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Instituto Superior de Gestão e Empreendedorismo Gwaza Muthini

Micoses Cutâneas

Licenciatura em Análises Clinicas e Laboratoriais

Código: 20200246
2022

Micoses cutâneas
As micoses são doenças contagiosas provocadas por diversas espécies de fungos, que, de acordo
com a sua localização no organismo, são classificados em micoses superficiais (dermatomicoses)
e micoses profundas (micoses dos sistemas).
Recebem os nomes de micose superficiais quando afetam a epiderme e suas formações anexas
(pelos cornos, unhas, cascos) ficando limitados às mesmas, e micoses profundas quando
provocam patologia nos órgãos internos.

Micoses cutâneas
São fungos queratinofílicos e queratinolíticos, sendo capazes de destruir as superfícies
queratinosas de pele, pêlo e unhas. Nas biópsias cutâneas, todos os dermatófitos são
morfologicamente similares e aparecem com hifas septadas hialinas, cadeias de artroconídios ou
cadeias dissociadas de artroconídios.
Os dermatófitos podem ser geofílicos (vivem no solo, patógenos ocasionais), zoofílicos
(parasitam o pêlo e a pele de animais, infetam, humanos) ou antropofílicos (infectam humanos e
são transmitidos direta ou indiretamente de pessoa a pessoa). Os fungos geofílicos e zoofílicos
causam reação profunda no hospedeiro, com lesões altamente inflamatórias, mas que respondem
bem à terapia. Já as infecções antropofílicas, são não-inflamatórias, crônicas e difíceis de curar.
Invadem o extrato córneo (camada superior e mais externa da epiderme).
As dermatofitoses são referidas com “tíneas”. Os sinais e sintomas clínicos variam de acordo
com os agentes etiológicos, a reação do hospedeiro e o local da infeção. O padrão clássico das
dermatofitoses envolve um anel de descamação inflamatória com diminuição da inflamação em
direção ao centro da lesão. Em áreas cobertas por pelos aparecem manchas circulares elevadas de
alopecia, com eritema e escamação, ou como pápulas, pústulas, vesículas e quérions (inflamação
grave envolvendo a base do pelo). Em pele lisa aparecem eritema e manchas escamosas que se
expandem centripetamente, apresentando clareamento central. Pode acontecer também a infeção
das unhas (onicomicose) pelos mesmos fungos causadores da infecção na pele. O tratamento
para as dermatofitoses é tópico ou oral, sendo, no entanto, principalmente oral.
Agentes etiológicos
Os principais agentes etiológicos causadores de micoses são os Pythium insidiosum,
Trichophyton equinum e Sporothrix schenckii.

Pythium insidiosum, classificado no reino Stramenopila causador da pitiose uma enfermidade


crônica, cosmopolita, de áreas temperadas, tropicais e subtropicais. Este fungo é um
microrganismo aquático que se caracteriza por formação de zoósporos biflagelados, procedentes
de esporângios filamentosos, que é a forma de propagação do agente. Os zoósporos são liberados
periodicamente em águas pantanosas e infetam equinos e outros mamíferos que frequentam esses
locais (MILLER & CAMPBELL, 1982). Em equinos, P. insidiosum causa lesões cutâneas,
progressivas, granulomatosas e ulcerativas, localizadas nas porções baixas dos membros e na
região ventral toracoabdominal (SANTOS et al., 1987).

Trichophyton equinum um dos causadores das dermatofitoses (micoses cutâneas) é causadas


por um grupo de fungos filamentosos, que, em geral, não invadem o tecido subcutâneo. As
lesões clínicas inicialmente assemelham-se à urticária, progredindo para a formação de crostas e
a alopecia, sendo normalmente observadas em áreas de abrasão, principalmente no lombo, na
garupa e na cabeça.

Sporothrix schenckii é um fungo dimórfico habitante da superfície de plantas e solos, e cuja


infeção em animais está frequentemente relacionada a lesões ou injúria inicial contaminada por
solo ou material de plantas (LARSSON, 2000). Em condições ambientais, o fungo se desenvolve
na forma filamentosa, onde são observadas hifas finas septadas e delicadas conidióforos em
forma de pétalas de flor. Quando infecta o organismo animal o fungo passa para a fase
leveduriforme, com células de formato ovalado semelhante a um charuto (JUNGERMAN et
al.,1972).

Patogenia
Alterações bioquímicas ou fisiológicas da pele como, por exemplo, a secreção cutânea
aumentada de ácidos graxos pode tornar indivíduos sadios suscetíveis. Outras alterações
neurológicas como estresse, imunodepressão, bem como doenças crônicas, níveis séricos
aumentados de andrógenos ou cortisol, hipovitaminose, calor, umidade, uso externo de cremes
estéticos e pouca higiene são fatores que colaboram com o crescimento fúngico.
As leveduras produzem ácido azelaico, que tem atividade anti-tirosinase e interfere na
melanogênese, causando manchas hipocrômicas. As lesões eritematosas são decorrentes de
processo inflamatório provocado pelo agente. As leveduras
colonizam as camadas do extrato córneo, chegando a ser observadas no meio intracelular.

Diagnostico laboratorial
O diagnótisco depende sempre de:
 Coleta apropriada e cuidadosamente estocada
 Coleta de informações do paciente (sexo, idade, profissão...)
 Processamento do material
 Interpretação dos resultados
Principais Técnicas para Diagnóstico em Micologia Médica
 Exame micológico direto simples e barato.
 Materiais clínicos: escamas, pelos, unhas, secreção, pus, crostas, grãos, espécime de
biópsia, líquor, urina. Muito útil para as micoses superficiais, cutânea e subcutânea e
também algumas sistêmicas.
Cultura
Indispensável para o isolamento e a identificação do fungo patogênico
Quando isolado de sítios estéreis (liquor e sangue tem significado importante), de materiais como
pus, escarro e urina deve ser interpretado com cautela meio de cultivo predominante é o Ágar
Sabouraud.

Microcultivo
Cultivo em um pequeno bloco de agar colocado entre lâmina e lamínula para microscopia
 Estudo dos aspectos microscópicos característicos
 Micélio vegetativo e micélio reprodutivo

Tratamento
O tratamento pode ser tópico e/ou sistêmico feito com as seguintes medicações:
• Sulfeto de selênio 2,5%, em base detergente, aplicado diariamente, por 2 a 3 semanas durante
15 minutos antes do banho.
• Hipossulfito de sódio a 25% após o banho.
• Shampoo de cetoconazol ou 200 mg/dia, por 10 dias via oral.
• Itraconazol 200mg/dia, por 5 dias, após o café da manhã ou fluconazol 150mg/semana, durante
3 semanas, têm mostrado boa tolerância.

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