A alfafa, uma das principais culturas forrageiras utilizadas na
alimentação animal, está sujeita a uma série de pragas e insetos que podem causar danos significativos à sua produção. Dentre as principais pragas que afetam a alfafa, destacam-se os pulgões, vaquinhas, cigarrinhas verdes, lagartas, os percevejos e a cuscuta. Pulgões são as pragas de maior importância econômica na alfafa por causa da sua capacidade de reprodução e de causar danos à cultura. Formam colônias nas folhas e caules da planta, onde convivem indivíduos de diferentes idades. Na sua maioria, são pulgões sem asas; insetos com asas aparecem quando a colônia está muito grande e outras plantas devem ser colonizadas para perpetuação da espécie.
Figura 1. Pulgões que causam danos às plantas de alfafa: pulgão manchado
Therioaphis trifolii forma maculata (A), pulgão-da ervilha Acyrthosiphon pisum (B), pulgão-azul Acyrthosiphon kondoi (C) e pulgão-das-leguminosas Aphis craccivora (D).
A ocorrência de lagartas na alfafa também pode ser bastante importante,
porque esses insetos consomem folhas, diminuindo a produção de massa vegetal, produto de maior interesse na planta por parte dos agricultores e pecuaristas. Várias são as espécies de lagartas presentes na cultura, embora a grande maioria ocorra principalmente em outros cultivos e somente esporadicamente na alfafa. Figura 2. Fase jovem (A) e adulta – fêmea e macho (B) da lagarta-da- alfafa Colias lesbia pyrrhothea.
Os principais besouros que causam danos à alfafa são:
a) Gorgulho-da-alfafa (Naupactus leucoloma ou Pantomorus leucoloma) b) Brasileirinho (Diabrotica speciosa) c) Vaquinha (Epicauta atomaria)
Figura 4. Besouros pragas da alfafa: gorgulho-da-alfafa adulto Naupactus
leucoloma (A) e seus danos nas raízes (B), brasileirinho Diabrotica speciosa (C) e vaquinha Epicauta atomaria (D).
Cigarrinha verde Tratam-se de insetos pequenos, sugadores, com 3 mm
de comprimento e dotados de movimentos rápidos. Os adultos são de coloração verde e as ninfas, menores, de coloração amarelo-esverdeada (Figura 9). As formas jovens têm o hábito de se locomoverem lateralmente e são facilmente encontradas na superfície inferior das folhas. Figura 5. Cigarrinha adulta sugando folha de alfafa e deixando sinais da saliva tóxica nas folhas
A cuscuta é uma parasita vegetal que ataca os afafais. Tem a forma de
longos filamentos de cor amarelo alaranjada que envolveas plantas da alfafa. Através de órgãos sugadores da seiva, debitam e chegam a matar as plantas de alfafa. Para evitar o aparecimento desta praga , covem so semear sementes puras. Se aparecer deve-se cortar toda planta afetada.
Figura 6. Cigarrinha adulta sugando folha de alfafa e deixando sinais da saliva
tóxica nas folhas
Esses insetos podem se alimentar das folhas, caules e raízes da planta,
comprometendo seu crescimento e desenvolvimento adequados.
Controle das principais pragas
Em razão principalmente do seu uso como forragem na alimentação animal, deve-se evitar o controle químico de pragas na cultura da alfafa, optando-se por outros métodos. Atualmente, não há registro de inseticidas químicos para uso na cultura da alfafa junto ao Ministério da Agricultura. Os métodos recomendados são: a) Preventivos Uso de cultivares resistentes; Manejo racional do mato, evitando plantas espontâneas que abrigam as mesmas pragas da alfafa. Culturais Uso de curvas de nível em áreas declivosas para evitar a perda da fertilidade do solo e, consequentemente, manter as plantas mais saudáveis e capazes de reagir ao ataque de insetos filófagos. Priorização de adubos nitrogenados de solubilização lenta porque os de rápida disponibilização deixam a planta mais suscetível ao ataque de insetos sugadores. Controle do excesso de água que pode causar estresse nas plantas, deixando-as sem defesas para reagir ao ataque de pragas. Escalonamento dos cortes de alfafa para manter os inimigos naturais nas áreas de cultivo. Assim, os predadores e parasitoides da área cortada podem se refugiar nas áreas onde a alfafa não foi cortada, controlando as pragas. b) Físicos Antecipação do corte ou do pastejo quando os insetos-praga estiverem iniciando o ataque pode controlar o aumento de determinada praga na área. c) Biológicos Preservação de áreas de refúgio diversificadas para manutenção dos inimigos naturais. Estas áreas podem ser matas ou faixas com diferentes plantas inseridas entre as áreas de plantio. Uso de inseticidas biológicos como aqueles à base de bactéria Bacillus thuringiensis para controle de lagartas ou besouros, ou dos fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae para vaquinhas e cigarrinhas. O fungo Nomuraea rileyi tem ocorrência natural em campos de cultivo e a presença de lagartas flácidas e com bolor branco na sua superfície pode ser indício de sua presença. Manutenção do parasitismo natural: pulgões com aspecto inchado e de coloração muito mais clara que os demais podem estar parasitados por microvespas que os consomem internamente, matando-os.
Por se tratar de uma cultura perene, a alfafa forma um agroecossistema
relativamente estável em que inimigos naturais podem se estabelecer. Assim, predadores e parasitoides, juntamente com outros fatores, como temperatura e precipitação, são componentes que apresentam um papel importante na redução das populações de pragas. Insetos que agem como agentes reguladores da população de pragas (inimigos naturais) podem ser facilmente visualizados pelos agricultores, que não devem confundi-los com as pragas. O reconhecimento deles é fundamental para o sucesso do controle biológico natural. Na Tabela 1, são apresentadas as pragas da alfafa e seus predadores e parasitoides mais comuns, e existem publicações que podem auxiliar os agricultores nesse processo. Tabela 1. Pragas da cultura da alfafa e seus predadores e parasitoides mais comuns. Pragas Inimigos Naturais Predadores: Percevejos jovens e adultos das famílias Geocoridae, Nabidae e Anthocoridae, além das joaninhas (Coccineliidae); larvas de Chrysopidae e Pulgões Syrphidae. Parasitoides: Microvespas (Aphidiidae).
Predadores: Percevejos jovens e adultos das famílias Geocoridae, Nabidae e
Lagartas Anthocoridae. Parasitoides: De ovos (Trichogrammatidae) e de lagartas (vários). Predadores: Percevejos jovens e adultos das famílias Geocoridae e Nabidae; e Besouros joaninhas (Coccineliidae); larvas de Chrysopidae. Parasitoides: Microvespas (várias). Predadores: Percevejos jovens e adultos das família Nabidae e Anthocoridae; larvas Cigarrinha- de Chrysopidae. verde Parasitoides: Microvespas (várias).
Referencias:
Barcellos, José. A cultura da alfafa. Embrapa, 1990. Disponível em:
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/99317/1/comtec-56.pdf. Acesso em: 02 de setembro de 2023.