomendadas para se evitar a disseminação da praga.
Para a realização do controle dessas pragas, deve-se realizar amostragens em 20
pontos/talhão, sendo cinco plantas/ponto de amostragem. Deve-se avaliar a presença de
minas na terceira folha a partir do ápice ou galerias nos frutos das primeiras pencas. O nível
de controle adotado é de 20% de folhas minadas ou 1% dos frutos broqueados.
Em casos emergenciais, aplicar produtos químicos como, por exemplo, reguladores
de crescimento triflumuron (Alsystin 480 PM - 30 mL p.c./100 L de água), aplicando-se
1000 L de calda/ha; abamectin (Vertimec 18 CE - 100 mL p.c./100 L de água), com
aplicação de 500 a 1200 L de calda por hectare; piretróides como por exemplo a
deltamethrin (Decis 25 CE – 75 mL p.c./100 L de água), frequentemente utilizada como
estressante para desalojar as lagartas do fruto e Bacillus thuringiensis (Dipel - 100-150
mL/100 L de água).

1.1.3 Broca-pequena-do-fruto: Neoleucinodes elegantalis (Guenée, 1854) (Lepidoptera:


Pyralidae)

Após a eclosão, a broca-pequena-do-fruto procura penetrar em frutos através de sua


película; o orifício feito para sua penetração é quase imperceptível e, posteriormente,
desaparece devido ao deslocamento da polpa atacada. O desenvolvimento da lagarta ocorre
no interior do fruto por um período de 30 dias, em média. Completamente desenvolvida, a
lagarta mede cerca de 11 a 13 mm de comprimento, apresentando uma coloração rosada
uniforme, com o primeiro segmento torácico amarelado. Depois de desenvolvida, a lagarta
abandona o fruto, através de um orifício individual circular construído em sua parede e cai
no solo.
Nas proximidades do solo, em detritos existentes em torno da planta, a lagarta
confecciona um delicado casulo de onde, após 17 dias em média, emerge o adulto, uma
mariposa de coloração branca, com aproximadamente 25 mm de envergadura, e de hábito
noturno. As asas são transparentes, as anteriores apresentando uma mancha de cor
castanha-avermelhada, e as posteriores, pequenas manchas marrons esparsas.
Após o acasalamento, as mariposas ovipositam, em média, três ovos brancos nos
frutos junto ao cálice ou mesmo sob as sépalas das plantas. Após alguns dias as lagartas
procuram atacar os frutos ainda bem pequenos.
Normalmente, a ocorrência dessa praga se dá logo após o período das chuvas, como
ocorre na região Sudeste do Brasil, antes do inverno (março a maio) e logo depois dessa
estação e antes das chuvas (agosto a setembro).
Os prejuízos causados pela broca-pequena-do-fruto podem representar 50% da
produção, pois os frutos atacados ficam totalmente inúteis, com a polpa destruída. Além de
plantas de tomate, essa praga ataca todas as solanáceas de frutos, tais como, berinjela e
pimentão.
Observações de campo demonstraram que os níveis de controle para N. elegantalis é
de 5% de frutos com sinais de entrada das lagartas recém-eclodidas ou 1% de frutos com
sinais de saída da lagarta completamente desenvolvida. Deve-se amostrar 20 pontos por
talhão, sendo cinco plantas amostradas em cada ponto.
O controle das lagartas pode ser realizado por meio de pulverizações com
inseticidas organofosforados não sistêmicos como, por exemplo, o chlorpyrifos (Lorsban
480 BR - 0,8 L/ha) e o trichlorfon (Dipterex 500 CE - 0,27 L/100 L de água, com aplicação
de 400 a 750 L de calda/ha), ou carbamatos como o carbaryl (Carbaryl Fersol 850 PM - 0,8
kg/ha), ou piretróides deltamethrin (Decis 25 CE - 40 mL/100 L de água, aplicando-se de
400 a 1000 L de calda/ha); betacyfluthrin (Bulldock 125 SC - 10 mL/100 L de água, com
aplicação de 500 a 1000 L de calda/ha) e (Turbo - 25 mL/100 L de água, aplicando-se 1000
L de calda/ha). As pulverizações devem ser feitas semanalmente na época de ocorrência da
praga, dirigindo-se o jato do pulverizador à penca e, principalmente, para o local de
postura, isto é, nas sépalas, iniciando quando 80% das flores do primeiro cacho estiverem
abertas. Recomenda-se realizar mais de duas aplicações, uma no estágio de frutos pequenos
(1 a 1,5 cm de diâmetro) e outra quando os frutos estiverem um pouco maiores. Inseticidas
fisiológicos também são recomendados para o controle dessa praga.
A broca-pequena-do-fruto é parasitada pela vespinha Calliephialtes dimorphus
Cushman (Hymenoptera: Ichneumonidae). Além disso, os ovos de N. elegantalis são
parasitados eficientemente por T. pretiosum e Trichogramma minutum Riley, 1879
(Hymenoptera: Trichogrammatidae).
Algumas táticas do controle cultural devem ser adotadas como medidas de
prevenção da disseminação da praga, como, por exemplo, catação manual dos frutos
perfurados e sua posterior destruição, eliminação de restos culturais e de solanáceas
silvestres, como juás e jurubebas. Além disso, deve-se evitar cultivos de berinjela e
pimentão nas proximidades das culturas de tomate.

2.1.4 Broca-grande-do-fruto: Helicoverpa zea (Boddie, 1850) (Lepidoptera: Noctuidae)

Conhecida também como lagarta-da-espiga-do-milho, o adulto da broca-grande-do-


fruto é uma mariposa que mede de 30 a 40 mm de envergadura, apresentando, geralmente,
asas anteriores de coloração cinza-esverdeadas ou amareladas. O acasalamento ocorre logo
após a emergência dos adultos e a postura é feita ao anoitecer, em qualquer parte da planta.
A fêmea pode ovipositar uma média de 1000 ovos durante toda a sua vida, que varia de 12
a 15 dias.
O ovo tem forma hemisférica, mede cerca de 1 mm de diâmetro e tem coloração
inicial branca, tornando-se marrom próximo à eclosão. Apresenta saliências laterais, sendo
que após três a cinco dias da postura dá-se a eclosão, surgindo as lagartas de coloração
branca, com cabeça marrom, as quais danificam consideravelmente os frutos, perfurando-os
e destruindo a polpa para a sua alimentação. Geralmente encontra-se uma lagarta por fruto
atacado. Depois de passar por cinco ecdises, com duração entre 13 a 25 dias, as lagartas
medem cerca de 40 a 50 mm de comprimento, possuindo coloração variável como verde,
marrom, branco sujo e até preto com listras longitudinais de duas a três cores.
Antes de passar para a fase de pupa, a lagarta abandona a planta e penetra no solo,
de 4 a 22 cm de profundidade, de acordo com a sua consistência. No solo, faz uma espécie
de célula ou câmara, com uma galeria de saída para a superfície do solo, para a emergência
do adulto, passando em seguida a pupa. Esta mede cerca de 20 mm de comprimento e
possui coloração marrom. O período pupal dura cerca de 14 dias, de acordo com a variação
da temperatura. O ciclo evolutivo completo dessa praga é, em média, 30 dias.
O nível de controle para essa praga é de 4 ovos/100 folhas (examinadas duas vezes
por semana, ao acaso, no terço superior da planta, visto que 2/3 dos ovos dessa praga são
encontrados nessa região da planta) ou 1% de frutos danificados (amostrar 20 pontos por
talhão, sendo cinco plantas amostradas em cada ponto: avaliar a presença de galerias nos
frutos das primeiras pencas).
O controle químico adotado para a broca-pequena-do-fruto serve também para a
broca-grande-do-fruto, sendo esta mais fácil de se controlar por ficar mais exposta à ação
dos inseticidas. Da mesma forma ocorre com as táticas do controle cultural, que servem
para as duas brocas.
Os principais parasitóides da broca-grande-do-fruto, H. zea, são representados por
Campoletis sp. e Microcharops bimaculata (Ashmead) (Hymenoptera: Ichneumonidae),
sendo o primeiro reconhecido pelo casulo branco com traços escuros e o segundo por um
casulo marrom, ambos do mesmo tamanho. Os ovos de H. zea também são parasitados
eficientemente por T. pretiosum.

2.1.5 Mosca-minadora: Liriomyza spp. (Diptera: Agromyzidae)

Os adultos são pequenas moscas de coloração geralmente escura, com manchas


amareladas nas laterais do corpo e no escutelo. O comprimento varia de 1,5 a 2 mm. Suas
asas são translúcidas, apresentando o corpo revestido de cerdas, sendo o macho menor e
mais escuro. Os adultos são facilmente dispersos pelo vento, atingindo longas distâncias.
As fêmeas colocam seus ovos dentro dos tecidos das folhas, sendo um ovo por punctura,
chamada punctura de oviposição. Aproximadamente 1/5 das puncturas realizadas pelas
fêmeas são puncturas de oviposição, sendo as demais realizadas para alimentação. Cada
fêmea pode ovipositar de 500 a 700 ovos, preferencialmente pela manhã e nos primeiros
dias de vida, com uma média de 35 ovos/dia. Os ovos medem aproximadamente 0,2 mm de
comprimento x 0,13 mm de largura, são elípticos, de coloração branco-leitosos e
transparentes.
As larvas eclodem após aproximadamente sete dias da postura. São ápodas,
cilíndricas, inicialmente brancas hialinas e posteriormente tornam-se amareladas.
Apresentam aparelho bucal mastigador e minam as folhas das plantas hospedeiras, vivendo
no parênquima foliar. Têm cerca de 6 mm de comprimento no final desse estádio. Essa fase
dura de 4 a 17 dias.
A pupação das lagartas ocorre no solo, a pouca profundidade, ou aderida às folhas
inferiores, na forma de um pequeno barril, marrom, com 4 mm de comprimento. À medida
que envelhecem, as pupas ficam mais escuras. Aderem-se às folhas por meio de uma
substância colante produzida pelo próprio inseto. O adulto emerge após seis a nove dias.
Seu ciclo biológico varia de 21 a 30 dias, dependendo das condições climáticas. Em
clima favorável pode ser reduzido para 15 dias, sendo 2 dias para a fase de ovo, 4,2 dias
para a fase larval e 9 dias para a fase de pupa. As maiores infestações ocorrem no período
seco do ano, de maio a outubro, no plantio de inverno, na proporção de 1 macho para cada
1,2 fêmea. Os machos vivem 40 dias, e as fêmeas, 26 dias.
As principais espécies de moscas-minadoras de ocorrência no Brasil são Liriomyza
trifolii (Burgess, 1880) e Liriomyza huidobrensis (Blanchard, 1926) (Diptera:
Agromyzidae), que atacam além de batata, a cultura do feijoeiro. Essas e outras espécies
provocam sérios problemas em pepino, tomate e batata. São hospedeiros alternativos, as
plantas daninhas como maria-pretinha, serralha-mansa, serralha-brava e falsa-serralha, e
servem como fonte de alimentação para os adultos da mosca-minadora após a dessecação
da lavoura, podendo migrar então para outras áreas cultivadas.
A amostragem deve-ser realizada em 20 pontos por talhão, avaliando-se cinco
plantas por ponto de amostragem. Deve-se avaliar a presença de minas na terceira ou quarta
folhas completamente desenvolvidas, a partir do ápice da planta. O nível de controle para
essa praga é de 20% de folhas minadas
Para o controle da mosca-minadora são recomendados inseticidas sistêmicos,
piretróides permethrin (Ambush 500 CE - 20 mL/100 L de água, com aplicação de 400 a
1000 L de calda/ha), ou carbamatos como carbosulfan (Marshal 400 SC - 50 mL/100 L de
água), ou inseticidas fisiológicos.
A respeito da utilização de parasitóides, o mais importante inimigo natural
relacionado com Liriomysa sativae Blanchard, 1938 (Diptera: Agromyzidae) é o Diglyphus
phtorimaeae (DeSantis) (Hymenoptera: Eulophidae). Mas existem outros gêneros atuantes
no Brasil como, por exemplo, Chrysocharys e Chrysotomyia.

2.1.6 Lagartas: Agrotis ipsilon (Hüfnagel, 1767) (Lepidoptera: Noctuidae) e Mechanitis


lysimnia (Fabricius, 1793) (Lepidoptera: Nymphalidae)

A lagarta-rosca, A. ipsilon é um inseto polífago, pois ataca plantas cultivadas e


silvestres como, por exemplo, milho, algodão, trigo, arroz, feijão, amendoim, fumo, batata,
melancia, melão, plantas ornamentais e diversas plantas daninhas. Os adultos são mariposas
com 35 mm de envergadura cujas asas anteriores são marrons com algumas manchas
pretas, e as posteriores, semitransparentes. A fêmea oviposita em média 1.000 ovos de
coloração branca nas folhas das plantas. As lagartas são de coloração pardo-acinzentada
escura e podem atingir cerca de 45 mm de comprimento no seu desenvolvimento máximo.
Possuem hábitos noturnos, ficando enroladas em abrigos no solo durante o dia, o que deu
origem ao nome vulgar “lagarta-rosca”. Depois da fase larval, que dura 30 dias, em média,
a lagarta se transforma em pupa no solo, permanecendo nesse estágio por 15 dias, quando
emerge o adulto. Os prejuízos em plantas de tomate são maiores quando as lagartas-roscas
seccionam as plantas rente ao solo, podendo destruir várias plantas em um dia.
Outra lagarta que podem aparecer em cultivos de tomate é a lagarta-verde, M.
lysimnia, que possui expansões laterais no corpo, cujas pupas são prateadas. Os adultos são
borboletas vistosas alaranjadas, com manchas pretas e brancas que voam durante o dia. Os
danos observados são destruições das folhas pelo ataque das lagartas, que também podem
destruir folhas de outras solanáceas.
Para ambas as lagartas, A. ipsilon e M. lysimnia, pode-se utilizar inseticidas
granulados sistêmicos como carbofuran (Furadan 50 G - 15 a 25 kg/ha) ou aldicarb (Temik
150 G - 5 a 8 kg/ha). No caso de pulverizações são recomendados o methamidophos
(Tamaron 500 CE - 0,5 L/ha), acephate (Orthene 750 PM - 0,75 kg/ha), chlorpyrifos etil
(Lorsban 480 CE - 0,8 L/ha) ou deltamethrin (Decis 25 CE - 50 mL/100 L de água, com
aplicação de 300 a 600 L de calda/ha), com o jato de pulverização dirigido para a base das
plantas, logo após o aparecimento dos primeiros sintomas de ataque.
Plantas iscas pulverizadas com solução à base de açúcar ou melaço misturados com
um inseticida, também podem servir como uma tática de controle químico. Pode ser usada,
por exemplo, a mistura de 1 kg de açúcar ou 3 litros de melaço, mais 1 kg de trichlorfon e
25 kg de farelo de trigo.
As lagartas-roscas também podem ser controladas utilizando alguns inimigos
naturais, principalmente predadores e parasitóides. Entre os primeiros, além de aves e
sapos, incluem-se besouros da família Carabidae e algumas grandes vespas. Dentre os
parasitóides, estão alguns microhimenópteros da família Ichneumonidae e certas moscas da
família Tachinidae.
Pode-se adotar, também, uma das táticas de controle cultural, arando-se o solo após
a colheita, a fim de expor as lagartas e pupas à ação dos raios solares e inimigos naturais,
contribuindo assim na diminuição da infestação da praga.

2.1.7 Percevejos: Phthia picta (Drury, 1770) (Hemiptera: Coreidae) e Corythaica


cyathicollis (Costa, 1864) (Hemiptera: Tingidae)

O percevejo-do-tomate, P. picta possui cerca de 16 mm de comprimento, coloração


geral escura, cabeça parda e o pronoto com uma faixa transversal amarelada no bordo
posterior. Esses percevejos aprecem nos meses quentes do ano e tanto as ninfas como os
adultos sugam o suco dos frutos. Em conseqüência das picadas, os frutos atacados
apresentam áreas endurecidas na parte interna e, externamente, mostram pontuações
esbranquiçadas com aspecto de mosaico, ficando inúteis para o comércio in natura.
O percevejo-rendado, C. cyathicollis possui cerca de 3 mm de comprimento, o
corpo todo reticulado (rendado) na parte superior, sendo a parte dorsal de coloração palha
com manchas escuras. As ninfas, ápteras (sem asas), são de coloração esbranquiçada,
dotadas de espinhos espalhados pelo corpo. A fêmea vive aproximadamente 30 dias,
podendo colocar até 300 ovos. Tanto ninfas como adultos vivem na parte inferior das
folhas, sendo que o local de ataque apresenta coloração esbranquiçada, secando
posteriormente. Além dessas manchas, surgem outras de coloração preta, que
correspondem às dejeções do inseto. Devido à sucção, esses insetos enfraquecem as plantas
predispondo-as ao ataque de doenças. O ciclo evolutivo completo dessa praga é de 22 a 28
dias.
O controle eficiente dessas pragas pode ser realizado por meio da aplicação de
inseticidas de contato e ingestão, principalmente os organofosforados e os carbamatos,
sendo aplicados assim que forem verificados os primeiros ataques nos tomateiros. Podem
ser utilizados o Malathion 1000 CE Cheminova (100 mL do p.c./100 L de água), o
Malathion 500 CE (250 mL do p.c./100 L de água), o Sevin 480 SC (225 mL do p.c./100 L
de água, aplicando-se de 800 a 1000 L de calda/ha) e o Tiomet 400 CE (120 mL do p.c./100
L de água, com aplicação de 400 L de calda/ha).

2.1.8 Grilo, paquinhas e vaquinha

O adulto do grilo, Gryllus assimilis (Fabricius, 1775) (Orthoptera: Gryllidae), possui


coloração escura, medindo, aproximadamente 25 mm, pernas anteriores do tipo
ambulatórias e as posteriores saltatórias. Sua biologia é parecida à da paquinha, porém, não
são bons escavadores. Durante o dia permanecem ocultos sob pedras ou outros detritos, em
ambientes úmidos e escuros, saindo à noite à procura de alimento. Esses insetos atacam as
plantas no viveiro e no campo, seccionando-as, alimentando-se da parte aérea e também de
raízes.
As paquinhas, Neocurtilla hexadactyla (Perty, 1832) e Scapteriscus spp.
(Orthoptera: Gryllotalpidae) são insetos que podem atacar as plantas de tomate, cortando as
mudas na sementeira, como também no campo, apresentando hábitos noturnos, assim como
os grilos. O adulto de N. hexadactyla mede cerca de 30 mm de comprimento e possui
coloração escura. Possui asas anteriores do tipo tégmina, com nervuras bem visíveis, pernas
anteriores do tipo escavadoras e posteriores saltatórias. São comumente encontradas em
solos úmidos, onde cavam galerias para alimentarem-se das raízes. Durante a noite, pode
sair à superfície e atacar as partes das plantas ao nível do solo. As fêmeas fazem posturas
em ninhos subterrâneos, sendo que as formas jovens eclodem após duas semanas, não
possuindo asas. Já os adultos de Scapteriscus spp. apresentam o trocânter da perna fossorial
saliente, ausente em N. hexadactyla.
A vaquinha, Diabrotica speciosa (Germar, 1824) (Coleoptera: Chrysomelidae),
também conhecida como “patriota” ou “brasileirinho”, pode atacar as plantas de tomate
cortando as mudas na sementeira, como também no campo, apresentando hábitos diurnos.
Esta praga é caracterizada por ser um besouro de coloração verde com 5 a 6 mm de
comprimento, de cabeça castanha, tendo em cada élitro três manchas amareladas. A fêmea
faz a postura no solo, de onde eclodem as larvas de coloração branco-leitosa, conhecidas
como larvas-alfinetes que, completamente desenvolvidas, medem 10 mm de comprimento,
possuindo no último segmento abdominal uma placa de coloração castanho-escura, quase
preta. Os prejuízos causados pelos insetos adultos são normalmente verificados por furos
nas folhas, que podem chegar à destruição total da parte aérea das mudas.
Quando as paquinhas e/ou grilos surgem após a instalação da cultura, a utilização de
iscas tóxicas é a forma de controle mais aconselhável. Um dos exemplos de isca é a mistura
de 1 kg de farelo de trigo + 100 g de açúcar + 0,5 L de água + 100 g de inseticida. Entre os
inseticidas, o acephate (Orthene 750 BR), carbaril (Sevin 850 PM) ou carbofuran (Furadan
100 G) podem ser empregados. Mistura-se o farelo com o inseticida e, em seguida, a água
com o açúcar ou melaço, na proporção de 0,5 L de água para 100 g de açúcar. Finalmente,
misturam-se os produtos lentamente, até a formação de uma massa moldável, adicionando
para isso mais água caso necessite. A distribuição da isca deve ser feita pelos canteiros de
forma homogênea.
No caso das vaquinhas, pode-se utilizar iscas para os insetos adultos, os quais são
atraídos por algumas cucurbitáceas por conterem uma substância atraente chamada de
cucurbitacina. É o caso da tajujá, das espécies Ceratosanthes hilariana (raiz) ou Cayaponia
martiana (folhas). Essas plantas podem ser usadas como iscas (20 iscas/ha) quando
colocadas próximas aos tomateiros, tratando-se parte da isca com o inseticida cartap, por
exemplo. A atratividade dessas iscas é de aproximadamente 30 dias. Também causa efeito
semelhante à utilização da purunga ou cabaça verde (Lagenaria vulgaris, Cucurbitaceae).
No entanto, essas pragas também podem ser controladas com inseticidas de contato
e ingestão, como por exemplo, betacyfluthrin (Bulldock 125 SC - 10 mL/100 L de
água,com aplicação de 500 a 1000 L de calda/ha), deltamethrin (Decis 25 CE - 30 mL/100
L de água, aplicando-se de 400 a 1000 L de calda/ha), methamidophos 600 Milenia (100
mL/100 L de água, aplicando-se de 500 a 1000 L de calda/ha) e dimethoate (Tiomet 400
CE - 120 mL/100 L de água, com aplicação de 400 L de calda/ha). O inseticida deve ser
aplicado cobrindo toda a superfície específica do tomateiro, além de dirigir o jato do
pulverizador para a região do colo da planta.

2.1.9 Nematóides

Responsáveis por enormes perdas na tomaticultura, as espécies mais comuns de


nematóides que ocorrem no Brasil são Meloidogyne incognita (Kofoid & White, 1919)
(raças 1, 2, 3 e 4), Meloidogyne javanica (Treub, 1885), Meloidogyne arenaria (Neal,
1889) e Meloidogyne hapla Chitwood, 1949 (Nematoda: Meloidogynidae). Os sintomas
são caracterizados pela presença de galhas nas raízes.
Em regiões tropicais, o ciclo de vida dos nematóides se completa a cada três a cinco
semanas, o que permite que várias gerações ocorram durante um ciclo de cultivo do
tomateiro.
Quando atacado por nematóides, o tomateiro apresenta alguns sintomas
característicos como, por exemplo, pequeno desenvolvimento (nanismo), murcha nas horas
mais quentes do dia, clorose nas folhas e senescência precoce.
As galhas presentes nas raízes inibem ou bloqueiam a absorção de água e nutrientes
do solo. Assim, a planta produz menos frutos e de tamanho pequeno. Além disso, as lesões
provocadas pelos nematóides nas raízes servem como “porta de entrada” de fungos e
bactérias fitopatogênicas.
Elevadas temperaturas e a umidade do solo favorecem a multiplicação dos
nematóides. A disseminação ocorre por meio de plantas e materiais infestados. Os
problemas se intensificam tanto na produção de tomate para consumo in natura, em
condições de ambientes protegidos, quanto para produção de tomate industrial, irrigado
pelo sistema de pivô central, em áreas onde o cultivo é sucessivo com espécies susceptíveis.
Deve-se considerar que o controle de nematóides, em áreas já infestadas, é muito
difícil e não é possível a sua total eliminação. Entretanto, algumas medidas são
recomendadas para reduzir a população a níveis que provoquem poucos danos. Uma das
medidas seria utilizar substratos inertes ou fazer o tratamento do mesmo com nematicidas,
na fase de produção de mudas.
A rotação de culturas com espécies não susceptíveis, evitando o plantio sucessivo de
tomates e de outras solanáceas, também serviria como medida de redução da população de
nematóides. Plantas como milho, sorgo, gramíneas usadas em pastagens, leguminosas
como crotalária, plantas nematicidas como Tagetes spp. e gergelim, devem ser usadas em
programas de rotação com o tomateiro.
Utilizar cultivares ou híbridos resistentes aos nematóides pode ser uma outra tática,
tanto para produção de frutos para consumo in natura quanto para a indústria.
O controle químico de nematóides pode ser realizado usando-se nematicidas como
Furadan 50 G (4 g/cova), Furadan 100 G (30 a 40 kg/ha), Furadan 350 SC (5,0 L/100 L de
água, com aplicação de 200 L de calda/ha, no sulco de plantio), Nemacur (30 a 40 kg/ha) e
carbosulfan (Marshal 50 G - 60 kg/ha). Esses produtos são registrados para a cultura do
tomate; entretanto, há necessidade de se avaliar a relação custo-benefício.

1.1. Descrição, biologia e prejuízos das principais pragas

1.1.1 Pragas inicias

A lagarta-rosca Agrotis ipsilon (Hüfnagel, 1767) (Lepidoptera: Noctuidae), a


paquinha Neocurtilla hexadactyla (Perty, 1832) (Orthoptera: Gryllotalpidae) e o grilo
Gryllus assimilis (Fabricius, 1775) (Orthoptera: Gryllidae) são consideradas pragas inicias
que podem prejudicar a produção de mudas e/ou a fase inicial da cultura em nível de
campo. A lagarta-rosca é considerada uma praga polífaga, pois é encontrada em
praticamente todos os tipos de cultivos. Os adultos são mariposas que apresentam 1,5 cm
de envergadura com asas anteriores de cor marrom a cinza escuro com algumas manchas
pretas, e as posteriores de um branco leitoso semi-transparente. Uma fêmea pode ovipositar
até 1000 ovos durante sua vida, sendo estes de coloração branca e, em geral, ovipositados
nas folhas ou próximos do colo da planta a ser atacada. Após a eclosão, as lagartas têm
coloração acinzentada e cabeça escura, podendo atingir 4,5 cm de comprimento no último
instar, antes de passarem para a fase de pupa. As lagartas têm hábito noturno, inclusive o de
se alimentar e durante o dia ficam enroladas no solo, 1 a 2 cm abaixo da superfície. Em
função do hábito de se enrolar é que lhe foi atribuído o nome vulgar de “lagarta-rosca”. A
duração do período larval é de 30 dias, em média, alcançando em seguida, a fase de
crisálida (pupa) na qual permanece por 15 dias. Como principal característica de ataque
desta praga, ocorre o corte de mudas rente ao solo, tanto no viveiro como no campo. Por ser
uma praga polífaga a lagarta-rosca pode ser encontrada em todo o Brasil atacando todas as
hortaliças e culturas como soja, feijão, milho etc. No caso do tomateiro, o maior dano é
causado na produção de mudas para tomate envarado, entretanto existe histórico de ataques
severos na produção de tomate industrial.
O grilo é um inseto com 2,5 cm de comprimento e de coloração escura, quase preta,
e é polífago. Como características principais, apresenta o par de pernas posteriores
saltatórias e antenas filiformes longas, sendo conhecido pela sua agilidade. A postura é
feita no solo e 14 dias após eclodem as ninfas, que não possuem asas ficando expostas a
predadores. Elas são de cor clara e escurecem à medida que crescem e trocam de “pele”. O
grilo é uma praga comumente encontrada em áreas úmidas e escuras com temperaturas
amenas a quentes. Por esta razão é muito comum encontrá-lo entre saquinhos de mudas ou
debaixo de bandejas e vasos no cultivo protegido. Como prejuízo alimentam-se de raízes e
da parte aérea das plantas novas.
A paquinha é um inseto semelhante ao grilo com aproximadamente 3 cm de
comprimento e de coloração pardo-escura, alados e com asas do tipo tégmina. Como
característica marcante, tem o primeiro par de pernas do tipo “escavador” e o último do tipo
saltatório. As pernas escavadoras permitem que esse inseto construa galerias no solo. São
encontradas em solos úmidos e ambientes sombrios onde as fêmeas depositam seus ovos.
As formas jovens são de cor clara, desprovidas de asas e olhos. Os prejuízos causados pela
paquinha são semelhantes aos do grilo, sendo que essa praga também é encontrada
atacando inúmeras culturas.

Lagarta-rosca Grilo
1.1.2 Tripes (Thrips tabaci (Lindeman, 1888); Thrips palmi Karny, 1925;
Frankliniella schultzei Trybom, 1920 (Thysanoptera: Thripidae)
Em geral, os tripes são insetos bem pequenos, o que dificulta sua identificação. As
espécies Thrips tabaci e T. palmi têm biologia semelhante, sendo que suas diferenças
morfológicas não são de alta relevância em termos práticos para o produtor. Essas duas
espécies são insetos que atingem no máximo 1 mm de comprimento e 2 mm de
envergadura tendo necessidade de um pequeno esforço para vê-los a olho-nu. Neste instar
sua cor torna-se mais escura passando de um tom palha para o marrom. As ninfas, após a
eclosão são de coloração clara e medem 1 mm de comprimento. As asas são relativamente
longas e franjadas. As pernas são mais claras que o corpo, e o abdome apresenta 10
segmentos, terminando com um ovipositor curvo nas fêmeas. A oviposição ocorre nas
partes mais tenras da planta, sendo que cada fêmea pode ovipositar de 20 a 100 ovos. A
eclosão das ninfas ocorre com 4 dias e esta fase pode durar de 5 a 10 dias, dependendo da
temperatura. Antes de passarem para a fase adulta, esses insetos ficam imóveis por um
período de 24 horas na planta ou no solo. Eles vivem no interior das flores; lado ventral das
folhas novas e velhas e brotações. Vivem em colônias e se alimentam de seiva, sendo os
ovos colocados nas partes da planta onde posteriormente procedem o ataque. Por serem
polífagos os tripes se transferem facilmente dos restos de cultura de uma determinada
lavoura ou de plantas daninhas para a cultura do tomateiro. Essas infestações podem
ocorrer até 45 dias após o transplante ou estabelecimento da nova lavoura, sendo que a
longevidade do inseto é de 20 dias em média.
A espécie Frankliniella schultzei é maior quando comparada às outras, sendo que a
forma adulta pode medir 3 mm de comprimento e possuir coloração mais escura. Suas
características biológicas e comportamentais não diferem muito das outras espécies,
podendo haver alterações no ciclo principalmente em função de condições climáticas.
O período de maiores prejuízos provocados por dessas pragas ocorre na seca,
quando eles encontram condições adequadas para se reproduzirem e se alimentarem. A
característica de ataque mais marcante é a presença de partes esbranquiçadas e prateadas no
lado interno das folhas, e à medida em que se aumenta a intensidade do ataque a planta vai
se tornando amarelo-esverdeada secando completamente. Entretanto, o maior prejuízo
causado por esses pequenos insetos é a transmissão de virose. Ao se alimentarem da seiva
de plantas doentes, os tripes podem se contaminar pelo vírus do “vira-cabeça-do-tomateiro”
(Topovírus) transmitindo-o para as plantas sadias. As plantas atacadas apresentam folhas
bronzeadas e estrias escuras no caule. Os frutos mostram manchas em mosaico verde-
amarelo, sendo que posteriormente há um curvamento das extremidades dos ponteiros. A
queda na produção e qualidade é acentuada e seu ataque pode atingir toda a lavoura. O
maior problema dessa praga é quando o ataque ocorre nas mudas, sendo que os sintomas já
se manifestam logo após o transplante causando prejuízos desde o início para o produtor.

Tripes Thrips tabaci Tripes Thrips palmi

1.1.3 Pulgões (Myzus persicae (Sulzer, 1776) e Macrosiphum euphorbiae


(Thomas, 1878) (Hemiptera: Aphididae)

Em geral, são insetos bem pequenos com poucos milímetros de comprimento, de


cor verde podendo-se confundir as duas espécies freqüentemente. O Macrosiphum
euphorbiae é maior com cerca de 3 a 4 mm sendo a cabeça e tórax de coloração amarelada
e atenas escuras. A espécie Myzus persicae tem em média 2 mm de comprimento,
coloração verde-clara, enquanto a forma alada é de coloração verde-escura; a cabeça,
antenas e tórax são pretos. Seu ciclo dura em média 10 dias com quatro “trocas de
tegumento”. A reprodução é por partenogênese telítoca, sem a necessidade da participação
do macho chegando a cerca de 80 ninfas por fêmea, contribuindo para ser um organismo de
alta capacidade de crescimento populacional. Normalmente, os pulgões causam os maiores
problemas na fase de muda no viveiro ou mesmo no campo, logo após o transplante,
promovendo a sucção de seiva. Podem ocorrer também altas populações no final de ciclo
da cultura, mas nesta fase não causam maiores problemas. As espécies citadas são
transmissoras das viroses mosaico “Y”, topo amarelo e amarelo baixeiro. Com a
proliferação das viroses os prejuízos são extremamente grandes, exigindo controle
preventivo da praga como viveiro telado, utilização de controle biológico e controle
químico como serão descritos mais adiante.

Pulgão Myzus persicae Pulgão Macrosiphum euphorbiae

1.1.4 Traça-do-tomateiro Tuta absoluta (Meyrick, 1917) (Lepidoptera:


Gelechiidae)

Os adultos da traça-do-tomateiro são pequenas mariposas com 3 mm de


comprimento e 11 mm de envergadura. Apresentam coloração cinza prateada, com pontos
escuros no par de asas anterior. Já as asas posteriores apresentam os bordos franjados. As
mariposas têm o hábito de promoverem seus rápidos vôos à tarde, à noite e ao amanhecer.
Durante o dia ficam abrigadas na própria planta do tomateiro. As fêmeas depositam
isoladamente seus ovos principalmente nas folhas, podendo também colocá-los no caule e
nos frutos do tomateiro. Uma fêmea pode ovipositar até 200 ovos com viabilidade de 95%.
Os adultos têm uma longevidade de 22 dias. Os ovos são elípticos de coloração amarelo-
clara, não sendo possível percebê-los a “olho nu” com facilidade. Próximos à eclosão, os
ovos apresentam coloração avermelhada. A duração da fase de ovo é de 4 dias. Ao
eclodirem, as lagartas têm coloração clara medindo 7 mm, e posteriormente adquirem
coloração verde-arroxeada. As lagartas causam prejuízos minando as folhas, perfurando
ponteiros, broqueando o caule e os frutos na região do cálice floral. Em alta infestação
populacional pode-se encontrar dezenas de lagartas em uma só planta. A fase de lagarta
dura aproximadamente 14 dias. A fase de pupa ocorre na própria planta, entretanto, é
comum encontrar pupas no envaramento do tomateiro estaqueado. A crisálida é construída
na folha lesionada e também no solo. Este período é de aproximadamente 8 dias quando
emergem os adultos. O ciclo completo da traça-do-tomateiro é de 26 a 30 dias sendo que
fatores climáticos e físicos podem alterar este período. A disseminação da praga pode
acontecer por fatores físicos como vento, também através de frutos, caixas e ferramentas
infestadas com pupas ou lagartas e através do próprio homem. Com o broqueamento dos
brotos terminais e do caule, ocorre o superbrotamento das plantas e redução de seu
tamanho. Nas folhas e frutos minados pode-se observar facilmente fezes e a presença da
própria lagarta. Como prejuízos relevantes podemos citar a baixa capacidade de produção
das plantas; queda de botões florais e flores atacadas; queda de frutos atacados; deformação

de frutos e maturação precoce. Uma lavoura com alto nível de severidade do ataque da
praga pode ter 100% de perda na produção.
Traça-do-tomateiro Tuta absoluta
1.1.5 Mosca-branca Bemisia argentifolii (Gennadius., 1889) (Hemiptera:
Aleyrodidae)

Como a traça-do-tomateiro, se constitui em praga-chave da cultura do tomateiro.


Tornou-se um desafio para os produtores dessa olerícola principalmente pela sua alta
resistência à maioria dos inseticidas conhecidos, o que levou a questionamentos e
considerações sobre as estratégias de Manejo Integrado de Pragas. Sua importância também
se deve ao fato de ser transmissora de um complexo de viroses como o “tomato yelow leaf
curl” e o mosaico dourado. O complexo geminivirus versus mosca-branca tem causado
significativas perdas principalmente na cultura do tomateiro em vários estados brasileiros
nos últimos anos. Entre os sintomas mais evidentes observados em plantas infectadas com
geminivirus, os mais comuns são a paralisação do crescimento das plantas, mosaico
amarelo, folíolos pequenos, encarquilhados, coriáceos e com os bordos enrolados para
cima, pouca floração e redução do grau brix nos frutos. McGovern et al. (1994)
identificaram no Estado da Flórida (USA) geminivirus (TMOV) e demonstraram a
capacidade da mosca-branca de infectar plantas daninhas, o que a torna um inseto com um
alto potencial para causar sérios danos. A facilidade de adaptação desse inseto também foi
constatada por Blua et al. (1995) que demonstraram esta característica em diversas plantas.
Nos anos de 1995 a 1997, a mosca branca provocou sérios problemas à tomaticultura
brasileira, e por ser uma praga cosmopolita e polífaga, tem preocupado bastante os
pesquisadores.
É um inseto muito pequeno, o adulto apresentando cerca de 1 a 2 mm, sendo que a
fêmea é maior que o macho e ambos possuem as asas brancas e tórax levemente amarelo-
palha. Em repouso é fácil de ser observado, entretanto, voa rápido quando é molestado. A
fêmea oviposita de 100 a 300 ovos durante seu ciclo de vida. Sua longevidade (fase de ovo
a adulto) está relacionada com condições climáticas, podendo durar em média de 18 a 26
dias. O ovo é de coloração amarela, com formato periforme e tem cerca de 0,2 a 0,3 mm de
comprimento. O período embionário é de 6 a 15 dias e a eclosão das ninfas ocorre na parte
inferior da folha, onde os ovos são depositados. Ninfas e pupas se confundem pois são
translúcidas e apresentam coloração amarela a amarelo-pálido. Este hemíptero tem a
característica peculiar de produção de “honey-dew”, que é a excreção do excesso de
açucares mais água da alimentação que são eliminados do seu corpo para o meio ambiente,
atraindo outros insetos como formigas doceiras e promovendo a formação de fumagina, que
é um fungo de coloração preta que prejudica a fotossíntese.
A transmissão das viroses ocorre devido ao fato desse inseto ser picador-sugador .
Quando o inseto faz a sucção de seiva promove a infecção da planta sadia com a introdução
do seu estilete no tecido da planta, que irá apresentar manchas cloróticas posteriormente.
Quando o vírus infecta a planta ainda jovem seu crescimento é paralisado e a mortalidade
ocorre entre 40% e 70% das plantas. Com altas densidades em plantas adultas, as perdas
alcançar chegar até 50%. Pode ocorrer também murchas intensas, queda de folhas e frutos.
No tomateiro industrial, as perdas ocorrem devido à toxina injetada, a qual provoca
amadurecimento irregular dos
frutos, prejudicando os
processos de obtenção de
polpa.

Mosca branca Bemisia argentigolii

1.1.6 Broca-pequena, Neoleucinodes elegantalis (Guenée, 1854) (Lepidoptera:


Pyralidae) e broca-grande, Helicoverpa zea (Boddie, 1850) (Lepidoptera:
Noctuidae)
A broca pequena N. elegantalis ocorre de forma mais tardia na cultura ou seja no
período de florescimento. Após o acasalamento a fêmea faz a oviposição próxima do cálice
floral sob a proteção das pétalas. O número de ovos é variável porém, em média,
encontram-se três ovos por fruto, os quais são de coloração branca e bastante pequenos,
sendo difícil observá-los a “olho nu”. Após 3 a 7 dias da oviposição há eclosão das lagartas
que penetram imediatamente no fruto. O orifício de entrada não é percebido facilmente,
desaparecendo totalmente alguns dias após a entrada da lagarta, que pode medir cerca de
11 a 13 mm, sendo de coloração rósea característica, com o primeiro segmento toráxico
amarelado. Pode permanecer no interior dos frutos de tomate até 30 dias em média. Após
este período, a lagarta abandona o fruto deixando um orifício característico de fácil
percepção. A lagarta pupa-se no solo junto aos detritos da cultura. Este período vai de 15 a
20 dias. O adulto é uma pequena mariposa com 25 mm de envergadura, de coloração
branco-transparente com manchas de cor “tijolo” nas asas anteriores e pequenas manchas
marrons nas asas posteriores. Pelas características descritas, a lagarta deste inseto promove
a destruição total da polpa do fruto tornado-o imprestável para o consumo, sendo que os
prejuízos podem variar de 45% a 100%.
A broca-grande, H. zea é uma praga comumente encontrada na cultura do milho,
mas as lagartas podem atacar os frutos do tomateiro. Trata-se de uma mariposa com 30 a 40
mm de envergadura sendo que as asas anteriores são de coloração cinza-esverdeada e as
posteriores esbranquiçadas com manchas escuras. A fêmea realiza postura sobre os frutos,
sendo os ovos elípticos com estrias laterais e de coloração esverdeada. As lagartas eclodem
cerca de 3 ou 4 dias após, sendo que nos primeiros instares são de coloração branca com
cabeças marrons. Perfuram os frutos e permanecem alojadas na sua polpa alimentando-se
vorazmente, passando por 5 instares. Nos últimos estádios, as lagartas atingem cerca de 40
a 50 mm de comprimento com coloração variável de verde, marrom e esbranquiçada,
podendo, às vezes, ficar quase pretas com listras longitudinais. O período larval dura cerca
de 13 a 25 dias. Após este período a lagarta abandona o fruto deixando um orifício bem
visível e pupa-se no solo numa profundidade de 4 a 22 cm, dependendo da consistência, por
14 dias em média (dependendo da temperatura), ocorrendo logo em seguida a emergência
do adulto. O ciclo total é de 30 a 40 dias, sendo que a fêmea oviposita de 400 a 3000 ovos
e sua longevidade é de 12 a 15 dias. As lagartas danificam grandemente os frutos do
tomateiro tornado-os imprestáveis para o consumo, podendo promover grandes prejuízos.

Broca-grande Helicoverpa zea Broca-pequena Neoleucinodes elegantalis

1.1.7 Ácaro-do-bronzeamento, Aculops lycopersici (Massae, 1937) (Acari:


Eriophyidae) e ácaro-rajado, Tetranychus urticae Koch, 1836 (Acari:
Tetranychidae)

Atualmente, o ácaro-do-bronzeamento A. lycopersici é de grande importância na


tomaticultura, principalmente na Região Nordeste devido às suas condições, caracterizado
por climaseco com chuvas mal distribuídas. Assim, este eriofídeo é encontrado com mais
freqüência entre maio e setembro. Esse ácaro tem aspecto vermiforme com 0,2 mm de
comprimento, sendo disseminado facilmente pelo vento e tem como abrigo principal as
folhas e hastes do tomateiro. A fêmea faz postura na base dos tricomas foliares e do caule
deixando os ovos. O ciclo biológico completo do ácaro é de 6 dias, o que permite um
grande número de gerações em um ano.Os primeiros sintomas do seu ataque é o
brozeamento, principalmente das folhas e da parte superior das hastes, seguido de
secamento e morte das extremidades das plantas. Outra característica resultante do seu
ataque é a aparência enrolada e “dependurada” das folhas com proliferação anormal de
pêlos (eríneos) sobre as mesmas, tomando aspecto esbranquiçado o que leva à posterior
queda. Os frutos também não se desenvolvem, apresentando a casca áspera, sendo que a
planta nesta fase pode chegar à morte. Ataques intensos podem causar perdas de até 100%
na produção.
O ácaro-rajado, T. urticae é uma praga polífaga sendo encontrada em praticamente
todo território brasileiro, em diversas culturas de interesse econômico, plantas ornamentais
e plantas daninhas. Os ovos são esféricos de coloração amarelada e proporcionalmente
grandes quando comparados com os adultos. A postura é realizada na página inferior das
folhas. As fêmeas têm 0,46 mm e os machos 0,25 mm de comprimento caracterizando um
acentuado dimorfismo sexual. O nome ácaro-rajado é devido ao fato de que a fêmea
apresenta duas manchas escuras bem definidas localizadas no dorso do corpo, uma de cada
lado. Entretanto, a característica básica desse tetraniquídeo é tecer teias no local onde
desenvolve-se a colônia, o que é facilmente observado a “olho nu”. No início do ataque
notam-se pequenas manchas escuras na parte ventral da folha que vão aumentando
gradativamente até tomarem grande parte da folha. O ciclo total dessa praga é em torno de
14 dias, e dependendo das condições climáticas podem ocorrer muitas gerações em um ano.
Temperaturas altas e baixa precipitação favorecem a proliferação desse ácaro. Além do
secamento, as folhas apresentam textura áspera e a planta permanece com coloração
bronzeada, com reduzido crescimento. Adubações ricas em nitrogênio associadas às
condições favoráveis de clima, podem facilitar o desenvolvimento de colônias na planta. Há
preferência dessa praga pelas folhas do terço mediano da planta. Ataques intensos resultam
na necessidade de semeaduras contínuas, o que faz com que os ácaros passem facilmente
dos restos culturais de uma lavoura para outra.

Ácaro-do-bronzeamento A. lycopersici Ácaro-rajado T. urticae


1.1.8 Moscas-minadoras, Liriomyza huidobrensis Blanchard 1926; Liriomyza
trifolii (Burgess, 1880) e Liriomyza sativae Blanchard, 1938 (Diptera:
Agromyzidae)

As três espécies são facilmente encontradas durante todo ciclo de desenvolvimento


do tomateiro. Trata-se de pequenos dípteros com cerca de 2 mm de comprimento, com asas
hialinas e áreas amareladas no corpo. São encontradas atacando várias plantas, inclusive
ervas daninhas. A fêmea realiza oviposição nas folhas, com eclosão rápida das larvas, as
quais têm coloração branca e são ápodas. Após a eclosão, as larvas penetram nas folhas
estabelecendo-se no parêquima foliar, onde constroem galerias irregulares que são
facilmente observadas. Ocorre o secamento das folhas que apresentam aspecto “queimado”,
comprometendo a fotossíntese. Às vezes é possível verificar ataques nos frutos, porém não
são muitos expressivos. Ataques intensos no final do ciclo do tomateiro não causam danos
econômicos. As lagartas pupam-se na face inferior das folhas ou nos restos culturais. É
comum também encontrar pupas no envaramento utilizado na cultura ou nas caixas para
colheita. O ciclo total da praga é de aproximadamente 30 dias, dependendo das condições
climáticas.

Mosca minadora Liriomyza sp.


1.1.9 Burrinhos, Epicauta atomaria (Germar, 1821) e Epicauta suturalis
(Coleoptera: Meloidae) e vaquinha, Diabrotica speciosa (Germar, 1824)
(Coleoptera: Chrysomelidae)

Trata-se de pequenos coleópteros que podem ocorrer na forma de surtos na lavoura


em função de desequilíbrios climáticos ou biológicos (principalmente utilização inadequada
de produtos fitossanitários). As espécies são pragas polífagas e distribuídas em todo o

território nacional com características migratórias de populações, colonizando a cultura


com grupos de até 4000 indivíduos. São muito vorazes promovendo grandes danos grandes
em períodos muito curtos. Desta forma, o seu controle é feito com produtos químicos. São
besouros de 8 a 17 mm de comprimento, coloração cinza-escura com manchas negras nos
élitros. Apresentam pequenos pêlos recobrindo o corpo. Normalmente, o ataque dessas
pragas ocorre em reboleiras necessitando maior atenção por parte do inspetor fitossanitário
para um controle localizado. Como se alimentam vorazmente das folhas podem
comprometer a atividade fotossintética da planta, com a diminuição da área foliar.
Vaquinha Diabrotica speciosa

1.2. Manejo integrado das pragas do tomateiro

Tem-se modificado as práticas de produção para diminuir os riscos econômicos e


ambientais que prejudiquem a produção. Em face do sistema produtivo, exige-se um
programa educacional no qual todos os segmentos se enquadrem no “Manejo Inteligente”
com vantagens para obter produtos mais sadios e de boa qualidade (Cuperus, 1996). O
método de controle integrado de pragas e doenças, vem sendo amplamente difundido nos
últimos anos, com o objetivo de minimizar os riscos de contaminação ambiental por
defensivos agrícolas, além de reduzir os custos de produção (Ferreira, 1991; Silva et al.,
1991; Silva et al., 1990).
Ao se referir à palavra manejo, deve-se entender sobre a adoção de estratégias e
táticas mais adequadas aos processos vitais de produção vegetal. Não basta ter produtos ou
equipamentos eficientes. Também é importante a capacidade de utilizá-los de forma
racional evitando que prejudiquem o meio. Seus efeitos vêm sendo percebidos por muito
tempo o que fez nascer entre os pesquisadores e profissionais da área a consciência de se
produzir um modelo de manejo que mantenha o equilíbrio da biodiversidade sem esquecer
da sustentabilidade, levando a atividade agrícola a promover lucros.
O manejo integrado visa a utilização de todos os métodos possíveis para o controle
das pragas e doenças, sendo os controles químico e biológico ferramentas que devem ser
utilizadas apenas em condições específicas e de forma adequada, com o objetivo de
máxima eficiência e menor impacto ambiental. Para estabelecer um bom programa de
manejo inteligente, torna-se necessário o conhecimento dos princípios básicos que
fundamentam essa filosofia.
Com a revolução da agricultura no século XX, a destruição de agroecossistemas foi
inevitável, e o crescimento da população do mundo foi intensso, havendo a necessidade de
se produzir cada vez mais alimentos. Estima-se que a população mundial esteja ao redor de
6 bilhões de pessoas, sendo que boa parte encontra-se em estado de pobreza e desnutrição
absoluta. A busca constante de inovações pela agroindústria conduziu ao desenvolvimento
de técnicas e equipamentos que aumentaram a produtividade, aprimorando a qualidade dos
alimentos produzidos. Em vista disso, nos últimos 50 anos houve o aparecimento de uma
nova tecnologia agrária, com o uso de recursos computacionais, transgênicos, controle
biológico, agricultura orgânica, produtos fitossanitários seletivos, etc.

1.2.1 Ecologia e biodiversidade


Para se implantar um programa inteligente de manejo de pragas em tomateiro é
preciso conhecer alguns aspectos que envolvem a cultura, além de seu desempenho
fitotécnico, biológico e cultural. A base desse conhecimento inicia-se pela ecologia e a
biodiversidade local. A ecologia é a ciência que estuda as interrelações entre os seres vivos,
e desta forma é importante a manutenção dessas relações. Entretanto, quando desbravamos
uma nova área, seja pequena ou grande, para plantio de uma determinada cultura,
interferimos na harmonia de relações entre os seres vivos. Deve-se minimizar os possíveis
impactos negativos que fatalmente ocorreram, e isto chamamos de “Manejo Inteligente”. A
biodiversidade é a ciência que estuda e cataloga os organismos que compõem um
ecossistema, bem como suas interrelações e equilíbrio. Para que os aspectos ecológicos e de
biodiverssidade sejam mantidos em equilíbrio, deve-se adotar os procedimentos descritos a
seguir.
Antes do desmate e preparo da área, é importante catalogar a vegetação principal da
área em questão. Este fato irá ajudar à minimização do impacto da seguinte forma: fazendo
um estudo atento do que foi levantado para manutenção de áreas desse mato próximo da
cultura e também escolhendo algumas plantas que servissem de quebra-ventos ou
protetores ciliares. Além disso esses pontos de preservação serviriam de refúgio para
inimigos naturais e outros animais. Deve-se verificar se existe alguma planta que é mais
rústica ou que aparentemente não é atacada por nenhum tipo de praga, para ser preservada .
Jamais altere ou desmate próximo de um curso d’água, ela é fonte de vida. Animais de
porte maior e pássaros ficam sempre próximos desses locais por causa da água, portanto
deve-se se preservar de utilizar determinados produtos próximo dessas fontes. Como
exemplo interessante, apesar de ser na cultura do café, temos como citar um estudo
realizado em 2001 quando foi feita a verificação do impacto de inseticidas granulados de
solo na entomofauna e no comportamento da fauna de pássaros na região do Sul de Minas
Gerais, no município de Guaxupé. A área de boa declividade tinha café plantado do topo
até a base próximo de uma fonte de água. O estudo obteve resultados interessantes (já
publicados), porém curiosamente paralelo ao estudo verificamos que tatus, animais
predadores de ninfas de cigarra (praga importante no café naquela região) haviam feito
muito mais buracos no solo para caça-las próximo da base da declividade da plantação do
que no topo do morro, aliás no topo não tinha nada. Este fato demonstrou que
aparentemente este tipo de animal preferiu ficar mais próximo da fonte d’água e menos
exposto no topo à predadores talvez. Evidentemente num programa de manejo inteligente o
ideal é que nesta faixa da plantação fosse adotado uma outra estratégia de controle que não
os granulados, para não afetar aqueles animais. É com esta visão que fizemos as
colocações acima para o produtor de tomate, muitas vezes uma tomada de decisão como
esta pode colocar em risco uma determinada espécie no que diz respeito à sua
biodiversidade.
Outros fatores também devem ser levados em conta além do relevo e vegetação
dentro da visão de ecologia e biodiversidade. Tipo de solo é um deles, como veremos a
seguir discutindo dentro do manejo inteligente como um bom solo pode contornar a
incidência de pragas numa plantação. O clima deve ser conhecido em vários aspectos desde
o histórico de temperaturas máximas e mínimas, umidade relativa e precipitação pois são
fatores que interferem no comportamento e reprodução de uma praga bem como dos seus
inimigos naturais. Muitas vezes em um ano onde as previsões de chuva prometem acima da
média anual pode-se esperar um menor índice de ataque de pragas pois este controlador
natural diminui a capacidade de movimentação e encontro para acasalamento das pragas e
de outros insetos, além de ajudar na mortalidade de pulgões e tripes. No manejo inteligente
prognóstico de chuvas pode ser nosso aliado, portanto é importante que esses fatores como
a vegetação, declividade, tipo de solo , fontes de água e clima sejam levados em
consideração para as tomadas de decisão no manejo inteligente.
Como dissemos Ecologia e Biodiversidade são básicos para se estabelecer uma
agricultura sustentável, já que não tem outro remédio ao escolhermos uma área para plantar
e mexemos em toda sua relação de vida. Passamos a seguir a discutir alguns fatores
relevante de ecologia e biodiversidade que julgamos de maior importância no Manejo
Inteligente das pragas do tomateiro.

O solo e o mato da área


Já começamos com algumas concordâncias e no caso do solo temos que aceitar as
colocações dos adeptos da agricultura orgânica, ele é literalmente a fonte de sustentação e
como tal deve ser mantido vivo, para isto necessita de algumas mudanças de processos.
Para o manejo das pragas na cultura do tomateiro a manutenção de um solo vivo fará com
que organismos benéficos sejam preservados. Já está comprovado que plantas desnutridas
são mais susceptíveis ao ataque de pragas e doenças, isto é aceito tanto pela agricultura
convencional quanto orgânica. Estudos têm mostrados que na maioria das vezes o controle
que fazemos de uma determinada praga torna-se paliativo, já que muitas vezes a planta não
tem como “sustentar” ou “manter” o resultado daquele recurso que usamos para controlar a
praga. Grande parte dessa culpa é o fato de que a planta está em um local insustentável
ficando em estado de desequilibro safra após safra, então a saída é começar a melhorar o
“alicerce da casa”, o solo. E como se faz?
Primeiro deve-se classificar o tipo de solo que se tem, sua textura e granulometria se
possível. Após o desmate, da forma que foi discutido acima, deve-se promover a
incorporação do que for possível de matéria verde remanescente e fazer as correções
devidas com calcário quando for necessário (incorporar a pelo menos 30cm) e sempre com
90 dias de antecedência pois faz uma enorme diferença este prazo. Escolher variedades
sempre resistentes e se não for possível montar uma estratégia para manejo das pragas no
futuro. Promover o plantio em época correta pois este fator pode contribuir para que a
cultura passe períodos sem ataque de determinadas pragas. Utilizar em larga escala
adubação orgânica e adubação verde, se houver recomendação para tomate. Fazer rotação
de cultura, no caso do tomate envarado recomenda-se o plantio de ervilha, que por ser
leguminosa possui outras pragas como inimigos, além dos seus restos culturais serem
favoráveis. O enterrio de restos culturais nem sempre promove resultados de imediato para
o produtor que tem de estar ciente que está lidando com um processo e não com um
“remédio halopático”, o que leva a um jogo de relativa paciência. O enriquecimento das
sementes com nutrientes antes do plantio pode ajudar a obter uma melhor relação desta com
o solo bem como plantas mais fortes e resistentes às pragas.
Em vista disto acreditamos que é perfeitamente possível estabelecer um equilíbrio
utilizando contribuições racionais como a do francês Chaboussou com a teoria da
“Trofobiose” que certamente não serve só à agricultura orgânica como também à
convencional. Ele verificou que a principal fonte de alimentos das pragas são substâncias
que têm alta solubilidade, estão presentes nas plantas e são os açucares solúveis,
aminoácidos livres e oligoelementos. A utilização inadequada de nutrientes e produtos
fitossanitários pode levar à uma desordem na planta para a produção desses elementos
desorganizando os mecanismos de proteólise (quebra de proteínas) e proteossíntese
(síntese de proteínas). Em suma a teoria da trofobiose prega o equilíbrio dos nutrientes no
solo para consequentemente serem equilibrados na planta tornando-as mais resistentes ao
ataque de pragas e doenças. Sendo assim Chaboussou acredita que o controle de pragas e
doenças deve ser uma medida extrema sendo que mais importante que isto é manter um
solo equilibrado e vivo. Para isto como dissemos é importante que o produtor esteja ciente
das mudanças de processos e não de produto o que levará algum tempo para que ele atinja
seus objetivos.
O mato é outro fator que deve ser levado em consideração no processo de Manejo
Integrado de uma cultura como o tomate. Como falamos anteriormente as matas e capoeiras
ciliares devem ser preservadas pois nelas está o habitat da maioria dos organismos inimigos
naturais das pragas de importância agrícola. Como foi dito, após a catalogação das
principais plantas existentes na área a ser implantada a lavoura, deve se procurar selecionar
aquelas que demonstrem maior aptidão de adaptação e que certamente poderão ser
aproveitadas até como cerca viva nas áreas de plantio contra pragas e doenças. Essas
plantas podem agir como barreiras, quebra ventos e abrigo para inimigos naturais. É claro
que esta seleção deve ser cuidadosa pois não queremos que a situação piore ainda mais com
o aumento de uma planta indesejável como por exemplo se tornando planta daninha. Em
geral esta planta deve ser de bom porte, que pelo menos regule na altura com a lavoura,
sem altas exigências de solo e que promova uma certa densidade. Plantas como o Capim
Napiê, Girassol, Stilosantes, Sansão do Campo entre outras podem ser consideradas quando
não for possível selecionar alguma planta da própria área. Esse plantio deve ser envolta da
área plantada cercando ciliarmente. Uma prática usual é a pulverização de água com açúcar
nessas áreas com o objetivo de atrair ainda mais os adultos dos inimigos naturais. Uma
consideração importante é a utilização de plantas que produzem pequenas sementes pois
podem contribuir para a atração de pássaros na área que consequentemente se alimentarão
de insetos contribuindo de alguma forma para o equilíbrio. Outra preocupação é a
manutenção de árvores de grande porte pois seu sombreamento cria uma ambiente
agradável não só para pássaros como também para outros animais.
Em relação ao mato deixado entre as ruas da lavoura, esse assunto é bastante
polêmico, pois existem correntes que defendem a sua manutenção como forma de abrigo
para os inimigos naturais bem como conservação de solo. Outros acreditam que há uma
concorrência com a cultura bem como fonte de mais problemas na lavoura. Acreditamos
que uma conservação e criação de matas ciliares seria suficiente para a manutenção do
primeiro e a utilização de boas quantidades de matéria orgânica e cobertura morta no solo o
que o manteria vivo e em boas condições, melhorando manutenção e o teor de água.
Jamais promova queimada do mato ceifado, pois teríamos uma destruição bastante
considerável da matéria orgânica remanescente, trazendo prejuízos até irreparáveis, o que
certamente a natureza levaria anos para recuperar. A retirada ou a incorporação do material
é o caminho mais racional para o aproveitamento desses restos. O que for retirado pode ser
utilizado em um processo de compostagem o que certamente teria oportunidade de retornar
para o solo como fonte de matéria orgânica, favorecendo microrganismos benéficos
existentes em um sistema equilibrado e consequentemente conservando também a umidade
e preservando do excesso de insolação.

Amostragem e nível de dano das pragas do tomateiro

Sabe-se que as populações de insetos-praga comportam-se na lavoura de forma


diversa, pois inúmeros fatores estão relacionados com a sua sobrevivência. Como fatores
principais podemos citar: fonte de alimentação em abundância (no caso a cultura do
tomate), temperatura, umidade relativa, precipitação, abrigo e inimigos naturais. Quando
esses fatores se harmonizam em favor da praga certamente o produtor terá prejuízo em sua
atividade. É claro que sob o ponto de vista prático bastaria interferirmos em um destes
fatores para termos um resultado desastroso na vida da praga, porém não é bem assim pois
esses fatores agem como um todo no agroecossistema e é aí que entra o Manejo Integrado
para o qual temos que levar em consideração não só esses fatores como também a
tecnologia disponível para atingirmos o sucesso. Então na verdade o ponto básico é
sabermos lidar com as populações da praga em questão e assim é preciso conhecer de cada
uma delas o nível populacional que realmente causa dano na lavoura para que se possa
tomar uma providência racional para seu controle.
No caso da cultura do tomateiro alguns níveis de dano já foram estudados e
desenvolvidos sendo encontrados amplamente na literatura. O objetivo principal é dar
condições ao produtor para que ele possa desenvolver um programa de controle racional
interferindo o mínimo possível no equilíbrio do agroecossistema. Para estabelecer se a
gleba avaliada apresenta ou não nível de dano de uma determinada praga é preciso fazer
amostragem. A amostragem é ferramenta fundamental no Manejo Integrado pois ela vai
nos dizer se a praga em questão atingiu ou não o nível populacional para que se possa fazer
o controle. Além disso a amostragem oferece a oportunidade de se avaliar a presença ou
não de inimigos naturais na área. Para isto há a necessidade de se treinar uma pessoa para
este fim ou mesmo o próprio produtor pode assumir esta responsabilidade. Este indivíduo
recebe o nome de “Inspetor de Campo” e no caso específico das pragas “Inspetor de
Pragas” que pode ser como mencionamos até mesmo o próprio produtor. Deve ficar claro
também que o “Inspetor” não seria necessariamente específico para cuidar apenas das
pragas pois como inspetor de campo ele teria a obrigação de ser responsável por todo
procedimento de manejo da lavoura, o Manejo Inteligente (pragas, doenças, mato, aspectos
culturais, etc.). como já foi discutido até aqui. Vamos mostrar de uma forma bem
simplificada o procedimento para se fazer amostragem na cultura do tomateiro, bem como
apresentaremos os níveis de dano já desenvolvidos para algumas de suas principais
pragas.

Principais pragas e fase da cultura em que devem ser avaliadas:

Praga Quando avaliar


 Vetores (Tripes, pulgões e mosca-  Devem ser avaliados até 60 dias após o
branca) transplante.

 Traça (Tuta absoluta)  Deve ser avaliada durante todo o ciclo


do tomateiro.

 Broca-pequena (Neoleucinodes  Deve ser avaliada a partir da frutificação.


elegantalis)
 Mosca-minadora (Liriomyza  Apesar de ser considerada secundária
huidobrensis) por alguns, deve ser avaliada durante
todo o ciclo do tomateiro.

Métodos de amostragem desenvolvidos para as principais pragas do tomateiro e


seu nível de controle:

Praga Método Nível de controle


 Vetores  Batedura de ponteiros em papel  1 Vetor por ponteiro
branco ou caixas de PVC branco em média e/ou 0,5
com 20 cm de diâmetro X 8 cm de tripes/ponteiro em
altura. tomate de verão.

 Traça  Mesma forma de batedura descrita  25% de ponteiros com


para as pragas anteriores seguido de presença de larva viva
exame da 1a folha atacada de cima na batedura; 25% de
para baixo e por fim exame de 1 folhas com larvas. 5%
penca (frutos  2 cm)/cova e de pencas com ovos.
presença de ovos).
 Broca-  Exame de uma penca (frutos  2 cm/cova e  5% de pencas com
pequena presença de ovos). ovos.
 Mosca-  Exame de folhas atacadas no terço inferior.  25% de folhas com
minadora larvas vivas.
Considerações sobre inimigos naturais das pragas em relação ao nível de
controle:

Ao se promover o treinamento de um “Inspetor de Pragas” deve-se tomar


conhecimento dos inimigos naturais. Para insetos vetores de viroses (pulgões, tripes e
mosca-branca) existe uma variabilidade muito grande de inimigos naturais que podem ser
encontrados dentro da lavoura do tomateiro. Os percevejos Orius sp.; Geocoris sp. e Nabis
sp. são predadores que costumam freqüentar a cultura, sendo os dois primeiros bem
pequenos (em torno de 2 mm), de cor escura e muito vorazes. O Nabis sp. é um percevejo
de coloração acinzentada, maior que os anteriores, e também preda com certa eficiência
esses organismos. As joaninhas também se destacam, predando tanto na fase larval como
na fase adulta. Existem diversas espécies de joaninhas conhecidas e catalogadas que
freqüentam áreas de produção agrícola no Brasil e isto é um fator extremamente positivo.
Apresentam de 1 a 5 mm de comprimento, podendo ser de coloração variada como
vermelha, preta, branca com pintas nos hélitros etc.
Os parasitóides são vespas minúsculas da Ordem Hymenoptera, que parasitam ovos,
ninfas e adultos das pragas. Eles fazem sua oviposição no interior do ovo ou do corpo do
inseto-praga. Após a eclosão de suas larvas, a praga acaba morrendo. Atualmente, existem
trabalhos que estudam a seletividade de produtos fitossanitários a inimigos naturais, bem
como os processos de resistência desenvolvidos por eles. Inimigos naturais resistentes à
produtos fitossanitários vão contribuir substancialmente para a implementação do Manejo
Integrado de Pragas (MIP) aliando o controle químico com o biológico. Os insetos vetores
também são controlados por formigas da família Mutilidae, conhecidas como “formigas
feiticeiras”, pois são grandes (em torno de 20 mm), de corpo preto com pintas coloridas no
abdome. Ainda não se deve esquecer das aranhas, que apesar de não serem insetos, esses
aracnídeos exercem excelente predação sobre essas pragas.
Com relação à traça e a broca-pequena, a Ordem Hymenoptera abriga seus
principais inimigos naturais, merecendo destaque aqueles do gênero Trichogramma, que
parasitam os ovos da praga. Atualmente, existem programas de liberação massal desses
parasitóides para seu controle. Vespas é outro grupo dos Himenópteros que exercem função
importante na lavoura predando larvas e até mesmo adultos da traça. O grande
inconveniente é que elas atacam o homem promovendo picadas dolorosas. Entretanto, é
interessante preservar seus ninhos nas matas ciliares. Referente à mosca-minadora, as
vespas predadoras são vorazes inimigas, além de microhimenópteros parasitóides
específicos. Entretanto, ainda se conhece pouco sobre esses inimigos naturais, necessitando
de estudos a respeito de seus aspectos biológicos.

Controle químico e controle biológico como duas importantes ferramentas no


Manejo Integrado das pragas do tomateiro

Sabe-se que produtos pertencentes aos grupos químicos dos organofosforados,


carbamatos e piretróides podem prejudicar o Manejo Integrado, pois podem ser maléficos
ao meio ambiente e ao homem (Silva, 2001). Isto tem estimulado as empresas produtoras e
profissionais como os químicos, bioquímicos, engenheiros agrônomos, biólogos, na
obtenção de produtos que possam ser mais adequados à filosofia do manejo. Além de
produtos menos impactantes ao manejo é necessário aliar o controle biológico de pragas,
controle cultural, físico, manejo de solo e fertilizantes, variedades resistentes e o uso de
produtos seletivos e mais específicos dando uma maior proteção ao agroecossistema.
Nos últimos 20 anos houve um avanço considerável na produção de pesticidas, e
pode-se afirmar que os produtos atuais são mais adequados ao meio ambiente e ao homem,
sendo inofensivos para mamíferos, aves e peixes.
Nas décadas de 70 e 80, os inseticidas foram os maiores responsáveis pela
contaminação do ambiente e dos alimentos (Primavesi, 1992), o que colaborou para o
aparecimento de novos grupos químicos com novas formas de ação dos produtos. Em
seguida será apresentada uma abordagem a respeito dos produtos atuais, caracterizando a
nova geração de inseticidas e sua utilização em programas de manejo que podem ser
utilizados na cultura de solanáceas em geral, principalmente tomate e batata dentro da
filosofia de Manejo Integrado. Portanto tentaremos mostrar uma visão moderna do assunto
buscando novas tecnologias na área de produtos fitossanitários o que chamamos de Nova
Geração de Inseticidas e como podem ser agregados aos programas de manejo.
a) Produtos do grupo dos reguladores de crescimento de insetos

Entre as décadas de 70 e 80 foi comum a utilização do produto Diflubezuron


(Dimilin) na área agrícola. Entretanto, devido às exigências de preservação ambiental,
pesquisas produziram um maior número de produtos deste grupo. Os reguladores de
crescimento são produtos que atuam especificamente no metabolismo de troca de
tegumento dos insetos. Basicamente, dois hormônios são responsáveis por este processo, o
ecdisônio e o hormônio juvenil. Os produtos reguladores de crescimento mimetizam a ação
desses hormônios provocando distúrbios fisiológicos nos insetos levando-os à morte. Em
geral, esses produtos devem ser aplicados na fase jovem do inseto onde esses hormônios
exercem sua maior função. Não contaminam o ambiente, muitos são seletivos para os
inimigos naturais adultos, extremamente seguros para manipulação do aplicador e
compatíveis em misturas. Como exemplos de produtos desse grupo, destacam-se:

 Cordial 100 e Tiger 100 CE (Pyriproxifen) - para controle de mosca-branca,


Bemisia tabaci e Bemisia argentifolii.

 Applaud 250 (Buprofezin) - controle da mosca-branca, B. tabaci e B argentifolii.

 Alsystin 250 PM e 480 SC (Triflumuron) - controle da traça-do-tomateiro, Tuta


absoluta.

 Atabron (Chlorfluazuron) - controle da traça-do-tomateiro, T. absoluta.

 Dimilin (Diflubenzuron) - controle da broca-pequena, Neoleucinodes elegantalis;


broca-grande, Helicoverpa zea) e das traças, T. absoluta e Phthorimaea operculella.

 Cascade 100 (Flufenoxuron) - controle do ácaro-rajado, Tetranychus urticae e do


ácaro-do-brozeamento, Aculops lycopersici.

 Intrepid 240 SC (Methoxyfenozide) - controle da broca-pequena, N. elegantalis e da


traça, T. absoluta.

 Mimic 240 SC (Tebufenozide) - controle da broca-pequena, N. elegantalis) e da


traça, T. absoluta.
 Match CE (Lufenuron) - controle da traça, T. absoluta.

 Trigard 750 PM (Cyromazine) - controle da mosca-minadora, Liriomyza


huidobresis.

Os reguladores de crescimento em função das características descritas, é um grupo,


sem dúvida, que os produtores de tomate podem ter como aliado no combate às pragas
causando menor impacto possível ao ambiente. A principal informação que se pode ter em
relação à estes produtos é qual sua influência sobre os Inimigos Naturais, já que a literatura
mostra mais trabalhos onde eles são extremamente seletivos aos organismos de maior porte
como mamíferos, aves, peixes e têm ótimo comportamento em relação à sua degradação na
água e solo. Segundo Carvalho et al.(2001) são poucos os trabalhos visando informações
quanto à seletividade de produtos fitossanitários aos principais inimigos naturais presentes
nos cultivos comerciais ou mesmo domésticos. O que se tem como exemplos mais clássicos
é a seletividade dos reguladores Lufenuron e Methoxyfenozide em relação ao
microhymenoptero parasitóide de ovos Trichogramma pretiosum Riley. Ainda em relação a
este parasitóide esses mesmos autores informam da seletividade dos reguladores de
crescimento Chlorfuazuron, Teflubenzuron, Tebufenozide e Cyromazine até duas gerações
posteriores. Os predadores do gênero Chrysoperla (Crisopa) e Orius (Percevejo) são dois
grupos que vêm sendo também estudado com bastante interesse por vários pesquisadores.
Em relação à este grupo de inseticida os estudos têm-se mostrado tão promissor quanto o
do grupo dos parasitóides do gênero Trichogramma.

Recomenda-se que os reguladores de crescimento sejam aplicados sobre os insetos


durante a fase larval ou de ninfa da praga e ainda nos primeiros instares, pois neste estágio
a produção dos hormônios de crescimento é intensa.

b) Produtos do grupo dos neonicotinóides


Os produtos deste grupo a exemplo dos mais tradicionais, também atuam no sistema
nervoso, entretanto, envolvendo sítios de ação diferentes. Enquanto que os organoforados e
carbamatos atuam como inibidores da enzima acetilcolina, os neonicotinóides interferem
diretamente nos quimioreceptores desta enzima dentro do neurônio do inseto. Sendo este
quimioreceptor específico, a ação do produto permanece restrita ao inseto alvo, interferindo
menos no meio ambiente. O nome neonicotinóide justifica-se em função da ação sobre os
pontos onde os quimioreceptores atuam de forma que sofrem interferência da nicotina ou
seja no sistema nervoso periférico somático motor e periférico autônomo parasimpático.
Permitem o controle de insetos que desenvolveram resistência a produtos como os
organofosforados, carbamatos e piretróides. São sistêmicos e agem também por contato,
permitindo aplicações junto ao solo em forma de “esguicho” (drench), evitando maiores
contaminações ao meio ambiente. Apresenta-se em formulações seguras, grânulos
dispersíveis em água (GRDA ou WG) e suspensão. Baixa dose de ingrediente ativo/ha e
alto residual. Apresentam alta especificidade para sugadores e pragas de raízes com ótima
ação em insetos como pulgões e mosca-branca. Recomenda-se também a utilização desses
produtos em sistema de “vacinação”, ou seja, fazer aplicação na forma de esguicho ainda
no viveiro sobre o torrão da muda, o que promoveria a prevenção de ataques de insetos
como mosca branca e evitaria a transmissão de viroses em função do seu alto poder
residual.

Exemplos:

 Confidor 700 GRDA e Provado 200 SC (Imidacloprid) - controle do pulgão, Myzus


persicae; tripes, Thrips tabaci e T. palmi; e mosca-branca, Bemisia tabaci e B.
argentifolii.

 Calypso 480 SC (Thiacloprid) - controle da mosca-branca, Bemisia tabaci e B.


argentifolii; pulgão, Myzus persicae e tripes, Thrips palmi e T. tabaci.
 Mospilan e Saurus (Acetamiprid) - controle do pulgão, M. persicae e de tripes,
Frankliniella schultzei, T. palmi e T. tabaci.

 Actara 250 WG (Thiamethoxam) - recomendado para pulgão, M. persicae e para


mosca-branca, B. argentifolii e B. tabaci.

Em estudos realizados por Fuini, 2000 (Citado por Carvalho et al., 2001) o
imidacloprid não mostrou-se seletivo para primeira geração (geração maternal) do
parasitóide de ovos Trichogramma pretiosum reforçando assim sua recomendação na
forma de esguicho no solo para se evitar um maior contato desse inimigo natural com o
produto. Organismos como Crisopídeos, Joaninhas, Vespas e Percevejos predadores,
necessitam de mais estudos com os Neonicotinóides pois não se tem muita coisa sobre a
seletividade desses produtos.

c) Produtos do grupo dos pirazole

Os produtos deste grupo também são diferenciados na sua forma de ação, atuando
diretamente no sistema GABA (ácido gama aminobutírico), interferindo na atividade
nervosa dos insetos. Este ácido é responsável pela entrada de íons cloro (- Cl) nas células
nervosas durante os impulsos nervosos e os produtos do grupo pirazole bloqueiam esse
processo, causando distúrbios nervosos e levando o inseto à morte. Esta especificidade
permite menor agressão em relação ao meio ambiente. Também atua como cupinicida,
formicida e acaricida. Possuem alta estabilidade promovendo alto poder residual.
Apresenta-se nas formulações de grânulos dispersíveis em água (WG) e suspensão
concentrada (SC).

Exemplos:

 Regent 800 WG e Regent 20 G (Fipronil) - controle de tripes, T. tabaci e T. palmi e


pragas gerais como cupins, Heterotermes tenuo, Cornitermes cumulans, Neocapitermes
opacus e Proconitermes triacifer.
 Ortus 50 SC (Fenpyroximate) - controle dos ácaros, T. urticae e A. lycopersici.

d) Produtos do grupo Naturalite

Os produtos do grupo Naturalyte atuam como os neonicotinóides, bloqueando um


sítio ativo da proteína químio-receptora da acetilcolina. Apresenta também um efeito no
complexo de receptores do GABA. Este ácido uma vez liberado por estímulo nervoso,
proporciona no neurônio a abertura de canais para entrada de íons de cloro que por
diferencial promove a liberação do GABA que estimula a próxima célula e assim
sucessivamente enquanto o estímulo ocorrer. A ação do inseticida sobre o sistema GABA, é
de bloquear os canais de entrada dos íons de cloro promovendo um distúrbio nervoso e
levando o inseto a morte.
O grupo Naturalyte é composto basicamente de substâncias conhecidas como
“Spinosyns”. São moléculas derivadas naturalmente de uma nova espécie de actinomicetos,
a Saccharopolyspora spinosa. O Spinosad é composto pelos dois fatores naturais mais
ativos no controle de insetos, A e D. Spinosyn A é o componente em maior concentração,
sendo que ambos são bastante similares em relação às suas estruturas e propriedades.
São produtos que agem por contato e ingestão, sendo mais ativos por ingestão. Têm
efeito residual semelhante ao dos piretróides. É altamente eficiente contra lagartas e
apresenta carência zero. Este grupo se mostra extremamente compatível com o meio
ambiente.

Exemplos:

 Tracer e Credence (Spinosyn A + Spinosyn D) recomendados para o controle da traça,


T. absoluta e da broca-pequena-do-tomateiro, N. elegantalis.
e) Produtos dos grupos Pyrrole e Piridazinonas

O modo de ação de produtos destes grupos é bem específico, sendo sua molécula
ativada pelas funções de oxidação no sistema celular dos insetos. Todo processo de ação
ocorre nas mitocôndrias. Os produtos desses grupos diferenciam-se dos demais pelo fato
de não atuarem no sistema nervoso dos insetos e sim no sistema celular somático. Eles
interferem diretamente sobre as mitocôndrias, que são organelas celulares responsáveis pela
formação de trifosfato de adenosina (ATP), substâncias que é fisioquimicamente fonte de
energia em qualquer ser vivo. Dentro da mitocôndria a reação de O 2 e H+, promove a fusão
de um átomo de fósforo ao ADP (difosfato de adenosina) formando o ATP. Os produtos do
grupos Pyrrole e Piridazinonas reagem quimicamente com os íons de H + não permitindo a
reação e como conseqüência não há formação de ATP, levando o inseto à morte pela
inatividade muscular. Esses produtos são de largo espectro de ação e possuem alto poder
residual.

Exemplos:

 Pirate (Chlorfenapyr) - recomendado para a traça-do-tomateiro, T. absoluta e da broca-


pequena-do-tomateiro, N. elegantalis.

 Sanmite (Pyriclaben) - recomendado para os ácaros rajado, T. urticae e do-


brozeamento, A. lycopersici.

Apresentam largo espectro de ação, atuando como lagarticidas e acaricidas. O


máximo de eficácia é conseguido nos primeiros instares do organismo, promovendo
excelente poder de desmaio dos insetos. São de fácil degradação no ambiente não
promovendo resíduos tóxicos. São compatíveis com a grande maioria dos produtos
existentes e não apresentam fitotoxidez às plantas. Entretanto, é importante ressaltar que
devem ser utilizados com certa restrição já que pelas suas características químicas podem
afetar inúmeros insetos benéficos.

f) Produtos do grupo Pyridine e Azomethine

São derivados das triazinonas, e interferem diretamente no sistema nervoso de


afídeos e, em especial, atuam como inibidores do sistema alimentar, promovendo a
suspensão da alimentação imediatamente após a aplicação. Não há efeito de “Knock-
down”, mas a paralização alimentar nos afídeos é imediata, bloqueando a penetração do seu
estilete, apesar de continuarem vivos. São produtos que são aplicados em baixas
quantidades de ingredientes ativos/ha; são seletivos para mamíferos, peixes, aves e
polinizadores (abelhas e mamangavas).

Exemplos:

 Plenum e Chess (Pymetrozine) - recomendados para o pulgão, M. persicae.

É importante ressaltar a necessidade constante de trabalhos de pesquisa gerarem


informações que beneficiem o produtor quanto à seletividade de produtos não só para
inimigos naturais mas também para abelhas, microfauna de solo (minhocas, artrópodes,
etc.) entre outros estudos que certamente irão contribuir muito para o manejo inteligente
das pragas.

Existem cinco grupos de pragas em tomateiro que já se tem resultados promissores


de seu controle com controle biológico e são os afídeos (pulgões), mosca-branca, tripes,
ácaros, mosca-minadora, traça e broca-pequena. Ultimamente tem crescido o número de
produtores de inimigos naturais de pragas para aplicações inundativas. É mais comum obter
sucesso em cultivos protegidos, porém, com pesquisa de seletividade de produtos e
adequações ao sistema de manejo é possível aplicar o controle biológico mesmo em
cultivos abertos.

Segundo Bueno (2001) poucos inimigos naturais alcançam o potencial de serem


aproveitados em função de não acompanharem a taxa de reprodução e desenvolvimento dos
pulgões. Os parasitóides de pulgões são endoparasitos solitários pertencentes às famílias
Aphidiidae e Aphelinidae. Entre os predadores, os mais importantes são os crisopídeos
(bicho-lixeiro), coccinelídeos (joaninhas) e sirfídeos (larva gelatina). De acordo com Bueno
(2001), na cultura do tomateiro, os parasitóides mais utilizados são Aphidius ervi (para o
controle do pulgão Macrosiphum euphorbie) e Aphidius matricarie (para o controle do
pulgão Myzus persicae). As liberações devem ser realizadas no estágio inicial da cultura na
proporção de 15 adultos/m2. Aconselha-se fazer introduções a cada três dias e aumentar o
número de adultos de parasitóides quando houver a presença de pulgões na área. Há a
necessidade de se realizar trabalhos com essas espécies, principalmente a respeito da
utilização integrada dos produtos do grupo Pyridine e Azomethine que contém aficidas
específicos. Existe também produto já registrados composto do fungo entomopatogênico
Verticillium lecanii, cujo nome comercial é “Vertalec”. Esse produto é composto de hifas
do fungo que promovem uma patogênese no pulgão levando-o a morte.

Referente às moscas-brancas, os parasitóides Encarsia formosa e Eretmocerus


eremicus já são utilizados amplamente na Europa e Estados Unidos. São liberados cerca de
dois meses após o plantio, totalizando cinco liberações (uma por semana) na proporção de
1,5 vespa/planta, porém é importante que a praga esteja com baixa população.

Para tripes, a utilização de predadores tem sido preferida. Os percevejos


antocorídeos Orius spp. são os mais utilizados sendo que alguns ácaros fitoseiideos são
também mencionados. Liberação inundativa é mais viável, porém essas espécies são
consumidoras de pólen, havendo a necessidade de se ter na área plantas banqueiras de
pólen.
A mosca-minadora possui vários inimigos naturais incluindo parasitóides,
predadores e até nematóides. O controle natural da mosca-minadora vem sendo bem
sucedido. Estão identificados cerca de 37 espécies de parasitóides pertencentes às famílias
Braconidae; Eulophidae; Aphelinidae e Platygosteriae. A ocorrência natural de
microhimenópteros das famílias Braconidae (com a espécie Dacusa sibirica) e Eulophidae
(com a espécie Diglyphus isaea) é comum e proporciona eficiente controle da praga. Em
muitos países, esses insetos já são comercializados. A espécie D. sibirica é liberada na
proporção de um adulto para cada duas plantas ou de 1 a 2 adultos de D. isaea/m2. Pode-se
citar outros gêneros de parasitóides que são de relativa importância e são amplamente
encontrados como Encarsia; Eretmocerus e Amitus. Em termos de pesquisa o
conhecimento de hospedeiros alternativos da praga é de suma importância para
estabelecimento de programas de manejo que visem um comportamento inteligente na
propriedade ou seja o simples fato de se promover a eliminação de uma planta hospedeira
pode contribuir para seu controle. Ataques da praga na fase de franca produção não deve
ser motivo para grandes preocupações já que pouco irá afetar a produtividade. Portanto é
prudente deixar este momento para que os inimigos naturais procriem. No que diz respeito
aos entomopatógenos os fungos são os mais importantes com destaque para as seguintes
espécies: Verticillium lecanii; Aschersonia aleyrodis; Paecilomyces fumosoroseus e
Beauveria bassiana. Para utilização desta tecnologia o produtor deve estar ciente de
algumas exigências como alta umidade (acima de 90%). Apenas os fungos têm a
capacidade de atravessar a cutícula dos insetos entretanto algumas limitações desfavorecem
sua utilização necessitando da adição de técnicas associadas ao Manejo Inteligente.

Para o controle de ácaros-praga, a agricultura a tecnologia mais a utilização de


ácaros predadores da família Phytosiidae, é a medida natural mais viável sendo que a
espécie mais conhecida é Phytoseilus persimilis. Alguns fatores devem ser levados em
consideração para se estabelecer a taxa de liberação desse predador, como tipo de cultivo,
condições da população da praga (ácaros têm comportamento de viver em reboleira),
temperatura, umidade relativa e precipitação. É preciso ter cuidado com populações que
utilizam a lavoura do tomateiro como escape.
No caso da traça e da broca-pequena segundo, Souza & Reis (2000), o controle
biológico é realizado principalmente por vespas predadoras. Essas vespas são de ocorrência
natural e abrigam-se principalmente nas matas e capoeiras existentes no local de plantio,
havendo a necessidade de sua preservação. As vespas rasgam a epiderme do tecido vegetal
e predam a traça diretamente nas folhas e ponteiros. São registrados também alguns
microhimenópteros parasitóides de larvas e pupas da traça e da broca, principalmente da
família Braconidae. Segundo esses autores, o controle natural é importante pois em
determinadas épocas do ano, a população da traça se mantém baixa devido às condições
climáticas e a ação desses inimigos naturais, período que se pode dispensar a utilização de
inseticidas. A bactéria entomopatogênica Bacillus thuringiensis que é encontrada
comercialmente com vários nomes como Dipel , Bac-Control, Xentari, Ecotech, Bactur,
etc, também pode ser utilizada no combate dessas pragas. Os esporos dessa bactéria estando
sobre a planta do tomateiro são ingeridos pela lagarta e em contato com o trato digestivo do
inseto promove uma degenerescência dos tecidos levando o inseto à morte. Souza & Reis
(2000) recomendam a utilização dos produtos à base de B. thuringiensis associado com
óleo emulsionável a 0,5% para o controle da traça e da broca-pequena do tomateiro. As
aplicações com B. thuringiensis devem ocorrer quando as populações dessas pragas
estiverem baixas e as lagartas nos primeiros instares, o que facilitará o sucesso do controle.

Sugestões interessantes para o Manejo Integrado na cultura do tomateiro

1a) pH das caldas de aplicação de produtos fitossanitários.

A água que é utilizada para aplicação de produtos fitossanitários normalmente


provém de nascentes, poços artesianos e açudes, e possui uma grande variação de
componentes químicos e biológicos que podem interferir no bom resultado das aplicações.
Muitos desses componentes são benéficos à saúde humana, porém podem inativar um
ingrediente ativo de um determinado inseticida, fungicida, etc. Além do Fe +3, a água pode
conter cátions de Al+3, Ca+2, Mg+2, N+, K+ e Zn que são minerais que por combinação
química podem desativar o(s) ingrediente(s) ativo(s) dos produtos fitossanitários por
neutralização deixando-os sem efeito e provocando o insucesso do controle. O pH é uma
referência importante para se saber se a água utilizada possui ou não muitos cátions livres
para inativar a calda. Se o pH é alto (acima de 6,0) significa que a água tem alto potencial
hidrogeniônico, ou seja, há cargas livres que podem combinar com o ingrediente ativo do
produto, inativando-o. Sendo assim, é preciso sempre que possível medir o pH da água
utilizando pHmetros, indicadores ou papel sensível. Em geral, os produtos fitossanitários se
combinam melhor em pH baixo, em torno de 5,0. Existem vários produtos no mercado para
esta finalidade, ou seja, abaixamento de pH, porém para se resolver de forma imediatista
pode-se utilizar o ácido acético (vinagre) ou até mesmo suco de limão. É importante que à
medida que esses produtos vão sendo acrescentados à água deve-se medir o pH, pois calda
muito ácida também é prejudicial.

2a) Cuidados com envaramento no tomateiro estaqueado e utilização de


viveiros telados

Inúmeros materiais são utilizados para suportes no estaqueamento do tomateiro,


sendo o mais comum o bambu; entretanto, já foi observado a utilização de outros materiais
como, por exemplo, varas de marmeleiro na Serra do Ibiapaba no Ceará. Esses materiais
não são descartados após a primeira safra e sempre são reaproveitados nas safras
subseqüentes, o que pode trazer alguns transtornos, pois podem servir de foco ou local de
alojamento para pragas e/ou doenças
O envaramento pode servir de local para que lagartas de T. absoluta se transformem
em pupas, promovendo a emergência de adultos na safra seguinte. Adultos e ovos de ácaros
podem ficar alojados nas pequenas frestas, sem serem detectados visualmente. Insetos
como tripes, por serem muitos pequenos, também podem passar despercebidos. Enfim, o
material de envaramento deve ser cuidadosamente vistoriado pelo produtor antes de ser
utilizado. Assim, deve-se pulverizar o material do envaramento antes da utilização, o que
evitaria aplicações de pesticidas na lavoura posteriormente. Neste caso pode-se sugerir até a
pulverização de um piretróide (deltametrina, cipermetrina, permetrina, lambdacialotrina,
etc) que tem um amplo espectro atuando sobre vários insetos. Sugere-se a utilização de um
piretróide com ação acaricida e se possível com a adição de um óleo mineral ou vegetal
para melhorar seu residual. Outra forma de utilização desses produtos seria por mergulhia
do material do envaramento em tambores de 200 L, o que evitaria a pulverização
promovendo uma operação mais segura. Neste caso pode-se trabalhar com o produto em
concentrações de até 1% sem maiores riscos à saúde.
Não se pode esquecer de envolver nestas operações outros materiais utilizados na
lavoura como o arame guia de suporte e cordoalhas de amarrio. Esses materiais muitas
vezes são reutilizados e não estão livres dos problemas mencionados para o envaramento.
Para todas as operações mencionadas deve-se utilizar o Equipamento de Proteção
Individual (EPI) pois apesar da alta tolerância dos mamíferos aos piretróides é importante
observar a segurança em todas as operações.
Uma forma de prevenção que tem uma importância fundamental é a utilização de
viveiros telados. Nada mais é do que produzir mudas em locais rigorosamente fechados
com tela de pequena malha para se evitar principalmente a entrada de organismos como
mosca-branca e pulgões que são transmissores de viroses, evitando-se contaminação
precoce. Além dessas duas pragas podemos prevenir também a entrada de outras, como a
traça e mosca-minadora.

3a) Tratamento de solo

O tratamento de solo colabora no controle de cupim, grilo, paquinha, lagarta rosca,


etc. Entretanto, destaca-se que a T. absoluta passa seu período pupal no solo. Sugerem-se
algumas práticas relativamente simples como a utilização de cal nas covas ou suco de
plantio com o objetivo de alterar o meio para dificultar o desenvolvimento dessas pragas
porém é importante ressaltar que a cal por ter conotação nutricional e pode trazer alterações
o que sugere que esta prática seja supervisionada por um consultor técnico.
A utilização de inseticidas no tratamento de solo deve ser considerada. Sugere-se a
utilização dos neonicotinóides, devido à sua boa estabilidade no solo e suas características
ambientais de seletividade que já foram mencionadas. Dois deles vêm sendo utilizados com
bastante sucesso via solo, demonstrando alta estabilidade e são o imidacloprid e o
tiametoxam. Em relação à T. absoluta necessita-se, ainda, de mais estudos. Referente à
matéria orgânica e vida do solo, a utilização de produtos tradicionais pertencentes aos
grupos químicos dos organofosforados e carbamatos tem demonstrado aspectos negativos
(Primavesi, 1992). Os microrganismos do solo que são fonte de vida, devem ser
preservados, bem como a microfauna de organismos de maior porte como minhocas e
insetos saprófitas que contribuem para melhoria do solo.

4a) Plantas banqueiras

As plantas são fontes de polén, néctar e organismos suplementares para a


manutenção de parasitóides e predadores. Essas plantas podem ser consideradas daninhas
sob o aspecto de competitividade com a cultura, porém, é bastante interessante a sua
manutenção em locais de resíduos de pesticidas. Essas plantas podem estar associadas com
a finalidade de “quebra-ventos”.
Essas plantas também abrigam artrópodes como pulgão, tripes e ácaros que servem
de alimentos aos predadores e parasitóides nos períodos da entre safra. Outro fator
importante é que no período da florada, essas plantas irão ser visitadas por abelhas, o que
pode ajudar na polinização de todas as culturas comerciais existentes no local.
Pode-se utilizar como plantas banqueiras o nicândra, stylosantes, croton, crotalária,
etc. As leguminosas têm a vantagem de ser utilizadas como adubo verde. Periodicamente,
deve-se pulverizar uma solução de açúcar a 10% nessas plantas com o objetivo de aumentar
a atratividade de adultos de parasitóides que vão se alimentar de néctar.
5a) Uso de matéria orgânica

Recomenda-se que após a escolha e limpeza da área a ser cultivada, o material


cortado seja triturado e incorporado para enriquecimento do solo. Deve-se manter
periodicamente montantes de matéria orgânica para substituição daquela que se decompõe,
pois contribui para o fato desta manutenção que não está propriamente ligada ao fator vida
do solo. Como principais fontes de matéria orgânica destacam-se a compostagem, o
vermicomposto (utilização de minhocas) e o esterco animal. A compostagem é resultado da
degradação biológica de matéria orgânica em presença de oxigênio do ar, sob condições
controladas pelo homem. O vermicomposto consiste na criação de minhocas para produção
de composto através do seu escremento, oriundo da alimentação de matéria orgânica verde.
No caso do esterco animal, os mais utilizados são o de gado bovino e de aves, sendo que só
podem ser usados após estarem curtidos.
Dentro do Manejo Inteligente o que se objetiva em relação à matéria orgânica é o
fato de mantê-la com qualidade suficiente para que não traga para a lavoura mais pragas
e/ou doenças. Neste caso torna-se difícil o manejo já que não é qualquer produto que se
possa aplicar na matéria orgânica com o objetivo de eliminar organismos indesejáveis. Uma
experiência pessoal tivemos com a proliferação de mosca doméstica em esterco animal
onde verificamos que a utilização de Super Fosfato Simples polvilhado no esterco a ser
fermentado promoveu a diminuição substancial da população da mosca. Provavelmente a
vantagem de se ter um esterco suplementado com o Super Simples também é interessante.
É claro que o impacto do Super Simples sobre os microorganismos benéficos do esterco
deve ser estudado já que ele pode ter promovido alguma alteração no meio para que a
mosca evitasse de fazer postura (talvez alteração de pH do meio) entretanto, fica a dica
desta utilização do Super Simples.
Qualquer que seja a forma de se eliminar um organismo indesejável na matéria
orgânica deve-se obter orientação de um especialista.

6a) Produtos alternativos no controle de pragas

Evidentemente ficou claro até aqui que para o Manejo Integrado a prevenção é o
melhor caminho mas nem sempre dentro das mudanças de processo é possível tornar isto
factível. Neste item queremos abordar algumas alternativas ou mesmo aliados do controle
convencional como forma de minimizar custos e trazer benefícios ao meio ambiente.
Vamos listar e orientar sobre determinados produtos que são facilmente encontrados e
preparados para ajudar no controle de pragas. Detalhe importante é que em nenhuma dessas
técnicas há necessidade de carência para colheita do produto. A maioria deles atua em
insetos de menor porte como pulgões e cochonilhas portanto não podemos confiar como
“salvadores da pátria” pois como dissemos queremos passar uma imagem segura de manejo
e não de coisas mirabolantes.
Sabão: para prevenção do ataque de pulgões e cochonilhas. Deve-se derreter 200g
de sabão neutro (sem soda cáustica) em meio litro de água, depois coloca-se 200 mL da
solução para cada 20 L de água para a pulverização. Aconselha-se acrescentar óleo mineral
ou vegetal a 0,25%. O sabão também atua como espalhante adesivo melhorando a
distribuição de inseticidas que forem aplicados.
Óleo vegetal e mineral: são praticamente atóxicos, não causando nenhum problema
para o ser humano e outros animais. São utilizados principalmente no controle de
cochonilhas de carapaça, matando-as por asfixia, pois forma uma camada oleosa sobre a
carapaça do inseto impedindo as suas trocas gasosas. Devem ser utilizados a concentração
de 0,25%, pois em maiores concentrações podem promover fitotoxidez na planta.
Enxofre: o enxofre além de qualidades terapêuticas tem algumas funções agrícolas
como nutriente, fungicida e acaricida. Como acaricida, sua eficiência depende de condições
climáticas e da espécie de ácaro que se objetiva controlar. Estudos têm demonstrado efeito
desalojante sobre ácaros, tanto em mistura, como aplicado isoladamente. No caso de
misturas o enxofre age de forma sinérgica ao acaricida específico, desalojando o ácaro.
Recomenda-se 100g de “flor de enxofre” diluído em 50 L de água, adicionando-se 50 mL
de sabão neutro líquido como espalhante. Deve-se observar os horários de aplicação do
enxofre pois em períodos muito quentes pode causar fitotoxidez à planta.
Urtiga: age como repelente de pulgões e lagartas. Nas áreas de matas ciliares pode-
se plantar algumas plantas para evitar invasões indesejáveis de pragas. Para pulverização
recomenda-se fazer a maceração de 500g de folhas e deixar 2 dias em 1L de água,
posteriormente coar a solução e diluir em 10L de água para posterior pulverização.
Cravo: a planta Tagetes patula possui substâncias que controlam nematóides no
solo. Pode-se plantá-la próximo das áreas de cultivo bem como preparar uma solução para
pulverização. Recomendam-se 100g de folhas e ramos picados + 100 mL de acetona + 2 L
de álcool, deixar repousar por 24 horas apenas em acetona e depois coloca o álcool. Cada
litro da solução deve ser colocado em 10 litros de água para pulverização. Essa aplicação
pode ser feita no viveiro antes do transplante das mudas junto ao substrato.
Pimenta-do-reino: possui uma substância denominada piperina que funciona como
inseticida. Sua ação é reconhecida sobre lagartas, pulgões, moscas e gorgulhos de grãos
armazenados. No tomateiro pode ser usada para o controle de lagartas, pulgões e da mosca-
minadora. A extração do ativo pode ser feita em álcool ou acetona. Colocam-se 100g de
pimenta-do-reino em 1 L de acetona ou álcool e deixa-se por uma semana armazenado,
agitando-se periodicamente. Após esse período diluir a solução em 20 L de água + 20 mL
de espalhante para a pulverização.
Jacatupé: é uma planta leguminosa muito semelhante à mucuna preta porém de
porte maior, apresentando inúmeras propriedades. A raiz é semelhante à uma mandioca de
onde se obtém uma farinha que pode ser utilizada na alimentação humana. Já as sementes
possuem propriedades inseticidas em função da presença de alguns rotenóides já
identificados. Age principalmente contra lagartas, pulgões e dípteros, e no caso do
tomateiro sobre a mosca-minadora. Para se obter o produto deve-se moer cerca de 100g de
sementes e deixar em 200 mL de acetona por 48 horas. Evitar luz em função da
instabilidade do produto final. Depois deve-se coar a solução e diluir em 10 L de água + 10
mL de espalhante para pulverização. Por ser um produto instável seu residual é muito baixo
tendo efeito apenas de impacto.
Crisântemo: as piretrinas naturais presentes no crisântemo, a exemplo do jacatupé,
também são muito instáveis no meio ambiente permitindo seu uso apenas para efeito de
impacto sobre os insetos. Em função do seu amplo espectro, é um inseticida que pode ser
eficaz para várias pragas, exceto ácaros. Recomenda-se moer 500g de flores secas de
crisântemo e diluir em 4L de água deixando por 24 horas, coar e fazer soluções a 10% para
as pulverizações.
Cinamomo: a Melia azedarach possui propriedades repelentes, e as substâncias
relacionadas estão presentes principalmente nas sementes e frutos. Mistura-se 1 L de álcool
+ 1 L de água e, em seguida, coloca-se 500g de pó obtido pela maceração das sementes e
deixar descansar por uma semana agitando periodicamente. Esta quantidade pode ser usada
para preparar 20 L de solução para pulverização. Deve-se aplicar no viveiro de mudas para
se evitar grilo, paquinha e lagarta-rosca.
Neem: atualmente, a Azadiracta indica é a mais famosa planta utilizada como
inseticida natural, pois existem registros de controle para mais de 200 espécies de pragas. Já
se pode encontrar vários produtos à base de Neem. As sementes possuem substâncias
inseticidas. Deve-se despolpar 50g de sementes, deixá-las secar e depois triturá-las. Em
seguida, coloca-se o pó em 1 L de água por um período de 24 horas. Esta solução deve ser
diluída para 10 L de água e pulverizada na área. Em função do seu largo espectro, o Neem é
recomendado para várias pragas.

7a) Tecnologia de aplicação

Um bom produto pode se tornar ineficaz em função do seu mal uso com a
utilização inadequada do equipamento. Não se deve utilizar um equipamento sem que
esteja em perfeitas condições de uso e isto envolve desde limpeza, até a escolha do bico
adequado para as aplicações. Alguns pontos importantes:
• Antes de começar a aplicação do produto verifique a vazão do equipamento para
não se aplicar doses incorretas. Para isto faça o que chamamos de “teste branco” que
consiste em demarcar uma área e verificar quanto de água pura se consome para molhar as
plantas ou esta área e depois é só fazer uma regra de três simples para se obter para 1 ha
(10.000m2).
• Verifique as mangueiras e as conexões, pois vazamentos podem trazer prejuízos à
eficiência do produto. Nunca deixe de fazer apertos em braçadeiras e verificar a pressão do
manômetro.
• Escolha o bico correto. O cônico é utilizado para cobertura total da planta; bico
leque é para aplicações direcionadas assim como os deflectores são utilizados para alvos
em locais específicos como ácaros.
• Procure utilizar formulações de alta tecnologia. Grânulos dispersíveis em água
(GRDA ou WG) são altamente solúveis evitando entupimentos dos bicos de pulverização.
Outras formulações também devem ser mencionadas como a microencapsulada, as soluções
líquidas, suspensões e pó solúvel; todas elas proporcionam uma miscibilidade perfeita do
produto evitando maior desgaste do equipamento bem como entupimentos de bicos.
• Use espalhantes adesivos siliconizados por promoverem melhor miscibilidade do
produto, melhor distribuição nas folhas e melhor aderência.
• Utilize quando possível papel hidrosensível para verificar a distribuição dos
produtos na pulverização. Este papel deve ser cortado em tiras e colocado em algumas
plantas ao longo da pulverização, do topo à base da planta. Por ser sensível com o impacto
da água ele vai registrar pequenas marcas na sua superfície que permitirá ao produtor
verificar a boa distribuição do produto, fazendo ajustes quando necessário.
• Utilize o equipamento de proteção individual (EPI) que é uma ferramenta
fundamental para realização do trabalho e para a saúde do aplicador.
• Nunca deixar de limpar o equipamento quando terminar o trabalho. Utilize amônia
líquida ou detergente neutro com bastante água corrente e tenha o cuidado para que a água
seja canalizada para uma fossa asséptica.

8a) Restos culturais

A eliminação de restos culturais é fundamental para assepsia da área, pois muitas


pragas os aproveitam para servir de trânsito para próxima safra. Desta forma, deve-se
queimar os restos vegetais no final da safra. Outra prática que se deve realizar é o
“Rouging” ou seja a eliminação de qualquer planta com algum sintoma de ataque de pragas
ou viroses. Ambas podem servir de foco para a infestação da lavoura e devem ser
eliminadas. Deve-se ter cuidado com plantas hospedeiras das pragas. Em geral são plantas
que são da mesma família do tomateiro (Solanáceas) como o joá, a jurubeba; o jiló,
berinjela, pimentão, batata, entre outras.

9a) Utilização da fauna de pássaros e mamíferos existentes

Sugerimos algumas recomendações como:


• Colocação de cochos para atração de pássaros próximo das matas ciliares.
• Plantio de frutíferas nativas e plantas de produção de sementes para atração de
pássaros.
• Preservação das nascentes incrementando matas ciliares e peixes.
• Liberação periódica de aves e mamíferos no local evidentemente com ênfase na
proibição de caça e pesca.

Esperamos sinceramente que este trabalho tenha despertado em produtores,


empresas e profissionais da área um interesse mais consciente e realmente concreto para
que se possa praticar uma tomaticultura agrosustentável e de cunho inteligente no que diz
respeito ao manejo de pragas.

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ALMIR CLARET SILVA


Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Lavras em 1982.
Pós Graduação em Fitossanidade.
Diretor Técnico da Tamis – Tecnologia Agro de Manejo Integrado Sustentável; Consultor
de Pesquisa da Agroteste Pesquisa e Consultoria, onde realiza experimentação com novas
moléculas de produtos fitossanitários introduzidos no Brasil e projetos especiais de
pesquisa em Manejo Integrado de Pragas e Doenças; Instrutor Técnico do SENAR na área
de fitossanitários, manejo em café, citros e olericultura.

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