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DISCIPLINA: Microbiologia e Parasitologia

PROFª. ENF. ESP. ANDRESSA SANTOS


DERMATOSES DE INTERESSE SANITÁRIO
O QUE É DERMATOSE
 A dermatose é um termo usado para descrever vários
tipos de doenças que afetam diretamente a pele, unhas e
cabelo.
 A dermatose pode ser alérgica, inflamatória , infecciosa
(como uma micose por exemplo), originada por doenças
ou devido a uma intoxicação (reacção da pele as
determinadas substâncias tóxicas.
LARVA MIGRANS (Bicho Geográfico)
É uma infecção de distribuição mundial causada pelas larvas de
parasitas que vivem nos intestinos de cães e gatos, como os
helmintos Ancylostoma braziliense ou Ancylostoma caninum.Erupção
linear, serpiginosa, eritematosa, discretamente elevada, e muito
pruriginosa consequente do deslocamento da larva na pele. As áreas
mais afetadas são pés, pernas e nádegas.
ETIOLOGIA:
larvas das espécies Ancylostoma caninum,
Ancylostoma brasiliensis.

RESERVATÓRIO:
Cães e Gatos.
MODO DE TRANSMISSÃO:
Adquirida pelo contato da pele com solo
contaminado por fezes de animais.

BRASIL, 2002.
CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS:
Pode ocorrer surtos em creches, escolas.
Frequente em praias.
DIAGNÓSTICO:
Clínico

TRATAMENTO:
Uma ou poucas lesões: usa-se a pomada de
Tiabendazol a 5% três vezes ao dia, durante 10
dias.
Muitas lesões: usar o tiabendazol sistêmico na
dose de 25mg/kg de peso, duas vezes ao dia, 5 a 7
dias.
Albendazol 400mg/dia em dose única ou
repetido durante três dias consecutivos. Ivermectina
na dose única de 200mg/kg.
BRASIL, 2002.
PEDICULOSES
DESCRIÇÃO:
Dermatose pruriginosa produzida por piolhos. Na
pediculose capilar a principal manifestação é o prurido intenso,
principalmente nas regiões retroauriculares e occipitais,
encontrando se pequenos grãos brancos aderidos aos cabelos
(lêndeas).
Na pediculose corporal há lesões pápulo urticariformes e
hemorrágicas preferencialmente no tronco, abdômen e nádegas,
podendo haver escoriações, caracterizando a chamada “doença do
vagabundo”.
O piolho-da-púbis, também conhecido como chato, piolho-
caranguejo, é um inseto parasita responsável pela pediculose
pubiana.
Pediculus humanus corporis

Pediculus humanus capitis Phytirus pubis.


ETIOLOGIA:
Pediculus humanus capitis e Pediculus
humanus corporis e Phytirus pubis.

RESERVATÓRIO:
o homem.

MODO DE TRANSMISSÃO:
contato direto com a pessoa infectada ou com
objetos usados por esta.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO:
sete dias até três semanas.
BRASIL, 2002.
DIAGNÓSTICO: Clínico.

TRATAMENTO:
Shampoos escabicidas utilizados em aplicação única
durante 6 horas e, após, lavar o couro cabeludo. Repetir a
aplicação após 7 dias ou usar permetrina (1%) ou deltametrina
(0,02%), deixar por 5-10 minutos e enxaguar. Repetir após 7
dias. As lêndeas devem ser retiradas com pente fino.
Ivermectina, na dose de 100 mg/kg em dose única, repetida
após uma semana efetiva para matar os piolhos.

BRASIL, 2002.
ESCABIOSE

A escabiose é uma doença parasitária. Causada pelo ácaro


Sarcoptes scabiei.
 SINONÍMIA: Sarna, coruba, pereba, pira.
 ETIOLOGIA: Sarcoptes scabiei.
 RESERVATÓRIO: O homem.
 MODO DE TRANSMISSÃO: Contato direto com doentes,
roupa de cama, relações sexuais. O ácaro perfurar e
penetrar na pele em, aproximadamente, 2,5 minutos.

 PERÍODO DE INCUBAÇÃO: De 1 dia a 6 semanas.

 PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE: Durante todo o


período de doença. São necessários, geralmente, dois ciclos
de tratamento, com intervalo de uma semana.
 COMPLICAÇÕES: Infecções secundárias pela “coçadura”. Em
pacientes imunocomprometidos, as lesões formam crostas espessas
ou dermatite generalizada, com intensa descamação.

 DIAGNÓSTICO: Clínico e/ou com visualização do ácaro à


microscopia pelo raspado ou biópsia de pele.
 TRATAMENTO: Ivermectina, dose única, VO, obedecendo a escala
de peso corporal (15 a 24 kg - 1/2 comprimido; 25 a 35 kg - 1
comprimido; 36 a 50 kg - 1 1/2 comprimidos; 51 a 65kg – 2
comprimidos; 65 a 79 kg - 2 1/2 comprimidos; 80 kg ou mais, 3
comprimidos), a dose pode ser repetida após uma semana.
Permetrima a 5% em creme, uma aplicação à noite, por 6 noites, ou
deltametrina, em loções e shampoos, uso diário por 7 a 10 dias.
 MEDIDAS DE CONTROLE:
Tratamento do doente; lavar as roupas de banho e de cama com
água quente (pelo menos a 55°C); lavar com água quente todos os
fômites dos pacientes com sarna; buscar casos na família ou nos
residentes do mesmo domicílio do doente e tratá-los o mais breve
possível.
Micoses superficiais
Os fungos se alimentam de queratina encontrada na superfície
cutânea, atingem cabelo, pele, pêlo.
As principais micoses superficiais são:

-Tinea Versicolor ou Ptiríase Versicolor

-Tinea Negra ou Ceratofitose Negra

- Piedra Preta

- Piedra Branca
Tinea Versicolor ou Ptiriase Versicolor: é provocado pelo fungo
Malassezia furfur, este fungo é encontrado em áreas do corpo ricas
em glândulas sebáceas.
A Malassezia furfur geralmente não é prejudicial e
normalmente vive na pele, mas em algumas pessoas, causa
pitiríase versicolor.
Outros fatores de risco incluem o calor e a umidade e
sistema imunológico debilitado por uso de corticosteroide,
gravidez, desnutrição, diabetes, ou outros distúrbios.
Tinea Negra ou Ceratofitose Negra: Tem como agente etiológico
Phaecammelomyces werneckii, um fungo dimórfico que produz
melanina, conferindo as lesões maculares cor castanha ou preta.
Habitat: solo, gravetos e vegetação rica em matéria orgânica, com alta
umidade
Piedra Preta: É uma infecção superficial do pêlo que afeta
predominantemente o cabelo e barba. O agente etiológico mais
frequente é a Piedraia hortae.
Habitat: florestas úmidas e águas paradas (margem dos rios)
Piedra Branca: É uma infecção superficial dos pêlos que afeta
predominantemente o pêlo axilar e pubiano é causada por um fungo
do gênero Trichosporon, o agente etiológico Trichosporon beigelii.
Habitat: solo, água, vegetais, biota normal de orofaringe e pele,
animais
 TRATAMENTO:
Xampu de cetoconazol 2%, três vezes por semana por dois
meses.
Itraconazol oral por um a dois meses. 100 mg uma ou duas
vezes ao dia para adultos. Nas crianças, a dose é de 5
mg/kg por dia (até o máximo de 100 mg por dia).
Micoses Cutâneas
Estendem-se mais profundamente para dentro da epiderme, assim como
cabelos, pele e unhas. Os organismos que causam essas micoses são
chamados dermatófitos e candidíases.

Dermatófitos
São divididos em três gêneros: Microsporum, Trichophyton e
Epidermophyton. Em relação ao seu habitat podem ser divididos em
geofílicos, zoofílicos e antropofílicos.
IMPINGEM
Impinge é o nome popular dado a alguns tipos de problemas de pele
provocados por fungos. Trata-se de uma micose que se desenvolve em
áreas de pele úmida e pode ocorrer em qualquer local do corpo como
mãos, pés, corpo, face, virilha e couro cabeludo (este tipo é mais comum
em crianças).
ETIOLOGIA: Causada por espécies dos gêneros Tricophyton,
Microsporum e Epidermophyton.
RESERVATÓRIO: Animais (cães e gatos) e humanos.
PREVENÇÃO:

– manter a pele sempre limpa. Lavar as


mãos frequentemente e tomar banho logo
após atividade física ou prática de esportes
em que haja contato físico com outras
pessoas;
– não usar roupas grossas por longos
períodos em locais de clima quente e
úmido. Evitar transpiração excessiva. Manter
sempre pés e virilhas secas;
– evitar contato com animais com doenças
de pele;
– não compartilhar itens pessoais como
roupas, toalhas, escovas de cabelo,
equipamentos esportivos ou outros itens;
– não andar descalço em vestiários ou
piscinas públicas.
Trichophyton rubrum Microsporum canis

Microsporum gypseum Trichophyton tonsurans


M. canis: Causa dermatofitose do corpo e do couro cabeludo, geralmente
encontrado em crianças adquirido de animais infectados como cães e
gatos.

M. gypseum: Causa dermatofitose inflamatória do corpo e couro cabeludo.

T. rubrum: Dermatofitose do corpo, dos pés da virilha e das unhas.

T. tonsurans: Causa a Tinea do couro cabeludo, Tinea capitis, com pontos


pretos e ás vezes dermatofitose do corpo, dos pés e das unhas.
Trichophyton mentagrophytes Trichophyton verrucosum

Trichophyton schoenleinii Epidermophyton floccosum


T. mentagrophytes: Dermatofitose inflamatória nos pés, no corpo e nas
unhas, na barba e no couro cabeludo.

T. verrucosum: No homem pode causar dermatofitose do couro


cabeludo, da barba ou do corpo.

T. schoenleinii: Dermatofitose do couro cabeludo, com alopecia


definitiva, raramente compromete o corpo ou as unhas.

E. floccosum: Dermatofitose epidêmica e causa também dermatofitose


inguinal.
Cândida
As principais espécies patogênicas são: Cândida albicans,
Cândida tropicalis, Cândida kefyr, Cândida grablata, Cândida
parapsilosis e Cândida krusei.
Candidíases
Doenças causadas por Cândida albicans e outras espécies. O
habitat da Cândida albicans é bastante amplo no ser humano
podendo habitar:

• Cavidade oral
• Sistema digestivo
• Mucosa vaginal
• Pele
Boca Esôfago

Colo do útero Pele


Diagnóstico e tratamento das micoses superficiais e
cutâneas

• Raspagens das lesões


• Cultura- Ágar sabouraud a 37°C
• Sorologia
• Biópsias das lesões

• Econazol
• Fluconazol
• Cetoconazol
• Clotrimazol
• Anfotericina B (via intravenosa)
Micoses subcutâneas

Os agentes de micoses subcutâneas tem habitat no solo, podem


ocorre micoses quando há traumatismo por espinhos por outro tipo de
vegetação ou materiais contaminados por fungos.

Os principais exemplos são: Esporotricose, Cromoblastomicose,


Micetomas, Rinosporidiose, Lacaziose ou Lobomicose (Doença de
Jorge Lobo).
Esporotricose
Esta infecção decorre de ferimentos cutâneos provocados por
materiais contaminados, como espinhos de flores, gravetos e
madeira. O agente etiológico é Sporothrix schenckii, fungo
dimórfico.
Esporotricose
 O sinal mais comum é o
aparecimento de feridas na pele e  A transmissão do fungo ocorre
nas mucosas dos olhos, nariz e pela contaminação da pele
boca, com ou sem pus. Existem lesionada ou a partir de um trauma
relatos de casos de esporotricose na pele, que pode ocorrer tanto
acompanhados de sintomas como por meio de espinhos e farpas de
anorexia, desidratação, febre, perda madeira, como por arranhadura e
de peso e vômito, mas, muitas mordedura de animais como cães
vezes, pode apresentar sintomas e gatos infectados.
específicos quando relacionados ao
comprometimento de órgãos na
forma disseminada. Nesse caso, a
febre é comum e a saúde do
paciente, como um todo, fica
comprometida.
Cromoblastomicose
A cromoblastomicose é uma micose subcutânea crônica, de distribuição
cosmopolita, que surge quando fungos pigmentados ou melanizados,
entram no organismo humano por meio de um trauma ou ferida na
pele.Principais agentes envolvidos: Fonsecaea pedrosoi, Phialophora
verrucosa, Cladosporium carionii e Rhinocadiella aguaspersa.
Cromoblastomicose
 Transmissão: ocorre por meio da contaminação de
ferimentos já abertos ou pela inoculação (entrada) do
fungo na pele a partir de um trauma com espinhos, farpas
de madeira, entre outros, alcançando o tecido cutâneo e
subcutâneo.
 Tratamento: Os antifúngicos utilizados para o
tratamento da cromoblastomicose são o Itraconazol
(associado ou não à 5-flucitosina), Posaconazol,
Terbinafina
Micetomas
Micetomas é uma infecção subcutânea crônica, progressiva e localizada,
que acomete os pés, os membros superiores ou as costas. Essa doença
surge quando fungos entram no organismo humano por meio de um
trauma na pele.

Causas: Os indivíduos geralmente adquirem a infecção pela implantação


do fungo na pele, por meio de um trauma decorrente de atividades laborais
como manuseio do solo, material orgânico ou objetos contaminados. Os
micetomas são causados por fungos filamentosos (eumicetoma) ou
bactérias filamentosas aeróbicas (actinomicetoma).
MICETOMAS
 Agentes de Micetomas Eumicótico: Scedosporium
apiospermum, Acremonium falciforme, Acremonium
recifei, Exophiala jeanselmei, Madurella mycetomatis e
Madurella grisea.

 Agentes de Micetomas Actinomicótico: Nocardia


asteroides, Nocardia brasiliensis, Nocardia
otitidiscavarium, Actinomadura madurae, Actinomadura
pelletierii, Streptomyces somaliensis, Actinomyces israelii
e Actinomyces bovis.
MICETOMAS
 Os micetomas se caracterizam pela observação de uma
massa subcutânea indolor, de crescimento lento e
progressivo, formando vários seios de drenagem e
aglomerados de fungos sob a forma de “grãos”. A
sintomatologia inclui febre, início súbito de dor na região
acometida, inchaço, vermelhidão, aumento de volume de
tecido cutâneo e subcutâneo (tumefação) e formação de
fístulas com saída de material purulento.
Micetomas
Referência Bibliográfica
SIDRIM, J.J.C. & MOREIRA, J.L.B. Fundamentos clínicos e laboratoriais
da micologia médica – Guanabara Koogan, 1999.
ZAITZ, MARQUES, S.A, RUIZ, L.R.B.; SOUZA, V.M. – Compêndio de
Micologia Médica. Rio de Janeiro, MEDSI, 1998. 434 p.
OLIVEIRA, Jeferson Carvalhaes de. Tópicos em Micologia Médica. Rio de
Janeiro 2012, 3ª Edição.
www.sbd.org.br, www.saude.gov.br

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