Você está na página 1de 10

Tratamento de sementes contra a Antracnose do Feijoeiro (Colletotrichum

lindemuthianum)
Introdução

A antracnose (Colletotrichum lindemuthianum) do feijoeiro é uma importante doença


causada por um fungo, sua importância é tão grande na cultura que a doença é capaz de
proporcionar perdas de até 100% da cultura, conforme as condições favoráveis para a sua
disseminação.

A doença é caracterizada como cosmopolita, ou seja, pode ser encontrado em qualquer


cultivo de feijão no mundo, tendo em vista que preferem regiões de clima temperado e
subtropical, essas regiões se caracterizam por serem locais de temperatura baixa a moderada e
alta umidade.

Alguns métodos de controle são recomendados, como o uso de métodos químicos e o


uso de sementes de boa qualidade e procedência, sendo esses dois métodos citados os mais
eficientes e utilizados pelos produtores. O fungo ainda pode sobreviver de restos culturais,
dificultando seu controle, a eliminação de restos culturais tem importância contra a doença.

Quanto ao controle químico, à alta sensibilidade de Colletotrichum lindemuthianum a


difenoconazole, piraclostrobina + propiconazole. Assim como relata a baixa sensibilidade ao
tiofanato metílico. SARTORATO, A. S. SENSIBILIDADE “IN VITRO” DE ISOLADOS DE
Colletotrichum lindemuthianum A FUNGICIDAS. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 36, n. 3,
p. 211-213, 24 out. 2007. Já Kozlowski et al. (2009) relata que a piraclostrobina apresenta
significativo controle do patógeno, além de maior rendimento de grãos, e que quando realizadas
duas aplicações, pode gerar um efeito fisiológico, apresentando maior número de vagens por
planta e maior taxa de aumento da área foliar.

Alguns artigos científicos retratam ainda os seguintes produtos químicos usado no


controle da antracnose do feijoeiro: Chlorothalonil, Thiofanato Metílico + Chlorothalonil,
Hidróxido de Trifenil Estanho, Maneb, Benomyl, Procloraz, Propiconazole, Captan e
Tebuconazole.
Tratamento de sementes contra a Antracnose do Feijoeiro (Colletotrichum
lindemuthianum)
Referencial Teórico

A doença foi identificada pela primeira vez em 1875 na Alemanha, desde então estudos
comprovaram que a antracnose é de difícil controle devido o fungo se especializar em diferentes
variedades de feijão, além de sobreviverem em restos culturas e de outras maneiras.

A antracnose do feijoeiro é causada pelo fungo Colletotrichum lindemuthianum e como


qualquer outra doença causada por fungos, a principal porta de entrada da doença para a região
é o uso de sementes contaminadas, sementes sem procedência, máquinas agrícolas, animais,
insetos e até o homem pode ser responsável por transmitir o fungo, sendo que o principal
método descrito é o uso de sementes contaminadas.

Os esporos do fungo são dispersos de várias formas, como foi citado anteriormente,
após serem dispersos, os esporos são fixados nas partes áreas da planta e dessa forma começar a
infeccionar o hospedeiro (Feijão). O fungo consegue disseminar de forma acelerada, exemplo:
Uma chuva forte pode espalhar os esporos até 4,5 metros da planta hospedeira, assim o esporo
irá hospedar nas novas plantas que estavam ao redor do feijoeiro infectado.

Na face inferior das folhas, sobre as nervuras, aparecem manchas alongadas,


primeiramente de cor avermelhada a púrpura e, mais tarde, pardo-escuro, estendendo-se
ligeiramente no tecido circundante e, geralmente, à face superior. Os pecíolos e caules podem
apresentar cancros, sendo que, nestes e nas lesões das nervuras, ocorre a esporulação do fungo
que constitui o inoculo secundário. A fase mais característica da doença apresenta-se nas
vagens, as quais podem ser infectadas pouco depois de iniciada a sua formação. Nas vagens, a
infecção pode ocorrer em manchas deprimidas, delimitadas por um anel mais escuro, meio
saliente, circundado por uma borda marrom-acinzentada. Durante os períodos de baixa
temperatura e alta umidade, estas lesões podem apresentar uma massa gelatinosa de esporos de
coloração rosada. Ao nível dos cancros, as sementes frequentemente são afetadas, apresentando
lesões marrons ou avermelhadas. As plântulas provenientes de tais sementes geralmente
apresentam cancros escuros nos cotilédones (EMBRAPA 2012).

Sintomas da antracnose podem ser observados em toda parte aérea da planta. Quando a
doença afeta plântulas, observam-se lesões pequenas de coloração marrom ou preta nos
cotilédones. O hipocótilo pode apresentar lesões alongadas, superficiais ou deprimidas, podendo
ocorrer o estrangulamento do hipocótilo e morte da plântula. No entanto, os sintomas típicos
desta doença são lesões necróticas de coloração marrom-escura nas nervuras na face inferior da
Tratamento de sementes contra a Antracnose do Feijoeiro (Colletotrichum
lindemuthianum)
folha. Às vezes estas lesões podem ser vistas na face superior das folhas, quando então uma
região clorótica desenvolve-se ao lado das manchas necróticas e as folhas tendem a curvar-se
para baixo. Em ataques severos, as lesões estendem-se ao limbo foliar ao redor das áreas
afetadas nas nervuras, resultando em necrose de parte do tecido foliar (Souza, 2017, ed. 214)

Os sintomas geralmente seguem este padrão: Lesões produzidas no caule; pecíolos são
alongadas escuras e às vezes deprimidas; nas vagens são geralmente circulares e deprimidas e
apresentam coloração marrom, com os bordos escuros e salientes, circundados por um anel
pardo-avermelhado. As lesões podem coalescer e cobrir parcialmente as vagens. Sementes
infectadas são geralmente descoloridas e podem apresentar lesões levemente deprimidas e de
coloração marrom (Souza, 2017, ed. 214)

No Brasil, apesar de possuir registros em praticamente todo o território nacional essa


doença tem enorme expressão no Estado de Minas Gerais, principalmente na Região da Zona da
Mata. Isso se deve ao fato da alta umidade e temperatura média na região (13 a 27 °C). Sendo
assim nas regiões com temperaturas mais elevadas e com menor umidade a doença não ocorre
com tanta frequência e agressividade.

Por se tratar de um fungo os métodos de controle são parecidos com outros tipos de
doenças em outras culturas causadas por fungos. Envolve: Rotação de cultura, tratamento de
sementes, sementes de boa qualidade, desinfecção de máquinas agrícolas, eliminação de restos
culturais, variedades resistentes, controle químico e etc.

A rotação de cultura tem a finalidade de exclusão do fungo na lavoura, a ideia é que se


não tem o hospedeiro então o patógeno não irá sobreviver, contudo essa prática deve ser
conciliada com as demais citadas e especialmente com a eliminação de restos culturais, dessa
forma a antracnose do feijoeiro deve ser erradicada da área. Deve ter o cuidado de eliminar
plantas invasoras que podem servir de hospedeiras para a doença.

O uso de sementes sadias é considerado um dos métodos mais importantes para o


controle de Colletotrichum lindemuthianum, devido a alguns produtores especialmente
pequenos e médios produtores usarem sementes que ficaram armazenadas muito tempo ou
adquiridas de locais que possuem o histórico da doença ou mesmo sementes que já estão
contaminadas com o fungo. Nos Estados Unidos a antracnose do feijoeiro já não é vista como
grande problema, já que os produtores adquirem as sementes produzidas nas regiões do país
Tratamento de sementes contra a Antracnose do Feijoeiro (Colletotrichum
lindemuthianum)
onde as condições não são favoráveis para a doença, possuindo assim material livre do
patógeno.

A limpeza do maquinário agrícola é muito importante, caminhões que transitam nas


lavouras e as maquinas envolvidas nas operações devem passar por uma limpeza a fim de
eliminar os esporos que podem estar nos pneus e etc. Deve evitar o transito de pessoas nas
plantações, e as pessoas autorizadas devem passar pela desinfeção antes de adentrar na cultura.

O uso de cultivares resistente pode ser empregado nas lavouras, exemplos de cultivares
resistente: Diamante negro, FT – Bonito, IAPAR – 80, IAC – Carioca Pyatã, IAC – Carioca
Akytã, IAC – Carioca Aruã, IAC – Carioca Eté, IAC – Uma, IAC – Carioca Tobyatã, BRS
Pontal.

O controle químico é muito importante nas fases inicias e fases de florescimento. A


seguir é descrito os produtos usados para realizar o tratamento de sementes, método esse já
descrito anteriormente e visado tal importância para a cultura do feijão. Os dados foram
retirados das bulas dos produtos informados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.

O controle químico utilizando o fungicida Carbendazim registrado pela empresa CCAB


Agro, indicado que para cada 200 litros de calda por hectare seja usado 500 ml do produto.
Iniciar as aplicações preventivamente ao redor de 30 dias após a emergência e repetir a cada 10
a 15 dias.
Tratamento de sementes contra a Antracnose do Feijoeiro (Colletotrichum
lindemuthianum)

Fonte: http://agrofit.agricultura.gov.br/. Acesso: 02/11/2020

O controle químico utilizando o fungicida Vitavax Thiram registrado pela empresa


UPL, indicado de 250 a 300 ml p.c./100 kg de sementes. Como é usada como tratamento de
semente a aplicação é única e feita na semente antes do plantio.
Tratamento de sementes contra a Antracnose do Feijoeiro (Colletotrichum
lindemuthianum)

Fonte: http://agrofit.agricultura.gov.br/. Acesso: 02/11/2020

O controle químico utilizando o fungicida Iprodione registrado pela empresa Nortox, da


classe de fungicida de contato do grupo químico dicarboximida, bastante utilizado na cultura do
feijão, porém, o uso é destinado contra o mofo branco. Recomendado para cada hectare 300
litros de caldas e 1,5 litros do produto.
Tratamento de sementes contra a Antracnose do Feijoeiro (Colletotrichum
lindemuthianum)

Fonte: http://agrofit.agricultura.gov.br/. Acesso: 02/11/2020

Metodologia

A metodologia foi totalmente retirada do trabalho ANTRACNOSE DO FEIJOEIRO:


TRATAMENTO DE SEMENTES E CORRELAÇÃO ENTRE INCIDÊNCIA EM PLANTAS
E INFECÇÃO DE SEMENTES. Autores: M.H. Vechiato, C.C. Lasca, E.Y. Kohara, S.Chiba

Sementes de feijoeiro comum da cultivar Carioca, com incidência de 7,5% de C.


lindemuthianum foram tratadas com os seguintes fungicidas, nas doses de i.a./100kg de
sementes: carbendazim+thiram (75+140), iprodione+carbendazim (52,5+26,25),
iprodione+thiram (50+150), tiofanato metílico (105), thiram (150) e benomyl (50). A partir
destas sementes foram conduzidos experimentos com sete tratamentos e quatro repetições, em
laboratório, casa de vegetação e campo. Em laboratório, após o tratamento, as sementes foram
analisadas para sanidade pelo método do papel de filtro (ISTA, 1966). Utilizaram-se duzentas
sementes de cada tratamento em quatro repetições de 50, empregando-se o delineamento
inteiramente casualizado. Em casa de vegetação, duzentas sementes de cada tratamento, foram
semeadas em caixas de plástico contendo terra esterilizada, seguindo-se o delineamento
inteiramente casualizado com quatro repetições. As avaliações foram feitas aos sete e quinze
dias após a semeadura, utilizando-se como parâmetros a porcentagem de plântulas emergidas e
Tratamento de sementes contra a Antracnose do Feijoeiro (Colletotrichum
lindemuthianum)
de sintomas nos cotilédones, Em campo, foram instalados experimentos em duas localidades, de
Paulínia e Sorocaba, SP, no plantio das águas. O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso
com sete tratamentos e quatro repetições, em parcelas de quatro linhas com quatro metros de
comprimento e 0,50 metro entre linhas. Foram avaliadas a emergência e da produção, levando-
se em consideração as duas linhas centrais de cada parcela. Foram feitas também avaliações dos
sintomas das plantas, no estádio R9 (VAN SCHOONHOVEN & PASTOR CORRALES, 1987),
registrando-se a porcentagem de plantas com sintoma de antracnose nas folhas e vagens, nas
duas linhas centrais da parcela. Amostras de 200 sementes, provenientes das plantas acima
avaliadas, foram analisadas para sanidade, utilizando-se o método do papel de filtro. Após a
análise, calculou-se a porcentagem de sementes com C. lindemuthianum e os dados obtidos
foram submetidos à analise de correlação linear, aplicando-se o teste t. Os dados de emergência
em casa de vegetação e campo, bem como a produção em campo foram transformados para arco
seno √x/100 e submetidas a análise de variância, comparando-se as médias pelo teste de Tukey
a 5% probabilidade.

Em relação ao controle do patógeno nas sementes observou-se que os fungicidas


iprodione + carbendazim, carbendazim + thiram, iprodione + thiram e thiram, reduziram
significativamente o número de plântulas com sintomas de antracnose nos cotilédones.

Com base nos resultados obtidos sobre a correlação entre a incidência de plantas de
feijão com sintomas de antracnose e a infecção de sementes por C. lindemuthinum, neste
trabalho, bem como de outros pesquisadores, sugere-se que, o aceite ou recusa de campos de
produção de sementes não deve ser baseado somente nas inspeções de campo, mas nesta prática
aliada à análise de sanidade das sementes em laboratório.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UTILIZADAS

ANTRACNOSE DO FEIJOEIRO: TRATAMENTO DE SEMENTES E


CORRELAÇÃO ENTRE INCIDÊNCIA EM PLANTAS E INFECÇÃO DE SEMENTES M.H.
Vechiato, C.C. Lasca, E.Y. Kohara, S.Chiba.

Agrolink. Link: https://www.agrolink.com.br/problemas/antracnose_1547.html. Acesso:


30/11/2020

Revista: Lavoura 10. Link: https://blog.aegro.com.br/antracnose/. Acesso: 02/12/10


Tratamento de sementes contra a Antracnose do Feijoeiro (Colletotrichum
lindemuthianum)
CASTRO. J.L, DUDIENAS, C., ITO, M.F., et al. Eficiência de fungicidas no controle
das doenças do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.). Summa Phytopatológica, Jaguariuna, v. 15, n.
2, p. 145-155, 1989.

CIAT (CENTRO INTERNACIONAL DE AGRICULTURA TROPICAL). Standard


system for the evaluation of bean germplasm. Cali: CIAT, 1987. 54 p.

FERNANDEZ, C.M.A, DHINGRA, O.D., KUSHALAPPA, A.C. Influence of primary


inoculurn on bean anthracnose prevalence. Seed Science & Technol, Zurich, v. 15, p. 45-54,
1987.

GOULART, A.C.P. Eficiência de fungicidas no controle de doenças foliares do


feijoeiro. Fitop Brasil, Brasília, v. 15, n. 1, p. 86-88, 1990.
Tratamento de sementes contra a Antracnose do Feijoeiro (Colletotrichum
lindemuthianum)

Você também pode gostar