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Disciplina Introdução às Ciências Médicas N° da Aula 11

Tópico Microbiologia (5) Tipo Teórica

Conteúdos Duração 2h
Fungos

Objectivos de Aprendizagem:

Até ao fim da aula os alunos devem ser capazes de:

Sobre o conteúdo “Fungos”:

1. Definir e classificar os fungos

2. Explicar as características morfológicas dos fungos

3. Listar as espécies mais comuns em Moçambique e identificar as patologias associadas a elas

Bibliografia (referências usadas para o desenvolvimento do conteúdo):

Engelkirk, P.G. Gwendolyn, B. Microbiologia para as Ciências da Saúde. 7ª. Ed. Guanabara Koogan.

Jawetz, M. Adelberg. Microbiologia Médica. 22ª. Ed. McGraw Hill, 2004.

BLOCO 1: INTRODUÇÃO À AULA


1.1. Apresentação do tópico, conteúdos e objectivos de aprendizagem.
1.2. Apresentação da estrutura da aula.
1.3. Apresentação da bibliografia que o aluno deverá manejar para ampliar os conhecimentos.

BLOCO 2. CARACTERÍSTICAS DOS FUNGOS


2.1 Os fungos são encontrados em quase todos os lugares da Terra e são organismos eucariontes.
Figura 1: Diversos tipos de fungos.

2.1.1 Os fungos são um grande grupo e heterogéneo de organismos eucariotas que inclui
microrganismos como leveduras e mofos, bolor de pão, assim como cogumelos de grande
tamanho.
2.1.2 Estrutura dos fungos
 Os fungos possuem parede celular, membrana celular, citoplasma com organelos
(mitocôndria, aparelho de Golgi, retículo endoplasmático rugoso), núcleo com membrana
nuclear. Podem se apresentar com hifas (filamentos asseptados ou septados) cujo conjunto
forma o micélio, ou, como organismos unicelulares – leveduras (por exemplo, Candida
albicans – fungo mais frequentemente isolado de amostras clínicas humanas, e
Cryptococcus neoformans)
Mitocôndria
Vacúolo de broto
Vesículas secretoras

Broto
Núcleo
Complexo de Golgi
Poros na membrana nuclear

Vacúolo
Reto endoplasmático
Membrana vacuolar

Grânulos de lipídeos
Cicatriz de broto
Membranas
celulares

Grânulos vacuolares

Grânulos de
armazenamento
Mitocôndria
Fonte: University of Texas, http://www.edb.utexas.edu/visionawards/petrosino/index.php?usr=bbyrwa&id=s:challenge1_TYM_bbyrwa
Leveduras: a) formação; b) Fissão c) Pseudo-
hifa

d) Hifa asseptada; e) Hifa septada f) Hifa


septada
http://www.atsu.edu/faculty/chamberlain/Website/Lects/fungi1.
jpg

Figura 2: Células fúngicas

2.1.3 A heterogeneidade dos fungos faz com que a sua classificação seja muito complicada. Os
fungos são classificados em 5 filos (Ascomicetos, Basidiomicetos, Zigomicetos,
Citridiomicetos e Deuteromicetos ou Fungos Imperfeitos). O maior filo é o Ascomicetos que
apresenta cerca de 85% dos patógenos humanos.
2.1.4 O ciclo de vida dos fungos é variado, e incluí uma reprodução sexuada e assexuada (com a
excepção dos Fungos Imperfeitos que não apresentam ou não se conhece a fase de
reprodução sexuada) com formação de esporos sexuais e assexuais (também chamados de
conídeos)
Fonte: Penn State University, department of biology, https://wikispaces.psu.edu/display/110Master/Fungi+II+-+Phyla+Ascomycota+and+Basidiomycota

Figura 3: Ciclo de vida dos ascomicetos (a fase sexual e assexuada e formação de esporos sexuais e
assexuais)

2.1.5 No geral, os fungos de interesse clínico são fungos microscópicos, mas que em muitos casos
podem produzir lesões facilmente visíveis.
2.2 Características
2.2.1 Os fungos possuem algumas características semelhantes à dos animais, como a ausência de
cloroplastos e a alimentação heterotrófica.
2.2.2 Porem, os fungos também apresentam características semelhantes à dos vegetais, como a
presença de parede celular, reprodução sexuada e assexuada, e produção de esporos.
2.2.3 Os fungos são muito abundantes na natureza. Desenvolvem-se no solo, na matéria morta, ou
como simbiontes de outros seres vivos.
2.2.4 Muitos fungos são parasitas em plantas, animais, ou em outros fungos. Particularmente,
alguns fungos podem causar doenças nos seres humanos, algumas delas graves e até fatais
se não forem tratadas. Os indivíduos com imunodeficiências são particularmente os mais
susceptíveis às doenças provocadas por fungos.
2.3 Aplicações
2.3.1 Desde há muito tempo, os fungos são utilizados como fonte directa de alimentação (por
exemplo, alguns cogumelos), e como fermentos na elaboração de outros produtos alimentares
(por exemplo, as leveduras). Desde aproximadamente 1940, eles são utilizados na produção
de antibióticos (por exemplo, fungos do género Penicillum), e mais recentemente estão a ser
desenvolvidas outras aplicações para os fungos, como a produção de outros fármacos não
antibióticos, para o controlo de pragas agrícolas.

Figura 4: Placa de Petri com fungos Penicillum.

2.3.2 Alguns fungos podem produzir compostos tóxicos. Também podem decompor matéria
orgânica, materiais artificiais e construções. Os fungos são um extracto fundamental nos ciclos
de nutrientes.
BLOCO 3. CLASSIFICAÇÃO DAS MICOSES
3.1 De uma forma geral, as doenças produzidas por fungos são conhecidas como micoses. As micoses
podem ocorrer ao nível do aparelho respiratório, olhos, unhas, cabelo, pele. Os esporos produzidos
por alguns fungos podem produzir alergias.
3.2 As micoses podem ser classificadas atendendo aos tecidos que são inicialmente colonizados, em:
3.2.1 Micoses superficiais.
 Afectam às camadas mais superficiais de pele e do cabelo. Por exemplo, a Tinea
versicolor, que provoca áreas hipopigmentadas ou manchas escuras na pele.
 Factores que favorecem ao aparecimento de micoses superficiais são a elevada
humidade ou deficiências na imunidade.
3.2.2 Micoses cutâneas.
 Afectam mais profundamente a epiderme, e incluem doenças invasivas de cabelo e
unhas. Estão limitadas as camadas queratinizadas da pele, cabelo e unhas. As micoses
cutâneas podem provocar resposta imune do hospedeiro, com mudanças patológicas
nas áreas afectadas.
 Os fungos que produzem micoses cutâneas são chamados dermatófitos.
3.2.3 Micoses subcutâneas.
 Afectam tecidos subcutâneos, como músculo e fascia. O fungo entra normalmente
através de feridas ou aberturas da barreira dérmica.
 São de tratamento complicado, requerendo muitas vezes cirurgia.
3.2.4 Micoses sistémicas. Afectam vários sistemas orgânicos e podem ser causadas por:
 Patógenos primários. Normalmente se originam nos pulmões, disseminando-se a partir
deles. Os microrganismos que as produzem são virulentos. Um exemplo é o
histoplasma.
 Patógenos oportunistas. Desenvolvem-se em pacientes afectados por alguma
imunodeficiência. Entre os fungos oportunistas estão Cândidas, Crytococcos, e
Aspergillus.

BLOCO 4: DERMATÓFITOS
4.1 Os dermatófitos são um grupo de fungos que produzem as micoses cutâneas, também conhecidas
como tinhas. Não sua maior parte, os fungos dermatófitos pertencem aos géneros Microsporum,
Trichophyton e Epidermophyton. Estes fungos têm a capacidade de digerir a queratina presente na
pele, no cabelo e nas unhas.

http://hardinmd.lib.uiowa.edu/pictures22/cdc/ http://botit.botany.wisc.edu/toms_fungi/ima
PHIL_4207_lores.jpg ges/tped.jpg

Figura 5: Dermatófitos: imagem microscopic à esquerda. Lesoes no pé à direita (Tinea pedis)

4.2 Dependendo da sua localização, se podem considerar diferentes tipos de tinha:


4.2.1 Tinea corporis, é a tinha mais frequente no ser humano. Afecta as partes sem pelo do corpo.
Normalmente as lesões são anéis vermelhos que rodeiam uma zona central de aspecto
normal.
4.2.2 Tinea pedis, também chamada “pé de atleta”. Começa normalmente nos espaços
interdigitais, estendendo depois para o resto do pé.
4.2.3 Tinea cruris, lesões escamosas avermelhadas localizadas nas zonas inguinais. As vezes
estendem-se a zona perianal e aos glúteos.
4.2.4 Tinea capitis, caracteriza-se por lesões crostosas com lesões claras (hipopigmentadas),
com descamação. Os cabelos são infectados, quebrando-se na sua base. Provoca
queda do cabelo com alopécia definitiva.
4.2.5 Tinea unguium, também chamada por onicomicose. São lesões que ocorrem nas unhas, de
aspecto variável, desde manchas esbranquiçadas a destruição da lâmina ungueal.

BLOCO 5: CÂNDIDAS
5.1 As cândidas são um género de leveduras, que vivem em simbiose com animais, incluindo os seres
humanos. Várias espécies são integrantes das floras normais no intestino e na vagina.

http://pathmicro.med.sc.edu/mycology/candid4.jpg

Figua 6: Candida albicans em coloração de gram

5.2 Algumas espécies de Cândida têm a capacidade de provocar doença, especialmente em situações
de debilidade ou quando a imunidade é baixa. Portanto, são consideradas patógenos oportunistas.
5.3 As infecções por Cândida, ou candidíases, podem ter apresentações clínicas muito diferentes, desde
infecções superficiais na boca e na vagina até infecções sistémicas potencialmente fatais. Estas
últimas estão limitadas a indivíduos com imunodeficiência grave (por exemplo, em indivíduos HIV
positivos).
5.4 Entre as apresentações clínicas mais frequentes, podem ser indicadas as seguintes:
5.4.1 Candidíase oral. É a infecção das membranas mucosas da boca. É comum em recém-
nascidos, e também aparece em diabetes mal controladas e infecção pelo HIV. As vezes, as
cândidas podem produzir lesão nos vértices da boca, chamada queilite angular.
http://hardinmd.lib.uiowa.edu/pictures22/cdc/PHIL_1217_lor
es.jpg

Figura 7: Candidíase Oral

5.4.2 Vulvovaginite por cândida. É a infecção das membranas mucosas da vagina. Produz irritação
e ardor, com secreção esbranquiçada espessa. É questionável se esta infecção é ou não
infecção de transmissão sexual. A vulvovaginite por cândida persistente é típica na infecção
pelo HIV. No homem pode-se produzir também infecção genital, com irritação e inchaço da
glande e prepúcio.
5.4.3 Candidíase cutânea. É a infecção da pele em áreas localizadas, especialmente nas zonas
com muita humidade, como virilhas ou pregas abdominais.
5.4.4 Candidíase esofágica. É uma infecção oportunista do esófago, muito habitual em estadios
avançados da infecção pelo HIV.
5.4.5 Candidíase sistémica. É a disseminação da infecção por Cândida em todo o organismo,
provocando sépsis (infecção generalizada com falência dos mecanismos homeostaticos
hemodinâmicos que pode levar a morte). Unicamente se produz em indivíduos com
imunodeficiência.

BLOCO 6: MICOSES SISTÉMICAS


6.1 Pneumocystis jirovecii
6.1.1 É um fungo normalmente encontrado nos pulmões de indivíduos saudáveis. Porém, em
indivíduos com imunodeficiências pode provocar pneumonia, especialmente nos estádios
avançados da infecção pelo HIV. Por isso é considerado como patógeno oportunista.
6.1.2 O Pneumocystis jirovecii pode ser visualizado ao microscópio em escarro ou lavado bronco-
alveolar, corados de azul de toluidina.

http://faculty.ccbcmd.edu/courses/bio141/labmanua/lab9/images/p
cpcysta.jpg

Figura 8: Cistos de Pneumocystis Jiroveci

6.2 Cryptococcus neoformans


6.2.1 É um patógeno oportunista, que é responsável por infecções em pacientes
imunocomprometidos. Principalmente, pode provocar pneumonia e meningite (criptococose).
6.2.2 O Cryptococcus pode ser visualizado em LCR ou escarro com coloração com tinta de China.

http://sequence-www.stanford.edu/group/C.neoformans/images/cneoindiaink3.jpg
Figura 9: Cryptococcus neoformans em coloração com tinta da china

6.3 Aspergillus spp


6.3.1 É também um patógeno oportunista, que causa a pneumonia (Aspergilose) em indivíduos com
imunodeficiências. Pode também provocar reacções alérgicas.
6.3.2 O aspergillus pode ser visualizado ao microscópico em preparações com tinta de prata.

http://www.deanza.edu/faculty/mccauley/6a_site_images/fungi-images/aspergillus-
400.jpg

Figura 10: Aspergillus

6.4 Histoplasma capsulatum


6.4.1 Patógeno oportunista, que causa pneumonia e septicemia em indivíduos com
imunodeficiência.
6.4.2 O histoplasma pode ser visualizado ao microscópio em amostras de escarro, sangue ou
outros órgãos infectados.
http://pathmicro.med.sc.edu/mycology/hist11.jpg

Figura 11: Histoplasma capsulatum

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