Você está na página 1de 8

MICOSES DA PELE

As micoses da pele ou infecções fúngicas da pele correspondem a infecção da pele e do anexos cutâneos e/ou
mucosas. As micoses da pele podem ser

Micoses Superficiais, que correspondem a infecção da superfície da pele, anexos cutâneos e/ou mucosas. Este
grupo é constituído por:

Tinhas ou Dermatofitoses
 Candidíase mucocutânea superficial
 Pitiríase versicolor

Micoses Subcutâneas, que se localizam na hipoderme. Este grupo é constituído por:


 Cromomicose
 Esporotricose
 Mycetoma

Micoses Profundas atingem órgãos profundos. São muito frequentes em pacientes infectados pelo HIV no
Estadio IV do SIDA Este grupo e constituído por:

 Histoplasmose
 Criptococose

Etiologia
Dermatófitos Geófilos: fungos que vivem no solo; excepcionalmente patogénicos, como:
• Microsporum gypseum
Dermatofitos Zoófilos: fungos ligados a uma outra espécie de animal, tais como:
• Microsporum audouinii
• Microsporum canis (gato, cão)
• Tricophyton verrucosum (gado)
• Tricophyton equinum (cavalo)
Dermatofitos Antropófilos: fungos ligados exclusivamente ao homem, tais como:
• Tricophyton rubrum
• Tricophyton violaceum
• Tricophyton schoenlei
• Tricophyton tonsurans
• Tricophyton mentagrophytes interdigital
• Epidermophyton floccossum

Processo de Transmissão
Na maior parte dos casos a transmissão faz-se por via indirecta: contacto da pele com roupas, lençóis,
toalhas de banho, tapetes, chão dos balneários, vestiários, piscinas dos complexos desportivos.

Factores de risco
Os factores de risco dependem de várias condições tanto do hospedeiro como do meio ambiente:
• Condições do ambiente climático: calor e humidade que determina as condições de humidade e maceração nas
pregas corporais;
• Tipo de vestuário e de calçado, que condicionam a fricção, maceração e o aumento de temperatura e humidade
local;
• Hiperoleosidade da pele e deficiências circulatórias das extremidades, que determinam fragilidade cutânea;
• Hábitos gerais de higiene e contacto com animais infectados:
• Gravidez e diabetes
• Imunossupressão (HIV e uso de corticosteróides): condiciona a recidiva e manutenção da doença ou o
aparecimento de formas atípicas

FORMAS CLINICAS DA MICOSE DA PELE

Tinha do Corpo (tinea corporis)


também chamada de tinea corporis é uma micose superficial que afecta a pele glabra (pele sem pelos),
excluindo a palma das mãos, planta dos pés e virilhas

Etiologia
Pode ser causado por qualquer espécie de dermatófitos, mas os mais comuns são T. rubrum e T. mentagrophytes
interdigitale. Pode ser transmitida por contacto directo com pessoas infectadas ou por escamas ou pêlos
presentes no meio ambiente. A infecção é muito frequente nos climas tropicais e húmidos, afecta todas as idades
e ambos os sexos.

Quadro clínico
As lesões típicas começam com pápulas ou placas secas, levemente eritematosas, elevadas que podem ser:
• Anulares únicas ou múltiplas, descamativas, que crescem de forma centrifuga formando lesões que se
assemelham a anéis.
• As lesões tomam a cor avermelhada nas peles claras e nas peles escuras tornam-se esbranquiçadas por causa
da descamação.
• O bordo é bem delimitado, papular e/ou vesiculoso, e há tendência à cura no centro da lesão.
• Uma simples lesão pode apresentar vários anéis concêntricos e a confluência das lesões forma lesões de
aspecto policíclico ou com vários anéis e a distribuição é assimétrica.
• Por vezes, há coexistência de lesões em outras áreas do corpo nomeadamente: Tinha capitis (em crianças), e
tinha das unhas, pés, e virilhas (sobretudo em adultos).
• O prurido normalmente está presente e constante.

Diagnóstico e Diagnóstico Diferencial


O diagnóstico é essencialmente clínico.

Diagnóstico Diferencial
É importante e deve-se fazer o diagnóstico diferencial com:
• Granuloma anular e pitiríase rosae;
• Eczema numular: as lesões de eczema numular são eritemato-descamativas, de forma arredondada ou oval,
mas não têm um bordo papulo-vesiculoso muito bem delimitado. Também não há tendência à cura no centro da
lesão como na Tinha;
• Psoríase: na psoríase as lesões apresentam-se em forma de placas eritemato-descamativas com uma tonalidade
mais violácea, com pouco ou nenhum prurido, aparecendo sobretudo nos joelhos, cotovelos e superfície de
extensão dos membros e de forma simétrica.
Tinha do Couro Cabeludo (tinea capitis)
É uma micose superficial que afecta sobretudo o couro cabeludo.

Etiologia
O agente etiológico mais frequente é T. tonsurans e ocasionalmente pelo Microsporum canis. É altamente
contagiosa e a transmissão dá-se pelo contacto com pêlos infectados que estão nos pentes, chapéus e assentos de
locais públicos, como os da escola. Afecta principalmente as crianças, sendo mais raras no adulto e pode ocorrer
em forma de epidemias em crianças em idade escolar. As crianças mais afectadas são na maior parte dos casos
do grupo etário entre 4 e 14 anos de raça negra

Quadro Clinico
Existem 4 formas clínicas, dependendo do microrganismo, com manifestações diferentes:

1. Tinha Microspórica
O microrganismo envolvido é o Microsporum audouinii e manifesta-se por

• Placa de alopécia no couro cabeludo, de forma arredondada, superfície descamativa, bordos regulares,
bem definidos e acompanhada de outras mais pequenas que podem coalescer.
• Os cabelos são quebrados a alguns mm do orifício folicular, deixando cotos de 1 a 2 mm a superfície do
couro cabeludo.
• Cura espontânea na puberdade

2. Tinha Supurativa e Kérion


Os microrganismos envolvidos são T. tonsurans, o M. canis e o M. gypseum. Este tipo de tinha predomina no
meio rural e é uma forma crónica de tinha do couro cabeludo A sua contaminação acontece através de animais
domésticos (gatos, cães, bovinos, etc.). A área mais frequentemente afectada nas crianças é o couro cabeludo, e
nos homens, a barba. Tem evolução espontânea para a cura. Manifesta-se habitualmente por:

• Uma ou mais placas eritemato-descamativas, de forma mais ou menos arredondadas e bem delimitadas,
tumefactas, pústulas;
• Lesões elevadas e purulentas (devidas aos fungos);
• Forte reacção inflamatória: com dor, adenopatias satélites cervicais e febre

3. Tinha Tricofítica
É uma forma mais discreta. Manifesta-se habitualmente por:
• Múltiplas áreas de alopécia, dispersas, irregulares, pequenas e superfície descamativa;
• Os cabelos são fracturados à altura do orifício piloso produzindo cotos muito curtos incluídos na camada
córnea;
• Como na anterior também se cura espontaneamente na puberdade.

4. Tinha Favosa ou Favus


O microrganismo envolvido nesta forma clínica é o Tricophyton schoenlei. É de carácter familiar, com
transmissão intradomiciliária; é de evolução crónica com contaminação na infância e progride para a idade
adulta, conduz a alopécia cicatricial definitiva . Manifesta-se habitualmente por:

• Crostas amareladas, bem definidas, arredondadas, deprimidas no centro, em forma de favo, centradas
por folículo piloso, com cheiro a urina de rato.
 cabelo não é quebrado mas é eliminado após destruição do folículo levando a alopécia definitiva
Diagnóstico
O diagnóstico deve-se suspeitar na presença de todas as placas descamativas no couro cabeludo em crianças.
Diagnóstico Diferencial
Deve-se fazer o diagnóstico diferencial com dermatite seborreica, psoríase e sarna noroeguesa.

Conduta
Deve ser antifungico tópico e sistémico .
 Tratamento tópico do paciente e dos contactos
 Aplicação tópica no couro cabeludo de cremes antifúngicos, 2 vezes ao dia: Miconazol, Clotrimazol, ou
Ketoconazol.
 Tratamento simultâneo de todos os casos em contacto.
 Eliminação ou tratamento dos reservatórios de parasitas: animais (cães, gatos), humanos (unhas)
 Tratamento sistémico com Griseofulvina em comprimidos de 500mg, na dose de 10 a 20 mg/kg/dia.
Deve ser dada numa toma diária sempre depois das refeições, durante 21 dias.

Duração do tratamento nas lesões da pele é de 3 semanas, unhas das mãos, 4 -6 meses; e unhas dos pés, 6-12
meses.

Tinha Inguinal (tinea cruris)

Tinha inguinal também chamada de tinea cruris é uma micose superficial que afecta a região inguinal e atinge
sobretudo adolescentes do sexo masculine

Etiologia
Os microrganismos mais frequentemente envolvidos são os da espécie antropofílicas sobretudo os
Epidermophyton floccossum e Tricophyton rubrum.
A infecção é muito frequente nos climas tropicais e húmidos

Modo de Transmissão
O modo de transmissão pode ser por contaminação directa ou indirecta (vestuário) ou autoinoculação com
origem na tinha dos pés

Quadro Clinico e Factores de Risco


As manifestações clínicas caracterizam-se por:

Lesões que iniciam na face interna das coxas e são 1 ou mais manchas eritematosas, descamativas e elevadas
que crescem afectando a prega das virilhas, região púbica, períneo e nádegas. O bordo é bem delimitado,
vesiculoso e a lesão tem tendência à cura no centro.
• As lesões podem ser unilaterais mas são bilaterais na maior parte das vezes
• A confluência das lesões dá um aspecto policíclico e o prurido geralmente está presente e é intenso, porem
regride quando a reacção inflamatória reduz.
• Pode haver reacção inflamatória intensa
• A evolução é crónica, com períodos de exacerbação, geralmente durante o tempo quente

Os factores de risco mais importantes estão associados às condições anatómicas locais tais como:
• Fricção, calor e humidade da prega que acontece nas pessoas que transpiram muito e que usam roupa justa
• Obesidade
• Diabetes mellitus
Diagnóstico
O diagnóstico é sobretudo clínico.
Diagnóstico Diferencial
Deve-se fazer o diagnostico diferencial com:

• Candidíase onde as pregas inguinais mostram uma placa com eritema muito acentuado (avermelhado),
superfície húmida e pústulas satélites a periferia do bordo, contudo deve-se ter atenção pois pode haver
coexistência de candidíase com tinea cruris;
• Dermatite de contacto onde existe eritema sem bordo elevado e sem descamação

Conduta
Consiste na aplicação de antifúngicos, preferencialmente na forma de solutos, pó ou creme:

• Miconazol, Clotrimazol, ou Ketoconazol, 2 vezes ao dia durante 2 a 3 semanas, nas regiões afectadas,
• Tratamento da tinha dos pés, pois está frequentemente associado e pode ser a fonte de infecção por
autoinoculação;
• Recomenda-se o uso de roupa íntima larga e de algodão e mudança frequente de vestuário;
• Correcção dos factores predisponentes como a redução do peso, controlo da diabetes e medidas de higiene

Candidíase da Fralda
É uma Infecção mucocutânea na região da fralda da criança.

Etiologia
O agente etiológico é um fungo leveduriforme chamado Candida albicans. A Candida albicans é um fungo
comensal, ou seja, um fungo que vive em associação com outro organismo, tirando benefício dessa associação
sem acção prejudicial para ambos
Modo de Transmissão
Normalmente a Candida albicans está presente em crianças saudáveis, na mucosa do tracto gastrointestinal e na
mucosa vaginal das crianças e adolescente mas não na pele sã. Contudo nos lactentes a pele quente, húmida e
fechada na fralda proporciona um ambiente óptimo para o seu crescimento. A presença de dermatite seborréica,
atopia ou contacto com irritante primário usualmente representa uma porta de entrada para a levedura

Quadro Clínico
A manifestação característica e principal consiste em:
• Placa intensamente eritematosa, confluente com margem ondulada e uma borda nitidamente demarcada,
• Confluência de numerosas pápulas e vesículo-pústulas;
• Pústulas satélites podem surgir em pele contígua sã e em alguns lactentes as lesões podem ser generalizadas;
• Envolvimento da pele perianal, pregas inguinais, períneo e abdómen inferior;
• Nos meninos o pénis pode estar comprometido com uma balanite erosiva da pele do meato,
• Nas meninas as lesões acometem os lábios e a mucosa vaginal;
• As lesões são dolorosas pelo que a criança está chorosa e irritada

Diagnóstico
O diagnóstico é clínico.
Diagnóstico Diferencial
E deve-se fazer o diagnóstico diferencial com eritema das fraldas provocado pelo contacto prolongado com a
urina e fezes.
Conduta
Consiste na aplicação de antifúngicos, preferencialmente na forma de solutos, pó ou creme:
• Miconazol, Clotrimazol, ou Ketoconazol, 2 xs/dia por 2 a 3 semanas, nas regiões afectadas;
• Se a inflamação for muito grave pode-se combinar com corticoesteróides tópicos só por alguns dias;
• Lavar a criança a cada muda de fralda, secar e aplicar pasta de óxido de zinco.
INSTITUTO POLITECNICO DE SAUDE DE MOCAMBIQUE-
LICHINGA

TRABALHO DE PEDIATRIA IV
TEMA: MICOSES DA PELE
TMG-04

DOCENTE: SUPIA

LICHINGA 2022
NOME:Rivaldo Bernardo

Você também pode gostar