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Enfermidades dos Caprinos Leiteiros

A caprinocultura apresenta-se como fonte alternativa na atividade pecuária. A exploração de


seus derivados, é um fator importante para a fixação e manutenção do homem no semi-árido
nordestino, apesar do longo período de estiagem que assola esta região, o que contribui em
grande parte para sua renda mensal. Com a intensificação dos sistemas de criações de caprinos,
além de outros fatores, como práticas inconvenientes de manejo, fazem com que seja alta
prevalência de doenças no rebanho. 

Capitulo 1 - Doenças Parasitárias.

1.1 Parasitose Gastrintestinal

É a principal das afecções que afeta o rebanho caprinos, sendo responsável pela alta taxa de
mortalidade, retardo do crescimento. Baixa produção deleite e baixa fertilidade, causando grandes
perdas econômicas.

Sintomas

O animal afetado apresenta anemia, pêlos arrepiados e sem brilho, perda de peso, desidratação e
diarréia. No estado crônico, observa-se adema submandibular, debilidade orgânica geral, queda
progressiva da produção e morte.

Diagnóstico

Baseia-se nos sintomas clínicos, condições climáticas e nos exames parasitológicos de fezes (Opg).

a) Mucosa Anêmica e Edemaciada b) Edema submandibular

Controle

Tem como objetivo reduzir nos níveis de infecção parasitária nos animais e a
descontaminação do pasto, através de anti-helmínticos e práticas de manejo que auxiliam
na redução da infestação parasitária.
c) Ascite

De acordo com as regiões onde as estações do ano são bem definidas, recomenda-se fazer
um estudo epidemiológico, para facilitar o controle desta afecção: em nossa região. Onde o
período de estiagem é prolongado, o que favorece ao elevado índice de incidência das
parasitoses, faz-se necessário a aplicação de anti-helmínticos no início do período seco
(junho / julho), repetido com 21 dias após, 60 dias após (agosto / setembro), penúltimo mês
do período seco ( novembro) e início da estação chuvosa (março).

1.2 Coccidiose ou Eimeiriose

Doença causada por protozoário do gênero eimaria que acomete principalmente os animais
jovens (até seis meses de idade), podendo ser adquirida logo após o nascimento. Os
animais adultos que tiveram a doença quando jovens, adquiriram imunidade contra as
espécies que o infectaram, porém, continuam eliminando oocistos, o que se constitui em
fonte de infecção. Quando a imunidade adquirida não é absoluta, os mesmos podem
apresentar sintomas clínicos. É uma infecção autolimitante, isto é, termina quando o
parasita termina o seu ciclo evolutivo, e os animais tem recuperação espontânea em poucos
dias, se não houver reinfecção.

Sintomas

Os animais infectados apresentam apatia, diarréia fétida e as vezes com filamentos de


sangue, inapetência com evolução a anorexia, pêlos arrepiados, baixa conversão alimentar
e perda de peso, desidratação e morte.

Diagnóstico

É fácil e consiste nos sintomas clínicos, histórico do rebanho e no exame parasitológico de


fezes.

Tratamento

Pode ser curativo e preventivo. No curativo fazer a aplicação de sulfas na dose de 140 mg /
kg / PV (0,14g) ou Amprólium na dose de 100 mg / kg / PV (0,01g). por via oral durante 4
dias dar um descanso de 4 dias e repetir por mais 4 dias. No preventivo, fazer 50% da dose,
na água durante 21 dias.
Profilaxia

É baseada na adoção de medidas que impeçam ou reduzam a ingestão de oocistos


esporulados pelos animais susceptíveis. Em caso de pequena ingestão de oocistos , os
animais não apresentam sinais da doença e o organismo desencadeia uma respostas imune.
Para controle da eimeria recomenda-se:

» Separa os animais jovens dos animais adultos;


» Evitar superlotação em apriscos e áreas de pastejos;
» Fazer limpeza e densifecção dos apriscos, bebedouros e comedouros rotineiramente;
» Evitar stress (trocas bruscas de alimentação, mudanças de temperaturas e transportes
desnecessários);
» Higienização das instalações;
» Manter os animais em locais secos e sem umidade.

1.3 Ectoparasitose

são afecções parasitárias da pele causada por ácaros ou insetos. As mais importantes que
acometem os caprinos são:

a) Pediculose (piolhos)

Causada por parasitas da espécie bovícola caprae (mastigadores) e Linognathus stenopsis


(sugadores), que se alimentam de células de descamação da pele e sangue.

Sintomas

Consistem e irritação, prudido (coceira), escoriações da pele decorrentes de traumas


quando os animais se esfregam em cercas, troncos de árvores, paredes ou outros elementos
crespos. Na maioria das vezes, a lesão torna-se grave em consequência de infecções
bacterianas secundárias e larvas de moscas. O animal doente pode apresentar também pele
seca escamosa, perda de peso, baixa na produção 9leite, carne, etc.). interferindo na
produtividade.

Diagnóstico

Baseado nos sinais clínicos, exame do pêlo onde o parasito é facilmente visualizado. Os
mesmos localizam-se na linha dorsa-lombar e sobre a pele, apresentando coloração
amarelada ou marron-escuro.

Tratamento

Fazer banho de aspersão (pulverização0, imersão ou aplicação tópica sobre as regiões onde
os parasitas atuam, com produtos a base de organofosforado e repetir com 10 dias.
Profilaxia

Como mediadas profiláticas, recomendam-se:

» Inspeção periódica do rebanho;


» Evitar a introdução de animais infestados com piolhos;
» Separar e tratar os animais infestados, uma vez que, a transmissão ocorre através do
contato direto de animais doentes para sadios.

b) Sarna

» Sarna Sarcóptica

É a mais comum, os animais afetados, apresentam prurido intenso, pápulas avermelhadas,


corrimento de líquido seroso que após secarem formam crostas. Atinge mais a região da
cabeça, ao redor dos olhos e narinas.

Tratamento

Retirar as crostas e utilizar solução sarnicida comercial associada à solução oleosa ou iodo
(proporção 1:3) ou sarnicida ao pinho - sol (50%); pode-se fazer também banho de imersão
ou aspersão com solução à base de organofosforado e repetir com 10 dias.

» Sarna Psorpidica ou Otocaríase

Ocorre no conduto auditivo interno ou externo e o animal afetado apresenta prurido intenso
no pavilhão auricular e crostas quebradiças (onde se encontram os parasitas se a lesão for
recente) na orelha.

Tratamento

Fazer limpeza do ouvido retirando todas as crostas e utilizar sarnicida comercial em


solução oleosa na proporção 1:3 (uma parte de sarnicida + três de óleo0 ou 50% do
sarnicida + 50% de pinho – sol, aplicar uma vez durante cinco dias parar por três dias e
repetir por cinco dias.

» Sarna demodécica (sarna de pele)

Conhecida vulgarmente por “bexiga”; o animal afetado apresenta nódulos na pele contendo
e seu interior ácaros em diferentes estágios do seu ciclo evolutivo no material purulento,
localizados na região cervical, peitoral e torácica.

Tratamento

Administrar Ivermectin 0,2 mg / kg / PV, subcutâneo em dose única. Pode-se fazer


também aspersão ou imersão com produtos à base de organofosforado, repetido com 10
dias após. Fazer uso também de sarnicida comercial associado à solução oleosa ou iodo, a
pinho sol. Em caso de persistência, recomenda-se o sacrifício do animal, uma vez que, a
demodecose está associada a imunussupressão e ,ás vezes, o tratamento é insatisfatório.

c) Miíase (bicheira)

Causada por larvas de moscas – vulgarmente varejeira, das espécies Cochlioma


hominivorax e Cochlioma macelaria, responsáveis pelas miíases primárias e secundárias.
As miíases primárias são comuns nos orifícios naturais, como: narinas , cavidade nasal,
cavidade gengivo - alveolar, vulva e lesões recentes na pele, cordão umbilical dos recém –
nascidos e abscessos rompidos, pois a mosca tem predileção por tecidos vivos. As miíases
secundárias ocorre em lesões necrosantes.

Tratamento

Aplicar substâncias repelentes para matar as larvas, após estas morrerem, fazer remoção
das larvas com as mãos enluvadas, lavar a lesão com água e sabão (novo) e colocar
substâncias repelentes e cicatrizantes.

Controle

Para controle das miíases, recomendam-se:

» Inspeção de rotina no rebanho; » Tratar adequadamente todos os ferimentos e usar


substâncias repelentes e cicatrizantes; » Fazer limpeza e desinfecção das instalações,
cochos, bebedouros, para evitar a presença de moscas.

Capitulo 2 - Doenças Infecto-Contagiosas.

2.1 Doenças Bacterianas

a) Linfadenite caseosa (mal do caroço)

Enfermidade sistêmica, contagiosa com evolução crônica, caracterizada por alterações caseo –
purulenta dos gânglios linfáticos, causada pelo Corynebacterium pseudotuberculosis que penetra
no roganismo do animal através de ferimentos, arranhões ou mesmo da pele intacta alcançando a
linfa e atingindo os linfonodos regionais superficiais e internos.

Sintomas

A enfermidade se caracteriza pela presença de abscessos nos linfonodos superficiais uni e


bilaterais, como: Linfonodos submandibulares, paratídeos, pré – escapulares, intercostais,
inguinais, supra e retronomários, testiculares e outros, podendo afetar órgãos internos,
provocando problemas nervosos, nestes casos, os animais acometidos apresentam-se
extremamente caquético, além da desvalorização da pele para fins industriais.

Diagnóstico

A presença de abscessos nos linfonodos não são suficiente para o diagnóstico. Sendo necessário
isolar a bactéria a partir do pus.

Tratamento

As aplicações de antibióticos a quimioterápicos são anti - econômicas e não produzem efeitos


satisfatórios. Prevenir seria o correto, mas no Brasil não existe vacinas comerciais as usadas em
fase experimental na região Nordeste não surtiram efeitos satisfatórios, apresentando resultados
variados.

Profilaxia

As medidas profiláticas que podem reduzir a incidência e propagação da doença nos rebanhos são:

» Inspeção de rotina no rebanho;


» Separar e isolar animais com abscessos (caroços);
» Fazer reconhecimento do momento em que o abscesso (caroço) pode ser drenado;
» Proceder a abertura ou incisão do abscesso antes que este se rompa espontaneamente;
» Antes da abertura do abscesso, fazer tricotomia e desinfeção do local com solução de iodo a
10%, em seguida, fazer o corte vertical amplo permitindo a retirada total do material casemos e
cápsula, logo após, passar iodo puro, deixar um dreno (algodão) embebido com iodo que deverá
ser substituído diariamente por 3 a 4 dias até a cicatrizarão, colocando ao redor do corte (ferida),
solução repelente e cicatrizante para evitar o pouso de moscas ou outros insetos para evitar
bicheira (miíase);
» Deixar o animal isolado e este só retornará ao rebanho após total cicatrização;
» Queimar e enterrar todo material retirado do abscesso;
» Animais com linfadenite (abscesso) recidivante deve ser eliminado do rebanho através do
sacrifício e cremação;
» Não introduzir no rebanho animais de origem ou regiões desconhecidas ou endêmicas;
» Fazer quarentena de novos animais incorporado no rebanho.

Abcesso maduro Pus Caseoso

b) Mastite ou Mamite

Processo inflamatório infeccioso ou não que atinge diferentes partes da glândula mamária
(mucosa, tecido secretor e / ou intersticial, cisterna e tetos). A contaminação pode ocorrer
pela falta de higiene no manejo, sendo a penetração dos agentes através do canal do teto,
ferimentos e pelas mãos dos ordenhadores.

Os agentes responsáveis pela maioria das mamites são bactérias encontradas no meio
ambiente e na pele do úbere, entre elas destacam-se: Staphilacoccus aureus, Streptococcus
spp., Coryonebacterim pyogenes, Coyinnebacterium pseudotuberculosis, Clostridium
perfrigens, Clostridium welchi, Esvhirichia coli, Mycoplasma micóides e outras.

Atrofia de Teta (mamite aguda)

Sintomas

As mastites apresentam-se nas seguintes formas:

1) Mastites clínicas

Se caracterizam por leite visivelmente anormal, graus variáveis de inflamações do úbere


(calor, ribor, tumefação e dor). Podendo o leite variar desde a presença de coágulos até o
soro com aglomerados de fibrina na secreção. A mastite clínica pode ser categorizada em:

» Mastite agudas ou superagudas – Os animais doentes apresentam temperatura elevada,


depressão, diminuição na produção do leite, a glândula mamária fica edemaciada, quente e
dolorida e o leite, às vezes, com aspecto aquoso ou rosado.

» Mastite crônica – Os animais doentes podem apresentar apatia, retração do tecido


glandular, edema leve e o leite pode conter ou não coágulos e tiras de fibrinas e a glândula
mamária muitas vezes mostra-se endurecida.

» Mastite gangrenosa (aguda) - O animal afetado apresenta apatia e depressão, anorexia e


desidratação. Febre e sinais de toxemia, edema do úbere alastrando por toda região ventral,
manqueira (dos 2 ou dos 4 membros), todo o úbere fica avermelhado, dolorido, tumefeito e
quente, dentro de poucas horas, este fica frio, arroxeado, expelindo secreção com sangue e
fétida e com 2 a 5 dias pode iniciar um processo de necrose. Uma vez instalada, não existe
tratamento eficaz e o animal consequentemente, mesmo isolado, contaminando o ambiente,
por isso, aconselha-se o sacrifício e cremação do cadáver. Uma forma de prevenir a
doença, é fazer a vacinação com vacinas polivalentes, uma vez que, o agente faz parte do
grupo dos Clostridium, salientando-se que outras bactérias estão envolvidas e a vacina
pode não ser eficiente para controle da doença.
2) Mastite subclínica

O animal não apresenta sintomas visíveis de inflamação do úbere. O leite tem aspecto
normal, mas a glândula mamária pode está infectada devido ao aumento dos leucócitos. A
mastite subclínica está comumente associada a Staphylococcus aureus, S. agalactiae e ,
esta pode ser detectada através de teste de rotina, como: CMT (Califórnia Mastit Test) e
caneca d fundo escuro, e os animais positivos devem ser retirados do lote para tratamento e
ser ordenhados por último.

Diagnóstico

Baseia-se nos sintomas clínicos. O diagnóstico torna-se difícil nas mastites subclínicas ou
crônicas, tendo como indicativo a redução da produção láctea. O exame bacteriológico do
leite, a contagem das células somáticas e o CMT serve como meio de diagnóstico, levando
em consideração a fase de lactação, produção e número de lactação.

Tratamento

Em consequência da grande variedade de agentes patogênicos causadores das mastites, o


tratamento nem sempre alcança bons resultados. O sucesso do tratamento depende da fase
em que a mamite se encontra. Para a eficácia do tratamento, o ideal seria fazer exame de
laboratório (antibiograma) para identificação do agente e a droga específica para combate
do mesmo, embora, seja uma prática difícil para os produtores e / ou criadores. Não tendo
em mãos um exame laboratorial, nas infecções bacterianas, o uso de penicilinas associada
a estreptomicina (Agrovet, Pencivet, Muiltibiótico) e Oxitetraciclina (Terramicina ) e anti -
inflamatório por via parenteral e intramamário é bastante eficaz, além das duchas e
massagens de água fria que ajudam a ativar a circulação e reduzir a toxemia.

Profilaxia

Para prevenção da doença, é importante à adoção de medidas profiláticas, como:

» Higienização das instalações (sala de ordenha e adjacentes) e equipamentos com solução


desinfetantes;
» Lavar o úbere e enxugar antes da ordenha e , após, imergir o teto em solução
glicerinoiodado para fechar o canal do teto (esfíncter) e evitar a entrada de germes;
» Em caso de ordenha mecânica, lavar os tubos com água quente antes e após a ordenha, e
lavar todas as vezes que mudar de animal, usando solução desinfetante;
» Ordenhador deve manter as unhas cortadas e lavar as mãos sempre que for ordenhar cada
animal;
» Eliminar animais com defeitos congênitos (tetas extramamárias ou com esfíncter duplos)
e com mamites crônicas;
» Fazer exame periódico do úbere (palpação) e testes para diagnósticos de mamites;

Ordenhar os animais na seqüência:


Primeiro, serão ordenhados animais comprovadamente sadios; Em seguida animais
submetidos a tratamentos e que foram curados ou animais suspeitos. Por último ordenhar
os animais doentes e estes deverão ser separados e isolados do rebanho para receber
tratamento, desprezando o leite; Ao introduzir animais no rebanho, adquiri-lo de rebanhos
indenes ou em boas condições sanitárias. recomendam-se:

» Fazer quarentena – observar cuidadosamente os animais e, em caso de suspeita, isolar e


tratá - los;
» Em caso de mamites recidivantes e crônicas com fibrose glandular, eliminar o animal do
rebanho;
» Fazer identificação do agente causador da mamite, através de antibiograma para tornar o
tratamento mais eficaz.

c) Ceraconjutivite (lágrimas)

Doença infecto–contagiosa de caráter subagudo e crônica que afeta as estruturas oculares,


causada pala bactéria Moraxella spp. E Branhamella ovis. O aparecimento da doença pode
está relacionada a época seca com muito vento o que favorece à poeira intensa, pó de
ração, pêlos de plantas nativas ou com chuva quando existe grande números de moscas ou
outros insetos pousando ao redor dos olhos do animal para outro. A doença também está
relacionada com a despigmentação tanto das pálpebras como conjutiva, comum em
animais de pelagem branca totalmente despigmentado.

Sintomas

Inicialmente, o animal apresenta lacrimejamento, irritação da mucosa conjutival, fotofobia,


mantendo sempre o olho fechado e ceratite. Após 2 a 5 dias, pode surgir opacidade central
da córnea ou de todo globo ocular, ulceração da córnea com evolução a cegueira caso não
seja tratado.

Diagnóstico

A doença é fácil de ser diagnosticada, está baseado nos sintomas clínicos, nas lesões
oculares observadas e isolamento da bactéria nas células epiteliais da conjuntiva.

Tratamento

Fazer aplicação diária de colírios ou pomadas oftálmicas à base de Cloranfenicol,


Penicilina, , Oxitetraciclina, Corticóides associado a vitamina A, até o completo
desaparecimento dos sintomas. Pode-se usar também medicamentos em spray (Antibiótico
+ Anti – inflamatório + Vitamina A).
Ceratoconjuntivite

Profilaxia

Não existe vacina disponível e eficaz que impeça a doença, por isso, recomendam-se como
medidas profiláticas:

» Evitar o contágio de animais doentes com animais sadios;


» Não selecionar animais com características fenotípicas predisponentes (mucosas e
pálpebras despigmentadas);
» Evitar ferimentos e outros traumatismos nos olhos dos animais;
» Limpeza dos braços, mãos e unhas das pessoas que manejam os animais infectados.

d) Broncopneumonia

Doença caracterizada pela inflamação do parênquima pulmonar envolvendo brônquios e


bronquiolos que acomete caprinos de todas as idades sendo os jovens e idosos mais
susceptíveis, causada por vários microorganismos, entre eles: bactérias, vírus, fungos
protozoários, helmintos, como: Corynebacterium pseudotuberculosis, C. pyogenes,
Pasteurella hemolytíca, Streptococcus, Staphylococcus,, escherichia coli, etc.

Broncopneumonia

Sintomas

Os animais doentes apresentam temperatura elevada (40 a 42º C), tosse, corrimento nasal
mucopurulento ou catarral, anorexia, fadiga muscular, dificuldades respiratórias como
dispnéia ou taquipnéia, estertores, algumas vezes comprometimento cardíaco e anorexia.
Nos casos crônicos, pode-se verificar anemia em consequência da anorexia.

Nas broncopneumonias causadas por vírus, normalmente são observadas em algumas


infecções que acometem esta espécie e, muitas vezes, ocorrem associadas a infecções
secundárias causadas por bactérias. O quadro clínico varia com a extensão da lesão e , o
primeiro sintoma é a intolerância ao menor esforço físico, onde o animal se cansa com
facilidade e estresse.

Diagnóstico

É dado através dos sintomas clínicos respiratórios que são bem evidentes, dos lavados dos
brônquios para isolamento da bactéria no animal vivo e fragmentos coletados dos pulmões
lesados após necrópsia para isolamento da bactéria. Nas broncopneumonias por helmintos
o diagnóstico pode ser feito pelas observações dos sintomas clínicos e comprovado pela
presença de ovos nas fezes através de exame parasitológico.

Tratamento

O tratamento torna-se mais eficiente quando existe possibilidade de fazer teste de


sensibilidade da bactéria ao antibiótico (antibiograma), caso contrário, a administração de
antibiótico de largo aspecto associado a soluções balsâmicas ou secretolíticas surtem bons
resultados: (Terramicina, Pulmodrazin reforçado, Bisolvimycina, Lipocânfora, etc.). Nas
broncopneumonias causadas por helmintos, recomendam-se a aplicação de anti -
helmintos, pertencentes ao grupo dos Benzimidazóis e Imidazóis.

Profilaxia

Para controle da doença se faz necessário, a eliminação dos fatores ambientais


predisponentes e adoção de medidas profiláticas, tais como:

» Higienização das instalações;


» Evitar mudanças bruscas de temperaturas, protegendo os animais das correntes de ar, frio
e chuva;
» Evitar superlotação;
» Fornecer alimentação adequada, em níveis quantitativos e qualitativos para suprir as
exigências nutricionais;
» Fazer controle periódicas de parasitas;
» Fazer desinfecsão do umbigo corretamente;
» Fornecer colostro ao recém – nascidos, nas primeiras horas de vida para adquirir
imunidade contra doença;
» Fazer quarentena por um período de semanas ou meses ao introduzir novos animais no
rebanho, observando-os cuidadosamente e em caso de animais com sintomas isolar e tratar.

e) Pododermatite (Mal do casco ou Podridão do pé)


Doença contagiosa que afeta os caprinos, caracterizada por inflamação da região
interdigital, na junção da pele com o casco logo acima da estrutura córnea (coroa do casco)
e no tecido subcórneo (parte sensível do casco). É causada por bactérias que sobrevivem
pouco tempo no meio ambiente, denominadas de Bacteróides nodosus e / ou fusiformes
necrophorus, sendo o animal doente a principal fonte de infecção.

A doença ocorre com mais freqüência no período chuvoso, devido ao pisoteio dos animais
formando lamaçal e pastagens em áreas alagadas que favorecem a proliferação da bactéria
nos cascos do animal devido a umidade provocando maceração e ferimentos que propicia a
penetração da bactéria nos tecidos provocando lesões.

Sintomas

O mais evidente é a manqueira, pode afetar uma ou as quatro patas. O animal tem
dificuldade de apoiar a pata no chão devido a sensação de dor, isola-se do rebanho, deixa
de caminhar e alimentar-se, permanece deitado por muito tempo, levantando quando
forçado, anda de joelhos quando a lesão é bilateral. Pode ocorrer necrose profunda e odor
fétido. Quando não é feito o tratamento, observa-se emagrecimento progressivo e o animal
pode morrer por inanição.

Diagnóstico

É muito fácil, portanto, deve ser diferenciado das outras afecções que causam manqueira
(claudicação), como é o caso da febre aftosa e dos abscessos podais e do Ectima
contagioso. Na aftosa, a lesão de caracteriza pela presença de bolhas e / ou ulcerações na
parte superior do casco e entre os dedos. Lesões similares, observa-se nas gengivas, lábios,
língua ou no úbere.

Tratamento

Recomenda-se colocar os animais em local limpo e seco, proceder corte dos cascos e, nas
patas afetadas, fazer limpeza retirando toda parte necrosada colocando-a em solução
desinfetante de sulfato de cobre a 10% ou formol a 10% ou ainda tintura de iodo a 10%.
Em casos graves com infecções secundárias, fazer aplicação de antibióticos (Penicilina
associada a estreptomicina ou Oxitetraciclina) e fazer curativo a cada dois ou três dias.
Lesão Podal (por traumatismo e umidade excessiva)

Profilaxia

A medida profilática mais eficiente é a aplicação de vacinas eficazes, as quais ainda não
existem em escala comercial, portanto, para reduzir a doença. Recomendam-se que:

» Os animais devem permanecer em locais limpos e secos;


» Fazer corte e limpeza dos cascos durante o período seco ou quando necessário;
» Utilizar pedilúvio, fazendo com que os animais passem pelo mesmo duas vezes ao dia,
tanto no período seco como chuvoso;
» Isolar os animais doentes, considerando que a bactéria vive muito tempo nos tecidos
necrosados e sua permanência no solo varia entre 11 a 14 dias.

f) Listeriose

Enfermidade neurológica grave de caráter febril, que afeta caprinos e ovinos em todas as
idades, sendo os ovinos mais susceptíveis. A doença é causada pela bactéria Listeria
Monocytigenes, muito resistente ao meio ambiente, encontrada no solo e silagens. A
transmissão ocorre por via oral através de alimentos contaminados causando distúrbios
nervosos, septicêmicos e abortos.

Sintomas

Os animais afetados apresentam apatia, anorexia, febre e pouca disposição. Na forma


nervosa o animal repousa a cabeça no costado, movimentos descoordenados, paresia ou
rigidez, paralisia facial, tremores da cabeça, nistágmo e podem morrer agudamente ou
passarem 5 a 10 dias para morrer.

Diagnóstico

Baseia-se na história clínica d acesso à alimentos provenientes de silos ou concentrados, no


exame anatómo-histopatológico e deve ser confirmado através do isolamento e
identificação da bactéria.

Tratamento

Pode-se fazer a administração de Penicilinas (40 a50.000 U.I) em doses altas por via
intravenosa cuidadosamente ou Oxitetraciclina 100 mg /kg, em intervalo de seis horas, até
o desaparecimento dos sintomas. No caso de cura espontânea, o animal adquire absoluta
imunidade.

Profilaxia

» Retirar a fonte de contaminação, caso silagens ou concentrados;


» Observar cheiro, cor da silagem antes de fornecer aos animais;
» Armazenar os concentrados em ambiente limpo, seco e arejado.

g) Micoplasmose

Doença infecto–contagiosa de caráter crônico, que afeta os caprinos, caracterizada por


reações inflamatórias não purulenta nas articulações, glândulas mamárias, pulmões e olhos,
sendo causada por inúmeras espécies do gênero Micoplasma. Sua transmissão ocorre
através das secreções nasais, oculares, mamárias ou ainda derrame de líquidos articulares,
sendo os animais jovens mais susceptíveis que se infectam mamando o leite de cabras
doentes.

Sintomas

» Na forma articular – ao animais apresentam aumento de volume da articulação, presença


de exsudato fibrinopulento envolvendo várias articulações (poliartrites), sendo as
articulações do carpo, tarso, bacia e fêmur - titila as mais afetadas;
» Na forma respiratória – apresentam temperatura elevada, tosse e, às vezes, corrimento
nasal. Em algumas ocasiões pode atingir e sistema nervoso, provocando meningoencefalite
e sintomas neurológicos;
» Na forma mamária – ocorre aumento d volume e endurecimento da glândula mamária e
linfinidos onde mostram as superfícies de corte úmida e queda na produção de leite;
» Na forma ocular – ocorre inflamação da córnea e membrana conjuntiva, ocorrendo
opacidade da córnea, ulceração e cegueira.

Diagnóstico

É baseado no exame clínico, histórico da doença, sendo confirmado através da sorologia e


isolamento do microorganismo. Como diferencial, pulmonares, articulares e mamários.

Tratamento

Utilizar antibióticos de última geração, tais como Enrofloxacina. O uso da Tetraciclina e


Tilosina associados em dose de4,5g de tetraciclina e 3,0g de tilosina não curam, mas,
melhoram o estado clínico geral e os animais permanecem como portadores.

h) Clostridiose

As clostridoses são geralmente agudas ou superagudas e a maioria delas são fatais. Várias
espécies com estirpes diferentes, produzindo entidades mórbidas específicas. Dentre as
doenças acarretadas por Clostridium, destacam-se a Enterotoxemia, Tétano, etc.

Enterotoxemia

Doença fatal que afeta os caprinos de todas as idades, com maior freqüência em animais de
todas as idades, sendo conhecida em animais jovens como “rim pulposo”, atacando
também as crias desmamadas. É causada pela bactéria Clostridium perfrigens tipo C e D,
comumente encontradas no solo e intestino do animal, atacando especialmente os animais
que apresentam bom estado nutricional e melhores condições de vitalidade. No seu estado
normal, a bactéria não é patogênica, em conseqüência d um desiquilibrio alimentar, onde
esta prolifera no intestino liberando toxinas que, quando absorvida, provoca intoxicação
grave causando a morte do animal.

Sintomas

Os animais afetados morrem subitamente e, quando não morrem, apresentam: apatia,


midríase, andam em círculo e caem, viram a cabeça para trás, opistótonos, dores
abdominais, timpanismo (formação de gases), dificuldade respiratória, língua pêndula,
travam a boca, pode entrar em coma ou morrer em poucos minutos ou até em uma hora.
Pode-se observar movimentos de pedalagens, diarréia de cor escura e fétida.

Diagnóstico

Baseia-se nos sintomas clínicos, nas lesões patalógicas, a confirmação é dado pelo
isolamento da bactéria. Não existe tratamento, portanto, a prevenção é o meio mais
eficiente, as vacinas polivalentes apresentam eficácia de quase 100% e são mais
econômicas, onde a primeira dose deve ser feita a partir da Segunda semana de vida para
filhos de mães não vacinadas. Repetir com 28 à 30 dias após. Animais prenhes podem ser
vacinados e as crias adquirem imunidade elevada, deve-se fazer vacinação anualmente.

Tétano

Doença infecciosa, geralmente fatal que afeta os caprinos em todas as idades, sendo os
jovens mais susceptíveis. O Clostridium tetani é responsável pela doença, sendo
encontrado normalmente no intestino. Os esporos contidos nas fezes ao ser eliminados
contaminam os pastos e solos, onde persistem por vários anos, com resistência a muitos
procedimentos de desinfecção e ao calor de 100º C por 30 a 60 minutos, sendo destruídos a
temperatura de 115º C por 20 minutos.

Sintomas
Nos caprinos a doença aparece de 3 a 10 dias após descorna, castração e assinalação ou
ocasionalmente, devido a ferimentos. Os animais doentes apresentam rigidez generalizada
da musculatura, tremores, trismus, prolapso da terceira pálpebra, rigidez dos membros
posteriores, cauda estendida, expressão apreensiva e alerta, dilatação das narinas, retenção
das pálpebras, reação a estímulos sonoros. Nos casos avançados, os animais ficam em
postura de cavalete, opistótomo acentuado, rigidez dos membros posteriores, os anteriores
direcionados para frente e os posteriores para trás, hipertemia (42º C) e ataques
convulsivos.

Diagnóstico

É baseado nos sintomas clínicos, histórico da doença e presença de ferimentos. O


diagnóstico deve ser confirmado com isolamento da bactéria através de ferimentos.

Tratamento

Consiste no uso de substância que provoca a neutralização da toxina, relaxamento da


musculatura ou destruição da toxina. A administração de penicilina em altas doses na
alternativa de eliminar o agente causador da doença poderá surtir efeito.

Profilaxia

Com à adoção de algumas medidas antes de qualquer procedimento cirúrgico e práticas de


manejo, pode-se evitar e tétano, tais como:

» Desinfecção da pele e dos instrumentos utilizados nas práticas de assinalação, castração e


descorna;
» Manter os animais presos em locais limpos por algum tempo, após qualquer intervenção
cirúrgica;
» Em regiões com alta incidência de tétano, fazer aplicação da antitoxina na dosagem de
2.000 UI antes da realização de práticas cirúrgicas.

2.2 Doenças Víricas

a) Raiva

Enfermidade infecto – contagiosa aguda, fatal que se manifesta por sintomas nervosos,
representados por agressividade, paresia e / ou paralisia. É causada por vírus “RNA vírus”
que tem afinidade pelas células nervosas e é inativado rapidamente a temperatura de 50º C
durante dois minutos. É transmitido normalmente, através da mordedura de animais e
morcegos hematófagos, sendo este, responsável pela transmissão da doença.

Sintomas

Podem aparecer de 2 a 60 dias após o animal Ter sido infectado, com mudança de hábitos,
ansiedade, dilatação da pupila, às vezes, pêlos arrepiados. A forma paralítica – É mais
freqüente, o animal apresenta excitação. Agressividade, sialorréia e dificuldade de
deglutição e a morte ocorre entre 5 a 10 dias após o aparecimento dos sintomas.

Diagnóstico

Baseia-se nos sintomas clínicos, mas a confirmação deve ser feita através do teste de
imonofluorescência.

Prevenção

Não existe tratamento, portanto, recomenda-se fazer vacinações a partir do terceiro mês de
vida e vacinar anualmente e combater a população de morcegos hematófagos.

a) Febre aftosa

Doença infecto–contagiosa, causada por vírus da família Picornavírus, caracterizada pela


formação de vesículas localizadas na mucosa da boca, narinas patas e úbere. O vírus é
inativo a temperatura acima de 60º C.

Sintomas

O animal afetado apresenta temperatura elevada, apatia, agalactia, manqueira,


sensibilidade nas áreas onde ocorre rompimento das vesículas formando úlceras (junção da
pele com o casco, espaço interdigital), aftas na língua e gengivas. Os animais jovens
morrem subitamente após mamar nas mães infectadas ou beber leite “In natura” de animais
infectados.

Diagnóstico

Baseado no histórico clínico e lesões observadas e confirmado por exames sorológicos.

Tratamento

Fazer aplicação do soro contra aftosa associado a vacinação – Usar soluções desinfetantes
ou bactericida (Rivanol – 1g em 10 litros de água) na água de beber e lubrificação das
vesículas e úlceras com pomadas cicatrizantes.

Controle

Consiste na vacinação sistemática do rebanho a partir do quarto mês de vida e repetir com
120 dias após e, revacinar com mais 120 dias e ficar vacinando anualmente.

c) Ectima contagioso (boqueira)

Doença infecto-contagiosa que se afeta freqüentemente os animais jovens, cuja


transmissão ocorre no momento da ruptura das vesículas. Causada por DNA vírus, é
inativado à temperatura de 60º C por 30 minutos e pode permanecer nas pastagens por um
ano.

Sintomas

Caracterizam–se pela presença de lesões que evoluem para pápulas, vesículas (verrugas) e
crostas que aparecem nos lábios, gengivas, narinas, úbere, língua, vulva, olhos, espaços
interdigitais e coroa dos cascos. Os lábios ficam edemaciados, doloridos dificultando a
alimentação, daí, o animal perde peso e retarda o crescimento.

Diagnóstico

Baseia-se nos sintomas clínicos e lesões.

Tratamento

Não existe tratamento específico; os animais afetados devem ser separados do rebanho e
tratados com solução de iodo a 10% associado anitrofurazona (furacin) ou a glicerina na
proporção de 1:3 (uma parte de iodo mais três de glicerina ou furacin).benzophenol azul
pincelado as lesões e, após, retirada das crostas passar pomadas à base de antibiótico e
vitamina A (Ganadol).

Profilaxia

A vacinação pode ser uma das formas mais eficazes de evitar a doença. A vacinação em
cabras prenhes deve ser feita com 2 a 3 semanas antes do parto e, em cabritos com 1 a 2
meses de idade, sendo esta mais recomendada para regiões endêmicas.

d) Artrite encefalite caprina à vírus (CAEV)

Enfermidade multisistêmica de caprinos causada por vírus (família Retroviridae e


subfamília lentiviridae). A doença é cosmopolita e no Brasil foi diagnosticada em vários
Estados. A transmissão pode ocorrer por várias vias: secreção do sistema respiratório,
urogenital, glândula mamária, também das fezes e saliva. A principal via de infecção é a
digestiva, através da ingestão de colostro e leite não pasteurizado. A transmissão pode
ocorrer pelo contato direto e prolongado por vários meses, via horizontal. A via uterina
ainda é questionada.

Sintomas

A doença ocorre de várias formas:


» Forma articular – Caracteriza-se por uma artrite não purulenta que afeta as articulações
carpo – metacarpiana, em animais adultos com mais de 12 meses de idade, podendo
envolver qualquer outra articulação.
» Forma nervosa – Ocorre comprometimento do cérebro e cordões espinhais, afetando os
animais entre 2 a 4 meses de idade, evoluindo para paralisia num dos membros ou os
demais membros, encefalites e morte dentro de 15 a 21 dias após.
» Forma mamária – Ocorre uma reação inflamatória não purulenta, observa-se aumento de
volume e da consistência e os linfonodos intramamários também estão aumentados.

Aumento articular (CAEV)

Diagnóstico

Com base nos sinais clínicos e lesões, que deve ser confirmada pelo teste de imunodifusão
em gel de agarose ou ELISA, utilizando-se antígeno para CAE ou MAEDI - VISNA para
diferenciação das outras doenças articulares.

Tratamento

Não existe tratamento curativo; pode-se usar medidas paliativas como anti – inflamatórios
e drogas analgésicas.

Profilaxia

Como medidas recomendam-se:

» Não introduzir no rebanho oriundos de regiões desconhecidas ou que tenha história da


doença;
» Exigir atestado de CAEV;
» Realizar e descartar os animais positivos, mesmo em bom estado de carne para abate, vez
que, a doença não é transmitida ao homem e, o vírus morre à temperatura de 56º C; se o
animal estiver debilitado (muito magro) deve ser sacrificado e queimado;
» Em caso de animais de alto valor zootécnico e positivo, se prenhe, induzir o parto e
evitar o contato dos cabritos, com as secreções;
» Separar imediatamente as crias após o nascimento, se o mesmo for filho de mãe positiva,
evitando que o mesmo beba o colostro;
» Pasteurizar o colostro artificial.

2.3 Toxemia da prenhez

Doença metabólica, também conhecida como Cetose, que acomete caprinos no terço final
da gestação com dois ou mais fetos. É determinada por nutrição inadequada durante o
período de gestação, causando hipogliceremia, acetonemia, acidose, sendo caracterizada
por anorexia, fraqueza, depressão nervosa e prostração, na maioria das vezes, morte.

Sintomas

Os animais separam-se do rebanho, pouco apetite e muitos parecem estar cegos, depressão
e decúbito. Na forma nervosa, apresentam tremores, visão direcionada para cima,
incoordenação, ambulação em círculo e ranger de dentes.

Diagnóstico

É baseado nos sinais clínicos e história sobre a alimentação. Pode ser confundida com
outras moléstias parturientes, como a hipocalcemia, mastite bem como enterotoxemia tipo
D ou outras toxicoses.

Tratamento

A mortalidade é alta, a menos que o tratamento tenha começado cedo e , que os fetos sejam
removidos rapidamente, através de indução do parto ou cesariana. Tratar a cetose com 250
a 500ml de glicose de 10 - 20 % em glicose por via oral é bastante eficiente.

b) Hipocalcemia

Comumente, ocorre dentro de 72 horas após o parto, sendo observada com mais freqüência
em animais de alta produção leiteira. A hipocalcemia em ovinos provavelmente ocorre
durante as últimas 4 a 6 semanas de gestação, porque a demanda de cálcio para os fetos em
desenvolvimento é bastante elevada, enquanto que, para a lactação esta demanda é
relativamente pequena, podendo ocorrer a hipocalcemia durante as primeiras seis semanas
de lactação afetando 25% do rebanho. A paralisia flácida é o primeiro sintoma da
hipocalcemia em ovelhas, mas a tetania, ocorre com uma freqüência relativamente maior
que em bovinos. Os cordeiros podem ser afetados, sofrendo tremores musculares e tetania,
sem paralisia flácida. A administração de soluções intravenosa de cálcio (1g de cálcio para
45kg) é eficiente e resulta em recuperação rápida. A recidiva (volta) é mais comum em
ovelhas que em vacas, portanto, se faz necessário um plano continuamente ascendente de
nutrição durante as seis últimas semanas de gestação para aumentar a ingestão de cálcio, o
que ajudará na prevenção da hipocalcemia na toxemia da prenhez, uma vez que, estas são
difíceis de diferenciá-las, a não ser através da detecção de corpos cetônicos na urina. Em
caprinos leiteiros de alta produção. A hipocalcemia pode ocorrer durante a lactação e em
poucos dias ou semanas após o parto, estes podem entrar em decúbito ou podem progredir
para coma se não tratadas rapidamente. As fêmeas afetadas apresentam hiperexcitabilidade
ou leve depressão e ataxia. Geralmente, a hipocalcemia pode ser observada durante a etapa
avançada de gestação, particularmente em cabras com gestação gemelar ou mais fetos.

Sintomas

Outros sintomas podem ser observados, como: o animal mostra-se incapaz de ficar em pé,
hipersensibilidade, diminuem o leite, hipertemia, excitabilidade, movimentos pendulares
da cabeça. Tremores da orelha e ao longo do flanco e lombo, ataxia ao andar, inquietação,
pode ocorrer dificuldade no parto, retenção de placenta, pupilas dilatadas, taquicárdia.

Tratamento Recomenda-se a administração de cálcio (1g / 45 kg de peso vivo), por via


intravenosa e fazer um plano continuamente ascendente de nutrição durante as seis últimas
semanas de gestação.

c) Intoxicação por cobre

Enfermidade hemolítica (destruição de hemácias) aguda altamente fatal causada pela


ingestão prolongada de quantidades excessivas de cobre. Esta assume grande importância,
pois, a maioria dos animais acometidos é de alto potencial genético e valor econômico.
Acomete caprinos, sendo que, os mesmos são resistentes ao envenenamento por cobre,
podendo não apresentarem sintomas até 144 dias após a ingestão de até 80 mg / kg / dia
(0,08g) de sulfato de cobre, sendo que a dose normal para a ingestão é de 4 a 10ppm.

Fontes de intoxicação

Ingestão prolongada de rações concentradas ricas em cobre (farelo de soja, amendoim,


algodão, sorgo em grãos) e pobres em molibdênio, rações contendo mais de 20% de
dejetos secos de galinhas, dietas ricamente suplementadas com subprodutos de óleos
vegetais, sais minerais para bovinos que contêm cerca de 1.300ppm de cobre fornecido
inadequadamente, pastagens fertilizadas com cama de galinha ou estercos de suínos,
pedilúvios á base de sulfato de cobre.

Sintomas

» Na forma aguda - O animal afetado apresenta dores abdominais, sede intensa, diarréia,
depressão, fraqueza e anemia elevada.
» Na forma cumulativa – O animal apresenta hemoglobinúria ( sangue na urina), icterícia,
taquipnéia. Em ambas as formas a morte ocorre dentro de 1 a 2 dias.
Diagnóstico

É baseado nos sintomas clínicos e histórico alimentar e pela determinação de cobre a nível
de fígado e rins.

Tratamento
Retirar imediatamente a fonte de intoxicação; administrar diariamente soluções contendo
100mg (0,1g) de molibdato de amônio e 1g de sulfato de sódio, durante 3 dias.

d) Timpanismo (Meteorismo)

É uma distensão do rúmen e do retículo e, ocorre quando o mecanismo da eructação é


interrompido, dificultando a liberação dos gases produzidos por estes compartimentos. Os
timpanismos, classificam-se em:

1) Timpanismo primário ou espumoso – Ocorre nos animais em pastagens suculentas ao


consumir quantidades excessivas de leguminosas e em animais em confinamento que
recebem grandes quantidades de concentrados de concentrados e pouco volumoso.
2) Timpanismo secundário ou gasoso ou gás livre – ocorre devido a uma dificuldade na
eructação, decorrente de obstrução mecânica do esôfago por corpo estranho, abscessos,
neoplastias, traumatismos e outros.

Sintomas

O animal com timpanismo apresenta distensão ruminal, inquietação (o animal deita e


levanta com freqüência), dificuldade respiratória e cardíaca, salivação, atomia ruminal
(sem movimento do rúmen) e morte por axfixia decorrente da compressão na cavidade
torácica.)

Tratamento

Administração de agentes anti–fermentativos (Blo-trol,ruminol) e Purgantes salinos. Em


casos graves fazer eliminação dos gases através da punção do rúmen com trocater e cânula
ou com agulhas bem calibrosas ou ruminotomia (cirurgia do rúmen que na maioria das
vezes pode Ter resultados satisfatórios ou não em conseqüência de contaminação e, os
gastos no pós–operatório pode ser antieconômico). Em Casos de timpanismos leves fazer o
animal caminhar que ajuda na eructação.

e) Urolitíase (Cálculo renal)

Enfermidade grave, caracterizada pela formação de cálculos (pedra) nas vias urinárias,
podendo provocar obstrução parcial ou total nas mesmas, que acometem animais machos
caprinos e ovinos, sendo de evolução lenta. Esta pode ser provocada pela própria
composição da urina, basta ocorrer algum desequilíbrio químico da urina para haver
precipitação de sais minerais e por regime alimentar intensivo de alimentação concentrada
rica em proteínas e elementos minerais.

Sintomas

Os animais afetados apresentam cólicas abdominais, inquietação, o animal tenta urinar e


não consegue (retenção), coice na região abdominal, cansaço, recusam água e
alimentos,prostação e a morte ocorre por uremia ou septicemia.
Diagnóstico

Baseia-se nos sintomas e na forma de manejo a que o animal está submetido.

Tratamento

De acordo com a localização do cálculo, se na parte final do sistema urinário, pode tentar a
retirada através de massagens. A cirurgia tem suas limitações e o prognóstico é reservado
e, muitas vezes, antieconômico; Para alívio das dores, administrar anti – espasmódico
(buscopan 4 a 5ml)por via intravenosa. No entanto, os tratamentos nem sempre surtem
efeitos, por isso, recomenda-se o sacrifício do animal.
Bibliografia Consultada

BRASFORD, P. S. Tratado de medicina interna de grandes animais: moléstias de equinos, bovinos


e caprinos. São Paulo: Manole, 1993. v.1, p.590-718; v.2, p.1059-1138.

SANTA ROSA, J. Doenças bacterianas, rickettsiais e víricas em caprinos e ovinos diagnósticos e


terapêutica. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 28., 1991. João
Pessoa, PB. Caprinocultura e ovinocultura, 1991. p.37-68.

SANTA ROSA, J. Enfermidades em caprinos-diagnósticos, patogenia terapêutica e controle. Sobral:


EMBRAPA-CNPC.

SILVA, M.D. Doenças mais frequentes observadas nos caprinos do Nordeste-CE. Sobral: EMBRAPA-
CNPC, 1987. 33P.

SOUSA, WANDRICK HAUSS DE; SANTOS, ELSON SOARES DOS. Criação de Caprinos Leiteiros: Uma
alternativa para o semi-árido. João Pessoa: EMEPA-PB, 1999. p.137-172

Fonte: Caprinet

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