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Módulo III Geovanna Moraes

Problema V
Objetivos
1. Conhecer as características gerais dos fungos:
2. Conhecer as micoses de importância médica:
3. Descrever as diferenças entre bactérias e fungos:
4. Conhecer os tipos de imunodeficiência congênita e adquirida:
5. Conhecer os mecanismos de ação dos antifúngicos:

Respostas
Os fungos são organismos eucariontes.

Unicelulares ou multicelulares.
A parede celular é composta por quitina.
Têm origem nos esporos, através da reprodução sexuada ou conídeos, que se
reproduzem através da reprodução assexuada.
São divididos em três grupos:
Holomorfo: aquele que no ciclo de vida realiza ambas as formas de reprodução.
Anamorfo: realiza apenas a reprodução assexuada.
Teleomorfo: realiza apenas a reprodução sexuada.
São considerados como seres heterotróficos, necessitando de materiais
orgânicos já formados, sua nutrição é feita por absorção de nutrientes
solúveis simples.
Realizam respiração celular ou fermentação para obtenção de energia, e sua
reserva energética é sob forma de glicogênio. Eles podem ser subdivididos em:
1. Saprófitas obrigatórios: fungos que vivem exclusivamente em matéria orgânica
morta, não podendo parasitar organismos vivos.
2. Parasitas facultativos ou saprófitas facultativos: fungos capazes de causar
doenças ou de viver em restos orgânicos, de acordo com as circunstâncias.
3. Parasitas obrigatórios: fungos que vivem exclusivamente atacando organismos
vivos.
O reino Fungi é divido em sete filos: Chytridiomycota, Neocalimastigomicota,
Blastocladiomycota, Microsporídea, Glomeromycota,Ascomycota e Basidiomycota e
um grupo de fungos anamórficos relacionados aos filos Ascomycota e
Basidiomycota.
São encontrados em ambientes úmidos e ricos em matéria orgânica .
Atuam na natureza como decompositores.
Citosol complexo.
Membrana celular com esteróis.
A cápsula quando presente é polissacarídica.

As micoses, em seus mais variados tipos, são originadas por


microfungos, atingindo os seres humanos com maior freqüência
nos países tropicais, como no Brasil, por exemplo. Na maior
parte das vezes, o tratamento para este mal é difícil por tratar-
se de uma forma de vida daninha e oportunista.

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Micoses de importância médica

A micologia médica estuda os fungos patogênicos.


São dividias em: micoses superficiais, micoses cutâneas, micoses subcutâneas,
micoses profundas ou sistêmicas e micoses oportunistas.
Terminologia:
1. Quanto à localização:
Citomicose, dermatomicose, onicomicose (unhas), oftlamomicose, tricomicose
(pêlos), micose pulmonar, etc.
2. Quanto ao fungo:
Aspergilose, tricofitose, microsporose, candidíase, histoplasmose.
3. Quanto ao nome popular:
Favo, tokelau, chimberê, sapinho, pé-de-atleta, unheiro.
Fatores que influenciam no surgimento de micoses
1. Externos: dieta alimentar, indumetária, profissão, esportes, idade, hábitos
higiênicos.
2. Internos: lesões pré-existentes, alterações metabólicas como diabetes, uso de
antibióticos (causam imunodepressão), uso de hormônios, uso de corticóides,
AIDS, etc.
Micoses de importância médica:
1. Superficiais: ptiríase versicolor, piedra branca, piedra negra, tinha negra
(do latim verme, traça que faz caminho sinuoso).
2. Cutâneas: dermatofícias e candidíases.
3. Subcutâneas: esporotricose, cormomicose, micetomicoses, rinosporodiose,
zigomicoses (Entomophthoramicose).
4. Sistêmicas: paracoccidioidomicose, blastomicose, histoplasmose, criptococose,
coccidioidomicose
5. Oportunistas: zigomicose, hipomicose, tiohifomicose, candidíase sistêmica

Micoses superficiais na pele:

As micoses superficiais da pele, em alguns casos chamadas de "tineas", são


infecções causadas por fungos que atingem apenas as camadas superficiais da capa
córnea da pele ou a haste livre dos pêlos. Os fungos estão em toda parte podendo
ser encontrados no solo e em animais. Até mesmo na nossa pele existem fungos
convivendo "pacificamente" conosco, sem causar doença. As lesões se manifestam
como manchas pigmentarna pele ou nódulos nos pêlos.
A queratina, substância encontrada na superfície cutânea, unhas e cabelos, é o
"alimento" para estes fungos. Quando encontram condições favoráveis ao seu
crescimento, como: calor, umidade, baixa de imunidade ou uso de antibióticos
sistêmicos por longo prazo (alteram o equilíbrio da pele), estes fungos se
reproduzem e passam então a causar a doença.
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As ceratofitoses ou micoses saprofitárias As dermatofitoses são causadas por fungos


são causadas por fungos, que vivem sobre denominados dermatófitos, que utilizam a
queratina como fonte de sobrevivência. As
a pele ou ao redor dos pêlos e utiizam lesões decorrem da ação do próprio fungo ou
restos epiteliais ou produtos de excreção. de reações de sensibilidade ao agente. Estão
N ã o d e t er m i n a m r e a ç õ e s d e incluídos os fungos dos gêneros Microsporum,
hipersensibilidade. Neste grupo estão: Trychophyton e Epidermophyton. Podem ser
Pitiríase versicolor, Tinea nigra, Piedras. antropofílicos, zoofílicos ou geofílicos. Pitiríase
versicolor ("Micose de Praia”),

São divididas em: ceratofitoses e dermatofitoses.

Malassezia furfur:
Também vulgarmente conhecida como "micose de praia" ou "pano branco", a
Pitiriase versicolor é uma micose mas, ao contrário do que se pensa, não é
adquirida na praia ou piscina. O fungo causador da doença habita a pele de todas
as pessoas e, em algumas delas, é capaz de se desenvolver causando a doença. As
áreas de pele mais oleosa, como a face e a porção superior do tronco são as mais
frequentemente atingidas.
✴ Manifestações clínicas:
Quando uma pessoa com a micose se expõe ao sol, a pele contaminada não se
bronzeia. A doença então aparece na forma de manchas claras, pois a pele ao
redor fica bronzeada, e a pessoa acha que pegou a doença na praia ou piscina.
Entretanto, o sol apenas mostrou aonde estava a micose. Em alguns casos, as
manchas podem ser castanhas ou avermelhadas. As lesões são recobertas por fina
descamação.
Piriríase vesicolor:
Forma manchas claras recobertas por fina descamação, facilmente demonstrável
pelo esticamento da pele. Atinge principalmente áreas de maior produção de
oleosidade como o tronco, a face, pescoço e couro cabeludo
A clínica apresentada corresponde a máculas descamativas de cor variável,
múltiplas, coalescentes, às vezes com nítido padrão folicular, atingindo
pescoço, tórax e raízes de membros superiores, raramente podendo ocorrer na
face, abdome, nádegas e membros inferiores. O fator predisponente ao
desenvolvimento dessa doença é a sudorese (calor). Não há prurido, sendo
geralmente assintomáticas. Os sinais dermatológicos que podem ser pesquisados
são o sinal da unha (descamação) e o sinal de Zileri (estiramento da pele causa
descamação furfurácea).
O diagnóstico é puramente clínico (presença de lesões esbranquiçadas e
descamativas).
Sinais de Besnier e de Zileri
Sinal de Besnier ou sinal da unhada:

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É caracterizado por uma descamação furfurácea da lesão quando é raspado com a


unha

Sinal de Zileri:
É um sinal clínico observado ao ser feito um leve estiramento com os dedos da
região sugestiva da pitiríase, sendo observado nessa região um discreto
esfacelamento da queratina.
✴ Outras manifestações clínicas da doença são:
Foliculite pitirospórica : Forma severa da doença, atinge a glândula sebácea e o
folículo piloso.
É comum em pacientes IMUNODEPRIMIDOS
Especialmente com AIDS
Dacriocistite obstrutiva : Colonização e obstrução do canal lacrimal que pode
cegar. Inflamação do saco lacrimal
DOR intensa e INCHAÇO do canto interno do olho, estendendo-se até o nariz
Dermatite seborréica
Ocorre comumente em crianças e jovens na puberdade. Manifesta-se como lesões
oleosas eritomatoescamosas distribuídas pelo couro cabeludo, pálpebras, pregas
nasolabiais, axilas e região inguinal. Comumente acompanha-se de prurido.
Tratamento
A Pitiriase versicolor é uma micose que responde bem ao tratamento, que pode ser
feito com medicamentos de uso via oral ou local, dependendo do grau de
comprometimento da pele. Entretanto, devido a ser causada por um fungo que
habita normalmente a pele, há uma grande chance da micose voltar a aparecer,
mesmo após um tratamento bem sucedido.
O tratamento é tópico com sulfeto de selênio a 2,5% ou hipossulfito de sódio a
30% duas vezes ao dia antes do banho. Pode-se utilizar o tratamento sistêmico em
casos de recidivas freqüentes, com cetoconazol 200mg/dia 10 a 15 dias ou
itraconazol 100mg/dia durante duas semanas.
Sabonetes com anti-fúngicos
Xampus com anti-fúngicos
Tinea nigra
Pode ser causada por dois fungos:
Hortaea werneckii, de distribuição cosmopolita, e a Stenella araguata isolada de
cinco casos venezuelanos. Os dois fungos são sapróbios na natureza
A enfermidade se localiza nas palmas das mãos e na planta dos pés e se
caracteriza pela presença de máculas pigmentadas, marrons ou pretas. A micose é
muito frequente nas regiões tropical e subtropical do continente.
No Brasil têm-se registrado casos nos seguintes Estados: Bahia, Espírito Santo,
Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Manifestaçãoes Clínicas
Assintomática
Manchas de tonalidade marrom ou negra
Acomete as palmas das mãos e raramete planta dos pés (excepcionalmente podem
ocorrer em outras partes do corpo)

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Aspecto arredondado
Não descamativa
Bordas das lesões bem delimitadas
Lesões são poucas ou únicas
Tratamento
Tópico com agentes queratolíticos ou produtos à base de ácido undecilênico ou
derivados imidazólicos, por duas a 4 semanas.
Agente etiológico
Fungo cresce em temperaturas elevadas
Encontra-se em restos de vegetais, esgoto e no próprio solo.
No Brasil a única espécie encontrada é Phaeoanneleomyces werneckii
PIEDRAS
São infecções fúngicas que se caracterizam pela presença de nódulos irregulares,
aderentes ao pêlo e, geralmente, visíveis a olho nu.
São reconhecidos dois tipos de piedra
Piedra branca Piedra negra
As Piedras são infecçõess benignas, mas muito contagiosas e de fácil propagação.
São distintas, não só pelos agentes etiológicos, mas também pela sua
distribuição e epidemiologia. Clinicamente essas micoses podem ser confundidas
com pediculose (lêndias). Atacam a região folicular dos pêlos.
Piedra negra

Agente etiológico: Piedrai hortai


Epidemiologia: é observada em regiões tropicais e subtropicais da América do Sul
sendo endêmica na Amazônia. Ataca somente os cabelos apresentando nódulos
visíveis ou não a olho nu. A nodosidade da Piedra negra são muito resistentes. A
infecção inicia pela implantação do fungo sob a cutícula da haste dos cabelos,
com o crescimento o fungo rompe a bainha do cabelo desenvolvendo-se ou seu redor
formando um nódulo
✴ Manifestações Clínicas
Os nódulos, são únicos ou múltiplos em um cabelo, têm cor escura, são muito
duros e aderentes. A infecção transcorre assintomaticamente.
Tratamento
O tratamento preconizado para Piedra negra é semelhante ao da Piedra branca.
Isto é, deve-se fazer a remoção máxima do pêlo infectado, seguida em algumas
ocasiões de medidas profiláticas de higiene e utilização de compostos com
potencial anti-fúngico tais como: Formalina a 2%, derivados imidazólicos duas
vezes ao dia por um período aproximadamente de 15 dias. Itraconazol apresenta-se
como uma nova opção terapêutica.
Piedra branca
Agente etiológico: A Piedra branca tem como agentes etiológicos Trichosporon
ovoides, T. inkin, T. mucoides e T. asahii. Trichosporon beigelli Os fungos do
Gênero Trichosporon são sapróbios na natureza e, também, colonizadores da pele
das regiões axilares, inguinais e perineaisdo homem. Afeta usualmente os pêlos

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axilares, inguinais ou perineais e raramente os cabelos ou a barba. T. inkin nos


pêlos pubianos e T. ovoides no couro cabeludo.
Epidemiologia: é vasta a distribuição geográfica. Os nódulos são únicos ou
múltiplos, tem coloração clara e são facilmente descartáveis dos pêlos.
Usualmente assintomáticos, porém quando acompanhados de lesões eritematosas da
pele, especialmente nas regiões inguinais e perineais, podem provocar prurido.
Tratamento
Corte dos cabelos ou pêlos da região infectada. Lavar com solução de bicloreto
de mercúrio a 1:2.500 ou usar creme de clotrimazol duas vezes ao dia.

Micoses Cutâneas:

Dermatofitoses
Utilizam queratina como fonte energética
Causada por fungos do Gênero:
Microsporum: pêlo e pele
Trichophyton: pêlo, pele e unha
Epidermophyton: pele e unha
ECOLOGIA
O grupo dos dermatófitos geofílicos habitam o solo e material queratínico em
decomposição no solo. Infectam tanto animais como seres humanos, como
Microsporum gypseum.
O grupo zoofílico é com freqüência associada a animais e ocorre também no solo.
São exemplos desse grupo o Microsporum canis, que pode estar associado a animais
como o cão ou gato, e o Trichophyton verrucosum, ao gado bovino. Assim sendo
estes fungos ascenderam na escala filogenética rumo ao homem.
O grupo antropofílico, vinculado diretamente ao homem, raramente infecta
animais. Fazem parte desse grupo o Trichophyton tonsurans e o Microsporum
audouinii, que causam infecções no couro cabeludo, o Trichophyton rubrum, nas
unhas e o Epidermophyton floccosum, nos pés.
✴ QUADRO CLÍNICO
A importância de reconhecer, em determinadas espécies de dermatófito, a que
microcoecossistema ele pertence está relacionada à resposta que ele pode
desencadear no hospedeiro humano; assim acredita-se que, quanto mais distanciado
filogeneticamente está um dermatófito da espécie por ele parasitada, maior será
sua resposta inflamatória.
Logo podemos concluir que os fungos geofílicos, quando parasitam o homem, são
capazes de desencadear uma resposta inflamatória bem mais evidente, seguida das
espécies zoofílicas, que causam uma resposta moderada, e das antropofílicas que
em determinadas situações, podem coexistir com esse hospedeiro sem induzir
grandes alterações.
Apesar dessa diferenciação, quando a resposta do hospedeiro se fizer presente
numa grande maioria dos casos, não podemos esquecer que o ponto fundamental da

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resposta de um determinado organismo à ação de um invasor está, em última


análise, ligado ao binômio parasito/hospedeiro e que, na avaliação desse
binômio, entram em questão algumas características inerentes ao hospedeiro e
outras inerentes ao parasito.
A resposta desencadeada no hospedeiro podem, em muitas situações, não ser as
esperadas no que diz respeito a escala filogenética do parasito, podendo-se, em
determinadas situações, encontrar uma resposta inflamatória quando um humano é
parasitado por uma espécie geofílica ou, ainda, ou outro lado da moeda, quando
observamos uma intensa resposta inflamatória em um humano, quando este é
parasitado por uma espécie antropofílica. Portanto devemos ter em mente que
essas situações são exceções que podem ou não estar presentes.
Os quadros clínicos das dermatofitoses ou tinhas são definidos de acordo com sua
distribuição topográfica e têm em comum, como sintoma mais importante, o prurido
e/ou processo inflamatório.
Nos últimos anos, a literatura vem divulgando amplamente o aumento das infecções
fúngicas, sendo as dermatomicoses principais responsáveis por esse aumento.
Quando a distribuição geográfica, os dermatófitos são cosmopolitas. A literatura
mundial aponta o T. rubrum como a espécie de dermatófito mais comumente isolada,
seguida do T. violaceum e do T. mentagrophytes. No Brasil (regiões sul e
sudeste) estudos têm apontado T. rubrum, M. canis e T. mentagrophytes,
respectivamente, como as 3 espécies mais prevalentes de dermatófitos isolados.
Já na Região Nordeste, têm sido observado como as espécies mais prevalentes o T.
tonsurans, seguido do T. rubrum e M. canis.
✴ Patogenia
A instalação de um processo patogênico por um dermatófito em pele glabra inicia-
se sempre pela inoculação da estrutura fúngica sobre a pele, favorecido por uma
lesão cutânea ou escoriação pré-existente, mesmo que esta seja mínima.
Dessa forma a estrutura fúngica desenvolve-se à favor da escoriação penetrando
na camada córnea da epiderme crescendo de maneira circular e centrífuga,
resultando em alguns dias uma lesão macroscópica de aspecto circular visível na
interseção da pele sã com a doente, lesões vesiculares que circunscrevem a parte
central onde se observa descamação associada ou não a resposta inflamatória mais
ou menos evidente.
Nas dermatofitoses, os pêlos, quando atacados, sempre são secundariamente à
evolução de uma lesão de pele, que apresenta em uma superfície, uma grande
quantidade de folículos pilosos. Os dermatófitos, na sua progressão centrípeta,
mais cedo ou mais tarde vão encontrar uma região de orifício piloso, invadindo
assim a camada córnea da epiderme que se aprofunda em direção ao infundíbulo do
pêlo.
Em contato com uma nova fonte de queratina, o dermatófito remove a cutícula e
ganha o pêlo. Essa invasão ocorre da superfície até as partes mais profundas do
pêlo, parando sua progressão ao não encontrar mais queratina.
Por último temos o comprometimento das unhas, que se faz secundariamente à
penetração do dermatófito na camada córnea, na porção distal do leito ungueal.
Essa penetração se faz de forma voluntária na unha previamente doente,

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favorecidas por traumas. A invasão começa preferencialmente na parte distal em


direção à parte proximal.
Essa característica pode auxiliar na diferenciação das onicomicoses por
dermatófitos, que comprometem primeiramente a borda livre das unhas, quando
comparadas com as onicomicoses ocasionadas por Candida sp que comprometem
primeiramente a prega ungueal proximal.
Manifestações clínicas
Os aspectos clínicos das lesões dermatofíticas são bastante variados e resultam
da combinação de destruição de queratina associada a uma resposta inflamatória,
mais ou menos intensa, na dependência do binômio parasito/hospedeiro. A variação
clínica está portanto associada a três fatores: espécie de dermatófito envolvida
no processo infeccioso, sítio anatômico acometido e status imunológico do
hospedeiro.
Existem duas formas de classificação clínica das dermatofitoses: Um segue a
corrente inglesa que denomina todas as infecções de “tinea”, associada a outra
palavra, que aponta o sítio anatômico da lesão
As lesões são denominadas de
Tinea pedis
Tinea capitis
Tinea unguium ( onicomicoses)
Tinea cruris
Tinea corporis
Tinea barbae
Já outra classificação clínica segue a corrente francesa e classifica as
dermatofitoses em:
Tinhas ou Tineas : Qualquer lesão dermatofítica que acometa o couro cabeludo e/
ou região da barba e bigode.
Epidermofitíases : lesões dermatifíticas encontradas na pele glabra.
Onicomicoses dermatofíticas : lesões em unhas.
Transmissão
Os dermatófitos podem ser transmitidos de homem a homem, do animal ao homem, ou
vice –versa, de animal a animal e do solo ao homem e animal pelo contato direto
ou através de escamas epidérmicas e pêlos infectados.
Vários são os fatores que contribuem para o desenvolvimento, como o tipo de
roupa ou calçados, o grau de higiene pessoal e os fatores ambientais como calor
e umidade.
Os mecanismos de transmissão não são completamente conhecidos. Dados
epidemiológicos sugerem que a transmissão pode também ser feita pelo contato do
indivíduo com ambientes contaminados, como pisos de banheiros, bordas de
piscinas, etc., ou por meio de objetos pessoais, como pentes, escovas, navalhas,
toalhas onde o fungo estaria em estado latente. Pesquisas tem demonstrado
dermatófitos em indivíduos e animais sem lesão clínica aparente. O homem e os
animais podem, portanto, ser portadores assintomáticos.
Onicomicoses Dermatofíticas ou Tinha unguium

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Também denominada Tinha das unhas, é freqüente em adultos, idosos,


imunocomprometidos, diabéticos e principalmente em esportistas. Nos dias atuais,
o comprometimento fúngico das unhas constitui-se em sério problema em razão de
sua elevada frequencia e sua dificuldade diagnóstica, tanto para os clínicos
como para os micologistas, somando-se a esse problema uma conduta e seguimento
terapêutico inadequado por parte do paciente.
Esse fato pode ser bem exemplificado quando se observa negligência dos pacientes
frente a esse tipo de lesão, principalmente quando as unhas acometidas são as
dos pés. As infecções fúngicas das unhas podem ser causadas por fungos
dermatofíticos e leveduras, diferenciando-se clinicamente pelo comprometimento
das unhas.
Quando envolve os dermatófitos , caracteriza-se por um comprometimento inicial
da porção distal da unha .
Já as leveduras causam um comprometimento inicial da porção proximal podendo ou
não estar associado a uma lesão propriamente dita das unhas.
Os fungos desenvolvem-se facilmente neste habitat, alimentando-se de queratina
(substância responsável pela rigidez das unhas).
As onicomicoses, além de incómodas e de aspecto desagradável, podem tornar-se
muito dolorosas.
A unha do dedo grande do pé é, habitualmente, a primeira a ser afetada. No
entanto, todas as unhas dos pés e das mãos podem ser afetadas. A unha afetada
normalmente fica com uma cor amarela escura/estanhadas ou tem manchas brancas,
torna-se fraca, quebradiça e tende a separar-se da base. A unha afetada pode
também ter um odor estranho. A onicomicose limita as normais atividades das
pessoas pois torna doloroso o uso de sapatos, condiciona o andar, para além de
ser extremamente desconfortável, inconveniente e embaraçosa
ONICOMICOSES CAUSADAS POR DERMATÓFITOS
Existem quatro tipos de onicomicoses causadas por dermatófitos:
1. Onicomicose subungueal distal / lateral;
2. Onicomicose subungueal próximal;
3. Onicomicose superficial branca;
4. Onicomicose distrófica total
Manifestações clínicas
Onicomicose Subungueal Distal
Responsável, por mais de 90% dos casos, caracterizando-se por uma lesão que
começa na borda livre da unha, iniciando-se por um descolamento da lâmina
superficial, que evolui, nessa região, para tornar-se opaca, esbranquiçada e
espessa. O raspado subungueal pode evidenciar um material de consistência
farinácea, esbranquiçada, originada da intensa queratólise.
Geralmente, observa-se a preservação da lâmina superficial. Entretanto com a
evolução da doença, essa lâmina acabará por ser atacada, podendo assim a unha,
com o comprometimento do leito ungueal, vir a cair.
A mais freqüente;
✦ Mais comum em unhas dos pés;

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✦ Descolamento da borda livre da unha: a unha descola do seu leito, geralmente


iniciando pelos cantos e fica oca (onicólise). Pode haver acúmulo de material
sob a unha.
✦ Espessamento: as unhas aumentam de espessura, ficando endurecidas e grossas.
Esta forma pode ser acompanhada de dor e levar ao aspecto de "unha em telha"
ou "unha de gavião".
✦ Características: unha opaca, esbranquiçada, espessa.
Descolamento da borda livre: a unha descola do seu leito, geralmente iniciando
pelos cantos e fica ôca. Pode haver acúmulo de material sob a unha. É a forma
mais frequente.
Onicomicose Subungueal Proximal
Inicia-se pela extremidade proximal, onde se observam manchas brancas ou
amareladas ao nível da lúmula, comprometendo toda unha à medida que esta cresce,
adquirindo assim características semelhantes à onicomicose subungueal distal
✦ Esta forma é mais rara: geralmente em aidéticos;
✦ Inicia-se pela extremidade proximal: observa-se manchas brancas ou amareladas
ao nível da lúnula comprometendo toda a unha.
✦ Adquire depois características da forma subungueal distal.
Onicomicose Superficial Branca
Representa aproximadamente 2 a 5% das onicomicoses dermatofíticas,
caracterizando-se pelo aparecimento de manchas de coloração branca na parte
medial da lâmina superior da unha. Com a evolução da lesão, podem ser observadas
manchas de coloração amarelada. Esse tipo de lesão caracterização pela presença
de estruturas fúngicas em direção ao interior da unha, penetração essa que pode
ser facilitada por trauma anterior. Essa lesão não apresenta predisposição por
grupos raciais nem sexo, e só são observados casos após a puberdade

A onicomicose branca superficial e comumente observada nas unhas dos pés,


evoluindo para uma onicodistrofia total.
Mais comum nas unhas dos pés;
✦ Manchas brancas na superfície da unha (Leuconíquia);
✦ Com a evolução as manchas ficam amareladas e pode destruir toda a unha;
Onicodistrofia Total
Lesão possivelmente originária da evolução das lesões anteriormente descritas,
que se caracteriza pela fragilização e queda de todas as lâminas ungueais,
persistindo apenas alguns restos de queratina aderida ao leito ungueal. Esses
casos são observados em pacientes nos quais o descaso com a doença e a
utilização terapêutica erradas favorecem a evolução da lesão. Esses quadros são
observados geralmente em adultos e idosos, não verificando uma predileção por
sexo ou raça
Destruição e deformidades: a unha fica frágil, quebradiça e quebra-se nas
porções anteriores ficando deformada ou restando alguns restos de queratina
aderida ao leito ungueal.
✴ TRATAMENTO

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Existe uma dificuldade generalizada em se tratar onicomicoses, pois esta revela-


se como um grande desafio. Os fungos são difíceis de erradicar, em virtude da
queratina, muito densa, que participa da estrutura da unha. Há, ainda pouca
vascularização, explicando, assim, a pouca penetração dos medicamentos por via
sistêmica, bem como o crescimento lento das unhas (5 a 6 meses para as unhas das
mãos e 12 a 18 meses para unhas dos pés). Ressalta-se que as unhas dos pés são
mais difíceis de tratar que as unhas das mãos.
A griseofulfina, o primeiro agente antifúngico promissor para o tratamento das
onicomicoses, tem baixa afinidade pela queratina ungueal, com a concentração da
droga declinando mais rápido do que no plasma.
Devido ao crescimento lento da unha, a griseofulvina deve ser administrada por
cerca de 12 a 18 meses, na dose de 500mg 2 vezes ao dia
Uma análise mostrou taxa de cura micológica de 25,5%, com taxa de recaída de 40%
3 a 12 meses após o final da terapia. Atualmente a griseofulvina vem sendo
substituída pelos antifúngicos mais modernos, como, por exemplo, itraconazol,
fluconazol, e terbinafina.
Introduzido na prática clínicaem 1980, o cetoconazol foi o primeira azólico para
o tratamento das onicomicoses, na dose de 200mg/dia, por 4 meses. Esse
antifúngico apresenta maior afinidade pela queratina ungueal, sendo detectado na
porção distal da unha 11 dias após o início do tratamento. Como maior problema,
citam-se os efeitos colaterais.
A nova geração de antifúngicos indicados no tratamento das onicomicoses são
itraconazol, fluconazol e terbinafina. O itraconazol foi aprovado para uso
contínuo (200mg/dia, por 3 a 4 meses). O Fluconazol, por sua vez, é usado na
dose de 150 a 400mg. A terbinafina tem se mostrado como a droga de escolha,
250mg/dia durante 6 a dose semanas. Os níveis da droga persistem na unha 3 a 6
meses após o final do tratamento.
O tratamento tópico para as unhas mostra-se pouco eficaz. Os tratamentos
associados, tópico e oral proporcionam melhores resultados. Dentre os
antifúngicos tópicos destacam-se o ciclopirox a 8% sob a forma de esmalte
fungicida para uso diário aprovado nos Estados Unidos. No Brasil sendo proposto
para uso para dias alternados ou três vezes por semana no primeiro mês, duas
vezes por semana no segundo mês e uma vez por semana nos próximos quatro meses.

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Micoses subcutâneas:

Adquirida do solo, plantas, madeira (através de trauma).


Localização: tecido subcutâneo (linfático) e cutâneo.
Exemplos: Micetoma, Cromoblastomicose e esporocitose.

Micoses sistêmicas:

Adquiridas por inalação de esporos.


Localização: prioritariamente hospitalar.
Exemplos: Paracoccidioidomicose e Histoplasmose.

Micoses oportunistas:

São syprófitas do meio ambiente ou da microbiota, de crescimento


rápido, normalmente inalado.
O indivíduo geralmente apresenta algum tipo de depressão imunitária.

Diferenças entre bactérias e fungos

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Mecanismo de ação dos antifúngicos

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