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PRAGAS DA CANA-DE-AÇÚCAR

Cigarrinha da raiz

A cigarrinha da raiz possui um ciclo de 80 dias, com uma postura de


próximo a 340 ovos nas folhas na parte de baixo da cana. Após 20 dias elas
nascem e atacam a cana nos meses de Setembro, mas já se relatou problemas
nos meses de novembro e Dezembro. Quando se deixa palhada sobre o solo na
colheita da cana crua, acaba favorecendo a multiplicação da mesma por conta
do aumento de humidade.

As ninfas (Figura 2) furam as raízes ocasionando um amarelecimento e


seca das folhas, deixando a planta apodrecida. Isso faz com que a cana não
absorva mais agua e nutrientes, prejudicando a produção. Os adultos (Figura 1)
acabam atacando as folhas e deixando com sintomas conhecido como “queima
das folhas”, deixando elas secas, diminuindo a produção e o ATR.

Figura 1. Macho Adulto. Figura 2. Ninfa da cigarrinha da raiz.

Uma das principais características da cigarrinha-da-raiz é a espuma


esbranquiçada na base da touceira (Figura 3).
Figura 3. Espuma das ninfas.

Os adultos vivem na parte aérea da planta. De forma geral, os prejuízos


causados pela cigarrinha-da-raiz são:

 Extração de agua e nutrientes das raízes;


 Redução do teor de açúcas nos colmos;
 Elevação do teor de fibras;
 Aumento de colmos mortos, diminuindo a capacidade de moagem.

Formas de controle:

Controle Biológico

Para o controle da cigarrinha-da-raiz pode-se usar o Metarhizium


anisopliae, também chamado de fungo-verde. O produto atinge tanto ninfas
quanto adultos.

Controle químico

Para as ninfas, recomenda-se o uso dos inseticidas thiamethoxam ou


carburam granulados. Já os adultos a aplicação de um inseticida seletivo que
não atinja inimigos naturais da cigarrinha: carbaril, triclorfon, malation,

Controle cultural

A exposição do solo cria um ambiente desfavorável aos ovos que entram


em uma parada do seu desenvolvimento. Por conta disto, o plantio direto deve
ser evitado em áreas com histórico de infestação. A destruição da palhada com
máquinas também contribui de maneira eficaz para a redução do número de
ovos.

Broca-da-cana (Diatraea saccharalis)

A sua fase lagarta (Figura 1) abre galerias no colmo da cana de açúcar,


esse é o dano direto. Os danos podem ser estendidos por conta das galerias,
deixando abertura para a chegada da podridão vermelha. Pode-se causar
também, a morte da gema apical e o enraizamento aéreo.

Figura. 4. Broca da cana-de-açúcar.

Por conta da lagarta ficar a maior parte do tempo no colmo da planta, o


controle químico não possui tanta eficiência, com isso, o uso de parasitoides
para controle biológico se torna mais eficiente. Entretanto, as condições
ambientais devem ser bem analisadas antes de ser utilizadas tais técnicas.

A lagarta atinge o seu total desenvolvimento ao completar 40 dias. A fase


de pupa, após a fase larval, dura entre 9 a 15 dias. O ciclo completo dura de 53
a 60 dias, no qual resulta em quatro gerações ao ano. A forma adulta (Figura 5)
é uma mariposa com asas amarela-palha e com 25 milímetros de envergadura.
A fêmea deposita ovos na parte de baixo das folhas.
Figura 6. Forma adulta da broca da cana-de-açúcar.

Controle cultural

A broca da cana-de-açúcar pode ser controlada por meio do corte de cana sem
desponte, moagem rápida, eliminação de plantas hospedeiras.

Controle biológico

A broca da cana-de-açúcar pode ser controlada por agentes biológicos,


como por exemplo, o parasitóide de ovos Trichogramma galloi, no qual evita o
ataque da broca nos colmos. Associada com o parasita Cotesia flavipes, pode
reduzir a infestação em 60%.

Controle químico

A broca da cana-de-açúcar pode ser controlada por meio de pulverização


de triflumuron, lufenuron ou fipronil, quando houver 3% de canas com lagartas
recém-eclodidas.

O monitoramento da praga pode ser feito com o uso de armadilhas, com


duas fêmeas virgens com 48 horas de idade, podem ser coletados em um pote
com água e melaço. Pode se usar feromônios, pois o mesmo é uma substância
química liberada pelos insetos para que estes se comuniquem através do olfato.
Besouros e Cupins

Os besouros de solo Migdolus fryanus (figura 6), gorgulho-da-cana e


corós, bem como os cupins, se alimentam da base das touceiras e das raízes,
causando a morte das plantas e consequentemente ocasionando uma queda na
produção. Os cupins subterrâneos atacam os toletes, ferindo as gemas e
ocasionando em falhas na germinação. As espécies mais importantes de cupins
são H. tenuis e Procornitermes triacifer.

Figura 6. Migdolus fryanus adulto.

A amostragem desses besouros e cupins é feita em touceiras, pré


renovação do canavial, cavando próximo de quatro covas. Nessas covas,
contam-se as larvas, as pupas ou os adultos de besouros encontrados.O
migdolus também pode ser monitorado por meio de armadilhas de feromônio
sexual sintético de M. fryanus. Os cupins também podem ser monitorados com
iscas Termitrap.

O controle de migdolus deverá ser realizado quando for capturados um


número maior do que dois machos por armadilha de feromônio, por hectare, por
dia.

Os cupins devem ser controlados quando mais de 30% das covas ou mais
de 20% das armadilhas Termitrap estiverem com cupins. O controle de besouros
de solo e cupins é realizado basicamente com o uso de inseticidas nos sulcos
de plantio ou sobre as soqueiras, após a colheita.

Para o gorgulho-da-cana, são recomendadas também a o controle


cultural, como por exemplo, rotação de culturas e a eliminação de soqueiras
atacadas por meio de aração e três gradagens, alguns meses antes do plantio.
O controle biológico com os fungos M. anisopliae e Beauveria bassiana,
ambos produzidos de forma comercial, é uma prática viável para a maioria das
pragas de solo. Os dois fungos apresenta uma alta eficiência de controle do
gorgulho-da-cana, quando aplicados nas soqueiras, após a colheita.

Formigas cortadeiras

Se alimentam de folhas de plantas novas, causando desfolha muito


característica. Após 45 dias da colheita, toda a área deve ser percorrida em
busca de “olheiros” (orifícios de entrada dos formigueiros) de saúvas ou
quenquéns e de sinais de desfolha.

As formigas (Figura 7) podem ser controladas com inseticidas em


formulação com pó seco, com iscas tóxicas ou com inseticidas aplicados via
terrmonebulização, sendo o último o mais eficiente.

Figura 7. Formiga cortadeira.

Nematoides

Atacam as raízes da cana-de-açúcar, prejudicando a absorção de água e


nutrientes pela planta, e injetam toxinas, que podem produzir galhas
(Meloidogyne) ou causar necroses (Pratylenchus).

O controle é feito com nematicidas registrados para a cultura, com rotação


de cultura não hospedeiras ou culturas armadilhas (crotalaria) ou com matéria
orgânica. A rotação de cultura pode ser feita com Crotalaria Juncea.

PRAGAS DA MELÂNCIA

Mosca Branca - Bemisia tabaci, biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae)


A mosca-branca possui danos diretos e indiretos na cultura da melancia.
Os danos diretos é pela sucção da seiva, além da inoculação de toxinas pelo
inseto. Isso faz com que o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta
seja afetando, ocasionando perdas na produção. Em altos índices de ataque, o
amarelecimento das folhas mais velhas fica evidente, já nas plantas mais jovens,
ocorre o secamento das folhas, além de causar a morte das plantas dependendo
do nível de infestação. O dano indireto é devido a excreção açucarada de um
líquido doce, isso favorece o crescimento de um fungo saprófito, chamado de
fumagina.

O manejo deve ser realizado tanto no aspecto preventivo quanto curativo.


As principais medidas preventivas para o controle ou convivência com a mosca
branca são:

 Plantios isolados;
 Eliminar plantas hospedeiras como maxixe, abóbora ou ervas daninhas
hospedeiras da praga que estejam ao redor da área a ser plantada;
 Inicio do preparo do solo com a área limpa, pelo menos 30 dias antes do
plantio;
 Rotação de culturas com plantas não hospedeiras;
 Manutenção da área isenta de plantas hospedeiras da praga, no interior
e ao redor da cultura;
 Eliminação dos restos culturais.

Como medida curativa, o controle químico surge como alternativa, mas


considerando o uso das substâncias químicas junto com um programa de
manejo integrado de pragas (MIP), o uso exclusivo, sem critérios e contínuo de
inseticidas não é a solução permanente para o controle da mosca-branca. O
nível de controle deve ser de oito insetos adultos, em média.

Brocas-das-cucurbitáceas – Diaphania nitidalis e Diaphania


hyalinata(Lepidoptera: Pyralidae)
As lagartas podem atingir até 20 mm de comprimento. Contudo, essas duas
espécies diferem quanto à coloração dos adultos. D. nitidalis tem coloração
marrom-violácea, com as asas apresentando uma área central amarelada
semitransparente e as bordas marrons-violáceos (Figura 1), enquanto D.
hyalinata tem asas com áreas semitransparentes, brancas e a faixa escura das
bordas retilínea (Figura 2).

A lagartas atacam folhas, brotos, ramos, flores e frutos. Quando o ataque


é severo observa-se, na polpa dos frutos, abertura de galerias tornando-os
inviáveis à comercialização. A espécie D. nitidalis ataca os frutos em qualquer
idade, enquanto D. hyalinata ataca preferencialmente as folhas, causando
desfolha total da planta, quando em altas populações.

O controle das brocas-das-cucurbitáceas é efetuado, basicamente, com


uso de inseticidas. A ação desses agroquímicos no controle de D. nitidalis é
dificultada, pela preferência das lagartas pelas flores e frutos, onde penetram
rapidamente. As lagartas de D. hyalinata são controladas mais facilmente, pelo
fato de terem preferência pelas folhas.

Na presença de lagartas nos primeiros estágios de desenvolvimento, a


pulverização com Bacillus thuringiensis pode apresentar elevada eficiência sem
acarretar impacto negativo sobre os inimigos naturais sem deixar resíduos nos
frutos de uma planta. Sugere-se que seja de 3 lagartas por planta, em média.

REFERENCIAS

ROSSETTO, Raffaella; SANTIAGO, Antonio Dias. Pragas do colmo da


Cana-de-Açúcar.Disponívelem:
<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-
acucar/arvore/CONTAG01_131_272200817517.html>. Acesso em: 23 jun.
2018.
SANTIAGO, A.D.; ROSSETTO, R. Pragas das raízes. Disponível em:
http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-
acucar/arvore/CONTAG01_132_272200817517.html. Acesso em: 23 jun
2018.

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